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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE ___________,

Autos n°

Tramitação com os benefícios da Lei n °10.741/2003

Nome Completo, brasileiro, casado, portador do RG


n°_____________ e CPF n°______________ , residente e domiciliado a rua
_________ , n°_____ Bairro_________________ Benedito nesta cidade e comarca de
______/Estado, vem, mui respeitosamente, perante V.Exa., por seu advogado ( doc.01)
que ao final subscreve, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA, CUMULADA


COM REPETIÇÃO DO INDÉBITO E PEDIDO DE TUTELA PARCIAL ANTECIPADA OU
LIMINAR,

com fundamento nos artigos 4º e seguintes, 273, 282, e seguintes, 355, 358 e 359, 342 e
443 todos do Código de Processo Civil, artigos 112, 113, 166, 205, 421 a 423, 876, 884 e
seguintes e 964 do Código Civil Brasileiro, artigos 3º, inciso, 5º, incisos II e XXXII, 175,
inciso III, da Constituição Federal, e, artigos 3º parágrafo 2º, 4º, incisos I e III, 6º, incisos III,
IV e V , 14, 22 , 39 incisos I e V, 46, 47, 51 e 54 parágrafos 3º e 4º da Lei nº 8.078/90 –
Código de Defesa do Consumidor e, artigos 3º, 5º e 80 e seguintes da Lei nº 9472/97 (que
dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações), entre outros dispositivos
legais aplicáveis à espécie, com suas alterações posteriores, em face de
TELECOMUNICAÇÕES DE SÃO PAULO S.A –TELESP – GRUPO TELEFÔNICA,
empresa inscrita no CNPJ/MF sob n º 02.558.157/0001-62 inscrição Estadual nº
108.383.949.112, estabelecida na cidade de São Paulo na Rua Martiniano de Carvalho n°
851 – Bela Vista/São Paulo, consubstanciado nos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
articuladamente aduzidos:
1
SÍNTESE FÁTICA:

O Autor é titular das linhas telefônicas em anexo ( doc__), sendo o


requerente proprietário da linha há mais de vinte (20) anos, portanto, sujeito à utilização de
serviço de telecomunicações no regime privado.

Nesta qualidade, o Autor efetua mensalmente o pagamento das


respectivas contas telefônicas, cujo valor total da fatura é dividido da seguinte maneira: 1.
serviço médio (pulsos); 2. assinatura mensal; 3. chamadas: local a cobrar, local celular,
longa distância (interurbanos) e, 4. outros serviços.

A tarifa de serviço médio (pulsos), chamadas a cobrar, local para


celular/móvel, longa distância (interurbanos e internacionais), quer nacional, quer
internacional, entre outros, somente é paga mediante a devida utilização e o respectivo
tempo utilizado, ao contrário da assinatura que é paga independente do uso.

Contudo, nas tarifas cobradas referente às ligações telefônicas, sejam


quais tipos forem, a concessionária de serviço inclui de forma imbutida, valores
referentes a PIS/COFINS, ou seja, está repassando ao consumidor a sua obrigação
tributária.

Referida cobrança, embora uma prática usual há muitos anos, a qual é


feita a partir da data da instalação da linha telefônica, deve ser considerada abusiva, ilegal
e inconstitucional, visto que não há previsão legal para a respectiva cobrança
embutida.

É abusiva por conta do Requerido cobrar o valor dos impostos citados


adicionados à tarifa das ligações e não destaca esta informação na própria conta de
telefone, ou seja, o consumidor por muitas vezes não consegue perceber estes
valores, pois não acompanha diariamente as variações nos custos das
ligações.
É ilegal porque o valor pago mensalmente pelo consumidor à
concessionária a título de serviços diversos, ou seja, ligações a cobrar, ligações para
celular e outros, não tem autorização expressa do órgão controlador, no caso ANATEL
(Agência Nacional de Telecomunicações), ferindo o princípio segundo o qual o consumidor
só pode ser obrigado a pagar por aquilo que efetivamente utilizou, sendo que o desrespeito
2
a esse principio é expressamente proibido pelo Código de Defesa do Consumidor, além de
não haver qualquer previsão legal para sua cobrança, conforme passaremos a demonstrar.

É inconstitucional, a cobrança dessas contribuições pelas


operadoras de telefonia haja vista praticarem dois equívocos: o primeiro está na
base de cálculo, eis que tais tributos têm de ser calculados, sobre a receita
operacional bruta e mensal da empresa. Ao invés disso, as operadoras calculam e
cobram tais contribuições a partir do valor constante da fatura emitida ao
consumidor, isto é, a partir da operação singularmente realizada. Como ocorre
atualmente o consumidor é que está assumindo o ônus do pagamento. O
único imposto autorizado a ser destacado na conta e efetuado sobre uma base
de cálculo de serviços é o ICMS, que tem previsão legal em lei.

O tributo PIS/COFINS não é uma obrigação ou um dever de pagar do


consumidor dos serviços, mas sim da empresa que fornece o serviço. As tarifas
determinadas pela ANATEL já incluem todos os custos e gastos das empresas para o
fornecimento do serviço, é o chamado IST (Índice de Serviços de Telecomunicações).

Portanto, totalmente incorreta a cobrança destes tributos para que o


consumidor os pague, e desta forma é que será demonstrado o direito do Requerente.
DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Por conseguinte, convém demonstrar qual é a sistemática destes dois


impostos, PIS e COFINS.

Eles são contribuições sociais incidentes originariamente sobre o


faturamento bruto das empresas. A partir da Emenda Constitucional nº 20/98 facultou-se
sua incidência também sobre a receita bruta. Alguns autores vislumbram serem
inconstitucionais essas duas contribuições por configurarem bitributação. Não há, na
realidade, bitributação jurídica. O que existe é o inevitável bis in idem, isto é, incidência
dupla do tributo sobre o mesmo fato econômico (faturamento ou receita bruta mensal), o
que não é inconstitucional, porque a Carta Política não estabeleceu um teto de tributação a
esse título.

3
Diferente é a hipótese de bitributação jurídica em que, forçosamente,
implica invasão da esfera privativa de tributação de um ente político, por outro ente da
Federação. Não é o caso do PIS/COFINS.

BASE DE CÁLCULO DO PIS /COFINS

A Constituição Federal de 1988 dispunha no art. 195 em sua redação


original:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições:

I – dos empregadores, incidentes sobre a folha de salários, o


faturamento e o lucro.”

A EC nº 20, de 15-12-1998, alterou a redação do inciso I supra referido


para consignar que a contribuição social da empresa incide sobre “receita ou o
faturamento”.
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS SOB
ANÁLISE
a) PIS

A contribuição para o PIS foi instituída pela LC nº 7, de 7-12-1970,


tendo como base de cálculo o faturamento bruto de seis meses anteriores ao mês de
ocorrência do fato gerador (PIS semestral). A sua alíquota inicial era de 0,15%, e a partir de
1974 passou para 0,50%. O Decreto-Lei nº 2.445/88, alterado pelo Decreto nº 2.449/88,
instituiu o PIS mensal com a alíquota de 0,65% incidente sobre a receita bruta operacional.

O STF declarou a inconstitucionalidade formal de ambos os Decretos-


leis (RE nº 148.754-RJ, Rel. Min. Carlos Velloso, JSTFLex 185/206). Em conseqüência, o
Senado Federal baixou a Resolução nº 49, de 9-10-95 suspendendo a execução desses
diplomas legais. Com isso, em razão da natureza declaratória daquela decisão da Corte
Suprema, voltaram a vigorar as disposições da LC nº 7/70 até o advento da MP nº 1.212,
de 28-11-1995, que estabeleceu a base de cálculo do PIS como sendo o faturamento
mensal. Para superar eventual insegurança jurídica que pudesse surgir, o STF fixou o
4
entendimento de que o PIS, instituído pela LC nº 7/70, foi recepcionado pelo art. 239 da
Constituição de 1988 (RE 169.091-RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 4-8-95, p.
22.522).

A MP nº 1676, convertida na Lei nº 9.715, de 25-11-1998, veio definir o


faturamento como sendo a receita bruta considerada pela legislação do imposto de renda,
instituindo a alíquota de 0,65%. A MP nº 66, convertida na Lei nº 10.637, de 30-12-2002,
eliminou a sua incidência em cascata, porém majorou a alíquota para 1,65%.

b) COFINS

A COFINS foi instituída pela LC nº 70, de 30-12-1991 como sucedâneo


do Finsocial declarado inconstitucional pela Suprema Corte. A sua base de cálculo é a
receita bruta das vendas de mercadorias e serviços , incidindo à alíquota de 2%. A Lei
nº 9.718, de 27-11-1998, alterou a base de cálculo para receita bruta, abarcando a
totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica e majorou a sua alíquota para 3%.
Verifica-se, pois, que ambas as contribuições, PIS e COFINS, tiveram a base de cálculo
ampliada de faturamento bruto, para receita bruta, fato que suscitou controvérsia doutrinária
e jurisprudencial.

CONCEITOS DE FATURAMENTO E DE RECEITA BRUTA

Faturamento é o ato de faturar, isto é, incluir na fatura as


mercadorias ou serviços vendidos. Fatura, por sua vez, é o documento onde se
discrimina a mercadoria vendida mediante expressa referência à quantidade, à espécie, ao
tipo, ao preço e a outros caracteres, além das condições para sua entrega ao comprador,
bem como, quanto ao prazo de pagamento.

De início, baseado em precedentes jurisprudenciais (RE 150.755, RTJ


149/259 e REsp nº 250277, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 7-06-2004, p. 178),
sustentamos que o conceito de faturamento identifica-se com o conceito de receita bruta,
porque para faturar é preciso, antes de mais nada, auferir receita.

Eduardo Marcial Ferreira Jardim também asseverou que “o direito


tributário tem utilizado a expressão, vez por outra, com a acepção de somatória das
receitas, vale dizer, aquelas provenientes da atividade mercantil, acrescidas de receitas
5
financeiras. Lembramos, por exemplo, que o faturamento representa a base de cálculo da
contribuição social denominada Cofins, a qual incide na proporção de 2% em relação ao
faturamento mensal das empresas” (Dicionário jurídico tributário. São Paulo: Dialética, 4ª
edição, 2003, p. 109).

Contudo, o conceito de receita bruta é mais amplo do que o de


faturamento bruto, por abranger as receitas não operacionais, como os rendimentos de
alugueres e receitas financeiras representadas por juros, dividendos etc., conforme veio
entender o Plenário da Corte Suprema, cuja decisão é adiante analisada.

Esclarecido o tema a respeito da origem destes impostos, bem como


sua base de cálculo e forma de apuração, cabe trazer à baila a irregularidade que vem

norteando a atitude das concessionárias de serviço de telecomunicações, quando


inclui no preço das tarifas, nas contas de telefone dos
consumidores, o valor que ela deveria pagar referente ao PIS e
COFINS.
Não está se utilizando o faturamento como base para o pagamento,
cálculo este que nunca poderia ser feito da forma que está atualmente, ou seja, na própria
conta de telefone.

CONTAS DE TELEFONE – ICMS, PIS E COFINS

É fácil entender o porquê do PIS e COFINS serem cobrados na conta


de telefone e encarecerem o serviço.

Nessa seara, há tempos a Embratel emitiu comunicado com o título: "A


EMBRATEL EXPLICA TRIBUTAÇÃO DA CONTA TELEFÔNICA DDD". A explicação foi
sobre o ICMS, COFINS E PIS, com alíquotas de 25%, 3% e 0,65%, respectivamente.

Todavia, devemos atender para a seguinte ressalva:

"A base de cálculo dos impostos é o preço do serviço, o que significa


que faz parte dela o valor do imposto. O destaque é mera indicação para fins de
controle, como estabelecem o artigo 13, item III, e o parágrafo I, inciso I, da Lei
Complementar 87/96, de 13 de setembro de 1996 , com relação ao ICMS , e no caso do

6
Cofins e Pis, não há determinação expressa da Agência Nacional de
Telecomunicações". ( g.n)

O comunicado utiliza em exemplo prático, o fator de tributação, no


caso, 0, 7135, resultante da expressão [1-(0,25+0,03+0,0065)].

Dessa forma, se por exemplo, o valor da conta telefônica fosse de R$


22, 92, teríamos:
a) ICMS: cálculo por dentro, PIS e COFINS em sua base = R$ 5,73
(25% de 22,92 = 5,73).

b) ICMS: cálculo por dentro, sem PIS e o COFINS na base = R$ 4,30


(22,92 x 0,75(1-0,25) = 25% x 1R$ 17,19 =R$ 4,30).

c) ICMS: calculado sobre o valor real dos serviços = R$ 4,09 22,92 x


0,7135 [1-(0,25+0,03+ 0,0065) ] = 25% x R$ 16,35 = R$ 4,09).

A realidade é que na situação "a", forma que vem sendo praticada


usualmente, o percentual do imposto atinge 35,05%. Na situação "b", reduz-se para
26,30%, vindo a alcançar o valor justo e pressupostamente legal, 25%, somente na
situação "c".

A determinação da Agência Nacional de Telecomunicações não


permite tal inclusão, mas as concessionárias se utilizam de uma brecha em lei, ou seja, não
há proibição, e desta forma ferem a Constituição Federal em dois momentos:

1º - quando passa a "exigir" a cobrança do Pis e Confins do usuário


dos serviços de telefonia.

Diz o artigo 150, I, da Constituição:

"Art. 150 – Sem prejuízo... é vedado à União, aos Estados, ao Distrito


Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça".

7
2º-Quando repassa, indevidamente, esses tributos ao
usuário/contribuinte.
O artigo 155, II, § 3º, de nossa Lei Maior estabelece:

"Art. 155 – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:
II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior;

§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste


artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir sobre operações relativas a
energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e
minerais do País".(nosso destaque)

Dessa feita, apercebe-se que, o PIS e COFINS são tributos


incompatíveis com seu repasse para o contribuinte por serviços de telefonia. A
Constituição veda o repasse de qualquer forma, tácita e explicitamente.

A CRFB/88 determina que ambos os tributos tenham como base de


cálculo o faturamento das empresas.

Está lá, no item I, do caput do artigo 195:

"Art.195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: I – dos empregadores, incidentes sobre a folha de salários, o faturamento e o
lucro;" (destacamos).

Também a Lei nº 9.718, de 27.11.98, que altera a legislação tributária


federal, cuida da matéria:

"Art 2º - As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas


pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu
faturamento..." (destacamos).
8
Entretanto, a cobrança do PIS e COFINS continua a ser feita, nos
moldes da LC 87/96 que trata somente do ICMS, na política do “se colar, colou”, ou seja,
esperando as concessionárias que os consumidores não constatassem tal ilegalidade, ou
mesmo constatando não reclamassem por serem os valores ínfimos no mês a mês, ou que
não quisessem se submeter às mazelas do sistema judiciário do país, aguardando uma
decisão por anos, para receberem valores pequenos de restituição.

Nobre Julgador, a LC 87/96 é especifica para o ICMS.

Resta-nos entender como uma simples agência do governo não


impede tal atitude, levando-nos a crer que dispõe de poderes para se sobrepor à
Constituição do País e legislar onde a competência, no mínimo, é de Lei Complementar.

Nesse momento cabe avocar o artigo 5º da Constituição Federal, item


XXXII: "o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor".

A Lei 8078/90 trata da matéria em seu artigo 37:

"Art.37 – É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 3º Para os efeitos desse Código, a publicidade é enganosa por


omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço".

É o que nos dá a entender a utilização da LC 87/96.

O STJ já determinou em decisão recente que é ilegal a cobrança


do PIS e COFINS nas contas de telefone:

Publicação

DJe 30/09/2008
REsp: 1.053.778 - RS - 2008/0085668-8
Relator(a): Ministro HERMAN BENJAMIN
Julgamento: 09/09/2008
Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA
Ementa

9
PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA NA
FUNDAMENTAÇÃO. COBRANÇA DO PIS E DA COFINS NA
FATURA TELEFÔNICA. ILEGITIMIDADE DA ANATEL. ACRÉSCIMO
NA TARIFA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. PRÁTICA ABUSIVA
CONFIGURADA. CDC. OFENSA. JUROS DE MORA.
INAPLICABILIDADE DO ART. 167 DO CTN. NATUREZA NÃO-
TRIBUTÁRIA.

1. Não se conhece do recurso em relação à ofensa ao art. 535, II, do


CPC quando a parte deixa de apontar, de forma clara, o vício em que
teria incorrido o acórdão impugnado. Aplicação, por analogia, da
Súmula 284/STF.

2. A ANATEL não tem legitimidade para figurar em ação que visa à


devolução de valores acrescidos na fatura telefônica a título de repasse
de PIS e COFINS.

3. É indevido o repasse do PIS e da COFINS na fatura telefônica, por


ausência de expressa e inequívoca previsão na lei.

4. Tarifa líquida é aquela que exclui os impostos e contribuições


incidentes na operação individualmente considerada.

5. O PIS e a COFINS, nos termos da legislação tributária em vigor, não


incidem sobre a operação individualizada de cada consumidor, mas
sobre o faturamento global da empresa.

6. O fato de as receitas obtidas com a prestação do serviço integrarem


a base de cálculo dessas contribuições -faturamento mensal -não pode
ser confundido com a incidência desses tributos sobre cada uma das
operações realizadas pela empresa.

7. Essas receitas também compõem a base de cálculo do Imposto de


Renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro, já que, após as
deduções legais, constituirão o lucro da empresa. Nem por isso se
defende que a parcela do IRPJ e da CSLL relativa a uma determinada
prestação de serviço seja adicionada ao valor da tarifa.

10
8. Somente o ICMS, por expressa disposição legal, deve ser objeto de
destaque e cobrança na fatura, repassando-se diretamente o ônus ao
assinante.

9. O repasse indevido do PIS e da COFINS na fatura telefônica


configura "prática abusiva" das concessionárias, nos termos do
Código de Defesa do Consumidor, pois viola os princípios da boa-
fé objetiva e da transparência, valendo-se da "fraqueza ou
ignorância do consumidor" (art. 39, IV, do CDC ). 10. O acréscimo
indevido na tarifa não tem natureza tributária, ainda que a
concessionária afirme que se trata de mero repasse de tributos.
Inaplicabilidade do art. 167 do CTN. 11. Recurso Especial não provido (
g.n)

Acordão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior
Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao
recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs.
Ministros Mauro Campbell Marques, Eliana Calmon, Castro Meira e
Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Dr(a).
ALEXANDRE SICILIANO BORGES, pela parte RECORRENTE:
BRASIL TELECOM S/A

DA HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA DIANTE DA DEMANDADA –


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – ARTIGO 6o, III DO CDC:

O artigo 5o da Lei no 9.472/97 (LGT), garante:

“Na disciplina das relações econômicas no setor de


telecomunicações observar-se-ão, em especial, os princípios
constitucionais da soberania nacional, função social da propriedade,
liberdade de iniciativa, livre concorrência, defesa do consumidor,
redução das desigualdades regionais, repressão ao abuso do poder
econômico e continuidade do serviço prestado no regime público”.
(g.n)
11
A relação da usuário/Requerente com a prestadora de serviços de
telecomunicações, que é o caso da empresa requerida, é considerada de consumo.

Assim, perfeitamente aplicável o Código de Defesa do Consumidor –


CDC – e seus institutos;

A hipossuficiência econômica do Autor frente a empresa


demandada é flagrante ( VIDE DOC___),
dessa forma a inversão do ônus da prova deve ser ao
menos indicada para que a reclamada, que é detentora do interesse na manutenção da
cobrança ilegal. Além do claro suporte técnico da Requerida que é hiperssuficiente em
relação ao Requerente.
DA TUTELA ANTECIPADA DO ARTIGO 273 CPC

Existe prova inequívoca e presente da verossimilhança da alegação,


ainda aliado ao fundado receio de dano de difícil reparação. Presentes os requisitos para
concessão da tutela parcial prevista no artigo 273 do Codex;

“Entre os direitos fundamentais da pessoa encontra-se, sem


dúvida, o direito à efetividade do processo, também denominado
direito de acesso à justiça ou direito à ordem jurídica justa,
expressões que pretendem representar o direito que todos têm à
tutela jurisdicional do Estado. Essa proteção estatal deve ser apta
a conferir tempestivamente e adequada satisfação de um interesse
juridicamente protegido, em favor de seu titular, nas situações em
que isso não se verificou de forma natural e espontânea.” (JOSÉ
ROBERTO DOS SANTOS BEDAQUE – Código de Processo Civil
Interpretado coordenado por Antônio Carlos Marcato – pg. 791)

Provado está que a cobrança é indevida em virtude da ausência de


previsão legal, como exaustivamente exposto acima.

Por outro lado, concedida a tutela parcial, esta pode ser revertida,
corporificando a sua viabilidade jurídica.

12
DOS PEDIDOS

A concessão da tutela parcial antecipada, determinando-se que a


Requerida se abstenha de cobrar nas faturas futuras, à partir da citação, os impostos PIS e
COFINS, sob pena de sujeitar-se a astreintes no valor que V.Exa. arbitrar por dia de
descumprimento do preceito;

Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda não ser o caso de


aplicação do artigo 273 do CPC, requer-se com fundamento no artigo 273, §7°do CPC,
que o pedido de suspensão de cobrança de PIS e COFINS nas faturas seja deferido
por meio de medida acautelatória nos termos do artigo 798 do CPC;

Seja determinada a citação VIA CARTA – art. 18, I da Lei 9.099/95 -


para que a Requerida oferte resposta no prazo legal sob pena de revelia e confissão quanto
a matéria fática consignando-se expressamente a inversão do ônus da prova ( endereço
para citação da empresa de telefonia )

O acolhimento integral de todos os pedidos declarando-se a


nulidade da cobrança das referidas tarifas com a inclusão do PIS e COFINS com
efeito ex tunc, condenando ainda a empresa Requerida a repetir o indébito do que foi
indevidamente cobrado e pago, acrescido de correção monetária pelo IGPM (mesmo
índice de reajuste das tarifas de serviço de telecomunicações) e juros legais
conforme entendimento do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ( DOC._ )

Seja instada a Requerida a apresentar no prazo da resposta os


extratos dos valores pagos pelo Autor a título de PIS e COFINS desde a instalação da
linha telefônica, independentemente da troca de endereço do usuário ( artigos,355 e
seguintes c.c artigo 399 todos do CPC);

Determine-se o julgamento antecipado do pedido conforme preceitua


o artigo 330,I do Código de Processo Civil ( matéria ser estritamente de direito);

Para fins de cumprimento ao artigo 39, inciso I do CPC informa o


endereço para receber intimações e citações sob pena de nulidade absoluta: endereço do
escritório de advocacia

13
O Autor, atualmente, conta apenas com os seus parcos proventos
para sobreviver, e não possui condições de arcar com os ônus processuais sem prejuízo do
seu sustento e de sua família razão pela qual, requer –se a Vossa Excelência o
deferimento dos benefícios da Justiça Gratuita ( conforme declaração em anexo doc___);

Outrossim ad cautelam requer-se,na fase de cumprimento de


sentença, a aplicação da multa prevista no artigo 475-J independentemente de intimação
( conforme entendimento da melhor doutrina Cássio Scarpinella Bueno 1, Araken de Assis2,
Humberto T. Jr.3,Athos Gusmão Carneiro4) e posicionamento dos Tribunais5

ENFRENTAMENTO DIRETO E EXPRESSO DOS DISPOSITIVOS


LEGAIS E CONSTITUCIONAIS RETROMENCIONADOS FUNDAMENTADAMENTE
( ARTIGO 93,IX DA CRFB/88, EM CASO DE INDEFERIMENTO);

Os benefícios na tramitação do feito (conforme artigo 71,


§1º,daLei10.741/2003).

Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova em Direito


admitidos artigo 332 do Código de Processo Civil, sem exceção.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 ( um mil reais) – artigo 286, II e


III do CPC.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data

Nome do advogado
OAB

1
“ A Nova etapa da Reforma do Código de Processo Civil, vol. 1, p.78,
2
ASSIS, Araken de. Cumprimento da Sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
3
As Novas Reformas do Código de Processo Civil, Leis nºs 11.187, de 19.10.2005; 11.232, de 22.12.2005;
11.276 e 11.277, de 07.02.2006; e 11.280, de 16.02.2006, Forense, RJ, 2006, pp. 143/147.
4
É que a própria lei passa a alertar para o tempusjudicati de quinze dias, concedido para que o devedor
cumpra voluntariamente sua obrigação. Tal prazo passa destarte automaticamente a fluir, independente de
qualquer intimação, da data em que a sentença (ou o acórdão, CPC art. 512) GUSMÃO CARNEIRO,
Cumprimento da Sentença Civil - Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 53).
5
Como se posicionou a colenda 11ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo no AGrinst n º 7.186.774-2 e o Superior Tribunal de Justiça Resp 954.859/RS (2007/0119225-2), 3.T
Rel.Min. Humberto Gomes de Barros.
14

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