As Relações Intrafamiliares 1
As Relações Intrafamiliares 1
As Relações Intrafamiliares 1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA.................................................................... 21
2
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
3
1 A FAMÍLIA E AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Fonte: pleno.news
4
De acordo com ÁRAUJO (2003), a representação social foi uma questão que
nem sempre cedeu espaço em dá uma ênfase para poder defini-la. Portanto, não era
uma centralidade dos teóricos, porque eles alegavam que isto poderia reduzir o
alcance da compreensão sobre a representação social. Entretanto, segundo
Moscovici, citado por Sá, temos a seguinte conceituação:
5
Começamos então, com a primeira situação em relação ao conhecimento
completo de um objeto, nem sempre os indivíduos têm o acesso a esses dados úteis
para tal conhecimento em face da sua complexidade e das limitações sociais e
culturais, conforme o entendimento de ÁRAUJO; (2003). No entanto, o grande
aparecimento das distorções sobre o objeto de contestação não favorece a
transmissão direta destes valores.
Temos como exemplo na segunda situação do indivíduo a focalizar apenas
alguns aspectos do objeto, desinteressando-se pelos demais, pois o seu grupo social
define tal tipo de visão. Nesta condição, o indivíduo fica vedado de ter acesso a uma
visão global do objeto, conforme ÁRAUJO; (2003).
Por fim, a terceira conjuntura diz sobre o fato de que o indivíduo é levado a
desenvolver opiniões e comportamentos, eliminando as zonas de incertezas do saber.
Desta maneia, o indivíduo tem a tendência a aderir às opiniões dominantes no grupo,
visando atribuí-las uma certa validade, conforme ÁRAUJO; (2003).
Quando o indivíduo está frente a um objeto, sabemos que nem sempre dispõem
de informações completas, envolvendo-se com alguns aspectos mais dominantes e
sendo levados a posicionar-se frente, ao mesmo, na perspectiva da opinião da
maioria. Quando nos referimos ao objeto família, a contingência desta representação
social é bastante evidente em função dos vínculos afetivos e de interdependência, que
se estruturam, conforme ÁRAUJO; (2003).
Logo, quando se tem o conhecimento sobre os objetos, eles são na maioria das
vezes, condicionados aos aspectos dominantes dentro do grupo, exigindo-se que os
indivíduos se posicionem frente a esses condicionamentos. É fundamental também
considerar que quando a família é vista como um objeto polimorfo, a mesma assume
essas características de domínio frente aos seus membros, enquanto objeto de estudo
como representação social. Portanto, a forma como essas características são
impostas, faz com que a família adquira diferentes formas, de acordo com o contexto
cultural e histórico, conforme ÁRAUJO; (2003).
6
1.1 Família e sociedade
Para a psicóloga Szymanski (2002, p.15; apud CAPUTI L; 2011) “as famílias
buscam uma adequação entre os valores herdados, os partilhados com os
pares e os novos valores, que vêm de seu contato com outras informações e
com outros segmentos da sociedade”.
Portanto, a família pode ser formada por um grupo de pessoas com ou sem
consanguinidade que convivem ou não no mesmo teto. Podemos salientar ainda, que
se caracterizam como associação de pessoas que escolhem conviver por razões
afetivas e assumem um compromisso de cuidado mútuo, conforme CAPUTI (2011).
7
No âmbito da sociedade brasileira, a instauração que é família, tem passado
por transformações datadas especialmente do século XX, as quais se evidenciam nas
alterações de papéis da pessoa de referência da família. Contudo, as modificações
do lugar que o trabalho ou o não trabalho ocupa no processo de representação social,
nas múltiplas menções psicológicas e sociais que aprofundam o universo familiar e
determinam o desenvolvimento de crianças e jovens, desalojando as menções das
figuras como pai, mãe, avós; entre outros fenômenos sociais da atualidade, conforme
CAPUTI (2011).
Que mudanças são estas e a que estão atreladas?
Tais mudanças são apontadas pela relação família e o mundo do trabalho, cujo
engrandecimento tecnológico, reorganização produtiva traz modificações nas
relações sociais como um todo, conforme CAPUTI (2011).
A família coexistente passa a ter uma proporção pública em detrimento singular
da dimensão privada. Vive as modificações advindas, tanto das transformações do
mundo do trabalho, dos avanços tecnológicos, do aumento da expectativa de vida,
bem como das conquistas do movimento feminista, conforme CAPUTI (2011).
8
tipo de relação e vinculação estabelecida entre eles (Ríos-González, 1994, 2003,
2009; apud PRÁ D; 2013).
Os subsistemas familiares podem ser compreendidos como um reagrupamento
de membros do sistema geral, no qual é estabelecida uma intercomunicação diferente
daquela utilizada no sistema principal. Nesse reagrupamento, as díades ou os grupos
se organizam segundo distintas variáveis, tais como geração, sexo, papel ou função,
interesses comuns, entre outros (Ríos-Gonzáles, 2003; Nichols & Schawartz, 2007;
apud PRÁ D; 2013).
Todo subsistema familiar possui atribuições de suas funções e necessidades
específicas. Sendo assim, os sistemas e subsistemas familiares devem ser
suficientemente estáveis para manter a continuidade e flexíveis o bastante para
acomodarem-se às mudanças contextuais e evolutivas que acompanham a família ao
longo da vida (Nichols & Schawartz, 2007 apud PRÁ D; 2013).
Fonte:psicologiasdobrasil.com
9
Com a sua magistralidade alguns homens a notabiliza através de suas obras
e produções, mas a família só desenvolve a sua importância ao de sucessivas
gerações, por sua encarnação mesma e suas repercussões no ciclo vital: acasalando-
se, reproduzindo-se e quem sabe seguindo o seu destino com determinação e amor,
conforme BALTAZAR & BALTHAZAR (2006).
A família é uma constituição que se pode designar como organismo vivo que
opera através de padrões transacionais (que passam de geração a geração), os quais,
ao se repetirem, estabelecem como, quando e com quem entrar em relação, conforme
BALTAZAR & BALTHAZAR (2006).
Todo conjunto do sistema familiar possui preceitos e regras que o determinam,
definindo o que dela faz parte ou não, bem como definindo subsistemas tais como:
subsistema conjugal, parental, fraterno ou dos irmãos, dos avós, tios e assim por
diante. Esses limites ou fronteiras devem ser perceptíveis, para que cada membro da
constituição familiar saiba qual o seu papel ou função dentro da família, não
interferindo indevidamente no papel do outro e tendo flexibilidade, para permitir o
contato entre os membros do subsistema e os demais, conforme BALTAZAR &
BALTHAZAR (2006).
Os autores de abordagem psicanalítica, tais como Freud, Soifer e Küpfer entre
outros, expõem a importância em se perceber de que quando essas fronteiras de
papéis não são respeitadas a família se torna disfuncional, conforme BALTAZAR &
BALTHAZAR (2006).
A transparência dos limites ou fronteiras no fundamento de uma família é fator
importantíssimo para o seu bom funcionamento. Nas famílias desligadas, os limites
são muito rígidos, tornando a comunicação entre seus membros difícil. É como se
predominasse um excesso de individualismo, no qual o comportamento dos membros
não afetasse o comportamento dos demais, conforme RODRIGUES (2011).
A disfuncionalidade se faz presente como resultado frequente, em relação a
filhos que são adolescentes e são carentes de cuidados, a partir disso, começam a
apresentar problemas em casa, na escola, uso abusivo de álcool, drogas e, se a
família não ajudar a corrigir o curso de sua vida, começam a conhecer ou até mesmo
adotar uma vida sexual promíscua, podendo no caso das meninas, chegarem a uma
gravidez precoce, conforme RODRIGUES (2011).
Como exemplo temos outra situação que é de funcionamento problemático,
devido a lacuna que deixam pela à falta de clareza nas fronteiras familiares, acontece
10
nas chamadas famílias aglutinadas. Esse tipo de família, caracterizam-se por um
emaranhamento, onde não existem diferenciações claras entre seus membros e onde
o comportamento de um contagia e interfere de modo problemático na vida dos
demais, conforme RODRIGUES (2011).
Portanto, nessas famílias, quando se faz um movimento de diferenciação ou
distanciamento do sistema familiar (casamento do filho, escolha de profissão, morar
em outro lugar, grupo de amigos etc.) é vivenciado como extrema dificuldade, ou como
uma traição geradora de chantagens e sentimentos de abandono e culpa, conforme
RODRIGUES (2011).
Fonte: psicologado.com.br
11
familiar. Por mais doentio que possa parecer, este comportamento tem que ser
mantido nem que para isso seja eleito um membro para "ser" ou "ter" o problema,
conforme BALTAZAR; (2004).
Fonte: revistacrescer.globo.com
As crianças em idade escolar passam mais tempo longe de casa do que antes;
entretanto o lar e as pessoas que ali convivem continuam sendo a parte mais
importante de seu mundo. A maioria dos pais continuam oferecendo apoio e sendo
amorosos e envolvidos com seus filhos, conforme ANGELIM (2005).
12
À medida que as vidas das crianças mudam, também mudam questões entre
elas e os pais. Muitos pais se perguntam até que ponto devem se envolver com vida
escolar das crianças. Eles se perguntam o que fazer em relação a uma criança que
se queixa do professor ou se comporta mal na escola. Eles se preocupam onde e com
quem estão as crianças quando não estão na escola. Discórdias muitas vezes surgem
em relação às tarefas domésticas e mesadas, conforme ANGELIM (2005).
Evidentemente, muitas dessas questões são irrelevantes em sociedades nas
quais as crianças têm que trabalhar para ajudar a família a sobreviver. Para
compreender o estado psicológico da criança na família precisamos observar o
ambiente familiar sua estrutura e sua atmosfera; mas isso, por sua vez, é influenciado
pelo que ocorre fora de casa, conforme ANGELIM (2005).
Como assinala Bronfenbrenner (1985; apud ANGELIM S; 2005), níveis
adicionais de influência incluindo a profissão e a condição socioeconômica dos pais e
as tendências da sociedade como divórcio e segundo o casamento ajudam a moldar
o ambiente familiar e, assim o desenvolvimento psicológico das crianças. Acima
dessas influências encontram-se valores culturais mais importantes que definem
ritmos da vida familiar e papéis dos membros familiares.
Conforme discute Harrison, Wilson, Pine, Chan & Buriel (1990; apud ANGELIM
S; 2005), os diversos grupos étnicos têm estratégias adaptativas diferentes, padrões
culturais que promovem a sobrevivência e o bem-estar do grupo e afetam o modo de
socialização das crianças. As crianças nessas famílias minoritárias são estimuladas a
cooperar, compartilhar e desenvolver interdependência. Os papéis sociais tendem a
ser mais flexíveis.
Em função da necessidade econômica, os adultos dividem o sustento da
família; e as crianças assumem responsabilidades pelos irmãos mais jovens. A família
maior (família que abrange diversas gerações, formadas não apenas pelos pais e
filhos, mas também pelos parentes mais distintos: avós, tias, tios e primos) oferece
laços íntimos e fortes sistemas de apoio. Esses parentes têm maior probabilidade de
viver na mesma casa que a criança, interagindo diariamente com ela, conforme
ANGELIM (2005).
Esses padrões culturais afetam os padrões de desenvolvimento psicológico da
criança, os parentes da família maior tornam-se cada vez mais importantes para as
crianças mais velhas como ponte para o mundo social externo. Ao observarmos a
13
criança na família precisamos estar conscientes das diferenças culturais, conforme
ANGELIM (2005).
De acordo com Bray & Hetherington (1993, p.108; apud ANGELIM S; 2005), as
crianças geralmente têm melhor desempenho na escola e menos problemas
emocionais e comportamentais quando passam sua infância em uma família mais
intacta com dois pais que tem um bom relacionamento um com o outro. Contudo, a
estrutura por si mesma não é a chave; o relacionamento dos pais e sua capacidade
de criar um ambiente favorável afetiva à adaptação das crianças mais do que a
condição conjugal propriamente dita.
Fonte: exame.com
14
pais realizam. O trabalho dos pais tem outros efeitos indiretos na atmosfera familiar e
consequentemente no desenvolvimento psicológico das crianças. Grande parte do
tempo do esforço e do envolvimento emocional dos adultos vai para as suas
ocupações conforme ANGELIM (2005).
15
classificar um único membro como doente em uma família e propondo-se a estudar o
entre jogo das relações familiares e sua significação para o aparecimento da “doença”
em um paciente identificado. Na complexa relação do indivíduo e sua família, nesta
extensa identificação, relação de aprendizagem afetiva, o indivíduo irá registrar uma
gama de sentimentos inconscientes e desconhecidos que podem ter efeitos
prejudiciais e inibidores, que guardam segredos e mitos de família.
Para Pincus & Dare (1987 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M;
2006): Os segredos podem pertencer a um membro da família; ou, tacitamente,
compartilhados com outros, ou, inconscientemente, endossados por todos os
membros da família, frequentemente de geração para geração, até se tornarem um
mito. Os referidos autores acima ainda descrevem:
Quando falamos de segredos de família, fazemos uma distinção entre aqueles
que são reconhecidos como fatos reais por um membro da família que os esconde
dos demais, e aqueles que não tem base real, mas surgem de fantasias, conforme
BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006.
Pois mesmo sem a presença dos fatos reais guardados em segredo, os
sentimentos provenientes do tempo em que ciúme, rivalidade, amor e ódio tinham que
ser encarados na família podem produzir fantasias, as quais, por não poderem ser
expressas, tornam-se segredos. Tais segredos podem ser inconscientemente
partilhados por pais e filhos através de gerações e muitas vezes não são facilmente
distinguidos do mito familiar, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006.
Destes conceitos, desenvolveu-se a ideia do “bode expiatório" como a pessoa
sobre a qual convergem as "depositasses“ da família. Este ”bode expiatório” constitui-
se o porta-voz da enfermidade familiar. Sob este prisma, a necessidade de realizar
um diagnóstico familiar torna-se proeminente, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR
M; 2006.
Para entendermos uma dinâmica familiar e a rede de fantasias que nela se
estrutura, é preciso ter em mente quais são as dificuldades internas que um indivíduo
terá que vivenciar ao constituir uma família, conceber uma criança e cuidar do seu
desenvolvimento, conforme BALTAZAR & BALTHAZAR M; 2006.
Em Análise da Fobia de um Menino de Cinco Anos (1909 apud BALTAZAR J;
MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), Freud nos mostra a importância e nos orientou
que as atitudes dos pais, conscientes ou inconscientes, podem significar na formação
de um sintoma na criança. A análise deste caso nos ensina como os sintomas do
16
pequeno Hans foram interpretados como resultante de conflitos edípicos não
resolvidos de seus pais. Além de sua própria situação edípica, ele deveria estruturar-
se defensivamente também em relação aos conflitos parentais sobre ele projetados
(FREUD, 1969 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006).
Zorning (2001 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) aborda
o fato de como o entrelaçamento do sintoma da criança as fantasias parentais colocam
o psicanalista e/ou psicólogo em uma posição de ouvir diferentes demandas e
discursos sobre a criança para poder intervir como um elemento separador, permitindo
um deslocamento entre a demanda dos pais e o sintoma da criança. Poderíamos dizer
que esta prática é marcada pela posição de dependência estrutural da criança diante
de seus cuidadores fundamentais, fazendo com que a desconsideração deste “nó
sintomático” possa inviabilizar o tratamento da criança.
Para Manonni (1967 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006),
Dolto (1989 apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006) e Vanier (1993
apud BALTAZAR J; MORETTI L; BALTHAZAR M; 2006), a neurose dos pais tem um
papel fundamental na eclosão dos sintomas da criança, pois esta fixa sua existência
num lugar determinado pelos pais em seu sistema de fantasias e desejos.
17
4 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NO SISTEMA FAMILIAR
Fonte:eusemfronteiras.com.br
18
Estes bloqueios podem ser provenientes das competências comunicadoras do
emissor e do receptor, no que se refere à forma como codificam e descodificam as
mensagens, bem como à sua capacidade de raciocinar sobre os conteúdos das
mesmas, conforme DIAS (2011).
A família é, então, um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagens
de dimensões significativas de interação e comunicação onde as emoções e afetos
positivos ou negativos vão dando corpo ao sentimento de sermos quem somos e de
pertencermos àquela e não a outra família. Assim, o processo de comunicação na
família sendo um sistema interativo onde o comportamento de cada indivíduo é fator
e produto do comportamento dos outros, os resultados finais dependem menos das
condições iniciais e mais do processo comunicativo, conforme DIAS (2011).
A família passa por um processo de desenvolvimento, que engloba a
diferenciação estrutural – mudanças na organização relacional – e a co-evolução –
transformações relacionadas com a comunicação. Ora, durante este processo
comunicativo há elementos que continuam e que dão consistência às relações, mas
há também elementos que se transformam e dão origem a mudanças, sendo que no
decurso das interações não há processos unilaterais, as relações são sempre
bilaterais ou múltiplas, conforme DIAS (2011).
A comunicação apresenta-se como fator determinante para facilitar as relações
entre os membros da família e o meio social.
Fonte: porvir.org
19
Este exercício de comunicar estabelece uma relação, e, nesse sentido exige
treino, reflexão, aprendizagem, prática e sobretudo uma série de atitudes e
comportamentos que envolvem as palavras, o sentido compreensivo e lógico da
estrutura, mas também os gestos, toda a linguagem do corpo. Estamos perante um
conceito transdisciplinar que traz valor acrescentado essencialmente às Ciências
Sociais e Humanas, conforme DIAS (2011).
Neste contexto, depreendemos que comunicar subentende-se relação,
promove capacidade de expressão que, para além de quebrar a solidão, é ligado a
outrem, é satisfação das necessidades de ordem intelectual, afetiva, moral e social,
constituindo uma componente essencial da vida de cada um em particular e em geral
de todo o sistema familiar, conforme DIAS (2011).
Se considerarmos o indivíduo como um sistema individual auto organizado, o
mesmo é dizer que se constrói na relação que estabelece com os outros. Visto que a
relação caracteriza e expressa o sistema familiar, os sujeitos que dele fazem parte
encontram-se num processo de comunicação constante, ao qual não podem subtrair-
se. Com efeito, podemos dizer que na relação familiar, os membros que interagem se
situam num plano sistêmico e interativo de comunicação o indivíduo está
permanentemente a fazer trocas entre o sistema familiar e o meio que o envolve
cultural e socialmente, neste caso a família e a sociedade conforme DIAS (2011).
Desta forma, o processo de comunicação no sistema familiar conduz o
indivíduo à adaptação social, caso contrário a relação familiar torna-se insustentável
e a possibilidade do fracasso da sua integração no sistema familiar e no sistema social
pode acontecer. O sistema familiar pode facilitar as trocas adaptativas ajustando as
mudanças que se dão no meio ambiente conforme DIAS (2011).
A comunicação torna-se assim parte integrante do indivíduo na família e na
sociedade. Como a família é a primeira instituição a facultar as relações o modo como
nela se desenvolve os processos de comunicação determinará o maior ou menor
sucesso do desenvolvimento pessoal e social dos seus membros e,
consequentemente, a integração na sociedade (Dias, 2002: 15 e ss; apud DIAS M,
2011).
20
5 ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA
21
numa responsabilidade pessoal pela escolha dos rumos vividos, conforme SANTOS
& PRATTA, (2007).
A adolescência favorece as condições necessárias para a emergência de uma
série de problemas e conflitos dentro do contexto familiar, acentuando-se a frequência
das brigas disputas entre pais e filhos durante este período, uma vez que a
necessidade de negociação constante, inerente a esta etapa, aumenta o potencial de
conflitos entre as gerações. Esse período tem sido descrito desde Anna Freud como
conflitivo; como crise de identidade por Erickson e tem a denominação universal de
tempestade e estresse, conforme SANTOS & PRATTA, (2007).
As características do desenvolvimento psicossocial que ocorrem paralelamente
às modificações do corpo são agrupadas no que Maurício Knobel denominou
síndrome normal da adolescência. A adolescência é assim um conceito relativo a um
processo e o adolescente é o sujeito que está vivenciando esse processo.
Denomina-se síndrome normal da adolescência o conjunto de sinais e
sintomas que caracterizam esta fase da vida que são:
• Busca de si e da identidade
• Tendência grupal
• Necessidade de fantasiar e intelectualizar
• Crises religiosas
• Deslocamento temporal
• Evolução sexual do autoerotismo até a heterossexualidade
• Atitude social reivindicatória
• Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta
• Separação progressiva dos pais
• Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo;
Como consequência, a adolescência afeta o ciclo vital familiar e seu estilo de
vida mais do que qualquer outra fase da vida, pois desestabiliza o sistema e provoca
novos ajustes para manter as relações e a saúde mental de seus membros, conforme
CRUZ (2007).
Quando um grupo familiar possui um filho adolescente, o grupo como um todo
parece adolescer. Os pais vivenciam sentimentos variados em decorrência da
adolescência de seus filhos e as respostas que são capazes de dar aos adolescentes
estão condicionadas à forma pela qual os mesmos resolveram o seu processo
22
adolescente, ao nível de integração que têm como casal e a sua capacidade de
adaptação às redefinições que esta situação implica, conforme CRUZ (2007).
O estresse e a tensão normais provocados na família por um adolescente são
exacerbados quando os pais sentem uma profunda insatisfação e são compelidos a
fazer mudança em si mesmos. O que muitas vezes se cria é um campo de demandas
conflitantes, em que o estresse parece ser transmitido para cima e para baixo entre
as gerações, conforme CRUZ (2007).
Por serem tão intensas, as demandas adolescentes por maior autonomia e
independência frequentemente precipitam mudanças no relacionamento entre as
gerações, fazendo aflorar conflitos não resolvidos entre pais e avós (dos
adolescentes), em sua infância ou adolescência, conforme CRUZ (2007).
O conflito entre os pais e os avós pode ter efeito negativo sobre o
relacionamento entre os pais e os adolescentes. O impasse também pode ocorrer em
direção oposta: um conflito entre os pais e o adolescente pode afetar o relacionamento
conjugal, o que acaba prejudicando o relacionamento entre os pais e os avós
conforme CRUZ (2007).
Os pais além de reavaliar e analisar a própria adolescência, bem como os pais
de seu período adolescente, enfrentam novos estágios de seu ciclo vital, aparecendo
então novas preocupações: a perda do corpo jovem e a aproximação da
aposentadoria e velhice.
Durante esse período, as famílias também estão se ajustando a novas
demandas de seus membros, que estão entrando em novos estágios do ciclo de vida
conforme CRUZ (2007).
Os pais enfrentam questões maiores, como a “crise do meio da vida” de um ou
ambos os cônjuges, com exploração das satisfações e insatisfações pessoais,
profissionais e conjugais, ao mesmo tempo em que os avós passam pelas
experiências da aposentadoria e possíveis mudanças, como doença e morte. Os pais
podem ter de se transformar em cuidadores de seus próprios pais ou ajudá-los a
integrar as perdas da velhice, conforme CRUZ (2007).
Com o rápido crescimento físico e a maturação sexual durante a puberdade
são acelerados os movimentos que buscam solidificar uma identidade e estabelecer
a autonomia em relação à família. Para muitos pais, a percepção de que o filho está
se tornando adolescente só acontece ao se darem conta das modificações corporais
23
ocorridas com o filho. O desenvolvimento psicossocial não é considerado, conforme
CRUZ (2007).
Há muitas queixas associadas aos comportamentos dos filhos porque estes
não são entendidos como característicos da adolescência, mas sim percebidos como
má criação dos filhos (comportamentos não aprovados). Muito frequentes são as
queixas quanto à instabilidade de comportamento, indisciplina, rebeldia dos filhos,
conforme CRUZ (2007).
O adolescente tentando descobrir novas direções e formas de vida, desafia e
questiona a ordem familiar até então estabelecida. A ambivalência independência/
dependência vivenciada por ele cria tensão e instabilidade nas relações familiares, o
que frequentemente leva a conflitos intensos que podem tornar-se crônicos. Os filhos
lutam pela independência de modo ambivalente, pois ao exigirem a independência de
seus filhos com relação a eles mesmos, também o fazem de modo ambíguo,
comportando-se como bloqueadores da independência dos filhos, conforme CRUZ
(2007). Os pais muitas vezes tentam puxar as rédeas ou retrair-se emocionalmente
para evitar novos conflitos.
Os adolescentes, por outro lado, no esforço para abrir seu próprio caminho,
recorrem a ataques de raiva, se retraem emocionalmente por trás de portas fechadas,
buscam apoio nos avós e/ou apresentam intermináveis exemplos de amigos que têm
mais liberdade, conforme CRUZ (2007).
O adolescente quer independência, mas também quer e precisa de limites. Por
outro lado, há muitos pais que compreendem a adolescência como um processo na
vida do filho, agindo como facilitadores da vivência deste processo, ou seja, mantendo
postura de diálogo, de abertura para com o filho, conforme CRUZ (2007).
Muitos pais atuam com rigidez intensa frente a seus filhos, gerando conflitos.
Outros atuam com permissividade extrema, deixando de orientar o filho num momento
tão importante de estruturação da personalidade. Na adolescência, a evolução da
dependência absoluta da infância à autonomia adulta pode ser um momento doloroso
para pais e filhos. Muitas vezes, os pais sentem um vazio quando os adolescentes se
tornam mais independentes, pois percebem que não são mais necessários como
antes, e dessa forma, sentimento de perda (perda da criança) e medo de abandono
podem ocorrer, conforme CRUZ (2007).
Às vezes os pais, incapazes em lidar com a perda da dependência do filho,
podem apresentar-se depressivos. Da mesma maneira, o adolescente precisa lidar
24
com a perda do eu infantil e da família como fonte primária de afeto. A perda desse
primeiro vínculo romântico também pode desencadear a depressão no adolescente.
Esse duplo movimento de luto do qual participam pais e filhos foi denominado por
Stone e Church como síndrome da ambivalência dual, conforme CRUZ (2007).
A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papéis na
família. De unidades que protegem e nutrem os filhos, as famílias passam a ser o
centro de preparação para a entrada do adolescente no universo das
responsabilidades e dos compromissos do mundo adulto, conforme CRUZ (2007).
A família constitui fronteiras mais flexíveis, permitindo aos adolescentes se
aproximarem e serem dependentes nos momentos em que não conseguem manejar
suas vidas sozinhos, e se afastarem experimentando desafios, com graus crescentes
da independência, quando estão prontos, exigindo esforços especiais de todos os
membros da família, conforme CRUZ (2007).
Para viver satisfatoriamente essa etapa da vida o adolescente deve
cumprir aquilo que Erickson chama de tarefas do desenvolvimento:
• Conhecer a si mesmo;
• Adotar um papel sexual;
• Conseguir autonomia diante da família;
• Definir- se vocacionalmente;
• Atingir relações interpessoais autônomas para consolidar sua
identidade.
Na tentativa de diminuir os conflitos gerados nesse período, muitas famílias
continuam em busca de soluções que costumavam funcionar em estágios anteriores,
entretanto, a flexibilidade é a chave do sucesso paras as famílias nesse estágio. Por
exemplo, flexibilizar mais as fronteiras familiares e modular a autoridade parental
permite maior independência e desenvolvimento aos adolescentes, conforme CRUZ
(2007).
25
6 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E O DIVÓRCIO
Fonte: dm.jor.br
27
que precisam se ajustar à nova dinâmica familiar, conforme SILVA & GONÇALVES;
2016.
As mudanças em tal núcleo geram conflitos emocionais cabendo aos ex-
cônjuges escolher a forma de vivenciar a nova configuração da relação e da realidade
familiar, beneficiando o filho, que continua existindo para ambos (GRZYBOWSKI,
2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016).
Diante de um sistema familiar, existem inúmeras relações possíveis, sendo a
criança contribuinte ativa nas interações. Cada membro da família exerce um papel
de importância e de influência. A influência da criança na relação com seus genitores
é de vital importância para seu desenvolvimento saudável. O surgimento de
determinada mudança repentina na base familiar pode influenciar diretamente em seu
desenvolvimento. Dentre as principais mudanças, cita-se: crescimento físico,
desenvolvimento da linguagem, concepção do eu, desenvolvimento cognitivo e
autonomia. (RODRIGUES,2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016).
28
Essa discussão se faz presente, hoje, especialmente por meio da valorização
recente por parte da Justiça da guarda compartilhada dos filhos entre os genitores,
priorizando a participação de ambos os pais no convívio com os filhos. Porém, muitas
vezes, os conflitos entre os membros do ex-casal permanecem e surge a pergunta se
é possível, de fato, compartilhar o convívio com os filhos quando não se compartilham
mais tantos outros aspectos da vida, conforme GORIN M; (2015).
Diante do que foi citado acima, o contexto apresentado tem como objetivo
investigar tanto a percepção de pais e mães sobre o exercício da parentalidade e suas
transformações após o divórcio como as diferenças envolvidas nesse processo entre
os genitores. Os impactos da dissolução da conjugalidade na parentalidade são o
ponto-chave nessa discussão.
De acordo com GORIN M; (2015) então, sobre como ocorre a construção do
casal e sobre o desejo de ter filhos, para depois podermos explorar mais
profundamente as dificuldades do exercício da parentalidade após a separação.
Dessa forma, nos questionamos sobre a complexidade da coparentalidade depois do
divórcio, levando em conta que as discordâncias não cessam e que os filhos acabam
sendo muito envolvidos nesses conflitos. As esferas conjugais e parentais se
misturam, levando-nos a interrogar sobre as repercussões da dissolução da
conjugalidade no sujeito e como isso transforma a experiência de ser pai e mãe.
29
A partir da conjugalidade construída e constantemente investida por ambos os
membros do casal, o autor aponta que o nascimento de uma criança aparece como
traumático para os pais em termos psíquicos. Isso porque novamente demanda
deslocamentos de identificações e investimentos para os sujeitos, um novo trabalho
de elaboração psíquica precisa ser realizado, trazendo à tona conflitos, angústias e
defesas (Smadja, 2011 apud GORIN M; 2015).
Nesse contexto, a parentalidade é uma construção, implicando mudanças para
o casal e para seus membros individualmente. Em meio a essas mudanças, Hintz &
Baginski (2012 apud GORIN M; 2015) destacam que o nascimento do filho traz novas
funções para o homem e a mulher, de forma que um tempo de adaptação se faz
necessário. Além disso, essas novas responsabilidades de cada um em relação à
parentalidade têm repercussões na relação conjugal.
30
O complexo de Édipo e o narcisismo, com suas marcas na constituição
psíquica, orientam as possibilidades subjetivas no processo de tornar-se pai
e mãe, com toda a história familiar e individual que acompanha o sujeito.
31
divórcio, especialmente em relação à presença do pai, marca a coparentalidade, em
função do, não raro, afastamento da figura paterna, conforme GORIN M; (2015).
Os homens estão cada vez mais participativos no cuidado com os filhos,
envolvendo trocas emocionais e afetivas nas relações. Porém, ao longo desses
processos de reorganização familiar, as mulheres, ainda que se sintam satisfeitas com
a maternidade, sentem o peso das responsabilidades do excesso de tarefas no dia a
dia com filhos, casa e trabalho (Féres-Carneiro Ziviani, Magalhães e Ponciano, 2013;
apud GORIN M; 2015).
Para Marinho (2011; apud GORIN M; 2015), a coparentalidade após o divórcio
depende da cooperação entre os ex-cônjuges. É importante que os pais possam
negociar entre eles, as questões relacionadas ao cuidado com os filhos, apesar de
estarem separados. Especialmente em um momento conflituoso, isso se torna mais
difícil, visto que conjugalidade e parentalidade ficam sem um contorno que as
delimitem. Dessa forma, a reestruturação da família deve ser inspirada pelo casal
parental e não pelo conjugal (Schneebeli & Menandro, 2014; apud GORIN M; 2015).
32
Nos dias atuais, com a sua reestruturação, pode haver famílias com só um dos
genitores, ou genitores do mesmo sexo, uma família adotiva, entre outras,
dependendo da nova organização feita. Sendo assim, no período posterior ao divórcio,
a família passa também pela mudança no seu núcleo. Santos (2013 apud SILVA I;
GONÇALVES C; 2016), fez a seguinte construção em relação às fases que ocorrem
após o divórcio:
✓ Fase aguda: a fase pré-divórcio, na qual ocorrem as brigas, discussões,
insatisfação com o outro e evidente frustração, na maioria das vezes, é
vivenciada também pela criança.
✓ Fase transitória: o divórcio já foi consolidado, e agora ocorrem as
reorganizações de papéis, as novas normas e regras, entre pais e filhos.
✓ Fase do ajuste: aceitação do divórcio, fase em que ocorre a restauração
tanto de pais quanto de filhos, consolidando novas visões e podendo ser
inserido novo integrante ao âmbito familiar.
33
A alteração do núcleo familiar coloca essa criança diante de fatores
estressantes, dificultando seu ajuste ao divórcio dos pais, aumentando os níveis de
ansiedade e depressão na criança. É, ainda, de muita importância o relacionamento
estável entre os pais, pois com isso é possível um melhor ajustamento da criança ao
divórcio. A qualidade da relação dos pais é de suma importância para o bem-estar do
filho (RAPOSO et al, 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016).
Após o divórcio, ocorre a readaptação da criança à nova configuração familiar,
em que ela irá internalizar que o divórcio ocorreu de forma conjugal e não parental.
Embora o casal tenha se separado, eles continuarão sendo pais da criança. Sabe-se
que, após o divórcio, é possível ocorrer uma diminuição da qualidade da parentalidade
com a criança, acontecendo um maior afastamento em relação aos filhos. A
problemática maior seria quando o filho também se torna ex-filho, gerando sofrimento
emocional (RAMIRES, 2010; apud SILVA I; GONÇALVES C; 2016).
34
influenciado pelo modo como viveram com suas famílias. A família não é estática, pois
está sempre em movimento e transformação. Cada grupo familiar está sempre
desejando, tendo relações objetais, lidando com suas necessidades, ansiedades e,
por esse motivo, está sempre em movimento (ZIMERMAN, 1999; apud SILVA I;
GONÇALVES C; 2016).
Fonte: clinicacoutinho.com
35
psicológica é a técnica mais antiga e a mais valiosa no contexto de investigação,
avaliação e intervenção clínica, conforme TEODORO & BAPTISTA; 2020.
A abordagem psicodinâmica foi a primeira a desenvolver e aplicar o olhar
clínico psicológico em uma situação de entrevistas. Autores como Freud, Adler e Jung
apontaram para a importância do ambiente e do relacionamento familiar para a
constituição psicológica do indivíduo. A terapia de família surgiu orientando-se
inicialmente por dois paradigmas: a abordagem psicanalítica e a abordagem
sistêmica, conforme TEODORO & BAPTISTA; 2020.
36
8.2 Entrevista Familiar
37
A resistência em explorar outras áreas talvez esteja presente e surja na forma
de convite à aliança com o terapeuta ou com a injunção para que ele aplique soluções
preestabelecidas para o problema, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).
É importante evitar confronto, já que a resistência pode ser compreendida como
a comunicação silenciosa de áreas problemáticas de tensão que estão acima da
possibilidade de manejo da família. A abordagem de áreas problemáticas deve ser
realizada com cuidado e respeito, apontando-se a necessidade de compreender
amplamente o problema e de demonstrar que o ponto de vista de todos é importante
conforme CORDIOLI & GREVET (2019).
Desenvolvimento:
Diversas técnicas podem ser utilizadas para explorar a estrutura, o
desenvolvimento e as questões emergentes do ciclo familiar. Elas correspondem às
condições nas quais se realiza a entrevista, bem como à orientação teórica e à
habilidade técnica do entrevistador.
Féres – Carneiro e Diniz Neto (2012 apud CORDIOLI A; GREVET E; 2019), ao
estudar os métodos de avaliação familiar, propõe a classificação em métodos
objetivos, subjetivos e mistos, apontando, ainda, a possibilidade de utilização de
testes psicológicos que por sua constituição, poderiam ser adequadamente utilizados
em processos de atendimento familiar.
Os métodos objetivos classificam –se em dois grupos:
• Métodos que utilizam questionários,
• Métodos que utilizam jogos,
Os métodos subjetivos, por sua vez, classificam – se em três grupos:
• Métodos que utilizam técnicas de desenhos,
• Métodos que se baseiam em técnicas psicodramáticas,
• Métodos que utilizam testes projetivos.
Entre as técnicas mistas, estão:
• A tarefa familiar;
• A entrevista estruturada de Watzlawick,
• A primeira entrevista de Satir,
• A entrevista diagnóstica conjunta
• A entrevista familiar estruturada
38
De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), a atuação terapêutica
apropriada deriva-se de um diagnóstico compreendido como um conjunto de
hipóteses úteis e produtivas. Á medida que um diagnóstico familiar emerge distinções
de condições permitem ao terapeuta realizar indicações gerais de tratamento
conforme o universo possível.
A avaliação é, contudo, um processo contínuo que orienta a atuação do clínico
em cada sessão. Cabe ressaltar que a construção de hipóteses na prática clínica é
sempre um processo de reavaliação, já que as hipóteses podem sempre se alterar,
por não refletirem a especificidade da família ou por serem transformadoras, levando
a novas dinâmicas e reestruturações, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).
De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), a rede de apoio social e afetivo
tem sido avaliada através de diferentes instrumentos, questionários, entrevistas.
Destacam-se entre esses o mapa dos cinco campos. O mapa dos cinco campos é um
instrumento lúdico, em sua aplicação, é utilizada a colocação livre de figuras, que
representam crianças, jovens e adultos de ambos os sexos, em um quadro com
círculos concêntricos, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).
Tem por objetivo avaliar a estrutura e a funcionalidade da rede de apoio
socioafetivo, a partir dos cinco campos:
• Família;
• Escola;
• Amigos;
• Parentes;
• Contatos formais;
De acordo com CORDIOLI & GREVET (2019), esse instrumento é composto
por um pano de feltro e por imagens que podem ser fixadas com velcro. Permite que
pessoas já falecidas sejam consideradas parte da rede de apoio, em função da
consideração subjetiva da percepção da rede. O círculo central corresponde ao
participante e cada círculo adjacente mede a qualidade do vínculo, ou seja, quanto
mais perto do círculo central, maior é a percepção de proximidade do participante com
a pessoa representada:
39
• O primeiro e o segundo círculos correspondem às relações mais
próximas (maior vínculo);
• O terceiro e o quarto círculos correspondem às relações mais distantes
(menos vínculo);
• O último círculo, na periferia do mapa, corresponde aos contatos
insatisfatórios, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).
Fonte: irresistivel.com.br
40
O enfoque proposto por Ackerman era predominantemente psicodinâmico, com
ênfase nos mecanismos de defesa grupais (projeção, identificação projetiva,
dissociação) e nos conceitos da teoria das relações objetais. O objetivo desta
abordagem era a obtenção de insight, ou a abordagem dos conflitos transgeracionais
(Bowen): diferenciação, triangulação, rupturas, ou experiencial com a proposição de
envolver duas ou mais gerações na terapia, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).
41
A terapia de casal, da mesma forma que a terapia familiar, considera que
existem possibilidades e vantagens de resolver os conflitos que surgem na vida de um
casal na abordagem conjunta de forma mais rápida do que na abordagem individual.
Baseia-se na teoria psicodinâmica (relações de objeto), na teoria da comunicação e
na teoria dos contratos conjugais, conforme CORDIOLI & GREVET (2019).
42
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITO, Leila Maria Torraca de. Família pós-divórcio: a visão dos filhos. Psicol.
cienc. prof. vol.27 n.1 Brasília: Mar. 2007. Dispon. Acesso em: Abril de 2013.
CAHALI, Yussef Said. Separações Conjugais e Divórcio. 12 ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2011.
43
DOLORES CUNHA TOLOI, MARIA. Filhos do divórcio: como compreendem e
enfrentam conflitos conjugais no casamento e na separação. Sapientia, [S. l.], p.
1-183, 2006.
FIORELLI, José Osmir. Psicologia Jurídica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 6. vol. 8. ed, São Paulo:
Saraiva, 2011.
44
LÚCIA TINOCO PONCIANO, Edna. Família nuclear e terapia de família: conexões
entre duas histórias nuclear family and family therapy: conections between two
histories. Revispsi, [S. l.], p. 1-13, 2002.
45
ROVINSKI, S.L.R.; CRUZ, R.M. Psicologia Jurídica: perspectivas teóricas e processos
de intervenção, O uso de instrumentos em avaliação psicológica no contexto
família.. 1. ed. São Paulo: Vetor, 2009.
SOIFER, Raquel. Trad. José Cláudio de Almeida Abreu, Francisco Franke Settineri.
Psiquiatria infantil operativa: psicologia evolutiva e psicopatologia. 3.ed. rev. e
aum. Porto Alegre : Artes Médicas,1992. 424p.
SOUZA, Rosane Mantilha de. Depois que Papai e Mamãe se separam: um relato
dos filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol.16 n.3, pp. 203-211, 2000. Disponível
em: Acesso em: Maio de 2013.
VIRGÍLIUS SILVA, IGOR. O adolescente e o ato infracional. Unipac, [S. l.], p. 1-34,
2011.
46