Texto Marisa Sujeitossubjetividades
Texto Marisa Sujeitossubjetividades
Texto Marisa Sujeitossubjetividades
E DA CULTURA
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COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Escola Básica na virada do século: cultura, política e
currículo. 2 ed., São Paulo: Cortez, 2000.
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Expressão corrente utilizada para identificar os/as pesquisadores e pesquisadoras que vêm atuando,
aproximadamente, desde a década de oitenta, inspirados no que denominamos Teoria Educacional Crítica.
algumas ferramentas de análise e expondo alguns dos “achados” que este território e tais
ferramentas vêm nos possibilitando.
Ao iniciar a tarefa a que me proponho, faço algumas advertências. Em
primeiro lugar, não é meu objetivo, e nem seria possível nesta fração de tempo que me
cabe, apresentar uma ampla cadeia de argumentações para delinear o terreno analítico
em que me movimento. O que faço são alguns recortes os que considero, digamos, os
mais úteis e “operacionais” para esboçar um panorama mais ou menos próprio para
meu intento. A seguir, escolho e exponho, dentro do aludido terreno, uma das
perspectivas em que podemos discutir as concepções de sujeito e de subjetividade. Isto
significa que descartarei, neste momento, outras possibilidades igualmente fecundas de
debate sobre o tema. Finalmente, nas exemplificações que apresento também operarei
uma seleção arbitrária e estratégica, lançando mão das contribuições que me oferecem
as pesquisas com as quais estou envolvida e familiarizada. Como vêem, esta é uma
exposição inevitavelmente interessada. Não há como fugir disso. Escolhi um caminho
que me parece conveniente, recortei uma fatia que considero apetitosa e ofereço-a num
arranjo que julgo o mais adequado e consumível! Com isto estou querendo dizer que
esta não é a “última palavra” sobre o assunto, não é a única “verdadeira e boa”; ela é
uma das tantas que podemos proferir e é a que defendo.
I
Sujeitos e subjetividades na contemporaneidade é um tema que nos remete
às polêmicas discussões filosóficas deste limiar de milênio em que se contrapõem as
visões modernas e pós-modernas. O lugar teórico em que se situa a perspectiva de
abordagem em que me inscrevo é aquele inspirado nos aportes do que tem sido
chamado por alguns de crítica pós-estruturalista3. A produção analítica aí gestada
abandona as mais caras categorias transcendentais iluministas, entre elas a de sujeito, ao
mesmo tempo em que confirma o compromisso com a racionalidade, agora
radicalmente subordinada à história.
Aproximando-nos do pensamento de Michel Foucault (1989), o sujeito
unificado e poderoso da filosofia moderna passa a ceder lugar ao sujeito descentrado,
pós-moderno, despojado de uma identidade fixa, essencial ou permanente. A razão e a
racionalidade, por sua vez, constituem sistemas de relações historicamente contingentes,
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Ver, à respeito, a obra organizada por Veiga-Neto (1995), intitulada Crítica pós-Estruturalista e
Educação.
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Texto apresentado no 10º ENDIPE — Simpósio Sujeitos e subjetividades na
contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.
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Trata-se da série de cinco conferências sobre A Verdade e as Formas Jurídicas que fez na PUC do Rio
de Janeiro entre 21 e 25 de maio de 1973. Cf. ref. bibliog..
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Entende-se, aqui, linguagem, não apenas como forma de comunicação oral, ou como texto letrado.
Linguagem diz respeito a toda forma de expressão, de manifestação que atribui sentido e, assim, inventa,
cria algo.
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contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.
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contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.
Hall (1997) nos diz que “Toda a ação social é ‘cultural’ e todas as práticas
sociais expressam ou comunicam um significado e, neste sentido, são práticas de
significação.” (p.16). E, como nos ensinou Foucault, nesse jogo dos discursos estão
implicadas as relações saber-poder, o que nos permite entender a cultura como uma
arena onde se travam as lutas pela significação.
Sob esta perspectiva é que os significados aquilo que se diz que as coisas
são não são fixos, nem naturais, nem normais, nem lógicos. Natureza, normalidade e
lógica são categorias inventadas no interior de uma “ordem do discurso” que as
estabeleceu arbitrariamente segundo um regime ligado a sistemas de poder, inscrito em
uma “política geral” da verdade (Foucault, 1989). O mesmo regime que inventou estas
categorias atribuiu-lhes a qualidade de transcendência, de forma a tentar situá-las fora
do terreno dos embates humanos, como se fosse possível subtraí-las da própria história.
Esta conduta, como todas as demais, está profundamente enraizada nas lutas pela
significação de um determinado tempo, de uma determinada cultura que se
autodenominou universal e iluminadora de tudo o mais.
III
Esboçado o “solo teórico” e as “ferramentas”, podemos avançar no
intento de discutir sujeitos e subjetividades na contemporaneidade. As perguntas que
começamos a formular, a partir das perspectivas pós-modernas de análise que admitem
a linguagem e a cultura como constitutivas, têm nos impelido a investigar os artefatos
culturais e as formas como operam não apenas na constituição de visões de mundo, mas
na constituição de sujeitos. Elas também nos instigam a perscrutar os meandros da
“economia política da verdade”, o que tem nos apontado para vinculações inequívocas
entre aquilo que a cultura produz e gere em relação às identidades e subjetividades e as
demandas estratégicas para manutenção e desenvolvimento das versões de capitalismo
tardio que se manifestam nos circuitos socio-culturais em que nos inscrevemos.
Alguns estudos inspiradores e as pesquisas nas quais tenho estado envolvida
nos últimos seis ou sete anos têm sido pródigos em nos mostrar como se engendram
estrategicamente as práticas de inventar e governar sujeitos e subjetividades.
Dentre os “estudos inspiradores”, destaco a já mencionada obra de Edward
Said sobre a identidade oriental, e a análise de Helouise Costa sobre o índio brasileiro
na revista O Cruzeiro.
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contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.
Mas não são apenas narrativas de cunho acadêmico ou científico que têm
o poder de criar sujeitos e identidades, de instituir “outros”. Uma pletora de textos
culturais, nem todos centrados unicamente no discurso letrado, têm sido campos
fecundos na proliferação de eus sobredeterminados. No ensaio sugestivamente
intitulado Um olhar que aprisiona o outro, Helouise Costa (1994) nos apresenta uma
análise interessante e oportuna sobre o discurso visual articulado pela revista O
Cruzeiro, no período 1943-1954, sobre o índio brasileiro. Ela chama a atenção para a
conjunção produtiva — a partir da terceira década deste século, em vários países —
entre fotorreportagem jornalística e o desenvolvimento da ideologia liberal. O
fotojornalismo, com origem na imprensa alemã do final da década de 20, ao
corresponder à crescente demanda por informações visuais, teve uma significativa
repercussão entre o público. Associando esta aceitação positiva ao domínio do código
fotográfico e da técnica da fotorreportagem que reunia texto escrito, imagem e edição
numa arquitetura jornalística sem precedentes, a revista O Cruzeiro concretizou um
projeto de colonização. Ao mesmo tempo em que as fotos materializavam uma visão de
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Em um trabalho posterior, Said (1995) amplia esta argumentação, procurando descrever o que considera
como “um modelo mais geral de relações entre o Ocidente metropolitano moderno e seus territórios
ultramarinos” (p.11). Ele analisa textos europeus sobre a África, a Índia, o Extremo Oriente, a Austrália e
o Caribe, expondo-os como parte da tentativa européia de dominar povos e terras distantes, governando-
os, também, através das histórias e “teorias” que contam como eles são.
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A marcha para o interior do país, que resultou na construção de Brasília, ensejou muitas incursões do
tipo “expedição”, o que, inclusive, deu origem a uma certa representação do fotógrafo jornalístico como
herói, como um novo bandeirante. Ver Costa, 1994, p. 85.
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O governo da docência exercido pelos textos culturais tem sido um dos focos privilegiados de nossas
pesquisas. Em outro estudo em andamento, Susana Fernandes (2000) vem analisando a literatura
pedagógica brasileira que trata da avaliação, encontrando aí uma pletora de práticas de subjetivação,
consubstanciadas em demarcações, vigilâncias, interdições e prescrições dirigidas às professoras e
professores que estão investidos de funções avaliativas no interior da instituição escolar.
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Em uma monografia não publicada, Noeli Weschenfelder(1999) apresenta-nos à outra criança
inventada pelos textos culturais contemporâneos. Trata-se do “sem-terrinha” uma versão de sujeito
infantil constituída no interior do MST. Descrita em prosa, verso e músicas, a criança sem-terrinha é uma
identidade híbrida, estrategicamente instituída e capturada nas malhas da confluência de vários discursos
vigentes nos tempos em que vivemos, marcados pelas lutas nos movimentos sociais.
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Trata-se da Dissertação de Mestrado A educação nas lentes do jornal, apresentada no
PPGEDU/UFRGS, em setembro de 1999.
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educação e a escola, Fabris, entre outras questões abordadas, discute como são descritos
e que significados são construídos sobre os alunos e alunas nestes filmes. Visando
desnaturalizar os discursos considerados “verdadeiros”, “válidos” e “permanentes”
sobre o sujeito escolar, a autora mostra a forma historicamente situada como o cinema
hollywoodiano compõe seus personagens estudantes, capturando-os em posições
acentuadamente marcadas pela tradição ocidental moderna, posições estas que, segundo
Fabris (2000) “são congruentes com o significado da escola moderna desde sua gênese e
com a função civilizadora que a mesma vem desenvolvendo”. (p. 259).
Bem, o que venho aprendendo em meu envolvimento com esta perspectiva
de estudos, e em meio às análises em andamento, têm produzido guinadas e grandes
deslocamentos nas formas como tinha me acostumado a refletir sobre os sujeitos e a
educação. Hoje, estou entendendo que programas de tv, catálogos de propaganda,
revistas, literatura, jornal e cinema para citar apenas alguns exemplos dentre a
parafernália de produtos culturais circulantes no nosso universo cotidiano são textos
culturais que operam constitutivamente em relação aos objetos, sujeitos e verdades de
seu tempo. O caráter produtivo que assumem na invenção de sujeitos e no exercício de
processos de subjetivação devem justificar que não os negligenciemos em nossos
estudos. Por outro lado, ao darmos adeus aos sonhos de onipotência do sujeito racional,
unificado, da tradição humanista ocidental, não estamos anunciando o sujeito
absolutamente subjetivado e cativo de múltiplas determinações históricas, cujo futuro
seria totalmente previsível e inevitável, como uma condenação. Quando abdicamos da
ficção quixotesca do poderoso sujeito da consciência e da racionalidade, estamos nos
afastando de uma invenção historicamente situada, denominada sujeito transcendental,
para admitir a possibilidade de um sujeito mais humano (não um semi-deus, nem um
super-homem), com muitas faces, muitas fronteiras, muitos limites, descentrado, em
permanente reconstrução em uma incessante hermenêutica de si mesmo. O sujeito
urdido nas tramas da linguagem e da cultura é o sujeito dos tempos pós-modernos;
tempos nem piores, nem melhores do que outros, tempos apenas diferentes, outros
tempos.
Sobretudo, devemos estar atentos para o que nos diz Stuart Hall (1997)
um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades
modernas do final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de
classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos
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