Maritz Maciel Castrilon Maldonado - Mestrado
Maritz Maciel Castrilon Maldonado - Mestrado
Maritz Maciel Castrilon Maldonado - Mestrado
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A ORDEM DO DISCURSO DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Porto Alegre-RS
2001
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
A ORDEM DO DISCURSO DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Alfredo Veiga-Neto
Orientador
Porto Alegre-RS
2001
2
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
BIBLIOTECA SETORIAL DE EDUCAÇÃO da UFRGS, Porto Alegre, BR-RS
CDU – 37:574.3:801.73
3
Dedico
Ao amor, Hélio
4
AGRADEÇO
À minha mãe Paulina e minhas irmãs Léslie, Denise e Natalie que, além de
À minha sogra, D. Idir, que não mediu esforços para suprir minhas
pelo frio sentido, pelo medo vivido, pelas constantes trocas, pela saudade
5
que foram substanciais para a realização desta Dissertação. Às
desta Dissertação.
6
SUMÁRIO
9 RESUMO
10 ABSTRACT
11 APRESENTAÇÃO
14 CAPÍTULO I: A TRAVESSIA
ANÁLISES
37 Arqueologia
39 Genealogia
43 “A ordem do discurso”
66 Corpos adestrados
76 Espaços quadriculados
7
86 CAPÍTULO IV: A ORDEM DO DISCURSO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Os Corpos
Os Saberes
comentários
TRAVESSIAS
8
RESUMO
possibilitaram.
9
ABSTRACT
formed. I draw upon the discourses embedded in this web to show how
device to govern the individuals' conduct and establish a new order: the
environmental order.
10
APRESENTAÇÃO
O propósito deste texto é apresentar uma nova lição, uma lição que
possibilitaram.
11
Inicio esta Dissertação com o capítulo intitulado A Travessia,
nosso.
górdio” que tento desatar. Foi neste capítulo que visualizei parte da teia
12
deixa transparecer em sua fala, os regimes de verdade que o levaram a
13
CAPÍTULO I
A TRAVESSIA
rio, o porto seguro a que tanto queria chegar. Após algumas braçadas,
14
Representação Social de Meio Ambiente e Educação Ambiental das
abordados por aqueles de uma forma neutra” (Bogdan, 1994: 98). Foi
1
Utilizo-me, aqui, da metáfora do nadador, utilizada por Serres (1991).
15
Porém, no meio da travessia, outras águas — que não mais aquelas
Pessoal de Nível Superior (CAPES) que levou até aos rincões de Mato
— que lança mão de uma nova tendência nos estudos sobre a cultura —
2
Tal tradição é fortemente influenciada por Mathew Arnold; por isso é conhecida como
tradição arnoldiana, e concebe a cultura como “o melhor que se tenha pensado e dito no
mundo” (COSTA, 2000:15).
16
instituições e práticas comunicativas de uma sociedade, conforme atesta
Nelson (1995).
3
Para melhor discussão sobre a virada cultural, ver Hall (1997).
17
concepção iluminista, a linguagem exerce o papel de traduzir para o
mundo as coisas que são por ele apresentadas. Ou seja, acredita-se que
pela luz da razão” (ib.: 27). A razão traz à luz “uma realidade realmente
mostra que a sua suposta essência “está na descrição dos fatos do mundo
e que todas as tentativas de dizer qualquer coisa que vá para além disso
uma só.
1996b: 45)
4
A centralidade do sujeito moderno, iluminista, sofre influência, segundo Hall (1999), da
Reforma Protestante, do Humanismo Renascentista, das Revoluções Científicas. O autor
evidencia o papel do filósofo francês René Descartes (1596-1650), colocando-o como
“uma figura importante, que deu a essa concepção sua formulação primária” (ib.:26).
18
Nessa concepção, segundo Rorty (1988), a filosofia é concebida
filósofos que pensam dessa forma, considerados por esse autor como
discursos.
5
Wortmann (2000) discute múltiplos significados atribuídos ao termo representação em
relação à Educação em Ciências e aos Estudos Culturais. Segundo ela, no Brasil, ao longo
dos anos noventa, foram realizados estudos concernentes às representações de alunos
em relação a temas diversos do ensino de ciências. Nesse período estudou-se, também,
as “representações que os/as professores/as têm sobre educação ambiental (...). Tais
estudos, buscavam, geralmente, fazer uma descrição mais ou menos completa do
‘pensamento’ dos investigados (usualmente definidos como os sujeitos interessados nas
ações) relativamente aos temas selecionados, para, a partir dessa descrição, buscar
19
se apresenta não mais enquanto dispositivos lingüísticos reveladores da
cultura, um mundo que é mediado por uma linguagem que foi instituída
20
Foram as reflexões propiciadas pela virada lingüística que
a perceber que a verdade que eu tanto buscava não tinha como ser
7
Entendo práticas discursivas como sendo aquelas que se referem ao conjunto de
enunciados produzidos historicamente e que tornam as ações inteligíveis. Segundo Bujes
(2001) “Elas moldam a nossa maneira de construir o mundo, de compreendê-lo, de falar
sobre ele”. As práticas não discursivas podem ser concebidas como toda a outra ordem
de coisas que se caracterizam como não discursos, tais como: “condições econômicas,
sociais, políticas, culturais, etc” (Veiga-Neto, 1995: 22).
21
corretas do que outras, na intenção de transformarmos e melhorarmos o
coisas mas, pelo contrário, por desconstruírem tais verdades com fim
8
O termo episteme, aqui utilizado, refere-se ao conjunto de regras e normas de
determinados períodos históricos ou “rede única de necessidades” de sociedades
distintas “na, pela e sobre a qual se engendram as percepções e os conhecimentos; os
saberes, enfim” (Veiga-Neto, 19995: 23) e será melhor discutido no decorrer desta
Dissertação.
22
Foi lendo Foucault que percebi a possibilidade de entender os
dizia, como um objeto histórico como tronco de uma árvore que, para
olhar além dos discursos, assim como ele fez ao escrever As palavras e as
discursivas que controlam e dirigem o que deve e o que não deve ser dito,
9
A partir deste momento delimito meu objeto de análise priorizando apenas os
discursos sobre Educação Ambiental produzidos pelas professoras e professores
daquela Universidade. Esta delimitação se deve ao fato de entender que as práticas
discursivas e não discursivas sobre o meio ambiente foram as condições que
possibilitaram a necessidade da Educação Ambiental.
23
tendo em vista que os discursos nos formam/instituem/delimitam. Nesse
24
verdade através dos quais o discurso da Educação Ambiental foi
construído.
histórica.
que nos encontramos. Também não trago para meu trabalho a idéia de um
refere, ainda, àquela contada pelo historiador clássico até porque não
25
sou historiadora , que tem como eixo central de suas análises a
nos limbos a ordem que vai liberá-lo e permitir-lhe que se encarne em uma
algum obstáculo aos primeiros contornos da luz, mas existe sob condições
26
Assim, procurei, nesta Dissertação, desnaturalizar a ordem dos
27
espécies delimitadas por praias de areia fina e barrancos onde a
desavisadas...
Superior, não via outro caminho senão pensar na educação como forma de
28
acontecer com a instituição de uma disciplina intitulada Educação
gestado pelo ser humano; como problema, que precisa ser resolvido; como
29
resolução de problemas comunitários (Sato,1997). Em relação à Educação
(participativo) (ib).
30
a consciência ambiental naquela Universidade. Passei, a partir de então, a
discursos, percebi que todos convergiam para uma mesma direção, todos
10
É válido salientar que conforme concepção de discurso trazida por Foucault os
enunciados proferidos pelas professoras e professores foram, também, regulados por
ordens discursivas e não discursivas que estavam presentes no momento daquela
entrevista.
11
Foucault(1997, 1999k), na fase arqueológica de suas pesquisas, define enunciado não
por meio de seus elementos formais (gramaticais, lingüísticos ou proposicionais), “mas
por suas conexões com um domínio epistemológico mais amplo que permite que certas
31
interagir comigo naquela entrevista representar a Educação
coisas sejam ditas e outras não, que certos enunciados sejam possíveis e outros não (...)
o conceito de enunciado articula-se, em Foucault, com os de: ‘arquivo’ conjunto das
regras que definem a possibilidade de existência de determinados enunciados;
‘discursos’ conjunto de enunciados que pertencem a um mesmo sistema de regras e
leis de formação; e ‘formação discursiva’ o sistema mais amplo de regras e leis de
possibilidades no qual se inscrevem os enunciados e os discursos” (Silva, 2000: 50-51).
32
entrando em funcionamento, na maquinaria disciplinar, para governar as
33
CAPÍTULO II
atrás das coisas não se revela uma essência, mas as relações de poder que
as possibilitaram.
Fazendo uma análise das pesquisas que realizou13, Foucault diz que
estas não pretendem apontar um caminho que indique alguma direção pré-
determinada, que leve a uma verdade, a uma essência. Segundo ele “estas
12
Em seus escritos Foucault deixa claro que seus textos não tem a intenção de servir de
fundamento para nada, considerando-os como caixas de ferramentas que “se as pessoas
[quiserem] abri-las, servir-se de uma frase, de uma idéia, de uma análise como se
fossem torqueses ou alicates para cortar, desqualificar, romper os sistemas de poder, e
eventualmente os mesmos sistemas de onde saíram meus livros, tanto melhor” (Foucault,
1995:88).
13
Veiga-Neto (1995), realizando um apanhado dos principais objetos de estudos
desenvolvidos por Foucault, diz o que segue: “lembro que suas pesquisas vão da história
das prisões à história da sexualidade, dos estudos sobre os usos do corpo aos estudos
sobre a instituição escolar, das análises sobre a loucura às análises sobre a religião e a
polícia, dos estudos sobre lingüística à história das idéias científicas” (ib.:19)
34
Esse é um tipo de análise possível porque foi constituída em um
período histórico que Foucault (ib.: 168) caracteriza como aquele que
inúmeras eficácias deste tempo esse autor cita o entrave dos discursos
produção teórica autônoma, não central, isto é, que não tem necessidade,
mascarar”(ib.: 170).
14
Por saberes dominados Foucault entende: “saberes históricos que estavam presentes
e mascarados no interior dos conjuntos funcionais e sistemáticos e que a crítica pode
fazer reaparecer, evidentemente através do instrumento da erudição. (...) um saber
particular, regional, local, um saber diferencial incapaz da unanimidade e que só deve sua
força à dimensão que o opõe a todos aqueles que o circundam – que realizou a crítica.”
(Foucault, 1999f: 170)
35
e verdadeiro? Essas suas indagações aquietaram minha ansiedade de
ora são denominados como três domínios, ora como três eixos, ora como
1977 a 1984.
estas duas formas de análise se deu por considerar que elas conseguem
36
condutas, gestos e movimentos se organizam, se estabelecem, se tornam
Arqueologia
15
Faz-se necessário dizer que essa periodização não é algo tão “tranqüilo” e aceito em
seu todo, porém, não é minha intenção, aqui, entrar na discussão sobre tal questão.
Nesse sentido, a periodização é trazida apenas para situar o trabalho de Foucault.
16
Em 1961 Foucault publicou História da Loucura, momento em que “estuda os saberes
sobre a loucura para estabelecer o momento exato e as condições de possibilidade do
nascimento da psiquiatria”; Em O Nascimento da Clínica – publicado em 1963 – Foucault
“articula os saberes com o extra-discursivo, seja instituições como o hospital, a família
e a escola, seja, em um nível mais global, as transformações político-sociais, sobretudo
na época da Revolução Francesa”; Em As Palavras e as Coisas, de 1966, aprofunda e
generaliza “interrelações conceituais capazes de situar os saberes constitutivos das
ciências humanas” e, em 1969, publicou A Arqueologia do Saber, “que reflete sobre as
precedentes análises históricas com o objetivo não só de explicitar ou sistematizar mas
37
profunda do que a empreendia pela própria ciência” (1996b: 158). O
compreender os porquês de sua existência. Ela concebe que “as coisas não
38
trabalho, é possível enxergar “o invisível do iceberg” (ib.: 18) É possível
Foi assim que Foucault nos mostrou que até o século XVII os
de uma ciência geral da ordem” (ib.: 99) dos saberes, da ordem da vida.
Genealogia
39
de análise que denomina genealógica17, termo que toma emprestado de
do poder, seja qual for a máscara que esse assuma, seja qual for o campo
Poder. Nesta nova fase de suas pesquisas, o autor não se atém a dizer o
relações. Esse entendimento nos leva a perceber que “o poder não se dá,
17
Como marca da mutação da fase Arqueológica para a Genealógica, Machado (1999)
assinala duas obras de Foucault: Vigiar e Punir, 1975 e A Vontade de Saber, 1976,
primeiro volume da História da Sexualidade. Segundo Machado (Ib.:X) essas obras
representaram a introdução do pensamento de Foucault “nas análises históricas da
questão do poder como um instrumento de análise capaz de explicar a produção dos
saberes”.
40
não se troca nem se retoma, mas se exerce, só existe em ação... não é
dentro de todos e de cada um de nós, que nos governa e nos leva a querer
41
atuar sobre a ação dos outros, a querer governá-los. A esse querer
território, perde espaço para uma nova dinâmica do poder. Um poder que
42
sua própria imediatez, e a determinar os processos de montagem das
peças mestras, seus engates, para que servem e quem, a que sistemas de
“A ordem do discurso”
enxergá-los. Ele não procura uma verdade, nem muito menos uma
43
Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao
mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e
redistribuída por certo número de procedimentos que têm por
função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu
acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível
materialidade” (Foucault, 1999a: 9).
aí, sendo ditos ou escritos por mim e por todo mundo, sem que se pense
sendo imanentes ao discurso. Foi assim que nos fizeram crer, a mim e a
darmos conta que estas são estabelecidas pelos próprios discursos e, por
são.
iniciada por Platão — que exonerou o sofismo — “deu sua forma geral a
44
O pensamento inaugurado por Platão se caracteriza pela dualidade
Platão (1994):
idealista, posto que, para ele, “as idéias são mais reais que as coisas”.
45
cotidianas como produtoras do conhecimento. Segundo ele, apenas os
ideal, e, por isso, devem “dirigir” os homens que não conseguem enxergar
nunca sua qualidade, apenas pode ser modelado para o bem ou para o mal,
46
Platão postula, com essa doutrina, uma realidade dual onde a
Educação:
18
O pensamento platônico abre caminho para a dualidade: civilitas/bárbaros
(Aristóteles); Cidade de Deus/Cidade dos Homens (Santo Agostinho); Cristão/Pagão
(São Tomaz de Aquino); Razão/Emoção (Descartes),...
19
“pelo qual se tinha respeito e terror, aquele ao qual era preciso submeter-se, porque
ele reinava, era o discurso pronunciado por quem de direito e conforme o ritual
requerido; era o discurso que pronunciava a justiça e atribuía a cada qual sua parte; era
um discurso que, profetizando o futuro, não somente anunciava o que ia se passar, mas
contribuía para a sua realização, suscitava a adesão de homens e se tramava assim como
destino” (Id. 15)
47
proposições de Platão, o discurso, para ser considerado verdadeiro deve
passar por uma clivagem que o legitime enquanto tal, que o distinga do
falso. Foi essa divisão histórica que deu sua formatação “geral à nossa
vontade de saber”.
exclusão daquilo que não deve ser dito perante o que é concebido como
em sua direção” (Foucault, 1999a: 19). Mas, o que tem a ver a “vontade de
Assim, entendo que foi essa vontade de verdade que levou as sociedades,
48
sobre os outros dois mecanismos que são atravessados pela vontade de
(1999a: 9) “sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não
49
de verdade e recolocá-la em questão contra a verdade, lá
justamente onde a verdade assume a tarefa de justificar a
interdição e definir a loucura” (Foucault, 1999a: 20).
50
agrupamento do discurso, como unidade e origem de suas significações,
como foco de sua coerência” (ib.: 26). É o princípio do autor que limita o
autogovernáveis.
validade estejam ligados a quem sucedeu ser seu inventor” (ib.: 30).
discursos: “para que haja disciplina é preciso, pois, que haja possibilidade
Nesse sentido, para que uma determinada proposição faça parte de uma
34).
51
Para que determinada proposição seja considerada verdadeira, esta
uma função crucial ao sujeito perante a produção dos discursos. Para que
Esse sujeito — que passa pelo ritual que lhe confere o direito de
52
“todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou modificar
“E agora José?”
53
emergência de determinado discurso. Nesse sentido, ao invés de
discursos.
escondida atrás dos mesmos. Não existe esse tão sonhado “elo”
que existem são “práticas descontínuas, que se cruzam por vezes, mas
54
que dá lugar à série aleatória desses acontecimentos e fixa suas
Cáceres.
55
CAPÍTULO III
é tido como prazer de primeira ordem; ouvir uma vontade que é divina e
Um mundo em que a arquitetura – palácios reais – foi feita para ser vista,
56
admirada, respeitada – arquitetura “do muro espesso, da porta sólida que
modo divino, que não [conhece] a necessidade nem o acaso, um mundo que
apenas [é] sem pensar jamais em como ser” (Bauman, 1999: 12 grifo meu).
enquanto habitat humano, ele deixou de ser o que era: o mundo medieval.
Este capítulo tem como propósito analisar uma das tarefas que o
“uma tarefa que toma todas as demais metáforas de si mesma” (ib.) Mas,
Modernidade?
20
Varela (1995), trabalhando com as concepções de categorias de pensamento, diz que
para Elias as categorias são instituições sociais de caráter simbólico que “os homens as
adquirem e utilizam como meio de orientação e de saber” (p. 38).
57
O momento em que se começa a pensar, a refletir sobre a ordem –
Mas, o que tem a ver a guerra entre ordem e caos com o discurso
58
“coloca as coisas no lugar”? Aqueles que procuram a instituição da ordem
batalha entre ordem e caos. Para que as coisas fiquem em seu devido
lugar, “eles” criam uma ordem que difere frontalmente daquela ordem
natural.
inserido algo que fuja ao que é considerado como um estado natural. Por
locais algo que faça “a própria distinção entre pureza e imundice”. Até
que a jaça não chegue, o local não é puro nem impuro, é apenas natural. No
busca da ordem. Uma ordem que foi pensada para garantir o bem estar
59
“mundo em que as probabilidades dos acontecimentos não estejam
ordem produzida pelos seres humanos, para que consigam viver, entender
viver de acordo com a natureza, instituindo uma nova ordem social. Uma
60
modernos, os seus predecessores mantinham uma relação estreita entre
ordenados.
61
paralela ao poder soberano instituído na época -: a explosão
tornava-se “cada vez mais intenso e mais complexo, cada vez mais custoso
que tais acontecimentos não devem ser vistos como causa anterior à
causa imanente.
disciplinar? Essa é uma pergunta que Foucault não seria capaz de ajudar-
62
A mecânica geral do poder em uma sociedade de tipo feudal pode
ser chamada de Soberana, ou, aquela que rege seu poder “nos termos
que retira, exclui dos corpos sua força natural, atendendo exclusivamente
mas como um mecanismo que funciona como uma rede repleta de técnicas
63
Estudando esses mecanismos disciplinares, Foucault percebeu que
força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao
prazer, forma saber, produz discurso” (Foucault, 1999b: 8). Essa nova
corpo social”(ib.).
64
dominadas, e o aumento das forças e da eficácia de quem as domina”
Prosseguindo com Foucault, esse novo tipo de poder “é uma das grandes
correspondente” (ib.).
vazios espaciais.
65
Corpos adestrados
Industrial, sedento por pessoas aptas para lidar com a nova realidade,
66
em plantas úteis a serem estimuladas e cuidadosamente cultivadas e
Uma ordem artificial, projetada, planejada pela Razão para atender aos
21
Segundo Rocha (2000: 136) “às palavras ‘humanização, humanizar’, usualmente se
associam todas aquelas qualidades modernas desejadas e utopicamente apregoadas:
67
necessitavam ser adestrados para melhor compreender/exercer sua
poder. Porém, isso não significa dizer que o corpo estivesse, até então, à
vida e de morte sobre eles, com o qual o deixava viver ou o fazia morrer.
mais fracos, passivos. Estes últimos tinham sua força física sugada
68
No entanto, a partir do século XVII, uma redescoberta do corpo
Porém, é válido salientar que o referido autor faz essa divisão para
que ambos são as duas faces de uma mesma moeda” (ib.). E assim, diz que
direito, eventualmente, de estar morto. Em todo caso, a vida e a morte dos súditos só se
tornam direitos pelo efeito da vontade soberana” (1997: 286)
69
todos os indivíduos nessa sociedade, bem como de torná-los produtivos e
autogovernáveis” (ib.).
sujeito que deveria aumentar sua utilidade, bem como sua obediência no
119). Para isso, “o corpo humano entra numa maquinaria de poder que o
não se deu por decreto, ou, como diria Foucault, não foi uma descoberta
corpos daquela população até então tida como multidão confusa, inútil de
corpos e forças.
70
toda a população. E são as relações assimétricas de poder entre
Foucault,
governo das condutas dos mesmos. Enquanto antes era o Soberano quem
71
para um conjunto cada vez mais ampliado de instituições, mas para o
possível
vistas a romper com a realidade “selvagem” que lhe era peculiar. Vale
72
encontrar os indivíduos, instaurar as comunicações úteis,
interromper as outras, poder a cada instante vigiar o
comportamento de cada um, apreciá-lo, sancioná-lo, medir as
qualidades ou os méritos (Foucault, 2000b: 123).
daquelas tidas como normais, bem como a exames que passam a atuar
91).
73
Segundo Veiga-Neto, a partir do século XVI a disciplinaridade
74
disciplinaridade modernas, fundidas, tiram de cena “as coisas do espírito”
75
Espaços Quadriculados
política e filosófica da época. Razão essa que tinha como premissa básica
76
Em que se caracterizam esses espaços vazio
“barreiras espaciais em tal grau que por vezes o mundo parece encolher
forma confusa frente aos moldes precisos que a atualidade nos propicia
23
Harvey ilustra a compressão do espaço através da evolução dos meios de transportes
dos últimos 500 anos. Segundo ele, enquanto nos anos de 1500-1840 “a melhor média de
velocidade das carruagens e barcos a vela era de 16 km h”, a partir de 1960, os aviões a
jato, que transportam passageiros alcançam uma velocidade média de 800 a 1100 km por
h. Essas transformações propiciaram um encolhimento do espaço através do tempo.
77
autoridade externa, hostes celestiais ou figuras mais sinistras do mito e
da imaginação” (ib.).
78
o espaço um ‘fato’ da natureza, a conquista e organização racional do
Não mais pensavam o espaço para refletir a glória de Deus como era
A título de ilustração, mais uma vez peço licença a meu leitor para
inserir outra história que fez parte da minha vida, para exemplificar o
que venho tentando dizer. Desde o início desta Dissertação trago firme a
distintas. Lendo toda essa teoria e pensando num dos pontos focais da
79
serem unânimes em seus discursos sobre a necessidade da Educação
que tinha o hábito de contar histórias a suas netas e netos. Não histórias
avô começou a gravá-las em fitas cassete, como ele mesmo diz: “para que
24
José Castrillon Lopez nasceu no ano de 1895, na Galícia, Espanha; imigrou para o
Cáceres, Mato Grosso, Brasil no ano de 1911 juntamente com mais cinco irmãos
onde viveu, trabalhou e constituiu família até o ano de 1981.
80
cotidiano, na história das mentalidades, na história vista de baixo25,
espanhol”. Nela, cito falas de meu avô que foram substanciais para que eu
com cada sociedade ou, com cada episteme. Em seus discursos, regulados
dessa que concebo hoje como sendo a “melhor”. Os seus discursos falam
por si mesmos...
O que iam fazer seis irmãos em uma cidade como Cáceres Era
uma cidade que não tinha mais do que cinco ou seis casas de
material, o resto era tudo de adobe. Então resolvemos que
íamos construir casas. Meu irmão, Belarmino era construtor...
Mas, na cidade não tinha energia para fazer funcionar a serra.
Foi então que mandamos vir da Argentina, a primeira máquina
a vapor. Essa foi a primeira vez que Cáceres viu energia
elétrica em uma casa, e foi a nossa... Foi através dela,
também, que movimentamos bombas para levar água encanada
para a cidade... Nós tínhamos disposição para trabalhar pois o
trabalho não nos assustava. A lenha, pra tocar a máquina vinha
de canoa pelo rio, vinha por terra com carros com quatro
burros, aqui também não tinha carros... Eu, que ainda não
servia para nada, fui fabricar os tijolos. Eram aqueles tijolos
25
Peter Burke, diz em seu livro “A Escrita da História: novas perspectivas”, que a
história vista de baixo preenche duas funções importantes: “serve como corretivo à
história da elite (...) e abre a possibilidade de uma síntese mais rica da compreensão
histórica, de uma fusão da história da experiência do cotidiano das pessoas com a
temática dos tipos mais tradicionais de história” (1992: 53-54).
81
grandes de quatro quilos... arrancava-se o barro com os pés,
com a picareta, com a enxada...e, naquele forno na beira do
rio, fabricávamos vinte mil tijolos para construir novas casas.
Queimávamos o cal há quatro léguas dali, mas a areia já estava
ali, na beira do rio. O rio foi de grande ajuda pois, sabe-se o
valor da água. Cortávamos as cordilheiras do pantanal a
dentro, rio acima e, desembarcávamos no lugar mais alto... dali
púnhamos o atracado nos pés daquelas Piuveiras e Ipês que
estouravam no comprimento... derrubávamos na água e
vínhamos em duas canoas... amarrava aquelas toras e vinha
para a serra... fazia-se caibros, ripas e pronto, já tinha toda a
madeira da construção serrada... o Cedro não tinha por perto.
Viajávamos rio Paraguai acima daqui 10 léguas e lá se tinham
Cedros e Araputangas, eram as madeiras que precisávamos.
Qual era a mata que encontrávamos e que quem plantou foi
Deus!... Eram capões de Cedros que encontrávamos e,
arrancávamos quinhentas, oitocentas, até mil madeiras na
beira do rio...aquelas madeiras enormes, daquelas alturas
enormes que não voltam mais...E assim era, porque naquela
época as matas de Mato Grosso não queimavam, porque a
chuva aqui era normal.
O primeiro que fizemos foi o matadouro municipal. ... Foi o que
deu mais trabalho pois tínhamos que descobrir onde as coisas
que precisávamos estavam... Elas estavam escondidas no
pantanal, no brejo, na mata e tudo isso dava muito medo...
depois fizemos aquele prédio da prefeitura antiga... na frente
da prefeitura fizemos o Esporte Clube Humaitá e ao lado,
aquela casa bonita da família [não entendi o nome da família] e
o grupo escolar Esperidião Marques... As molduras das
fachadas eram feitas todas pelo meu irmão, e as pessoas
admiravam! Construímos também a pracinha, que na época era
chamada de jardim e que tinha um lindo coreto de ferro que já
veio pronto, de navio... É essa mesma que fica na beira do rio...
Aquele cais, também fomos nós e a nossa loja ficava na
frente... 26
26
Sempre que me referir a discursos ou enunciados que se caracterizem como corpus
empírico, utilizarei em itálico.
82
Era necessário extrair e exportar...
de seu tempo foi capturado pela rede de poder disciplinar que o tornou
entanto, essa liberdade que tinha para agir de acordo com a sua vontade
estava controlada pela necessidade de sua época, uma época que instituiu
83
a ocupação dos espaços vazios como missão primeira. Ele estava agindo
suas práticas.
30). São esses mecanismos que agem no corpo dos indivíduos tornando-os
aptos para viverem no novo Estado. Nesse sentido, nossas ações, o nosso
práticas do meu avô foram reguladas por uma rede de poderes que o
84
A visão que o Ocidente tinha sobre a América, no início do século
domesticada para servir ao homem. Foi nesse regime de verdade que meu
veremos que suas ações vão ao encontro daquilo que a episteme em que
verdadeiros na medida em que diferem dos outros, então falsos. Meu avô
85
CAPÍTULO IV
do movimento ambientalista.
86
perceber que os discursos que “naturalmente” produzimos sobre a
não é o nosso, porém, que regularam a nossa forma de pensar, ver e estar
no mundo.
Nesse sentido, iniciaram uma batalha contínua com o fim de colocar todas
quais não existe um lugar justo e devido, tornando, assim, o mundo dos
27
Neologismo utilizado para enfatizar que, a partir de então, o Homem deve tornar-se
partícipe da problemática ambiental.
87
retorcidos de pasta de dente, lâmpadas queimadas, jornais,
recipientes, materiais de embalagens, mas também
aquecedores, enciclopédias, pianos, aparelhos de jantar de
porcelana: mais do que pelas coisas que todos os dias são
fabricadas vendidas compradas, a opulência de Leônia se mede
pelas coisas que todos os dias são jogadas para dar lugar às
novas. Tanto que se pergunta se a verdadeira paixão de Leônia
é de fato, como dizem, o prazer das coisas novas e diferentes,
e não o ato de expelir, de afastar de si, expurgar uma impureza
recorrente. O certo é que os lixeiros são acolhidos como anjos
e a sua tarefa de remover os restos da existência do dia
anterior é circundada de um respeito silencioso, como um rito
que inspira a devoção, ou talvez apenas porque, uma vez que as
coisas são jogadas fora, ninguém mais quer pensar nelas.
Ninguém se pergunta para onde os lixeiros levam os seus
carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os
anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar
para mais longe; a imponência dos tributos aumenta e os
impostos elevam-se, estratificam-se, estendem-se por um
perímetro mais amplo. Acrescenta-se que quanto mais Leônia se
supera na arte de fabricar novos materiais, mais substancioso
torna-se o lixo, resistindo ao tempo, às intempéries, à
fermentação e à combustão. É uma fortaleza de rebotalhos
indestrutíveis que circunda Leônia, domina-a de todos os lados
como uma cadeia de montanhas.
O resultado é o seguinte: quanto mais Leônia se expande, mais
coisas acumula; as escamas do seu passado se solidificam numa
couraça impossível de se tirar; removendo-se todos os dias, a
cidade conserva-se integralmente em sua forma definitiva: a do
lixo de ontem que se junta ao lixo de anteontem e de todos os
dias, anos e lustros (Calvino, 1995: 105-106).
88
A tarefa a que a Modernidade se conferiu foi, justamente,
89
fosfato em estações especialmente construídas para o
processamento de águas servidas. Depois veio a tarefa de
destruir as algas tóxicas que proliferam em reservatórios ricos
de compostos de fosfato... (Bauman, 1999: 21).
dispositivo disciplinar.
28
Considero que o marco para que o reconhecimento do “caos” se processasse aconteceu
quando, do outro lado deste nosso mundo, em Hiroshima e Nagasaki, populações inteiras
sentiram seus olhos ofuscarem subitamente pelo clarão das bombas atômicas que caíam
sobre si. A partir dessa experiência, os seres humanos tiveram ciência de que aquele
dispositivo fabricado com fins de manter determinada ordem possibilitava a destruição
total do Planeta Terra. Fazendo valer, assim, a teoria de que, quanto mais segura é a
forma de ordenamento criada, “mais incoerente e menos controlável o caos resultante”
(Bauman, 1999: 21)
90
tenham consciência de que não podem praticar atos que
prejudiquem o meio ambiente... Acho que através da Educação
Ambiental é possível propiciar para as futuras gerações um
ambiente de vida saudável. Devemos falar sobre isso com
nossos alunos aqui na UNEMAT, pois assim estaremos
sensibilizando-os em relação aos males que a humanidade já
causou ao meio ambiente. (Prof. A – Geografia).
agir da maneira que seja concebida como a mais correta e verdadeira, nos
nessa direção.
29
Em todos os momentos em que me referir aos discursos das professoras e
professores da UNEMAT, incluo-me nesse bojo por considerar que o meu pensamento,
naquela época, não diferia do delaseles.
91
Como já mencionei na seção anterior, considero que a partir do
estar, etc, esses passaram a produzir novos discursos no sentido de, mais
Educação Ambiental.
92
A partir desse, vários outros discursos vieram à tona,
rica e poderosa, sem levar em conta o custo final desse crescimento” (ib.:
43).
eram apenas algumas das muitas bandeiras empunhadas por aqueles que
93
A partir da década setenta do século passado, grandes eventos
melhor.
94
A Educação Ambiental ganha, nessa Conferência, o “status de
da ambientalidade:
95
conscientizarem de seu papel para a resolução da problemática
que assola o nosso ecossistema. Acho que estou cumprindo com
o meu papel de educadora ambiental (Prof. A - Biologia).
30
Analisarei mais detidamente o papel da maquinaria escolar na próxima seção.
97
aconteceu em Tibilisi, Geórgia, ex-URSS, a Primeira Conferência
98
diferenciada dos outros mecanismos disciplinares de controle dos corpos
licenciatura da UNEMAT:
99
Após a Conferência de Tibilisi, várias sementes do discurso da
31
Dias (1992) realiza um apanhado cronológico sobre acontecimentos correlatos ao
desenvolvimento da Educação Ambiental.
100
humanos e urbanismo; contaminação; organização e administração;
que traz em seu bojo um Capítulo específico sobre Meio Ambiente. Nesse
101
desenvolvimento mais sustentável para o século XXI, resultando no
102
moderna: o regime de verdade do movimento ambientalista. Regime esse
103
vontade e à razão humana, ou seja, de que ela é um objeto32 maleável às
Os Corpos
encontra no seu estado natural. Assim, ele vai para a escola para “...
32
Bauman (1999) discutindo essa questão diz: “os objetos podem ser rios correndo sem
sentido na direção errada, ‘onde não são necessários’. Ou plantas que nascem em lugares
‘onde comprometem a harmonia’. Ou animais que não põem o número de ovos ou não
desenvolvem úberes grandes bastante ‘para torna-los úteis’...” (p. 48)
104
garantindo uma conduta desejável em relação ao Meio Ambiente. Os
105
milhões de indivíduos deverão ajustar as suas próprias prioridades e
assumir uma ética global individual, refletindo no seu comportamento o
compromisso para a melhoria da qualidade de vida do meio Ambiente e da
vida de todas as pessoas (Belgrado, 1975).
conduzir a conduta dos indivíduos para instituir nos mesmos uma nova
outros.
espaços vazios.
Os saberes
106
pensamento. Em se tratando do discurso da Educação Ambiental, seria
107
estado de animalidade Kant para transformar em seres
realidade.
108
base, também, da Educação Ambiental. É possível perceber essa premissa
dizem que
109
A Educação Ambiental traz como princípio a capacidade de
Para Foucault, temos que admitir que o “poder produz saber (...); que
a: 27).
Percebo, com essa citação, que para Foucault, não há mais um lugar
110
esclarecimento, à luz da verdade, recebemos tais discursos com a
comentários
Foucault (1999 a), supõe que não haja sociedade onde não existam
discurso:
111
científicos. Nesse contexto, concebo que as narrativas da Educação
coisa além do próprio texto, mas com a condição de que seja esse mesmo
112
professores legitimadas pelo poder atribuído pela rede interdiscursiva
GEOGRAFIA
Acho que a Educação Ambiental é uma questão de mais alerta
porque alertando, é uma maneira de você fazer com que as
pessoas conheçam mais sobre essa questão... É fundamental
trabalharmos, aqui na UNEMAT, com nossos alunos, sobre Meio
Ambiente e essas coisas... Mas acho também que esse alerta
deve ser feito de forma global, interdisciplinar. A vida no
Planeta não está separada e a Educação Ambiental trata da
vida, por isso, ela vislumbra a possibilidade de um mundo
melhor.
HISTÓRIA
...às vezes eu achava que era consciência, às vezes que era
educação [referindo-se à Educação Ambiental]... A idéia de
educação soma-se à consciência, pois, se você tiver consciência
você pode viver no Meio Ambiente. Então, uma coisa está
associada à outra e isso só é possível se pensar em todas as
áreas do conhecimento desempenhando esse papel
conscientizador.
PEDAGOGIA
Eu entendo que a Educação Ambiental não se restringe às áreas
do conhecimento específicas que tratam a questão da
natureza... necessariamente passa por todas as áreas do
conhecimento do homem...
113
conhecimentos sobre ela e comentá-la. Nenhuma “disciplina” foi criada
114
carrega em si um “tom” de harmonia, posto que tem a missão de
115
CAPÍTULO V
TRAVESSIAS
& Rabinow, 1995: 97). Assim, no momento em que passei a duvidar das
nesse momento que percebi que “não há um modelo a priori de mundo, uma
do mundo onde vivo não deve sair dele mesmo, não deve procurar algo
passo [deve ser] decidido pelo exame das condições históricas e das
116
(ib). Ao contrário de um porto seguro, acredito ter chegado, apenas, ao
discursivo” (Id).
117
pois, a partir daí, pude compreender que a nossa enunciação é delimitada
Ambiental.
118
Significa pensar que os discursos sobre a necessidade da Educação
por sua vez, devem receber essa formação para agir “responsavelmente”
existência.
para estar nele inserido é “mostrar-se capaz de ser seduzido pela infinita
(Bauman, 1998: 23). O mundo em que vivemos requer que nós, humanos,
119
caso específico da cidade onde moro, Cáceres-MT, o seu entorno é o
uma das tantas travessias que proponho que todos os meus interlocutores
120
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