Estatuto Do Maior Acompanhado 2
Estatuto Do Maior Acompanhado 2
Estatuto Do Maior Acompanhado 2
1 CAPACIDADE JURÍDICA
3 GESTÃO DE NEGÓCIOS
4 PROCURAÇÃO
8 CONCLUSÕES
CAPACIDADE JURÍDICA
ENQUADRAMENTO
Direitos Fundamentais / Humanos
Vida, Integridade física, Livre e Pleno
Desenvolvimento da Personalidade, Respeito
pela Vida Privada e Familiar
Em princípio, ninguém pode tomar decisões em nosso nome sem o nosso consentimento:
nem o cônjuge, nem os filhos, nem a família, nem a instituição que nos acolhe.
Autorizar ou
recusar
Proceder à
Movimentar Celebrar ou intervenções
venda ou
contas denunciar de saúde ou
oneração de
bancárias contratos acolhimento
bens
em resposta
social
A incapacidade para a prática de certos atos ou categoria de atos tem que ser declarada judicialmente
através de sentença que se deve basear numa avaliação clínica.
QUANDO COMEÇAMOS A PERDER CAPACIDADES
TEMOS DIREITO A:
Ser acompanhados nas nossas decisões, por alguém da nossa confiança e deve ser-nos dada toda a ajuda
possível para que sejamos nós próprios a decidir
Que alguém nos represente quando já não conseguirmos tomar decisões autónomas
Tudo o que seja feito em nossa representação, o seja de acordo com o nosso interesse e com a nossa vontade
Qualquer ato praticado, ou decisão tomada, em nossa representação, seja o menos restritiva possível dos
nossos direitos e liberdades
CAPACIDADE DE EXERCÍCIO
Quando deixamos de conseguir exprimir, de forma livre e esclarecida, a nossa vontade, é a nossa
capacidade de exercício que fica comprometida.
Movimentar contas Vender, trocar, hipotecar Tomar decisões quanto a Aceder a dados pessoais,
bancárias, celebrar ou ou arrendar determinado cuidados pessoais e de informações e requerer
denunciar contratos , bem ou bens saúde relatórios clínicos
levantar registos ou
encomendas nos correios
MANDATO COM VISTA AO
ACOMPANHAMENTO
MANDATO COM VISTA A ACOMPANHAMENTO
• Prevendo uma eventual situação de acompanhamento (figura que vem substituir a interdição e
a inabilitação), alguém, no uso da sua capacidade de tomar decisões livres e esclarecidas, pode
celebrar com pessoa ou pessoas da sua confiança contrato de mandato para a gestão dos mais
diversos assuntos
• O conteúdo do mandato pode ser muito diverso incluindo tópicos como os que acima se
referiram para a procuração
• No contrato de mandato o mandante pode escolher por quem quer ser acompanhado quando
e se carecer de medidas de acompanhamento
MANDATO COM VISTA A ACOMPANHAMENTO
O regime jurídico das interdições e inabilitações apresentava-se desajustado aos dias de hoje
caracterizados por:
Aumento das
Diferentes
Envelhecimento doenças
estruturas
da população crónicas e
familiares
incapacitantes
Era um regime pouco ou nada promotor da autonomia das pessoas com capacidade diminuída, sem qualquer
papel ativo antecipadamente ou durante o processo.
ANTES – REGIME DAS INTERDIÇÕES
• Via a incapacidade como um fenómeno de tudo ou nada, ignorando que, quase sempre, a perda de
capacidade é um processo muitas vezes lento, com flutuações, não se perdendo de um momento para
o outro, mantendo-se por mais tempo, capacidades para certos atos ou categorias de atos
• Adoptada na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, no dia 13 de Dezembro de 2006
• Prevê normas mínimas sobre a proteção e garantia de direitos civis, políticos, sociais e económicos das
pessoas portadoras de deficiência
• Assinada pelos 27 Estados-Membros da UE e ratificada por 16, entre os quais Portugal (Resoluções nº 56 e nº
57 de 2009 da AR e Decretos do PR nº71 e 72 de 2009) – Faz parte do Direito Português
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
ENQUADRAMENTO - CONVENÇÃO DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
O seu objetivo é promover, proteger e Pessoas com deficiência são aquelas que têm
garantir o pleno e igual gozo de todos os incapacidades duradouras físicas, mentais,
direitos humanos e liberdades fundamentais intelectuais ou sensoriais, que em interação
por todas as pessoas com capacidade com várias barreiras, podem impedir a sua
diminuída e promover o respeito pela sua plena e efetiva participação na sociedade.
dignidade
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
ENQUADRAMENTO - CONVENÇÃO DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
CAPACIDADE JURÍDICA:
ARTIGO 12º, Nº 4
“Os Estados Partes asseguram que todas as medidas que se relacionem com o exercício da capacidade jurídica
fornecem as garantias apropriadas e efetivas para prevenir o abuso de acordo com o direito internacional dos
direitos humanos. Tais garantias asseguram que as medidas relacionadas com o exercício da capacidade jurídica
em relação aos direitos, vontade e preferências da pessoa estão isentas de conflitos de interesse e influências
indevidas, são proporcionais e adaptadas às circunstâncias da pessoa, aplicam-se no período de tempo mais
curto possível e estão sujeitas a um controlo periódico por uma autoridade ou órgão judicial competente,
independente e imparcial. As garantias são proporcionais ao grau em que tais medidas afectem os direitos e
interesses da pessoa.”
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
ENQUADRAMENTO - CONVENÇÃO DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Podem ser
modificadas ou
cessar a qualquer
Flexíveis,
Limitar ao mínimo a momento, a pedido Devem ser revistas ,
proporcionais e
capacidade de do acompanhante no mínimo, de 5 em
adequadas ao caso
exercício ou de qualquer das 5 anos
concreto
pessoas que podem
requerer o
acompanhamento
b) Representação geral ou representação especial com indicação expressa, neste caso, das categorias de atos
para que seja necessária
O beneficiário:
Carece de acompanhamento, sob a forma de representação, para todo e qualquer acto de disposição,
oneração ou administração do seu património imobiliário.
Carece de acompanhamento, sob a forma de representação, para a administração das suas contas
bancárias e outros bens mobiliários, à excepção da conta à ordem nº…….para a qual é transferida a sua
pensão de reforma, preservando autonomia para, através da mesma, fazer a gestão da sua vida
corrente.
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
MEDIDAS DE ACOMPANHAMENTO - EXEMPLO DE MEDIDAS QUANTO AO PATRIMÓNIO:
• A representação geral segue o regime da tutela, podendo dispensar-se o Conselho de Família (Artigo 1927º e
seguintes do C. Civil)
• À Administração total ou parcial de bens aplica-se o regime da administração total ou parcial de bens (Artigo
1967º e seguintes do C. Civil)
CONSELHO DE FAMÍLIA
Sendo conferidos ao acompanhante poderes de representação com a amplitude da tutela (ainda aplicável
aos menores), o Tribunal pode entender dispensar a constituição do Conselho de Família ou entender que,
face à dimensão ou caraterísticas das medidas a tomar, à existência de património mais ou menos
considerável ou por outras razões, é de o constituir.
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
CONSELHO DE FAMÍLIA
Artigo 1956.º
(Outras funções do protutor)
a) Cooperar com o tutor no exercício das funções tutelares, podendo encarregar-se da administração de
certos bens do menor nas condições estabelecidas pelo conselho de família e com o acordo do tutor;
b) Substituir o tutor nas suas faltas e impedimentos, passando, nesse caso, a servir de protutor o outro
vogal do conselho de família;
c) Representar o menor em juízo ou fora dele, quando os seus interesses estejam em oposição com os do
tutor e o tribunal não haja nomeado curador especial.
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
CONSELHO DE FAMÍLIA
Ao Conselho de Família cabe, essencialmente, vigiar o exercício das funções do acompanhante, devendo
ser ouvido quanto a decisões de fundo como a disposição de bens do património do beneficiário ou a
decisão de institucionalização ou sobre determinada intervenção de saúde.
[1] [2]
[2]
O cônjuge
MEDIANTE AUTORIZAÇÃO O unido de facto
DO BENEFICIÁRIO
Qualquer parente sucessível
SUPRIMENTO DA AUTORIZAÇÃO:
CRITÉRIOS DE ESCOLHA:
1. Escolha do acompanhado (antecipadamente ou
no próprio processo)
2. Pessoa que melhor salvaguarde o interesse
imperioso do beneficiário
M vive numa ERPI e apesar de conseguir manifestar a sua vontade e de tomar decisões,
apresenta alguma dificuldade em encontrar a palavra certa e tem alguns esquecimentos
ainda que não comprometam o seu dia-a-dia. À semelhança do que tem acontecido com
outros utentes, a equipa teme que a Senhora M venha a desenvolver demência.
M tem duas filhas, mas apenas uma a visita com regularidade.
O ACOMPANHANTE:
Vantagens? Desvantagens?
DISCUSSÃO DE CASO II
Como proceder?
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
O QUE ACONTECE AOS ATOS DO ACOMPANHADO CONTRÁRIOS ÀS MEDIDAS DE
ACOMPANHAMENTO?
1. Os atos praticados pelo maior acompanhado que não observem as medidas de
acompanhamento decretadas ou a decretar são anuláveis:
a) Quando posteriores ao registo do acompanhamento
b) Quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas apenas após a
decisão final e caso se mostrem prejudiciais ao acompanhado
2. O prazo dentro do qual a ação de anulação deve ser proposta só começa a contar-se
a partir do registo da sentença
3. Aos atos anteriores ao anúncio do início do processo aplica-se o regime da
incapacidade acidental
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
O QUE ACONTECE AOS ANTERIORES PROCESSOS DE INTERDIÇÃO OU INABILITAÇÃO?
Artigo 139º nº 2
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
Tramitação do processo
Requerimento inicial
Publicidade
O juiz decide, em face do caso, que tipo de publicidade deve ser
dada ao início, ao decurso e à decisão final do processo.
Quando necessário, pode determinar-se a publicação de anúncios
em sítio oficial, a regulamentar por portaria do membro do Governo
responsável pela área da justiça.
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
Tramitação do processo
Comunicações e ordens
Quando o interesse do beneficiário o justifique, o tribunal pode
dirigir comunicações e ordens a instituições de crédito, a
intermediários financeiros, a conservatórias do registo civil,
predial ou comercial, a administrações de sociedades ou a
quaisquer outras entidades.
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
Tramitação do processo:
Citação
Audição
(Juiz decide se Poderes Relatório
Contestação pessoal do
a citação é instrutórios Pericial
10 dias beneficiário
pessoal ou por do juiz (facultativo)
(obrigatório)
carta)
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO
SENTENÇA
Decisão
Artigo 900º do Código Processo Civil
Em virtude da sua enorme dificuldade em gerir as suas poupanças, os seus bens e mesmo a
sua pensão (esquecia-se de pagar as contas e gastava o dinheiro da pensão logo nos
primeiros dias) e também de um grande desleixo na sua higiene, na limpeza da casa e tendo
deixado de se alimentar convenientemente, o que aconteceu logo após ter ficado viúvo, o
Senhor R foi declarado interdito e o seu filho nomeado seu tutor.
O filho, contra a sua vontade, colocou o pai no lar e nunca mais apareceu, limitando-se a
pagar as mensalidades.
No lar, R conheceu T. Entre eles cresceu uma amizade que foi evoluindo para uma relação
mais intima. E querem casar.
[3]
[1]
[2]
Relevância da Limitação do
Vontade exercício de
Relevância da
Antecipadamente direitos ao
Vontade Atual
Expressa estritamente
necessário
CONCLUSÕES
Como?
[3]
[1] [2]
Recolher e registar
Dar a conhecer os Recolher e registar
informação que
Direitos e as informação sobre
elucide sobre a
ferramentas para os vontade, desejos e
capacidade de
efetivar preferências
escolher e decidir
MARIA DO ROSÁRIO ZINCKE DOS REIS
ADVOGADA
rosariozincke@gmail.com
T. 936774262
OBRIGADA.
www.fundacaovva.org | www.eapn.pt
Com o apoio