CARDIOLOGIA - Nosso Resumo
CARDIOLOGIA - Nosso Resumo
CARDIOLOGIA - Nosso Resumo
CARDIOLOGIA - 6º período
Prof. Leandro
SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR
- Classificação:
• Tipo A - DEFINITIVAMENTE ANGINOSA: “homem obeso, tabagista, com
história familiar positiva pra doença cardiovascular, com a mão no
peito falando que está com muita dor há 30 minutos evoluindo com
piora”.
• Tipo B - PROVAVELMENTE ANGINOSA
2.2 - Angina:
- Aspectos a serem investigados:
- Classificação:
• Classe I - sente a dor quando faz esforço além do habitual;
correr, subir escada levando peso.
• Classe II - possui leve limitação por atividade habitual; subir
escada, carregar compras.
• Classe III - acentuada limitação por atividade habitual;
caminhada.
• Classe IV - incapacidade de realizar qualquer atividade, podendo
aparecer no repouso.
- Equivalentes anginosos:
• Dispneia: causadas por insuficiência coronária, sem dor
precordial.
• Sintomas digestivos: eructasses, indigestão.
• Cansaço desproporcional ao esforço realizado.
2.3 - Dispneia:
A dispneia é um dos mais importantes sintomas de doenças
cardíacas ou pulmonares, que se caracteriza por uma sensação de
respiração anormalmente desconfortável ou dificuldade para respirar.
A dispneia, quando súbita, sugere embolia pulmonar,
pneumotórax, edema agudo de pulmão, pneumonia, ou obstrução de vias
aéreas, ao contrário da insuficiência cardíaca crônica, de
instalação muito mais lenta.
Na insuficiência ventricular esquerda a dispneia pode estar
associada com a realização de exercícios, ou ainda ocorrer à noite
durante o repouso, acompanhada de tosse. A história cuidadosa
evidenciará que a dispneia precede a tosse, ao contrário das doenças
pulmonares obstrutivas crônicas, nas quais tosse e expectoração
precedem a dispneia.
Na insuficiência cardíaca congestiva, é a expressão clínica da
hipertensão venosa sistêmica e capilar pulmonar, com ortopneia,
edema, desconforto abdominal decorrente de hepatomegalia, e
noctúria.
A dispneia pode acompanhar-se de dor torácica como no infarto
agudo do miocárdio ou ser secundária à isquemia miocárdica,
correspondendo a um equivalente anginoso.
- Mecanismos fisiopatológicos:
A dispneia pode ser desencadeada por uma multiplicidade de
mecanismos fisiopatológicos. Quando decorrente de uma doença
cardíaca, ela geralmente se manifesta devido ao aumento da pressão
capilar pulmonar, determinado por aumento da pressão atrial esquerda
ou de enchimento ventricular esquerdo. Esse aumento de pressão
produz extravasamento de líquido para o espaço intersticial
pulmonar, tornando os pulmões mais rígidos e exigindo deles maior
Obs1: Resumindo:
• Ortopneia: piora imediata ao deitar, devido edema pulmonar.
• Paroxística noturna: após 2-3 horas que deitou é acordado com
dispneia, devido edema agudo de pulmão, há pressão retrógrada
levando a formação do edema.
• Trepopneia: dispneia em decúbito lateral esquerdo, supõe que seja
uma desregulação simpático-parassimpático.
• Platipneia orteodoxia: ao ficar em pé (posição ortostática) com
diminuição da saturação de oxigênio. Doenças congênitas com Shunt
direito-esquerdo.
- Diagnóstico diferencial:
Entre as principais causas da dispneia aos esforços estão as
cardiopatias associadas a aumento da pressão em território capilar
pulmonar, mecanismo fundamental na síndrome de insuficiência
cardíaca congestiva. A dispneia de origem cardíaca deve ser
diferenciada da dispneia de causa pulmonar, que pode ocorrer na
doença pulmonar obstrutiva crônica, na bronquite crônica, no
2.4 - Palpitações:
É um sintoma vago, indefinido, envolvendo grande variedade de
mudanças no ritmo e mesmo da frequência cardíaca. Devem ser
pesquisados dados como: sensação da aceleração ou diminuição da
frequência, início, término, duração, ritmicidade, (produzindo-se
som sobre a mesa) fatores que desencadeiam, acompanham, melhora ou
piora.
Essa manifestação sintomática pode estar associada a situações
fisiológicas ou patológicas, como ansiedade ou reações de pânico
(distúrbio do pânico e outras desordens psiquiátricas), excesso de
catecolaminas (atividade física, estresse emocional) ou hipertonia
vagal, mudanças posturais (hipotensão postural), síncope ou pré-
síncope.
Principais causas de arritmia que levam a palpitação são:
extrassístole atriais, extra-sistoles ventriculares, porém a maioria
tem causa psicoemocional.
2.5 - Síncope:
2.6 - Cianose:
A cianose representa uma coloração azulada da pele e das
mucosas de grau variável. Resulta do aumento da quantidade de
hemoglobina reduzida no sangue capilar ou da presença de
hemoglobinas anormais no sangue.
A cianose é um sinal, podendo ser dividida em duas formas
principais: central, e periférica. A cianose central geralmente se
manifesta quando os níveis de hemoglobina reduzida no leito capilar
- Sintomas associados:
Nas cianoses periféricas é comum a queixa de frialdade nos
membros e pode também ocorrer edema. A estase venosa também pode
causar pigmentação crônica da pele (dermite ocre). Nos casos
centrais pode haver queixa de dispneia, ou outros sintomas de
insuficiência cardíaca ou de pneumopatias. O baqueteamento digital,
que pode ser referido como unhas em vidro de relógio, é comum nos
casos pulmonares e em cardiopatias congênitas.
2.7 - Edema:
Denomina-se edema a expansão do volume do componente
extravascular do líquido extracelular.
- Sintomas associados:
A pesquisa de sintomas associados complementa a história,
ajudando na definição da etiologia do edema. Os edemas de causa
cardíaca frequentemente estão associados a queixa de dispneia,
ortopneia ou dispneia paroxística noturna. Nos edemas de causa
hepática esses sintomas são incomuns, a menos que haja ascite de
grande volume, mas pode haver uma história de abuso de álcool. Já os
edemas de causa renal podem estar associados a sintomas urêmicos,
como inapetência, irritabilidade, alteração do padrão de sono e
alteração do paladar; pode haver dispneia, porém, de forma sutil.
CICLO CARDÍACO
- Relembrando:
• Sístole:
A sístole é o período de contração muscular do coração. Nesse
período do ciclo cardíaco as válvulas pulmonar e aórtica são abertas
e o sangue é ejetado rapidamente do ventrículo esquerdo para a aorta
e, do ventrículo direito para a artéria pulmonar. No período de
ejeção, com as válvulas aórtica e pulmonar abertas, a pressão entre
o ventrículo e a artéria correspondente são iguais.
• Diástole:
Diástole é o período de relaxamento do coração. O sangue entra
na aurícula direita e na aurícula esquerda, vindo, respectivamente,
das veias cavas (superior e inferior) e das veias pulmonares. Nesta
fase, as válvulas tricúspide e bicúspide encontram-se abertas,
permitindo, assim, a entrada passiva de sangue das aurículas para os
ventrículos. As válvulas semilunares encontram-se fechadas, o que
impede a saída de sangue do coração.
Durante o ciclo cardíaco o coração produz os batimentos, que
podem ser ouvidos com o estetoscópio. O primeiro batimento
corresponde marca o início da sístole e o segundo marca o início da
diástole.
• Anatomia do coração:
• Conceitos importantes:
- Inotropismo: capacidade de contração do coração.
- Cronotropismo: capacidade do coração variar sua frequência.
- Dromotropismo: capacidade de condução elétrica do coração.
- Lusitropismo é a capacidade de distensão do coração.
- DIAGRAMA DE WIGGERS:
Obs3:
- A pressão diastólica é igual a pressão de abertura da valva
aórtica.
- O miocárdio é irrigado durante a diástole.
- O fluxo de sangue no AE é contínuo, mas aumenta durante a
inspiração.
- Átrio não hipertrofia como ventrículo, ele apenas dilata, pois não
tem a quantidade de fibras musculares do ventrículo.
- A dilatação pode causar fibrilação atrial, perdendo em torno de
40% do débito cardíaco, e como o sangue não flui, coagula, formando
trombos que podem se soltar e chegar a qualquer lugar, quando houver
uma contração.
1 - Bulhas cardíacas:
Em qualquer região de ausculta do coração são ouvidos sempre a
primeira e a segunda bulhas, a partir da sístole ventricular.
A primeira bulha é mais intensa, mais duradoura, e mais grave que a
segunda, sendo melhor audível na região da ponta.
A segunda bulha é menos intensa, mais curta e mais aguda que a
primeira bulha, e melhor perceptível nos segundos espaços
intercostais junto ao esterno.
2 - Ruídos sistólicos:
- Protossistolicos
• Click de ejeção:
- aorta/pulmonar: causada por febre reumática e aterosclerose por
deposição de cálcio, principalmente na aorta.
• Estalido de abertura:
- mitral/tricúspide: ruído que a valva patologicamente enrijecida
faz ao abrir, é mais comum em mitral por enrijecimento causada por
febre reumática, mas com grau leve/moderado de rigidez.
3 - Desdobramentos de B2:
4 - Ausculta de Sopros:
Sopro é a percepção auditiva, na região precordial ou nas
imediações sobre os vasos, de uma sensação acústica, semelhante
àquela obtida quando se deixa sair o ar pela boca, sob certa
pressão, mantendo os lábios entre-abertos.
A massa fluida correspondente ao sangue, ao passar de um lugar
estreito para outro de maior amplitude, forma turbilhões, que ao se
chocar com a parede dos vasos ou cardíacas, produzem sopros. Desde
que haja velocidade adequada da massa sanguínea, dilatações e
estreitamentos no sentido da corrente sanguínea, formam-se
turbilhões, há movimentos vibratórios, e se houver frequência e
amplitude adequadas, resulta no fenômeno acústico. Assim se explica
porque existem sopros patológicos, fisiológicos, ou condições nas
quais o sopro não está presente.
4.1 - Paramêtros:
• Localização no ciclo cardíaco: sistólicos ou diastólicos.
• Formato: Existem sopros diastólicos (ruflar e aspirativo) e sopros
sistólicos (de regurgitação e ejeção).
• Localização.
• Irradiação:
- Estenose aórtica = vasos do pescoço
- Estenose mitral = axila
- Insuficiência mitral = axila
• Insuficiência aórtica:
- Se a válvula que deveria segurar a coluna de sangue que chega no
seio de valsalva, não funciona, ele volta para o ventrículo com
grande pressão, fazendo som aspirativo da insuficiência aórtica. O
VE recebe sangue de duas vias, por isso o enchimento é mais rápido e
diástole mais curta. O sopro acontece no começo pois a valva fecha
rápido a valva, ou seja, é protodiastolico.
- Resumindo:
Obs1:
- Riscos cardiovasculares: hipertensão, sexo, tabagismo, obesidade,
genética.
- IAM está mais relacionado ao estilo de vida e o AVC à hipertensão.
1 - Fatores de risco:
• Idade:
Existe relação direta e linear da PA com a idade, sendo a
prevalência de HAS superior a 60% acima de 65 anos (2,5 vezes mais
prevalentes em idosos).
• Gênero e etnia:
A prevalência global de HAS entre homens e mulheres é
semelhante, embora seja mais elevada nos homens até os 50 anos,
invertendo-se a partir da quinta década.
Em relação à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos
de cor não branca.
Obs1: A mulher quando entra na menopausa, rompe o fator de proteção
do estrogênio, por isso de um modo em geral tem “vantagem de 10
anos” do ponto de vista cardiovascular, por exemplo uma mulher de 50
anos equivale a um homem de 35/40 anos.
O AVC é mais relacionado a HAS que o infarto, por isso é mais comum
em homens.
• Sedentarismo:
A atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em
indivíduos pré-hipertensos, bem como a mortalidade1,21 e o risco de
DCV.
Indivíduo ativo é aquele prática mais que 30 minutos de exercício,
5X por semana, ou seja, 150 minutos semanais; e normalmente na
faixa etária de 20/22 anos que o indivíduo passa a ser ativo.
• Ingestão de sal:
O consumo de sal contribui consideravelmente para hipertensão,
pois ele ativa a aldosterona, retendo água e consequentemente
aumentando o volume circulante, o que faz ativar o sistema renina,
que aumenta a pressão arterial, prova disso foi a pesquisa com os
índios yanomami que não consomem sal e não são hipertensos.
O excesso de ingestão de sódio aumenta o volume liquido, aumentando
a pré-carga, se aumenta a Pré-carga aumenta a pressão arterial por
aumento do débito cardíaco.
• Ingestão de álcool:
A ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo pode
aumentar a PA, e a mortalidade cardiovascular e geral.
Obs3: O consumo agudo e inicial de álcool não causa hipertensão,
pelo contrário, causa uma redução na PA, por isso algumas pessoas
sentem sudorese, palidez ao beber, devido a vasodilatação em
resposta ao álcool. Entretanto o seu uso crônico causa hipertensão.
• Nível socioeconômico:
A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é
complexa e difícil de ser estabelecida. No Brasil, a HAS foi mais
prevalente entre indivíduos com menor escolaridade. Pela próprio
estresse psicossocial, má qualidade do sono e alimentação, além da
dificuldade de acessos saúde.
• História familiar:
A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está
bem estabelecida na população. Porém, não existem, até o momento,
Obs4: a diabete mais comum é o tipo II, ele produz insulina, mas tem
resistência a ela, produzindo obesidade que leva a HAS, não sabe-se
ainda qual a relação exata entre esses fatores, ou seja, não sabe se
eles se multiplicam entre si, ou são apenas fatores associados.
Obs5: O estresse leva a hiperatividade do sistema simpático,
aumentando a contratilidade cardíaca que eleva a pressão, além de
aumentar a renina que leva a vasoconstrição, aumentando mais ainda a
pressão.
Obs6: O cigarro não interfere no nível de pressão arterial,
inclusive o tabagismo reduz o nível de pressão sistólica em cerca de
5mmHg, mas deve-se combater o tabagismo por conta do risco
cardiovascular, pois o cigarro não interfere na pressão mas destrói
a coronária, destrói as artérias periféricas aumentando o risco
cardiovascular.
Obs7: A redução do número de néfrons, seja por diabetes ou pela
idade aumenta a retenção de sódio, diminui a superfície de
filtração, leva a vasoconstricção, aumentando o volume e
2 - Diagnóstico:
- Classificação da PA:
• Glicose:
quando a glicemia e acima de 180,já aparece uma cruz no exame de
urina.
• ECG: avalia lesão de órgão alvo.
- procurando hipertrofia de ventrículo esquerdo (HVE), pelos
critério de sokolov-lion que é a soma da amplitude de S em d1 e
amplitude de R em v5/v6, se for maior que 35mm o VE está
hipertrofiado.
• THS e T4 livre: são pedidos devido a relação, hoje conhecida, de
disfunção na tireoide e hipertensão arterial.
• Hemograma para pesquisar anemia.
- Função renal:
• EAS: para avaliar a função renal.
- Perda de proteína (albumina) >300 mg/dL, avaliando glomérulo.
No entanto é possível que uma pessoa tenha perda de urina, mas que
seja baixo de 300mg/dL, então pede se o exame de microproteinúria
que é a relação entre albumina e creatinina, e detecta valores de
30-300mg/dL.
Existem as proteínas de tamm horsfall que são secretada quando a
pessoa fica muito tempo em pé, e podem gerar os cilindros.
• Potássio plasmático: avaliar se existe alteração da secreção de
aldosterona e auxilia na análise da função renal.
- Avaliando os túbulos, se estiver baixo indica insuficiência renal
e se estiver alto pode indicar hiperaldosteronismo, pois com índices
elevados de aldosterona no TCD, o potássio é excretado, ativando o
sistema renina-angiotensina, aumentando a PA.
• Creatinina plasmática: e estimativa do ritmo de filtração
glomerular.
6 - Decisão terapêutica:
A decisão terapêutica deve ser baseada no risco
cardiovascular, considerando-se a presença de fatores de risco,
lesão em órgão-alvo e/ou doença cardiovascular estabelecida e não
apenas no nível de pressão arterial.
7 - Definição de Metas:
- Reavaliação:
• Perda de peso:
Nada diminui tanto a pressão arterial como a perda de peso, nem os
medicamentos.
- Manter IMC < 25 kg/m, sempre observando os idosos porque eles
perdem muita massa magra.
- Circunferência abdominal: homens < 102 cm e na mulheres < 88cm.
A circunferência abdominal está relacionada a gordura visceral e
aterosclerose, ou seja o obeso androide e mais perigoso que o
ginecoide.
Considerar a cirurgia bariátrica em pessoa que tem muita dificuldade
para emagrecer e tem altos fatores de risco.
- A cada 10kg perdidos 20mmHg são reduzidos na PA.
• Estilo alimentar:
- Dieta DASH: baseada em frutas, hortaliças, fibras, minerais,
laticínios, menos gorduras e industrializados, se usar deve usar o
light, com redução na ingestão de sal e aumento de potássio e
magnésio, pela alimentação, pois o suplemento não tem o mesmo
efeito.
- Ingestão de sal:
Recomendação da OMS para ingesta de sal diária: 5g de sal ou 2g de
sódio.
Sempre alertar ao paciente de não ter saleiro na mesa, usar apenas o
sal durante o cozimento, evitar congelados, temperos e molhos
prontos, fast food.
- Ingestão de álcool:
Reduzida, pois a longo prazo o álcool aumenta a pressão arterial.
Recomendação diária: 30g par homens e 15g para mulheres, não
podendo acumular para beber em um dia apenas.
Classificação da atividade:
1 - Definição:
Delaminação anterógrada (no sentido do fluxo) e retrógrada
(contra fluxo) de suas paredes produzidas pela infiltração de sangue
em um espaço (falsa luz) entre a adventícia e a intima.
Na dissecção vai haver uma ruptura da camada interna,
provocando uma separação (delaminação) entre as estruturas da camada
média e da camada íntima. Isso provoca a formação de uma falsa luz.
Ocorre a formação de uma falsa luz porque aquele espaço não existe,
só está existindo porque tem um conteúdo líquido presente, e esse
conteúdo líquido é sangue.
2 - Incidência:
DAA: 5- 30 em 100.000
IAM: 4.400 em 100.000
DAA + IAM: 2 %, são pacientes graves, quando existe dissecção
retrógrada até o seio de valsalva, onde parte as coronárias, então o
músculo cardíaco não é irrigado.
3 - Patogênese:
A degeneração da camada média é evidenciada pela deterioração
do colágeno e da elastina na média, sendo considerada o fator
predisponente na maioria dos casos não traumáticos da dissecção
aórtica. Qualquer doença ou outra condição que destrua a integridade
dos componentes musculares ou elásticos da camada média predispõe à
dissecção aórtica.
- Como a aorta tem a camada média extensa ela não consegue se nutrir
por difusão, por isso precisa que uma irrigação própria, feita pela
vasa vasorum.
4 - Classificação:
- Quanto ao tempo:
· Aguda: 2 semanas.
· Subaguda: >2 semanas até 2 meses.
- Quanto a localização:
a. Aorta ascendente - a vários centímetros da valva aórtica;
b. Aorta descendente - distalmente à origem da artéria subclávia
esquerda, ao lado do ligamento arterioso.
· 65% dos casos de dissecção aórtica aguda ocorrem na aorta
ascendente.
· 20% dos casos na aorta descendente.
· 10% dos casos ocorrem no arco aórtico.
· 5% dos casos ocorrem na aorta abdominal.
5 - Condições predisponentes:
- HAS (mais de 70% dos casos).
- Estenose aórtica.
- Coarctação da aorta.
- Síndrome de Marfan.
- Sindrome de Turner.
- Síndrome de Ehler-Danlos.
- Policondrite recorrente.
- Próteses em posição aórtica.
- Portador de valvular aórtica bicúspide.
- Cateterismo cardíaco.
- Balão intra-aórtico.
- Cirurgias cardíacas.
- Traumatismo de tórax (menos frequente).
6 - Manifestações Clínicas:
● Dor:
- Intensa.
- Início súbito e dilacerante.
- Descendente.
- Migratória.
- Sem melhora com o decúbito, vasodilatadores e analgésicos comuns.
● Irradiação:
- Tipo A: geralmente irradia para o dorso. Começa na região
paraesternal e irradia pro dorso.
- Tipo B: predomina dor dorsal e abdominal.
● Localização:
A localização também ajuda, pois os sintomas refletem ou sugerem a
localização da dissecção aórtica:
a. Quando a dor apenas na região torácica anterior, em mais de 90%
dos casos, o local da dissecção é na aorta ascendente.
b. Quando somente em região interescapular, em mais de 90% dos casos
o envolvimento é da aorta torácica descendente (DeBakey I ou III);
c. A presença de qualquer tipo de dor no pescoço, garganta,
mandíbula ou face predizem um envolvimento da aorta ascendente;
- Artérias intercostais:
Neuropatia periférica isquêmica causando paraplegia, paraparesia,
parestesia, pois essas artérias irrigam a medula.
- Artérias renais:
Hematúria, anúria ou oligúria.
Hematúria se necrosar pedaço do rim, caso a dissecção seja espiralar
as duas artérias são alteradas causando anúria, se uma só o outro
rim fica vicariante.
- Manifestações neurológicas:
Há três razões para as síndromes neurológicas em pacientes com
dissecção aórtica aguda: necrose isquêmica cerebral, da medula
espinhal ou dos nervos periféricos.
Quando a perfusão desta está comprometida (mais comumente na
dissecção distal), um dano isquêmico na medula espinhal pode
produzir paraparesia ou paraplegia. O falso lúmen pode comprimir ou
obstruir os vasos branquiais da aorta à medida que este progride.
Muitas das manifestações clínicas, especialmente neuropatia
isquêmica, são atribuídas a este fenômeno.
Parestesia unilateral e fraqueza muscular sugerem isquemia
aguda de nervo periférico. A neuropatia é uma manifestação clínica
extremamente rara na dissecção aórtica, pois os nervos periféricos
possuem um rico suprimento vascular e baixa necessidade metabólica.
Os achados neurológicos incluem alteração da consciência
secundariamente ao tamponamento cardíaco ou hipotensão, AVE em 10%
dos pacientes, rouquidão causada por compressão do nervo laríngeo
recorrente e a síndrome de Horner por lesão do plexo cervical
simpático.
Outros achados são reportados, como mielopatia progressiva,
paraparesia isquêmica e isquemia do plexo lombossacro. A oclusão de
um ou mais dos vasos e/ou artérias intercostais pode resultar em
síndrome do corno anterior da medula espinhal, paraparesia,
quadriparesia ou mielopatia.
- Pseudo-hipotensão:
É quando a pressão em um membro está muito baixa, mas no outro
está elevada, isso ocorre porque, naquele braço alguma coisa está
ocluindo vaso, o fluxo de sangue não consegue chegar. Por isso
quando é detectado hipotensão em um membro é obrigatório a
verificação do outro.
Dissecção envolvendo os vasos braquiocefálicos e oclusão das
artérias braquiais.
- Tamponamento cardíaco:
O tamponamento cardíaco é manifestado pela Tríade de Beck:
hipotensão, turgência de jugular e abafamento de bulhas.
Hemopericárdio e tamponamento cardíaco podem complicar uma
lesão tipo A com dissecção retrógrada e anterógrada. Frequentemente,
a ruptura da dissecção aórtica proximal para o pericárdio leva ao
tamponamento cardíaco e, menos comumente, com a ruptura da aorta
torácica descendente para o espaço pleural. Deve-se estar atento nos
- Atrito pericárdico:
Pode-se auscultar atrito pericárdico, indicando um sinal de
agravamento do quadro com sangramento para o saco pericárdico,
consequente à ruptura aórtica e associado, mais frequentemente, às
dissecções proximais.
- IAM:
Em uma pequena minoria (1% a 2% dos casos) a dissecção aórtica
proximal, envolvendo o óstio das artérias coronárias, pode causar um
infarto agudo do miocárdio. Essa envolve mais comumente a artéria
coronária direita do que a esquerda, explicando o porquê desses
infartos terem como localização mais frequente a parede inferior.
Quando um infarto agudo do miocárdio secundário ocorre, seus
sintomas podem mascarar a clínica da dissecção aórtica primária. A
possibilidade de alterações compatíveis com infarto agudo do
miocárdio no eletrocardiograma, levando ao não reconhecimento da
dissecção aórtica, pode ocorrer levando a consequências
catastróficas na era do trombolítico.
8 - Achados Anatômicos:
- Aorta Ascendente: 65%
Face lateral direita é a mais acometida, e apresenta maior morbidade
e mortalidade.
9 - Diagnóstico:
“O sucesso terapêutico está intimamente relacionado à precisão
das informações”.
- Confirmação de dissecção.
- Envolvimento da aorta ascendente.
- Acometimento cardíaco (regurgitação, derrame, fração de ejeção,
coronárias).
- Entrada e reentradas.
- Trombros.
- Envolvimento de vasos secundários.
● RADIOGRAFIA DE TÓRAX:
- Achado incidental.
- Alargamento de silhueta aórtica, podendo estar associado a derrame
pleural esquerdo mas não é patognomônico.
- Comparação com exame anterior.
- É pouco sensível para a dissecção aórtica, por isso não é exame de
escolha.
● AORTOGRAFIA:
- Primeira técnica mais precisa, porém é de difícil realização, não
muito utilizada no dia a dia.
- Primeira técnica diagnóstica acurada.
- Sinais angiográficos diretos (diagnóstico):
Visualização dos dois lumens e Flap intimal
- Sinais angiográficos indiretos (sugestivos):
Deformidade do lúmen aórtico, Espessamento das paredes aórticas,
Anormalidades nos ramos secundários e Regurgitação aórtica
- Vantagens: delimita a extensão, identifica presença de
coronariopatia e insuficiência aórtica.
- Desvantagens: invasiva, uso de contraste, demora 30 minutos.
● TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA:
- Tem alta sensibilidade (94%) e especificidade (87%).
- Dois lúmens separado por um flap intimal, visualizando a linha de
dissecção.
- Vantagens: Exame de maior facilidade para ser realizado, pois é
não invasivo.
● RESSONÂNCIA MAGNÉTICA:
- Oferece a visualização de toda a aorta torácica e abdominal em
cortes sagitais e transversais, permitindo o diagnóstico com alta
sensibilidade (98%) e especificidade (98%). Identifica com muita
precisão o flapping da íntima, a extensão proximal e distal da
dissecção, assim como em alguns casos o local da lesão da íntima,
permitindo também visualizar o fluxo sanguíneo na falsa luz sem
utilização de contraste.
- Vantagens: não invasiva, sem contraste, vários planos.
- Desvantagens e contra-indicações: marcapasso, clip, tatuagens,
dificuldade de identificar regurgitação aórtica e o tempo de duração
do exame.
● ECOCARDIOGRAMA:
● ELETROCARDIOGRAMA:
- Excluir IAM.
- Dissecção proximal – Pode levar ao IAM.
10 - Tratamento:
O tratamento apropriado nas dissecções aórticas proximais é
cirúrgico de urgência. O tratamento medicamentoso é usado no
controle da dor, pois a analgesia é de primordial importância pela
grande intensidade desta que deixa o paciente inquieto e,
frequentemente, exacerba o estado hipertensivo e no controle
adequado da pressão arterial durante a evolução do quadro de
dissecção aórtica (dissecções não complicadas na aorta descendente
podem ser tratadas com medicamentos).
- Tratamento clínico:
- Redução da pressão arterial:
O controle adequado da hipertensão arterial é o objetivo da
terapia anti-hipertensiva que deve reduzir a pressão arterial sem
aumentar o débito cardíaco. O regime tradicional para dissecção
aórtica envolve uma combinação de terapia vasodilatadora com
nitroprussiato de sódio (para reduzir a pressão arterial) e beta-
bloqueadores via endovenosa (para prevenir o aumento do débito
cardíaco que acompanha a terapia vasodilatadora).
• PAS 100 – 120 mmHg (média 60- 75 mmHg), para não prejudicar os
segmentos obstruidos.
• Nitroprussiato de sódio (Nipridi), o paciente deve ser tratado de
forma incisiva, esse paciente tem que receber anti-hipertensivo
venoso potente.
• Betabloqueadores e antagonistas do canal de cálcio, diminuir a
frequência cardíaca.
• IECA – compromete artérias renais
- Alívio da dor:
• Morfina.
- Hipotensão:
• Volume, cristalóide.
• Norepinefrina.
- Tratamento cirúrgico:
• Dissecções do tipo A:
Todos os casos de dissecção aórtica do tipo A devem ser
considerados para cirurgia de urgência, independentemente da
presença de complicações, pois poucos casos sobrevivem à fase aguda.
Disseca e retira a válvula danificada, junto com a porção
aórtica comprometida e no lugar coloca-se um tubo valvar, com uma
válvula mecânica.
CEC + hipotermia profunda + parada circulatória total.
• Dissecções do tipo B:
Se para as dissecções agudas do tipo A há um consenso a
respeito da necessidade de tratamento cirúrgico precoce, nas
dissecções do tipo B a maioria dos autores preconiza tratamento
clínico inicial, reservando-se a terapêutica cirúrgica para as
dissecções complicadas, em que temos expansão da falsa luz,
hemotórax, insuficiência renal, isquemia visceral ou de membros
inferiores.
11 - Diagnóstico diferencial:
Lembrar sempre que a dissecção aórtica se manifesta com dor
torácica, que precisa sempre de diagnóstico diferencial.
Dor torácica como manifestação clínica:
- Síndromes coronarianas
- Embolismo pulmonar
- Pneumotórax
- Aneurismas verdadeiros sem dissecção
- Pleurites
- Desordens músculo-esqueléticas.
- Pericardite
- Tumores do mediastino
- Insuficiência aórtica sem dissecção
12 - Prognóstico:
- Óbito de 1% por hora nas primeiras 48 horas.
- Mudança após tratamento:
Sobrevida 60% dissecção aguda proximal tratado cirurgicamente
80%, dissecção distal tratados clinicamente.
- É uma doença de alta mortalidade, mas também de alta morbidade.
Importante saber:
- Classificação de Stanford e DeBakey.
- Identificar a linha de dissecção na tomografia.
- Tratamento da dissecção aguda (nitrato, betabloqueador e bloqueador de canal de cálcio). Pode usar
IECA se não houver acometimento da artéria renal bilateralmente.
- Meta PAS entre 100 e 120 mmhg.
PRINCIPAIS VALVOPATIAS
1 - Epidemiologia:
A FR é a principal etiologia das valvopatias no território
brasileiro, responsável por até 70% dos casos. Os doentes reumáticos
apresentam média etária menor, assim como imunologia e evolução
exclusivas dessa doença.
A valvopatia mitral reumática mais comum é a dupla disfunção
não balanceada (insuficiência e estenose em diferentes estágios de
evolução) manifestada entre a 2ª e a 5ª décadas de vida.
Caracteristicamente, a Insuficiência Mitral (IM) corresponde à lesão
aguda, enquanto a estenose, às lesões crônicas; entretanto, é
possível que pacientes apresentem graus variados de estenose e
insuficiência mitral. O Prolapso da Valva Mitral (PVM), no Brasil, é
a segunda causa de IM, cuja evolução é dependente da intensidade do
prolapso e tem idade média de apresentação em torno de 50 anos.
A valvopatia aórtica tem apresentação bimodal, e nos
indivíduos jovens destacam-se a etiologia reumática e a doença
congênita bicúspide, enquanto nos idosos prevalece a doença aórtica
senil calcífica, que está associada aos fatores de risco
tradicionais para aterosclerose (dislipidemia, tabagismo e
hipertensão arterial).
A população geriátrica apresenta índices elevados de
calcificação e disfunção valvar. Em geral, os idosos realizam poucas
atividades físicas ou são sedentários, sendo comuns achados
sugestivos de lesões valvares importantes em indivíduos
assintomáticos ou oligossintomáticos, frequentemente com Estenose
Aórtica (EAo). Atualmente, há aumento de pacientes portadores de
miocardiopatias (isquêmica, hipertensiva, alcoólica, por drogas
2 - Diagnóstico:
2.1 - Diagnóstico clínico:
O ponto de partida é a realização de anamnese e exame físico
completos, com destaque para a ausculta cardíaca. Não há exame
- SOPRO CARDÍACO:
Há aparecimento de sopro cardíaco por uma ou mais das
situações a seguir: aumento do fluxo sanguíneo em valvas normais ou
ESTENOSE MITRAL
A estenose mitral (EM) caracteriza-se pela resistência ao
fluxo sanguíneo transmitral em razão do espessamento e da
imobilidade dos folhetos valvares, decorrendo fundamentalmente de
sequela reumática. Dentre outras possíveis causas, destacam-se a
congênita, as doenças infiltrativas (mucopolissacaridoses), EI,
lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e estados
serotoninérgicos (síndrome carcinóide).
Fisiopatologicamente, a obstrução ao deflúvio atrial gera um
gradiente pressórico entre o átrio e o ventrículo esquerdos. A
combinação da Pressão atrial esquerda elevada e a restrição ao
influxo dentro de VE limitam o DC. Com a diminuição do DC ocorre uma
vasoconstrição reflexa aumentando a pós-carga. A elevação da pressão
atrial esquerda transmite-se de maneira retrógrada ao leito vascular
pulmonar, determinando congestão passiva local, edema intersticial,
HP e desenvolvimento progressivo de sintomas.
Na estenose mitral há dificuldade do sangue ir do AE para VE,
então o AE que está com a pressão elevada sofre dilatação, cada vez
maior já que a estenose não melhora. Durante a contração atrial, há
um reforço do enchimento do VE, porque na fase de ejeção rápida a
estenose dificulta muito a entrada do sangue, até porque a pressão
se iguala muito rápido entre as duas câmaras.
Os principais marcadores de mau prognóstico são o
desenvolvimento de sintomas, a presença de FA e a evolução para HP.
Uma vez atingidos níveis muito elevados de Pressão Sistólica de
Artéria Pulmonar. Quando o paciente tem estalido significa que a
estenose é leve-moderada, porque quando é grave, ela não estala mais
ao abrir, refere um sinal de gravidade e evolução da doença.
- encurtamento de cordoalhas.
● Sintomas:
- Dispneia e edema pulmonar, desencadeados por esforço físico,
euforia, febre, anemia, taquicardia paroxística.
- Hemoptise: rupturas das conexões venosas secundárias à hipertensão
pulmonar (pressão alta no capilar pulmonar).
- Trombos: podem se formar no AE, particularmente dentro dos
apêndices atriais aumentados.
● Achados físicos:
- Rubor malar com fácies aflita e cianótica.
- B1 hiperfonética e um pouco retardada, P2 acentuado, com
desdobramento de B2.
- Estalido de abertura (a diferença de pressão do VE e AE faz a uma
sucção do sangue abrindo a valva de forma abrupta, causando o
estalido) é mais bem audível na expiração, sobre o ápice cardíaco ou
medial a ele.
- Sopro grave, ruflar diastólico, bem mais audível no ápice com o
paciente em decúbito lateral esquerdo.
● Exames complementares:
- ECG:
- sobrecarga atrial esquerda nos casos com lesão moderada a
importante.
- Fibrilação atrial.
- Onda P larga e bífida em D2 (P mitrale).
- Índice de Morris em V1.
- Sobrecarga de VD.
- A radiografia de tórax:
– Duplo contorno na silhueta direita do coração.
– Sinal da bailarina (deslocamento superior do brônquio fonte E).
– Abaulamento do 4º arco cardíaco esquerdo.
– Deslocamento posterior do esôfago contrastado.
– Inversão do padrão vascular.
– Linhas B de Kerley.
– Edema intersticial.
Em presença de HP = desvio do eixo elétrico cardíaco para a
direita e sinais de aumento das câmaras direitas (presença de FA).
● Tratamento:
- Tratamento medicamentoso:
A terapia medicamentosa poderá apenas aliviar os sintomas, sem
efeitos diretos sobre a obstrução fixa.
Nos casos de EM discreta, estando o paciente assintomático e
em ritmo sinusal, não há necessidade de intervenção farmacológica
específica. Nos pacientes com EM moderada a importante, poderá ser
- Tratamento intervencionista:
Há duas modalidades aceitas para o tratamento intervencionista
da EM: a Valvuloplastia Mitral Percutânea por Cateter-Balão (VMCB) e
a cirurgia (comissurotomia ou troca valvar).
- Tratamento cirúrgico:
Quanto à indicação, essa modalidade de intervenção reserva-se
para pacientes sintomáticos (CF III-IV) com alguma das contra
indicações à VMCB.
INSUFICIÊNCIA MITRAL
A Insuficiência Mitral (IM) é caracterizada pela regurgitação
sanguínea para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular. Pode
ser decorrente de anormalidades em diferentes locais do aparato
valvar, tais como folhetos, ânulo, cordas tendíneas e músculos
papilares.
Etiologicamente, a insuficiência mitral pode ser classificada
em primária (resultante de deformidade estrutural valvar) ou
secundária, quando relacionada a outra doença cardíaca. Dentre as
causas primárias, destacam-se o prolapso valvar mitral, a
endocardite infecciosa, a Febre Reumática (FR), traumas e as
● Sintomas:
- Fadiga, palpitações, fraqueza, dispneia e ortopneia aos esforços.
- IM associada à doença vascular pulmonar e hipertensão pulmonar
marcante: IC direita com congestão hepática dolorosa, edema de
tornozelo, turgência jugular, ascite.
- IM grave aguda: edema agudo de pulmão.
● Achados físicos:
A primeira avaliação para o diagnóstico de PVM deve ser o exame
físico.
- ictus cordis frequentemente encontra-se deslocado lateralmente.
- A B1 está ausente, suave ou encoberta. Na IM grave a valva aórtica
pode fechar-se prematuramente.
- podem ser evidenciados múltiplos clicks variáveis durante a
sístole.
- presença de sopro sistólico tardio ou holossistólico.
● Diagnóstico:
O ECG do paciente com IM crônica pode apresentar sobrecarga de
câmaras esquerdas, assim como sinais de sobrecarga de câmaras
direitas nos casos com HP. Pode haver área inativa ou bloqueio de
ramo relacionados ao comprometimento ventricular.
● Tratamento farmacológico:
Na insuficiência mitral aguda com repercussão clínica e
hemodinâmica recomenda-se o uso de vasodilatadores e diuréticos
preferencialmente por via intravenosa, objetivando redução das
pressões de enchimento ventricular.
A terapia anticoagulante é indicada na insuficiência mitral
associada à fibrilação atrial permanente ou paroxística, com INR-
alvo entre 2,0 e 3,0. A frequência cardíaca, nesses casos, deve ser
controlada com bloqueadores de canais de cálcio do tipo não
diidropiridínicos (diltiazem, verapamil), digoxina, amiodarona ou
betabloqueadores.
● Tratamento cirúrgico:
Atualmente, a correção da IM é realizada por:
- Quadro clínico:
Apresenta-se como emergência médica de início súbito, com
rápida progressão para edema pulmonar agudo e/ou choque
cardiogênico. A HP secundária pode determinar IC direita.
Ao exame físico, sinais de síndrome de baixo débito estão
presentes, com turgência jugular e presença de onda “V”. O sopro
pode se apresentar em decrescendo (em vez de holossistólico), sendo
mais grave e mais discreto do que o sopro da IM crônica.
O ECG usualmente não exibe características específicas.
Contudo, pode apresentar: onda P mitrale em casos crônicos
agudizados e alterações isquêmicas no IAM. A radiografia de tórax
frequentemente exibe dimensões cardíacas normais com sinais de
congestão e edema pulmonar.
- Tratamento:
Dada a dramaticidade do quadro clínico, a intervenção
cirúrgica frequentemente é necessária. O balão intra-aórtico pode
ser um efetivo mecanismo de suporte, servindo como ponte para o
tratamento cirúrgico definitivo.
- Quadro clínico:
Nesses pacientes, o quadro clínico dependerá do grau de regurgitação
mitral e do grau de comprometimento da função do VE.
A IMA caracteriza-se clinicamente por deterioração
hemodinâmica aguda e rápida, em geral entre o 2º e o 7º dias após
IAM envolvendo a parede inferior ou ínfero-posterior do VE. Edema
pulmonar agudo está quase sempre presente e choque cardiogênico pode
se desenvolver na dependência da gravidade da IM e do
comprometimento das funções do VE e ventrículo direito. No exame
físico há sinais de congestão pulmonar e de baixo DC e, na ausculta
cardíaca, sopro de IM com intensidade e duração variáveis devido à
equalização das pressões do átrio e ventrículo esquerdos. O sopro
pode, até mesmo, estar ausente ou quase inaudível. Diferente da
ruptura do septo interventricular, o sopro não é rude, nem produz
frêmito.
- Tratamento:
O objetivo do tratamento farmacológico é estabilizar o
paciente e prepará-lo para a cirurgia por meio de agentes redutores
da pós-carga e inotrópicos, e podem ser utilizados ainda
dispositivos de suporte mecânico, como balão intra-aórtico,
oxigenação extracorpórea por membrana (ECMO, da sigla em inglês) e
dispositivo de assistência ventricular. Cirurgia de urgência oferece
a melhor chance de sobrevivência na IMA grave pós-IAM; no entanto,
em muitos pacientes o tempo de realização da cirurgia ainda é
controverso.
- Manifestações clínicas:
Mais comum em mulheres. A maioria dos pacientes é
assintomática, permanecendo desta maneira. Os sintomas mais comuns
são dor torácica vaga assim como arritmias supraventriculares e
ventriculares. A complicação mais grave é a IM grave que resulta em
insuficiência do VE. Raramente, êmbolos sistêmicos de plaquetas-
fibrina a partir de depósitos na valva. A morte súbita é uma
complicação muito rara.
Detecta cliques meso ou telessistólicos, seguidos por sopro
telessistólico no ápice cardíaco; acentuação pela manobra de
Valsalva e atenuação na posição de cócoras assim como pelo exercicio
isométrico.
- Ecocardiograma:
Mostra o deslocamento posterior de um ou ambos os folhetos
mitrais na fase final da sístole.
- Tratamento:
No tratamento do PVM, os pacientes assintomáticos devem ser
tranquilizados. Os betabloqueadores podem reduzir o desconforto
torácico e as palpitações. A profilaxia da endocardite infecciosa é
indicada apenas no caso de antecedente de endocardite. É preciso
proceder ao reparo ou substituição valvar em pacientes com
insuficiência mitral grave; administrar ácido acetilsalicílico ou
anticoagulantes nos pacientes com história de AIT ou embolia.
● Manifestações clínicas:
isométrico.
● Ecocardiograma:
● Tratamento:
ESTENOSE AÓRTICA
A Estenose Aórtica (EAo) é a obstrução da via de saída do VE
pela calcificação das estruturas valvares, associada ou não à fusão
das válvulas da valva aórtica. É a doença valvar aórtica adquirida
mais frequente.
Suas principais causas são EAo congênita, calcificação de uma
valva aórtica bicúspide, calcificação de uma valva aórtica
tricúspide – EAo degenerativa –, e FR.
A estenose e aórtica tem apresentação bimodal, na adolescência
por febre reumática, e no idoso por degeneração senil.
● Sintomas:
Dispneia aos esforços, angina e síncope são os principais
sintomas, pois há desequilíbrio de oferta e demanda de oxigênio,
pois tem hipertrofia de VE, insuficiência cardíaca.
Ocorrendo tardiamente após anos de obstrução e com área valvar
aórticas 1,0 cm.
● Exame físico:
- Verifica pulsos arteriais fracos e atrasados (parvus et tardus)
com frêmito carotídeo.
● Tratamento farmacológico:
O tratamento farmacológico na EAo é voltado ao alívio de
sintomas em pacientes não candidatos a tratamento cirúrgico ou como
● Tratamento cirúrgico:
A Cirurgia Valvar Aórtica (CVAo) ainda é a única terapêutica
efetiva a longo prazo no alívio da sobrecarga ventricular esquerda
em pacientes com EAo importante.
A cirurgia valvar aórtica está indicada em pacientes
sintomáticos com EAo importante, sendo um procedimento que promove
melhora dos sintomas e aumento da sobrevida. O benefício do
tratamento cirúrgico depende, entre outras variáveis, da função
INSUFICIÊNCIA AÓRTICA
A regurgitação da válvula aórtica é o refluxo de sangue cada
vez que o ventrículo esquerdo se relaxa.
A etiologia da lesão regurgitante valvar aórtica compreende um
grande número de causas, destacando-se a dilatação idiopática da
aorta, anormalidades congênitas (valva bicúspide), calcificação da
valva, doença reumática, endocardite infecciosa, hipertensão
arterial sistêmica, degeneração mixomatosa, dissecção da aorta
ascendente e síndrome de Marfan. Outras causas menos frequentes
incluem as lesões traumáticas, espondilite anquilosante, aortite
● Sintomas:
- Palpitações e taquicardia pelo aumento da fração de ejeção.
- Dispneia aos esforços, ortopneia, dispnéia paroxística noturna,
edema agudo de pulmão causados pela congestão pulmonar.
- Angina noturna, causado pela pressão diastólica diminuída e
hipertrofia do VE.
● Exame físico:
- Maior pressão de pulso, em razão de elevação da pressão sistólica
e da redução da diastólica.
- Pulso em martelo d’água, com rápida ascensão e colapso abrupto.
- pulsações capilares, alternância de rubor e palidez da pele na
raiz unguenal (sinal de Quincke).
- “Ruído de pistola” pode ser audível sobre as femorais (Sinal de
Traube).
- Pulso carotídeo é bisferiens.
- A2 abafada ou ausente; B3 é comum.
- Sopro diastólico, de alta frequência, aspirativo em decrescendo ao
longo da borda esternal esquerda (na borda esternal direita se
houver dilatação aórtica).
- Pode acompanhar-sede sopro sistólico por hiperfluxo sanguíneo.
- Sopro de Austin Flint: um ruflar meso e telediastólico grave e
suave.
Os fenômenos auscultatórios da IA são intensificados por
esforço isométricos vigorosos e sustentados que aumenta a
resistência vascular sistêmica - Manobra de Handgrip.
● Diagnóstico:
- ECG:
- Sinais de hipertrofia de VE =
o aumento da amplitude da onda R em V5 e V6
o aumento da amplitude da onda S em V1 e V2
- Desvio do eixo cardíaco para a esquerda.
- Onda T pode estar positiva e apiculada ou negativa e assimétrica.
- Radiografia de Tórax:
- Cardiomegalia as custas de hipertrofia do VE.
- Alargamento da silhueta aórtica.
- Calcificação aórtica.
- Edema pulmonar.
● Tratamento:
Os pacientes com IA aguda grave podem responder bem a
diuréticos e vasodilatadores intravenosos, mas a estabilização
obtida geralmente é de curta duração, devendo a cirurgia ser
realizada com urgência.
O uso de vasodilatadores em IAo crônica baseia-se na
possibilidade de redução da pós carga do VE, com consequente aumento
do volume sistólico e diminuição do volume regurgitante. Assim, em
tese, poderia ser postergada a velocidade de progressão da IAo,
refletida na dilatação ventricular, perda de função ventricular e
início de sintomas.
Não há atualmente evidências definitivas que suportem a
indicação de vasodilatadores cronicamente, de rotina, para pacientes
assintomáticos com IAo crônica, a menos que esses pacientes sejam
● Tratamento cirúrgico:
O tratamento cirúrgico da IAo, mesmo em pacientes com
acentuada redução da função ventricular esquerda, leva a um aumento
da FE e da sobrevida da maioria dos pacientes, sem progressão da
insuficiência cardíaca. Constitui o procedimento de escolha para
tratamento da IAo importante em pacientes sintomáticos ou com
disfunção ventricular.
As decisões para o tratamento de IAo crônica são baseadas na
avaliação dos sintomas, da ecocardiografia e eventualmente de prova
de esforço e da ressonância nuclear magnética. Uma vez que a IAo
crônica, mesmo importante, em geral é bem tolerada, a CVAo não é
recomendada para pacientes assintomáticos com função ventricular
normal e tolerância adequada ao exercício.
Nos pacientes assintomáticos, a CVAo está indicada em
pacientes com:
- deterioração da função ventricular esquerda (FE ≤ 50%).
- dilatação ventricular esquerda (DdVE ≥75mm ou DsVE ≥ 55mm), especialmente os de etiologia não
reumática.
- que durante prova de esforço, mesmo esforço leve gera o
aparecimento de sintomas de insuficiência cardíaca ou diminuição da
tolerância ao exercício.
ESTENOSE TRICÚSPIDE
A Estenose Tricúspide (ET) é uma valvopatia rara, tendo como
principal etiologia a doença reumática. Na maioria dos casos, a
apresentação ocorre na forma de dupla lesão, com graus variados de
insuficiência. Outra característica é a associação frequente com
valvopatia mitral.
Não há um sistema bem estabelecido para gradação de gravidade
da ET. Geralmente, a ET é considerada importante quando a área
● Sintomas:
Hepatomegalia, ascite, edema, icterícia, distensão das veias
jugulares com deflexão ‘y’ lenta.
Sopro de ruflar diastólico ao longo da borda esternal esquerda
acentuado pela inspiração com forte componente pré-sistólico.
Aumento do AD da veia cava superior na radiografia de tórax. O
ecocardiograma com Doppler demonstra valva espessada e separação
ineficiente das cúspides, proporcionando uma estimativa do gradiente
transvalvar.
● Tratamento:
O tratamento farmacológico é baseado no uso de
betabloqueadores, com o intuito de aumentar o tempo de enchimento
ventricular, e diuréticos, para alívio dos sintomas congestivos.
A Valvuloplastia Tricúspide por Catéter-Balão (VTCB) é segura,
eficaz e com baixas taxas de complicações. A principal
contraindicação para a VTCB é a presença de trombo ou vegetação no
átrio direito. Contrariamente à estenose mitral, graus moderados de
insuficiência tricúspide não contraindicam a VTCB. O tratamento
cirúrgico convencional pode ser uma alternativa para pacientes com
anatomia valvar desfavorável à intervenção percutânea.
INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE
Em geral é funcional e secundária à dilatação acentuada do VD
por qualquer causa, costumando estar associada a hipertensão
pulmonar.
o sangue é “sugado” das veias, o sangue vai para AD-VD e quanto mais
dilata, mais força faz pra contrair, então mais volume volta pela
insuficiência, aumentando o sopro.
● Tratamento:
- Recomenda-se o uso de diuréticos na presença de sinais e sintomas
de congestão sistêmica (ascite, estase jugular, dispnéia e edema
periférico).
- Na IT secundaria à disfunção ventricular esquerda, o tratamento
envolve o uso de drogas como inibidores da enzima de conversão da
angiotensina e beta-bloqueadores.
- Os casos de HP primária requerem uso de medicações específicas,
como os inibidores de fosfodiesterase-5 e os antagonistas de
endotelina, conforme indicação.
ESTENOSE PULMONAR
O procedimento de escolha para o tratamento da Estenose
Pulmonar (EP) é a Valvuloplastia Pulmonar por Cateter-Balão (VPCB)
em razão dos excelentes resultados em curto e longo prazos.
Basicamente, indica-se VPCB para pacientes com EP sintomática,
considerada significativa quando o gradiente de pico sistólico entre
o ventrículo direito e a artéria pulmonar for maior que 30mmHg. Para
os assintomáticos, há indicação quando o gradiente de pico for maior
que 40mmHg. O implante de bioprótese em posição pulmonar é
recomendado quando houver indicação de intervenção e impossibilidade
técnica de realização da VPCB.
INSUFICIÊNCIA PULMONAR
A principal etiologia de Insuficiência Pulmonar (IP) em
adultos é a HP, que pode ser primária ou secundária. A IP também
pode resultar de dilatação do anel valvar, como na síndrome de
Marfan e na dilatação idiopática do tronco pulmonar. Outras causas
descritas são endocardite infecciosa, sequela reumática, síndrome
carcinoide, pósoperatório de tetralogia de Fallot e após
Valvuloplastia Pulmonar por Cateter-Balão (VPCB).
Geralmente, há indicação de tratamento cirúrgico com
substituição valvar nos pacientes com IP importante e sintomática
(CF II a IV). A intervenção nos casos de IP importante assintomática
ainda é motivo de controvérsias, com necessidade de maior
sedimentação cientifica para sua recomendação.
A IP no pós-operatório tardio da correção cirúrgica da
tetralogia de Fallot (e outras cardiopatias que necessitam de
condutos do ventrículo direito à artéria pulmonar) pode resultar em
dilatação e disfunção ventricular direita progressivas, intolerância
ao exercício, arritmias e morte súbita. O restabelecimento da função
da valva pulmonar em um momento apropriado pode reverter esse
processo, restaurando a função ventricular e melhorando a
sintomatologia.
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
Anormalidade na estrutura ou função cardiovascular que está
presente ao nascer, mesmo quando descoberta mais tarde. A maior
parte desses distúrbios surge em decorrência da embriogênese
defeituosa durante o período gestacional que se estende da terceira
até a oitava semana, quando ocorre desenvolvimento das principais
estruturas cardiovasculares. Alguns podem produzir manifestações
logo após o nascimento, acompanhando quase sempre a mudança dos
padrões circulatórios fetais para o padrão pós-natal (com utilização
dos pulmões em lugar da placenta para a oxigenação). Todavia, outras
anomalias não se tornam necessariamente evidentes até a idade
adulta.
1 - Epidemiologia e Etiologia:
• Incidência: Aproximadamente 0,8% dos nascidos vivos têm uma
malformação cardiovascular. Nesta estatística não se incluem duas
anomalias congênitas mais comuns: valva aórtica bicúspide e prolapso
da valva mitral.
• Mais comuns no sexo feminino: persistência do canal arterial
(PCA), anomalia de Ebstein, comunicação interatrial (CIA).
Obs1:
Cardiopatia cianótica mais comum: tetralogia de Fallot.
Cardiopatia acianótica mais comum: CIV.
No adulto: cardiopatia congênita mais comum vai ser a válvula
aórtica bicúspide, ela se manifesta de forma tardia.
Obs2:
2 - Suspeita diagnóstica:
- Pontos-chave:
O estabelecimento do diagnóstico clínico das cardiopatias
congênitas é firmado pelos elementos clínicos (anamnese e exame
físico), aliados aos dos exames complementares usuais
(eletrocardiograma e radiografia de tórax).
O diagnóstico clínico das cardiopatias congênitas é
considerado como fundamental para o estabelecimento da conduta mais
apropriada, tendo no entanto se tornado mais facilitado com o
advento dos métodos de imagens.
Afim da obtenção diagnóstica, deve-se acrescentar à divisão
clássica das cardiopatias congênitas em acianogênicas e cianogênicas
outra divisão conforme o tipo de exteriorização clínica em cianose,
insuficiência cardíaca e sopro cardíaco.
- Anamnese:
Perguntas devem ser feitas sobre o período gestacional, como:
infecções, suspeita de cardiopatias, se fez eco fetal. E perguntas
sobre o parto também são importantes, qual foi o APGAR, com quanto
tempo teve alta, se tem cansaço ao mamar ou chorar, se ficar
arroxeado em alguma ocasião.
Quanto à ação de teratógenos em momentos críticos do
desenvolvimento fetal podemos citar a ação da talidomida, o uso de
anticoagulantes orais e anticonvulsivantes. A rubéola materna
durante o primeiro trimestre da gestação aumenta o risco de o
concepto apresentar persistência do canal arterial (PCA) e estenose
periférica dos ramos pulmonares.
O uso crônico de álcool materno permite o desenvolvimento da
síndrome alcoólico-fetal, a qual tem uma associação frequente com
cardiopatia.
Quanto à altitude por ocasião do nascimento a incidência de
PCA é seis vezes mais frequente em pessoas nascidas em altas
altitudes do que naquelas nascidas ao nível do mar.
A idade materna tardia parece aumentar o risco de nascimento
crianças portadoras de tetralogia de Fallot.
Quanto à distribuição segundo o sexo, as lesões do lado
esquerdo são mais freqüentes no sexo masculino, como também a
transposição das grandes artérias. Por outro lado o PCA (2 ou 3:1) e
a CIA (3,5:1) são mais frequentes no sexo feminino.
- Exame físico:
No exame físico, deve ser bem avaliado o peso, altura,
perímetro cefálico, pois no geral essas crianças têm desenvolvimento
pondero estatural inferior para a idade.
Pulsos: Importante comparar os pulsos periféricos. O braquial
esquerdo pode estar comprometido devido a cirurgias e coarctação da
aorta (que pode causar também diferença entre os pulsos dos MMSS e
MMII). Pulso hepático/hepatomegalia pode estar presente em disfunção
diastólica ou insuficiência tricúspide.
Tórax: Pode-se encontrar abaulamentos e pulsações devido ao
crescimento de câmaras cardíacas. Cicatrizes podem indicar que o
paciente já fez aortagias de correção anteriormente. Tiragem
intercostal pode ser sinal de insuficiência cardíaca (edema é raro
em crianças).
Cianose: Pode variar de acordo com o hematócrito do paciente (ex: a
cianose não será visível em casos de anemia). É causada por shunt
(mistura) do sangue venoso ao arterial na circulação sistêmica. A
cianose periférica é restrita às extremidades (mãos e pés) e pode
estar ou não acompanhada da cianose central (hipoxemia).
- Exames de imagens:
- Eletrocardiograma:
A realização do ECG é difícil, pelo tamanho do tórax, por não
ficar quieta, o resultado é normal, até os dez anos, ter desvio para
direita, não significando, necessariamente, uma sobrecarga do VD.
Mostra vetores elétricos voltados para a direita, isso ocorre
pelo menos até os 10 meses de idade. Isso ocorre pois durante o
período fetal não há circulação pulmonar, portanto, os vetores se
voltam para o lado direito do coração.
*Não é incomum esse desvio de eixo para direita acompanhar essa
criança até os 10/12 anos.
- Radiografia de tórax:
- Ecocardiograma:
Pode ser fetal onde vai avaliar se o feto tem alguma alteração
ou neonatal onde vamos visualizar os vasos e avaliar se estão
conectados nas suas derivações normais, se tem comunicação entre as
cavidades.
O ECO deve ser realizado por um especialista em
ecocardiografia fetal, e o cateterismo é recomendado quando o ECO
não é suficiente em diagnosticar.
- Cateterismo cardíaco:
O cateterismo na criança não tem o valor de pesquisar doença
coronariana, vai avaliar as pressões nas cavidades, se tem shunt
(passagem de sangue de uma cavidade para outra), se a conexão entre
os átrios e ventrículos estão bem estabelecidas.
*mais usados em cardiopatias complexas
- Questões básicas:
- Cianose?
- Há fluxo sanguíneo pulmonar? Diminuído? Aumentado?
- Existe má formação? Lado direito ou esquerdo?
- Qual o ventrículo dominante (geralmente é o direito, o pulmão
ainda é imaturo com grande resistência).
- Existem sinais de hipertensão pulmonar ou chances de desenvolver?
3 - Manifestações clínicas:
Sopros, arritmias, alterações da segunda bulha (pois a relação
Qp/Qs pode ser 1,5:1, sendo assim o fluxo pulmonar está aumentado e
então, pela artéria e valva pulmonar passa mais sangue, retardando o
fechamento da valva), cianose/hipoxemia, cansaço nas mamadas,
modificação do formato do tórax, dispneia, baqueteamento digital,
insuficiência cardíaca, criança abaixo da curva de normalidade.
3.2 - Sopros:
- Sem manifestações clínicas:
• Sopro inocente: sem cardiopatia estrutural, nunca diastólico ou
holossistólico, com pouca irradiação e baixa intensidade, ausência
de frêmito. Acontece por turbilhonamento devido alta complacência na
câmara, desaparecendo na vida adulta.
• Cardiopatia sem repercussão: cardiopatia pequena que só tem
repercussão auscultatória, não apresentando outro sinal ou sintoma.
- DERIVAÇÕES (shunt):
Uma derivação (shunt) é uma comunicação anormal entre as
câmaras cardíacas ou entre os vasos sanguíneos. Os canais anormais
permitem o fluxo de sangue da esquerda para a direita ou no sentido
contrário, dependendo das relações de pressão. Quando o sangue do
lado direito do coração penetra no lado esquerdo (derivação da
direita para a esquerda), ocorre uma coloração azulada da pele e das
mucosas (cianose), devido à diminuição do fluxo sanguíneo pulmonar e
à entrada de sangue pouco oxigenado na circulação sistêmica
(denominada cardiopatia congênita cianótica, cujos exemplos mais
importantes são a tetralogia de Fallot, a transposição das grandes
artérias, a persistência do tronco arterial e a atresia tricúspide).
Além disso, nas derivações da direita para a esquerda, êmbolos moles
ou sépticos, que surgem nas veias periféricas, podem desviar-se da
ação de filtração normal dos pulmões e, assim, penetrar diretamente
na circulação sistêmica (embolia paradoxal); as conseqüências
potenciais disso incluem infarto e abscesso cerebrais. Os achados
clínicos frequentemente associados a cianose prolongada e grave
incluem baqueteamento das pontas dos dedos das mãos e dos pés
(osteoartropatia hipertrófica) e policitemia.
Síndrome de Eisenmenger:
Pacientes com Shunt invertido ou bidirecional através de um
CIV em consequência da doença obstrutiva vascular pulmonar.
*pode ocorrer também na CIA, canal atrioventricular, PCA ou outra
comunicação entre a aorta e a artéria pulmonar.
Ocorre elevação da pressão pulmonar a níveis sistêmicos,
causada pelo aumento da resistência vascular pulmonar (>800 dinas
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
CIV pequena – criança assintomática, crescimento adequado,
tórax normal, frêmito sistólico pode estar presente e em geral é
mais localizado, sopro sistólico em borda esternal esquerda desde a
1° semana de vida, geralmente mais localizado, podendo ser
protossistólico.
CIV moderada – a insuficiência cardíaca (IC) pode não existir
ou ser mais tardia. O sopro é mais intenso holossistólico
acompanhado de frêmito. Abaulamento precordial moderado, impulsões
precordiais discretas.
CIV grande – sopro sistólico surge ao fim do 1°/2° mês, nesta
época surge dispnéia e interrupção frequente das mamadas, ganho
ponderal deficiente, pneumonias de repetição. Tórax com abaulamento
precordial, impulsões sistólicas visíveis, ictus desviado
- EXAMES:
Radiografia: cardiomegalia maciça com proeminência de ambos os
ventrículos, átrio esquerdo e artéria pulmonar.
*elevação da ponta do coração, tamanco holandês.
ECG: hipertrofia biventricular, ondas P entalhadas ou
apiculadas.
Ecocardiograma bidimensional: sobrecarga volumétrica do átrio
e ventrículo esquerdo
Cateterismo cardíaco: considerado toda vez que houver uma
hipertensão severa, podemos suspeitar de HP seja pelo ECO ou quando
a criança apresentar uma pseudohipoxemia, parecendo estar anêmico.
- Localização da CIV
- Repercussão hemodinâmica
- Resistência pulmonar
- Terapêutico
A CIA tem hiperfluxo, pois o sangue que vai para o pulmão tem
origem nas cavas e no AE: Temos as cavidades atriais que possuem uma
comunicação, então como a pressão nas cavidades esquerdas são
superiores as pressões nas cavidades direitas existe um forame
comunicando essas duas cavidades, assim passa fluxo da cavidade de
maior pressão para de menor pressão, então o volume de sangue que
chega ao AD vai ser um volume aumentado, vai descer em direção ao VD
e o VD vai ejetar ele em direção ao pulmão, mais sangue chega no
pulmão, mais sangue oxigenado (aspecto acianótico, por oferecer mais
sangue para oxigenação).
O VD vai se adaptar com o volume e vai se dar bem
inicialmente, porém vai chegar um momento em que a capacidade de
adaptação desse VD vai diminuir, ele vai acabar sofrendo uma
sobrecarga.
Representam 10% das cardiopatias congênitas. Uma CIA tipo
secundário, com o orifício estando na região do forame oval, é a
mais comum já a CIA tipo primário, localizada próximo aos coxins
endocárdios é menos comum e geralmente não há desvio do sangue do
átrio esquerdo para o direito.
- QUADRO CLÍNICO:
Crianças são geralmente assintomáticas, <5% desenvolvem ICC no
primeiro ano de vida.
Hipertensão pulmonar (Hpu) é mais freqüente na 3o ou 4o década de
vida, mas está presente em 13% das crianças não operadas com <10
anos.
- EXAMES:
Radiografia: aumento variável de VD e AD, VE e aorta com
tamanhos normais, artéria pulmonar grande e vascularização pulmonar
aumentada. Esses achados variam e podem não ser proeminentes nos
casos leves. *cardiomegalia: mais evidente e perfil.
ECG: sobrecarga sistólica do VD com desvio do eixo para a
direita ou um eixo normal.
Ecocardiograma: achados típicos de sobrecarga de volume de VD.
Cateterismo: como auxiliar no diagnóstico, é indicado apenas
quando se suspeita de lesão associada ou de hipertensão pulmonar.
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
Sopro contínuo com pico no final da sístole (B2), melhor
audível no 1º ou 2º EIC esquerdo. Em PCAs moderados o paciente pode
apresentar dispneia ou palpitações(por arritmias atriais). Há
aumento da pressão de pulso (PA sistólica – PA diastólica) por fuga
do fluxo aórtico para o tronco pulmonar na diástole. Há também
sinais de sobrecarga de volume ventricular esquerda como ictus
desviado para esquerda e B3. Os pulsos encontram-se com amplitude
aumentada.
- EXAMES:
- Exames complementares
Ecocardiograma: Importante para o diagnóstico e avaliação da
hipertensão pulmonar que pode ser avaliada de 2 maneiras: medição do
gradiente do fluxo da artéria pulmonar pelo Doppler e pela pressão
estimada da artéria pulmonar através do refluxo tricúspide também
pelo Doppler.
Cateterismo cardíaco sempre pré-operatório, vamos poder avaliar a
relação QP/QS.
ECG: Também auxilia na avaliação da relação QP/QS.
Outros exames: hemograma, eletrólitos séricos, gasometria arterial,
função renal, radiografia.
- Tratamento:
O tratamento é de suporte com vasodilatador que atua
diretamente, mas não corrige a comunicação. A correção é cirúrgica,
mas é difícil saber o momento exato de operar.
A criança portadora de cardiopatia deve receber profilaxia
para endocardite infecciosa, pois o turbilhonamento favorece a
colonização de bactérias.
- ICC:
1 - Repouso no leito com decúbito elevado (45°)
2 - Controle diário do peso
3 - Oxigenioterapia (capuz, mascara ou cateter)
4 - Restrição hídrica (50-80% das necessidades hídricas diárias)
5 - Diurético: furosemida 1-2mg/kg *MAX= 6 mg/kg/dia
6 - Digitálico:
- Digitalização: cedilanide 0,04 mg/kg ½, ¼ e ¼ a cada 8 hrs
- Manutenção: digoxina 0,01 mg/kg/dia em duas doses
7 - Vasodilatador: captopril 0,3-1 mg/kg dose a cada 8-12 horas
8 - Tratamento de infecções
9 - Correção de anemia (hemoglobina < 10 g/dl)
- Complicações:
As complicações nada mais são do que manifestações clínicas
dessas doenças: desnutrição energético-proteica, insuficiência
cardíaca congestiva, hipertensão arterial pulmonar, arritmia
cardíaca, infecção (BCP, ENDOCARDITE BACTERIANA), síndrome de
Eisenmenger.
Coarctação de aorta:
Ocorre em 10 % das crianças. Durante o desenvolvimento do arco
aórtico ocorre uma falha e ocorre um estreitamento no lúmen aórtico.
Geralmente os RN apresentam arcos aórticos hipoplásicos, valvas
aórticas anormais, e CIVs. (Canal arterial patente para fornecer
fluxo a aorta descendente).
*defeito no ligamento arterioso que está estreito e leva a uma
diminuição abrupta da pressão dos MMII em relação aos MMSS.
- SINTOMAS:
Problemas de alimentação, angústia respiratória e choque
(antes da segunda semana). Classicamente os pulsos femorais são mais
fracos e tardios em comparação com os pulsos radiais e a PA nas
extremidades inferiores é menor do que nas extremidades superiores.
Pode não ter sopro também e geralmente se tem B3 presente.
Crianças maiores sentem desconforto nas pernas aos exercícios,
cefaléia ou epistaxe.
Pulsos diminuídos ou ausentes nas extremidades inf.
Hipertensão na extremidade superior.
Sopro mais audível na área interescapular esquerda. (Sistólico
geralmente).
Quando pensar? Falar sobre a alteração de pulso, alteração de PA.
Geram cianose, sendo que ela pode ser causada por hiperfluxo
pulmonar (TGA) ou fluxo pulmonar normal ou reduzido.
TETRALOGIA DE FALLOT
- ALTERAÇÕES:
1 - CIV ampla (membranoso alto – sub-aórtico).
2 - Hipertrofia de VD (por conta do shunt esquerdo-direito amplo há
uma sobrecarga de VD).
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
Cianose, baqueteamento digital em mãos e pés.
Pode-se palpar impulsões sistólicas de VD e frêmito na borda
esternal esquerda.
Sopro sistólico de ejeção no foco pulmonar e borda esternal
esquerda, inversamente proporcional ao grau de obstrução da via de
saída do VD. Durante as crises de cianose o sopro desaparece.
B2 é única(P2 geralmente não é ouvido). Há click de ejeção aórtico
audível na borda esternal inferior.
No raio-X o VD está aumentado: elevando sua ponta, dando ao coração
o aspecto de tamanco holandês.
- TRATAMENTO:
Clinico:
1- suporte nutricional
2- Betabloqueador (propranolol 1-4 mg/kg/dia) (melhorar o tempo de
diástole, melhorar o enchimento)
*profilaxia de endocardite bacteriana em procedimentos invasivos
Cirúrgico:
1 - Paliativo (cirurgia de Blalock): shunt sistêmico- pulmonar
*crianças pequenas.
Indicações: lactentes jovens, anatomia desfavorável
2 - Definitivo: correção dos defeitos (fechamento da CIV e ampliação
da VSVD).
- COMPLICAÇÕES:
Desnutrição energético-protéica.
Crise hipoxêmica.
AVC (isquêmicos ou hemorrágicos).
Infecções (abscesso cerebral, endocardite bacteriana).
Arritmias cardíacas, escoliose.
1 - Epidemiologia:
- Aumentou progressivamente no mundo. Isso ocorre devido à maior
sobrevida por conta de eficácia no tratamento do quadro agudo (IAM).
As pessoas estão morrendo menos de isquemia cardíaca, porque hoje é
facilmente revertido com o uso de trombolíticos, a não ser que não
se possa usar/contra indicação absoluta.
2 - Definição:
Formação da placa de ateroma:
A espessura da capa fibrolitica é diferente da doença aguda,
pois na crônica é mais grossa e com a progressão da doença, a luz do
vaso diminui, ou seja, a oferta de oxigênio cai, mas a demanda
continua a mesma, ou até mesmo não tem diferença até que seja feito
um esforço maior.
Há produção de ácido láctico, que irrita o endotélio e
terminações nervosas causando dor:
- No peito: angina pectoris:
- Na perna: claudicação intermitente
- No intestino: angina mesentérica, principalmente após refeições.
- Nos Rins: Para de urinar ou começa a urinar sangue.
Obs1: A DAC tem predileção por vasos de grande calibre como aorta,
mesentéricas, ilíacas, carótidas e renais.
3 - Clínica:
● DOR:
- Localização: No peito retroesternal, precordialgia.
- Qualidade: Em aperto ou em queimação. Dor anginosa.
- Irradiação: Região epigástrica, mm superior e ombro esquerdo ou
dorso, mandíbula.
- Duração: Menos de 20 minutos, mas normalmente é de 10-15.
- Fatores desencadeantes e de piora: Esforço físico ou estresse
emocional.
- Fatores de melhora: Alivia com o repouso ou uso de nitratos.
- Sintomas: sudorese, palidez cutânea, náusea, vômito, sensação de
desmaio.
● Equivalentes anginosos:
- Manifestação clínica desencadeada da doença aterosclerótica
anginosa, mas que não se manifesta como dor.
- Mal-estar, dispnéia, sudorese, náusea, vômito, síncope.
- Vão estar presentes no idoso, na mulher e no diabético. Nesses
pacientes, o diagnóstico é mais difícil.
- Devido a desanatomia decorrente da idade e da neuropatia
diabética.
❏ Classificação funcional:
- Graduação de Angina de peito (CCS):
4 - Exame físico:
Não apresenta nada de específico, mas o mais comum é o sinal
de Levine e fácies de dor:
- Diagnósticos diferenciais:
5 - Exames complementares:
- ECG: não fecha diagnóstico, pode mostrar isquemia. Quando tem
alteração no eletro é muito sugestivo de ser doença coronariana. O
infradesnivelamento, por exemplo, ocorrem 95% das vezes ocorre na
doença coronariana.
6 - Tratamento:
● Objetivos:
- Melhorar sintomas e prognóstico.
- Melhorar qualidade de vida.
- Diminuir os fatores de risco.
- Atuar nas comorbidades.
● Conduta:
- MEDICAMENTOS:
A) Antiagregantes plaquetários:
- AAS: Deve ser sempre prescrito, salvo em casos de contraindicação
(alergias ou intolerância, sangramento ativo, hemofilia, úlcera
péptica ativa) ou alta probabilidade de sangramento gastrointestinal
ou geniturinário. A dose aprovada é de 81 ou 325mg é a mesma coisa,
o que vai mudar são os sintomas GI e sintomas hemorrágicos.
- Derivados tienopiridínicos: Ticlopidina e clopidogrel são
antagonistas da ativada plaquetária mediada por ADP. Também reduzem
o nível de fibrinogênio circulante e bloqueiam parcialmente
receptores de glicoproteínas impedindo a ligação ao fibrinogênio e
ao fator de von Willebrand.
Clopidogrel - Na contra-indicação absoluta ao uso de aspirina;
associado com aspirina após intervenção com stents, por, pelo menos,
30 dias.
Ticlopidina - Na contra-indicação absoluta ao uso de aspirina;
associado com aspirina após intervenção com stents, por 30 dias.
B) Hipolipemiantes:
- Estatinas e fibratos
- Sinvastatina, rosuvastatina.
C) Betabloqueadores:
- Medicamentos de primeira escolha. Isso ocorre porque temos que
aumentar a perfusão coronariana. Aumentando o tempo diastólico,
aumentamos a perfusão coronariana.
- Estes fármacos diminuem a frequência cardíaca, contratilidade
miocárdica, condução atrioventricular e atividade ectópica
ventricular, mas podem ainda aumentar a perfusão em áreas isquêmicas
por aumento no tempo de diástole e da resistência vascular em áreas
não isquêmicas.
- Usar os cardiotrópicos: carvedilol, metoprolol, atenolol. Não
devem ser utilizados para alivio sintomático em pacientes com angina
vasoespástica.
D) Nitratos:
- Não reduzem mortalidade, mas diminuem os sintomas.
- de ação rápida: devem ser usados nos pacientes sintomáticos
(crises anginosas).
- de ação prolongada: Uso deve ser restrito aos pacientes com angina
não controlada por outros agentes antianginosos.
Obs1:
1) iECA só entra se paciente tiver Disfunção ventricular ou
manifestação de doença cardíaca/ICC.
2) Clopidogrel vai estar indicado no paciente que recebeu um stent
(AAS+clopidogrel). Como profilaxia primária não é.
3) Diuréticos só se usa na ICC. Se tiver ICC como manifestação final
da síndrome coronariana, deve-se utilizar diurético.
Obs2: Condicionamento pré-isquêmico: pequenos tempos de isquemia
estimulam o coração a bater mais rápido, faz um condicionamento para
● Medidas invasivas:
- Revascularização:
- Indicação: 3 ou mais vasos lesados, DRC, coronariana toda lesada,
lesão de tronco da coronária esquerda ou equivalente de tronco
(lesão de descendente anterior).
7 - Situações especiais:
- Síndrome X:
É uma doença silenciosa onde o paciente geralmente é mulher,
dislipidêmica com síndrome metabólica, que tem dor torácica
anginosa, e no teste ergométrico o resultado é positivo para DAC,
porém no CAT não mostra doença na coronária. O que acontece é que a
coronária na verdade é um vaso epicárdico, ou seja, está em cima do
coração, porém dentro, há uma microvasculatura, e essa
- Isquemia silenciosa:
É a isquemia que acontece cronicamente e o indivíduo não sente
nada, muito comum em diabético e idosos.
- Anormalidades coronarianas:
Uma coronária a menos. Comum em mulheres, 40 anos.
- Ponte miocárdica:
Coronária que deveria ser só epicárdica entra no miocárdio e
sai, então na hora que o coração contrai ele faz uma contração e as
vezes essa contração é tão duradoura que durante a diástole, a
coronária ainda está contraída, causando dor. (Preferência por
betabloqueadores).
1 - Fisiopatologia:
- Desbalanceamento de suprimento de oxigênio e a demanda.
- A principal diferença da síndrome estável para a instável é a
espessura da capa fibrosa.
- Na síndrome estável temos a presença de capa fibrosa que vai
proteger/revestir. Esta capa fibrosa é grossa, rígida. Todo
cisalhamento que ocorre nesta capa não leva ao rompimento da placa.
- Já na síndrome instável: Capa fina e frágil e ela se fratura com
facilidade, expondo esse lado lipídico à luz do vaso. Esse material
do lado lipídico é um material extremamente trombogênico, ou seja,
ele adere plaquetas e fatores da coagulação ali dentro e isso leva à
formação de um trombo com agregação plaquetária e de hemácias –
trombo vermelho.
- Se nós temos uma dor sugestiva de isquemia, nós temos uma síndrome
coronariana aguda. Solicitamos um eletro dentro da abordagem
inicial. Se esse paciente não tem elevação dos marcadores ST,
partimos para a dosagem de marcadores bioquímicos. Se esse paciente
não tem elevação, temos angina instável; se esse paciente tem
elevação dos marcadores ele tem IAM SSST.
- O que vai diferenciar da angina instável do infarto sem supra ST,
é a presença de marcadores de infarto na necrose, como troponina,
CK-mb.
- Os dois tem o mesmo mecanismo: temos um trombo que não oclui
totalmente a luz do vaso. Além disso, a demanda aumenta e a oferta
diminui por conta desse trombo no interior do vaso epicárdico.
- Se essa isquemia causa necrose, morte celular e liberação desse
material na circulação sanguínea: Infarto sem supra.
- Se essa isquemia não é suficientemente grande para causar morte
dessas células: angina instável.
- Se essa extensão dessa lesão/necrose é tamanha que vai repercutir
por toda extensão e espessura do miocárdio, nós estamos diante de um
supra com elevação de ST.
2 - Clínica:
– Angina Instável:
- Dor precordial tipo peso, opressão, garra, queimadura.
- Irradiação para o epigástrio, pescoço, maxilar inferior, MSE.
- Limita a atividade física.
- Não alivia com o repouso / pouco ou nenhum alívio com
nitroglicerina.
- Surge após pequenos esforços ou repouso.
- Duração maior que 10 minutos.
- Padrão crescente.
- Sintomas associados.
Exame Físico:
- Atenção: O exame físico não é específico, mas vamos achar sinais
de alerta.
Palpação:
- Contração anormal no choque da ponta.
Ausculta Cárdio-Pulmonar:
- Taquicardia.
- Diminuição dos sons cardíacos.
- Sopros na área mitral.
- 15%: atrito pericárdio.
- B3 e B4.
- Estertores crepitantes.
3 - Conduta:
3° - MONA-𝜷:
- Morfina: 10 mg/kg diluído em 10 mL de SF, administrar 3 mg (3 mL)
para dor e diminuir o sistema simpático, ou seja, acalmar.
- AAS: 200 mg (75-325 mg), 2 cp, mastigar e engolir porque ele tem
absorção pelos vasos orais.
- Terapia antiisquemia:
- Nitratos
- Morfina
- Betabloqueadores
- Bloqueadores de canais de cálcio
- Terapia antiplaquetária:
- AAS
- Clopidogrel
- Inibidores do receptor IIb-IIIa
- Terapia antitrombótica:
- Heparina não fracionada
- Heparina fracionada (baixo PM)
- Inibidores da trombina
4° - Solicitar UTI.
5.1 - MONA-𝜷H:
- Heparina de baixo peso molecular (enoxaparina/clexane): 1 mg/Kg
12/12 hs, se for > 75 anos 0,75 mg/Kg.
SÓ FAZER APÓS DESCARTAR DISSECÇÃO DE AORTA!
Biomarcadores
Rota 1: IAMESST
Infarto e a necrose, pela falta total de oxigênio.
OBJETIVOS:
- identificar o supra.
- quais paredes e relação com as artérias de acordo com ECG.
- indicação e contraindicações de trombolíticos.
DEFINIÇÕES:
Isquemia: oferta de oxigênio diminuindo, mas existente.
Necrose: não tem oferta nenhuma.
Lesão: antes da necrose, momento que a célula e eletricamente ativa,
mas tem danos potencialmente reversíveis. O supra ocorre a partir da
lesão, por isso o tratamento deve ser imediato.
O ECG:
Isquemia:
- Onda T simétrica tem acometimento subendocárdico (ROTA 2).
- Onda T invertida em relação QRS tem acometimento subepicárdica
(ROTA 2).
Lesão:
- Infra de ST acometimento subendocárdico (ROTA 2).
- Supra de ST acometimento subepicárdico (ROTA 1).
Necrose:
- Onda Q patológica.
ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS:
Obs1: Sempre deve ter cuidado com diabéticos, pois tem apresentação
não clássica de angina/IAM
Obs3: E quando B3 é presente e por disfunção do VE.
Classificação Killip-Kimball:
I - sem dispnéia, B3 ou estertoração pulmonar - 6% de risco de
mortalidade.
II - dispnéia, estertores em terços inferiores - 17% de risco de
mortalidade.
III - Edema Agudo de Pulmão, estertores em mais de dois terços do
pulmão - 38% de risco de mortalidade.
IV - choque cardiogênico - 81% de risco de mortalidade.
1 - Quadro clínico:
SINTOMAS:
SINAIS:
- Palidez cutâneo-mucosa.
- Fácies de dor.
- Agitação.
- Hipertensão / hipotensão postural.
- B4 / B3.
- Sopro sistólico mitral.
- Turgência de jugular.
- Estertores crepitantes.
2 - Tratamento:
Reperfusão porque agora tem oclusão total.
● Abordagens Terapêuticas:
- Promover Vasodilatação:
Nitratos, bloqueadores de canais de cálcio.
- Remodelamento:
IECA.
- Prevenir trombose:
Anticoagulante plaquetário antitrombótico.
● Rota 1:
Fibrinolítico:
Produz fibrinólise: Alteplase e tenecteplase.
Tempo porta-agulha: 30 minutos.
Os trombolíticos reduzem até 20% da mortalidade.
Angioplastia primária:
É superior, sobretudo na contraindicação ao trombolítico,
principalmente IC, suspeita de dissecção, AVC.
Tempo porta-balão: 90 minutos, com tolerância de 30 minutos.
Até os noventa minutos iniciais o fibrinolítico equivale a
angioplastia.
Angioplastia de resgate:
Após trombólise, mas sem sinais de recanalização com fibrinolítico.
Angioplastia facilitada:
Não é mais utilizada.
Feito com antiagregantes EV antes.
Contraindicação de trombolíticos:
- Absoluta:
- AVE Hemorrágico (há menos de 1 ano).
Complicações de trombolíticos:
O sangramento e o principal, os grupos que estão mais
propensos são: mulheres, hipertensos, idosos, magros.
2 - Complicações do IAM:
Reinfarto, arritmia, Insuficiência mitral aguda quando afeta
coronária direita, que a única artéria que irriga o músculo papilar
anterior.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
1 - Causas:
A insuficiência cardíaca pode ser desencadeada por vários
fatores, desde anomalias anatômicas a alterações funcionais. Em
suma, a insuficiência cardíaca pode dever-se a quatro tipos de
causas:
● Perda da capacidade contrátil do miocárdio:
Neste grupo, destaca-se a doença coronária, situação em que o
coração, por anomalia das artérias que irrigam o músculo cardíaco,
recebe menor quantidade de sangue e oxigênio, ficando assim
comprometida a sua capacidade contrátil. Estão também incluídas
neste grupo as miocardiopatias das quais resultam anomalias
anatômicas e funcionais.
● Obstrução ao fluxo sanguíneo:
Etiologia:
Insuficiência miocárdica: é mais comum.
Doença isquêmica, hipertensão, valvulopatias, doença de chagas,
miocardiopatias primárias.
Sobrecarga súbita com miocárdio normal: insuficiência aórtica ou
mitral aguda por IAM que afetou o músculo papilar.
Dificuldade de enchimento ventricular: pericardite constritiva,
hipertrofia, amiloidose.
O ictus deve ser avaliado em apnéia expiratória.
Sempre fazer pulso arterial, venoso e precórdio.
O pulso arterial deve ser avaliado em forte-fraco, regular-
irregular, cheio-vazio.
2 - Tipos:
7 - Classificação:
4 - Fisiopatologia:
Mecanismos adaptativos para manutenção do débito cardíaco e
perfusão tecidual.
5 - História Clínica:
- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA:
As manifestações da insuficiência cardíaca esquerda devem-se
principalmente ao congestionamento de sangue no território pulmonar,
originado quando o ventrículo esquerdo é incapaz de expulsar para a
artéria aorta todo o volume sanguíneo que chega do átrio esquerdo
proveniente dos pulmões.
A congestão pulmonar provoca dispneia, cuja intensidade
depende da forma de aparecimento e da evolução da doença.
Nesta fase, surge habitualmente a ortopneia, ou seja, a
dispneia em decúbito dorsal. Isto acontece porque aumenta o retorno
venoso: o sangue contido nas veias, sobretudo nos membros
inferiores, regressa mais facilmente ao coração quando o paciente
está deitado do que quando está de pé. Como o ventrículo esquerdo
não é capaz de fazer face a esta situação, surge uma sobrecarga da
circulação pulmonar e uma sensação de falta de ar.
Se a situação for ainda mais grave, surge a dispneia
paroxística noturna. Podem ainda surgir outros sinais e sintomas,
tais como certos ruídos respiratórios, tosse, náuseas, palpitações,
dor no peito, palidez e sudorese.
Obs1: O sangue volta para átrio direito que tem o sistema ázigo no
pulmão, levando a DP à direita, principalmente, se for só a esquerda
não é por IC.
Retorno venoso da veia cava, congestionando o fígado, levando a dor.
- EXAME FÍSICO:
- EXAMES COMPLEMENTARES:
● ECG:
● Raio-x:
Congestão pulmonar
Cardiomegalia (índice cardiotorácico)
Linhas B e C de Kerley
DP à direita
● ECO:
Alteração miocárdica, pericárdica e endocárdica
Disfunção sistólica ou diastólica
Mede a fração de ejeção
Dimensão, espessura e geometria das câmaras
Contratilidade dos ventrículos
Função valvar
● Medicina nuclear:
- Angiocardiografia e cintilografia miocárdica de perfusão
Função global e regional dos ventrículos
Perfusão miocárdica
● Exames laboratoriais
Ureia, creatinina, glicemia
Eletrólitos: sódio, potássio, magnésio, cálcio
Proteínas totais e frações
Hemograma, hepatopatia
Urina
Adicionais: sorologia para doença de chagas, TSH,T4 livre.
6 - Tratamento:
O tratamento tem como objetivo solucionar o fator causador,
sempre que seja possível, pois é a única forma de acabar
definitivamente com o problema. Em último caso, ou como única
alternativa, quando não é possível, são realizadas diversas medidas
para atenuar os sintomas e melhorar o funcionamento do coração.
Corrigir fatores agravantes como infecções, anemia, arritmia,
atividade reumática, embolia, ingestão de sódio, gestação.
- NÃO FARMACOLÓGICO:
Antes de mais, o repouso é uma medida extremamente importante,
já que assim diminuem as necessidades de sangue do organismo,
reduzindo o esforço do coração.
Dieta com baixo conteúdo de sal, é uma importante medida
terapêutica para combater a retenção de líquidos (edema), podendo
ser até complementada com a administração de medicamentos
diuréticos, de modo a aumentar a eliminação dos líquidos, mas sempre
respeitando as indicações do médico e com o devido controle para
evitar efeitos secundários contra-producentes.
- FARMACOLÓGICO:
Diuréticos (congestão):
É indiscutível que o uso de diuréticos, principalmente os
tiazídicos (furosemida), têm papel de destaque no tratamento não só
emergencial, como também na manutenção da estabilidade dos pacientes
com IC.
Os diuréticos são indicados preferencialmente para pacientes
que estejam com retenção hídrica, congestão pulmonar e edemas,
Furosemida 20-160 mg
Bimetálica 0,5-2,0
Sempre pela manhã, se precisar de dois comprimidos usará tarde,
nunca a noite, para não atrapalhar o sono.
Betabloqueador:
Bloqueia beta e alfa 1
Carvedilol 3,25- 25 mg 12/12
Metoprolol 12,5- 100 mg
Bisoprolol 1,25-10 mg
Diminui FC, dilata ventrículo, enche e esvazia melhor.
Digitálico:
Aumenta força de contração (CUIDADO)
Digoxina 0,125- 0,25 mg/ dia
Lanatosídeo 0,2-0,4 12/12h
Espironolactona: 25-200 mg
Iniciar com 100 mg e depois passar para 25
Atua por Concentração e não por absorção.
Casos especiais
Pacientes que não toleram IECA
Hidralazina 25-300 mg/ dia + mononitrato de isossorbida 20 mg 2
vezes/ dia
BRA mas tem problema em ajustar a dose.
Obs1: IC diastólica:
Resistência anormal ao enchimento ventricular.