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SUJEITOS E SUBJETIVIDADES NAS TRAMAS DA LINGUAGEM

E DA CULTURA

Marisa Vorraber Costa – UFRGS

Há cinco anos participei da organização do Seminário Internacional Escola


básica na virada do século: cultura, política e currículo, comemorativo dos 25 anos da
Faculdade de Educação da UFRGS. Naquela ocasião, ao redigir um texto introdutório
para o livro1 que reuniria as exposições dos conferencistas, debatedores e painelistas, eu
justificava a escolha temática para o Seminário, referindo tratar-se de “um tempo em
que um elenco significativo de problematizações vêm se apresentando com
configurações inusitadas, sugerindo a iminência de profundas transformações” (Costa,
2000, p. 14).
Mais adiante, aludi às contribuições oferecidas pelas análises dos
“educadores radicais”2 que, ao longo das duas últimas décadas, têm percorrido a
produção reflexiva de filósofos e cientistas sociais “em busca de pistas que possibilitem
constituir uma contra-ofensiva às formas de teorização e prática educacionais
impregnadas do reducionismo econômico que caracteriza a lógica implacável dos
argumentos neoliberais”(id. p.15).
Como eu já relatava em 1995, e hoje se torna cada vez mais evidente, vem
tomando corpo um conjunto de novas formas de problematizar a educação, entre elas, as
que empreendem uma desconstrução das assertivas da modernidade, admitidas como
sustentáculo de uma razão unitária, mediadora e reguladora de todos os discursos. Na
esteira do ceticismo em relação à fecundidade das narrativas modernas européias para
dar conta das questões educacionais em todo e qualquer sítio do planeta, delineiam-se
perspectivas de análise que, além de contribuir para ampliar a gama de olhares, têm
operado deslocamentos importantes.
Em minha participação neste Simpósio sobre Sujeitos e subjetividades na
contemporaneidade, esboçarei brevemente o território de produção reflexiva que tem
subsidiado algumas das discussões que compartilho sobre a temática, apontando nele

1
COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Escola Básica na virada do século: cultura, política e
currículo. 2 ed., São Paulo: Cortez, 2000.
2
Expressão corrente utilizada para identificar os/as pesquisadores e pesquisadoras que vêm atuando,
aproximadamente, desde a década de oitenta, inspirados no que denominamos Teoria Educacional Crítica.

Texto apresentado no 10º ENDIPE — Simpósio Sujeitos e subjetividades na contemporaneidade. Rio de


Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.
Texto apresentado no 10º ENDIPE — Simpósio Sujeitos e subjetividades na
contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.

algumas ferramentas de análise e expondo alguns dos “achados” que este território e tais
ferramentas vêm nos possibilitando.
Ao iniciar a tarefa a que me proponho, faço algumas advertências. Em
primeiro lugar, não é meu objetivo, e nem seria possível nesta fração de tempo que me
cabe, apresentar uma ampla cadeia de argumentações para delinear o terreno analítico
em que me movimento. O que faço são alguns recortes  os que considero, digamos, os
mais úteis e “operacionais”  para esboçar um panorama mais ou menos próprio para
meu intento. A seguir, escolho e exponho, dentro do aludido terreno, uma das
perspectivas em que podemos discutir as concepções de sujeito e de subjetividade. Isto
significa que descartarei, neste momento, outras possibilidades igualmente fecundas de
debate sobre o tema. Finalmente, nas exemplificações que apresento também operarei
uma seleção arbitrária e estratégica, lançando mão das contribuições que me oferecem
as pesquisas com as quais estou envolvida e familiarizada. Como vêem, esta é uma
exposição inevitavelmente interessada. Não há como fugir disso. Escolhi um caminho
que me parece conveniente, recortei uma fatia que considero apetitosa e ofereço-a num
arranjo que julgo o mais adequado e consumível! Com isto estou querendo dizer que
esta não é a “última palavra” sobre o assunto, não é a única “verdadeira e boa”; ela é
uma das tantas que podemos proferir e é a que defendo.
I
Sujeitos e subjetividades na contemporaneidade é um tema que nos remete
às polêmicas discussões filosóficas deste limiar de milênio em que se contrapõem as
visões modernas e pós-modernas. O lugar teórico em que se situa a perspectiva de
abordagem em que me inscrevo é aquele inspirado nos aportes do que tem sido
chamado por alguns de crítica pós-estruturalista3. A produção analítica aí gestada
abandona as mais caras categorias transcendentais iluministas, entre elas a de sujeito, ao
mesmo tempo em que confirma o compromisso com a racionalidade, agora
radicalmente subordinada à história.
Aproximando-nos do pensamento de Michel Foucault (1989), o sujeito
unificado e poderoso da filosofia moderna passa a ceder lugar ao sujeito descentrado,
pós-moderno, despojado de uma identidade fixa, essencial ou permanente. A razão e a
racionalidade, por sua vez, constituem sistemas de relações historicamente contingentes,

3
Ver, à respeito, a obra organizada por Veiga-Neto (1995), intitulada Crítica pós-Estruturalista e
Educação.

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contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.

cujos efeitos produzem poder (Popkewitz, 1994). Nesse panorama teórico, as


deliberações racionais do sujeito  concebidas, na modernidade iluminada pelo
cartesianismo, como a única possibilidade de ordenação do mundo e de instituição da
verdade  estão inscritas em tramas históricas que as precedem, instituem e ultrapassam.
Os seres humanos se tornam sujeitos de diferentes modos. Em sua conferência O sujeito
e o Poder, quando apresenta dois significados para o termo sujeito “sujeito a alguém
pelo controle e dependência, e preso à sua própria identidade por uma consciência ou
autoconhecimento” (p. 235) , Foucault (1995) se refere a um sujeito capturado, que nas
tramas históricas do poder e do discurso torna-se sujeito a . Em pronunciamento
posterior4, ele afirma que “as práticas sociais podem chegar a engendrar domínios de
saber que não somente fazem aparecer novos objetos, novos conceitos, novas técnicas,
mas também fazem nascer formas totalmente novas de sujeitos e de sujeitos de
conhecimento” (p. 8). Trata-se, assim, de um sujeito que se constitui no interior da
história e que está, inexoravelmente, conectado a ela. Trata-se também, aqui, de uma
concepção em que, segundo Veiga-Neto (1999), não apenas o sujeito enraiza-se na
história, mas o próprio conceito de sujeito é uma invenção historicamente determinada.
Chegamos, desta forma, a outra noção fecunda para a perspectiva em que
situo a questão do sujeito e da subjetividade  a de discurso. Para boa parte daqueles e
daquelas que compartilham visões pós-modernas e aproximam-se do que tem sido
denominado virada lingüística, os discursos estão inexoravelmente implicados naquilo
que as coisas são. As sociedades e culturas em que vivemos são dirigidas por poderosas
ordens discursivas que regem o que deve ser dito e o que deve ser calado e os próprios
sujeitos não estão isentos desses efeitos. A linguagem, as narrativas, os textos, os
discursos não apenas descrevem ou falam sobre as coisas, ao fazer isso eles instituem as
coisas, inventando sua identidade. O que temos denominado “realidade” é o resultado
desse processo no qual a linguagem 5 tem um papel constitutivo. Isto não quer dizer que
não existe um mundo fora da linguagem, mas sim, que o acesso a este mundo se dá pela
significação que é mediada pela linguagem. A obra de Edward Said (1990, 1995) sobre
a fabricação de uma identidade do Oriente, de um jeito de ser homem oriental e de ser

4
Trata-se da série de cinco conferências sobre A Verdade e as Formas Jurídicas que fez na PUC do Rio
de Janeiro entre 21 e 25 de maio de 1973. Cf. ref. bibliog..
5
Entende-se, aqui, linguagem, não apenas como forma de comunicação oral, ou como texto letrado.
Linguagem diz respeito a toda forma de expressão, de manifestação que atribui sentido e, assim, inventa,
cria algo.

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mulher oriental, é um admirável exemplo de como as histórias inventadas, na forma de


textos literários, ficções, imagens pictóricas e narrativas científicas, entre outras
produções, acabam por constituir a própria identidade de uma cultura, compondo-a
segundo uma combinação estratégica e hierárquica de elementos que a posicionam
como “a outra cultura”, subordinada e defasada em relação àquela que toma para si a
tarefa de dizer como a outra (supostamente) é.
Nisso está implicado o poder; não um poder maligno, dissimulado, que
emana de uma única fonte, mas um poder produtivo, disseminado, capilar e circulante.
Um poder que se exerce na forma de uma “vontade de saber” que é também “vontade de
poder”. Quando se descrevem, explicam, desenham ou contam coisas, quando variadas
textualidades falam sobre pessoas, lugares ou práticas, estes estão sendo inventados
conforme a lógica, o léxico e a semântica vigentes no domínio que produz o discurso.
Para Foucault (1989)
A verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e
nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime
de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela
acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que
permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se
sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para
a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que
funciona como verdadeiro. (p. 12).

Ainda segundo a concepção foucaultiana, nossas sociedades operam uma


“economia política da verdade” na qual estão implicadas a forma do discurso científico
e as instituições que o produzem, uma constante incitação econômica e política, uma
imensa difusão e um imenso consumo, e o controle dominante, embora não exclusivo,
de grandes aparelhos políticos ou econômicos como universidade, exército e meios de
comunicação. (Foucault, 1989, p. 12-13).
II
É fácil conectar as concepções até aqui reportadas com as análises culturais
contemporâneas, um terreno em que elas têm mostrado grande fecundidade. O
jamaicano Stuart Hall (1997)  um dos autores mais conhecidos no plurifacetado e
polissêmico território de pesquisa que se delineou na segunda metade do século XX
denominado Estudos Culturais  vem recorrentemente chamando a atenção para a
“centralidade da cultura”, isto é, para a forma como a cultura investe, hoje, em cada
recanto da vida social, não podendo mais ser concebida com o sentido estrito de

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acumulação de saberes ou de processo estético, intelectual e espiritual. Segundo ele,


precisamos compreendê-la levando em conta a enorme expansão de tudo que está
associado a ela. Sua penetração em nossas vidas é tão evidente que ela não pode mais
ser estudada como uma variável secundária ou dependente. Ela não é um componente
subordinado, ela é eminentemente interpelativa, constitutiva das nossas formas de ser,
de viver, de compreender e de explicar o mundo.
Há aspectos substantivos e epistemológicos envolvidos nesta mudança na
forma de conceber a cultura, neste peso maior que está sendo atribuído às questões
culturais. O caráter mais substantivo tem um amplo escopo. Numa dimensão global,
observa-se uma verdadeira “revolução cultural” na estrutura e na organização empírica
das sociedades modernas tardias, nos processos de desenvolvimento do meio ambiente e
na disposição dos recursos econômicos e materiais. Há também uma dimensão local e
cotidiana, observável nas mudanças no modo de vida das pessoas comuns. Mas o maior
impacto talvez seja o das transformações operadas na vida interior das pessoas,
ultrapassando a última fronteira – a da identidade e subjetividade. Uma das
conseqüências disto é o enfraquecimento da linha divisória entre o que era domínio da
psicologia e da sociologia. A vida pública e a vida privada confundem-se
freqüentemente, sendo intensificados os meios de regulação e vigilância que engendram
o que alguns têm chamado de “governo pela cultura” (Hall, 1997).
No que se refere ao aspecto epistemológico, essa transformação na forma de
conceber a cultura  que significa uma mudança de paradigma nas ciências sociais e nas
humanidades  tem sido identificada como virada cultural e está intimamente
relacionada com as mudanças na forma de conceber a linguagem que mencionei
anteriormente. Virada linguística e virada cultural inscrevem-se no mesmo contexto
epistemológico em que as práticas sociais e os artefatos culturais são concebidos como
linguagens, como discursos que, sendo práticas de significação, atribuem sentido ao
mundo e, ao fazê-lo, criam, instituem, inventam. Vemos hoje uma intensa proliferação
de culturas (cultura do trabalho, cultura empresarial, cultura das organizações, cultura
do corpo, cultura da masculinidade, cultura da magreza, etc.), que nada mais são do que
territórios, instituições ou atividades produzindo e fazendo funcionar um universo
próprio de práticas e de significados.

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Hall (1997) nos diz que “Toda a ação social é ‘cultural’ e todas as práticas
sociais expressam ou comunicam um significado e, neste sentido, são práticas de
significação.” (p.16). E, como nos ensinou Foucault, nesse jogo dos discursos estão
implicadas as relações saber-poder, o que nos permite entender a cultura como uma
arena onde se travam as lutas pela significação.
Sob esta perspectiva é que os significados  aquilo que se diz que as coisas
são  não são fixos, nem naturais, nem normais, nem lógicos. Natureza, normalidade e
lógica são categorias inventadas no interior de uma “ordem do discurso” que as
estabeleceu arbitrariamente segundo um regime ligado a sistemas de poder, inscrito em
uma “política geral” da verdade (Foucault, 1989). O mesmo regime que inventou estas
categorias atribuiu-lhes a qualidade de transcendência, de forma a tentar situá-las fora
do terreno dos embates humanos, como se fosse possível subtraí-las da própria história.
Esta conduta, como todas as demais, está profundamente enraizada nas lutas pela
significação de um determinado tempo, de uma determinada cultura que se
autodenominou universal e iluminadora de tudo o mais.
III
Esboçado o “solo teórico” e as “ferramentas”, podemos avançar no
intento de discutir sujeitos e subjetividades na contemporaneidade. As perguntas que
começamos a formular, a partir das perspectivas pós-modernas de análise que admitem
a linguagem e a cultura como constitutivas, têm nos impelido a investigar os artefatos
culturais e as formas como operam não apenas na constituição de visões de mundo, mas
na constituição de sujeitos. Elas também nos instigam a perscrutar os meandros da
“economia política da verdade”, o que tem nos apontado para vinculações inequívocas
entre aquilo que a cultura produz e gere em relação às identidades e subjetividades e as
demandas estratégicas para manutenção e desenvolvimento das versões de capitalismo
tardio que se manifestam nos circuitos socio-culturais em que nos inscrevemos.
Alguns estudos inspiradores e as pesquisas nas quais tenho estado envolvida
nos últimos seis ou sete anos têm sido pródigos em nos mostrar como se engendram
estrategicamente as práticas de inventar e governar sujeitos e subjetividades.
Dentre os “estudos inspiradores”, destaco a já mencionada obra de Edward
Said sobre a identidade oriental, e a análise de Helouise Costa sobre o índio brasileiro
na revista O Cruzeiro.

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Em sua pesquisa pioneira, Said (1990)6 analisa o campo de estudos


acadêmicos denominado Orientalismo, no qual incontáveis romances, poemas, relatos
de viagens, escritos políticos e estudos sobre a cultura dos povos de civilização islâmica
do Oriente Médio atestam o fascínio que o “longínquo e misterioso” Oriente exerceu,
principalmente a partir do início do século XIX, sobre eruditos e escritores europeus.
Tal desejo de conhecer e compreender uma civilização distante resultou no surgimento e
na consolidação de uma narrativa que encerra uma visão hegemônica do Oriente
enquanto unidade geográfica e cultural. O famoso ensaio de Said procura mostrar como
esses relatos sobre povos orientais foram essenciais à definição da própria identidade
ocidental e à legitimação dos interesses das nações colonialistas. A cultura européia
fortaleceu sua identidade ao comparar-se com o Oriente — não apenas um território
adjacente, mas local das maiores, mais antigas e ricas colônias, origem de muitas das
civilizações e línguas da Europa —, seu concorrente cultural, que vai sendo instituído
como o “outro”.

Mas não são apenas narrativas de cunho acadêmico ou científico que têm
o poder de criar sujeitos e identidades, de instituir “outros”. Uma pletora de textos
culturais, nem todos centrados unicamente no discurso letrado, têm sido campos
fecundos na proliferação de eus sobredeterminados. No ensaio sugestivamente
intitulado Um olhar que aprisiona o outro, Helouise Costa (1994) nos apresenta uma
análise interessante e oportuna sobre o discurso visual articulado pela revista O
Cruzeiro, no período 1943-1954, sobre o índio brasileiro. Ela chama a atenção para a
conjunção produtiva — a partir da terceira década deste século, em vários países —
entre fotorreportagem jornalística e o desenvolvimento da ideologia liberal. O
fotojornalismo, com origem na imprensa alemã do final da década de 20, ao
corresponder à crescente demanda por informações visuais, teve uma significativa
repercussão entre o público. Associando esta aceitação positiva ao domínio do código
fotográfico e da técnica da fotorreportagem que reunia texto escrito, imagem e edição
numa arquitetura jornalística sem precedentes, a revista O Cruzeiro concretizou um
projeto de colonização. Ao mesmo tempo em que as fotos materializavam uma visão de

6
Em um trabalho posterior, Said (1995) amplia esta argumentação, procurando descrever o que considera
como “um modelo mais geral de relações entre o Ocidente metropolitano moderno e seus territórios
ultramarinos” (p.11). Ele analisa textos europeus sobre a África, a Índia, o Extremo Oriente, a Austrália e
o Caribe, expondo-os como parte da tentativa européia de dominar povos e terras distantes, governando-
os, também, através das histórias e “teorias” que contam como eles são.

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mundo particular, concebida como universal, as legendas e o jogo caprichoso de edição


compunham uma estratégia discursiva meticulosa que transformava o conjunto em um
instrumento de irresistível apelo no quadro da retórica política da época — uma
sociedade em acelerado processo de modernização na qual o índio era visto como um
impecilho ao progresso. As sucessivas reportagens, neste período, materializaram o
índio e sua vida, mostrando fotos inéditas que, gradativamente, foram dando corpo a
uma identidade adequada ao projeto modernizador. As primeiras fotos, mostrando fortes
guerreiros apontando flechas contra o avião que transportava uma expedição de
interiorização7, são acompanhadas daquelas que expõem o avião, a metralhadora e a
câmara fotográfica como testemunhos da superioridade dos brancos. Em meio ao
registro recorrente de elementos que ressaltam a distinção entre o índio e o branco, a
seqüência de reportagens vai introduzindo a noção de que o processo de civilização do
índio não é algo imposto pelo branco, mas é algo a que gradativamente os índios vão se
incorporando. Fotos subseqüentes de musculosos guerreiros ajudando na decolagem e
manutenção do avião são apresentadas como comprovação deste acolhimento e desejo
de inserção na cultura dos brancos. Outras matérias ilustradas por fotos que mostram os
índios dentro do avião, na janela de um hotel em Copacabana, compartilhando
alimentos e instrumentos musicais dos brancos, tomando banho de mar, beneficiando-se
da tecnologia numa sala cirúrgica, nos expõem a maneira minuciosa com que o “olhar”
dos brancos aprisionou a identidade do índio nesta narrativa de uma revista. A
ressonância desse processo levado a efeito por um narrador soberano — a revista — que
dispõe de uma identidade e de uma cultura de forma radical e oportuna, é de todos
conhecida. Essa representação de índio, constituída com a cumplicidade da aura de
veracidade conferida pelo registro fotográfico e associada a outras discursividades,
invadiu os currículos escolares, os livros didáticos, a literatura infanto-juvenil, as
novelas e tantos outros espaços. Até hoje, passados quase cinqüenta anos, ainda não nos
desvencilhamos dos efeitos que ela produziu em nós como uma narrativa “universal” e
“verdadeira” sobre o índio brasileiro e de como ela repercutiu sobre os próprios grupos
indígenas que, marcados pela diferença, acabam subjetivados e prisioneiros do território
marginal que lhes foi atribuído.

7
A marcha para o interior do país, que resultou na construção de Brasília, ensejou muitas incursões do
tipo “expedição”, o que, inclusive, deu origem a uma certa representação do fotógrafo jornalístico como
herói, como um novo bandeirante. Ver Costa, 1994, p. 85.

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A fecundidade desses estudos sobre a produtividade dos artefatos culturais


na invenção de sujeitos e no exercício de práticas de subjetivação tem sido instigadora
de inúmeras análises. Há alguns anos tenho estado envolvida com pesquisas sobre a
revista Nova Escola (Costa e Silveira, 1998; Costa, 1999 e 2000a), particularmente, em
um projeto que objetivou penetrar algumas práticas relativas à ação da mídia no campo
da educação, para examinar e discutir sua produtividade no que se refere à formação das
subjetividades femininas das professoras e à constituição e fortalecimento de certa
feição de sua identidade profissional. Fomos estimuladas especialmente pelas reflexões
de Popkewitz (1991) que, inspirado em Foucault, argumenta que as idéias não são
apenas formas de expressar os significados do mundo, mas elas podem ser vistas como
“sistemas que demarcam e moldam como deve ver-se o mundo, que possibilidades estão
disponíveis e são ‘razoáveis’ ” (p.37). Tal noção foi frutífera para investigar como os
discursos sobre docentes  em suas várias dimensões constitutivas  estão produzindo
os/as próprios/as docentes, refutando qualquer concepção essencialista na vinculação
entre magistério e gênero feminino. Com este objetivo, percorremos as regularidades
enunciativas da revista Nova Escola para mostrar como ela opera para produzir
subjetividades femininas e subordinadas para a docência. Utilizando-se de um variado
aparato discursivo  imagens, textos escritos, ilustrações, cartuns, fotografias,
entrevistas, cartas, depoimentos, crônicas humorísticas, etc.  a revista opera várias
estratégias. Ela articula, de forma minuciosa, mecanismos de autolegitimação que a
credenciam diante de seus leitores e leitoras como autoridade na formulação de
discursos válidos relativos aos mais variados âmbitos e temáticas. A predominante
presença de mulheres na atividade do magistério tem justificado que a Revista crie e
dissemine uma imagem feminina para a profissão, conectada às atividades domésticas e
aos encargos da mulher no lar e indicando, de algumas formas, um déficit de
racionalidade das mulheres8. Entre outros mecanismos, emprega um vocabulário
simplificado, recorre a elementos próximos, familiares, concretos, e invade as páginas
com fotos de professoras invariavelmente afagando, abraçando ou protegendo
fisicamente seus alunos e alunas, ao mesmo tempo em que, em contraponto, os
professores aparecem vinculados às lides científicas, ao uso da tecnologia e às
atividades da esfera pública. Estas são apenas algumas das formas como a Revista
participa da composição de uma feição do trabalho docente.
8
A esse respeito ver os trabalhos de Valerie Walkerdine. Cf. ref. bibl.

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contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.

As professoras, por sua vez, ao freqüentarem com regularidade as páginas


da Nova Escola, interagindo com suas vinhetas, manchetes, ilustrações, legendas, etc.
participam de uma estratégia de governo que estrutura seu campo de ação, produzindo
uma forma de sujeição, de subjetivação. Os artefatos da cultura são interpelativos, como
nos ensina Hall (1997), eles nos instigam a ser da forma como dizem que somos. Desta
forma, nos capturam e nos tornam governáveis. Em outra pesquisa em que analisamos
obras de literatura infanto-juvenil e em muitos dos estudos que temos realizado
focalizando artefatos culturais midiáticos, as narrativas que contemplam personagens
docentes chamam a atenção para formas semelhantes de dar sentido ao trabalho do
magistério.
Arlete Salcides (2000), em seu estudo sobre um conjunto de textos
televisivos produzidos e postos em circulação pela Rede Globo de Televisão nas
comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, mostra os investimentos de
poder e de saber presentes nos discursos da mídia que, ao abordar temas como educação
e cidadania, dispõem estrategicamente as posições de sujeito reservadas a docentes.
Neste caso, Salcides nos apresenta, entre outras coisas, as flexões a que são
submetidas/os as/os docentes de forma a integrarem estrategicamente a composição da
identidade nacional. Além disso, observamos o recorrente lugar comum: como na
revista Nova Escola e na literatura infanto-juvenil, as professoras são exaustivamente
exaltadas por sua afetividade, dedicação desinteressada e por condutas muito próximas
das representações cristalizadas do “ser mãe” e “ser mulher”, deixando evidente, no que
se refere às identidades das professoras, o predomínio de uma “ordem do coração” sobre
a “ordem da razão”.
Por sua vez, a pesquisa em andamento de Maria Alice Goulart (2000)
analisa os catálogos de propaganda de livros de literatura infantil e paradidáticos para
estudar as narrativas aí presentes e a forma como elas compõem uma identidade para a
criança ao mesmo tempo em que a descrevem, capturam, coordenam e regulam.
Segundo a autora, os catálogos pretendem dizer como a criança é “verdadeiramente” e a
descrevem de uma forma essencializada, natural e universal 9. Ao analisar a constituição
de uma idéia de infância pelos catálogos, a pesquisadora argumenta que ao discursar
sobre como a infância é ou deve ser, os catálogos passam também a exercer controle e a
regular a identidade profissional de professores e professoras, prescrevendo-lhes o que é
9
Um deles chega a afirmar que a leitura do livro X permite conhecer “a alma da criança”!

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Texto apresentado no 10º ENDIPE — Simpósio Sujeitos e subjetividades na
contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.

legítimo pensar, fazer e sentir em relação a crianças de diferentes idades. Os catálogos


produzem, desta forma, discursos poderosos que governam os docentes e suas práticas
pedagógicas10, tornando evidente o interesse das editoras em interferir na forma como os
docentes concebem o modo de ser criança e, “conseqüentemente, consumam os
produtos editoriais que supostamente têm correspondência e suprem as demandas de
tais seres.” (p. 4).
Neste mesmo estudo, para argumentar em favor do caráter construído da
identidade do sujeito infantil, algo que se constitui no entrecruzamento de muitos
discursos e que, portanto, não detém uma essência, Goulart (2000) nos apresenta a uma
outra criança, completamente distinta desta que é descrita nos catálogos. Ela contrasta a
criança escolar dos catálogos com aquela que é inventada pelos discursos da revista
Veja KID +. A primeira, uma criança dependente dos adultos, necessitada de proteção,
imatura, em constante devir, que se desenvolve em etapas e que necessita de disciplina
 a criança escolar moderna. A segunda, uma criança contemporânea, plurifacetada,
desconcertante, independente, que transita simultaneamente pelos ditos mundos infantil
e adulto, e que é presenteada no “dia da criança” com um pôster contendo uma visão
frontal da bunda da Tiazinha, o que afasta, desde logo, sua aproximação com os
consagrados atributos de inocência e imaturidade.
Retomando meu argumento anterior, poderíamos dizer que os catálogos
inventam uma criança que se torna “cliente” das editoras pela via escolar. A outra, é a
cliente fabricada sob medida para a sociedade de consumo, para viver no imenso e
fascinante mercado global do neoliberalismo, em que se produz e consome tudo,
inclusive a criança. Ambas as identidades, dentre tantas que são compostas 11, expressam
sujeitos produzidos por discursos subjetivadores que operam estratégias
representacionais inscritas nas lógicas e interesses políticos de seu tempo.

10
O governo da docência exercido pelos textos culturais tem sido um dos focos privilegiados de nossas
pesquisas. Em outro estudo em andamento, Susana Fernandes (2000) vem analisando a literatura
pedagógica brasileira que trata da avaliação, encontrando aí uma pletora de práticas de subjetivação,
consubstanciadas em demarcações, vigilâncias, interdições e prescrições dirigidas às professoras e
professores que estão investidos de funções avaliativas no interior da instituição escolar.
11
Em uma monografia não publicada, Noeli Weschenfelder(1999) apresenta-nos à outra criança
inventada pelos textos culturais contemporâneos. Trata-se do “sem-terrinha” uma versão de sujeito
infantil constituída no interior do MST. Descrita em prosa, verso e músicas, a criança sem-terrinha é uma
identidade híbrida, estrategicamente instituída e capturada nas malhas da confluência de vários discursos
vigentes nos tempos em que vivemos, marcados pelas lutas nos movimentos sociais.

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contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.

Em outra pesquisa focalizando artefatos da cultura, Saraí Schmidt (1999),


ao discutir a educação nas fotografias da mídia impressa 12, entre tantas outras questões
interessantes que levanta, apresenta-nos o jornal como uma sala de aula cujo currículo
cultural nos ensina muitas coisas sobre o mundo e a vida, compostas sob o
enquadramento das lentes de câmeras fotográficas. Além de circular intensamente entre
a população, hoje os jornais já desfrutam de um lugar relativamente significativo nas
atividades escolares. Contudo, a preocupação central da análise realizada por Schmidt é
que dentro ou fora dos territórios escolares, o jornal opera como uma sala de aula e as
múltiplas linguagens que utiliza produzem, a cada dia e a cada edição, novas e
surpreendentes lições. Ao folhearmos as páginas do jornal somos interpelados por
formas supostamente “corretas” e ”verdadeiras” de ver o mundo e as coisas.
Particularmente as fotografias ocupam este espaço da verdade materializado como o
documento, a evidência. Quem questiona o que uma foto está comprovando? Ao
discutir o poder constituidor de verdades das fotografias no jornal, Schmidt vai nos
mostrando o que os jornais nos ensinam sobre múltiplos sujeitos  trabalhadores
desempregados, estudantes, professoras e professores, crianças e jovens.
Invariavelmente, estas identidades resultam de uma conformação produzida não apenas
pelas lentes fotográficas, mas pela trama da gramática jornalística que, ao compor
narrativas, subjetiva, governa. Neste caso, como em outros artefatos estudados, os
sujeitos são estrategicamente dispostos conforme a “lógica” da cultura e do sistema
político dominante  fotos de negros e negras, por exemplo, são raras e quando surgem
estão associadas à pobreza, ao fracasso, à dificuldade. No país recorrentemente
cognominado “paraíso da democracia racial” a utilização pelos jornais das imagens
fotográficas de indivíduos negros e brancos é um outro texto que expõe o racismo como
uma das nossas mais sérias e injustas questões de política cultural. Como nos alerta
Schmidt, na sala de aula do jornal aprendemos, entre tantas lições, qual é “a cor e o
gênero dos perdedores.” (Schmidt, 1999, p. 27).
E para ampliar um pouco mais a gama de artefatos que instituem sujeitos e
inventam verdades, vou comentar ainda o estudo de Eli Fabris (1999, 2000) sobre
filmes hollywoodianos e os modos como ocupam um espaço na subjetivação e governo
de sujeitos. Ao analisar dezesseis filmes que têm como tema central de suas tramas a

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Trata-se da Dissertação de Mestrado A educação nas lentes do jornal, apresentada no
PPGEDU/UFRGS, em setembro de 1999.

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Texto apresentado no 10º ENDIPE — Simpósio Sujeitos e subjetividades na
contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.

educação e a escola, Fabris, entre outras questões abordadas, discute como são descritos
e que significados são construídos sobre os alunos e alunas nestes filmes. Visando
desnaturalizar os discursos considerados “verdadeiros”, “válidos” e “permanentes”
sobre o sujeito escolar, a autora mostra a forma historicamente situada como o cinema
hollywoodiano compõe seus personagens estudantes, capturando-os em posições
acentuadamente marcadas pela tradição ocidental moderna, posições estas que, segundo
Fabris (2000) “são congruentes com o significado da escola moderna desde sua gênese e
com a função civilizadora que a mesma vem desenvolvendo”. (p. 259).
Bem, o que venho aprendendo em meu envolvimento com esta perspectiva
de estudos, e em meio às análises em andamento, têm produzido guinadas e grandes
deslocamentos nas formas como tinha me acostumado a refletir sobre os sujeitos e a
educação. Hoje, estou entendendo que programas de tv, catálogos de propaganda,
revistas, literatura, jornal e cinema  para citar apenas alguns exemplos dentre a
parafernália de produtos culturais circulantes no nosso universo cotidiano  são textos
culturais que operam constitutivamente em relação aos objetos, sujeitos e verdades de
seu tempo. O caráter produtivo que assumem na invenção de sujeitos e no exercício de
processos de subjetivação devem justificar que não os negligenciemos em nossos
estudos. Por outro lado, ao darmos adeus aos sonhos de onipotência do sujeito racional,
unificado, da tradição humanista ocidental, não estamos anunciando o sujeito
absolutamente subjetivado e cativo de múltiplas determinações históricas, cujo futuro
seria totalmente previsível e inevitável, como uma condenação. Quando abdicamos da
ficção quixotesca do poderoso sujeito da consciência e da racionalidade, estamos nos
afastando de uma invenção historicamente situada, denominada sujeito transcendental,
para admitir a possibilidade de um sujeito mais humano (não um semi-deus, nem um
super-homem), com muitas faces, muitas fronteiras, muitos limites, descentrado, em
permanente reconstrução em uma incessante hermenêutica de si mesmo. O sujeito
urdido nas tramas da linguagem e da cultura é o sujeito dos tempos pós-modernos;
tempos nem piores, nem melhores do que outros, tempos apenas diferentes, outros
tempos.

Sobretudo, devemos estar atentos para o que nos diz Stuart Hall (1997)
um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades
modernas do final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de
classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos

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Texto apresentado no 10º ENDIPE — Simpósio Sujeitos e subjetividades na
contemporaneidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 29/maio a 1º/jun. 2000.

tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas


transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a
idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados.(p.9).

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Texto apresentado no 10º ENDIPE – Rio de Janeiro - UERJ – 29 de maio a 1º de junho de


2000 – Simpósio Sujeitos e subjetividades na contemporaneidade.

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