Capítulo 10 Rede de Distribuição de Água

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Capítulo 10 – Rede de Distribuição de Água

10. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

10.1. Definição
A distribuição de água é efetuada por intermédio de um conjunto de
canalizações destinadas a conduzir a água para os pontos de consumo particular e
público. Esse conjunto de condutor constitui a rede de distribuição.

10.2. Área Específica


Em um sistema de distribuição denomina-se de área específica cada área cujas
características de ocupação a torna distinta das áreas vizinhas em termos de
densidade demográfica e do tipo de consumidor predominante. Chama-se de vazão
específica a vazão média distribuída em uma área específica.
As áreas específicas podem ser classificadas em função da predominância ou
totalidade de ocupação da área, da seguinte maneira:
• áreas residenciais;
• áreas comerciais;
• áreas industriais;
• mistas.

10.3. Zonas de Pressão


A rede é subdividida visando impedir que as pressões dinâmica mínima e
estática máxima ultrapassem os limites recomendados e preestabelecidos. Nota-se,
então, que uma rede pode ser dividida em quantas zonas de pressão forem
necessárias para atendimento das condições técnicas a serem satisfeitas.
Convencionalmente, as zonas de pressão em redes de abastecimento de água
potável estão situadas entre 15 e 50 mca, tolerando-se até 60 mca em até 10% da área
e até 70 mca em até 5% da mesma zona, como pressão estática máxima, e até 10 mca
em 10% e até 8 mca em até 5% da mesma zona para pressão dinâmica mínima. Em
circunstâncias especiais, para populações de até 5000 hab, pode-se trabalhar com até
6 mca com justificativas garantindo que não ocorrerá riscos de contaminação da rede.
Observação – 10 KPa = 1mca

10.4. Classificação
Normalmente as redes de distribuição constituem-se de tubulações principais,
também denominadas de tubulações tronco ou mestras, alimentadas diretamente por
um reservatório de montante, ou por um de montante e um de jusante, ou, ainda,
diretamente da adutora com um reservatório de jusante. Destas tubulações principais
partem as secundárias das quais saem praticamente a totalidade das sangrias dos
ramais prediais. As redes podem ser classificadas nos seguintes grupos:
a) de acordo com o traçado
ramificada (pequenas cidades, pequenas áreas, comunidades de
desenvolvimento linear, pouca largura urbana, etc);
malhada (grandes cidades, grandes áreas, comunidades com
desenvolvimento concêntrico, etc ).
b) de acordo com a alimentação dos reservatórios
com reservatório de montante;

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com reservatório de jusante (pequenos recalques ou adução por


gravidade);
com reservatórios de montante e de jusante (grandes cidades);
sem reservatórios, alimentada diretamente da adutora (pequenas
comunidades).
c) de acordo com a água distribuída
rede simples (rede exclusiva de distribuição de água potável);
rede dupla (uma rede de água potável e uma outra de água sem
tratamento, principalmente quando há dificuldades de obtenção de
água de boa qualidade).
d) de acordo com o número de zonas de pressão
zona única;
múltiplas zonas (comunidades urbanas com desníveis geométricos
acentuados - mais de 50m ou muito extensas).

10.5. Traçados dos Condutos


De acordo com ocupação da área a sanear e as características dos arruamentos,
os traçados podem resultar na seguinte classificação:
• ramificados

• malhados

• mistos

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Embora as redes ramificadas sejam mais fáceis de serem dimensionadas, de


acordo com a dimensão e a ocupação urbana da comunidade, para maior
flexibilidade e funcionalidade da rede e redução dos diâmetros principais,
recomenda-se que os condutos devem formar circuitos fechados quando:
área a sanear for superior a 1 km2;
condutos paralelos consecutivos distarem mais de 250 m entre si;
condutos principais distarem mais de 150 m da periferia;
vazão total distribuída for superior a 25 l/s;
for solicitado pelo contratante;
justificado pelo projetista.

10.6. Condições para Dimensionamento


No dimensionamento hidráulico das redes de distribuição devem ser
obedecidas determinadas recomendações que em muito influenciarão no resultado
final pretendido, como as que seguem:
nos condutos principais a Qmáx deve ser limitado por uma perda limite
de 8m/km;
o diâmetro mínimo nos condutos principais deverão ser de 100 mm e
nos secundários 50 mm (2"), permitindo-se particularmente para
comunidades com população de projeto de até 5000 hab, o emprego de
25 mm (1") para servir até 10 economias, 30 mm (1.1/4") até 20
economias e 40 mm (1.1/2") para até 50 economias;
ao longo dos trechos com diâmetros superiores a 400 mm deverão ser
projetados trechos secundários com diâmetro mínimo de 50 mm, para
ligação dos ramais prediais;
condutos com diâmetros superiores a 400 mm não deverão trabalhar
com velocidades superiores a 2,00 m/s.

10.7. Localização e Dimensionamento dos Órgãos Acessórios


A malha de distribuição da rede não é composta somente de tubulações e
conexões. Dela também fazem parte peças especiais que permitem a sua
funcionalidade e operação satisfatória do sistema, tais como válvulas de manobra,
ventosas, descargas e hidrantes.
Os circuitos fechados possuem válvulas de fechamento (em geral registros de
gaveta com cabeçote e sem volante) em locais estratégicos, de modo a permitir
possíveis reparos ou manobras nos trechos a jusante. Nos condutos secundários estas
válvulas situam-se nos pontos de derivação do principal.
Nos pontos deverão ser indicadas válvulas de descarga (registros de gaveta
com cabeçote) para possibilitarem o esgotamento dos trechos a montante, no caso de
eventuais reparos. Estas válvulas poderão ser substituídas por hidrantes. Nestes
casos deve-se ter o máximo de esmero na localização e drenagem do local para que
não haja perigo de contaminação da rede por retorno de água esgotada.
Nos pontos mais altos deverão ser instaladas ventosas para expurgo de
possíveis acúmulos de ar no interior da tubulação. No caso de existir ligações de
consumidores nestes pontos a ventosa poderá ser economizada em função dos custos
de aquisição, instalação e manutenção.

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10.8. Dimensionamento de redes ramificadas


Pequenas comunidades (até 5000 hab) ou áreas urbanas com população
equivalente.

10.8.1. Seqüência de cálculos


1) Esboça-se o traçado da rede na planta baixa da área a abastecer procurando-se, a
medida do possível, desenhar na posição de implantação dos distribuidores;
2) Lançam-se os trechos definitivos os quais normalmente serão limitados pelos
pontos de encontro (nós) ou pelas extremidades livres (nós secos), sendo que cada
trecho não deverá exceder 300 metros.
3) Identifica-se para cada nó a cota topográfica (normalmente com base nas curvas de
nível da planta em escalas 1:1000 ou 1:2000, excepcionalmente 1:500 para áreas
urbanas pequenas);
4) Transformam-se as malhas existentes na rede em seqüências ramificadas
(ficticiamente) de modo que os seccionamentos sejam localizados de tal maneira que
a água faça o menor percurso possível entre o reservatório e o nó secionado (isto é
essencial para o sucesso do cálculo!).

11.1 Dimensionar a rede de distribuição de água de uma pequena comunidade, cuja


planta e topografia do terreno são apresentadas na figura abaixo.
Pede-se:
A) Determinar a cota do nível de água no reservatório para que a carga de pressão
dinâmica na rede seja 15 m.c.a.
B) Determine a máxima carga de pressão estática e a máxima carga de pressão
dinâmica na rede. Dados:
a) população a ser abastecida: 2900 hab.
b) Cota de consumo per capita média, q= 150 l/hab/dia;
c) Coeficiente do dia de maior consumo, k1= 1,25
d) Coeficiente da hora de maior consumo k2= 1,50
e) Horas de funcionamento diário do sistema: 24 horas
f) Material das tubulações aço galvanizado novo, fator de atrito f=0,026
g) O trecho entre o reservatório e o ponto A, onde inicia a rede, não há
distribuição em marcha.

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Tabela 10.1 - Velocidades e Vazões máximas por diâmetro de tubulação

Diâmetro Velocidade máx. Vazão máx.


(mm) (m/s) (l/s)
50 0,60 1,17
75 0,65 2,85
100 0,69 5,45
125 0,74 9,11
150 0,79 13,98
175 0,84 20,20
200 0,89 27,90
225 0,94 37,25
250 0,99 48,36
275 1,03 61,40
300 1,08 76,50
325 1,13 93,81
350 1,18 113,47
375 1,23 135,61
400 1,28 160,40
500 1,35 265,10

11.2 Dimensionar empregando seccionamento fictício, a rede esquematizada na


figura, sendo conhecidos K1 K2 = 1,80, q = 200 l/hab.dia, P = 864 pessoas, C = 140;
encontrar, também, o nível mínimo da água no reservatório para uma pressão
mínima na rede de 10 mca.

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11.3 A rede de distribuição de água, representada abaixo, possui as seguintes


características:

a) Os trechos BC, CE, EF, CD e EG tem vazão de distribuição em marcha


constante igual a qm= 0,01 l/s.m;
b) Os pontos D, E e G são pontas secas;
c) Os dados da rede são apresentados na tabela abaixo.

Trecho L (m) DN (mm) Nó Cota (m)


1-1 600 100 A 760,00
1-2 400 100 B 770,00
1 600 150 C 785,00
2-1 500 100 D 795,00
2 500 200 E 785,00
3 650 200 F 755,00
G 735,00
Pede-se:
a) Determine a cota do nível de água no reservatório, para que a mínima carga
de pressão dinâmica na rede seja 15 m.c.a.
b) Determine a máxima carga de pressão estática. Adotar C=130 comentar o
resultado.
c) Encontrar as pressões dinâmicas para todos os pontos da rede

11.4 A rede de tubulações representada, serve a um sistema de irrigação por aspersão


e a uma colônia rural. Os aspersores conectados nos pontos G, F e E devem propiciar
uma vazão de 2,0 l/s, com uma carga de pressão mínima de 10 m.c.a. O trecho AB,
logo após a bomba, tem uma distribuição em marcha com vazão unitária q= 0,10
l/s.m. A tubulação de sucção da bomba, com 4” de diâmetro tem 2,5m de
comprimento, uma válvula de pé e crivo e um cotovelo de 90° raio curto.
Os pontos C, D e E estão na mesma cota geométrica. Determinar a potência do motor
da bomba (comercial), para rendimento de 70%. As tubulações são de material
metálico com rugosidade (C=100). Despreze as perdas de carga localizadas no
recalque e as cargas cinéticas.

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10.9. Rede Malhada


Apresentam os seus trechos interligados em forma de anéis ou malhas,
fazendo com que o sentido das vazões possa mudar dependendo da demanda dos
nós. Esse tipo de rede apresenta uma eficiência superior a rede ramificada. Podemos
citar como vantagem a operacionalidade e a manutenção da rede. Mas a dificuldade
encontrada está no dimensionamento quando comparado a rede ramificada.
10.9.1. Hardy-Cross
Este método aplica-se para áreas maiores de distribuição, onde o método do
seccionamento fictício mostra-se limitado e a rede forma constantemente circuitos
fechados (anéis). Ou seja, é um método para cálculo de redes malhadas e consiste em
se concentrar as vazões a serem distribuídas nas diversas áreas cobertas pela rede,
em pontos das malhas de modo a parecer que há distribuições concentradas e não ao
longo do caminhamento das tubulações, como no caso do seccionamento fictício.
O diâmetro mínimo das tubulações principais de redes calculadas como malhadas é
de 150mm quando abastecendo zona comercial ou zona residencial com densidade
superior 150hab/ha e igual a 100mm quando abastecendo demais zonas de núcleos
urbanos com população de projeto superior a 5000 habitantes. Para populações
inferiores a 5000 habitantes podem ser empregados diâmetros mínimos de 75 mm.

10.9.2. Seqüência de cálculos


1) Definem-se as diversas micro-áreas a serem atendidas pelas malhas. Calculam-se
as vazões a serem distribuídas em cada uma delas e concentra-se cada vazão em
pontos estratégicos (nós) de cada malha, distando, no máximo, 600m entre dois nós
consecutivos; cada circuito fechado resultante é denominado de anel;
2) Escolhe-se criteriosamente a posição do ponto morto (ponto onde só há afluência de
água para o nó seja por qual for o trecho conectado a esse nó) e admite-se, com muito
bom senso, as vazões que a ele afluem;
3) Estabelece-se para cada anel um sentido de percurso. Normalmente escolhe-se o
sentido positivo como o análogo ao do movimento dos ponteiros de um relógio, de
modo que ao se percorrer o anel, as vazões de mesmo sentido sejam consideradas
positivas e as de sentido contrário negativas;

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4) Define-se os diâmetros de todos os trechos (mínimo de 75mm) com base nos


limites de velocidade e de carga disponíveis Tabela 1;
5) Com o diâmetro, a vazão, o material e a extensão de cada trecho calculam-se as
perdas hidráulicas - hf, de cada um deles, considerando-se o mesmo sinal da vazão;
6) Somam-se as perdas de carga calculadas para todos os trechos do anel;
7) Calcula-se a expressão ∆Qi "n" é um fator que depende da expressão que se tiver
utilizando para cálculo desta perda, mais precisamente, é o expoente da incógnita da
vazão, ou seja, nhazen-williams=1,85, ndarcy = 2,0, etc. Qi será, então, a correção de
número "i" de vazão a ser efetuada (vazão e correção em litros por segundo);
Após todas as vazões terem sido corrigidas caso qualquer uma das somatórias das
perdas ou a correção das vazões ou ambas tenham sido superior, em valor absoluto, a
unidade (1 mca e 1 l/s, respectivamente), isto é, colocando como expressão,

os passos devem ser refeitos a partir do passo cinco com a última vazão corrigida
efetuando-se, então, nova interação, até que esses limites sejam atingidos;
OBS: Recomenda-se que se até a terceira interação os limites não tenham sido
atingidos, reestude-se o dimensionamento desde o início e caso o problema não seja
de erros grosseiros, estudem-se alterações, que poderão ser, pela ordem,
• das vazões de chegada ao ponto morto;
• de diâmetros;
• correção do ponto morto;
• na posição do reservatório;
• nas áreas a serem abastecidas.

11.5 Calcular pelo método Hardy-Cross e empregando a expressão de Hazen-


Williams (logo n = 1,85), a rede de distribuição esquematizada na figura a seguir. São
conhecidos: C = 120, 0,50 mca e l/s. Encontrar também a altura
mínima em que deverá ficar a água no reservatório para uma pressão mínima de
serviço de 2,0 kgf/cm2.
OBS: Exemplo com trechos superiores a 600m de extensão apenas por força enfática
no trato acadêmico.

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11.6 Calcular pelo método Hardy-Cross e empregando a expressão de Hazen-


Williams (n = 1,85), a rede de distribuição esquematizada na figura a seguir. São
conhecidos: C = 100, 1,00 mca e l/s.

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