Engenharia de Custos

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Engenharia de custos

A engenharia de custos
É a área da engenharia voltada à formatação dos preço e planeja e executa o controle de custos
em projetos, sendo a parte do ambiente tecnológico que estuda e propõe algumas normas e critérios
para solução de problemas como: estimativa de custos de projetos e empreendimentos, avaliação
econômica, planejamento, gerência e controle de empreendimentos. É importante lembrar que a
Engenharia de Custos não é responsável somente pela previsão de custos de investimentos, mas
também é necessária na fase de execução do projeto. É na fase de execução que a Engenharia de
Custos pode reafi rmar e desenvolver seus critérios, além de colher subsídios cada vez mais apurados
para utilização futura. Fundamentais também para a Engenharia de Custos são os princípios e as
ferramentas para o planejamento e controle de projetos e apuração dos custos.
A Engenharia de custos é “a área da engenharia onde princípios, normas, critérios e
experiênciassão utilizados para resolução de problemas de estimativa de custos, avaliação econômica,
de planejamento e de gerência e controle de empreendimentos” (DIAS, 2001, p. 9).
A Engenharia de Custos prevê distintas metodologias, fundamentalmente estimativas de
estudos, formação do preço por Tabelas de Custos Padrão e Formação do Preço por Modelagem, cada
uma delas com adequações aos graus de precisão do resultado, que se pretende alcançar, e à
complexidade da obra, cujo custo se deseja estima
A Engenharia de custos é “a área da engenharia onde princípios, normas, critérios e experiências
são utilizados para resolução de problemas de estimativa de custos, avaliação econômica, de planeja-
mento e de gerência e controle de empreendimentos” (DIAS, 2001, p. 9).
Dentro da engenharia de custos, dois termos podem ser comumente confundidos: estimativa
de custo e orçamento. A estimativa é um cálculo aproximado, realizado com base em índices conhecidos
no mercado, como por exemplo, o custo do metro quadrado de construção predial divulgado pelos
sindicatos de empresas. Dessa forma, deve ser utilizado apenas em etapas iniciais de estudos de
viabilidade de um empreendimento, quando as informações existentes não são suficientes para elaborar
um orçamento.
O orçamento é uma das principais ferramentas do sistema de gerenciamento da produção, uma
vez que fornece informações imprescindíveis para planejamento e controle do empreendimento a ser
construído. Pode ser calculado por meio da soma de três componentes: os custos diretos, os
custos indiretos e o lucro (PARGA, 2003, p.13).

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O orçamento e seus componentes
O primeiro componente do orçamento é o custo direto. Os custos diretos dizem
respeito ao serviço executado, isto é, ao material e mão de obra utilizada na realização de
determinada tarefa. Ou seja, refere-se ao conjunto de serviços necessários para compor o
produto final, que é a edificação em si, aqui incluindo também as despesas com
equipamentos. Jáos custos indiretos não fazem parte do serviço em questão, mas contribuem
para a sua realização.
São aqueles serviços de apoio necessários para executar a obra. Antes de começar a
construção, precisamos implantar o "canteiro de obra", que são instalações provisórias de
escritórios, banheiros, vestiários, refeitórios, depósitos de materiais etc., que são exigidos pela
legislação, mais um custo mensal de Administração Local, constituído pelo engenheiro de
obra, funcionários administrativos, consumo de energia, água, telefones, materiais de limpeza
etc. Além disso, há também os custos de Mobilização e Desmobilização, no início e no final da
obra. O lucro, de uma forma simplificada, é o saldo positivo resultante das vendas reduzindo
os custose despesas. É o retorno de um investimento, a recompensa pelo risco que o
investidor assume ao iniciarum empreendimento.
Podendo ser definido como uma parcela destinada a remunerar o custo de
oportunidade do capital aplicado, a capacidade administrativa, gerencial e tecnológica
adquirida ao longo dos anos de experiência no ramo, responsabilidade pela administração do
contrato e condução da obra, por estrutura organizacional da empresa e investimentos na
formação profissional e do seu pessoal e criar e manter a capacidade de reinvestir no próprio
negócio. É por tudo isso que a taxa de previsão de lucro não deve ficar por menos de 10,0%.
De acordo com Parga (2003, p.14), o lucro “é uma porcentagem incidente sobre todo e
qualquergasto, sem exceção, que tenha como fato gerador a obra, nas suas mais distintas
fases, destinado aremunerar a empresa pelos serviços que irá pensar”.
Já os custos indiretos não fazem parte do serviço em questão, mas contribuem para a
sua realização.
Para que fique mais fácil de entender esses conceitos, pode-se tomar como exemplo o
serviço de alvenaria. Custos relativos aos materiais utilizados, como tijolo, argamassa, cimento,
entre outros, e à mão de obra, como pedreiro e servente, são considerados diretos, enquanto
que a hora do responsável pela compra do material, assim como o valor do papel e da tinta da
impressora utilizados para emitir os documentos de contratação da mão de obra são
considerados custos indiretos.
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A tabela 1 a seguir apresenta um modelo de roteiro de orçamento para custos indiretos.


Tabela 1 – Modelo de roteiro para custos indiretos

(PARGA, 2003. Adaptado.)


Orçamento geral
Custos indiretos
1 Serviços Preliminares
1.1 Serviços de Reconhecimento
1.1.1 Vistoria
1.1.2 Levantamento topográfico
1.1.3 Levantamento de instalações existentes
1.1.4 Levantamento arquitetônico
1.1.5 Sondagens
1.1.6 Ensaios
1.2 Projetos
1.2.1 Arquitetônico
1.2.2 Estrutural
1.2.3 Hidráulico
1.2.4 Elétrico
1.2.5 Sanitário
1.2.6 Incêndio
1.2.7 Ar condicionados
1.2.8 Outros
1.3 Estimativas
1.3.1 Estimativas de custo
1.3.2 Orçamento
1.3.3 Proposta
1.3.4 Cronograma
1.4 Contratação
1.4.1 Contrato
1.4.2 Assistência jurídica
1.4.3 Assistência técnica
2 Serviços de Apoio
2.1 Administração da obra
2.1.1 Engenheiro sênior
2.1.2 Almoxarife
2.1.3 Vigia
2.1.4 Segurança
2.1.5 Encarregado
2.1.6 Outros

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2.2 Administração na sede


2.2.1 Engenheiro sênior
2.2.2 Engenheiro júnior
2.2.3 Comprador
2.2.4 Gerente
2.2.5 Contador
2.2.6 Assistência jurídica
2.2.7 Outros
2.3 Consumo na obra
2.3.1 Energia
2.3.2 Telefone
2.3.3 Segurança
2.3.4 Material de limpeza
2.3.5 Transporte de operários
2.3.6 Retirada de entulhos
2.3.7 Veículos
2.3.8 Alimentação
2.3.9 Água
2.3.10 Outros
2.4 Consumo na sede
2.4.1 Energia
2.4.2 Telefone
2.4.3 Multas
2.4.4 Material de limpeza
2.4.5 Gratificações
2.4.6 Passagens
2.4.7 Cópias diversas
2.4.8 Outros
3 Ligações Provisórias
3.1 Água
3.2 Esgoto
3.3 Telefone
3.4 Elétrica
3.5 Outros
4 Instalação da Obra
4.1 Tapume
4.2 Portões
4.3 Alçapão
4.4 Vedações

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4.5 Depósitos
4.6 Banheiros
4.7 Refeitório
4.8 Escritório
4.9 Outros
5 Aceitação da Obra
5.1 Habite-se
5.2 Vistoria final para entrega
5.3 Certidão negativa ISS e INSS
5.4 Desmontagem do canteiro
5.5 Limpeza e remoção

A tabela 2 a seguir apresenta um modelo de roteiro de orçamento para custos diretos.


Tabela 2 – Modelo de roteiro para custos diretos

(PARGA, 2003. Adaptado.)


Orçamento geral
Custos diretos
6 Trabalhos Iniciais
6.1 Limpeza do terreno
6.2 Preparo do terreno
6.3 Demolições
6.4 Locação da Obra
7 Fundações e Infraestrutura
7.1 Drenagem
7.2 Escavação
7.3 Escoramento
7.4 Fundações
7.5 Estruturas enterradas
7.6 Aterro
7.7 Camada de impermeabilização
7.8 Outros
8 Estrutura
8.1 Concreto armado
8.2 Concreto protendido
8.3 Estrutura metálica
8.4 Estrutura de madeira
8.5 Outros
9 Alvenaria

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10 Cobertura
10.1 Estrutura
10.2 Telhamento
10.3 Calhas
11 Tratamentos
11.1 Impermeabilização
11.2 Imunização de madeira
11.3 Outros
12 Revestimentos
12.1 Chapisco
12.2 Reboco
12.3 Cerâmicos
12.4 Outros
13 Pisos
13.1 Madeira
13.2 Cerâmicos
13.3 Outros
14 Rodapés, soleira, peitoris, escadas
15 Forros e divisórias
16 Esquadrias
16.1 Madeira
16.2 Ferro
16.3 Alumínio
16.4 Especiais
17 Vidros
18 Instalações
18.1 Esgoto
18.2 Água potável
18.3 Gás
18.4 Elétrica
18.5 Ar-condicionado
18.6 Outros
19 Pintura
19.1 Paredes
19.2 Tetos
19.3 Esquadrias
19.4 Outros
20 Limpeza
21 Complementação

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21.1 Paisagismo
21.2 Decoração
21.3 Outros
22 Entrega da obra
22.1 Testes
22.2 Retoques finais
O lucro, de uma forma simplificada, é o saldo positivo resultante das vendas reduzindo os custos
e despesas. É o retorno de um investimento, a recompensa pelo risco que o investidor assume ao iniciar
um empreendimento.
De acordo com Parga (2003, p.14), o lucro “é uma porcentagem incidente sobre todo e qualquer
gasto, sem exceção, que tenha como fato gerador a obra, nas suas mais distintas fases, destinado a
remunerar a empresa pelos serviços que irá pensar”.

BDI – Benefício e despesas indiretas


O BDI pode ser entendido como uma margem que se aplica no comércio para calcular o preço
de venda. Assim, se o comerciante compra no atacado uma geladeira, é necessário aplicar uma
margem sobre o mesmo, que é representada pelo aluguel da loja, salários dos vendedores, encargos
previdenciários, despesas gerais, consumo de energia elétrica, água, telefones e todos os tributos,
principalmente ICMS, entre outros, e mais o lucro do comerciante. As margens do comerciante em
geral vão de 50% a 100% do Custo inicial.
No caso da construção civil, chamamos essas margens de BDI, que são compostas,
principalmente, pelo Rateio da Administração Central, Despesas Financeiras de capital de giro, a Taxa
de Risco do Empreendimento, todos os tributos federais e municipais, despesas comerciais e
evidentemente o lucro do empreendedor. Na construção, o BDI vai de 30% a 40% do Custo.
O BDI é um “percentual relativo às despesas indiretas que incidirá sobre os custos
diretos” (DIAS,2001, p.120) muito utilizado em empreendimentos de engenharia, isto é, valores de BDI
podem servircomo base para estimativas de custo de obra, uma vez que são uma porcentagem
acrescida ao custodireto.
O BDI é um “percentual relativo às despesas indiretas que incidirá sobre os custos diretos” (DIAS,
2001, p.120) muito utilizado em empreedimentos de engenharia, isto é, valores de BDI podem
servir como base para estimativas de custo de obra, uma vez que são uma porcentagem acrescida ao
custo direto.

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Exemplo:
Custo direto = R$200.000,00
BDI = 30% (R$60.000,00)
Custo total da obra = R$260.000,00
O resultado dessa operação depende de uma série de variáveis, entre as quais, as mais importantes
são (SINDUSCON, 2007):
:::: Tipo de obra – edificações, rodoviárias, saneamento, obras de arte, hidrelétricas, metrô, entre
outros.
:::: Valor do Contrato – o valor da obra define o porte e a complexidade do empreendimento a
ser construído.
:::: Prazo de execução – uma vez que os custos indiretos, em sua grande maioria, são direta-
mente proporcionais ao prazo da obra, se o prazo for prorrogado e a estrutura da obra for a
mesma, o BDI ficará maior.
:::: Volume de faturamento da empresa – o custo da administração central deve ser consi-
derado no cálculo do no BDI. Se esse faturamento da empresa cair, o custo da administração
central, rateado entre as diversas obras da empresa, será maior.
:::: Local de execução da obra – incide sobre os custos de transporte entre a sede e a obra.
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Dessa forma, para cada obra deveria ser calculado um BDI diferenciado, porém, as empresas cos-
tumam utilizar um valor base para estimativas, dependendo da semelhança dos empreendimentos a
serem construídos.
O BDI é dividido em B (benefício-lucro) e DI (despesas indiretas) e calculado com base nos
seguintes itens:
::: administração local;
::: administração central;
::: canteiro de obra;
::: impostos e taxas;
::: despesas financeiras;
::: benefício;
::: risco.

Administração local
O custo da administração local diz respeito a estrutura administrativa utilizada como apoio dentro
da obra. De acordo com Dias (2001, p. 122), deve ser elaborado com base nos custos de:
::: dimensionamento do canteiro (escritório, depósito, oficinas, áreas de estocagem, instalações
elétricas, entre outros).
::: dimensionamento da mão de obra da administração local (engenheiros, topógrafos, técnicos,
entre outros).
::: dimensionamento de veículos de apoio.
::: dimensionamento de despesas gerais de manutenção de escritório (telefone, malote, alimen-
tação, uniforme, equipamento de proteção individual, entre outros).

Administração central
Esses custos correspondem ao rateio de custos da sede da empresa responsável pela construção
do empreendimento e o seu cálculo é de escolha individual de cada organização. De acordo com Dias
(2001, p. 124), “constitui-se dos custos referentes a diretoria, departamentos, aluguel de imóveis, veículos,
água, esgoto e telefone, entre outros”.
Uma maneira de calcular o custo da Administração Central (AC) é utilizar-se das seguintes
fórmulas:
a) sobre o custo direto:
AC = custo total ou anual da sede / custo total (obras + sede) mensal ou anual
b) sobre o custo indireto:
AC = custo mensal ou anual da sede / faturamento mensal ou anual

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Exemplo: Um construtora tem custo anual de R$20.000.000,00. As despesas com a sede da


empresa somam R$1.000.000,00 por ano. Sendo assim, o custo de administração será de:
AC = R$1.000.000,00 / R$20.000.000,00
AC = 0,05 = 5%

Canteiro de obra
O custo de canteiro de obra pode ser dividido em:
::: Mobilização e desmobilização dos equipamentos – custo calculado com base na localização
da obra uma vez que a rota utilizada para transporte de equipamentos será utilizada no cál-
culo do custo horário de mobilização.
::: Mobilização e desmobilização de pessoal – a sistemática é semelhante à anterior, isto
é, o custo será calculado com base na rota utilizada para transportar os recursos humanos
atuantes na obra.
::: Mobilização e desmobilização de ferramentas e utensílios – de acordo com Dias (2001,
p.122), “consiste dos custos referentes a manuseio no depósito da construtora, embala-
gem, carga, transporte até a obra, descarga e manuseio na obra de itens, tais como con-
tainer ou casa pré-fabricada para canteiro, Equipamentos de Proteção Individual (EPI), fer-
ramentas manuais e etc.”

Impostos e taxas
Usualmente, são considerados como impostos incidentes no preço de venda da obra (DIAS,
2001, p.125):
::: ISS – Imposto Sobre Serviço;
::: Cofins – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social;
::: PIS – Programa de Integração Social;
::: CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira;
::: IRPJ – Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica;
::: Contribuição social sobre lucro.

Despesas financeiras
De acordo com Dias (2001, p. 129), as despesas financeiras (DF) podem ser calculadas por meio
da fórmula:
DF = [(1 + t/100)n/30 – 1] x 100

Onde:
t – taxa de juros de mercado ao mês (em porcentagem)
n – número de dias corridos entre o centro de gravidade dos desembolsos e a efetivação do rece-
bimento contratual (em obras públicas, o centro de gravidade está concentrado no 15º dia do primeiro
mês. Sendo assim, considera-se n = 45 dias).
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Benefício
Segundo Dias (2001, p.129), é comum adotar valores para benefício que estejam em torno de 5 a
12% do valor global do orçamento da obra.

Risco
Atualmente, admitir um acréscimo no orçamento destinado ao risco ou imprevistos de obra não
é algo usualmente aceito pelas empresas, principalmente quando se tratam de concorrências, uma vez
que inviabilizam o custo mínimo. Esse tipo de taxa fica a critério de cada empresa.
A tabela 3 a seguir apresenta um exemplo de cálculo de BDI.
Tabela 3 – Exemplo de cálculo de BDI

Cálculo do bdi
Discriminação R$
Custo direto total 200.000,00
Riscos 1.000,00
Canteiro de obra 2.000,00
Administração local 40.000,00
Administração central 6.000,00
Despesas financeiras 1.000,00
Custo indireto total 50.000,00
Custo direto total + custo indireto total 250.000,00
Impostos (I%) 7%
Lucro (L%) 6%
Total 13%
Preço de venda ((direto+indireto)/
(1–(I%+L%)/100)))
Preço de venda (250.000)/((1–0,13)/100) = 287.356,32
Percentual de BDI = (Preço de venda/custo direto total) – 1
Percentual de BDI (287.356,32/200.000,00) – 1 = 0,4367 = 43,67%

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Texto complementar
A taxa de BDI: significado e considerações
(RICARDINHO, 2007)
O orçamento de uma obra ou serviço de engenharia espelha uma equação econômica e financeira
e reflete a expectativa da contratante quanto ao preço da contratação. A noção aí correspondente
é a de coisa pronta, em cuja remuneração estão incluídos todos e quaisquer gastos, mesmo quando
não mencionados expressamente.
BDI (Benefício e Despesas Indiretas) é a sigla que designa a parcela do preço final, correspon-
dente ao somatório dos custos indiretos, das despesas propriamente ditas (fixas e variáveis), dos
impostos e da expectativa de resultado (lucro), contidos nesse preço. Exprime-se o BDI sob a forma
de taxa aplicável ao custo direto.
A diferenciação entre custos diretos e indiretos, bem como entre despesas fixas e variáveis,
requer cuidados, comandados pelo estágio da produção. Habitualmente, aplica-se o conceito de
custo até o momento em que o produto está pronto para a venda. Conhecidos os componentes do
custo é preciso estabelecer critérios de classificação do mesmo, além do critério para avaliação da
margem de lucro admitida.
Tais critérios de classificação e avaliação dependem exclusivamente da discricionariedade
de quem os fixa; logo, variam não só em cada caso, mas também de empresa para empresa, tor-
nando complexa a comparação de taxas de BDI praticadas em diferentes situações, por diferentes
empresas.
Obras e serviços de engenharia devem ser orçados levando-se em conta as suas peculiaridades.
Não existe um “BDI padrão”. Entre outros fatores, a taxa do BDI varia conforme:
::: os itens que a compõem;
::: o critério de cálculo de cada item;
::: o critério de formação da própria taxa;
::: o tipo, o porte e a localização da obra ou serviço;
::: o prazo e as condições de execução determinadas pela Contratante.
As normas de medição e pagamento de obras e serviços, emitidas pelas Contratantes e anexadas
aos editais de licitação, definem, caso a caso, os componentes do BDI que o interessado deve
considerar na formulação da sua proposta de preço.
O simples conhecimento do número final que exprime a taxa do BDI não permite que se chegue
a qualquer conclusão sobre o mesmo. Uma taxa “elevada” por si só não significa preço exorbitante;
nem tampouco uma taxa “baixa” pode ser interpretada como sinônimo de preço inexequível.
Na análise de preços ofertados em licitações, a Contratante deve observar que:
::: a taxa de BDI apresentada pela licitante não traduz, necessariamente, o seu real BDI;
::: taxas de BDI somente são comparáveis entre si quando os seus respectivos critérios de
cálculo são conhecidos.
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Atividades
1. Uma empresa se encarregará de uma obra civil de ampliação de uma indústria do setor fabril
situada no Município do Rio de Janeiro. A obra terá duração de sete meses. Os serviços deverão
observar as seguintes condições:
::: Os custos diretos estão orçados em R$300.000,00;
::: A taxa de risco foi estipulada como 2% do custo direto;
::: Os impostos definidos para o Município do Rio de Janeiro são:
::: Cofins – 0,03
::: PIS – 0,0065
::: CPMF – 0,0038
::: ISS – 0,024

Imposto de Renda – 9% sobre o faturamento


::: O custo estimado para a administração local durante os sete meses será de R$6.000,00/mês.
::: O custo estimado para a administração central durante os sete meses será de R$2.000,00/mês.
::: O
canteiro de obra, englobando a mobilização de equipamentos, ferramentas, materiais e pes-
soas, custará, mensalmente, R$1.500,00.
::: As despesas financeiras serão de 3% sobre o custo direto.
::: O lucro será de 12% sobre a soma dos custos indiretos mais os custos diretos.

Com base no exposto acima, determine:


a) Qual o total relativo aos custos indiretos?

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b) Quanto a empresa irá lucrar?

c) Qual será o valor percentual do BDI?

d) Qual o preço de venda desse serviço?

2. O que compõe o BDI – benefícios e Despesas Indiretas da Construção Civil? E qual a faixa
do percentual do custo que ele representa?

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Gabarito
1.
a) O custo indireto é um somatório referente à:
Risco – 2% de R$300.000,00 = 0,02 x 300.000 = R$6.000,00
Canteiro de obra – R$1.500,00
Administração local – R$6.000,00
Administração central – R$2.000,00
Despesas financeiras – 3% de R$300.000,00 = 0,03 x 300.000 = R$9.000,00
Custo Indireto = R$6.000,00 + R$1.500,00 + R$6.000,00 + R$2.000,00 + R$9.000,00
Custo Indireto = R$24.000,00
b) O lucro e de 12% sobre o somatório dos custos diretos com os indiretos, isto é:
Lucro = 0,12 x 324.000,00 = R$38.880,00
c) Percentual de BDI = (Preço de venda/Custo direto total) – 1
BDI = 446.465,50/300.00 – 1 = 04882 = 48,82%
d) Preço de venda ((Direto + Indireto)/(1 – (I % + L %) / 100)))
Preço de venda = (324.000) / (1 – 0,2743) = R$446.465,50
CÁLCULO DO BDI

CÁLCULO DO BDI
Discriminação R$
Custo direto total R$300.000,00
Riscos R$6.000,00
Canteiro de obra R$1.500,00
Administração local R$6.000,00
Administração central R$2000,00
Despesas financeiras R$9.000,00
Custo indireto total R$24.500,00
Custo direto total + Custo R$324.000,00
indireto total
Impostos (I%) 3% + 0,65% + 0,38% + 2,4% + 9% = 15,43%
Lucro (L%) 12% = R$38.880,00
Total 15,43% + 12% = 27,43%

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Preço de venda
((direto + indireto)/
(1-(I%+L%)/100)))
Preço de venda (324.000)/(1 – 0,2743) = R$446.465,50
Percentual de BDI = (Preço
de venda/Custo direto
total) – 1
Percentual de BDI 446.465,50/300.00 – 1 = 04882 = 48,82%

2.
O BDI, é composto principalmente pelo Rateio da Administração Central, Despesas
Financeiras de capital de giro, a Taxa de Risco do Empreendimento, todos os tributos federais e
municipais, despesas comerciais e evidentemente o lucro do empreendedor. Na construção, o BDI
vai de 30% a 40% do Custo.

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