15 Maria, Mulher Mais Privilegiada - 124656

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Maria, A Mulher Mais Privilegiada Entre as Mulheres 1

MARIA, A MAIS PRIVILEGIADA ENTRE AS MULHERES

"A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se


alegrou em Deus, meu Salvador, porque contemplou na
humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações
me considerarão bem-aventurada" Luc. 1:46b-48

Lucas1:26-38
Mateus 1:18-25
Lucas 2:6-14
Lucas 2:17-19
Lucas 2:33-35
João 19:25-27

"Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua


palavra'', murmurou ela totalmente esmagada pela mensagem que o anjo
acabava de trazer. Em pensamento ela recordou o que ele tinha dito. Ela,
Maria, ia tornar-se a mãe do Messias! O Redentor que tinha sido
prometido primeiramente a Adão, depois mais claramente a Abraão e
que mais tarde fora anunciado por vários profetas, viria ao mundo
através dela.
Verificou que Ele viria. Toda a mulher tinha esperado vir a ser seu
privilégio o tornar-se a mãe do Messias! E agora o tempo tinha chegado
– e tinha sido ela a escolhida para ser Sua mãe. Jamais sonhara que
poderia ser ela. Era jovem e provinha de uma aldeia insignificante (João
1:46,47). E – como é que ela poderia dar à luz um bebê se ela nem
mesmo era casada! Só estava noiva. Não admira que respondesse: "Mas
eu sou virgem e nem sequer casei. Como é que isso pode acontecer?'' O
anjo tinha começado por dizer: "Não temas, Maria, pois achaste graça
diante de Deus''. Então tinha-Lhe dito como é que o Espírito Santo
realizaria este milagre nela. O seu filho seria chamado Filho de Deus.
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Maria conhecia a Deus através dos livros de Moisés, dos Salmos e
dos escritos dos profetas. Ela tinha uma profunda reverência pelo Senhor
Deus, no seu coração, porque sabia o que Ele tinha feito na história do
seu povo. Tinha a consciência do que Ele havia realizado não só a favor
de toda a nação mas também de certos indivíduos. Conhecia a Sua
misericórdia para com os que O reverenciavam e que preferia trabalhar a
favor daqueles que não tinham poder mundano. Estava bem consciente
do fato de que ela não tinha qualquer posição ou riqueza. Seria essa a
razão por que Ele a tinha escolhido? Seria ela um instrumento útil por
não possuir qualquer honra humana em si ou de si própria?
Maria estava pronta a sacrificar-se para se tornar a Sua mais
humilde serva. "Cumpra-se em mim segundo a tua palavra", disse ela
simplesmente, contemplando o anjo que partia.
Estas palavras indicavam uma rendição completa da sua parte. Ela
não estava a prender-se a absolutamente nada. Não se tratava de uma
resposta mal pensada. O seu Filho, Aquele que acabava de ser
anunciado, pronunciaria praticamente as mesmas palavras no Getsêmani:
"Não seja como eu quero, mas como Tu queres'' (Mt. 26:39). No futuro
ela teria ampla oportunidade de provar que queria dizer exatamente o
que disse. Todavia, naquele momento ela não podia prever as
conseqüências.
Maria, a mais privilegiada entre as mulheres, aprendeu desde o
princípio que um privilégio excepcional vai sempre de mão dada com o
sacrifício. Moisés tinha experimentado isso antes dela (Heb. 11:24-26).
Paulo experimentá-lo-ia depois (Atos 9:15,16).
A primeira coisa que ela sacrificou foi a sua reputação. Pô-la de
parte para ficar à disposição de Deus. Isso criou um problema para José,
o seu noivo. Ele era um homem que andava com Deus. Como é que
poderia casar com uma jovem que esperava um bebê de algum outro?
Porque a amava, ele não queria acusá-la abertamente, pois se o
fizesse, e era isso que a Lei esperava dele, Maria seria morta. A Lei
afirmava que, se uma noiva hebraica tivesse traído o marido, e não
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estivesse virgem na altura do casamento, seria apedrejada, sem perdão
(Dt. 22:20,21). Portanto, José planejou deixá-la secretamente. Quereria
ele deixar com Deus o problema do que lhe poderia acontecer a ela? Se
era assim, ele estava a fazer exatamente o que convinha.
Num sonho, o anjo do Senhor revelou a verdadeira natureza da
situação a José. Maria estava grávida com o prometido Emanuel, a
respeito do qual Isaías tinha profetizado (Is. 7:14).
José seria também uma pessoa privilegiada como pai terreno da
Criança. Seria o que ia dar ao menino o Seu Nome, Jesus. Teria a honra
de educar a Criança, como se fosse seu próprio filho. A casa de José
devia ser a casa onde o Filho de Deus Se sentiria mais confortável
durante a Sua estadia aqui na terra. Para Jesus, ela seria o seu único lar
terreno.
José casou com Maria. Teve de sacrificar alguma felicidade pessoal
em troca da honra que havia sido posta sobre ele. Não só casava com
uma mulher cuja pureza era posta em causa por todos os que os
rodeavam, mas também não devia ter relações sexuais com ela até Jesus
nascer.

Juntos, José e Maria subiram os degraus da Praça do Templo em


Jerusalém. Levavam o Menino e um par de rolas para oferecer ao
Senhor.
Maria meditava nos acontecimentos do ano anterior. Lembrou-se
como pouco depois da visita do anjo Gabriel tinha ido a uma pequena
aldeia, perto de Jerusalém, visitar a sua parente Isabel, que também
estivera à espera de um bebê.
Sem ter dito uma palavra acerca da sua própria gravidez, Isabel
havia-lhe dado as boas vindas como bendita entre as mulheres. Cheia do
Espírito Santo, Isabel tinha-lhe chamado "a mãe do meu Senhor''.
Maria recordou a sua própria reação. Tinha sido uma explosão de
louvor a Deus, um cântico de ação de graças que Ele havia posto no seu
coração. Sentira-se profundamente impressionada com a grandeza das
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coisas que iam acontecer. As pessoas chamar-lhe-iam bem-aventurada,
através das gerações futuras Não por causa de si mesma, mas por causa
do que Deus tinha feito. Ele era grande, Santo e todo-poderoso. Ela era
indigna disto. Nada tinha a oferecer senão a sua gratidão e louvor. O
Menino que ia nascer seria seu Salvador. Embora se sentisse
privilegiada, reconhecia também que era uma pecadora e necessitava de
um Salvador.

A humildade de Maria pode-se ver no seu tão impressionante


Magnificat – o seu louvor a Deus (Lc. 1:46-55). Ela não podia
imaginar que, mesmo muitos séculos depois, as pessoas ainda
se sentiriam comovidas e estimuladas pelo seu amor a Deus.

Quando o nascimento do Menino estava prestes, César Augusto


havia ordenado que se fizesse um recenseamento em toda a nação. Maria
e José haviam feito a longa jornada de Nazaré a Belém, a terra natal do
rei Davi, antepassado dos dois, para se registrarem. Como previam, todas
as estalagens estavam repletas. Belém, situada na estrada de caravanas
de Jerusalém para Hebrom, era uma cidade muito movimentada.
O seu filho tinha nascido fora da cidade, numa estrebaria onde se
guardavam os animais no inverno. Ela sentia-se triste porque o Filho
nem sequer tivera uma cama para dormir na sua primeira noite na terra.
Enquanto ela e José se encontravam sós e isolados, um milagre havia
acontecido. Uma clara luz refulgiu na noite, uma luz mais brilhante que a
do dia. De repente, apareceu um grande exército de anjos. "Glória a Deus
nas alturas, paz na terra..." tinham eles cantado, ao proclamarem o
nascimento do Filho de Deus, o Salvador do mundo.
Os pastores, informados pelos anjos, tinham vindo ao estábulo.
Eram homens pobres, com faces batidas pelo tempo. Mais tarde, vieram
homens ricos e cultos do oriente. Tinham feito uma longa jornada, para
trazerem honra e presentes preciosos de ouro, incenso e óleo precioso.
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Deste modo, o seu filho havia sido anunciado por Deus e recebera as
boas-vindas tanto dos ricos como dos pobres (Mt. 2:1-12).
Ela sentou-se em silêncio, não sabendo exatamente o que dizer,
enquanto o seu coração se absorvia em todas estas preciosas recordações.
Subitamente, quando levaram o Filho ao templo, aproximou-se
deles um velho e pegou-lhes na Criança (Lc. 2:22-38). Tratava-se de
Simeão, um homem devoto, que durante muito tempo havia estado à
espera da vinda do Messias. "Cumpriste a tua promessa, Senhor. Agora
podes despedir em paz o teu servo'', ouviram-no eles dizer, para seu
espanto. E continuou: "Pois eu vi-O, como me tinhas prometido. Vi o
Salvador que enviaste ao mundo".
O discurso do ancião havia sido orientado pelo Espírito Santo. José
e Maria já não tinham qualquer dúvida de que estavam a segurar o Filho
de Deus nos braços.
Ama, uma profetisa idosa, que, como Simeão, havia passado a
maior parte da sua vida adulta na presença de Deus, também reconheceu
o menino como o Messias prometido.
Antes de Ana partir para a cidade com o fim de dizer às pessoas que
a redenção de Jerusalém estava próxima, Simeão disse algo de
importante a Maria: "Atende cuidadosamente, este Menino será rejeitado
por muitos em Israel, mas será de grande alegria para muitos outros. Os
pensamentos mais profundos de muitos corações serão revelados, mas
uma espada trespassará a tua alma''.
Não demorou muito a vir a primeira tristeza. O rei Herodes mandou
assassinar todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém,
esperando matar assim o anunciado rei dos judeus (Mt. 2:13-16). José e a
sua pequena família escaparam porque haviam sido avisados por Deus.
Foram, todavia, forçados a empreender uma longa viagem através do
inóspito deserto do Neguebe, uma região praticamente sem alimento e
sem água. O que tornava esta viagem para o Egito ainda mais difícil para
Maria era o saber que muitas crianças estavam a ser assassinadas por
causa do seu Filho. Na sua mente, ouvia os gritos dos inocentes bebês
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que estavam sendo martirizados brutalmente. Sendo ela a própria mãe há
pouco tempo, identificava-se facilmente com a dor das mães daquelas
crianças. A mãe do Filho de Deus ia descobrindo que uma grande alegria
se misturava com muitas lágrimas.
Dez anos haviam passado.
Jerusalém estava cheia de gente e de movimento. Encontravam-se
ali famílias inteiras para celebrarem a festa da páscoa na cidade santa, e
honrarem o Senhor Deus com sacrifícios (Lc. 2:41-51).
Era uma ocasião feliz, pois podiam adorar o Senhor na companhia
de vários amigos que só encontravam em tais dias festivos. Por causa do
grande número de famílias que estavam de visita à cidade, as crianças
pululavam por toda a parte.
Os adultos desfrutavam do seu tão raro convívio com parentes e
amigos vindos de lugares distantes. Andavam e conversavam alto uns
com os outros, pelas ruas. As crianças chilreavam como passarinhos,
enquanto dançavam e brincavam juntas. Era fácil passar despercebida a
ausência de uma criança no meio de tal multidão. Os pais iriam
naturalmente pensar que o filho estava na companhia de outros, em
qualquer ponto do grupo.
Foi por isso que José e Maria não descobriram, senão depois de um
dia cheio e cansativo com a viagem de regresso, que Jesus não estava
com eles. Não se encontrava em lado nenhum. Finalmente, com os
corações aflitos, voltaram a Jerusalém à procura dEle.
Procuraram-no por toda a parte, sem resultado.
Finalmente, após três dias de busca, encontraram-nO no templo.
Para seu espanto, o jovem Jesus estava sentado entre os rabis eruditos.
Não Se limitava a ouvi-los, interrogava-os também. Surpreendia-os com
a Sua inteligência, compreensão e respostas adequadas.
Maria estava perturbada. "Filho", repreendeu-O ela, "por que é que
fizeste isto? O teu pai e eu temos andado à tua procura por toda a
Jerusalém". A resposta dEle não foi indelicada, mas clara e sem reservas,
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"Não me devíeis ter procurado. Não sabíeis que eu estaria na casa de
meu Pai?''
De Seu pai? Mas José tinha andado em busca dEle por todo o lado
com a mãe. Não teria ela entendido que Ele Se referia ao Pai celestial?
Jesus começava a afastar-Se deles. Dava início à viagem da Sua
vida em direção ao Seu verdadeiro destino. Embora fosse o seu filho
perdido, naquela ocasião, era também o Filho de Deus, o Redentor do
mundo perdido. Os laços que O ligavam à Sua família já haviam
começado a desprender-se.
Teria esta experiência recordado a Maria as palavras de Simeão?
Estaria ela a experimentar as primeiras dores da espada que iria por fim
ferir o seu coração?
Quando voltaram a Nazaré, tudo parecia na mesma. Jesus era
obediente como antes. Mas algo acontecera no coração de Maria. Ela
conservou esta recordação e juntou-a com outras no coração. Esta era
uma oportunidade para sujeitar os seus desejos maternais à vontade de
Deus.
Os anos que passaram juntos foram agradáveis, enquanto Jesus Se
ia tornando adulto. A influência da mãe sobre Ele durante esse tempo foi
grande.
"Jesus tornou-Se alto e sábio, e tanto Deus como os homens O
amavam" (Lc. 2:52). Jesus, o Filho de Deus, que era perfeito como
criança, desenvolveu-se naturalmente num homem. Isto constitui um
santo mistério, que Deus, como homem na terra, pudesse submeter-Se à
influência de Maria.
Jesus não cresceu numa família rica ou socialmente privilegiada.
Mas o Seu ambiente espiritual era invejável. Os pais andavam com Deus
e respeitavam-se mutuamente. Os pensamentos de Maria estavam
particularmente cheios de Deus. Os pensamentos de uma pessoa
determinara as suas ações. Seguindo esse princípio, José e Maria
esforçavam-se para tornar o seu lar e a educação dos filhos conformes
aos pensamentos de Deus. Havia uma atmosfera amigável nesse
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pequenino lar de Nazaré. Permeava-o um espírito de verdadeira
humildade e devoção natural. Esse espírito tornava fácil às crianças a
obediência aos pais. Foi no lar de José e de Maria que Jesus encontrou
pela primeira vez as Escrituras. O amor da mãe pela Palavra de Deus foi
um exemplo para o Filho.
Durante dezoito anos, Ele viveu no lar dos Seus pais.
Nasceram mais filhos. Houve outros rapazes – Tiago, José, Simão e
Judas – e filhas também (Mt. 13:55,56). Uma vez que José morreu
durante este período, é muito provável que Jesus, o primogênito,
partilhasse com a mãe os problemas da família e fosse responsável pela
manutenção da mesma.
As pessoas já não Lhe chamavam o filho do carpinteiro. Agora, era
o carpinteiro (Mc. 6:3).
Quando Jesus tinha trinta anos de idade, tudo mudou. Maria viu
isso claramente quando assistiu a um casamento, com Ele, em Caná, uma
pequena aldeia perto de Nazaré, nas montanhas ondulantes da Galiléia
(Jo. 2:1-11). Ela notou que o dono da casa estava embaraçado porque o
vinho tinha acabado. A sua primeira reação foi entregar o problema ao
seu Primogênito. Depois fez uma descoberta dolorosa. O filho parecia ter
mudado. Não estava a proceder como filho obediente que ela conhecia
tão bem. "Mulher", respondeu Ele, "que tenho eu contigo?" Tratando-a
por "Mulher" não estava a desrespeitá-la, nem a revelar menos afeto. As
mulheres hebraicas estavam habituadas a serem tratadas dessa maneira.
Mas isso marcava claramente uma distância entre Ele e a mãe. Alguma
vez Ele me tratou antes desta maneira? – perguntava ela a si mesma.
Então, as suas recordações recuaram até àquele dia, no templo. Nessa
altura Ele havia mostrado de modo muito semelhante que, embora fosse
seu Filho, não podia obedecer a todas as ordens dela. Tinha ordens
superiores a cumprir.
Maria não era irascível, e se acaso se sentiu pouco à vontade não o
demonstrou. "Fazei tudo quanto Ele vos disser", recomendou ela aos
servos, pois sabia que Ele era Deus e podia realizar milagres.
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Ela parecia estar pronta a ocupar o segundo lugar. Teria
compreendido já que mais tarde Ele iria ensinar a respeito da grande
prioridade que Deus dá ao serviço?
Quando começou o Seu ministério, Jesus deixou Maria
definitivamente. Dali em diante, não era primeiramente o Filho de Maria,
mas Jesus de Nazaré, acerca de quem todo o país tinha começado a falar,
pois o Filho de Deus andava por toda a parte fazendo o bem.
Maria aprendeu a ficar na retaguarda, embora não sem sofrimento.
Experimentava cada vez mais o fio da espada na sua vida, mas
reconhecia também que a sua tristeza estava ligada com o favor de Deus.
Tudo o que lhe restava fazer era pôr-se constantemente à disposição
dEle.
À medida que Jesus se movimentava por toda a parte, curando os
doentes e pregando o evangelho, a fé que Maria tinha nEle podia ir
crescendo. Sem dúvida, era doloroso para ela ver que os outros filhos
não acreditavam nEle (João 7:3-5), e que as pessoas de Nazaré não O
aceitavam (Lc. 4:16-30). Ele tornou isso penosamente evidente quando
ela e os filhos tentaram falar com Ele. Quando Lhe disseram: "Eis que
estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te", Ele respondeu:
"Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?" Então, apontando
para os discípulos, acrescentou: "Qualquer que fizer a vontade de meu
Pai que está nos céus, este é o meu irmão e irmã e mãe'' (Mt. 12:46-50).
Os homens com quem Se misturava diariamente e os Seus discípulos
eram iguais a ela. As suas relações já não eram provadas pelos laços do
sangue, mas pelo elo de uma fé comum em Deus.

A espada penetrou-lhe na alma com toda a sua agudeza quando se


encontrava aos pés da cruz onde o seu Filho estava pendurado como um
criminoso qualquer.
Foi aqui que o sofrimento de Maria atingiu o auge.
Ela não tentou ignorá-lo, ou torná-lo mais fácil para si mesma.
Como Jesus, também ela bebeu o cálice amargo do sofrimento até à
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última gota. Esteve junto dele até ao momento final. Viu a Sua agonia e
ouviu troçarem e escarnecerem dEle.
As horas passavam lentamente sob o sol escaldante, e Alguém – o
mais amado de todos – sofria como nenhum outro homem poderia jamais
sofrer.
Maria permaneceu junto à cruz e padeceu com Ele. Isto fazia parte
da sua maternidade. Ainda ecoavam na sua mente as palavras, "Faça-se
em mim segundo a tua palavra". Ela agüentou simplesmente porque se
tinha posto inteiramente à disposição do Senhor. O que ela sentia era
secundário.
Jesus viu-a, e embora estivesse na agonia da morte, não Se
esqueceu de cuidar dela. "Mulher, eis aí o teu filho'', ouviu-O ela dizer.
Depois disse a João, o homem que Ele mais amava na terra, "Eis aí tua
mãe" (João 19:26,27).
Jesus não deixou a Sua vida terrena sem providenciar quanto à Sua
mãe. O homem e a mulher que haviam sido os mais íntimos dEle na
terra, poderiam melhor compreender-se c ajudar-se depois da Sua
partida. Dali em diante, Maria viveu na casa de João.
A Cruz não assinala a última aparição de Maria nas Escrituras. Ela
surge de novo com os discípulos de Jesus, algumas outras mulheres e os
outros seus filhos, depois da ascensão de Cristo. No cenáculo, em
Jerusalém, Maria dedicou-se como os outros a constante oração (At. 1:9-
14).
Embora tivesse perdido o filho, não estava preocupada com a sua
perda pessoal, mas compreendeu que a sua tarefa em relação a Ele havia
terminado.
Maria, a mais bendita e mais privilegiada de todas as mulheres, cujo
nome foi mais honrado do que o de qualquer outro mortal, dedicou-se de
novo a Deus. Mais uma vez, nada exigiu. Imperceptivelmente, tomou
lugar entre os outros. Maria sabia que podia passar por cima dos seus
interesses pessoais, e dedicar-se totalmente a honrar a Deus.
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Murra havia-se tornado uma mulher amadurecida. Nos últimos
trinta anos da sua vida, tinha atingido cumes desconhecidos de
felicidade. Ao mesmo tempo, havia experimentado tristezas profundas
no seu coração que nenhuma outra mulher tinha jamais encontrado. Mas
a sua atitude para com Deus não mudara. Ela havia provado com a sua
vida que falara a sério quando o Messias foi anunciado: "Eis aqui a serva
do Senhor: Cumpra-se em mim segundo a tua palavra''.

Maria, a mais privilegiada entre as mulheres


(Lucas 1:26-38; Mateus 1:18-25; Lucas 2:6-14, 17-19, 33-35; João
19:25-27)

Perguntas:
1. O que é que fez de Maria a mais privilegiada de todas as
mulheres?
2. Estude o seu cântico "A Magnífica" (Lucas 1:46-55). Quais eram
os seus pensamentos acerca de Deus? O que é que ela pensava de
si própria?
3. A posição privilegiada de Maria significava ter de se sacrificar.
Enumere os sacrifícios que ela precisava de fazer.
4. Qual lhe parece ser a coisa mais difícil que Maria enfrentou
como mãe?
5. Em seu entender, quais são as características mais notáveis em
Maria? Justifique as suas conclusões.
6. O que é que aprendeu de mais importante com Maria? Que valor
prático tem isso para a sua vida pessoal?

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