Curso Hipnose Natural - Francisco Di Biase

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CURSO INTENSIVO – HIPNOSE NATURAL:

ABORDAGEM DE MILTON H. ERICKSON

“Nunca Renuncie aos seus sonhos”


Milton H. Erickson 

Aula - 4 horas – 11/10/2014

Professor: Francisco Di Biase

Coordenação Acadêmica: Prof.ª Regina Nohra

Tema: Consciência – Fundamentos Quântico-Holográficos


O que é a consciência?

Pela primeira vez na história humana temos condições científicas para entender a
natureza da consciência e sua relação com as práticas de educação, saúde e
espiritualidade.

É a consciência um fenômeno emergente dos processos cerebrais ou é o cérebro um


fenômeno emergente da consciência?

Como pode a consciência surgir no universo?

Desde o século XVII, a questão da consciência foi sendo relegada a um plano


secundário. Graças às modernas pesquisas no campo das Neurociências, Física
Quântico-Holográfica, Teoria da Informação Quântica, Teorias da Auto-Organização,
Inteligência Artificial, Psicologia Transpessoal e Filosofia da Mente, a consciência
tornou-se na atualidade um dos principais temas de estudo e discussão da ciência.

A consciência não é um problema científico qualquer, mas uma questão que nos
interessa muito de perto, pois é por meio de nossa consciência que nos situamos no
mundo. A compreensão de sua natureza pode nos conduzir a uma nova concepção de
nós mesmos e de nosso lugar no universo.

Desenvolvemos, neste ensaio, um modelo acerca da natureza da consciência. Este


ensaio é fundamentado em recentes conquistas da ciência moderna, que permitem
compreender o universo como um processo-evento, informacional, quantum-
holográfico, inteligente e gerador de consciência, do qual a mente humana é parte
integrante, participativa e interativa.

Um alerta: A palavra consciência em línguas latinas como o português e o francês,


engloba o significado de diferentes palavras em inglês. Em inglês, awareness,
conscience e consciousness, possuem significados distintos. Awareness poderia ser
traduzido, aproximadamente, como significado de alerta ou estado de alerta.
Conscience como o conteúdo (por vezes moral) da mente, e Consciousness significa
algo próximo ao termo “espírito”, de origem latina. Neste trabalho estarei sempre me
referindo à consciência no sentido mais amplo de consciousness.

O Código Cósmico

A evolução cósmica se processa por meio da emergência no espaço-tempo de


um código informacional quântico-holográfico que auto-organiza os padrões básicos
da estrutura do universo. Este código cósmico é constituído por patamares, níveis de
organização que correspondem, cada um, ao surgimento de um novo mecanismo de
memória mais complexo, com códigos informacionais específicos.
Este Código Cósmico constitui um vasto reservatório de informações, uma
ordem informacional significativa fundamental do universo. É uma propriedade
primária e irredutível, tão básica e incorporada à organização do universo quanto a
energia, a matéria e o espaço-tempo. Essa linguagem cósmica foi se tornando
complexa, progressivamente, a partir do Big Bang (ou o que quer que tenha iniciado
esta imensa cosmogênese) e se auto-organizou em alguns bilhões de anos em energia,
matéria, vida e consciência. Minha visão desta imensa embriogênese cósmica - que
parece estar chocando este universo há aproximadamente 13 bilhões de anos, e da
qual somos a parte consciente - é que cada um destes códigos informacionais
corresponde ao surgimento de um processo inteligente de memória auto-organizadora
no universo, cada um deles gerando um domínio cósmico específico: os reinos da
evolução cósmica. Reinos estes que, na verdade, representam os níveis de organização
da consciência no universo.

Os Reinos da Evolução Cósmica:

- Cosmosfera

Neste primeiro nível de complexidade cósmica observamos a emergência de um


processo auto-organizador baseado no código atômico-nuclear, que é um processo de
memória-informação de natureza quântico-holográfica que estrutura e mantém a
energia e a matéria no universo.

Corresponde ao nível físico.

- Biosfera

É o segundo nível de complexidade do universo, onde observamos a emergência de


um processo auto-organizador baseado na interação de dois tipos de macromoléculas:
os ácidos nucléicos (DNA e RNA) e as proteínas (estruturais, e funcionais ou enzimas). É
controlado por um tipo de memória ou código genético que estrutura e mantém a
vida.

Corresponde ao nível biológico e biossocial.

- Noosfera

É o domínio das idéias, o terceiro nível de complexidade cósmica, que emerge na


evolução da vida como um processo auto-organizador baseado no código neural, que é
dependente também do DNA e do RNA, acrescido dos neurotransmissores e de íons
como sódio, potássio, cálcio e magnésio que permitem a interconectividade neuronal.
Este processo organiza e mantém o funcionamento do cérebro e da mente.

Corresponde ao nível neuropsicológico e sociocultural.

- Conscienciosfera

É o mais elevado e complexo nível de evolução alcançado pelo universo. É um processo


auto-organizador gerador de consciência - baseado em campos quântico-holográficos
constituídos por fibras finas - que é dependente da dinâmica espectral pré-espaço-
temporal descrita por Karl Pribram. Como veremos adiante, estes campos são os
responsáveis pela interconectividade informacional, local (newtoniana clássica) e não-
local (quântica holística), entre a mente humana e a mente-universo (ou consciência
cósmica das tradições espirituais da humanidade).

Corresponde ao nível espiritual.

Todo este fluxo universal de holoinformação (informação local + informação


não-local), ou seja, esta ordem transmitida de modo significativo e inteligente através
de todos os níveis de complexidade do universo, modela os processos auto-
organizadores inteligentes, geradores de consciência, inteligência e espiritualidade na
mente humana.

A Teoria Holoinformacional da Consciência, que apresentamos neste ensaio,


subindo nos ombros de três gigantes da ciência moderna, é potencialmente capaz de
resolver o antigo dualismo mente/matéria, o hard problem, descrito pelo filósofo
David Chalmers, que vem se arrastando na cultura ocidental, desde quando Descartes,
no século XVII, dividiu o homem em corpo mental e corpo material, (res cogitans e res
extensa).

Com esta dicotomia, Descartes desencadeou um movimento filosófico-cultural


esquizofrênico, que nos separou da espiritualidade, isolando-nos de nossa fonte
cósmica. Esta dicotomia penetrou de forma surpreendente, insidiosa e sub-
repticiamente, em todos os meandros de nossa civilização tecnológica ocidental e
subjaz, ainda hoje, nas produções científicas e culturais de nossas universidades e
instituições acadêmicas e culturais - que transformaram esta filosofia e suas variantes
em um linguajar complexo, em sua maioria sem dados experimentais, criando uma
visão de mundo dogmática, semelhante ao paradigma teológico.
O Reencontro da Ciência com a Consciência

Desde os anos 70 do século XX vem ocorrendo um renascimento do interesse


científico sobre a natureza da consciência, que se acelerou imensamente nos anos 90,
com a moderna tecnologia de neuro-imagem (tomografia com emissão de pósitrons-
PET; ressonância magnética funcional -FMRI; single photon emission computed
tomography- SPECT; mapeamento cerebral computadorizado - brain mapping;
magnetoencefalografia - MEG ), que permitiu visualizarmos o “fluxo da consciência”,
descrito por William James, no século XIX.

No entanto, nos mesmos anos 90, filósofos da mente como David Chalmers,
clamaram que o “substrato neural” da consciência, não é a mesma coisa que a
consciência em si e que devemos estar alertas para o que ele denomina hard problem
(o problema difícil) e easy problem (o problema fácil). O “easy problem” - que não é
tão fácil assim como pensam os filósofos - refere-se ao que compreendemos sobre o
funcionamento do cérebro e a experiência consciente, através da aplicação da
moderna neurociência e da tecnologia de neuro-imagem. O “hard problem” seria a
experiência interior, nossa e dos outros, que se experiencia ao olharmos, por exemplo,
uma rosa vermelha, ou seja, a qualidade da nossa experiência consciente, também
conhecida como qualia. A rosa vermelha que admiramos e cheiramos não é a mesma
coisa que o substrato neural dessa experiência. A “vermelhitude” da rosa não são os
comprimentos de onda que correspondem à cor vermelha, que nossos modernos
computadores estão descrevendo!

No modelo holoinformacional da consciência, que desenvolvemos aqui, os


fenômenos transpessoais, parapsicológicos, paranormais, mediúnicos e religiosos são
entendidos como processos normais da própria estrutura quantum-informacional-
holográfica do universo, assim como a consciência e a espiritualidade passam a ser
compreendidas como o fluxo de informação quântico-holográfica de natureza
espectral, que religa o cérebro e o Cosmos - nossa fonte primordial.

Nesta nova visão paradigmática, nosso cérebro é compreendido como parte de


uma vasta mente espectral (constituída por freqüências de ondas) quântico-
holográfica, que assemelha-se à própria organização do cosmos, mas de modo
diferente ao proposto pelo pan-psiquismo.

Somos muito mais vastos do que nossas consciências individuais e somos


partes ativas de uma complexa holoarquia, na qual cada consciência contém a
informação do todo e pode acessá-la por meio de estados elevados de consciência,
que otimizam o tratamento holográfico da informação neuronal. Nestes estados
alterados de consciência podemos interagir com a ordem espectral “oculta”,
“implícita” (descrita na teoria quântico-holográfica de David Bohm) e ir mais além,
interagindo com uma ordem superior “superimplícita”, talvez o objeto final de nossa
busca, da qual somos feitos “à imagem e semelhança”, tal como o objeto real que
gera o holograma!

Veremos que ao unificar as neurociências e as abordagens psicoterapêuticas


transpessoais com as tradições espirituais, esse modelo fundamenta cientificamente
uma nova cosmovisão transdisciplinar holística da consciência, mais abrangente do
que o paradigma cartesiano-newtoniano ainda predominante na ciência do século XXI.

Ao ser capaz de explicar todas as aquisições da antiga visão de mundo


cartesiana-newtoniana e ir além, explicando o fenômeno da consciência, pode-se
vivenciar uma mudança de paradigma na história da Ciência, no sentido descrito por
Kuhn.

O Modelo Holoinformacional da Consciência

Considero este modelo de consciência como uma extensão do dualismo


interativo desenvolvido por Sir John Eccles e do monismo ontológico desenvolvido por
Karl Pribram, recentemente ampliado por mim e pelo psicólogo e cosmologista
americano Richard Amoroso. É uma interpretação da natureza da consciência baseada
em um modelo quântico-informacional holográfico da interação cérebro-consciência-
universo, como já dissemos.

Fundamenta-se em três pilares da ciência moderna:

A teoria dos campos neurais quântico-holográficos de Karl Pribram. A


interpretação causal holográfica da teoria quântica, desenvolvida por David Bohm. As
propriedades não-locais do campo quântico, primeiramente desenvolvidas por
Hiroomi Umesawa.

A idéia desenvolvida por Eccles de uma interconexão entre o cérebro e o


espírito, por meio de microsítios quânticos denominados por ele de dendrons (redes
de dendritos funcionando no modo ondulatório) que se conectariam com os psychons
(os construtos filosóficos da mente propostos por ele), me influenciou profundamente
no desenvolvimento deste modelo, desde os anos 70 do século XX quando, ainda
estudante de medicina, pela primeira vez, entrei em contato com as idéias de Eccles.

O conceito que desenvolvo aqui é um conceito dinâmico de consciência,


baseado em um fluxo holoinformacional (informação não-local quântico-holográfica +
informação local clássica-newtoniana) interconectando a dinâmica quântica cerebral
informacional holográfica com a natureza quântico-informacional holográfica do
universo.

Este fluxo auto-organizador quântico-informacional é gerado pelo modo


holográfico de tratamento da informação neuronal, que pode ser otimizado e
harmonizado por meio de práticas de meditação profunda, oração e outros estados de
consciência ampliada. Estudos de mapeamento cerebral realizados durante a
ocorrência desses estados elevados de consciência demonstram um estado altamente
sincronizado e perfeitamente ordenado das ondas cerebrais, que formam ondas
harmônicas únicas, como se todas as freqüências de todos os neurônios de todos os
centros cerebrais tocassem a mesma sinfonia (Montecucco/ Di Biase).

Este estado cerebral altamente coerente, constituído por ondas altamente


sincronizadas, gera um campo informacional e holográfico, cortical, não-local,
transpessoal de consciência - que interconecta o cérebro humano ao cosmos quântico-
holográfico, descrito na teoria quântica de David Bohm.

Esse estado informacional holográfico altamente ordenado, como todo


processo holográfico, é distribuído por todo o cérebro. Deste modo, os processos
quânticos de interação entre dendrons e psychons, descritos por Eccles e Beck, não
são limitados à fenda sináptica - como preconizado por eles - mas são muito mais
amplos e holograficamente extendidos a todo o cérebro. Como Pribram, vejo isto não
como uma contradição, mas como uma extensão natural das idéias seminais de Eccles.

Para uma melhor compreensão dessas idéias é importante compreendermos o


fenômeno da não-localidade e os sistemas holográficos que expomos resumidamente
a seguir.

Não-localidade

A não-localidade é uma propriedade fundamental do universo, comprovada


experimentalmente no mundo quântico e, mais recentemente, em nosso universo
macroscópico - que demonstra a existência de interações instantâneas entre todos os
fenômenos do universo.

É uma consequência da Teoria do Campo Quântico, desenvolvida por


Umesawa, que conseguiu unificar os campos eletromagnético, nuclear e gravitacional -
até então considerados independentes e interpretados de forma isolada - em uma
totalidade indivisível subjacente. A teoria do campo quântico explica os fenômenos
subatômicos, os microscópicos e os macroscópicos - como a supercondutividade e o
laser - e é considerada a mais fundamental Teoria Física do universo. O campo
quântico não existe fisicamente no espaço-tempo - como os campos gravitacional e
eletromagnético da física newtoniana clássica - apesar de ser matematicamente similar
a eles. Isto lhe dá um caráter peculiar não-local, ou seja, não se localiza em nenhuma
região do espaço-tempo.

Quando um fenômeno não-local acontece, ele instantaneamente influencia o


que ocorre em qualquer outra região do espaço-tempo, sem que para isso seja
necessária nenhuma troca de energia ou informação entre essas regiões. Segundo a
Física clássica, e o nosso bom senso, seria impossível existir a não-localidade, o que
gerou a famosa controvérsia entre Einstein e Bohr, em 1927, na 5ª Conferência Solvay,
na Bélgica. Einstein não podia admitir a existência de fenômenos não-locais, tendo em
vista que em sua Teoria Especial da Relatividade, publicada em 1905, a velocidade da
luz, igual a 300.000 km/s, é considerada uma constante universal, que não pode ser
ultrapassada. Esta controvérsia acabou originando o célebre Paradoxo Einstein-
Podolski-Rosen, em que Einstein e seus colaboradores demonstraram com um
experimento de pensamento que, devido à impossibilidade de uma partícula viajar
mais rápido que a luz, a física quântica estaria incompleta. Postularam, ainda, a
existência de ‘variáveis ocultas’ que seriam propriedades desconhecidas dos sistemas,
que explicariam esta discrepância. Mas, contrariamente ao esperado, foi demonstrado
em 1964, matematicamente por John Bell, que Einstein estava errado e que, após um
átomo emitir duas partículas com spins opostos, se o spin de uma delas for alterado -
mesmo que elas estejam separadas por anos-luz de distância (uma, por exemplo, na
Terra e a outra em Marte, ou no outro lado de nossa galáxia, a 100.000 anos-luz de
distância) - o spin da outra se modifica instantaneamente, revelando uma interação
não-local entre elas e a existência de uma unidade cósmica universal subjacente.

Desde então, a existência da não-localidade tem sido dramática e


convincentemente comprovada nos experimentos da física moderna. O golpe de
misericórdia foi dado em 1982 pelo físico francês Alain Aspect, que comprovou
experimentalmente e, definitivamente, a existência de ações não-locais entre dois
fótons emitidos por um átomo. Mais recentemente, em julho de 1997 (cf. Science,
vol.277, pg 481), Nicolas Gisin e col. comprovaram a existência desta ação quântica
não-local instantânea em escala macroscópica entre duas localidades na Europa.

Informação quântum-holográfica não-local

De acordo com Bohm, em seu modelo da física quântica, De Broglie descreveu


um novo tipo de campo, no qual a atividade é dependente do conteúdo informacional
que é conduzido a todo o campo experimental.

Adicionando às equações deste campo um Potencial Quântico (um tipo de


informação com significado) que satisfaz à equação de Schrödinger - o qual depende
da forma e não da amplitude da função de onda - Bohm desenvolveu um modelo
quântico-holográfico, no qual este potencial quântico conduz informação ativa que
guia a partícula ao longo de seu trajeto. O potencial quântico é descrito por Bohm
como um novo tipo de campo sutil em sua forma, e que não decai com a distância, e
que mesmo estando muito distante, “pode produzir um tremendo efeito”. Somente a
forma do potencial tem um efeito e não sua amplitude ou sua magnitude. Bohm
compara isto a um navio sendo guiado por um radar que está carreando forma ou
informação de todos os lugares não dependendo, dentro de seus limites, de quão forte
as ondas de rádio são.

Relações da Física Quântico-Holográfica com os Campos Morfogenéticos

Neste sentido, diz Bohm em um diálogo com Ruppert Sheldrake que, tal como
na teoria dos Campos Mórficos de Sheldrake, “o potencial quântico está atuando como
um campo formativo sobre o movimento dos elétrons. Este campo formativo não
pode existir em três dimensões e tem que ter conexões não-locais ou sutis. Então,
haveria uma totalidade em relação ao sistema ,de tal forma que o campo formativo
não poderia ser atribuído àquela partícula somente; ele só pode ser atribuído ao todo
e, alguma coisa que esteja acontecendo a partículas muito distantes, pode afetar o
campo formativo de outras partículas. Poderia, então, haver uma transformação “não-
local” do campo formativo de um certo grupo para um outro grupo. Portanto, quando
tentamos compreender o que a Mecânica Quântica tem a dizer sobre um tal
modelo,você encontra uma muito forte analogia com o campo formativo”.

Ao que Sheldrake responde:

“ Sim, pode ser mesmo uma homologia; pode ser um modo diferente de dizer a
mesma coisa! ”

E mais adiante Bohm complementa:

“As ondas de matéria, conforme sugerido originalmente por De Broglie, são a causa
formativa. O potencial quântico é o campo formativo que derivamos das ondas
generalizadas de De Broglie”.

Vemos, portanto, nas próprias palavras de seus criadores, que existe uma
analogia praticamente perfeita entre a Teoria Quântico-Holográfica da Totalidade e da
Ordem Implícita, de David Bohm e a Teoria da Ressonância Mórfica e dos Campos
Morfogenéticos, de Ruppert Sheldrake.

Sistemas Holográficos

São sistemas geradores de imagens tridimensionais, em que a imagem virtual,


ou holograma, é criada quando, por exemplo, um laser incide sobre um objeto e este
o reflete sobre uma placa (como se fosse um filme fotográfico). Se, sobre essa placa
incidir um segundo laser, produzindo uma mistura das ondas do primeiro laser com as
do segundo, o padrão de interferência de ondas resultante armazenará a informação
acerca da forma e do volume do objeto e será refletido pela placa no espaço
circunvizinho gerando, no espaço, uma imagem tridimensional do objeto.

Na série cinematográfica de George Lucas, Guerra nas Estrelas, vemos os


personagens aparecerem diversas vezes em forma de holograma, conversando com
outros à distância.

O relevante aqui para nós é que, nos sistemas holográficos, cada parte do
sistema contém a informação do todo, ou seja, a informação completa sobre o objeto.
Se quebrarmos a placa em pedaços, cada parte refletirá a imagem tridimensional do
objeto no espaço, demonstrando que o todo está nas partes, assim como cada parte
está no todo. Esta propriedade fundamental dos sistemas holográficos foi descrita por
Dennis Gabor, que ganhou o Prêmio Nobel pela criação matemática do holograma.

Os campos neurais holográficos

O neurocientista Karl Pribram, que recentemente completou 90 anos, ainda em


plena atividade científica, vem dedicando os últimos 60 anos de sua vida à
comprovação experimental de que o funcionamento cerebral é também de natureza
holográfica. Com sua teoria holográfica (ou holonômica) do funcionamento cerebral,
demonstrou a existência de um processo de tratamento holográfico da informação no
córtex cerebral, denominado holograma neural multiplex, dependente dos neurônios
de circuitos locais, que não apresentam fibras longas e cujos finos prolongamentos,
denominados teledendrons, não transmitem impulsos nervosos comuns. “São
neurônios que funcionam no modo ondulatório e são, sobretudo, responsáveis pelas
conexões horizontais das camadas do tecido neural - conexões nas quais padrões de
interferência holograficóides podem ser construídos”. Pribram descreveu uma
“equação de onda neural”, resultante do funcionamento destas redes e campos
neurais holográficos, que é similar à equação de onda de Schrödinger (a equação
fundamental da teoria quântica) - o que não é uma simples coincidência, mas uma
demonstração experimental e matemática da natureza quântica do funcionamento
cerebral.

O holograma neural é construído pela interação dos campos eletromagnéticos


dos teledendrons e dos dendritos dos neurônios, de modo similar ao que ocorre
durante a interação das ondas sonoras no piano. Quando tocamos as teclas de um
piano, estas percutem as cordas provocando vibrações sonoras que se misturam,
gerando um padrão de interferência de ondas. A mistura das frequências sonoras é o
que cria a harmonia, a música que ouvimos.
Pribram demonstrou que um processo similar ocorre continuamente no córtex
cerebral, por meio da interpenetração dos campos eletromagnéticos dos neurônios
adjacentes, gerando um campo harmônico de frequências eletromagnéticas. Este
campo constituído por padrões de interferência de ondas harmônicas, tal como no
exemplo do piano descrito acima, pode ser calculado pelas transformações de Fourier
e funciona tal como o holograma descrito pela matemática de Gabor. É um campo
distribuído holograficamente, simultaneamente, por todo o cérebro, codificando e
armazenando, em um vastíssimo campo de informação, a memória e a consciência no
plano biológico. Este campo é capaz de nos interconectar ao campo quântico-
holográfico subatômico da própria estrutura do universo sendo, assim, responsável
pela emergência dos fenômenos espirituais de religação com o cosmos (lembramos
que a palavra religião tem origem no latim religare).

Tal como no piano a harmonia, a música que ouvimos não está localizada no
piano, mas no campo ressonante que o circunda; as memórias de um indivíduo não
estão localizadas somente no cérebro, mas também no campo de informação
holográfica que o envolve, se interconectando instantaneamente de modo não-local
ao campo holográfico universal. Os conceitos orientais de arquivos akáshicos e
consciência cósmica das tradições espirituais orientais são uma bela metáfora deste
processo universal!

Matéria e Mente

As formulações matemáticas que descrevem a curva harmônica resultante das


interferências das ondas são as transformações de Fourier, as quais Denis Gabor
aplicou na criação do holograma, enriquecendo estas transformações com um modelo
em que o padrão de interferência reconstrói a imagem virtual do objeto, pela
aplicação do processo inverso. Ou seja, a partir da dimensão espectral de freqüências,
pode-se reconstruir, matematicamente e experimentalmente, o objeto na dimensão
espaço-temporal.

Como Pribram demonstra de forma brilhante neste livro: “Um modo de


interpretar o diagrama de Fourier é olhar a matéria como sendo uma “ex-formação”,
uma forma de fluxo externalizada (extrusa, palpável, concentrada). Por contraste, o
pensamento e sua comunicação (mentalização) são a conseqüência de uma forma
“internalizada” (negentrópica) de fluxo, sua in-formação.”

E mais adiante:

“Existem duas importantes vantagens conceituais nesta formulação:

1) mente inefável se transforma em in-formação definida pelas descrições


quantitativas de Gabor e Shanonn, que se relacionam à termodinâmica;
2) a compreensão que a matéria, como a experienciamos, é uma ex-formação, uma
conceitualização espaço-temporal, definida em um contexto mental específico.”

O universo holográfico

Este modo de organização holográfica, é também o que David Bohm aplicou à


teoria quântica. No modelo de universo de Bohm, o espaço e o tempo são misturados,
"embrulhados" em uma dimensão espectral de frequências, uma ordem oculta,
implícita, sem relações espaço-temporais. Quando neste campo de frequências
surgem flutuações, “ondulações” mais intensas, padrões semelhantes aos holográficos
estruturam uma dimensão espaço-temporal, uma ordem explícita que corresponderia
ao nosso universo manifesto.

Bohm afirma que “na ordem implícita tudo está introjetado em tudo. Todo o
universo está em princípio introjetado em cada parte, ativamente, por meio do
holomovimento. O processo de introjeção não é meramente superficial ou passivo e
cada parte está, num sentido fundamental, internamente relacionada em suas
atividades básicas ao todo e a todas as outras partes.

Metáforas alquímicas como “tudo o que está em cima é igual a tudo o que está
embaixo” e concepções como “o todo no tudo e o tudo no todo” , de Hermes
Trimegistus, descritas no Cabaillon, assim como o simbolismo das afirmações judaico-
cristãs do tipo “O pai está dentro de nós” e “Assim na terra como no céu” , são
exemplos de que essa concepção holográfica está enraizada nos arquétipos da
consciência humana desde os mais antigos pensamentos registrados.

Transcrevo abaixo a metáfora budista da Rede de Indra, que parece ser a


primeira descrição de um sistema holográfico (ou como Capra coloca, de um sistema
bootstrap) na história humana, feita há cerca de 2500 anos:

No distante castelo celeste do grande deus Indra existe uma maravilhosa rede de jóias
preciosas, dispostas de tal modo que se extendem infinitamente em todas as direções.
Cada jóia é um “olho” brilhante da rede e, como a rede é infinita em todas as
dimensões, as jóias são em número infinito. Suspensas como estrelas brilhantes de
primeira magnitude, são uma visão maravilhosa para os olhos. Se olharmos de perto
uma das jóias veremos, em sua superfície, o reflexo de todas as outras jóias e, cada
uma das jóias refletida nela, está refletindo também todas as outras jóias, num infinito
processo de reflexão.

A metáfora da Rede de Indra, segundo Francis Cook, “simboliza um cosmos em


que existe uma infinita inter-relação entre todas as partes, cada uma definindo e
mantendo todas as outras. O cosmos é um organismo auto-referente, auto-
mantenedor, e auto-criador.” É também não-teológico, pois, “não existe um início do
tempo, nem um conceito de criador, nem um questionamento sobre o propósito de
tudo”. O universo é concebido como uma dádiva, sem hierarquia: “Não tem centro ou,
talvez, se existe um, ele está em todo lugar”. 

A Dinâmica Quântica Cerebral

Estudos experimentais desenvolvidos por Pribram e outros pesquisadores como


Hameroff, Penrose, Yassue, Jibu, confirmaram a existência de uma dinâmica cerebral
quântica, nos microtúbulos neurais, nas sinapses e na organização molecular do
líquido céfalo-raquidiano, desvelando a possibilidade de formação de condensados
Bose-Einstein e a ocorrência do Efeito Frohlich nestes sistemas. Os condensados Bose-
Einstein consistem de partículas atômicas ou, no caso do Efeito Frohlich, de moléculas
biológicas que assumem um elevado grau de alinhamento, funcionando como um
estado altamente unificado e ordenado, tal como ocorre nos lasers e na
supercondutividade.

Jibu, Yasue e Pribram desenvolveram uma dinâmica quântica cerebral que é de


natureza holonômica, baseada no conceito de logon, ie, na função (wavelets) de Gabor
e nas transformações de Fourier. Nessa concepção, o universo e a própria estrutura
quântico-holográfica da consciência são concebidos como uma unidade tal como na
concepção de mônadas, de Leibnitz.

Em sua Monadologia, Leibnitz afirma que cada mônada, tal como um pequeno
espelho, reflete sua própria imagem do universo.

Norbert Wiener também acreditava nessa maneira holográfica de se


compreender o universo, como vemos em sua afirmação: "Esse espelhamento é
melhor compreendido como um paralelismo, incompleto, é verdade, entre a
organização interna da mônada e a organização do mundo como um todo. A estrutura
do microcosmos corre paralela àquela do macrocosmos (Wiener, Back to Leibnitz).

Acredito que o imenso padrão de interferência de todo o universo,


incorporando todas as relações de fase, no que Bohm denomina Ordem Implícita, faça
com que cada organismo seja um reflexo de todo o universo tal como uma mônada
leibnitziana.

Pribram afirma que, além de cada organismo refletir o universo, é possível que
o universo esteja refletindo cada organismo que o observa. Tal como na extrojeção e
na introjeção das ordens Implícita e Explícita da teoria de Bohm.

Em minha visão, cada consciência está continuamente refletindo o todo e o


todo está refletindo cada consciência, por meio do fluxo holoinformacional, em uma
holoarquia dinâmica, infinita, distribuída e auto-referencial.
Biofótons, Microtúbulos e Superradiância

Fritz Popp demonstrou que o corpo humano emite fótons de luz (por ele
denominados biofótons) e que esses biofótons são capazes de ser transmitidos através
dos tecidos humanos por meio de um processo denominado superradiância, no qual
não ocorre nenhuma perda de energia ou informação.

  Sabemos que os micro-túbulos estudados por Hameroff e Penrose são


excepcionais condutores de pulsos de energia. Esses pulsos são transmitidos por
túbulos que possuem as paredes constituídas pelas proteínas MAP2s que são
modeladas de tal modo que os pulsos chegam inalterados ao outro extremo do micro-
túbulo. Hameroff descobriu ainda, que existe um elevado grau de coerência quântica
entre micro-túbulos vizinhos e que eles poderiam funcionar como “dutos de luz” e
“guias de ondas” para os fótons, enviando essas ondas de uma célula a outra, através
do cérebro, sem perda de energia - exatamente como na superradiância. Este processo
poderia organizar ou informar moléculas em um processo do tipo Efeito Frölich e agir
sobre as moléculas dos sistemas do organismo humano de modo a energizá-los de
modo positivo ou negativo. Richard Amoroso e eu estamos propondo uma nova teoria
das doenças auto-imunes, com base nesta possibilidade. É uma teoria imunológica
noética, com características auto-organizadoras e quântico-holísticas, perfeitamente
compatível com a teoria clonal que deu o Prêmio Nobel a Jerne.

  Yasue e Jibu também demonstraram que a mensagem quântica deve se


processar por meio de campos vibracionais e coerência quântica através dos micro-
túbulos.

Pribram, Yasue, Hameroff e Scott Hagan do Departamento de Física da


Universidade McGill desenvolveram uma teoria sobre a consciência na qual os micro-
túbulos e os dendritos podem ser vistos como a internet do corpo humano

(ver Quantum optical coherence in cytoskeletal microtubules: implications for brain


function- BioSystems, 1994; 32: 95-209 ).

Os micro-túbulos dos dendritos são bem diferentes dos micro-túbulos dos


axônios. Nos axônios, os micro-túbulos têm todos a mesma polaridade, e são
contínuos. Já os micro-túbulos dendríticos são curtos e interrompidos, com
polaridades misturadas, e interconectados pela MAP2 - a proteína associada aos
micro-túbulos, específica dos dendritos. Segundo Hameroff, os circuitos MAP2 dos
micro-túbulos dendríticos são ideais para redes de processamento informacional,
enquanto os micro-túbulos axonais unipolares são ideais para transferência de
informação.

Por meio desse processamento quântico, cada neurônio poderia fazer login e
ao mesmo tempo falar com outros neurônios simultaneamente, de modo não-local
(entanglement), criando uma coerência global das ondas por todo o cérebro, gerando
o processo de superradiância. Os fótons poderiam, assim, ser transmitidos ao longo
dos micro-túbulos como se fossem transparentes, por um processo físico conhecido
como transparência auto-induzida, comunicando-se com todos os outros fótons do
nosso corpo de modo instantâneo e não-local. Isso geraria uma cooperação coletiva
das partículas subatômicas nos micro-túbulos, que seria distribuída por todo o sistema
nervoso e, provavelmente, por todas as células do nosso corpo.

Este processo poderia explicar a unidade de pensamentos e da consciência e o


processamento instantâneo do nosso cérebro.

Os físicos italianos, Del Giudice e Preparata, demonstraram que as moléculas de


água no cérebro são campos de energia coerentes e se extendem até 3 nanômetros,
ou mais, para fora do cito-esqueleto ( micro-túbulos ), o que nos leva a pensar que a
água no interior dos micro-túbulos possam estar ordenadas. Estes autores
demonstraram que essa focalização e coerência de ondas pode produzir feixes de 15
nanômetros de diâmetro, que é precisamente o diâmetro interno dos micro-túbulos.
Jibu e Hameroff chegaram à mesma conclusão, demonstrando que os diâmetros
internos, de 15 nanômetros, dos micro-túbulos são perfeitos para guiar a luz, de modo
livre, sem perdas termais.

Esses experimentos levaram Del Giudice e Preparata a propor uma conclusão


paradigmática, herética mesmo, que já ocorrera a Fritz Popp, de que a consciência é
um fenômeno global ocorrendo em todo o organismo e não somente no cérebro.

“Talvez a consciência seja luz coerente em sua essência”, afirma Lyne


McTaggart, em seu livro The Field.

Kauffman, em seu mais recente livro Reinventing the Sacred, 2008, relata que
as pesquisas com moléculas envolvidas no processo de fotossíntese demonstraram
que a molécula de clorofila, que captura o fóton, e a proteína antena, que a mantém,
suportam um estado de coerência quântica por um tempo muito longo. Parece que a
proteína antena suprime a decoerência, reinduzindo coerência em partes decoerentes
da molécula de clorofila. Kauffman afirma que “desde que a super elevada eficiência
na transferência de energia luminosa para energia química é crítica para a vida, esses
resultados sugerem muito fortemente que a seleção natural atuou sobre a proteína
antena para melhorar sua habilidade de sustentar o estado de coerência quântica”.
Este tipo de comprovação, que vem sendo replicada em diversos centros
internacionais, termina finalmente com as críticas infundadas de alguns físicos
quânticos sobre a impossibilidade de fenômenos quânticos ocorrerem em sistemas
biológicos, devido à decoerência quântica e às altas temperaturas do tecido que
estariam em jogo!
Esses processos quânticos, distribuídos por todo o organismo, nos permitem
conceber uma teoria unificada da mente e da matéria, tal como a totalidade cósmica
indivisível de David Bohm e conceber o universo, o corpo e a consciência como uma
vasta e dinâmica rede holoinformacional inteligente de troca de informações, energia
e matéria.

Walter Schemp, o criador da holografia quântica - que hoje é a base do


processamento de imagens por ressonância magnética - afirma que todas as
informações sobre os objetos em nosso universo, inclusive suas formas
tridimensionais, dependem de flutuações que ocorrem no chamado Campo de Energia
do Ponto Zero, um vastíssimo campo de energia preconizado por Puthoff. Em minha
Teoria Holoinformacional, esse campo de memória-informação corresponde ao campo
quântico-holográfico universal, ou campo akhashico, conforme a terminologia de
Laszlo que, em uma elaboração mais complexa e mais abrangente, corresponderia ao
Campo Noético, de Richard Amoroso, co-autor comigo de diversos livros e trabalhos.

Schempp conseguiu calcular, recuperar e reestruturar essas informações -


codificadas no campo holoinformacional em forma de imagens - nas máquinas de
ressonância magnética, utilizando as transformações de Fourier, a matemática
holográfica de Gabor e uma complicada matemática que ele denomina simpletic
spinor vector . Posteriormente com a colaboração de Marcer, desenvolveu um mapa
matemático de como a informação é processada no cérebro que é, na verdade, uma
demonstração matemática da teoria de Pribram.   

Schemp e Marcer acreditam que nossas memórias estão no Campo do Ponto-


Zero que, em minha proposta holoinformacional quântico-holográfica, seriam o fluxo
dinâmico holoinformacional entre o cérebro e o cosmos, de modo similar mas não
idêntico ao holomovimento de Bohm, e o Campo Akahico de Laszlo. Como diz Mc
Taggart, Pribram e Yasue poderiam perfeitamente ter proposto que nossas memórias
poderiam ser, simplesmente, uma emissão coerente de ondas vindas desse Campo e
que as memórias a longo prazo seriam grupos estruturados de ondas de informação.
Isso poderia explicar a instantaneidade deste tipo de memórias, que não necessitam
de nenhum mecanismo de rastreamento que procure informações através de anos de
memórias.

O exposto acima nos permite vislumbrar e conceber uma teoria unificada da


mente e da matéria tal como a totalidade indivisível proposta por David Bohm e,
assim, concebermos o universo como uma vasta e dinâmica rede holoinformacional
inteligente de troca de informações, energia e matéria, tal como propomos nesse
paper.

Seja qual for o mecanismo de recepção no cérebro que, como demonstrou


Pribram, está distribuído por todo o cérebro por meio da função holográfica de Gabor,
ele está continuamente acessando o que denominamos Campo Holoinformacional
Universal.

A interação cérebro-universo tem que ser, obrigatoriamente, uma conexão


não-local - o que nos levou a expandirmos nossa idéia em direção à essa proposta
holoinformacional, na qual os padrões dinâmicos quânticos cerebrais, com suas redes
neurais e campos holográficos, são parte ativa do campo informacional quântico-
holográfico cósmico, gerando uma interconexão informacional, simultaneamente não-
local (quântico-holística) e local (mecanicística-newtoniana), ou seja,
holoinformacional.

Aplicando a propriedade matemática básica dos sistemas holográficos (em que


cada parte do sistema contém a informação de todo o sistema) aos dados
matemáticos da física quântica de Bohm e aos dados experimentais da teoria
holográfica de Pribram propusemos que, esta interconectividade universal, baseada
nos campos quânticos não-locais de Umezawa, nos permitiria acessar toda a
informação codificada nos padrões de interferência de ondas existentes no universo
desde sua origem, pois a natureza holográfica distribuída do universo faz com que
cada parte, cada cérebro-consciência, contenha a informação do todo, tal como nas
mônadas de Lebnitz.

Para que esta conexão cérebro-universo possa se processar é necessário


aquietarmos nosso cérebro, sincronizando o funcionamento dos hemisférios cerebrais
e permitindo que o modo de tratamento holográfico da informação neuronal se
otimize. Isto se consegue facilmente por meio das práticas de meditação, relaxamento
e oração que, comprovadamente, sincronizam as ondas elétricas dos hemisférios
cerebrais e otimizam o tratamento holográfico da informação cortical, gerando um
estado ampliado de consciência. Descrições das comprovações eletroencefalográficas
e clínicas, com a respectiva bibliografia desses fenômenos, podem ser encontradas em
meu livro “O Homem Holístico, a unidade mente-natureza”, Editora Vozes.

Os correlatos neurais da consciência

As redes cibernéticas de reações cíclicas hierárquicas, por meio das quais


procuramos caracterizar a consciência, têm sido estudadas de forma analítica e
mecanicista, como podemos ver nas descrições a seguir que demonstram neurônios se
inter-relacionando em uma dinâmica multinível de “hiperciclos” (Eigen e
Schuster,1979), se auto-organizando em ciclos “auto-catalíticos” (Prigogine1979;
Kauffman,1995) no “limite do caos”(Lewin,1992). Os ciclos auto-catalíticos se auto-
organizam em níveis superiores, por meio de hiperciclos catalíticos( ex: um vírus),
capazes de evoluírem para estruturas mais complexas e mais eficientes, até a
“emergência de conjuntos, de conjuntos, de conjuntos de neurônios” (Alwin
Scott,1995). Deste modo, a rede gera “‘loops criativos” (Erich Harth,1993) e
“hiperestruturas” (Nils Baas,1995), capazes de se integrarem em sistemas com padrões
de conectividade distribuídos e paralelos, como o “Global Workspace” (Newman and
Baars,1993) e o “Extended Reticular-Talamic Activation System”-ERTAS de James
Newman (1997).

No entanto, como demonstrei, em sistemas auto-organizadores como o


cérebro humano, estes “correlatos neurais” da consciência não são estruturados
somente por complexificações das relações locais mecanicistas da matéria mas são,
primordialmente, gerados pelo campo quântico-holoinformacional não-local
inteligente auto-organizador universal. A partir dessa dimensão oculta, espectral,
denominada por Bohm de ‘realidade implícita’, se forma (ex-forma) a realidade
explícita, que é o nosso universo material manifesto.

O cérebro, que é parte desta realidade manifesta, gera sua própria realidade
espectral a partir de campos quântico-holográficos, que se formam nos padrões de
interferência de ondas nas interseções das flutuações, nas finas fibras
telesinaptodendriticas, descritas por Pribram. Pribram denomina esta realidade
espectral de “domínio pré-espaço-temporal de realidade potencial, porque na
realidade experienciada de cada momento navegamos no espaço-tempo” e, mais
adiante, mostra que “um modo de interpretar o diagrama de Fourier é olhar a matéria
como sendo uma “ex-formação”, uma forma de fluxo externalizada ( extrusa, palpável,
concentrada). Por contraste, o pensamento e sua comunicação (mentalização) são a
conseqüência de uma forma “internalizada” (negentrópica) de fluxo, sua “in-
formação”.

O campo unificado da consciência

O cosmos é constituído por matéria, vida e consciência, que são atividades


significativas, isto é, processos informacionais com significados, ordem transmitida
através da evolução cósmica. Um universo auto-organizado como um campo quântico-
holográfico, pleno de informação significativa local e não-local (holoinformacional) é
um universo inteligente que funciona como uma mente, como o astrônomo inglês Sir
James Jeans já tinha observado: "O universo começa a se parecer cada vez mais com
uma grande mente , do que com uma grande máquina".

Este campo quântico-holográfico universal pode ser compreendido como uma rede
cósmica inteligente?

Uma mente cósmica?


Uma Consciência Holográfica Universal como a Consciência Cósmica das
tradições espirituais da humanidade?

Nesta concepção holoinformacional do cérebro e do universo, consciência e


inteligência são compreendidos como informação, como ordem significativa que se
auto-organiza e se complexifica. São dimensões, níveis de complexidade que, apesar
de não serem idênticas, se superpõem, sendo possível afirmar que a dimensão
‘inteligência-informação’ sempre esteve presente em todos os níveis de organização
da natureza.

Matéria, vida e consciência não são entidades separadas - capazes de ser


analisadas em um arcabouço conceitual cartesiano, analítico-reducionista - mas uma
unidade holística indivisível, um campo quântico holoinformacional inteligente, auto-
organizador, que vem se desdobrando há bilhões de anos em uma infinita e dinâmica
holoarquia cósmica.

Einstein gostava de dizer “quero conhecer os pensamentos de Deus... o resto


são detalhes”.

Estes códigos informacionais que in-formam o Universo, são os verdadeiros


pensamentos de Deus... aquilo que verdadeiramente nos religa à nossa fonte! Foram
colocados à nossa disposição, oferecidos como uma dádiva que não temos como
compreender! Sua utilização correta pelo homem, imerso neste todo
holoinformacional - gerador de vida e consciência e capaz de acessar esse todo - deve
eticamente estar direcionada para a preservação desta linguagem universal, por meio
de uma ética de reverência pela Vida!

Esta é a nossa grande responsabilidade moral!

“O bem consiste em preservar a vida, em lhe dar suporte, em procurar levá-la ao seu
mais alto valor. O mal consiste em destruir a vida, em ferí-la ou destruí-la em plena
florescência”.

Albert Schweitzer, Prêmio Nobel da


Paz
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