Marina Caraffa
Marina Caraffa
Marina Caraffa
MARINA CARAFFA
IARAS - SP
SÃO PAULO
2014
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
MARINA CARAFFA
SÃO PAULO
Fevereiro de 2014
MARINA CARAFFA
SÃO PAULO
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,
DESDE QUE CITADA A FONTE.
Caraffa, Marina
C258p Projeto de assentamento rural. Um estudo do ambiente
construído no Zumbi dos Palmares – Iaras/SP / Marina
Caraffa. -- São Paulo, 2014. 171 p. : il.
CDU 72
MARINA CARAFFA
À minha orientadora Maria de Lourdes Zuquim, exigente e firme, me deu toda a força que precisei para chegar aqui.
Aos meus pais, Leo e Rubia, à minha avó Cida, às minhas irmãs Gabriela e Valentina, à pequena Violeta e ao Ramon pelo
amor, por tudo e por todos os anos.
Ao professor Eduardo Cusce, nobre pelas contribuições e questionamentos no exame de qualificação. À Maria Lucia Zoe-
ga, que me acompanhou com muito café, histórias e carinho na reaproximação com a gramática e à língua portuguesa. À
professora Marta Inês de Medeiros Marques que me recebeu na Faculdade de Geografia da USP. Ao professor Nilton Ricoy
Torres, pelo primeiro contato com a pós-graduação da FAUUSP como aluna especial. À Silvia Cayubi Novaes que ouviu
as minhas primeiras questões e me incentivou a seguir adiante, e à Sanny Silva da Rosa que deu a mão na reta final.
Especialmente ao professor Silvio Soares Macedo que me recebeu como estagiária do Programa de Aperfeiçoamento de
Ensino – PAE e muito contribuiu com minha experiência acadêmica.
À amiga companheira de vida, trabalho e pesquisa, Ciça, sem você teria sido mais difícil. Às pesquisadoras Roberta, Ana
Júlia, Liliana e Ariella, pelo apoio e incentivo nas horas mais duras.
Aos funcionários da FAU USP, aos colegas do laboratório de paisagismo – QUAPÁ e do CESADE.
Aos amigos da vida, do trabalho e da vida acadêmica Fabiana, Rafael, Isabel, Teca, Camila França, Amanda, Aninha, Ro-
drigo, Chris, Mayra, Denise, Bia, Flávia, Katna, Nicole, Brenda e Joyce que, mesmo a distância, estiveram ao meu lado.
Flávio Villaça
Resumo
A dissertação trata do estudo do projeto de assentamento rural enquanto instrumento de espacialização de políticas públicas de re-
forma agrária. Por ser recente objeto de estudo para arquitetos, o projeto de assentamento é tomado do ponto de vista das diretrizes
de projeto e de sua resultante de implantação. Organizada a partir da aproximação com o contexto no qual foram criados, a pesquisa
revela que foi entre a vigência dos dois planos nacionais de reforma agrária que foram criados o maior número de assentamentos em
São Paulo, e que dos três tipos estudados, o assentamento federal foi o mais implantado. O estudo das diretrizes dos três tipos de
projeto resultou na organização de indicadores e variáveis. Organizados em escalas de abordagem, revelam a história de criação do
projeto e guiam a leitura do ambiente construído. Tomado como objeto de estudo, o assentamento Zumbi dos Palmares representa,
com seus indicadores e variáveis, a maioria das ocorrências paulistas registradas na pesquisa.
Abstract
The dissertation deals with the study of rural settlement project as a tool for spatialization of public policy for agrarian reform. For
being recent object of study among architects, the settlement project is taken from the point of view of the project guidelines and their
resulting deployment . Organized from the approach to the context in which they were created, the research reveals that between the
two national plans for land reform that were created the largest number of settlements in São Paulo, and that of the three types stu-
died, the federal settlement was the most deployed one. The study of the guidelines of three types of project resulted in the organiza-
tion of indicators and variables. Organized on scales of analysis they reveal the history of the project creation and they also guide the
reading of the built environment. Regarded as an object of study, the Zumbi dos Palmares settlement represents, with its indicators
and variables, most part of the incidents in São Paulo that have been recorded through this research.
Figura 8: Fazendas adquiridas que constituíram o Núcleo Colonial Monções na região de Iaras. 104
Figura 9: Ocupação Norte e Sul do Núcleo Colonial Monções na região de Iaras. 107
Figura 12: Destaque da área ocupada com o parcelamento 2003, 2005 e 2008 115
Figura 13: Destaque da área ocupada com o parcelamento 2012 e 2013 116
Lista de quadros
Lista de gráficos
Tabela 4: Instruções técnicas do INCRA para a criação e a implantação de projeto de assentamentos rural em São Paulo 71
Tabela 5: Indicadores e variáveis para análise da criação e implantação do assentamento rural 100
Lista de fotos
Foto 7: Primeiro acampamento na Fazenda Capivara – Rodovia SP 261 e plantação de eucaliptos, 1995. 144
Foto 8: Acampamento na Rodovia SP 261 e a plantação de eucaliptos, 1996. 145
AGRADECIMENTOS 6
INTRODUÇÃO 19
1.1 Contexto 27
16
2.2.2 Agrovila 88
Considerações 158
18
INTRODUÇÃO
em São Paulo - a pesquisa teve como objetivo estudar os projetos e as resultantes de implan-
cenário no qual foram instituídos no Brasil, foram fatores que motivaram a pesquisa.
Em São Paulo, apesar de recentes, alguns grupos de pesquisa têm tratado das questões
do habitat nos assentamentos rurais, mas com ênfase no estudo das unidades habitacionais:
seu programa, suas formas de provisão e suas técnicas construtivas. Mais desenvolvidas nas
linhas da economia, geográfica e das ciências sociais, são raras as pesquisas que se dedicam
ao estudo das condicionantes deste projeto no âmbito da arquitetura. Embutidas nas normas
ali irá se constituir. Toma-se como cenário para a pesquisa os marcos que instituem e regula-
Reforma Agrária –, suas políticas e programas que, decorrentes desse contexto, se material-
origem às primeiras implantações paulistas. Com o passar do tempo, mesmo tendo ficado
rurais do programa de reforma agrária são resultado de ações esparsas que não fazem parte
municipal funcionam com a participação social. O que se verifica, na maioria dos casos, é o
aquisição de terras. 1
São terras públicas, que em nenhum mo-
mento integraram o patrimônio particular,
Problemática ainda que possam estar
irregularmente em posse de particulares. O
A criação de um assentamento, ainda que siga as diretrizes que determinam sua termo “devoluta” relaciona-se ao conceito de
terra devolvida ou a ser
metodologia de projeto, em cada implantação, tem um resultado de parcelamento que pode devolvida ao Estado. Para estabelecer o real
domínio da terra, ou seja, se é particular ou
ser diferenciado pela forma de organização dos lotes e do traçado das vias. Identificados e devoluta, o Estado
propõe ações judiciais chamadas ‘ações dis-
reconhecidos na pesquisa, alguns aspectos puderam ser destacados na definição de variáveis criminatórias’, processo elaborado pelo Insti-
tuto de Colonização e Reforma Agrária - IN-
e indicadores que contribuem para o estudo dos projetos de assentamento. A variação do CRA (ITESP, 2014).
2
Unidade de medida expressa em hectares.
tamanho dos lotes está relacionada ao módulo rural2 de cada município, ao tamanho da Definido pelo Estatuto da Terra é utilizado
para determinar a fração mínima de parcela-
família. Em São Paulo, se o beneficiário é idoso ou se a família é pequena – até duas pessoas mento de um imóvel rural. 20
- é disponibilizado o lote pararrural, com dimensão reduzida.
como um ritual de passagem no qual uma nova relação é constituída com a terra e, conse-
quentemente, com esse novo lugar que se constrói com a implantação de cada assenta-
mento.
para atender os beneficiários da reforma agrária. Nesse sentido, foram criados escritórios
rêcia de questões que surgiram em minha prática profissional como arquiteta, desempen-
pelo interior do estado. O trabalho consistia em vistorias técnicas para medir os serviços
21
executados e apresentar a evolução do cronograma físico financeiro de cada unidade habit-
assistida. O programa foi promovido nos assentamentos paulistas como programa piloto
regionais e idas aos assentamentos para vistoriar cada casa, sendo necessário percorrer
projeto, isto é, sobre qual o programa de necessidades definido para criação dos projetos de
assentamento.
que orientava a construção das casas, e aquilo que era possível fazer na prática, sinalizando
que a etapa de criação - seja do programa para construção das casas, seja para o projeto do
assentamento - ainda tem sido desenhada distante das condições reais de operação. Tais
trabalho.
22
Previstas para serem realizadas em mutirão, as casas estavam sendo construídas
tempo para fazer as vistorias, o que não foi considerado na definição do prazo de liberação
de recursos, assim como não foi considerada a localização dos lotes no momento de organiz
que sinalizava não só a falta de capacidade operacional das entidades envolvidas na operação
do programa, como também o formato previsto para execução das obras: ao contrário do
assentamentos paulistas.
Ao final de 2008, a situação construtiva das unidades habitacionais era variada. Se,
por um lado, no extremo oeste do estado estavam algumas experiências mais bem sucedidas
e organizadas, como por exemplo nos assentamentos do Pontal e de Andradina, por outro,
haviam regiões consideradas como pontos críticos. Eram as regiões de Iaras e Itupeva. Na
primeira, o assentamento Zumbi dos Palmares; na segunda, o Pirituba. Ambos apresent vam
também aspectos físicos – como o tamanho da área ocupada pelo assentamento - e sociais que
23
precisavam de maior dedicação – como a organização das famílias.
demanda por construir duas unidades habitacionais, ou reformar uma e construir outra.
Nesse tipo de assentamento, em agrovila, o beneficiário têm dois lotes: um no qual vive com
a família, e outro no qual organiza sua produção. No assentamento Zumbi dos Palmares o
problema eram as obras paralisadas por falta de organização dos grupos que, por conta da
à dificuldade de promover o mutirão, mas também indicava que a forma como as famílias
foram agrupadas não considerava a proximidade dos lotes. O agrupamento das famílias foi
mento são tomadas como referência para este estudo, pois ilustram a criação e a transição
entre projeto e implantação de um assentamento rural paulista. Neste caso, sua transição
durou quinze anos, implicando não só as alterações do projeto inicial - seja na capacidade
de lotes ou no tipo de uso do solo definido -, como também no contexto nacional gerando
24
alterações significativas no ambiente construído nos assentamentos rurais.
definições e diretrizes que criam o projeto, seja ele definido nas esferas públicas ou pelo
do ponto de vista da arquitetura. Num estudo das resultantes de implantação são reconhe-
carroça.
O terceiro capítulo apresenta a justificativa para definição do assentamento Zumbi
dos Palmares como objeto de estudo desta pesquisa. Na segunda parte desse capítulo são
uma matriz, tomou-se como referência uma parte da estrutura das notas metodológicas
capítulo dá certa ênfase ao relato de algumas pessoas com quem foi possível conversar
por ilustrações, fotos, e relato dos técnicos assim como de alguns moradores do assentamen-
elaborada busca organizar uma perspectiva acerca das possibilidades que se colocam, do
ponto de contato entre as diretrizes de projeto para os assentamentos rurais e sua material-
ização, sobretudo na prática em campo. Estariam os assentamentos rurais, por sua precarie-
26
Capítulo 1
Contexto e marcos
1.1 Contexto
28
O processo de transformação desse quadro foi marcado pela adoção, por parte do
governo, de diretrizes de desenvolvimento do país que previam investimento e planeja-
mento apoiados em dois modelos de expansão, um para o campo e outro para a cidade. A
expansão industrial prevista para as cidades se sobrepôs de forma violenta ao cotidiano dos
agricultores familiares - presentes em todo o processo histórico - com o modelo produtivista
projetado para o campo. Ao longo desse processo, é possível observar a ausência de inves-
timentos e de políticas públicas direcionadas à população rural que não só trabalhava, mas
vivia no campo e foi atraída para as cidades, que não estavam preparadas para receber esse
enorme contingente (ZUQUIM, 2008).
Nos anos 1960 e 1970 as consequências desse modelo já eram visíveis do ponto de
vista social e ambiental, o que gerou, ao longo dos anos, uma tomada de consciência sobre
outras possibilidades para o desenvolvimento econômico e social. Nesse período aparecem
os primeiros movimentos sociais organizados que demonstram publicamente a preocupa-
ção com os problemas gerados pelas diferenças sociais e com forma adotada para o uso do
território. Esse é o início da participação popular no que foi denominado “reformas de base”
– agrária e urbana. (ZUQUIM, 2008).
Entre os anos 1980 e 1990, a agricultura familiar não apresentava condições de com-
petir com os produtores extensivos à concorrência internacional, ficando submetida aos
efeitos do modelo econômico, reproduzido desde o sistema colonial, no qual a base é a pro-
dução dos produtos primários para exportação.
Esse período traz novas características para a zona rural. A interface entre o espaço
urbano e o espaço rural não é clara, pois o uso do espaço rural já não é mais essencialmente
agrário. As áreas rurais passam a incluir atividades de lazer, turismo, residência, preserva-
ção ambiental, entre outras, como, por exemplo, os assentamentos rurais que associam em
sua implantação características urbanas e rurais não muito definidas.
O Estado distribui terras, mas não investe capital necessário para um planejamento
de longo prazo. Não são criadas condições institucionais e financeiras suficientes para pro-
ver a estruturação dos assentamentos e de seus sistemas produtivos. Ao contrário, o que
se verifica é um relativo abandono dos assentados pelo INCRA e entidades mediadoras
após a entrada no lote, além de um trabalho de assistência técnica limitado. Dessa maneira,
verifica-se a inexistência de casos de emancipação de assentamentos, mesmo depois de mais
de uma década de Reforma Agrária (MARQUES, 2000).
A demanda por terra organizada teve conquistas relevantes com a instituição dos
Planos Nacionais, de 1985 e de 2003 (BRASIL, 1985/2003), que mantiveram a questão agrá-
ria nas pautas dos governos, com a criação de políticas e programas, na tentativa de fixação
das famílias nos lotes dos assentamentos criados. Embora não tenham sido cumpridas as
metas propostas, entende-se que a constituição de um projeto de assentamento implica for-
mas de organização de núcleos rurais, assim como os Núcleos de Colonização implantados 35
no período anterior direcionados ao assentamento de colonos estrangeiros.
Na história do Brasil, foi apenas com os planos de governo de 1985 e de 2003 que
foram estabelecidas metas e diretrizes para implementar o Programa de Reforma Agrá-
ria, definido em 1964, com base nos dispositivos do Estatuto da Terra que responsabiliza
o poder público pelo acesso à propriedade ao trabalhador rural. Mesmo que o Estatuto da
Terra5 tenha sido promulgado em 1964, os primeiros assentamentos rurais do programa
de reforma agrária6 só foram implantados a partir de 1983, com os primeiros processos de
desapropriação de terras. Mas, foi somente em 1985, com o I Plano Nacional de Reforma
Agrária – I PNRA - que foi apresentado como plano de governo.
Para entender esse processo, é preciso ter claro que o Estado não é seu único e nem
seu principal agente. Ao contrário, o que se verifica é a forte ação da sociedade civil organi-
zada em movimentos sociais que lutam pelo direito à terra, reivindicam o acesso e pressio-
nam o Estado, que responde por meio da constituição de um assentamento rural. Com ações
esparsas, que não fazem parte de um planejamento estratégico territorial, não se verifica um
processo de reforma agrária, mas sim com uma luta organizada que, a partir das reivindica-
ções, produz ações institucionais de desapropriação que resultam nos assentamentos. 5
Lei 4504, 30 de novembro de 1964. Regu-
lamenta os direitos e as obrigações relativas
Organizada para ser implantada no período de 1985 a 1989, a meta do I PNRA era aos imóveis rurais para os fins da reforma
beneficiar um milhão e quatrocentas mil famílias. Estava incluída nesse montante a de- agrária, e responsabiliza o poder público
pelo acesso à propriedade da terra para o
manda por terra manifestada desde os anos 1960, época em que os habitantes do campo trabalhador rural.
6
se organizaram para reivindicar o direito à sindicalização – movimentação logo reprimida Lei Nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993.
Regulamenta e disciplina as disposições rela-
pelo regime militar. Elaborado para ser executado pelo Instituto de Colonização e Refor- tivas à reforma agrária, prevista na política
ma Agrária (INCRA), o Plano indicava a execução de programas complementares, como a agrícola, fundiária e da reforma agrária no
capítulo III da constituição da república fed-
regularização fundiária7, a colonização e a tributação da terra. Na definição dos princípios erativa do Brasil de 1988.
36
básicos para a reforma pretendida o Estatuto da Terra constou como instrumento direcional:
Considera-se reforma agrária o conjunto de medidas que visem a promover
melhor distribuição da terra mediante modificação no regime de sua posse e
uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e do aumento da produ-
tividade (BRASIL – ESTATUTO DA TERRA, 1964).
Esse período revela novas características da zona rural. A interface entre a cidade e o
campo não é clara, e o uso do espaço rural já não é mais essencialmente agrário. Essas áreas
passam a incluir atividades de lazer, turismo, residência, preservação ambiental. São exem-
plos de tais mudanças os assentamentos, que associam em sua implantação características
urbanas e rurais, as quais representam o esforço, por parte do poder público, em responder
à demanda por terra resultante do processo de ordenamento do território nacional.
Se por um lado o texto do decreto que aprova o I PNRA parece detalhado e abrangen-
te, por outro, ao se analisarem os processos e critérios de desapropriação, pode-se perceber
que as pressões políticas do grupo de representantes dos latifundiários diluíram o efeito de
reforma proposto.
As ações de governo são produto dos compromissos assumidos nos processos eleito-
rais, ou de negociações com a sociedade organizada. Sua execução e o seu ritmo de imple- 38
mentação podem ser condicionados pela capacidade de mobilização e reivindicação da so-
ciedade civil e de setores econômicos, ou de negociação com a base de sustentação política.
Dessa maneira, muitas vezes, no desenrolar de um governo programas e ações são criados,
paralisados, ou secundarizados (JUNIOR; FERRANTE, 2012).
Percebe-se que o aparato regulatório, as leis e decretos que vão desenhar a extensão
rural do país, ano a ano, governo após governo, giram em torno de si mesmos. Ao que pa-
rece, ainda estão distantes daquilo que se pratica em campo no transcorrer da implemen-
tação de cada projeto de assentamento. Por exemplo: apesar de o governo Collor, seguido
do de Itamar Franco, juntos, terem realizado algumas desapropriações, não atualizaram o
I PNRA e tampouco redefiniram suas metas. Tratou-se mais de ações esparsas e de caráter
emergencial - com o objetivo mais de acalmar o efervescente MST, do que de uma estratégia
de desenvolvimento territorial de âmbito nacional. No entanto, os dados sistematizados de
São Paulo, apresentados no Gráfico 1, indicam que o período de 1995 e 1998 o maior número
de implantações, principalmente na região oesteno Pontal do Paranapanema. As criações
aumentam nesse período e começam a fortalecer as outras regiões.
20
15
10
0
1981 1983 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
41
Durante os dois mandatos seguintes de Fernando Henrique Cardoso (1995/2003),
podem ser destacados dois momentos - que coincidem com o fim de cada um. No primeiro,
a reforma agrária aparecia no discurso do plano de governo, não como um plano específico;
nesse momento a previsão era o assentamento de 280 mil famílias no país. A reforma agrária
era justificada como forma de desenvolvimento da agricultura familiar e como solução do
problema da segurança alimentar. Entretanto nos primeiros anos, a política praticada sina-
lizava a opção pelo modelo agroindustrial, inserido no contexto da política neoliberal que
fragiliza a estrutura operacional do Estado.
Navarro (1998) sugere que se o programa tivesse sido efetivamente implantado po-
deria ter produzido lições operacionais e um aprendizado consistente, visando à sua possí-
vel extensão, posteriormente, ao restante do país. Poderia ser uma alternativa aos processos
usuais de acesso à terra pela desapropriação de imóveis rurais por interesse social, e sua
parcelização para famílias rurais sem terra, de acordo com as diretrizes legais vigentes. O
autor intitula tal procedimento como “método tradicional”.
42
Concomitantemente, o movimento dos trabalhadores rurais se intensifica. No perí-
odo foram realizadas ocupações de terras, das superintendências do INCRA, e a multipli-
cação dos acampamentos. Por fim, além da inserção de decretos e revisões na legislação
vigente, reforçando o objetivo de que as ações dos trabalhadores rurais fossem contidas, o
governo, com o apoio da mídia, promove a criminalização do movimento social, acirrando
ainda mais a problemática em torno da reforma agrária. Durante esse período, os assenta-
mentos rurais implantados completam a maioridade, mas não alcançam as metas propostas
no primeiro Plano.
Além da defasagem descrita, o ano do primeiro governo foi marcado pelo debate
junto aos movimentos sociais organizados no Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça
no Campo, e nos fóruns estaduais para a elaboração do Novo Plano Nacional de Reforma
Agrária. Ainda que o governo tenha investido na nomeação de intelectuais especialistas da
problemática agrária, os contratempos e a falta de consenso marcaram o atraso da publica-
ção do II PNRA. Dessa vez, foi considerada uma necessidade mexer na estrutura fundiária
caracterizada pela concentração de terras. Nesse sentido, a desconcentração pretendida, por
meio dos assentamentos, promoveria não só a multiplicação de produtores, o aumento da
oferta de produtos agrícolas, o aumento do consumo e da circulação de riqueza no comér-
43
cio local e regional, mas também garantiria uma melhor distribuição de renda e avanços na
pretendida justiça social.
No final de 2003, foi anunciada a meta de 400 mil famílias a serem assentadas em
duas etapas: até o final do mandato em 2006; e o assentamento de 120 mil famílias no ano de
2007.
44
Tabela 1: Assentamentos rurais criados no Brasil de 1985 a 2008
sultante da espacialização de leis e planos que se materializam a partir através de progra- Fonte: NERA, adaptado
0 364 728 1092
QUILOMETROS
mas e projetos. Podem ser executados por ações da esfera federal e também da estadual,
45
compreendendo ações em parceria, inclusive com outras instituições governamentais ou
não-governamentais. Enquanto forma de ocupação, o assentamento representa um tipo de
espacialização presente no desenvolvimento do país nos últimos trinta anos.
Essas implantações podem ocorrer em áreas que, ou estavam sob domínio do Estado,
46
ou então são constituídas por terras públicas, ou ainda áreas arrecadadas em ações reivin-
dicatórias8 , obtidas por desapropriação ou aquisição federal (ROCHA, 2009). O principal
critério, adotado em São Paulo, para classificar uma área como passível de assentamento é
o não cumprimento de sua função social, conforme estabelecido no Estatuto da Terra, ante-
riormente mencionado.
a. possuir conjunto familiar que aufira renda proveniente de atividade não agrí-
cola inferior a três salários mínimos mensais;
e. não ser proprietário de imóvel rural com área superior a um módulo rural;
i. não estar condenado por sentença final definitiva transitado em julgado com
pena pendente de cumprimento ou não prescrita, salvo se o candidato fizer parte de
programa de recuperação e reeducação social.
O assentamento, enquanto o retrato físico da reforma agrária, tem início com a emis-
são da posse por parte do INCRA, quando recebe a terra legalmente para depois transferir
para as famílias beneficiárias, a fim de que a cultivem e promovam seu desenvolvimento
econômico. As principais funções dos Projetos de Assentamento de Reforma Agrária são:
promover a inclusão social do trabalhador rural e seus familiares; o cumprimento da fun-
ção social da propriedade e garantir a fixação do homem no campo. Sua constituição é
resultante do processo de conquista do território dos assentamentos que, segundo Rocha
(Ibid.), contempla várias datas, desde a ocupação da terra, a obtenção e, por fim, a criação
do assentamento, demonstrando a diferença e a interação entre a luta pela terra e a política
de reforma agrária. As formas de obtenção de terra mais verificadas em São Paulo são: a
compra e a desapropriação (ROCHA, 2009, p. 12).
Durante esse período, o público residente nos assentamentos rurais contou com as
ações do programa de reforma agrária que incluíam recursos específicos para provisão da
moradia. A publicação da norma de execução, NE nº 54 (INCRA, 2009), considera a neces-
sidade de revisão dos valores referentes ao Crédito Instalação, modalidade de aquisição de
material de construção, e aumenta o valor disponível para as famílias construírem suas ca-
É por meio da Portaria nº 406, de 02 de setembro de 2011 (BRASIL, 2011) que são
definidas as diretrizes e as condições operacionais do Programa (PNHR), e definidas as es-
pecificações mínimas. Trata-se de uma política social que cria oportunidade para as famílias
rurais descapitalizadas construírem ou reformarem sua casa.
Ainda que seja restrita, diante das exigências financeiras e da operação dos créditos,
a oportunidade é marcada pela contradição no formato de operacionalização e nas tipo-
logias disponibilizadas para as unidades habitacionais, que indicam características muito
mais urbanas do que rurais. Ainda assim, indica o reconhecimento, por parte da União, do
déficit histórico constituído pela problemática do direito à moradia, seja ela urbana ou rural,
inserida na problemática do direito à propriedade da terra.
O Programa PNHR, criado em 2003, foi composto por três modalidades de contrato 56
com o objetivo atender as famílias com renda entre um e três salários mínimos10:
Essa formatação do Programa funcionou até 2009 quando, pelo Decreto Federal n.
6.819, novas regras foram instituídas. Apresentaram-se, então, mudanças significativas,
principalmente porque o Decreto propõe superar o fator de maior dificuldade de enqua-
dramento para os agricultores com maior vulnerabilidade socioeconômica: a exigência de
10
Definido em R$ 690,00 pela Lei Estadual
contrapartidas financeiras. nº 14.693, de 01.03.2012. 57
O PNHR 2009 prevê que os beneficiários sejam agricultores familiares, enquadra-
dos por grupos conforme renda anual para determinação dos valores liberados e os sub-
sídios. Essa organização segue a mesma do Programa Nacional de Agricultura Familiar
(PRONAF), agilizando processos e aproveitando uma sistemática consolidada. Esse tipo de
proposta foi defendida não só pelas organizações de agricultores familiares, como também
por estudiosos do assunto (SILVESTRO et al., 2001).
Mesmo com a mudança, a proposta não deu conta de atender a demanda que se
manteve reprimida, principalmente pela falta do recurso de contrapartida por parte do be-
neficiário. Apesar disso, ela aponta caminhos para a solução desses limites, na medida em
que amplia a faixa de subsídio, exigindo menos contrapartida das famílias mais vulneráveis
socioeconomicamente. No entanto, esse novo formato ainda não permite avaliações mais
consistentes de sua implementação (ROVER; MUNARINI, 2010).
Vê-se que as primeiras iniciativas de articulação entre atores, setores e ações para a
provisão de moradia rural foram exíguas até a constituição do PNHR, acompanhado do
avanço em outras políticas sociais, como a Política dos Territórios Rurais, que tiveram im-
pacto sobre as regiões predominantemente rurais. Percebe-se que há uma tentativa de avan-
ço na regulamentação de procedimentos e diretrizes que viabilizem a construção de uni-
dades habitacionais no meio rural, mas o caráter emergencial no qual são implementadas
gera roteiros de operacionalização que inviabilizam o alcance de resultados por parte da
iniciativa anterior, gerando um acumulado de experiências inacabadas.
58
Capítulo 2
Ocorrências em SP
2.1 Ações federais e estaduais
É nesse processo que os problemas toma corpo, como por exemplo: morosi-
dade no processo de desapropriação; lentidão das demandas que se dão no
âmbito judicial; demora na demarcação dos lotes, construção das casas; len-
tidão na materialização de outras infraestruturas necessárias; descompasso
no sistema de créditos e fragilidade – quando existem – dos programas de
59
assistência técnica e assistência `a comercialização, o que dificulta efetiva- Tabela 3: Tipos de projetos em SP
mente a construção do assentamento em uma área de produção agropecuá-
PA PE 220
ria (MITIDIERO, 2011). PDS 10
TOTAL 230
Verifica-se que em São Paulo foram implantados, desde 1985, aproximadamente 230
Fonte: elaborado pela autora com base em
assentamentos rurais (ROCHA, 2009), os quais podem ser identificados por sua diretriz de
levantamento de campo, 2013.
projeto, são reconhecidos como: Projeto de Assentamento (PA); Projeto de Desenvolvimen-
to Sustentável (PDS); e Projeto Estadual (PE).
Além dos diferentes programas, existem condições diferenciadas que são determi-
nantes da forma como o projeto vai se materializar. Pode-se dizer que o projeto de vida do
grupo será determinante – individual ou coletivo – da forma do parcelamento. Em suas
considerações sobre a materialização dos assentamentos rurais de reforma agrária no Brasil
Mitidiero afirma que:
Mesmo que as informações sobre a situação socioeconômica dos assenta-
mentos rurais não sejam empolgantes, mesmo que insucessos produtivos
marquem muitos desses assentamentos, é inegável que a sua materialização
em diferentes unidades da federação trouxe impactos territoriais de escala
local e até regional. (MITIDIERO, 2011).
60
Quadro 2: Projetos de assentamentos rural
Obtenção da terra, criação do Projeto e seleção dos beneficiário é de responsabilidade da União através do
INCRA;
Projeto de Aporte de recursos de crédito Apoio a Instalação e de crédito de produção o (PROFNAF A e C) de respon-
A Assentamento sabilidade da União; Infraestrutura básica (estradas de acesso, água e energia elétrica de responsabilidade da
Federal União;
Titulação (Concessão de uso/titulo de propriedade) de responsabilidade da União
Legislação: (INSTRUÇÃO NORMATIVA No. 15, de 30 de março de 2004, art. 3o)
Modalidade de projeto criada para o desenvolvimento de atividades ambientalmente diferenciadas, desti-
nado `as populações que baseiam sua subsistência no extrativismo, na agricultura familiar e em outras ativi-
dades de baixo impacto ambiental;
Projeto de Obtenção da terra, criação do Projeto e seleção dos beneficiário é de responsabilidade da União através do
Desenvolvim- INCRA;
B
ento Susten- Aporte de recursos de crédito Apoio a Instalação e de crédito de produção (PROFNAF A) de responsabili-
tável dade da União;
Infraestrutura básica (estradas de acesso, água e energia elétrica de responsabilidade da União; Não há indi-
vidualização das parcelas (Titulação coletiva - fração ideal) e a titulação é de responsabilidade da União;
Legislação: Portaria/INCRA/PNo.477, de 4 de novembro de 1999.
Obtenção da terra, criação do Projeto e seleção dos beneficiário é de responsabilidade das Unidades Federa-
tivs; Aporte de recursos de crédito e infraestrutura de responsabilidade das Unidades Federativas segundo
seus programas fundiários;
Projeto de Há a possibilidade de participação da União no aporte de recursos relativos a obtenção de terras, Crédito
Assentamento Apoio a Instalação e produção (PRONAF A) mediante convênio;
C
Estadual Há a possibilidade de participação da União no aporte de recursos relativos `a infraestrutura básica;
O INCRA reconhece os Projetos Estaduais como Projetos de Reforma Agrária viabilizando o acesso dos ben-
eficiários aos direitos básicos estabelecidos no Programa de reforma Agrária. Titulação de responsabilidade
das Unidades Federativas.
Legislação: NORMA DE EXECUÇÃO INCRA No 37, de 30 de março 2004.
O PDS é um programa que se diferencia por ser concretizado a partir de um projeto comum
às famílias, adequado às condições locais. De acordo com o levantamento no INCRA de São
Paulo9, esse tipo de projeto passa a fazer parte do meio rural paulista, a partir de 2010, como
alternativa para tentar evitar os problemas verificados nos programas tradicionais - princi-
palmente a venda de lotes - que fragilizam a área recém reformada.
62
Projeto de Assentamento
Federal - PA
Projeto de Assentamento
Estadual - PE
Projeto de Desenvolvimento
Sustentável - PDS
Conhecida como terra do nelore devido à forte presença do que se denominou capital
pecuário, a região do Pontal do Paranapanema é marcada por uma situação de indefinição Fonte: elaborado pela autora com base no
da estrutura fundiária, pois ainda tem ações discriminatórias em andamento na justiça pau- levantamento no INCRA e no ITESP, 2013.
Euclides da Cunha
Paulista Teodoro Sampaio 0 22 44 66
Nantes
QUILOMETROS
Iepê
Junto ao Pontal está a região de Andradina, que inclui Araçatuba, caracterizada pela
forte presença dos assentamentos federais, também reconhecida pela atuação dos movi-
mentos sociais e concentração de assentamentos rurais. Em 2003, no início da expansão da
cana de açúcar, a região contava com doze assentamentos. Entre 2003 e 2010 foram criados
outras 30 implantações gerando um acréscimo considerável de área parcelada (crescimento
de 43%) e de famílias beneficiadas (2.699). Apesar desse aumento maior do que em qualquer
outra região do Estado ainda é evidente a força que a iniciativa pública disponibiliza ao
agronegócio canavieiro.
A partir de 2003, uma nova condição se coloca para a organização dos projetos de
assentamento rural. As associações estaduais de cooperativas agrícolas, responsáveis pela
representação jurídica das instâncias estaduais do MST, passam a ser consideradas entida-
des prioritárias na contratação para elaboração dos Planos de Desenvolvimento de Assen-
tamento – PDA –, item fundamental para viabilizar diferentes padrões de parcelamento
66
e uso do solo de um projeto de assentamento, e etapa de planejamento, organização dos
assentamentos e respectivos créditos. Previsto em âmbito nacional como uma das etapas
para a criação do projeto de assentamento, o PDA deveria ter sido implementado a partir de
convênios entre as entidades representativas e o INCRA, os dirigentes estaduais. Por isso,
os diferentes estados registram experiências diferenciadas.
O parcelamento dos lotes no projeto de assentamento rural segue o formato dos lo-
teamentos urbanos, diferenciados no tipo de uso da terra, infraestrutura disponibilizada e
atividades desenvolvidas: o parcelamento parte da estrutura viária – existente ou proposta -
para a divisão dos lotes. Os assentamentos rurais são implantados em fazendas que podem
ter sido áreas de produção extensiva ou hortos florestais, variáveis que podem interferir no
processo de implantação e fixação das famílias que viverão da agricultura familiar. De outro
lado, assim como num loteamento urbano, o traçado da área segue a lógica de lotes retan-
gulares organizados ao longo de vias já existentes, articuladas com as vias propostas. São
previstos, no projeto, outros usos para atender a legislação vigente, principalmente no que
se refere à proteção de nascentes e corpos d´água. Esse tipo de parcelamento se reproduz
nas diferentes regiões do estado, variando basicamente o tamanho do módulo que define o
lote.
67
2.1.1 Projetos de Assentamento Federal – PA
A lei prevê que a reforma agrária seja realizada a partir de planos periódicos nas diferentes
escalas – nacional, estadual e municipal - e que sejam estabelecidos prazos e objetivos de-
terminados. Isto, porém, não é o que se observa. Desde a definição da lei foram realizados
apenas os dois Planos Nacionais de Reforma Agrária: o I PNRA de1985, que ficou distante
das metas estabelecidas, e o II PNRA de 2003, que também estabeleceu metas que não fo-
ram cumpridas. Na escala estadual, o processo de arrecadação de terras devolutas diminuiu
com o passar dos anos, pois a política de incentivo esteve voltada às produções de monocul-
tura extensiva mecanizada ficando quase nula a política agrária no estado.
Nas duas instâncias, federal e estadual, as instituições responsáveis pela criação dos 13
Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964 - regula os
assentamentos passaram por processos de desmonte e, em alguns momentos, de retomada direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis
rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e
das equipes técnicas. Esses movimentos, gerados por mudanças de governo, prejudicaram promoção da Política Agrícola.
69
a continuidade dos trabalhos realizados e refletiram diretamente na qualidade do ambiente
construído dos assentamentos rurais. A implantação de assentamentos rurais por parte do
INCRA está incluída no programa de reforma agrária, estabelecido em leis, decretos e nor-
mas de execução (NE), que definem critérios referentes ao acesso e à posse da terra.
34 1999 Implantação de Projetos de Assentamento em terras obtidas pelo Programa de Reforma Agrária e dá outras providências.
Fixa normas para a implementação do Programa Nacional de Reforma Agrária, abrangendo as ações de assentamento de
41 2000
trabalhadores rurais e a atividade complementar de regularização fundiária.
15 2004 Dispõe sobre o processo de implantação e desenvolvimento de projetos de assentamento de reforma agrária.
45 2005 Dispõe sobre procedimentos para seleção de candidatos ao Programa Nacional de Reforma Agrária.
69 2008 Dispõe sobre o processo de criação e o reconhecimento de projetos de assentamento de Reforma Agrária.
1) Liberação da área juridicamente – isso significa que o domínio e a posse estão em nome 71
do INCRA;
3) Licenciamento ambiental – por ser um processo lento, é emitida pelo órgão responsável
uma licença provisória (LP);
4) Mesa de seleção – é uma pré-seleção e esses beneficiários devem passar por entrevistas
sobre as perspectivas da vida no assentamento. São verificados, principalmente, objeti-
vos de produção e características da família/perfil;
77
Legenda
Área Comercial
Área Coletiva
Área Coleti/Comercial
Reservas Legais a serem
Recuperadas
Reservas Legais - SAFs
Reservas Existentes
APP
Várzea
Rios e córregos
Linhões
QUILOMETROS
Nos cadernos estão contidas as diretrizes que devem ser consideradas para a ela-
boração de um projeto de assentamento estadual entre outras informações relevantes ao 80
desenvolvimento agrário do estado. O projeto físico do assentamento se constrói em áreas
de domínio público estadual, são terras públicas, áreas arrecadadas em ações reivindica-
tórias, áreas obtidas por desapropriação ou aquisição federal. O objetivo da publicação foi
estabelecer bases técnicas e diretrizes econômicas que pudessem orientar a subsistência e o
desenvolvimento dos trabalhadores rurais, através do acesso à terra, meios de produção e
habitação.
para o desenho do futuro loteamento. Diferentemente do que acontece no ambiente urbano, Fonte: elaboração própria com base em
as características de cada lote em um assentamento rural podem variar de acordo com a pre- levantamento de campo, 2013.
sença de água, pedras, terras boa ou ruim, morro, baixada, estradas, sedes ou equipamentos
de transformação de insumos agrícolas
15
No assentamento rural as vias considera-
Os lotes dos assentamentos no estado de São Paulo têm em média de 10 a 12 hec- das de acesso/principal tem 12m de largura
tares. As distâncias a serem percorridas compreendem a escala do automóvel. A escala do e as vias secundária/de acesso ao lote 8m. 85
pedestre fica comprometida na dimensão do assentamento. A distância entre as moradias,
resultante dessa forma de ocupação não só diminui a convivência das pessoas refletindo na
organização social do grupo de famílias, como também dificulta o acompanhamento dos
programas de provisão via política pública. A forma dispersa de organizar a moradia no
lote, e a distância entre cada uma, encarece a provisão de infraestrutura como água, luz e es-
tradas. Dependendo do tamanho da fazenda, às vezes é necessário dividir a área destinada
ao uso coletivo em outras menores distribuídas no interior do assentamento.
86
Legenda
Vias
Curva de nível
Divisa de lotes
Reservas Legais a serem
Recuperadas
Reservas Existentes
APP
Rios e córegos
Rede de Alta Tenção
QUILOMETROS
1
1
Figura 5: Projeto de Assentamento – PA Horto Aimorés: xadrez/espinha. Fonte: INCRA 87
2.2.2 Agrovila
89
Legenda
Perimetro Sumaré 1
Sumaré 2:
Perimetro Gleba A
Perimetro Gleba B
Perimetro Gleba C
Perimetro Gleba D
Vias
Área desapropriada pela
PM Sumaré.
Área de preservação
Permanente
Reservatório córrego
Hortolândia
QUILOMETROS
CESP
Assentamento
Santa Cruz da Alcidia 0 0.5 1 1.5
QUILOMETROS
Tendo sido a maioria dos projetos sido implantados a partir de ações federais as im-
plantações seguem o padrão xadrez de parcelamento do solo. Podem ser verificadas outras
experiências, as primeiras agrovilas, as rodas de carroça e os assentamentos que são proje-
tados pelo programa que considera como premissa de projeto um desenvolvimento que se
organiza a partir das características físicas e ambientais da área a ser ocupada.
94
Capítulo 3
Condicionantes do Ambiente Construído
O assentamento na sua constituição formal – processo de criação – não pode ser en-
tendido ou considerado como um bairro, uma vez que este é definido como organização
coletiva de trajetórias individuais; ou seja, no bairro, os “lugares” atendem as necessidades
cotidianas. No assentamento, ainda que este resulte de uma organização coletiva de traje-
tórias individuais, os lugares que se constituem na sua implantação, não atendem, neces-
sariamente, as necessidades cotidianas. A ausência de escolas, postos de saúde e oferta de
pequenos serviços são comuns nos assentamentos paulistas, e indicam o não atendimento
dessas funções. Além disso, a escala do assentamento é diferente daquela observada nos
bairros urbanos, principalmente no que se refere à densidade habitacional, densidade cons-
truída e infraestrutura instalada.
3. 2 Escalas de Abordagem
3. MICRO: analisa o perfil das famílias, a variação do tamanho dos lotes, as propostas
de uso do solo e a relação com o meio ambiente.
99
Tabela 5: Indicadores e variáveis para análise da criação e implantação do assentamento rural
Tendo sido criado em 1998, o assentamento Zumbi dos Palmares teve suas premissas
de parcelamento apoiadas nas diretrizes do I PNRA. Inscrito na zona rural do município de
Iaras teve sua evolução atrelada a um processo de retomada do controle fundiário a partir
da obtenção de terras por meio de desapropriações. Durante os 15 anos que se seguiram à
implantação, a capacidade do assentamento foi revisada mais de sete vezes. O resultado
desse processo, por parte do INCRA, naquela região foi iniciado posteriormente ao reconhe-
cimento de Iaras como município, cuja evolução esteve condicionada à evolução urbana de
uma das áreas ocupadas no parcelamento do Núcleo Colonial Monções.
Os lotes agrícolas das partes norte e sul foram vendidos. Entretanto a parte de terras
referentes à Fazenda Capivara, localizada entre os dois parcelamentos, foi mantida como
propriedade da União, sem uso definido, sem ocupação e, consequentemente, sem a fis-
calização do Estado. No início da década de 1960, o distrito de Iaras recebe autonomia po-
lítico-administrativa. Nessa época, o então presidente declarou a intensão de transferir as
propriedades de suas terras para o Estado de São Paulo. Mesmo sem a documentação de
transferência, o Instituto Florestal de São Paulo ocupou, com a implantação de um horto
florestal, uma área remanescente do perímetro do Núcleo.
Em São Paulo, o Assentamento Zumbi dos Palmares (AZUP) é um dos reflexos desse
nó. Foi criado institucionalmente, em 1998, quando as terras da Fazenda Capivara foram
destinadas ao assentamento de famílias sem-terra, beneficiárias do I PNRA.
Iaras
Botucatu
Avaré
0 9.5 19 28.5
QUILOMETROS
Figura 8: Fazendas adquiridas que constituíram o Núcleo Colonial Monções na região de Iaras. Fonte: elaborado pela autora,
IBGE/INCRA, 2013.
104
diferentes momentos de alteração nas variáveis das condicionantes desse ambiente social-
mente construído.
105
Na história de Iaras, além do AZUP, há o registro de outra fo dar uso às terras re-
manescentes, implantou o Patronato Agrícola de Monção, “que visava abrigar menores
abandonados provenientes do Rio de Janeiro e criar possibilidades de se explorar terras
remanescentes da antiga fazenda” (SEADE, 2013, p.1). No entanto, não foram encontrados
registros sobre área ocupada.
Pode-se dizer que o aumento populacional observado entre os anos de 2000 e 2010
é resultante da inserção de mais famílias no assentamento Zumbi dos Palmares desde sua
criação em 1998.
106
BAURU Legenda
Municipio de Iaras
Rod. Marechal Rondom Parcelamento Núcleo
SP 300 Colonial Monções
Piratininga Projeto de assentamento
Zumbi dos Palmares
Região central
BR 369 Agudos Vias
SP 225 Rios e córregos
Borebi
Lençóis Paulista
SP 280
SP 255
0 4 8 12
Rod. Castelo Branco Botucatu
Iaras BR374 QUILOMETROS
Figura 9: Ocupação Norte e Sul do Núcleo Colonial Monções na região de Iaras. Indicação da Fazenda Fonte: elaborado pela autora,
Capivara onde foi criado o assentamento Zumbi dos Palmares. IBGE/INRCRA, 2013.
107
Ainda que na definição do SEADE o grau de urbanização19 da cidade seja de 44,50%, Tabela 6: Iaras - população e
em 2010, ele fica 51,44 pontos abaixo da taxa estadual (95,94%), e 40,58 pontos abaixo de sua município
região administrativa (85,08%), que inclui Avaré, o que indica que a maioria da população
População/ano
reside no zona rural. Considerando-se ainda, que a população no assentamento ultrapassa 2013 7.431
a faixa de mil habitantes20, pode-se classificar o município de Iaras como de população pre- 2010 6.376
dominantemente rural, que se desenvolveu no contexto da agricultura familiar de assen- 2007 4.777
tamento rural. A tabela 6 apresenta população rural de Iaras por faixa etária, a maioria da 2000 3.054
1996 2.162
população rural está entre os 15 e 49 anos, seguido da população infantil.
Características do Município
A famílias que vivem no AZUP representam cerca de 42% da população rural total Área da unidade territo-
401,307
rial (k m2 )
do município. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município passou de 0,742, Densidade demográfica
15,89
ficando pouco abaixo do IDH estadual, que ficou em 0,814, para 0,674, em 2010 segundo o (hab/km2 )
IBGE de 2010. A Fundação SEADE que calcula o Índice Paulista de Responsabilidade Social Bioma Cerrado
(IPRS) nas dimensões de “Riqueza, Longevidade e Escolaridade” coloca o município no Fonte: IBGE, 2013 adaptado.
grupo 4 – municípios mais desfavorecidos - tanto em riqueza como nos indicadores sociais.
Ou seja, em comparação com o Estado, os índices de riqueza, longevidade e escolaridade
estão abaixo da média. Isto indica que o município de Iaras possui poucos investimentos
nas as áreas da saúde e da educação dos seus habitantes, o que se reflete no assentamento
que, até 2013, não tinha escola para atender a população residente.
0 a 4 anos 153
5 a 9 anos 166
10 a 14 anos 198
15 a 19 anos 435
20 a 24 anos 240
25 a 29 anos 279
2 30 a 39 anos 748
40 a 49 anos 632
50 a 59 anos 410
60 a 69 anos 185
70 anos ou 93
mais
Total 3.539
1
Fonte: IBGE, 2013 adaptado.
QUILOMETROS
Figura 10: Vista da cidade de Iaras. Fonte: Google earth, 2014 109
Fomento, um investimento no valor de R$ 2.400,00 para estruturação da produção do lote,
gerando um total de R$ 408.000,00, que foram gastos no comercio local.
O AZUP foi criado pela portaria INCRA/SR (08) /nº055 de 16 de setembro de 1998
em uma parte das terras da Fazenda Capivara – remanescente do NCM - , com previsão de
criação de 71 unidades agrícolas familiares, no entanto verifica-se no cadastro do Sistema de
Informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA) , que em 1998, foram inscritas 65 famí-
lias, no entanto, foram parcelados 54 lotes. Destaca-se que no registro oficial são apontados
casos de desistência, expulsão ou transferência para outro assentamento no mesmo período.
A figura 11 é o parcelamento do AZUP com destaque para a área na qual foram as-
sentadas as primeiras famílias em 1998.
19
Em 2003, os 70% restantes da Fazenda Capivara foram incorporadas ao assentamento. Para o IBGE a taxa de urbanização é a per-
centagem da população da área urbana em
A Tutela Complementar (TC) publicada gerou o parcelamento de outras unidades agrícolas
relação à população total.
20
passíveis de ocupação no assentamento, aumentando a capacidade de famílias assentadas Estima-se que as famílias de trabalha-
dores rurais têm em média quatro pessoas.
e da área ocupada. Em 2005, acordos judiciais do INCRA possibilitaram o assentamento de
Multiplicando pelo total de lotes ocupados
mais 172 famílias. no AZUP, tem-se um aproximadamente 1500
pessoas.
110
A incorporação da relação nominal destes novos beneficiários
Legenda
no SIPRA totalizam 226 unidades agrícolas em 2.370 hectares de pro-
Perimetro
dução, e mais 55 hectares em uma área destinada ao uso institucional Implantação 1998
Limites dos Lotes
para implantação da escola primária, de um posto de saúde, de uma
Rios e córegos
área e esportiva cultural. Ainda que não tinham sido implantadas na Vias
Rodovias principais
época da criação constam no projeto de parcelamento como definição
de uso do solo.
Depois da entrada no lote, ainda com barracos de lona, as famílias dão início a uma
nova fase: a vida no assentamento. Os primeiros recursos disponíveis são para organização
114
Legenda
Perimetro
Áreas Comuni-
tárias
Área Institucio-
nal
Implantação
2003
Implantação
2005
Implantação
2008
Limites dos
Lotes
Reserva Legal
Reservas
Existentes
APP
Rios e córegos
Vias
Rodovias
principais
0 1 2 3
QUILOMETROS
Figura 12: Destaque da área ocupada com o parcelamento 2003, 2005 e 2008 Fonte: elaborado pela autora, 2013. 115
Legenda
Perimetro
Áreas Comunitárias
Área Institucional
Implantação 2012
Implantação 2013
Limites dos Lotes
Reserva Legal
Reservas Existentes
APP
Rios e córegos
Vias
Rodovias principais
0 1 2 3
QUILOMETROS
Figura 13: Destaque da área ocupada com o parcelamento 2012 e 2013 Fonte: elaborado pela autora, 2013. 116
do lote e início de plantio. Foi em 2006 que as famílias puderam cons- Legenda
truir ou reformar suas casas com os recursos disponíveis do Programa Perimetro
de Moradia Rural , tomado como referência neste capítulo para des- Implantação 1998
Implantação 2003
crever como tem sido construído o ambiente no assentamento. Áreas Comunitárias
Área Institucional
Implantado nos assentamentos federais no Estado de São Pau- Implantação 2005
Implantação 2008
lo, a partir de 2006, o programa piloto foi organizado para promover Implantação 2012
a construção de casas nos assentamentos paulistas. Objeto do acordo Implantação 2013
Limites dos lotes
de cooperação e parceria entre o INCRA - através da Superintendência Reservas Legal 01
Regional de São Paulo SR (08)21 - e a Caixa Econômica Federal (CEF), o Reservas Existentes
APP
acordo foi firmado com o objetivo de apoiar a “viabilização de mora- Rios e córegos
dia digna para os assentados beneficiados pelo Programa de Crédito Vias
Rodovias principais
Instalação do Ministério de Reforma Agrária do Estado de São Paulo”
(INCRA SR08, 2007. p. 3). Esse acordo estava inserido no âmbito da
resolução 460/200622 do Conselho Curador do Fundo de garantia por
Tempo de Serviço (CC FGCTS).
Em visita realizada em abril de 2012 ao ITESP, a responsável pelo desenho dos as-
sentamentos aponta como fator de maior preocupação a evasão dos jovens, observada por
técnicos de campo. A razão deste movimento se justifica pelo acesso aos programas de
transferência direta de renda do Governo Federal e pelas dificuldades enfrentadas pela fa-
mília durante o processo de assentamento. O tema da juventude rural, aparece como tema
de destaque no texto de acompanhamento e análise do desenvolvimento rural, realizado
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em março de 2008, e confirma a ob-
servação dos técnicos sobre a evasão de jovens:
Por isso, a transferência de jovens para as cidades, mais do que parte do
movimento demográfico geral do processo de urbanização das sociedades
industrializadas contemporâneas, tem sido vista como um problema, na me-
dida em que não só contribui para o “esvaziamento” do campo, mas tam-
bém pressagia o fim do mundo rural. (IPEA, 2008).
Quanto à organização das áreas internas das habitações rurais, a cozinha aparece
considerada como convencional, no interior da casa, podendo ser integrada à sala, conhe-
cida como “cozinha americana”. Isso pode ser indicativo da influencia de hábitos urbanos,
pois a chamada “cozinha caipira”, tradicional das moradias rurais é externa e com fogão a
lenha nos fundos da casa.
No que se refere à avaliação das habitações, o Censo não qualifica nem as condições
das moradias, nem a infraestrutura habitacional. Os aspectos referentes às técnicas constru-
tivas apontam um quadro geral do país: indicam que, na região Sul, as casas em madeira são
123
predominantes, enquanto no sudeste a opção por alvenaria alcança quase 30% das unidades
verificadas em 1997. Nota-se que o período do censo é anterior às políticas de habitação
voltadas para o meio rural. A porcentagem baixa do indicador da condição de sua casa,
associada à avaliação feita pelo morador, aponta um dado importante: 38,1% consideram a
casa regular e 25% reconhecem as condições precárias em que vivem, sugerindo, assim, um
alto potencial de demanda habitacional nos assentamentos.
Em São Paulo, os dados indicam um alto índice de coabitação familiar no meio rural:
de um total de mais de 380 mil casas coabitadas24, quase 18 mil são rurais. Os dados da Fun-
dação João Pinheiro - FJP sobre a inadequação da condição da moradia também indicam a
demanda por ações focadas não só na regularização fundiária, mas também em novas mo-
radias e construções mais adequadas, a fim de suprir a carência de infraestrutura (serviços
básicos).
24
Quando residem na mesma unidade hab-
itacional mais de um núcleo familiar. 124
Capítulo 4
O ambiente construído no Zumbi dos Palmares
25
Neste capítulo, o assentamento será observado considerando os indicadores e as va- Paisagem é entendida aqui como o re-
sultado da materialização de relações soci-
riáveis organizados nas escalas de abordagem para analisar a resultante do ambiente que
ais. Acredita-se, assim como Berque, que os
se constrói com a ocupação dos lotes e o acesso aos recursos disponíveis para instalação da valores de paisagem mudam com o tempo
e com a cultura. A paisagem é algo criado e
família.
não dado – as relações sociais é que tecem a
paisagem. É o modo de relação com o ambi-
A paisagem25 que se verifica quando se percorre o interior do Estado é uma extensa ente. Para o autor, a intencionalidade consti-
tui uma paisagem. (BERQUE, 1994) 126
zona rural ocupada por grandes propriedades, monoculturas que variam conforme a re-
gião. Nas proximidades de perímetros urbanos, nota-se a presença mais frequente de lote-
amentos fechados destinados a moradias de alto e médio padrão, indicando certa variação
no uso do solo, no qual os assentamentos rurais aparecem em menor proporção. Por não
constarem no planejamento municipal e pela falta de articulação entre as esferas estadual e
federal, os assentamentos rurais aparecem como fragmentos que compõe o meio rural pau-
lista desde 1985.
[...]a necessidade de executar obras de infraestrutura adaptadas às necessi-
dades locais, a participação das prefeituras municipais e dos governos estad-
uais aparece como crucial: não se pode pensar em reforma agrária como uma
instância de política unicamente federal. (GUANZIROLI apud MARTINS,
2010)
Localizados entre grandes propriedades, podem estar mais próximos das áreas urba-
nas do que das áreas rurais, como é o caso do assentamento Fazenda Guarani, localizado no
município de Sandovalina, região do Pontal do Paranapanema. A situação que se verifica é
que o perímetro urbano do município está cercado por lotes do assentamento.
Foi a partir dos anos 1990 que teve início a diversificação do uso do solo na interfa-
ce rural-urbana das grandes cidades. A continuidade do crescimento estendida às cidades
medias, em pouco tempo alcançou as pequenas, como Águas de Santa Bárbara na região
central do Estado, implicando expansão da fronteira urbana sobre o rural.
O assentamento Zumbi dos Palmares está inserido na região central do Estado, for-
mada pelos municípios de Iaras, Araraquara, Colômbia, Descalvado, Ribeirão Preto, São
Carlos e Piratininga, caracterizada pelo dinamismo do agronegócio e pela presença de em-
presas sucroalcooleiras e madeireiras. Em suas notas metodológicas, a pesquisa INCRA/
UNIARA (2012), divide a grande região em microrregiões e caracteriza a região de Iaras,
Ribeirão Preto e Piratininga pela presença do MST.
Gália Bauru
Piratininga
Agudos
Borebi
Lençóis Paulista 181 km
Piracicaba
Águas de
267 km
Sta. Barbara Botucatu
Iaras Campinas
m
0k
10
Avaré
204
km
275 k
m
Sorocaba
São Paulo
0 29 58 87
QUILOMETROS
O percurso do assentamento até a cidade, de carro, demora cerca de trinta e cinco mi-
nutos quando as estradas estão em boas condições, a pé o percurso dura cerca de três horas.
Os vizinhos da parte sul do assentamento são as terras da fazenda Capão Rico (União)
pertencente ao conjunto de fazendas do NCM; do lado oeste estão as terras da fazenda Pom-
peu que são de propriedade particular; a noroeste estão as terras da fazenda São Domingos
do Tupã; quase no extremo norte da área ocupada pelo assentamento, estão as terras da fa-
zenda Tangará II e da Santa Lucia, as duas de propriedade privada. Essas são produtoras de
cana, laranja e criam gado; outras, são áreas ocupadas por pequenos agricultores familiares,
sítios e chácaras que as famílias da região mantêm para o lazer ou cultivo de alimentos.
No extremo norte do Zumbi dos Palmares estão as terras da fazenda Turvinho, per-
tencentes à União por serem remanescentes do NCM, incorporadas ao patrimônio da União 133
em 1909, em uma disputa registradas nos autos de execução de sentença entre a Cia. Colo-
nial São Paulo-Paraná e a Secretaria da Fazenda Nacional em disputa na justiça federal de
São Paulo.
De acordo com a pesquisa de ROMANO (2009), em 1996 uma parte das fazendas do
NCM estava ocupada por pinus do Instituto Florestal27; o restante estava arrendado para
grupos privados como a Eucatex e a Duratex, também para o plantio de pinus. Nessa épo-
ca, esses grupos controlavam cerca de 60% das áreas do NCM, com a prática da exploração
florestal. De acordo com o autor, os outros 40% estavam sob domínio de políticos da região
que utilizam a terra para a exploração agropecuária e florestal. Na figura 20 o assentamento
e a cidade de Iaras.
Localizada na parte norte do NCM, fronteira com a fazenda capivara a Fazenda Tur-
vinho é um exemplo dos conflitos gerados pela falta de controle fundiário por parte do
Estado nos limites do assentamento Zumbi dos Palmares. No estudo da cadeia sucessória
dominial dos imóveis rurais realizado pelo INCRA em 1994, foi identificado um conflito
entre os limites de uma área de terra pública com uma área de terras privadas. A área total
em questão, formada por dois imóveis escriturados com o mesmo nome – Turvinho –, é
formada por uma propriedade da UNIÃO, remanescente do NCM e por outra, de proprie-
dade particular da família Pinheiro Machado. Uma área da primeira fazenda, sofreu ação
de usucapião em 1983. Entretanto, a imprecisão na descrição do imóvel gerou uma série de
conflitos que foram identificados com a sobreposição dos descritos nos registros.
Atualmente a área é ocupada pela empresa Sucocítrico Cutrale, conhecida pela ex-
27
Em 1961, o governo estadual passou a uti-
tensa produção de laranja, que depois de processada, é importada. É por conta de uma su-
lizar uma área de 29 mil hectares para fins
cessão de transcrições imprecisas que em 2005, quando a empresa entrou com o pedido de de reflorestamento. (TEIXEIRA, 1996 apud
MATINS, 2010). 134
certificação de matrícula junto ao INCRA, que foi possível atestar a existência de quase 368
hectares a mais do que a somatória das áreas adquiridas na compra. A notícia veiculada no
site do INCRA, em 2013, faz referencia à decisão judicial em relação as terras:
A 1ª Vara Federal de Ourinhos bloqueou, no dia 10 de julho, a matrícula da
Fazenda Santo Henrique, ocupada pela Sucocítrico Cutrale Ltda., no mu-
nicípio de Borebi (SP)....defende ser a Fazenda Santo Henrique uma área
pública, remanescente do antigo Núcleo Colonial Monção, ocupada irregu-
larmente ao longo do tempo... A Fazenda Santo Henrique integrava o Nú-
cleo Colonial Monção, projeto de colonização do governo federal iniciado
em 1910 para imigrantes de várias nacionalidades. No total, essas fazendas
somavam aproximadamente 40 mil hectares, abrangendo os municípios
de Agudos, Lençóis Paulista, Borebi, Iaras e Águas de Santa Bárbara. (IN-
CRA,2013).
Esse excesso de área encontrado, se sobreposto às áreas públicas, sem a devida ti-
tulação, indica que a fazenda Santo Henrique está inserida na área da fazenda Turvinho,
ou seja, a área ocupada pela empresa é de propriedade da União. Neste estudo da origem
dominial, o INCRA demonstra a importância em se reconhecerem as áreas remanescentes
para que se tenha um controle fundiário mais efetivo, e quem sabe, torna-las disponíveis
para o assentamento de mais famílias.
Localizados ao norte do assentamento Zumbi dos Palmares, foram criados pelo IN-
CRA, outros dois assentamentos, implantados com as diretrizes do II PNRA. O primeiro
está localizado em Agudos, nas terras da Fazenda Maracy. Tem aproximadamente mil hec-
tares, foi criado em 2007, após ter sido considerada área improdutiva, tornando-se apta ao
processo de desapropriação. A criação do projeto na Maracy assentou 48 famílias que tra-
balham predominantemente com a pecuária.
Na divisa entre Agudos e Borebi, o assentamento Loiva Lurdes foi criado em 2009
numa área de aproximadamente 950 hectares, ocupa um lugar que é resultante da somatória
de duas áreas. Uma parte das terras é remanescente do NCM, assim como a área ocupada
pelo Zumbi dos Palmares. A outra parte era de propriedade da empresa de papel e celulose
LWARCEL, tendo sido, obtida através do acordo com o INCRA. Nele foram assentadas 50
famílias.
136
4.2 Escala Média: a cidade e o assentamento Legenda
Perimetro
Áreas Comunitárias
Área Institucional
O assentamento Zumbi dos Palmares é o maior assentamento Limites dos Lotes
Reservas Legal 01
da região de Iaras, ocupando uma área total de 7.766,3245 hectares. Na Reservas Existentes
cidade, a praça Monções é ponto de encontro dos moradores; é o cen- APP
Rios e córegos
tro da pequena cidade, organiza o traçado das quadras. Funcionando Vias
como rotatória, é onde está o comércio e os principais serviços que Rodovias principais
0 1 2 3
QUILOMETROS
Em São Paulo, além do PAA, existem outros dois programas destinados à aquisição
da produção específica dos assentamentos. O governo do Estado, via ITESP, disponibiliza
o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS), o qual disponibiliza R$ 20
mil/ano/beneficiário e o Programa Nacional de Alimentação Escolar28 (PNAE) que adquire
a produção no valor de até R$ 12 mil/ano.
No assentamento Zumbi dos Palmares não há uma forma de comercializa-
ção da produção que se destaque, as famílias utilizam diferentes canais, en-
tretanto, mesmo não sendo frequente, pelo menos periodicamente vão às
cidades e vendem aos supermercados. Alguns produtores vendem café,
leite, etc. à pequenas empresas que vão ao assentamento buscar a produção,
entretanto é um numero pequeno de produtores. (ROMANO, 2009 p.18).
Dona Neuza tem uma horta de 50m², uma parte de pasto, outra de eucalipto, um
pomar, e vende a sua produção através do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA.
Recebe até R$ 4.200,00/ano. Caso tenha produzido mais do que isso deve recorrer à outra
forma de escoamento.
Nos relatos são apontados casos de consumo de drogas, principalmente pelas pesso-
as que vem de fora, que compram lote de forma irregular.
Durante o trabalho de campo, pôde-se notar que, nos lotes, há sempre: uma área de
146
pasto, e uma horta na qual as famílias produzem para o consumo próprio. Em diferentes
conversas com assentados, quando o assunto abordado era a produção em grupo por meio
das associações e cooperativas, foi relatado que alguns beneficiários tiveram essa experiên-
cia marcada por duas situações críticas. Nos dois casos, os problemas estavam relacionados
ao uso de recursos acessados sem autorização do associado, o que acarretou em dívidas e
prejuízos para muitas famílias e fragilizando a organização social.
A cooperativa era presidida por um líder do MST que morava no assentamento. En-
quanto ele viveu ali, pôde manter certo controle sobre as famílias que viviam no assenta-
mento. Sua presença evitava a entrada de pessoas irregulares, a venda e a compra de lotes
abandonados.
Cerca de 70% do pessoal que mora no assentamento trabalha fora, pois não consegue
viver do lote. Passam no assentamento cinco ônibus para levar os trabalhadores à fazenda
da Cutrale. Há também aqueles que vão para as fazendas vizinhas, para as granjas, ou para
as cidades vizinhas trabalhar como pedreiro. Estes chegam a ganhar de R$800 a R$900/mês
com registro na carteira. No geral, o assentamento produz mandioca/gado/leite/chuchu/
pouco milho.
Os sistemas de produção nos Projetos de Assentamento são muito semel-
hantes aos da agricultura familiar. É claro que não são todos os assentados
que conseguem rapidamente crescer na terra, e alguns até desistem de suas
áreas. Isto ocorre por falhas na seleção dos beneficiários (sem perfil e/ou
aptidão agrícola) ou na escolha das terras onde se implantarão os Projetos
de Assentamento (pouca fertilidade, estrutura do solo, dificuldade de es-
coamento de produção, etc.(GUANZIROLI apud MARTINS, 2010).
No meio rural, pode-se dizer que o uso da habitação transcende os limites da “casa”.
É mais pertinente concebe-la em relação ao uso da área na qual está inserida. Assim como
PERES (2003), considera-se que a habitação é o reflexo do modo de vida da população, sua
implantação, sua forma, seus materiais bem como a distribuição dos ambientes além de
considerar a composição da família e o tipo de trabalho que desempenham.
Para ilustrar o percurso desde a entrada na luta pela terra citamos um exemplo a
seguir:
Na casa há uma televisão, uma geladeira com quase vinte anos, um fogão a gás e
outro à lenha, um chuveiro elétrico no único banheiro da casa. Segundo ela, uma minoria
dos moradores do assentamento tem carro. A casa tem em torno de 42m2, e uma parte que
está sendo ampliada. Tendo sido beneficiária do PMR, dona Neuza conta sua experiência,
relatando dificuldades desde o projeto até a compra dos materiais. Os 40 sacos de cimento
que dariam para construir a casa inteira foram entregues de uma vez, mas a entrega dos ti-
jolos foi feita em duas etapas. A falta de lugar para estocar o cimento, e a demora na entrega
151
dos tijolos da segunda etapa inviabilizaram a conclusão da casa; ela perdeu mais da metade
dos sacos de cimento. Outro problema que enfrentou foi, que no lugar do vaso com caixa
acoplada especificada no projeto, ela instalou uma válvula hidra. A equipe de engenharia
da CEF que fez a vistoria não aprovou a instalação, bloqueando o seu contrato, uma vez que
a casa deveria seguir o projeto aprovado. Por essas e outras razões, até hoje, nenhum bene-
ficiário que contratou esse programa recebeu os recursos para adquirir os materiais para a
última etapa, que inclui reboco externo e fossa séptica.
Para ela, viver no assentamento é uma guerra inglória, porque luta e sabe que não
vai ter nada. Por isso, receber um valor por pessoa como o Bolsa Família ajuda a renda das
famílias com R$70,00/pessoa. No assentamento não há correio e a conta de luz não chega; o
assentado tem de ir ao escritório do INCRA em Iaras para pegar a conta e pagá-la no caixa
do banco. O caminhão também não faz coleta; o lixo é queimado em buraco no chão do pró-
prio lote, contaminando o solo. Embora tivesse acontecido uma mobilização para separar os
recicláveis, não houve coleta.
Pode-se considerar que 70% dos assentados estão endividados: aqueles que acessa-
ram os recursos da CEF para construir a casa estão em condições mais crítica do que aqueles
que acabaram de entrar e ainda estão no barraco de lona. Em Iaras, com a possibilidade de
152
novas áreas para o assentamento, será organizada uma fila de espera para o INCRA tenha
um cadastro de famílias aptas a ocupar um lote quando houver desistência. Em 2013, foi
feita uma mesa de seleção para 81 novos lotes no assentamento Zumbi dos Palmares; alguns
casos será feita a regularização de famílias que já moram ali, e têm preferência, por alcançar
a pontuação conforme a sistemática de classificação do INCRA que consta na N45/2005
(INCRA).
Em seu relato dona Neuza afirma que, para dar certo, a família tem de ter vocação,
pois, mesmo que tenha capacidade de produzir, as dificuldades de escoamento (para onde
levar) exigem criatividade, articulação e muita organização. É difícil conseguir cumprir to-
das as exigências, por exemplo, a produção de orgânico no assentamento não tem valor
agregado, pois na cidade de Iaras não há quem certifique a produção. Além disso há o pro-
blema ambiental que inviabiliza o seu licenciamento.
D. Luzia foi procuradora que representava os beneficiários e era responsável por as-
sinar as notas fiscais da aquisição de produtos de todas as famílias do programa de moradia
da CEF. Vivendo no lote 96, teve dificuldade para produzir no pararrural. No sitio Recanto
do Beija Flor, como não teve orientação plantou as mudas de eucalipto muito próximas; as
árvores ficaram altas e com tronco fino, inviabilizando a comercialização, gerando prejuí-
zos.
Dois dos mestres de obras, que atuaram na operação do PMR, estão trabalhando
como pedreiros na construção da escola. Vieram respectivamente de São Paulo e do Rio
de Janeiro onde trabalhavam na construção civil. Nos relatos afirmam que, mesmo diante
das dificuldades, preferem morar no assentamento. Para Haroldo, 80% das famílias que
vivem no Zumbi, são de origem suburbana. Diz ele que 40% da condição extremamente
153
precária em que vivem os assentados é culpa deles, para ele, muitas Foto 9: Posto de saúde da família
famílias ficam esperando mais créditos e não se organizam, que se
acomodam. Muitos gastaram o PRONAF para comprar um carro
velho que logo não conseguem tirar do lote, seja porque não passam
na estrada, seja porque não conseguem dar conta da manutenção.
Demonstrando os efeitos da falta de orientação técnica quando che-
gou ao assentamento, lembra-se de que, quando plantou arroz pela
primeira vez, usou um saco de “Tio João” comprado no supermer-
cado da cidade, adubou e esperou crescer. Depois de alguns meses,
sem resultado, procurou um vizinho que o ensinou: o arroz para ser
plantado tem que ter casca.
4.3.3 Institucional: Equipamentos
O técnico que trabalha no escritório de Iaras desde 2008 afirma que o assentamento
não dá certo pois a seleção de famílias não considera a experiência da família com o meio
rural. A evasão é justificada pelo perfil das famílias assentadas, que nos últimos dez anos
tem sido urbano, um tipo de família que está acostumado a receber salário todo mês, porém,
quando entra no lote, enfrenta problemas diversos com os quais não está preparado para
enfrentar (burocráticos e ambientais como geada que acaba com a plantação ou praga des-
conhecida).
“Se acaba o gás quem é do sítio vai para o fogão à lenha, quem é da cidade quer ir embora.”
(D. Neuza).
156
4.3.4 Permanência e continuidade
157
Considerações
159
Resultado de um processo moroso, originado de disputas judiciais, a participação
das famílias na elaboração do projeto é restrita às experiências nas quais o grupo interessa-
do se envolveu no desenho do projeto. Nos casos onde não há interesse por parte das famí-
lias, é adotado o parcelamento ortogonal, do tipo xadrez. Foram verificadas pela pesquisa
raras implantações diferenciadas pelo parcelamento do solo: são os PDS ou assentamentos
implantados com diretrizes definidas pelo MST que resultam nas formas do tipo roda de
carroça. Das poucas agrovilas que se verificam no Estado, pode-se dizer que resultaram das
primeiras experiências de 1985.
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