Queda Do Imperio Romano

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QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO

O Império Romano, em toda a sua extensão, desde o século III enfrentava


crises nos mais diversos seguimentos sociais, sendo academicamente dado como
marco para o início do seu declínio a morte do imperador Alexandre Severo (208-235
d.C.) que levou a uma serie de conflitos para a sua sucessão, disputada por generais
de toda a Roma que, nesse tempo, teve um total de 22 imperadores, portanto, ficando
posteriormente conhecido como um período de “Anarquia Militar” (235-284 d.C.).
Desta forma, mesmo estabelecendo o seu começo é dificultosa a tarefa de traçar os
fatores que levaram ao seu fim.
Apesar disso, muitos foram os teóricos e historiadores que, ao tratarem do tema
do declínio e subsequente queda do maior Império do mundo ocidental, tentaram
apontar uma única causa, como, a mais usual: as invasões bárbaras. No entanto, as
constantes incursões dos povos germânicos contra as fronteiras romanas jamais
seriam permitidas durante o apogeu do império (GIBBON, 2005). Assim, embora
contribuam para a conclusão, os bárbaros não constituem exclusivamente o elemento
causador da queda, mas, sim, aparecem como uma consequência, pois o
enfraquecimento militar romano advém de fatores tanto internos (econômicos, sociais
e políticos) quanto fatores externos (guerras e invasões) que, finalmente, levaram em
conjunto ao fim do império no ocidente.
Com isso em vista, pode-se destacar, embora de forma genérica, quatro
aspectos que contribuíram e influenciaram, não abruptamente, mas de forma contínua
e inter-relacionada, no declínio e consequente fim do Império Romano Ocidental: crise
econômica; invasão dos povos bárbaros, a ascensão do cristianismo e, por fim, o caos
político e social
Primeiramente, a instabilidade econômica romana era sentida desde a “Crise
do Século III” devido, internamente, a intensa inflação monetária, junto do colapso do
sistema escravista, porque, respectivamente, houve o aumento incontrolável dos
preços, justificada pelo aumento da alta e desigual carga tributária e a insegurança
econômica imperial; como também o fim da expansão territorial romana e a extensão
da cidadania levaram a uma maciça diminuição da mão de obra escrava, base da
produção imperial. Outrossim, externamente, os esforços de guerra a fim da
manutenção das fronteiras do Império custaram aos cofres romanos gigantescas
quantidades de dinheiro tanto para o pagamento das legiões romanas quanto em
subsídios para “apaziguar” os bárbaros.
Os bárbaros citados são formados por diversos povos (hunos, anglo-saxões,
vândalos, visigodos etc.) tidos pelos romanos como povos selvagens, embora seja
uma inverdade. Surgiam devido as migrações contínuas, mantendo esses grupos em
constante conflito com os exércitos fronteiriços romanos, no entanto, com o
desmantelamento deste último, se observou tanto o avanço bárbaro dentro do
território romano, chegando ao ponto de saquear a capital, Roma, três vezes; quanto
na integração, em troca de territórios, de “bárbaros” no exército das legiões, com
muitos deles alcançando altos cargos na hierarquia militar.
Outro fator importante para esse fim, foi a ascensão do cristianismo que, antes
proibido, passou a ser permitido por toda a Roma em virtude do Édito de Milão (312
d.C.), sendo, mais tarde, posto pelo Édito de Tessalônica (380 d.C.) como a religião
oficial do império. Porém, os princípios cristãos tiraram dos imperadores romanos uma

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prerrogativa tão presente nas monarquias absolutistas da Antiguidade: a divindade;
pois, para os cristãos, só há um único Deus todo poderoso, devendo a todos o devido
respeito, este que era cada vez menor aos imperadores.
Por último, tem-se a convulsão político-social da época, que pode ser colocada
como consequência, politicamente, da impossibilidade administrativa do império,
devido a sua extensão, seguida da incompetência e constante troca de seus
administradores que, mesmo ao dividirem o império, não abstiveram o seu fim. Quanto
ao caos social, ele é descrito por Jacques Le Goff como um cenário onde

os pobres estão despossuídos, as viúvas gemem, os órfãos são pisoteados,


a tal ponto que muitos dentre eles, inclusive gente de bom nascimento que
recebeu uma boa educação, refugiam-se entre os inimigos. Para não perecer
sob a opressão pública, procuram entre os Bárbaros a humanidade dos
Romanos porque não podem mais suportar entre os Romanos a
desumanidade dos Bárbaros (2005, p. 25),

resultantes do alastramento de epidemias, fome, revoltas internas etc.


Finalmente, como uma amálgama resultante de todos esses conflitos descritos
é colocado fim ao Império que foi considerado invencível, assim, com um exército
enfraquecido e desleal, o seu território foi invadido e seguidamente desmembrado por
hordas de alanos, vândalos e suevos. Terminando, na queda de Roma em 476 d.C.,
conquistado por Odoacro, um líder germânico, embora general romano, que
destronou Rômulo Augustulo, de apenas 12 anos: pondo um fim na parte ocidental do
maior Império já visto no mundo ocidental.
Entretanto, o Império Romano Oriental permaneceu estável, apesar da queda
da parte ocidental; essa divisão foi inicialmente tentada na tetrarquia proposta por
Diocleciano, porém apenas foi consolidada após a morte de Teodósio em 395 d.C.,
com os seus filhos: Honório e Arcadio recebendo, respectivamente, a parte ocidental
sediada em Roma e a oriental com a capital em Constantinopla.
O Império Romano Oriental ou Império Bizantino teve uma grande importância
histórica, durando 11 séculos, sendo palco de diversos eventos históricos como as
Cruzadas. A sua queda advenho da tomada de Constantinopla pelos turco-otomanos
em 1453; pois

desde o Século XIV, o Império Bizantino murchava ao mesmo tempo que o


Império Otomano crescia e ganhava força. O final da história aconteceu em
29 de maio de 1453, quando, após um cerco de 53 dias, o sultão Mohammed
II, o Conquistador, invadiu Constantinopla e eliminou Constantino XI, o último
imperador bizantino (PETERSEN, 2019).

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Trazendo um fim à parte oriental do império que conquistou o mundo, o
influenciando até os dias de hoje; acabando, também, com o que se iniciou com a
queda de Roma: a Idade Média, dando-se início a Era Moderna.
REFERÊNCIAS:
LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Bauro: Edusc, 2005
GIBBON, Edward. Declínio e queda do Império Romano. Organização de Dero A.
Saunders; tradução de José Paulo Paes. Ed. abreviada. São Paulo: Companhia das
Letras, 2005
PETERSEN, Tomás Mayer. Do auge à queda: conheça o Império Bizantino, que durou
11 séculos. Galileu, 2019. Disponível em:
<https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2019/11/do-auge-queda-
conheca-o-imperio-bizantino-que-durou-11-
seculos.html#:~:text=O%20final%20da%20hist%C3%B3ria%20aconteceu,XI%2C%2
0o%20%C3%BAltimo%20imperador%20bizantino>. Acesso em: 08 de jun. de 2022.

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