TCC Ga 1
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CRICIÚMA
2019
GABRIELE BERNARDO DA CONCEIÇÃO
CRICIÚMA
2019
Agradeço imensamente a Deus. A minha
família e por todo o apoio recebido. Sou
imensamente grata, por esse ciclo concluído.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2 IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS MODERNIDADE .......................................... 15
2.1 A QUESTÃO DA IDENTIDADE E A PÓS-MODERNIDADE ............................... 16
2.2 A CULTURA NACIONAL COMO COMUNIDADE IMAGINADA .......................... 19
2.3 GLOBALIZAÇÃO: O GLOBAL, O LOCAL E O RETORNO DA ETNIA ............... 21
2.4 O FUNDAMENTALISMO, A DIÁSPORA E O HIBRIDISMO ............................... 23
2.4.1 Hibridismo cultural........................................................................................ 26
3 A QUESTÃO DO INDIO NO BRASIL .................................................................. 28
3.1 O QUE PENSAM OS BRASILEIROS SOB OS ÍNDIOS BRASILEIROS ............. 30
3.2 A IDENTIDADE CULTURAL INDÍGENA NO BRASIL ........................................ 32
3.3 RELAÇÃO ENTRE A IDENTIDADE E A CULTURA INDÍGENA ......................... 34
4 ANÁLISE TUCUM ................................................................................................ 36
4.1 TRABALHO TUCUM E A HIBRIDIZAÇÃO ......................................................... 43
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 46
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 48
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1 INTRODUÇÃO
Apesar de não ter ainda seu devido valor na sociedade atual brasileira, a
cultura indígena tem grande importância na formação cultural do país, embora tenha
sido reprimida pela cultura europeia com a chegada dos colonizadores portugueses.
Por outro lado, relatos escritos ou museus que mantem viva a cultura indígena são
escassos.Há pouco material sobre o conhecimento histórico, porém, sabe-se que a
mesma deixou fortes traços que perduram até hoje na sociedade e não podem ser
esquecidas.
Diversos setores se apropriam de características culturais para criação ou
ornamentação de produtos, sendo que, um dos que mais se destacam é o de
vestuário, que apresenta coleções de moda. Produtos da cultura indígena, de fato,
são pouco visto como referência para a comercialização para outras culturas, devido
a tudo que ocorreu na história dos povos indígenas que resultou na desvalorização
de suas identidades culturais e o processo de hibridização com outras culturas
aportaram ao Brasil. A marca Tucum trabalha paravalorizara cultura indígena
brasileira através de suas artes e técnicas passadas de geração a geração por seus
ancestrais.
Conseguinte ao avanço a globalização, as identidades culturais tornam-se
homogêneas através da desintegração, em todas as esferas, priorizando a vida e os
valores ocidentais. No entanto, há uma busca das identidades culturais nativas pela
resistência através das manifestações culturais, retornando a etnia. A cultura
brasileira na atualidade é a referência de outros povos, principalmente os europeus.
Com a chegada dos colonizadores, a miscigenação foi inevitável e
consequentemente, a imposição desta nova cultura e crença, resultando no
enfraquecimento da cultura aqui existente, ou seja, a indígena. Apesar disso,
existem relatos da riqueza cultural desses povos que podem ser observadas por
meio de suas artes naturais, danças e crenças.
A cultura Brasileira é o resultado da miscigenação de diversos povos que
aqui aportaram, podendo se inferir que a mesma é o espelho de outras culturas,
principalmente a européia. Com a chegada dos colonizadores europeus no Brasil,
ouve imposição de crenças e costumes, fazendo com que cultura indígena fosse se
dissolvendo por falta de espaço para a sua expressão, ou melhor colocando, inibidos
de realizarem seus cultos, os mesmos foram obrigados a internalizar a cultura dos
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colonizadores.
Os registros sobre a pré-colonização brasileira são muito limitados,
porém, a riqueza cultural desses povos permanece, com pouco eco, no uso de
materiais naturais, danças e formas de vida. Apesar de tentarem coibir a existência
cultural indígena, existem grupos em manifestos de resistência que lutam para que a
cultura sobreviva e não seja engolida por questões globais que ocupam e são
incorporadas pelas pessoas devido a proliferação dos meios de comunicação em
massa. Por outro lado, é importante que a cultura do país seja preservada pelas
futuras gerações, sendo necessário que as manifestações ocorram com mais
intensidade, a fim de que o conhecimento chegue até a população.
As características da indumentária das tribos indígenas brasileiras, na
qual seu papel era funcional na comunidade, devido ao clima da região e suas
crenças, além da estética com suas formas, cores, materiais são ricas como fonte de
inspiração para a área da moda.
A Tucum, um grupo de designer sustentável, surge com a proposta
promover a manifestação étnica e cultural das tribos indígenas brasileiras.
Trabalham em conjunto, transparência e ética com os artistas das tribos indígenas,
promovendo seus artefatos e sobrevivendo culturalmente.
Porém, não se trata apenas de arte indígena, mas sim, da autenticidade
que cada povo tem em suas expressões, são peculiaridade na maneira como
produzem seus ornamentos cujo sentido é diferenciado em cada produção. A cultura
indígena, de beleza peculiar, cheia de intencionalidades, não pode ser subjugada a
perder-se no tempo.
Por isso, refletindo sobre a importância de não deixar se evadir
totalmente da vida moderna, essa pesquisa tem o seguinte problema de pesquisa:
Como a identidade cultural indígena pós-moderna se manifesta em produtos criados
por grupos indígenas da marca Tucum?
Como objetivo geral a pesquisa pretende:Analisar a Identidade cultural
indígena na pós-modernidade nos produtos da Tucum.
Os objetivos específicos são: a) Compreender como se caracteriza a
identidade cultural pós-modernidade; b)Identificar a identidade cultural indígena na
pós-modernidade; c)Compreender como a identidade cultural indígena se manifesta
em acessórios de moda.
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não possui um único centro, com uma exclusiva organização que caminha para uma
única causa e lei. A sociedade moderna é definida por sua multiplicidade e
diferença.
A pós modernidade é um conceito que muitos autores trabalham de forma
diferente que percebem a modernidade com visões distintas.De acordo com Hall
(2006, p.17), “a sociedade não é, como os sociólogos pensaram muitas vezes, um
todo unificado e bem delimitado, uma totalidade”, mas em geral os autores hão de
concordar que o tempo moderno atual acaba sendo marcado por mudanças
constantes, “Ela está constantemente sendo „descentrada‟ ou deslocada por forças
fora de si mesma” (HALL, 2006, p 17). Existem alguns termos usados por
pesquisadores, sociólogos e filósofosque sintetizam a leitura da atual
sociedade.Esses termos variam,a “modernidade líquida”, a“modernidade tardia”,
a“segunda modernidade”, a“pós-modernidade”, entre outros, mas, em comum, essas
nomenclaturas tentam apresentar o que está acontecendo com a modernidade atual.
Não existe uma definição única sobre o tempo que começou a
modernidade em si, são vários os pensamentos, mas em geral há uma concordância
entre os estudiosos que a modernidade se consolidou por meio da industrialização,
por meio de uma política de liberdade e igualdade.Só que esses valores
perpetuaram-se como verdades em busca de um mundo “ideal e perfeito”.No
entanto, esse mundo “ideal e perfeito” não aconteceu e hoje em dia existe um
ambiente de muita critica quanto essa busca pela perfeição.Ou seja, essas
narrativas criadas ao longo do tempo de que a modernidade se caracteriza por uma
busca de uma humanidade melhor por meio da ciência, técnica, indústria, da
sociedade de mercado, etc., na verdade apresenta muitas contradições e problemas.
(HALL, 2006). A pós-modernidade vem questionar essa modernidade atual e é
justamente isso que o autor está tratando.
Há uma ruptura e muitas faces nessa modernidade atual.Hoje, a pós-
modernidade critica e questiona a modernidade daquele tipo criado, no entanto, ela
não é uma modernidade traçada em apenas um único rumo, ela possui várias
verdades e vários caminhos. Hall(2006, p.16) apresenta isso como uma estrutura
deslocada“cujo o centro é deslocado, não sendo substituído por outro, mas por „uma
pluralidade de centros de poder‟”, no caso o centro deslocado é devido ao processo
da globalização.
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tradições que tem sido resgatadas pelos nativos, restaurandoassim seus projetos
socias étnicos identitários. (LUCIANO, 2006)
Diante dessa retomada, Luciano (2006, p.39) faz a seguinte pergunta “Isto
é um retorno ao passado ou puro saudosismo? De modo algum.”. O autor reflete que
isto é viver sua essência, valorizar a identidade de ser índio, “É ser o que se é”, um
acontecimento que ocorre perante a todas sociedades, fenômeno chamando de
etnogênese, quando um grupo étnico passa a ser distinto conseguinte ao período de
repressão institucional e ressurge reafirmando sua identidade por sobrevivência
cultural. A nova geração indígena tem a necessidade mais apurada de se identificar
culturalmente, em comparação aos anciãos, e de ter a segurança de seu espaço na
sociedade em um mundo globalizado.
É interesse da nova geração indígena fazer parte da modernidade sem
abdicar da sua origem. As gerações ancestrais indígenas apresentam uma maior
resistência para reafirmar suas identidades pelo profundo marco da escravidão
durante o período colonial, na qual foram induzidos a renunciar sua identidade. “Eles
foram obrigados a acreditar que a única saída possível para o futuro de seus filhos
era esquecer suas tradições e mergulhar no mundo não-indígena sem olhar para
trás” (LUCIANO, 2006, p. 40).Apesar disso, muitos anciões enfrentam essa carga
gerada pela repulsa e discriminação dos colonizadores, combatendo seus traumas e
vivendo o novo tempo, lutando por seus direitos e tendo orgulho de sua história
reafirmando sua identidade.
Os grupos indígenas possuem uma diversidade étnica, tal qual como os
povos europeus possuem nações com vários grupos étnicos (italiano, francês,
alemão, holandês). O autor aduz que “Seria ofensa dizer que o alemão é igual ao
português, da mesma maneira que é ofensa dizer que o povo Yanomami é igual ao
Guarani” (LUCIANO, 2006, p. 41).É umahostilidade referir uma cultura igual a outra
por pertencer amesma nação, assim como generalizar a cultura indígena brasileira.
Divergentemente do que é explanado na perspectiva dos europeus, estes
que colonizaram o continente americano, os povos nativos apresentam um imenso
desenvolvimento, com avanços nas civilizações milenares, desconstruindo a ideia de
inferioridade na em relação aos colonizadores europeus. De acordo com o Luciano
(2006, p.48),“As civilizações astecas, maias e incas em nada são inferiores às
européias, exceto no domínio da arma de fogo.”.Ambos com sistemas políticos
similares, com impérios, hierarquia e cidades-estados.
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A cultura indígena enfrenta três questões que segundo Stuart Hall (2006)
são consequências diante da globalização (1ª) as culturas convencionais já
existentes encontram-se em dissolução tendo em vista o passar dos períodos, este
fato deve-se ao que se pode denominar de uniformização cultural. (2ª) Apesar do
progresso da globalização, ainda há a permanência de certos elementos
identificadores culturais, (3ª) Não obstante observa-se a decadência das
identificações culturais locais bem como revelam-se as identificações miscigenadas,
caracterizando a abundante identificação entre identidades, tendo como causador a
ocorrência de fluxos migratórios como também as trocas de referenciais no âmbito
cultural.
A partir dessas três questões podemos observar queo fundamentalismo
dentro da cultura indígena surge diante do sentimento de nostalgia, com a
necessidade de fixar suas origens e tradições dentro da sociedade pós-
modernizada, estabelecendo sua identidade em busca do alcance dos direitos de
cidadão no âmbito nacional e global. Esse fundamentalismo não é necessariamente
ruim, faz com que eles fortaleçam as características intrínsecas de sua cultura, que
no entanto podem gerar situações conflituosas com outras.
Ainda assim por conta de todas as dificuldades que os índios sofreram,
eles tiverem que abdicar de sua identidade, e passaram a viver a identidade de
outros povos. Tornado-se praticamente homogênea, rejeitando sua identidade e
vivendo outra cultura por aceitação.Esses aspectos levam a perceber a cultura
indígena como parte de um processo de hibridização. Após a colonização dos povos
europeus que aqui aportaram, impondo suas tradições e costumes sob os povos
indígenas, o hibridismo se fez presente no cenário brasileiro. A europeização é
predominante no Brasil, dessa forma foram os povos nativos que foram prejudicados
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4ANÁLISE TUCUM
É encontrado em todo território brasileiro uma palmeira chamada Tucum,
da qual todos os povos tradicionais brasileiros têm acesso, utilizando as folhas,
sementes e fibras. Disso se originou o nome da marca de um projeto carioca que
alia designers com povos indígenas. “Essa palmeira é nossa inspiração, tecendo
redes entre pessoas” (TUCUM, 2016). A Tucum é um grupo de designer solidários
ativistas que trabalham com a sustentabilidade através da arte dos povos indígenas.
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Disponível em:<https://www.tucumbrasil.com/> Acessado em 25 de maio de 2019.
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Disponível em: <https://www.tucumbrasil.com/> Acessado em 25 de maio de 2019.
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Fonte: Site Tucum Brasil
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Disponível em: <https://www.tucumbrasil.com/produto/colar-de-micangas-huni-kuin-8610> Acessado em 25 de
maio de 2019.
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Disponível em: <https://www.tucumbrasil.com/produto/pulseira-rautihu-yawanawa-9101 > Acessado
em 25 de maio de 2019.
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Fonte: Site Tucum
O colar é um adorno utilizado nas festas tradicionais e em rituais dos
povos que habitam no Parque Indígena do Xingu, MT. Com uma riqueza de
significados, ele pode ser feito somente de miçangas entremeadas ou sementes
perfuradas. Muito utilizados pelas mulheres das tribos, esses colarespodem chegar a
passar de 200 voltas de miçangas no fio de algodão. Os colares Volta do Xingu é
apresentado pela Tucum com uma versão mais leve e curta, repleta de beleza e da
força que os povos do alto Xingu carregam.Com cores de representatividade
brasileira, o tradicional verde, amarelo, azul e branco, e com um forte trabalho de
adaptação para o mercado branco e urbano, o colar Volta do Xingu é
fortementecaracterizadopela hibridização. (TUCUM, 2016).
Em última análise, ve-se a gargantilha Kayapó, um ornamento produzido
por artesões da etnia Kayapó, que pode ser vista na figura 6.
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Disponível em: <https://www.tucumbrasil.com/produto/colar-curto-voltas-do-xingu-8368> Acessado
em 25 de maio de 2019.
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Fonte: Site Tucum
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Fonte: Site Tucum
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Disponível em: <https://tucumbrasil.tumblr.com/post/161364522204/encontro-tucum-anapuat%C3%A3-
mehinako > Acessado em 25 de maio de 2019.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre
os povos indígenas no Brasil de hoje.Brasília, 2006. Disponível em: <
http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154565por.pdf >. Acesso em: 25
out. 2018
TUCUM. Arte Indígena: Design Sustentável. 2016. Tucum Brasil. Disponível em:
<https://www.tucumbrasil.com/>. Acesso em: 25 maio 2019.