Filosofia Politica (Guardado Automaticamente)

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................3

A convivência política entre os homens..........................................................................................4

Politica.........................................................................................................................................4

Filosofia politica..........................................................................................................................4

A relacao entre a politica e a filosofia.............................................................................................5

A relacao entre a politica e a etica...................................................................................................5

A FILOSOFIA POLÍTICA NA HISTÓRIA...................................................................................6

Filosofia Política na Grecia Antiga..............................................................................................6

Os Sofistas................................................................................................................................6

Protagoras de Abdera (480-410 a.C.).......................................................................................7

Gorgias de Leontini..................................................................................................................7

Platão (427 a.C – 347 a.C):......................................................................................................7

Aristóteles (384 a.C – 322 a.C)................................................................................................8

Filosofia politica na idade Media....................................................................................................9

Santo Agostinho (354 – 430 d.C)...............................................................................................10

São Tomás Aquino (1225 – 1274).............................................................................................10

Contextualizao do debate em torno da filosofia africana...........................................................10

Origem do mito da inferioridade do negro.................................................................................10

A reacao dos intelectuais africanos à visao ocidental................................................................12

Conclusao......................................................................................................................................14

Referencias bibliografias...............................................................................................................15

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INTRODUÇÃO

O homem é um ser múltiplo e complexo, sendo por isso objecto de inúmeros tipos de
conhecimentos e disciplinas que procuram ver nele um ponto particular fazendo-o deste o seu
objecto de estudo. Dentre as várias dimensões que tornam o homem integral temos a destacar
além das outras, a dimensão social e Política do homem.
Como temática em estudo o trabalho tem por título: «Filosofia Política». Numa perspectiva
interdisciplinar, Política através do seu objecto se relaciona com outras ciências que estudam as
relações e o comportamento dos homens em sociedade. Dentro desse esforço, a Política sente-se
conjugada com a Filosofia, com a Ética, procurando não descrever, mas dizer quais as relações
entre o homem e o ambiente, o homem e o seu mundo.
O discurso sobre a relação entre a Ética e a Política não é abstracto e desligado das dinâmicas
sociais, no centro delas está o homem, ser social e político. A existência de uma Ética que se
circunscreve à Política não é opinião pacífica, havendo quem diga que a política encontra a sua
realização na ética, outros ainda que a Ética deve subordinar-se aos interesses políticos. De um
ou de outro modo existe uma subordinação da política em relação à Ética, cujo fundamento
reside na dignidade da pessoa humana e a promoção do bem comum.

Quanto a metodologia, o trabalho centrou-se na pesquisa bibliográfica.

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A convivência política entre os homens
Noções básicas: politica e filosofia politica

Como mostra Aristóteles, “o homem é um animal político”. E segundo ele, o é, por natureza. O
que significa que a tendência para vivermos em sociedade é própria da espécie. O homem é um
ser gregário, por natureza, vive com os semelhantes e sente prazer nisso. A sociabilidade é o
modo específico de sermos humanos ou seja, só existimos humanamente enquanto somos criados
e desenvolvemos no seio de uma sociedade de seres humanos (GARCIO, GIRÃO).

Politica
Etimologicamente, Políticavem do grego Polis (cidade). Na antiguidade grega, política equivalia
à República, designando a organização, o regime político, a constituição de uma cidade
soberana, de uma comunidade ou Estado com individualidade e autonomia própria
(CHAMBISSE, 2003: 86).

A política pode definir-se como o conjunto de acções levadas a cabo por indivíduos com vista a
resolver problemas com que uma comunidade humana se depara, sob ideal do bem-comum,
ordem pública, justiça, harmonia e o equilíbrio social.

A política pode ser considerada como arte e como ciência. Como arte, a política é um fazer e
sobre tudo um agir. Dispondo os meios em relação aos fins e pensamento em relação aos meios,
a política revela-se como arte daquilo que, aqui e agora, é possível realizar. Como ciência, a
política vai ser o conhecimento do modo de funcionamento das sociedades e das leis constantes
do fenómenopolítico de modo a investi-lo numa acção eficaz, numa técnica de condução das
coisas públicas.

Filosofia politica
A filosofia, já que a sua área de pesquisa não conhece limites, interessa-se também pela política.
Desse seu interesse nasce a filosofia politica. Existe um ponto comum entre a política e a
filosofia politica. O elemento comum é que tanto a politica assim como filosofia política tratam
da própriapolítica enquanto ciência ou arte de governar. Porém existem diferenças entres elas: a
política enquanto ciência trata das estruturas políticas, da organização politica, da composição
dos partidos políticos, das estratégias eleitorais, estuda a acção governamental. Ao passo que a
filosofia política ocupa-se em perceber a essência politica, analisa as condições da emergência da

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coisa pública, a melhor forma da comunidade politica (Estado), os fundamentos da justiça social,
a justificação e a legitimação do poder do Estado, a questão da explicação das desigualdades
entre homens na mesma comunidade politica. A filosofia políticatematiza a problemática do
homem como ser social, ou seja, que não pode viver independentemente dos outros, por isso,
regras e normas de conduta para a vida em comunidade. A filosofia políticareflecte sobre a
essência e o sentido do Estado, as tarefas e as finalidades do Estado, assim, como a
relaçãotriádica entre o individuo, o Estado e a sociedade. De uma forma mais abrangente, a
filosofia política faz uma reflexão em torno do problema politico: a origem do Estado e suas
funções, sua organização, sua melhor forma de governo, a relação entre o Estado e o individuo,
Estado e a igreja e o Estado e os Partidos.

A relação entre a política e a filosofia


Para certos filósofos, Sócrates, por exemplo, a tarefa mais difícil de resolver é compreender a
vida política dos homens. A Filosofia no campo político tem como objectivo perceber a essência
do que é político; reflecte sobre o material e pontos de apoio do fenómeno político. A filosofia
vem iluminar os conceitos inerentes à política: a justiça, o bem-comum, sociedade, Estado,
tolerância, bem como a própria definição do que seja a política. Cabe à Filosofia fazer uma
reflexão da política certa para cada época histórica e contexto sociocultural.

Como vemos, a política de todos os tempos e lugares deve enraizar-se na Filosofia. A referência
à Filosofia é a garantia mais segura e eficaz da autenticidade e da eficácia da organização das
comunidades humanas. A Filosofia deve criticar a política e todas as formas de dominação do
homem pelo homem (CHAMBISSE, 2003: 86).

Ma a relação entre a politica e a filosofia é, por um lado positiva como vimos a cima e por outro
polémico, a atitude critica da filosofia perturba em alguns casos a ordem politica. A filosofia
além de auxiliar a actividade politica, apresenta-se como crítica da razão politica. Como afirma
Lévy, o filosofo fala e por isso mesmo perturba a ordem do mundo, incluindo o próprio mundo
politico. Os filósofos chamam para si o patrono da racionalidade. É partir dai que Platão declara
em sua obra a Republica que a condição para a racionalidade política consiste em o Rei tornar-se
filosofo ou filosofo tornar-se Rei.

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A relação entre a política e a ética
O problema que urge dar resposta com o título acima pretende-se com a possibilidade de aliar a
ética à prática política. É um facto, os homens estabelecem relações sociais, vivem e realizam-se
em companhia dos outros. No entanto, ao mencionarmos as relações estabelecidas
socialmentepelos homens, não podemos deixar de verificar que são relações que envolvem a
organização do poder na sociedade. Assim, a articulação entre o dever e o poder ajuda-nos a
compreender a relação entre o acto moral e a acção politica, o ethos, o dever realiza-se na polis,
numa determinada organização social em que se estruturam diversas formas de poder. A ética,
trata, em termos gerais da questão de saber como viver com os outros. Ora, o facto de vivermos
em sociedade levanta a questão de saber como a devemos organizar (tarefa da filosofia politica).

Assim, a activdadepolítica deve ser questionada. Deve-se questionar, por exemplo, se seria
eticamente aceitável que em situações de crise, os políticos ignorem a moral e o direito. Deve-se
questionar o tipo de equilíbrio que devera existir entre a autoridade politica e a liberdade
individual do cidadão. De acordo com NorbertoBobbio, a política e a ética estendem-se pelo
mesmo domínio comum, o da acção ou da praxis humana: pensa-se que diferem entre si em
virtude de um principio ou critério de justificação e avaliação das respectivasacções e que, por
isso, o que é obrigatório em moral não se pode dizer que o seja em politica; e o que é licito em
politica não se pode dizer que o seja em moral.

A filosofia política na história

Filosofia Política na Grécia Antiga


Os Sofistas
Na política, os sofistas elaboraram e legitimaram o ideal democrático. A virtude de uma
aristocracia guerreira,opõe-se com eles, a virtude do cidadão: a maior das virtudes passa a ser a
Justiça.

Postularam que todos os cidadãos deveriam ter direito ao exercício do poder e elaboraram uma
nova educação capaz de satisfazer os ideais do homem da polis, e não apenas o aristocrata,
superando assim os privilégios da antiga educação elitista.

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Outra obra importante dos sofistas foi a sistematização do ensino: gramática, retórica e
dialéctica. Com o brilhantismo da participação no debate público instruíram os jovens do seu
tempo. Os sofistas mais famosos foram: Protágoras, Górgias, Trasímaco, Pródico e Hipódamo.

Protágoras de Abdera (480-410 a.C.)


Nascido em Abdera, cidade Litorânea entre Macedónia e Trácia, Protágoras é considerado um
dos sofistas mais importantes. Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo sido conhecido pela
sua máxima: ‘homo mensura”, ou seja, “ o homem é a medida de todas as coisas; daquelas que
são enquanto são, e daquelas que não são enquanto não são”.

Seguindo na sua letra a sua máxima, Protágoras afirma que todas as coisas são relativas as
disposições do homem, lançando o critério da verdade ao subjectivismo: tal coisa é verdadeira se
parece verdadeira para mim, e porque todos dizem que é. Assim, qualquer tese poderia ser
encarada como falsa ou verdadeira, dependendo do ponto de vista de cada pessoa.

Górgias de Leontini
Nascido em Leôncio, na Sicília, Górgias aprofundou o subjectivismo relativista de Protágoras a
ponto de defender o ceticismo absoluto. Górgias levou o relativismo de Protágoras ao mais
radical cepticismo, como se pode ver do seguinte fragmento da sua obra sobre a natureza: “ nada
existe; e, se existisse, não poderia ser conhecido; e, mesmo que fosse conhecido, não poderia ser
comunicado a ninguém”. Analisando cada um dos pontos da máxima cima, teremos:

a) O ser não existe, seja ele gerado ou não gerado- se considerar o ser comum ou não
gerado, portanto, eterno, é necessário admitir que ele é infinito, se infinito, não contido
em nenhum lugar, se não estar em nenhum lugar, não existe. Se considera os seres como
gerados, é necessário admitir aquele que o gerou, e outro que gerou a este e, assim por
diante sem que nunca se chegue ao ser.
b) Uma coisa é pensar, outra é, o ser- de facto, pode-se pensar em coisas inexistentes como
quimera ou, termo nosso, um “ nhamomo”.Logo, o pensamento é diferente doser, o qual
se fosse admitido como existente, não poderia ser pensado.
c) A palavra dita é diferente da coisa significada- de modo que a realidade, se fosse
admitida, não poderia ser traduzida em palavras nem ser manifesta aos outros.

Com estas argumentaçõesGórgias conclui que não pode haver conhecimento certo da coisas, e,
por isso, é necessárioesforçar-se por persuadir os homens da probabilidade do parece.

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Platão (427 a.C – 347 a.C):Obras de interesse político: A República, As Leis, O Político.

Platão identifica o seu projecto político no ideal do filósofo-rei: ou os filósofos sejam


governantes, ou os governantes sejam filósofos. Para ele, “a Política deve ter a Filosofia como
seu instrumento e fonte de inspiração, pois, a Filosofia é a via mais segura de acesso aos valores
de Justiça e de Bem. E a república é a coincidência da verdadeira Filosofia com a verdadeira
Política, há apenas a condição de o político se tornar filósofo ou o filósofo, político
(CHAMBISSE, 2003: 87-88).

Segundo ele, a origem do Estado está no facto de os homens não se absterem a si mesmos.

O projecto de Platão para a construção de uma sociedade perfeita baseou-se na imaginação de


uma sociedade ideal em cuja, a justiça é seu alento. No seu Estado ideal, propôs três classes
sociais:

– Classe dos trabalhadores (lavradores, artesãos e comerciantes), cuja virtude é a temperança,


capacidade de se submeter a classes superiores;

– Classe dos Guardas:domínio da força da alma, tem como virtude a força e coragem; – Classe
dos Governantes (magistrados): amadores da pátria que outras classes; conhecedores e
contempladores do bem. Predomina a alma racional e a sua virtude é a sabedoria.

Platão formula uma tipologia das formas de governo de natureza dinâmica e cíclica. Dinâmica
porque eram passíveis de se modificarem em consequência das circunstâncias; cíclica, porque
partia de uma forma perfeita (sofocracia) para chegar a uma forma degenerada, passível de ser
transmutada na forma perfeita inicial com a conversão do rei em filósofo. No topo desta tipologia
estava a sofocracia (governo do rei-filósofo); a seguir estava a timocracia (governo dos
guardas); mais abaixo estavam a oligarquia (governo dos ricos); democracia (governo das
massas); tirania (governo de um só).

Platão defendia que a melhor forma de governo era a Sofocracia. Na impossibilidade da criação
da cidade ideal, Platão admite uma sexta forma de governo mais moderada e realista, uma forma
mista entre a oligarquia e a democracia – a democracia aristocrática.

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Aristóteles (384 a.C – 322 a.C)
Aristóteles critica a sofocracia, que atribui um poder ilimitado apenas a uma parte do corpo
social – os mais sábios (os Filósofos).

Segundo Aristóteles, a origem do Estado é natural e não convencional como defenderam os


sofistas e o seu mestre Platão. Aristóteles defende que o homem é um animal político, feito para
viver em sociedade, sendo uma dimensão natural da sua existência.

Aristóteles defende que a sociedade e o Estado existem para garantir a felicidade e virtude dos
cidadãos, sendo o seu fim a moral e a felicidade, por isso deve visar o incremento do bem e da
alma ou da virtude.

Aristóteles formula uma teoria sobre as formas de governo segundo o número dos governantes,
tendo-as distinguido em governos rectos (sãos) – aqueles que têm por objectivo o bem comum; e
governos degenerados (corruptos) – que visam vantagens para os governantes.

Os governos rectos, segundo a classificação de Aristóteles são os seguintes: Monarquia:


governo de um só homem; Aristocracia: governo de poucos homens; Política ou Republica:
governo de muitos homens.

Governos corruptos: Tirania, Oligarquia e Democracia

Segundo Aristóteles, a democracia é uma demagogia cujo erro consiste em considerar que, como
todos são iguais na liberdade, também podem e devem ser iguais em tudo o resto. A monarquia e
a Aristocracia são, aparentemente, as melhores formas de governo, mas na realidade, considera
que como os homens são o que são, a melhor forma seria a política que valoriza o termo médio.

Filosofia política na idade Media

O período medieval vai de 476 a 1453, umperíodo de cerca de 1000 anos. Entre os vários
acontecimentos que marcaram esta época merecem realce:

 A queda do império romano do ocidente e a tomada de Constantinopla pelos turcos;

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 Inicia-se com desorganização da vida politica, económica e social do ocidente,
transformando-se no mosaico de reinos bárbaros, seguida de varias guerras, fome e
epidemias;
 Domínio do feudalismo como nova ordem social, económica e política e descentralização
politica;
 O cristianismo figura como o depositor moral do ideal de estado universal, tornando-se a
religião oficial;

Santo Agostinho (354 – 430 d.C)


A obra de relevância política é Cidade de Deus, onde contrapõe dois tipos ideais de organização
política: A Cidade Terrena e Cidade Celeste que partilha entre si a humanidade. “Dois amores
construíram duas cidades: o amor-próprio que conduz ao desprezo de Deus faz a cidade
terrena; o amor de Deus, que leva ao desprezo de si próprios, erigiu a cidade celeste”
(CHAMBISSE, 2003: 89)

Santo Agostinho defende a necessidade da existência da autoridade política e do Estado de forma


que possa ser mantida a paz, a justiça, a ordem e a segurança. E nestes termos, concebe a
autoridade política como uma dádiva de Deus aos seres humanos. Segundo Santo Agostinho, a
paz é o bem supremo da cidade.

São Tomás Aquino (1225 – 1274)

Inspirado em Aristóteles, São Tomás entende que o homem é “essencialmente sociável”; para
viver e realizar-se plenamente é destinado a unir-se a outros indivíduos da sua própria espécie, e
a sociedade política deriva das experiências naturais da pessoa humana.

São Tomás defende que o poder tem uma origem divina – tudo vem de Deus através do povo.
Em matéria dos regimes políticos, São Tomás aceita a classificação de Aristóteles. Porém,
contrariamente a Aristóteles, São Tomás aceita como regime ideal a monarquia e o pior dos
regimes, a tirania. O fim do Estado para São Tomás é o Bem comum

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Contextualização do debate em torno da filosofia africana

O ponto de partida é se se deve falar da Filosofia africana ou da Filosofia em África. Que


implicações?
Antes da obra de PlacideTempeles«BantuPhilosophy, 1945» o africano era considerado incapaz
de entrar na cena filosófica. Esta sentença sobre a possibilidade de uma filosofia africana resulta
da visão que os europeus construíram do negro ao longo da história e que os autores africanos,
com destaque especial para Cheik Anta Diop, chamam «mito da inferioridade negra».

Origem do mito da inferioridade do negro

É verdade que a ideia de uma filosofia africana aparece, na cena, filosófica, muito tarde e sob
varias designações. Foi pioneira a obra do missionário suíço (ex-) Zaire, o padre PlacideTempels,
cuja tradução francesa apareceu em 1945 sob o título «Filosofia Bantu». Eis a questão: porque
tarde e não muito antes? Ou por que razão teve de escrever-se em defesa de uma filosofia dos
povos africanos?

A tentativa de resposta conduz-nos à expansão europeia nos finais do século XV e, de modo


específico, à colonização de que foram alvos os africanos. Movidos por razoes econômicas e
político-militares, os europeus empreenderam viagens em busca de novas rotas para a Índia.
Partindo do ocidente os europeus foram conhecendo outros povos, culturas e lugares que não
imaginavam existir (dai, o nome de «viagens dos descobrimentos» com que apelidaram a
expansão). O problema é que os europeus encaram esses povos e culturas em comparação dos
usos e costumes da cultura ocidental, deduzindo dai a sua inferioridade.

O escritor africano CheiK Anta Diop chama a isso de «mito» de inferioridade negra, ideia esta
compartilhada por muitos autores africanos e europeus. Aliás, para Ali Mazrui a humilhação
negra foi marcada por três seguintes acontecimentos: o tráfico dos escravos, a colonização
europeia e a descriminação racial. As consequências deste julgamento foram drásticas. Os negros
africanos foram reduzidos a condição de escravos. Como se impunha a necessidade de justificar
racionalmente a escravatura do negro, os europeus socorreram-se dos mais diversos campos do

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saber desde a teologia às diversas ciências para teorizar a condição inferior, de primitivo do
negro e inversamente a superioridade do branco europeu.

Nesta óptica, os africanos foram considerados como povos desprovidos de qualquer


racionalidade e por isso incapazes de aceder á reflexão filosófica.

- Teologia crista: desde o período dos chamados «descobrimentos», os povos e culturas não
europeias foram interpretadas sob a genealogia dicotômica de origem bíblica, em torno da
bondade e perversidade dos filhos de Noé. Enquanto aos europeus e asiáticos coube o
reconhecimento de dignos descendentes dos filhos exemplares de Noé, Jafet e Sem,
respectivamente, os africanosforam catalogados como pertencentes á linhagem dos amaldiçoados
filho de Noé, Cham. Assim, os negros eram símbolo de maldição e condenados de Deus. Quando
muito, dizia-se que os negros careciam de qualquer referência bíblica.

A filosofia das luzes vai condenar o negro:

 Voltaire, na sua obra história do seculo XIV, vai dizer que o povo mais elevado é o povo
francês e o povo mais baixo é o povo africano;
 Jean Jacques Rousseau vai dizer que nós (africanos) somos bons selvagens;
 Hegel vai dizer que nós não temos historia, portanto, não temos humanidade;
 Kant vai dizer que nós não temos nenhum interesse;
 Levy Brhul vai dizer que nós temos uma mentalidade pré-lógica;
 PlacideTempels vai dizer que nós temos uma logica menor;
 O direito cim Montesquieu vai dizer que nós somos uma sociedade sem leis;
 A antropologia com Lewis Morgan e EduardTylorvao dizer que nós somos uma
sociedade morta;
O ocidente vai nos utilizar como escravos. A filosofia, a antropologia e a teologia vão justificar
estas práticas do ocidente, portanto, vão fingir que nós não somos homens.

O ocidente desencadeou uma teoria de dominacao que gerou um profundo complexo de


inferioridade nos africanos. George Padmore, no seu livro Panafricanisme ou Comunitarisme?
Diz que este facto provocou uma crise no pensamento, na palavra e no agir do homem africano.

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Lecrec na sua obra Critica da Antropologia classificou como um verdadeiro vandalismo cultural,
narcisista, agressivo e destruidor.

Este fenómenonãosó influenciou a mentalidade europeia, como também deixou marcas na


mentalidade do próprio povo negro, visto que a sua autoestima focou deveras afectada.

É aqui que énecessária a intervenção do filósofo africano, para projectar o futuro do homem
africano, partindo da sua própriahistória. Para tal houve a necessidade de reabilitar a imagem do
homem negro, estimulado a sua autoestima e mostrando-lhe que ele é um homem igual ao
branco.

Foi para responder a esta preocupação que alguns pensadores africanos desenvolveram debates
acesos sobre a existência ou não da Filosofia africana.

A reação dos intelectuais africanos à visão ocidental


Na origem da reflexãofilosófica africana está, portanto, a necessidade de afirmação da
humanidade negada ao africano/negro. Todas as correntes e linhas de pensamento que
prepararam o nascimento de uma consciência africana, que se quer especificamente filosófica,
tem isso em comum: todas elas se dedicaram a reabilitação do homem negro e sua história e
libertar o negro do papel de objecto da história.

Assim, de acordo com Ngoenha (111-112), percebe-se a filosofia africana, o discurso filosófico
em africa, deve ser encarrado como uma resposta que os intelectuais africanos dão a
concepçãopré-errada que o Ocidente teve da Africa e do negro/africano (concebendo-o como
pobre, dependente, miserável, doentio).

Depois do nascimento biológico, o africano precisava voltar a nascer psicologicamente para


recuperar a auto-estima e dignidade extirpados pelo colonizador. Neste esforço de revolta
merecem destaque as posições de intelectuais negros como: Booker Washington, William Du
Bois, Marcus Garvy, entres outros.

Booker Washington acreditava que só acumulando riquezas é que o negro conquistaria o seu
respeito e reconhecimento dos brancos. Ele apelava aos negros a apostarem na educaçãotécnico-
profissional.

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O seu discípulo, William Du Bois, defendia a integraçãopolítico-social dos negros e
afrodescendentes na cidadania americana em igualdade de circunstancias que os brancos.Garvy
preconizava o retorno dos negros a Africa, sua terra natal, continente do homem negro como a
única forma de conquistar a emancipação do negro ante o racismo branco.

CONCLUSÃO

Em virtude do tema, percebe-se a Filosofia Política, como uma ciência que procura responder as
duas perguntas fundamentais: Existirá um domínio político próprio independente do direito
público da moral e da economia? Se existe em que consiste? Investiga a relação triádica
conflitual entre indivíduo, Estado e Sociedade. Tende a ver a essência e o sentido do Estado, as
tarefas e as finalidades do Estado, assim como a relação entre o indivíduo e a sociedade.
Como actividade humana específica, a política se distingue da prática económica, científica até
da prática moral ou ética e ao mesmo tempo contêm relações íntimas entre elas. A política como
arte, a Política é um fazer e sobretudo um agir; é o conjunto de acções levadas a efeito por
indivíduos, grupos e governantes com vista a resolução de problemas com que se depara numa
colectividade. Estas acções constituem a prática política que são orientadas por um princípio
imperativo: o Bem comum, a ordem pública, a justiça, a harmonia ou equilíbrios sociais.
Como ciência, a política vai ser o conhecimento do modo de funcionamento das sociedades e das
leis constantes do fenómeno político de modo a investí-lo numa acção eficaz, numa técnica de
condução das coisas públicas.

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Referências bibliograficas
Testo de apoio elaborado por Professor Domingos Joaquim Baso.

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