Formação de Professores: Um Desafio para O Século Xxi: Resumos
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Resumos
Educar é cada vez mais uma tarefa exigente e de enorme responsabilidade que requer equilíbrio e
coerência entre orientação formativa, procedimentos pedagógicos adoptados e expectativas dos
implicados no processo. Levar esta tarefa a bom porto exige, da parte do professor, reunir um
conjunto de saberes e competências que lhe permitam a construção de um ensino de qualidade. Um
ensino capaz de atender às exigências da contemporaneidade, marcada pela multiculturalidade,
complexidade, constante avanço científico e processos de permanente mudança. Contudo, porque a
construção dos saberes dos professores tem na formação inicial a sua base de apoio e na formação
contínua a sua consolidação, reorganizar o ensino superior português é repensar também a formação
destes profissionais de educação. Assim sendo, a flexibilidade de percursos formativos que o processo
subentende abre perspectivas de reforço da qualidade e abordagens inovadoras, potencialidades que
devem ser rentabilizadas ao máximo no sentido de proporcionar a estes profissionais uma formação
profundamente sólida, multifacetada, articulada entre si e consonante com a realidade que é educar,
no século XXI.
Introdução
Num quadro de intenso processo de globalização como o que se vive neste início de século, em
que as forças de mudança influenciam significativas reconceptualizações a vários níveis, educar
é cada vez mais uma tarefa exigente e de enorme responsabilidade que requer equilíbrio e
coerência entre orientação formativa, procedimentos pedagógicos adoptados e expectativas dos
implicados no processo. Levar esta tarefa a bom porto exige, da parte do professor, reunir um
conjunto de saberes e competências que lhe permitam a construção de um ensino de qualidade,
entendido este, como um ensino capaz de atender às exigências da contemporaneidade, marcada
pela multiculturalidade, complexidade, constante avanço científico e processos de permanente
mudança. O século XXI evidencia por isso, a importância, cada vez maior, da formação pessoal
e profissional dos professores, para que estes possam pela sua competência e factores pessoais,
associados a níveis de rendimento e desempenho elevados, contribuir para uma educação que
leve o aluno a pensar, a reflectir, a formar conceitos, ao descernimento e a terem capacidade
para aplicar o que foi elaborado para alterar a sua própria realidade, visando a inserção e o
crescimento, isto é, indivíduos capazes de no futuro ajudarem a conduzir com sucesso os
destinos do país.
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O processo de construção dos saberes dos professores tem na formação inicial a sua base de
apoio e na formação contínua a sua consolidação, constituindo-se a sala de aula não apenas
como espaço de ensino, mas também de aprendizagem por parte do professor, ou seja, um
espaço rico para o desenvolvimento tanto de práticas formativas como investigativas. E porque
os saberes dos professores, as competências e o saber-fazer são o fundamento do acto docente
no meio escolar, as instituições de formação devem valorizar essa formação, propiciando um
saber orientado para uma transformação social. A este respeito Pimenta e Anastasious afirmam
que nos processos de formação de professores,
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o que não sabe), dos saberes pedagógicos (pois o ensinar é uma prática educativa que tem
diferentes e diversas direcções de sentido na formação do humano), dos saberes didácticos (que
tratam da articulação da teoria da educação e da teoria de ensino para ensinar nas situações
contextualizadas), dos saberes da experiência do sujeito professor (que dizem respeito ao modo
como nos apropriamos do ser professor na nossa vida). Esses saberes dirigem-se às situações de
ensinar e com elas dialogam, revendo-se, redir eccionan do-se,a mp l
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as demandas da prática que vão dar a configuração desses saberes (2002: 71).
Diferentes instâncias de produção contribuem para os saberes dos professores, que são saberes
plurais, compósitos, heterogéneos. Deles fazem parte também saberes pessoais, adquiridos no
seio familiar; saberes provenientes da acção escolar e académica; de instituições que lhes
administram formação; dos programas e livros didácticos que utilizam; dos discursos,
objectivos, conteúdos e métodos que lhes são apresentados como modelos, ou ainda da sua
vivência e experiências quotidianas na profissão, na escola e na sala de aula. Nesta, segundo
Sacristán (1995), as influências informais na socialização são mais eficazes e decisivas do que
as experiências formais. Estas influências e outras como os seus pares, demais actores
educativos e a sociedade, contribuem de modo incisivo na construção do saber docente, na
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Os saberes do professor são construídos ao longo de toda uma carreira e vida do professor,
razão que justifica que não sejam contemporâneos uns dos outros, uma vez que se vão
adquirindo ao longo do tempo. São assim saberes temporais, em cuja construção intervêm
dimensões identitárias, de socialização profissional, fases e mudanças, que se constituem num
conjunto de conhecimentos, competências, habilidades e atitudes. Na óptica de Tardif, o saber
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:11). São saberes com origem distinta, que se constituem na
acção e se edificam no trabalho e no conhecimento do meio social. São saberes que, in fine,
alicerçam a prática do professor, constituem o seu acto de ensinar, são garantia da sua boa
actuação, servem de base à estruturação da sua vida profissional, à sua relação com os alunos,
com os colegas, em síntese, ao seu modo peculiar de ser professor.
A competência tem a ver com a capacidade do sujeito para mobilizar saberes, conhecimentos,
habilidades e atitudes, resolver problemas e tomar decisões adequadas (Zabala, 1998). O facto
de alguém possuir um elevado número de saberes ou competências não é, contudo, sinónimo de
que seja um profissional competente, a isto se refere Perrenoud (2000), quando afirma que
possuir conhecimentos ou capacidades específicas não é garantia de que um profissional seja
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importantes, nem sempre sabem mobilizá-los de modo adequado no momento oportuno.
Segundo o entendimento de Freire (1983), o homem, enquanto ser histórico, está sempre à
procura de algo, num processo permanente no qual faz e refaz constantemente o seu saber.
Dessa forma, todo o saber novo é oriundo de um saber que passou a ser velho, que desencadeia
para outro saber, que um dia se tornará ultrapassado e que num processo dialéctico irá gerar um
outro saber. Não admira portanto que face às mudanças por que o mundo tem vindo a passar, o
modelo de competências evidencie actualmente a preocupação de superar definitivamente
acções e comportamentos que se limitam à padronização e repetição e se esgotam em si mesmo,
passando a dar-se prioridade à articulação entre conhecimentos, habilidades, procedimentos,
valores e atitudes. Tudo isto implica por outro lado, que as instituições de formação tenham de
ter cada vez mais a capacidade de desenvolver uma formação sólida, integradora, sensível, na
qual o formando participe activamente no processo de construção de conhecimentos, condição
fundamental para a constituição de um perfil de profissional inovador, capaz de lidar de forma
crítica e criativa no que à sua prática profissional se refere com as transformações que
marcam a sociedade contemporânea. Um profissional que faz sempre escolhas conscientes, tem
objectivos racionais e utiliza meios sensíveis para atingir os seus fins. Para conseguir actuar
desta forma, Freire defende que
É preciso que o formando, desde o princípio da sua experiência formadora, se assuma como um
sujeito da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir
conhecimentos, mas criar as possib
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u ção”(1996:25).
No que à formação de professores diz respeito e dado que a simples agregação de saberes
produzidos em diferentes áreas do conhecimento não significa a superação das abordagens
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Um dos desafios que actualmente se coloca tem a ver com o preparar os elementos das novas
gerações com determinadas competências que os ajudem a lidar com os desafios que doravante
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ermanente se deve constituir na rotina diária. O
estudo pessoal em grupo, o trabalho de pesquisa e as actividades de consulta com colegas e
superiores, aliados à utilização de novos recursos e novas abordagens, constituem exemplos de
uma nova visão deste desenvolvimento profissional, que deve permitir e conduzir à melhoria do
desempenho dos alunos e ao desenvolvimento de determinadas competências.
A natureza múltipla do conhecimento e dos seus processos, exigem do professor que saiba,
sobretudo, dominar e compreender as novas linguagens e experiências, bem como saber
articulá-las com uma outra competência, baseada no processo de mediação e diálogo com os
alunos. Processo em que o professor deve ter um papel essencial, para que a partir da sua
intermediação todos possam informar, comunicar, discutir, participar, criar, estimular o acesso a
novas linguagens, como forma de ampliar o grau de compreensão e as vivências dos sujeitos.
As formas de produção e apropriação dos saberes, que se constituem actualmente como uma das
áreas centrais de reflexão da educação devido às transformações pelas quais a sociedade
contemporânea está a passar, têm vindo também a modificar-se. O trabalho na sala de aula é
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diálogo, respeito mútuo, ética, cooperação e espírito crítico. Ingredientes imprescindíveis à
criação de um clima favorecedor do estudo, troca de experiências, reflexão tomada no colectivo
de decisões e co-responsabilidade pelos resultados alcançados. Uma forma para, com
criatividade, se procurarem construir alternativas para as dificuldades sentidas, considerando
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tem agora consciência que para uma sociedade ser salva da estagnação e para o indivíduo atingir
o seu pleno desenvolvimento, qualquer sistema de educação deve encor
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(Martins, 2000: 11). Para o efeito, o professor tem de se vincular mais aos alunos e a escola
centrar-se mais nos processos do que nos conteúdos ou resultados e dar ênfase ao
desenvolvimento pessoal.
O saber-ensinar do professor apoiado na sua experiência de trabalho, bem como em factores
cognitivos como a sua personalidade, talentos diversos, entusiasmo, amor à profissão (apesar de
os professores já terem tido dias melhores), conhecimentos partilhados na sala de aula e com os
seus pares, será fonte privilegiada para os desenvolver. Um fazer pedagógico que implica a
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presença de sentimentos para que se não produza uma prática alienante e alienadora, em que os
componentes, professor/aluno, perdem os significados humanos. A esta inseparabilidade do eu e
da profissão, refere-se Nóvoa da seguinte forma:
Aqui estamos. E as opções que cada um de nós tem de fazer como professor, as quais cruzam a
nossa maneira de ser com a nossa maneira de ensinar e desvendam na nossa maneira de ensinar
a nossa maneira de ser (1992: 17).
Para além de tudo o mais, uma prática que tem por finalidade o crescimento e desenvolvimento,
tem forçosamente de ser uma prática que integra todas as esferas do ser. Na óptica de Benavente
(1993: 13),
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ecomposições superficiais, supõe a transformação
dos quadros de referência que as fundamentam e lhe dão sentido. Daí ser esta uma realidade
muito difícil de mudar, de planificar e de programar do exterior, sem envolvimento dos
protagonistas, sem a sua vontade de mudar.
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Nos dias que correm muitos são no entanto, os desafios e constrangimentos que afectam a
capacidade dos professores para se empenharem profissionalmente e para desenvolverem as
suas competências, de forma a melhorarem a educação e os resultados escolares das crianças e
dos jovens de cujas experiências e aprendizagens são responsáveis. O sentido do
desenvolvimento profissional dos professores depende das suas vidas pessoais e profissionais e
das políticas e contextos escolares nos quais realizam a sua actividade docente e nesse aspecto
os ventos que sopram não têm sido os mais favoráveis.
Conclusão
Bibliografia
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