Técnico de Vigilância em Saúde v.2 - Epidemiologia
Técnico de Vigilância em Saúde v.2 - Epidemiologia
Técnico de Vigilância em Saúde v.2 - Epidemiologia
EPIDEMIOLOGIA
Guido Palmeira
Gladys Miyashiro Miyashiro
Juliana Valentim Chaiblich
21
Volume 2
22
Capítulo 1
23
Volume 2
John Snow
(‘pai da epidemiologia’)
Descreveu e analisou
a epidemia de cólera
(1849-1854) em Londres,
com base no registro e
mapeamento de óbitos e
no comportamento e há-
bitos de pessoas sadias
e doentes. Estabeleceu
Fonte: PALMEIRA, et al, 2004.
hipótese causal da fonte
comum da doença (água contaminada) e das manei-
ras de transmissão. O estudo detectou a companhia
responsável pelo fornecimento de água contaminada,
entre as várias existentes, orientou medidas necessárias
para a resolução do problema e integrou, em uma única
investigação, o conhecimento disponível à época (físi-
cos, químicos, biológicos, sociológicos e políticos) o que
permitiu definir a causa e o mecanismo da infecção e
os determinantes da distribuição da doença, antes da
descoberta dos microrganismos como causadores de
doença (o agente etiológico, causador da cólera – Vibrio
cholerae – foi descoberto em 1883).
24
Capítulo 1
Quarentena
Restrição de atividades de pessoas sãs que se ex-
puseram a caso de doença transmissível durante o
período de transmissibilidade ou contágio, objeti-
vando prevenir a disseminação da doença durante
este período.
Isolamento
Separação de pessoas infectadas do convívio das
outras pessoas, durante o período de transmissibili-
dade, com a finalidade de evitar a infecção nos sus-
cetíveis. Pode ser domiciliar ou hospitalar.
25
Volume 2
Microscópio
Inventado em 1590 por Hans Janssen e Zacarias
Janssen (holandeses e fabricantes de óculos) foi
utilizado pela primeira vez por Antoine Van
Leeuwenhoek, para observação microscópica de
material biológico, no Século XVII. Está entre as in-
venções e descobertas que impactaram na criação e
desenvolvimento das ciências biológicas.
26
Capítulo 1
27
Volume 2
Fonte: Autores.
28
Capítulo 1
29
Volume 2
30
Capítulo 1
31
Volume 2
Iniquidades em saúde
São desigualdades relacionadas à saúde, entre gru-
pos e indivíduos, que além de sistemáticas e rele-
vantes são evitáveis, injustas e indesejáveis. O termo
tem uma dimensão ética e social.
Processo saúde-doença
A concepção de saúde e de doença como ‘processo
saúde-doença’ é marco da epidemiologia reconhe-
cida como epidemiologia social e crítica que con-
sidera processo saúde-doença ‘um evento’ no cole-
tivo. É o modo específico como ocorre, no grupo,
na coletividade, o processo biológico de desgaste
(momentos particulares de funcionamento biológi-
co diferenciado) com consequências no desenvolvi-
mento regular das atividades cotidianas (processo
social de reprodução): é o surgimento da doença.
Portanto, o modo de viver em sociedade determina
transtornos biológicos denominados ‘doença’.
Em síntese: A doença e a saúde constituem mo-
mentos diferenciáveis de um mesmo processo ex-
presso por meio de indicadores associados a formas
específicas de adoecer e de morrer em grupos so-
ciais (Laurell, 1982).
32
Capítulo 1
33
Volume 2
34
Capítulo 1
Risco
Indicativo de uma situação de perigo reconhecida
por uma pessoa ou grupo. Sem esse reconhecimento
o risco não existe, embora o perigo permaneça como
ameaça à integridade da vida. Portanto, risco é a pro-
babilidade de ocorrência de um evento, em um de-
terminado período de observação e em certo lugar.
Toda atividade humana possui risco associado: é
possível reduzir porém não é possível eliminar.
No mundo real não existe risco zero.
Risco Relativo
Medida de associação estatística utilizada pela epi-
demiologia para:
• verificar se há – ou não – associação entre eventos
(agravo ou doença com condição ou fator de risco);
• medir a intensidade – força da associação – entre
os eventos.
Exemplo: medir a associação entre o hábito de fumar
(fator de risco) e o desenvolvimento de câncer pul-
monar (doença).
35
Volume 2
36
Capítulo 1
UA 2 I2 S2 E2 LM2 R2
UA 3 I3 S3 E3 LM3 R3
UA n (...) In Sn En LMn Rn
37
Volume 2
• Moda – valor que surge com mais frequência. Medida útil para
conjunto de dados qualitativos, para os quais não se pode calcular a
média e mediana.
Fonte: Autores.
38
Capítulo 1
Fonte: Autores.
39
Volume 2
40
Capítulo 1
Fonte: Autores.
41
Volume 2
42
Capítulo 1
Fonte: Autores.
Diagrama Linear
Construído sobre um sistema de coordenadas car-
tesianas, o eixo horizontal (abscissa) corresponde a
uma escala de tempo cronológico (datado segundo
o calendário – dias, semanas, meses ou anos) e o
eixo vertical (ordenada) ao número de casos (do-
ença, agravo, óbito) ocorridos em cada período, em
determinada população e em determinado lugar.
43
Volume 2
44
Capítulo 1
45
Volume 2
Geografia da Saúde
Ramo da geografia dedicado ao estudo da influência
do “meio geográfico” – inclui elementos da paisagem
modificada pelo homem- no aparecimento e distri-
buição das doenças.
Utilizada para descrever a distribuição espacial de
eventos, segundo variáveis da dimensão ‘lugar’:
clima, relevo, solo, hidrografia, flora, fauna, agentes
etiológicos, vetores, reservatórios, habitações, sa-
neamento, distribuição e densidade da população,
hábitos socioculturais, atividade econômica.
46
Capítulo 1
47
Volume 2
Coeficiente
O resultado da operação (coeficiente) é sempre um
valor menor que 1 (o denominador, em geral, é um
valor significativamente maior do que o numera-
dor). Para facilitar o manejo e leitura multiplica-se
esse resultado por uma potência de 10 (10n).
Exemplo:
Em um município brasileiro com 244.287 habitantes
ocorreram 1.271 mortes no ano de 2009. Logo, o co-
eficiente geral de mortalidade (número de óbitos/
população) do município naquele ano foi de 0,00520
que multiplicado por 1.000 (10³) resulta no coeficien-
te de mortalidade de 5,20 óbitos por mil habitantes.
48
Capítulo 1
Coeficiente Geral de
Mortalidade
Total de óbitos ocorridos na
população durante o período
CGM = (x 1.000)
População total no meio do período
49
Volume 2
Coeficiente de Mortalidade
Infantil
Óbitos de menores de 1 ano ocorridos na
população em período determinado
CMI = x 1000
Total de nascidos vivos na
população durante o período
50
Capítulo 1
Taxa de Letalidade
Total de óbitos devidos à determinada
doença em determinado tempo e lugar
TL= x100
Total de pessoas com a doença no
tempo e lugar, determinados.
Coeficiente de Prevalência
Total de casos de um evento especifico
existente na população em
determinado momento
CP = x10n
População total no momento considerado
51
Volume 2
Coeficiente de Incidência
Número de casos novos de um evento
na população e período determinados
CI = x10n
Total da população no período determinado
52
Capítulo 1
Razão de Sexo
Número de pessoas do
sexo masculino
Razão de Sexo = x100
Número de pessoas do
sexo feminino
53
Volume 2
54
Capítulo 1
55
Volume 2
56
Capítulo 1
57
Volume 2
58
Capítulo 1
59
Volume 2
60
Capítulo 1
61
Volume 2
62
Capítulo 1
Período de incubação
extrínseca
Período de tempo entre a alimentação do mosquito
com o sangue de alguém que possui o agente infec-
cioso e a possibilidade de transmiti-lo, ou seja, entre
o mosquito estar infectado e se tornar infectivo.
Hospedeiro
Indivíduo vivo (pessoa ou animal) que oferece condi-
ções naturais, subsistência ou alojamento a um agen-
te infeccioso.
Hospedeiro suscetível
Individuo no qual a doença se desenvolverá.
63
Volume 2
64
Capítulo 1
Doenças Emergentes e
Reemergentes
• Ebola
Em 1975 o vírus provocou epidemia de febre hemor-
rágica que atingiu Zaire e Sudão e matou 3 em cada
4 doentes. Em 2014, epidemia de grande impacto na
África Ocidental levou a OMS a decretar emergência
de saúde pública internacional.
• Hantavírus
Há 14 espécies conhecidas de hantavírus. Observa-
dos desde 1950, são endêmicos em todos os conti-
nentes. Anualmente são notificados cerca de 200 mil
casos novos em todo o mundo. No Brasil a Síndrome
Cardiopulmonar por Hantavírus, cuja letalidade é de
45%, ocorre principalmente em zonas rurais das re-
giões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
• Vírus Sabiá
Provoca síndrome hemorrágica grave. Surgiu no
Brasil, nos arredores de São Paulo, em 1990.
• Vírus do Oeste do Nilo
Em 1999, casos humanos de encefalite causada
pelo vírus do oeste do Nilo – transmitido a partir
de pássaros migratórios ou de casos humanos –
foram detectados pela primeira vez nas Américas,
em Nova Iorque.
• Chikungunya
Primeira epidemia foi na Tanzânia entre 1952 e
1953. Nas Américas, a febre Chikungunya chegou
em 2013. No Brasil, a transmissão autóctone foi de-
tectada em 2014, em Oiapoque (Amapá).
• Zika Vírus
Isolado pela primeira vez em primatas, em 1947, em
Uganda, e em 1952 foi detectada infeção em huma-
nos. Em 2007, epidemia na Micronésia (Ilha de Yap)
e em 2013, na Polinésia Francesa. Em maio 2015,
confirmada a presença do vírus no Brasil (primeira
vez na América Continental). Em novembro 2015, o
Ministério da Saúde decretou Emergência em Saú-
de Pública, e em fevereiro 2016, a OMS identificou a
situação emergencial de importância internacional.
65
Volume 2
66
Capítulo 1
Referências
ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE MEDICINA SOCIAL – CENTRO BRASILEIRO
DE ESTUDOS DE SAÚDE. El debate y la acción frente a los determinantes so-
ciales de la salud. Documento de posición conjunto de Alames y Cebes. Rio de
Janeiro, octubre de 2011. Disponível em: <http://www.alames.org/documentos/
alamescebesrio.pdf>. Acesso em: ago. 2015
ALEXANDRE, L.B. dos S.P. Epidemiologia aplicada nos serviços de saúde. São
Paulo: Martinari, 2012. 310 p.
BARATA, R.B.; BARRETO, M.L.; ALMEIDA FILHO, N. de; VERAS, R.P. Introdução. In:
Barata, R.B.; Barreto, M.L.; Almeida FILHO, N. de; Veras, R.P. Eqüidade e Saúde. Con-
tribuições da Epidemiologia. Rio de Janeiro: Fiocruz/Abrasco, 1997. p. 11-19.
67
Volume 2
CAIRUS, H.F.; RIBEIRO Jr., W.A. Textos hipocráticos: o doente, o médico e a doen-
ça. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. 251 p.
DRUMOND Jr., M. Epidemiologia nos municípios. Muito além das normas. São
Paulo: Hucitec, 2003. 217 p.
DUFFY, M. R.; CHEN, T.; HANCOCK, T. ET. AL. Zika Virus Outbreak on Yap Island, Fe-
derated States of Micronesia. N. Engl. J. Med. v. 360, n. 24, p. 2536-43, june 2009.
68
Capítulo 1
HONÓRIO, N.A.; CÂMARA, D.C.P.; CALVET, G.A.; BRASIL, P. Chikungunya: uma ar-
bovirose em estabelecimento e expansão no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 31, n. 5, p. 906-8, mai, 2015.
LEAVELL H.R.; CLARK E.G. Medicina preventiva. Rio de Janeiro: McGraw-Hill do Bra-
sil,1976.
MALTA D.C.; CEZÁRIO A.C.; MOURA L; MORAIS NETO O.L.; SILVA JUNIOR J.B. A cons-
trução da vigilância e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis no
contexto do Sistema Único de Saúde. Rev. Epidemiologia e Serviços de Saúde.
15(1): 47 – 65. 2006.
MEDRONHO, R. de A. [et al]. Epidemiologia. 2.Ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.
69
Volume 2
PALMEIRA, G.; GONDIM, G.M.de M.; ROJAS, L.I.; ORTIZ, M.L. Processo saúde-doen-
ça e a produção social da saúde. In: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venân-
cio (org.). Informação e Diagnóstico de Situação. Módulo 5. Material didático do
Programa de Formação de Agentes Locais de Vigilância em Saúde – Proformar. Rio
de Janeiro, FIOCRUZ/EPSJV, 2004. p. 11-111.
PINTO JUNIOR, V.L.; LUZ, K.; PARREIRA, R.; FERRINHO, P. Vírus Zika: Revisão para
Clínicos. Acta Med Port. v. 28, n. 6, p. 760-5, 2015
PUTTINI, R.F.; PEREIRA JUNIOR, A.; OLIVEIRA, L.R. Modelos explicativos em Saúde
Coletiva: abordagem biopsicossocial e auto-organização. Physis. Revista de
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 753-767, 2010.
ROUQUAYROL, M.Z.; ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia & saúde. . Ed. Rio de
Janeiro: MEDSI, 2003. p. 138.
SILVA, J.B. da; BARROS, M.B.A. Epidemiologia e desigualdade: notas sobre a te-
oria e a história. Rev. Panam. Salud Publica/Pan Am. J. Public Health, v. 12, n. 6, p.
375-383, 2002.
WHO EBOLA RESPONSE TEAM. Ebola Virus Disease in West Africa – The First
Nine Months of the Epidemics and Forward Projections. N Engl J Med, v. 371, n.
16, p. 1481-95, october, 2014.
70