Arte Contemporânea
Arte Contemporânea
Arte Contemporânea
DESCRIÇÃO
O percurso da Arte contemporânea após a Segunda Guerra Mundial, sua expansão, seus
desdobramentos e a descoberta de novos espaços.
PROPÓSITO
Apresentar o conceito de Arte contemporânea como ponto de partida para a compreensão dos
movimentos artísticos que aconteceram após a Segunda Guerra Mundial.
PREPARAÇÃO
Para acompanhar sua trajetória pela Arte contemporânea, você deve conhecer as obras, e
nada melhor que acessar virtualmente os principais museus da atualidade. No site do
Solomon R. Guggenheim Museum and Foundation, New York, Estados Unidos, você consegue
ver e estudar dezenas de obras!
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar que os historiadores da Arte contemporânea viveram os momentos
em que registravam os movimentos da arte? Como disse Gombrich (1995), a proximidade em
que estava de seu próprio tempo, enquanto escrevia sobe a história da arte, tornava para ele
mais difícil distinguir o que era passageiro das realizações duradouras.
Este, talvez, seja o conceito mais representativo da Arte contemporânea: o efêmero que se
tornou duradouro; o inacabado e imperfeito que se tornou obra-prima. Existe certa subversão
de conceitos para apresentar a arte que transcende o instante. Começa a imaginar? Um pouco
confuso? Vontade de entender? Então você está pronto! Seja bem-vindo à Arte
contemporânea!
MÓDULO 1
ARTE CONTEMPORÂNEA
Michael Archer (2012) afirmou que de início, parece que, quanto mais olhamos, menos
certeza podemos ter quanto àquilo que, afinal, permite que as obras sejam qualificadas
como “arte”, pelo menos do ponto de vista tradicional. Qualquer material pode ser
transformado em arte, dessa forma, ser “arte” não é mais privilégio de poucas obras.
A arte foi para as ruas com a arte urbana e as performances , invadiu territórios com a Land
Art e fez do corpo uma tela, reconhecendo, na tatuagem, uma de suas formas de expressão.
La-gitane-a-la-guitare , de Blek le Rat, 1990.
Nesse contexto, muitas vezes, o artista se torna parte da obra, quando não é a própria obra.
Perde-se o seu sentido utilitário, pragmático, é óbvio. Se para o senso comum, inicialmente, o
reconhecimento da arte se torna complexo, com o passar das décadas, a arte ganha propósito,
incorpora movimentos sociais e se torna também causa.
Propomos um sobrevoo para que você possa compreender a riqueza dos movimentos da
Arte contemporânea e a liberdade de expressão conquistada.
CONCEITOS
Até meados dos anos 1940, a arte era dotada de privilégios, mas para poucos iniciados! A ideia
de que a arte poderia ser popular era, inclusive, mal vista; apreciada por cineastas, o espaço
da aristocracia artística deveria ser preservado. Uma obra literária poderia até circular, mas sua
essência é para clube de especialistas. As artes plásticas e afins, essas definitivamente não
eram para o grande público. Ocupavam lugares específicos, admiradas por meio de uma aura.
Criadas a partir de materiais próprios destinados à pintura e à escultura.
O que você verá é que a Arte contemporânea vai na direção contrária. Isso porque ela rompeu
com alguns aspectos da arte moderna; chegou a hora de reconstruir, mudar a forma de pensar
e experimentar a arte.
ATENÇÃO
Contemporâneo é um adjetivo que faz referência ao que é do mesmo tempo, que viveu na
mesma época. Designa quem ou o que partilha ou partilhou o mesmo tempo, o mesmo
período. Seguindo a lógica do conceito, Arte contemporânea pertence ao tempo em que ela
acontece. Caracterizada por representar o presente. Traz consigo todo o turbilhão que
caracteriza o momento social, político, econômico, cultural de sua época.
A Arte contemporânea representa a comunhão entre arte e vida, indo, por isso, em sentido
contrário aos padrões do que seria arte. Os artistas buscam, a partir de então, inovar em
materiais e processos, incorporando diferentes formas de se expressarem. Nesse período,
observamos ainda o desenvolvimento tecnológico, com o surgimento de novas mídias; e os
artistas, em busca do novo, apoiaram-se nessas tecnologias.
Seus materiais estão por todos os lugares: madeira, metal, pedra, papel, tecido, tinta, e outros
como ar, luz, som, pessoas, comida e o que se puder imaginar. O difícil passou a ser identificar
o que é ou não é arte. Identificar o artista, que, muitas vezes, confunde-se com a própria obra.
E se a Arte contemporânea está na linha tênue do que pode representar ou não arte, isso
significa que todas as ideias anteriores caíram por terra.
Babel , de Cildo Meireles, 2018.
A Arte contemporânea é de natureza subjetiva. A obra é valorizada pelo seu conceito, pela
ideia que lhe deu origem e não pelo resultado apresentado. As obras contemporâneas não
existem para serem simplesmente observadas; são peças para reflexão, interação,
intervenção, ação.
A CONTEMPORANEIDADE É UMA SINGULAR
RELAÇÃO COM O PRÓPRIO TEMPO, QUE ADERE A
ESTE E, SIMULTANEAMENTE, DELE TOMA
DISTÂNCIAS [...]. AQUELES QUE COINCIDEM MUITO
PLENAMENTE COM UMA ÉPOCA, QUE EM TODOS OS
ASPECTOS A ESTA ADEREM PERFEITAMENTE, NÃO
SÃO CONTEMPORÂNEOS PORQUE, EXATAMENTE
POR ISSO, NÃO CONSEGUEM VÊ-LA [...].
(AGAMBEN, 2010)
Por ser contemporânea, ela trata de questões presentes, vividas no momento em que
acontecem. Não há distanciamento histórico, os acontecimentos em profusão não deixam que
o artista se distancie do seu objeto. A Arte contemporânea se mistura ao seu próprio tempo e a
todos os acontecimentos. Reflete os conflitos, as instabilidades, as incertezas e todo o espectro
da realidade.
Já pensou como é estar imerso nos diferentes aspectos de tudo o que acontece: questões
existenciais, violência, sexualidade, consumo, informações em excesso... tudo o que diz
respeito ao indivíduo e à sociedade? É isso que torna a Arte contemporânea intensa e visceral,
representando todo esse emaranhado de razões e emoções.
Os artistas decidiram também criar em profusão. Eis por que vemos tantos artistas, com tantas
linhas e tantos pensamentos distintos, orientações artísticas diversas, cada um buscando, a
seu modo, uma maneira de representar esse momento.
Assim, vemos os artistas se dirigirem ao mundo e direcionarem a arte para a natureza, para as
questões urbanas, para as tecnologias, para todas as nuances do mundo. Fazem surgir obras
que exploram diferentes linguagens - pintura, escultura, teatro, dança, música, literatura - e
muitas outras que fogem às convenções e classificações tradicionais.
Broken Circle , de Robert Smithson, 1971.
A Arte contemporânea cria suas representações artísticas e a própria definição de arte. Seus
representantes são críticos, questionadores do mercado e do sistema que valida a arte.
CARACTERÍSTICAS DA ARTE
CONTEMPORÂNEA
Você percebe como a Arte contemporânea representa um vulcão em erupção? Tudo bem, a
imagem em si pode até ser um pouco exagerada! E o exagero é uma característica desse
momento, no qual se vai do mínimo ao máximo.
Obras interativas
Obras em processo
Obras abertas
Transitoriedade
Liberdade de estilos
Se você olhar o conjunto das obras que representam a Arte contemporânea, perceberá cada
uma dessas características no todo. Outras poderão ser identificadas, afinal, Arte
contemporânea é validada por meio de críticas, discussões, questionamentos e pelo olhar dos
próprios artistas e seus pares.
Contingent , de Eva Hesse, 1968.
ARTISTA E MOVIMENTOS
Antes de falarmos dos principais movimentos que integram a Arte contemporânea e como
atravessam as décadas e se transformaram, apresentaremos pontualmente alguns
representantes dessa linha histórica para que você possa olhar para a diversidade.
LINHA HISTÓRICA
Alguns artistas estiveram presentes em diferentes movimentos. Fazem parte das interseções
que a Arte contemporânea proporciona:
Arte conceitual - Marcel Duchamp, Sol LeWitt, Piero Manzoni, Joseph Kosuth
Videoarte - Bill Viola, Nam June Paik, Mattew Barney, Shirin Neshat
Arte digital - Harold Cohen, Thomas Ruff, Jeff Wall, Christopher Bruno
O Dadaísmo criou a arte do absurdo, os artistas queriam chocar. E, para isso, substituíam
materiais nobres por outros artesanais, trabalhavam processos demorados de criação das
obras como as colagens realizadas na pintura. Revolucionário por reformular a linguagem da
arte, a atitude dos artistas e os conceitos, o Dadaísmo foi, na fala de Ostrower (2004), um
ponto de partida para várias tendências da arte no século XX. No Dadaísmo, encontramos a
Roda de bicicleta (2013) de Marcel Duchamp (1887-1968), artista com presença marcante na
Arte conceitual. E ainda manifestações inusitadas e, por vezes, grosseiras, dariam origem aos
happenings e às performances . Porém, antes dos movimentos da Arte contemporânea
ganharem corpo, teríamos mais uma guerra mundial por vários anos.
Roda de bicicleta , de Marcel Duchamp, 1913.
HAPPENINGS
O happening é uma expressão das artes visuais que, de certa forma, apresenta
características das artes cênicas. Nesse tipo de obra, quase sempre planejada, incorpora-se
algum elemento de espontaneidade ou improvisação, que nunca se repete da mesma maneira
a cada nova apresentação.
Seu próximo passo é escolher alguns artistas e pesquisar sobre suas obras. O pioneirismo é
uma das características presentes nos trabalhos dos artistas contemporâneos. Cada artista
escolheu seu estilo, colocou sua marca em sua arte, tornando-os pioneiros no traçado, no
suporte, no material, na leitura. Desvende um pouco desse contexto que levou a essa
diversidade conhecendo a obra de alguns desses artistas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Jackson Pollock (1912-1956) utiliza a técnica da pintura em ação (action painting ) associada
ao dripping (técnica criada por Marx Ernst (1871-1976)), que tem como base o respingo da
tinta sobre a superfície da tela.
As pinturas de Pollock são seu movimento, resultam do pingar, do arremessar, do deixar
escorrer e do derramar tinta na tela esticada no chão. Ele retira a tela do cavalete, da parede e
a estica no chão, em grandes dimensões, para que possa andar em volta da tela. Os trabalhos
criados por Pollock são carregados de emoção e expressão gestual. Suas pinturas dependem
dos movimentos do artista, de sua interação com a obra, da forma como, utilizando-se do
pincel e de outros objetos, lança a tinta sobre a tela, revelando a espontaneidade da ação e
não previsibilidade do resultado.
Olhar uma foto de uma das telas de Pollock não dará a você a sensação da força e do
movimento, pois falta a profundidade. É na textura da obra que encontramos as idas e vindas
do artista ao redor da tela, antes finalizá-la. Na imagem, percebemos a fluidez, a liberdade de
expressão do artista em meio das linhas e dos pontos que compõem as suas obras. São obras
que expressam a fundo as emoções do artista em uma ação subconsciente, próxima ao êxtase
da própria criação.
Escolhemos trazer uma fala do próprio Pollock para dar uma ideia a você de como ele se
sentia.
QUANDO ESTOU NA PINTURA, NÃO TENHO
CONSCIÊNCIA DO QUE ESTOU FAZENDO. SÓ VEJO O
QUE FIZ DEPOIS DE UM PERÍODO DE
“CONSCIENTIZAÇÃO”. NÃO TENHO MEDO DE FAZER
MUDANÇAS, DESTRUIR A IMAGEM ETC., PORQUE A
PINTURA TEM VIDA PRÓPRIA. É SÓ QUANDO PERCO
CONTATO COM A PINTURA QUE O RESULTADO É
RUIM. CASO CONTRÁRIO, HÁ PURA HARMONIA, UMA
TROCA TRANQUILA, E A PINTURA FICA ÓTIMA.
Mark Rothko (1903-1970), em seus quadros, usa faixas de pouco brilho, e sutis passagens de
tons podem ser vistas como um retorno às origens, como a busca pelas forças elementares e
emoções primárias. Verificamos a ausência de modelos, base do Abstracionismo.
Expressividade e simbolismo
Contemporary Art Design Furniture Light Ball Bench Manfred Kielnhofer , de Manfred
Kielnhofer, 2010.
PERFORMANCE
INSTALAÇÕES
HAPPENINGS
The London Mastaba , Serpentine Lake, Hyde Park, de Christo and Jeanne-Claude, 2016
a 2018.
O público é, muitas vezes, parte da obra, é quem faz a obra acontecer, quem dá sentido ao
processo, quem contribui na criação e no processo apresentado. O público deixa de ser
observador passivo e ganha lugar com sua participação ativa. A obra torna-se um espaço de
interação, passando a existir em virtude dessas interações.
Assistimos à saída da arte dos espaços institucionalizados, das galerias e dos museus, e a
vimos expandir-se. A arte ganha todos os lugares, não importa o espaço, público ou privado,
incluindo o corpo do artista e do público.
Público participante
Transitoriedade, efemeridade
Esse foi o convite que vários voluntários receberam de Allan Kaprow em outubro de 1967. Em
diferentes lugares públicos da Califórnia, Fluids ganhou materialidade, estruturas com cerca
de 9m de comprimento, 3m de largura e 2,4m de altura, usando blocos de gelo como material.
Após construídas, as estruturas de gelo foram deixadas para derreter.
Essa é a cara do happening . Um acontecimento com tudo junto e misturado, em uma tarde ou
uma noite, montado em um chamado de ocupação coletiva e temporária, transformando o
espaço, em local de artes.
SAIBA MAIS
O happening é criado na ação de artistas e público geral. Não tem por objetivo ser
reproduzido, aproxima-se da vida real e de suas rotinas. Allan Kaprow realizou mais de uma
centena de happenings catalogados, tais como Garage environment e An apple shrine
(1960), e Chicken (1962).
PERFORMANCE, ENCENAÇÃO,
IMPROVISO, ENSAIO, TESTANDO OS
LIMITES DA ARTE
A performance dialoga com o happening , sendo que este último necessariamente tem o
público como participante ativo, enquanto na primeira não há interação, sendo um ato
envolvendo apenas o performer . Ao combinar elementos do teatro, da dança, das artes
visuais, da literatura e da música, a performance rompe com enquadramentos sociais e
artísticos, criando experiências, muitas vezes, contaminadas por questões cotidianas.
SAIBA MAIS
Trabalhos descritos como performances dificultam a delimitação de contornos dessa arte por
lidarem com extremos. Encontramos em performance as intervenções de um grupo de Viena,
o Actionismus, que reúne Rudolf Schwarzkogler (1941-1969), Günther Brüs, Herman Nitsch e
outros. As esculturas vivas e fotografias dos anglo-saxões, Gilbert e George (Gilbert Proesch e
George Passmore). Os trabalhos de Bruce Nauman que conversam com a body art . Ou
performances de Vito Acconci (1940-2017) como Trappings (1971), onde o artista veste o
seu pênis com roupas de bonecas, por horas, enquanto “conversa” com ele.
No Brasil, o pioneirismo nas performances a partir dos anos de 1950 é atribuído a Flávio de
Carvalho (1899-1973) ao desfilar seu New look (Experiência nº 3) nas ruas de São Paulo em
1956. E podemos trazer ainda o exemplo dos irreverentes parangolés, de Hélio Oiticica (1937-
1980), resultante de suas experiências na Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira,
no Rio de Janeiro, na década de 1960.
Assista ao vídeo a seguir para conhecer mais dessa relação da Arte contemporânea e o
carnaval. Vamos partir dos parangolés, e daí para outras como a própria rosa e carros ícones.
Som de surdo 1.
SAIBA MAIS
Podemos dizer que instalações tiveram origem com os trabalhos intitulados Merz (1919), de
Kurt Schwitters (1887-1948) e obras de Marcel Duchamp (1887-1968), sobretudo duas que ele
cria para exposições realizadas em Nova York, em 1938 (em que o artista coloca sacos de
carvão no teto e força a mudança de perspectiva de observação); e em 1942 (Milhas de
barbantes , em que o artista atravessa “milhas” de barbantes pelo espaço do museu).
Observamos que a instalação cria novos contextos a partir da modificação dos espaços. A
apreensão da obra depende do envolvimento do público com o espaço da montagem, sendo
que, em alguns casos, a obra somente acontece a partir da intervenção e da participação
desse público, como nas instalações interativas.
Desde então, muitos artistas vieram descobrindo maneiras de reinventar o espaço e envolver o
público nas instalações. Para citar alguns:
Waterfall , de Olafur Eliasson, 2016.
Anish Kapoor, artista indiano-britânico, traz para suas obras a simplicidade das curvas
monocromáticas.
SAIBA MAIS
O termo “Arte conceitual” foi utilizado pela primeira vez, em 1961, por Henry Flynt, artista,
escritor e filósofo estadunidense, ao referir-se às atividades do Grupo Fluxus.
Cristina Freire (2006) afirma que a Arte conceitual opera uma análise crítica das condições
sociais e epistemológicas da prática visual ao revelar a dinâmica dos circuitos
ideológicos e institucionais de legitimação da arte. Em outras palavras, a Arte conceitual
questiona a própria arte em seus aspectos.
É quando esbarramos em Sol LeWitt (1928-2007). Para ele, a ideia da obra em si não é
suficiente, visto que ela só está manifesta depois da obra acabada. Esse pensamento
contamina a racionalidade com que é vista a Arte conceitual, tornando-a também intuitiva. Tudo
bem que LeWitt era superliteral nos nomes que dava para suas obras como Quatro tipos
básicos de linhas retas e suas combinações (1969); à primeira vista remete mais
provavelmente a uma equação matemática ou a um desenho geométrico do que a uma obra,
resultado de processos criativos. Ao mesmo tempo que existe uma racionalidade explícita,
ficamos reféns do subjetivismo das obras conceituais.
Popularização da arte
A Arte conceitual nos leva ao campo das ideias onde as obras são criadas. Sua execução é
processo e objeto acabado, e perde a importância diante do que foi pensado para a obra. Se a
execução se vê esvaziada, os registros ganham também status de arte. Ao considerarmos as
obras transitórias, efêmeras e que duram o tempo do evento em si, considerar a validação da
obra pelos registros torna-se essencial.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Foi um ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão; associado à Escola
de Frankfurt e à Teoria Crítica.
Fonte: Wikipédia
A ordem é não ter ordem, regras predefinidas, é quebrar paradigmas, deixar de lado
convenções, “seguir o fluxo”. Os artistas, cada vez mais ecléticos em suas criações, passaram
a tirar inspiração do agora, no “olho do furacão”, na vida e nos espaços disponíveis, sejam
abertos, fechados, em composições urbanas, em meio à natureza, em virtualizações imersivas,
em realidade aumentada, impressos no corpo do próprio artista e do público, ou em seus
espaços mais íntimos. Um prato cheio para filósofos e teóricos que estudam a beleza, a
estética e as poéticas da criação.
Daqui a pouco, a Arte contemporânea completa um século, tão contemporânea quanto foi em
seus primórdios: reinventando tendências, absorvendo influências, sendo crítica,
questionadora, rebelde, expressão criativa dos processos. São os mistérios da Arte
contemporânea que fascinam! Aquilo que não somos capazes de discernir literalmente, não
compreendemos. E o que não compreendemos, causa estranhamento, reflexão, rejeição e
mesmo paixão.
Muitos dos movimentos que surgiram, no mesmo caldeirão que a Arte conceitual, têm a
prerrogativa de causarem incômodo, desconforto e incompreensão.
Assista ao vídeo a seguir para conhecer mais sobre os movimentos de Pop art , Op art e
Minimalismo.
NEM TUDO QUE VEMOS É O QUE PARECE
SER. OP ART
Optical art (arte ótica) ou, simplesmente, Op art surgiu na década de 1960, nos Estados
Unidos, trazendo para as obras a precisão matemática nas linhas e formas abstratas,
geralmente colocando em contraste o preto e branco. Apesar do rigor com que cada obra é
construída, a Op art cria a ilusão de movimento, simbolizando a instabilidade do mundo que
está em constante mudança.
A expressão optical art foi usada pela primeira vez em outubro de 1964 pela Revista Time.
Porém, foi com a exposição The responsive eye (1965, MoMA, NY) que a expressão ficou
conhecida. O movimento artístico ganhou popularidade em comerciais e foi parar nas mãos de
estilistas e de artistas gráficos. Posteriormente, toda arte que causasse efeitos
psicofisiológicos, em função do uso de perspectiva reversível, interferência de uma linha,
vibração cromática ou contraste de cores causando ilusão e efeitos ópticos passaria a ser
chamada de Op art .
Considerado o pai da Op art , Victor Vasarely (1908-1997), influenciado pela arte cinética,
construtivista e abstrata e pela Bauhaus, cria, nos anos 1930, trabalhos compostos por listas
diagonais em preto e branco, curvadas de tal modo que dão a impressão tridimensional de uma
zebra sentada - Zebra (1938). Antes dessa data, porém, encontramos trabalhos de Piet
Mondrian (1872-1944) identificados como Op art (Composição em linhas , 1917).
Bridget Riley é a mais conhecida dos artistas da Op art , e certamente a mais emblemática.
Inspirada por Vasarely, apresentou construções geométricas e combinações de cores
calculadas para provocar essa sensação de movimento e instabilidade. Sua primeira exposição
individual foi em 1962, na Gallery One, EUA. Desenvolveu um método próprio para criar suas
pinturas, elaborando as imagens de forma intuitiva em papel quadriculado. Regra geral, eram
seus assistentes que executavam suas obras. O processo produtivo, defendido na Arte
conceitual, faz-se presente, ou seja, é a combinação de conteúdos, as escolhas e a concepção
da imagem que tornam Riley autora.
Tridimensionalidade
Movimento aparente
Contraste de cores
Observador participante
Praticamente, no mesmo período, veremos nascer a Pop art . Se a Op art critica a sociedade
da época a partir da adoção de princípios científicos e matemática, para a criação dos
trabalhos artísticos a Pop arte lança sua crítica por meio da utilização de objetos e imagens
símbolos do consumismo.
Vem para confrontar toda essa ideologia dos padrões de consumo instituídos pelas mídias.
Com um toque de ironia, critica a sociedade cultural por meio da crítica aos objetos de
consumo, aqueles mesmos usados no cotidiano da população. Por isso, falamos do movimento
como uma forma irônica de tratar a massificação de gostos e costumes dados pelas mídias de
massa, além de fazer uma clara oposição ao Expressionismo abstrato, movimento que marca o
início da Arte contemporânea.
SAIBA MAIS
O termo Pop art foi utilizado pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway
(1926-1990), para chamar de arte popular as criações em publicidade, no desenho industrial,
nos cartazes e nas revistas ilustradas. Lawrence Alloway é considerado um dos precursores do
movimento e, como fundador do Independent Group, reuniu um grupo de artistas
independentes composto por pintores, escritores, escultores e críticos, que desafiou as bases
do Expressionismo abstrato. Sendo a Inglaterra o berço da Pop art , em meados da década de
1950, foi nos Estados Unidos que o movimento ganhou destaque, no início dos anos 1960,
especialmente em Nova York.
In the car , de Roy Lichtenstein, 1963. Óleo sobre tela (172x 203,5cm), Scottish National
Gallery of Modern Art, Edinburgh, Escócia, UK.
É aqui que um quadrinho de história vira pintura, que o semblante de um ícone pop , repetido
várias vezes, ganha status de arte, ou que um elemento inflável pode ser chamado de
escultura. A Pop art tem referência na fotografia, nos quadrinhos, na publicidade, na televisão
e no cinema.
Até aquele momento, não havia sido considerado fazer de peças, que mais carregavam caráter
publicitário, arte, como as sopas Campbell ou as garrafas de Coca-Cola de Andy Warhol (1927-
1987). A irreverência de Warhol fez dele o pai da Pop art ; revolucionou o movimento ao
utilizar a serigrafia (silk screen ) como técnica para reproduzir mensagens repetidas e
expressar sua crítica ao consumismo, à impessoalidade e à despersonalização das figuras
públicas, à massificação e à mecanização da sociedade. Ele era uma daquelas figuras cuja
imagem já era emblemática; ao mesmo tempo em que despia os objetos de significado,
esvaziava as pessoas de sua celebridade; ele se revestia como um ícone da própria cultura
pop .
Self-Portrait , de Andy Warhol.
O reconhecimento de Andy Warhol é dado pela sua produção e forma como esvazia de
significado os objetos e as pessoas que representa, mas também por ter produzido discos,
filmes outros artistas e até uma revista. Ou seja, ele se fez presente no cenário cultural e social
da época.
Nosso próximo passo nos leva a pensar e a fazer o máximo com o mínimo, o esvaziamento de
emoção, o significado das obras.
E, mesmo que o Minimalismo tenha raízes, lá no suprematismo russo, nesse momento, o foco
é trazê-lo para o centro da Pop art , que empurra para que haja um esvaziamento de todos os
excessos, descartando as futilidades em busca da essência.
Entre os principais artistas do Minimalismo, encontramos: Sol LeWitt (1928-2007), Frank Stella
(1936), Donald Judd (1928-1994), Dan Flavin (1933-1996), Carl Andre e Robert Smithson
(1928-1994).
De todos os artistas minimalistas, Carl Andre foi o que se manteve mais próximo dos
parâmetros declarados do movimento. Sobre sua obra, ele diz:
MINHA OBRA É ESTÉTICA, MATERIALISTA E
COMUNISTA. É ESTÉTICA PORQUE NÃO POSSUI
FORMA TRANSCENDENTE, NEM QUALIDADES
INTELECTUAIS OU ESPIRITUAIS. MATERIALISTA
PORQUE É FEITA COM SEUS PRÓPRIOS MATERIAIS,
SEM PRETENSÃO DE EMPREGAR OUTROS. E É
COMUNISTA PORQUE SUA FORMA É ACESSÍVEL A
TODOS OS HOMENS.
Poucas cores
Ausência de emoção
Estruturas bi ou tridimensionais
Caráter geométrico
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os anos do pós-Segunda Guerra Mundial foram de muitos questionamentos, ruptura e
enfrentamento. Assistimos à contaminação da arte a partir da diversidade de movimentos e
experimentações artísticas.
Passamos pelo deslocamento da arte para fora dos museus e das galerias, emergindo na rua,
nos corpos, na paisagem. Presenciamos a arte em forma de conceito, rompendo barreiras na
utilização de materiais, processos, tecnologias e métodos.
A Arte contemporânea atravessa décadas para chegar aos dias atuais em constante
combinação e ressignificação. A Arte contemporânea tem muitos nomes e faces, sendo,
portanto, múltipla em sua natureza.
PODCAST
Agora o professor Rodrigo Rainha, com a participação da professora Luana Barbosa, encerra o
tema falando sobre Arte contemporânea.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AGAMBEN, G. Medios sin fin: notas sobre la política. Valencia: Pre-textos, 2010.
ARCHER, M. Arte contemporânea: uma história concisa. 2 ed. Coleção mundo da arte. São
Paulo: Martins Fontes, 2012.
GOMBRICH, E. H. Uma história sem fim. In: GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16 ed. Rio
de Janeiro: LTC, 1995.
KARMEL, P.; VARNEDOE, K. Jackson Pollock: interviews, articles, and reviews. Museum of
Modern Art, 1999.
EXPLORE+
Se há um tema que é a cara da Arte contemporânea, ele é o ”gosto”. Quem já não ouviu
o dito popular: “Gosto não se discute, lamenta-se.”? Procure ler o ensaio Marcel
Duchamp e o fim do gosto: uma defesa da Arte contemporânea , que Arthur C. Danto,
professor emérito da Universidade de Colúmbia, escreveu em resposta a uma fala de
Jean Clair, diretor do Museu Picasso.
A Arte contemporânea trouxe inúmeros desafios para críticos e artistas por se desprender
de regras, de materiais e conceitos predeterminados. O artista tem espaço para inventar
ou para criar. No texto de Suely Rolnik, Subjetividade em obra , especialmente nas
páginas 45 e 46, você encontra detalhes de como são vistos os elementos da Arte
contemporânea.
Você já ouviu falar que, no Brasil, temos uma longa história de artistas contemporâneos e
da participação deles em movimentos diferenciados, reconhecidos em diferentes lugares
do mundo? Somos ousados, inventivos, criativos. Quanto mais conhecemos dos nossos
artistas, mais nos aproximamos dos seus processos, afetos, onde suas histórias se
misturam com sua arte. Por isso, busque ler o texto de Fernando Cocchiarale, A (outra)
Arte contemporânea brasileira , onde as intervenções urbanas se confundem com as
regiões, os espaços de formação de redes.
CONTEUDISTA
Alexandra Cristina Moreira Caetano
CURRÍCULO LATTES