João Aguiar Sampaio - 28312

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DAS TEORIAS À PREVENÇÃO CRIMINAL

(Estudo sobre a conexão e prevenção do crime tendo em conta os


espaços urbanos e a estrutura social)

2º Ciclo de Estudos em Criminologia


Dissertação de Mestrado em Criminologia

João Miguel Aguiar Sampaio


Nº 28312

Janeiro 2021
DAS TEORIAS À PREVENÇÃO CRIMINAL

(Estudo sobre a conexão e prevenção do crime tendo em conta os


espaços urbanos e a estrutura social)

Dissertação apresentada ao Instituto


Universitário da Maia como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de Mestre
em Criminologia sob a orientação do
Professor Doutor Fernando da Costa
Gonçalves e da Professora Cátia Pontedeira.

João Miguel Aguiar Sampaio, nº28312

Janeiro 2021
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus orientadores, Professor Doutor


Fernando Gonçalves e Professora Cátia Pontedeira, pela partilha de conhecimentos e pela
disponibilidade demonstrada desde a fase inicial deste trabalho. Obrigado pela ajuda e
confiança depositada de forma a permitirem-me desenvolver e concluir a presente dissertação.
Agradeço aos meus pais, Cristina e Miguel, pelo apoio que sempre me deram desde o
início do meu percurso académico, pela dedicação que sempre tiveram e pelos esforços que
fizeram pelo meu bem. Imensamente grato pela educação de valores que sempre me incutiram.
Ao meu irmão, Martim, que apesar de mais novo é também parte importante no meu
dia-a-dia.
Agradeço ainda à minha namorada, Sílvia, por me ter dado força e motivação em todas
as horas, mesmo nas de dúvida, para a execução deste trabalho.
Por fim, agradeço às restantes pessoas que me acompanham, pela disponibilidade
sempre demonstrada em qualquer situação e pelos bons momentos que sempre me
proporcionaram durante esta etapa.

i
RESUMO

Este estudo e pesquisa surge da necessidade de compreender a ligação entre aquilo que
é a estrutura social e toda a sua envolvente e de que modo esta é colocada em causa favorecendo
a criminalidade.
O crime surge como algo de negativo no sentido prático mas que acabou por ser ao
longo dos tempos uma ação permanente à qual a sociedade se acabou por habituar.
Ainda assim, tais ações são nocivas e quanto mais perpetradas mais em causa colocam
o sentido social e comunitário de uma sociedade.
Desta forma, a prevenção situa-se como uma ação fulcral na resposta ao crime,
apoiando-se nas características de locais, pessoas, vítimas ou autores para de uma forma
antecipada atuar perante uma possível aplicação criminal.
O foco neste trabalho cinge-se concretamente à questão do local, de modo a
percebermos como determinado sítio está ou não preparado para prevenir ou anular ações
criminais, e se não está, onde é que se poderá intervir para chegar ao objetivo pretendido.
A segurança vem no seguimento desse processo de prevenção, tendo em consideração
o sentimento de segurança ou insegurança dos indivíduos pertencentes a uma comunidade uma
vez que estes são parte integrante da solução ao zelarem e vigiarem os locais onde habitam.
Para chegarmos ao resultado final em termos de sentimento de segurança ou
insegurança, existe uma pluralidade de fatores que influenciam as pessoas, dentro dos locais e
das suas características, a forma como os órgãos responsáveis pela prevenção criminal tratam
a mesma e conseguem aplicar as estratégias de forma clara bem como o contributo que a própria
comunidade pode ter na prevenção criminal.
A prevenção criminal não é uma responsabilidade apenas da polícia, é uma
responsabilidade social, que envolve vários agentes, de forma hierarquizada começando nos
Estados, através dos Governos e órgãos denominados para o efeito e fundamentalmente nos
cidadãos e na forma como estes se conectam entre eles, com os espaços em que vivem e com
os órgãos de polícia criminal.

Palavras chave: crime, cidadão, lei, prevenção, segurança, ambiente, desenho urbano,
vigilância, policiamento.

ii
ABSTRACT

This study and research arise from the need to understand the link between what the
social structure and its entire environment is and how it is called into question is taken
advantage of by crime.
Crime appears as something negative in the practical sense, but it has turned out to be
over time a permanent action to which society has eventually become accustomed.
Still, such actions are harmful and the more perpetrated the more they call into question
the social and community sense of a given place, community or society.
Thus, prevention is situated as a central action in the response to crime, relying on the
characteristics of places, people, victims or perpetrators to act in advance in the face of a
possible criminal application.
The focus in this work is concretely limited to the question of the place, so that we
understand how a certain place is or is not prepared to prevent or annul criminal actions, and if
not, where can we intervene to achieve the intended objective.
Security comes in the wake of this prevention process, taking into account the feeling
of security or insecurity of individuals belonging to a community, since they are an integral part
of the solution when caring for and monitoring the places where they live.
To reach the final result in terms of a sense of security or insecurity, there is a plurality
of factors that influence people, within the places and their characteristics, the way the bodies
responsible for criminal prevention treat it and can apply the strategies clearly as well as the
response that the community itself can give to the preventive situation of criminal action.
Criminal prevention is not mainly directed as a responsibility of the police, it is a social
responsibility, which involves several agents, in a hierarchical way starting in the States and in
those who govern us, through the security forces and organ called for this purpose and
fundamental is this aid also, in the citizens and in the way they connect between them, with the
spaces in which they live and with the criminal police agencies.

Keywords: crime, citizen, law, prevention, safety, environment, urban design,


vigilance, policing.

iii
Índice

AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... i

RESUMO ......................................................................................................................... ii

ABSTRACT .................................................................................................................... iii

LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... vii

LISTA DE TABELAS .................................................................................................... viii

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

CAPITULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO .............................................................. 4

1. CONCEITUALIZAÇÃO DE PREVENÇÃO CRIMINAL ............................................... 4


1.1 A Prevenção e as suas aplicações ................................................................................. 6

2. AS PRINCIPAIS TEORIAS DO CRIME E OS PROGRAMAS PREVENTIVOS ........ 12


2.1 Teorias da Escola de Chicago .................................................................................... 12
2.2 Teoria do Espaço Defensável ..................................................................................... 13
2.3 Teoria das Janelas Partidas ......................................................................................... 14
2.4 Teoria do Padrão Criminal ......................................................................................... 15
2.5 Teoria da Escolha Racional ........................................................................................ 15

3. DESENHO URBANO E REDUÇÃO DO CRIME ........................................................ 16


3.1 Politica de Cidade Polis.............................................................................................. 20
3.2 Prevenção Criminal por meio da análise do ambiente físico e social ........................ 21

4. A PREVENÇÃO CRIMINAL E A LEI ........................................................................... 24


4.1 Lei de Política Criminal ............................................................................................. 24
4.2 Lei de Segurança Interna ............................................................................................ 25
4.3 O Papel do Ministério Público na Prevenção Criminal.............................................. 25

5. ESTRATÉGIAS E OPERAÇÕES ................................................................................... 26


5.1 Grandes Operações do Plano 2020............................................................................. 26
5.2 O Trabalho da Comissão Europeia na Prevenção da Criminalidade ......................... 27

6. AS PARCERIAS E OS CONTRATOS LOCAIS DE SEGURANÇA ............................ 29


6.1 Conselhos Municipais de Segurança .......................................................................... 29

iv
6.2 Contratos Locais de Segurança .................................................................................. 29
6.3 Visibilidade Policial como Estratégia Preventiva do Crime ...................................... 30
6.4 Diagnósticos Locais de Segurança ............................................................................. 31
6.5 Sentimento de Segurança e o Planeamento Urbano ................................................... 32

7. O POLICIAMENTO PREVENTIVO .............................................................................. 38


7.1 Policiamento Comunitário, de Proximidade e orientado para os problemas ............. 38

8. RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA INTERNA .................................................. 41

CAPITULO II - COMPONENTE EMPÍRICA .................................................................. 44

1. OBJETIVOS..................................................................................................................... 44
1.1 Objetivos Gerais ......................................................................................................... 44
1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 44

2. Questões de Investigação ................................................................................................. 44

3. Metodologia .................................................................................................................... 45

4. Amostra e Participantes .................................................................................................... 47

5. Procedimento .................................................................................................................... 48

6. Resultados ........................................................................................................................ 50

6.1 Apresentação dos resultados

7. Discussão dos Resultados................................................................................................. 62

CONCLUSÕES .............................................................................................................. 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 68

ANEXOS ........................................................................................................................ 75

v
LISTA DE ABREVIATURAS

NCPI – National Crime Prevention Institute, traduzido significa Instituto Nacional da


Prevenção Criminal
REPC – Rede Europeia de Prevenção da Criminalidade
ODPM – Office of the Deputy Prime Minister, Gabinete do vice Primeiro-Ministro
CPTED – Criminal Prevention Through Environmental Design, significa Prevenção Criminal
através do design ambiental
DGAI – Direção Geral da Administração interna
DGOTDU – Direção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano
CCAPS - Community Contract and Aboriginal Policing Services, traduzem-se por contratos
comunitários e serviços de policiamento
APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima
MP – Ministério Público
CRP – Constituição da República Portuguesa
GNR – Guarda Nacional Republicana
PSP – Polícia de Segurança Pública
MAI – Ministério da Administração Interna
DLS – Diagnósticos Locais de Segurança
FESU – Fórum Europeu para a Segurança Urbana
PIPP – Projeto integrado de Policiamento de Proximidade
MIPP – Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade
EPAV’S – Equipas de Proximidade e de Apoio à Vítima
PJ – Polícia Judiciária
SEF – Serviços de Estrangeiros e Fronteiras
PM – Polícia Marítima
ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
AT – Autoridade Tributária
PJM – Polícia Judiciária Militar
OPC – Órgãos de Polícia Criminal
SIS – Sistema de Segurança Interna

vi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Descrição da criminalidade com maior incidência .................................................. 43

vii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características intrínsecas ao sentimento de insegurança ....................................... 36


Tabela 2 - Caracterização sociodemográfica dos participantes................................................ 47
Tabela 3 - Tendo em conta onde vive, identifique se habita numa zona urbana ou numa zona
rural. ......................................................................................................................................... 50
Tabela 4 - Se vive numa zona urbana, indique em que tipologia se enquadra a sua zona de
habitação................................................................................................................................... 51
Tabela 5 - Na zona onde habita, tem conhecimento de que existem relatos de ocorrências
criminais? ................................................................................................................................. 51
Tabela 6 - Já experienciou algum tipo de ato criminal? ........................................................... 51
Tabela 7 - Se a resposta anterior for "Sim", indique em que período do dia aconteceu. ......... 52
Tabela 8 - Se já experienciou um ato criminal, indique em que tipo de local aconteceu esse ato.
.................................................................................................................................................. 52
Tabela 9 - Sente-se seguro enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua habitação
durante o dia? ........................................................................................................................... 52
Tabela 10 - Sente-se seguro(a) enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua habitação
durante a noite? ........................................................................................................................ 53
Tabela 11 - Sente insegurança ao circular em algumas zonas?................................................ 53
Tabela 12 - Se sim, indique quais as características físicas do local que promovem o sentimento
de insegurança (poderá selecionar mais do que uma opção) ................................................... 54
Tabela 13 - De entre as características abaixo elencadas, na sua opinião, quais considera como
fundamentais para a melhoria da segurança de uma determinada comunidade? Indique pelo
menos duas. .............................................................................................................................. 54
Tabela 14 - Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui à prevenção
criminal..................................................................................................................................... 55
Tabela 15 - Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui ao
policiamento de proximidade. .................................................................................................. 55
Tabela 16 - Numa escala de 0 a 3, qual o nível de importância que atribui à coesão social e
pertença comunitária? .............................................................................................................. 55
Tabela 17 - Indique qual é o nível de confiança que tem nas instituições policiais portuguesas.
.................................................................................................................................................. 56
Tabela 18 - Das seguintes atitudes, quais coloca em prática usualmente na sua zona de
residência? ................................................................................................................................ 56

viii
Tabela 19 - Na zona onde habita é normal observar situações em que existe lixo e outros objetos
despejados em locais não destinados para o efeito? ................................................................. 57
Tabela 20- Se um determinado local próximo à sua habitação apresentar sinais de vandalismo,
será visto por si como um local de passagem a evitar? ............................................................ 57
Tabela 21- Sente-se mais seguro(a) em locais com instalação de circuito de videovigilância?
.................................................................................................................................................. 57
Tabela 22 - Como classifica a atuação por parte do seu Município na Prevenção Criminal? . 58
Tabela 23- Sente-se seguro(a) com a proteção que lhe é dada na sua área de residência? ...... 58
Tabela 24- O que sugere para um possível aumento de segurança na zona onde habita? ....... 59
Tabela 25- Em relação ao local onde habita, como classifica a existência de policiamento?.. 60
Tabela 26 - Tendo em conta aquilo que foi abordado na totalidade deste questionário,
classifique de 1 a 3 a sua sensação de segurança relativamente ao local onde vive e a todas as
características que o(a) rodeiam. .............................................................................................. 61

ix
INTRODUÇÃO

O fator punição separa-se cada vez mais, com o avançar dos tempos, do fator crime
como o principal foco de resolução da questão criminal. Isto falando no sentido teórico, onde
se começa a atentar mais no sentido da prevenção antes da própria punição. Isto é, olha-se para
a capacidade de reduzir o crime separando-a cada vez mais da prioridade em puni-lo. Como
estudado e sublinhado ao longo deste trabalho, é possível que o delinquente/criminoso que seja
punido possa reincidir e não seja certo que vá ser dissuadido, levando assim a que se possa
pensar qual o peso da punição em determinado caso, se serve apenas para castigar ou para além
disso que leve a que o crime não volte a acontecer. Surge assim a ideia de que a prevenção do
crime pode ser trabalhada de forma a que a sua eficácia a separe cada vez mais da punição dos
infratores. (Jones, Newburn, & Smith, 1994)
E de que forma é que se pode reduzir ou anular a existência de um crime sem a
subjacente punição?
Prevenindo-o, fazer com que ele não aconteça ou que não tenha capacidade de se
alimentar de fatores que elevam o seu aparecimento, ou que pelo menos sejam amenizados
eventuais danos provocados.
Isto claro, sem nunca entrar numa linha de pensamento defensor de que a punição possa
ser totalmente apagada do nosso sistema e do nosso mundo, o que é impossível pois tal como
o crime nunca vai desaparecer, sendo o mesmo mutante nas suas mais variadas formas, o castigo
inerente à prática do mesmo estará assim sempre ligado e presente, funcionado como punição
para quem não respeita as normas e comete factos criminosos impossíveis de prevenir.

A abordagem preventiva é fortemente suportada pela mudança do foco em termos de


análise criminal, com a passagem do olhar sobre o fator biológico e individual para um olhar
mais abrangente sobre os fatores sociais e estruturais. Ainda assim, a questão individual não
desaparece, mantém-se e é importante. O individuo é o princípio da sociedade, e por isso não
deve ser descurado. Passa-se assim de um olhar biológico, daquilo que é inato e físico e que em
tempos era visto como sendo objeto de determinado rótulo para uma ação conectada entre ações
sociais e individuais.
Com a natural evolução dos tempos e com a transferência e passagem de pessoas dos
meios rurais para os meios urbanos é normal que estes sejam aqueles que mais problemas

1
possam causar. Desde logo porque em termos populacionais a densidade aumenta, o que
diminui a ligação entre pessoas e com isso a relação social e comunitária. Dessa forma, e tendo
como exemplo uma cidade com vários prédios, onde as pessoas dão importância apenas ao seu
apartamento, no máximo ao seu prédio, faz com que o seu local, que é a extensão de terreno
que acaba por englobar toda aquela comunidade, seja colocada de lado, e se não há crime no
seu prédio, há crime ao lado da rua do mesmo, o que acaba por colocar em causa a comunidade
no geral. Assim, observa-se que o aumento populacional e o aparecimento de grandes
metrópoles em contexto urbano apresentam várias problemáticas e que podem colocar em causa
uma comunidade. A existência de um local onde a segurança seja nula ou mínima leva a que
esse mesmo local seja visto pela própria comunidade e sociedade como indesejável, o que faz
com que estas procurem outros espaços que lhes permitam ter uma melhor e maior qualidade
de vida, deixando assim o espaço que não lhes passava uma sensação de segurança “vazio” e
sujeito a ser tomado e usado para comportamentos criminais. Um baixo sentido de pertença é a
força de um possível ato criminal. (Silva, 2014)
A principal diferenciação dos espaços urbanos e dos espaços rurais e que levam a que
ambos se apresentem como completamente distintos, no diz respeito ao crime, é a densidade
populacional que se apresenta como uma das consequências do aparecimento da criminalidade
geradora de sentimento de insegurança, indo assim ao encontro daquilo que é defendido neste
trabalho.
Em termos percentuais, e observando aquilo que o World Urbanization Prospects das
Nações Unidas apresenta, atualmente, no ano de 2020, cerca de 56% da população mundial
reside em zonas urbanas, o que revela uma ascensão da população ao longo dos anos. Para
suportar ainda mais esse facto basta observar as estimativas dos próximos anos, como por
exemplo, para os anos de 2030 e 2050 com o primeiro a apresentar uma percentagem esperada
de 60,4% de residentes em meio urbano e o segundo a confirmar a tendência de subida para
68,4%. Estes números indicam que a questão criminal associada ao meio urbano poderá ter
tendência para crescer, seguindo por isso o crescimento populacional exponencial, o que traz
novos desafios e novos problemas que deverão ser acompanhados de forma evolutiva para
serem prevenidos, controlados e combatidos. (Nations, 2018)
Este trabalho foca-se sobretudo nessa perceção, sendo direcionado para aquilo que são
os centros urbanos e as dificuldades que estes colocam e a forma como essas adversidades
podem e devem ser ultrapassadas e resolvidas.
No presente trabalho serão tratadas diferentes abordagens e formas de tratamento desta
problemática, divididas por capítulos. No primeiro capítulo abordar-se-á a conceitualização da

2
prevenção criminal e das suas aplicações, de forma a percebermos mais a fundo aquilo que é a
prevenção criminal, nas mais variadas opiniões e estudos bem como a própria aplicação ao
longo dos tempos e estratégias adotadas e possíveis de adotar para dar continuidade à mesma.
Abordar-se-á também as teorias que ao longo dos anos foram suportando e cimentando a
questão da prevenção em contexto social e ambiental, dando-lhe com o avançar dos anos
importância crescente em relação ao tratamento e prevenção do crime. Será abordada a questão
do desenho ambiental e estrutural como forma de prevenção criminal, direcionado para o meio
urbano e a forma como não só a população nem os agentes das forças de segurança podem ser
importantes, mas como também o planeamento arquitetónico pode incidir sobre o crime.
Será relacionada a prevenção criminal com a lei e com as estratégias adotadas pelas
entidades competentes e governamentais para a aplicação das mesmas. Se no primeiro se
direciona o olhar para a lei propriamente dita, com a observação daquilo que é a prevenção
criminal e a sua possível aplicação no contexto social em termos de registo legislativo, no
segundo percebe-se e estuda-se as questões defendidas por programas realizados pelas
instâncias competentes de uma sociedade de forma a hierarquizar práticas aplicáveis de
prevenção do crime.
Será abordado o conceito de “Segurança”, tratando-a através da sua definição e de como
ela é empregue em diversos contextos e em diversas formas, explicitando também estratégias
assecuratórias da mesma através de diagnósticos e contratos locais de segurança.
Por último será abordado respetivamente os tipos de policiamento mais orientados para
a questão preventiva e a análise ao Relatório Anual de Segurança Interna do ano 2019 de modo
a percebermos a evolução desta problemática em contexto prático.

3
CAPITULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. Conceitualização de Prevenção Criminal

Tendo este trabalho como um dos focos principais a Prevenção Criminal, importa desde
logo ter em conta diferentes autores, perceber de que forma é interpretado este conceito, que
através do nome nos leva de imediato para uma explicação base, mas que acaba por ser bem
mais profundo que isso mesmo. Como tal, e seguindo aquilo que a própria nomenclatura nos
traduz, por prevenção entende-se tudo aquilo que se deseja que não aconteça de forma negativa
através de uma determinada ação que impede esse acontecimento. No contexto criminal, a
mesma lógica é seguida, e o objetivo é que para além da obstrução de uma ação negativa, esta
obstrução traduza na sociedade um sentimento de segurança e não a sensação contrária.
Ao longo dos tempos, a conceitualização desta temática foi abordada de diferentes
formas, desde a prevenção ser vista como resultado da aplicação da pena, ou seja, que
determinado criminoso tenha sido sancionado e essa penalização serve como inibição ao
mesmo ou a outros indivíduos numa possível ação criminal, ou aquela que acaba por ir ao
encontro das teorias mais recentes e daquilo que é defendido neste trabalho, a prevenção como
uma aplicação possível recorrendo a meios, instrumentos e medidas não penais, com a alteração
de um possível cenário criminal ou de um ambiente físico que esteja propenso a qualquer tipo
de atividade ilícita. (Gomes & de Molina, 2007)
Parte do problema social, a prevenção é acima de tudo uma função de todos para todos.
Ou seja, esta só acontece com a interligação comunitária para o bem social geral. Esta
interligação depende de todos os órgãos estatais e policiais, bem como das próprias pessoas.
O conceito de prevenção tem variabilidades infindáveis, que se focam na ação da própria
vítima, ou naquilo que pode ser qualificado ao seu redor e de uma comunidade em questão de
forma a que o crime seja reduzido ou impraticável. Nessa lógica, o conceito defendido pelo
National Crime Prevention Institute (NCPI ,2001), direciona a proteção prioritária para a vítima
através de uma antecipação sobre as questões que possam possibiltar um ato criminoso, de
forma a reduzir e se possível eliminá-lo.

A Decisão 2009/902/JAI do Conselho, de 30 de novembro de 2009, que cria a Rede


Europeia de Prevenção da Criminalidade (REPC), define, no seu artigo 2º, no ponto 2, que: “a
prevenção da criminalidade abrange todas as medidas destinadas a reduzir ou a contribuir para
a redução da criminalidade e dos sentimentos de insegurança dos cidadãos, tanto quantitativa

4
como qualitativamente, quer através de medidas diretas de dissuasão de atividades criminosas,
quer através de políticas e intervenções destinadas a reduzir as potencialidades do crime e as
suas causas., incluindo o contributo dos governos, das autoridades competentes, dos serviços
de justiça criminal, de autoridades locais e de associações especializadas, de sectores privados
e voluntários, bem como de investigadores e do público, com o apoio dos meios de
comunicação"

A prevenção acaba por ter uma visão em sentido alargado, já que procura antecipar e
olhar para o tempo que está por vir e através de ações presentes evitar problemas futuros. (Dias,
2015)

Como se pode observar com uma publicação do National Crime Prevention Institute, a
prevenção como fator pertencente e diretamente ligado ao controlo direto do crime, sendo que
se realiza tendo em conta a redução de oportunidades ambientais para a ocorrência de um
possível ato criminoso. É apresentada, ainda de forma muito simplista, que a prevenção é vista
e adotada por vários países como uma antecipação, reconhecimento e avaliação de um risco de
crime e o início de uma ação de forma a tentar demovê-lo ou incapacitá-lo.

A prevenção criminal é identificada como tendo três níveis: o primário, o secundário e


o terciário. No primeiro, tem-se em conta as condições do ambiente, quer físico quer social, que
possam propiciar ou aumentar o risco de crime. A prevenção secundária trata da atuação no
momento posterior ao crime ou na sua iminência, com o uso das políticas penais por exemplo.
Já á prevenção terciária foca-se sobretudo na reincidência. Sendo assim, e focando naquilo que
este projeto pretende tratar, existe um interesse maioritário sobre a prevenção primária, já que
o principal objetivo passa por alterar as condições ambientais de forma a reduzir a existência
de crime. (Brantingham & Faust, 1976). Este tipo de prevenção acaba por atacar as raízes de
possível problema criminal com o intuito de o anular ainda antes que o mesmo possa evoluir.

5
1.1 A Prevenção e as suas aplicações

“Não só é interesse comum que não sejam cometidos delitos, mas também que eles
sejam tanto mais raros quanto maior o mal que causam à sociedade. Portanto, devem ser mais
fortes os obstáculos que afastam os homens dos delitos na medida em que estes são contrários
ao bem comum e na medida dos impulsos que os levam a delinquir. Deve haver, pois, uma
proporção entre os delitos e as penas.” (Beccaria, 2009)

Um dos modelos atuais presente nos programas políticos de combate à criminalidade


destaca a proximidade como elemento fulcral a usar na ação preventiva, promovendo a conexão
entre cidadão e órgãos competentes. (Oliveira, 2006)
É cada vez mais banal que se assista a um tipo de policiamento direcionado para o lado
preventivo indo em sentido contrário ao lado reativo, procurando que o problema seja
“resolvido” ainda antes de acontecer. (Oliveira, 2006, pp.116-117)
São nomeadas ainda os três bens necessários que levam a que um crime possa ser
cometido ou pensado, são eles: a motivação por parte do criminoso (que pode ver mais
vantagens do que desvantagens no seu ato), a posse das ferramentas necessárias para a execução
do mesmo e a oportunidade. ((NCPI), 2001)

Este último vai ao encontro do tema defendido, já que a oportunidade advém do


ambiente da própria vítima e das condições que determinado local (neste caso) possui para um
possível crime apresentando-se o risco alocado ao mesmo como impulso ou não para a prática
criminal. Este sentido de oportunidade é aquele que com mais facilidade pode ser controlado (e
prevenido) já que podem ser tomadas medidas para que o mesmo não exista num local, como
por exemplo uma rua que num determinado momento possa estar sem iluminação, passe a tê-
la e a ser vigiada. Essa era a passagem de uma oportunidade clara de aproveitamento para um
ato criminoso a uma inibição do mesmo comportamento sob o receio de que se seja apanhado
já que a segurança está reforçada e os riscos associados aumentam.

Esta ideia de reforçar a prevenção criminal, considerando-a mais importante que a


própria punição já é defendida por vários teóricos ao longo dos tempos, tal como acontece com

6
Beccaria que chega a defender que é mais acertado prevenir determinado crime do que punir
quem o comete. (Beccaria, 2009).
Tal como Ferri, que seguindo a ideia já anunciada por Trevor Jones, Tim Newburn &
David J.Smith, defendiam que a passagem da prevenção criminal de uma posição secundária
para uma posição primária era essencial já que a punição tinha um poder pouco ou nada eficaz
na diminuição da criminalidade ou na reincidência. (Ferri, 1897, cit. in Elias, 2008, p. 445).

Opondo estes dois conceitos, prevenção e punição, observa-se que um acaba por ir
contra o outro no sentido teórico. Se há prevenção, a possibilidade de haver crime é diminuta e
por consequência a existência de punição segue o mesmo caminho. Se há punição, é sinal de
que existiu motivo para a mesma (prática criminal) e que por isso a prevenção não foi colocada
em prática (até pode ter sido, mas não com a eficácia que se pede e deseja).

O deslocamento da ênfase no individuo para os fatores ambientais, sociais e ecológicos


em estudos do crime levaram a que esta visão preventiva fosse cada vez mais solidificada e
levada a sério, já que os elevados custos que cada crime acarreta para a própria sociedade levam
a que o olhar sobre o mesmo seja ainda mais claro. Tendo em conta que para além do custo
individual ou social, dependendo do tipo de crime cometido, todo o processo de punição faz
com que os valores gastos no mesmo sejam enormes, o que a multiplicar pelos inúmeros crimes
existentes se transformem em números de grande escala e que implicam ao Estado um gasto
absurdo, seguindo o sentido expresso na seguinte citação “A lição é clara, é muito caro
esperarmos que os crimes sejam cometidos para depois serem resolvidos. O crime deve ser
prevenido.” (Geason & Wilson, 1988)

Uma outra tipologia defensora da prevenção criminal é proposta por Tonry e Farrington
(1995) onde são esquematizadas quatro abordagens preventivas, das quais grande parte estão
diretamente ligadas com aquilo que se pretende estudar neste trabalho:

a) A Prevenção à evolução criminal, que se foca sobretudo na análise e avaliação de


fatores de risco que levariam os indivíduos a cometer atos criminosos de forma recorrente;

b) A Prevenção comunitária, que tem como ponto de partida a questão das condições de
determinadas áreas, e de como estas, caso apresentem vários défices podem ter influência nas
relações sociais, levando a que a lei perca força e que as questões criminais ganhem um sentido

7
crescente, sendo que uma das teorias mais importantes que apresenta grande ligação com esta
abordagem é a Teoria das Janelas Partidas, da qual se irá falar mais à frente.

c) A Prevenção Criminal, que é a nomenclatura mais banal que se dá a um conjunto de


políticas adotadas pelas instituições e órgãos criminais. Estão suportadas e clarificadas em
contexto penal.

d) A Prevenção situacional do crime, entende a diminuição das oportunidades para o


crime, utilizando medidas direcionadas a formas especificas de crime, e envolvendo o
planeamento, desenho e manipulação do ambiente, de uma forma sistemática e permanente se
possível, procura tornar o crime mais difícil e arriscado, e/ou menos proveitoso e desculpável
para os ofensores. (Clarke R. V., 1997)

O mesmo autor defende que esta prevenção foca-se sobretudo no cenário do crime
enquanto os seus autores, o individuo neste caso, fica para segundo plano já que o principal
objetivo passa por tornar um possível ato criminal menos atrativo para o potencial ofensor,
enfraquecendo-o a ele e à sua possível execução através de uma manipulação do ambiente e
das suas características. Um funcionamento positivo desta prevenção não depende só e
exclusivamente do sistema judicial, com este a não ser o principal detentor da sua
implementação, passando por várias entidades, quer públicas quer privadas, cujos seus serviços
ou operações podem anular uma vasta quantidade de oportunidades criminais. (Clarke R. V.,
1997)

Um dos fatores fundamentais desta prevenção situacional do crime consiste na


manipulação da estrutura de oportunidade criminal, que envolve vários atores e características,
desde pessoas, locais, atividades e até o perfil socioeconómico presente em determinada
comunidade que acaba por ter influência nesses mesmos fatores pertencentes à comunidade.
(Clarke R. , 1995, pp 102-103) Em termos práticos, a prevenção situacional apresenta-se como
aquela que em contexto policial é mais tratada e aplicada, devido às técnicas de colocação ou
aumento de iluminação em locais que estejam necessitados disso mesmo bem como de
instalação de circuitos de vídeo e vigilância. Isto acontece já que ambas são de fácil aplicação
e de visibilidade elevada em termos identificatórios, quer de atividade praticada quer de quem
a pratica. (Pissarra, 2018)

8
O facto de uma suposta atividade criminal ser considerada como algo racional, ou seja,
que é analisada e pensada antes de ser cometida, existindo assim uma balança entre aspetos
positivos e negativos, leva a que o princípio da oportunidade de redução deva ser aplicado de
forma a desequilibrar o peso entre fatores inibitórios, e que por isso dificultam o crime e são
aqueles que mais interesse possuem, e fatores oportunos (Geason & Wilson, 1988). Um simples
exemplo de um desses dados é a construção de um parque de estacionamento ou zona de metro
que muitas das vezes são subterrâneos, o que traz com isso uma “proteção” extra para quem
pensa em cometer qualquer tipo de crime, já que o próprio local transmite uma sensação de
menor visibilidade. Por isso, a entidade responsável pela construção e manutenção desse
mesmo parque deve ter em conta a instalação de câmaras de videovigilância bem como a
implementação de um sistema de vigilância humana, garantindo assim que um local que passa
a ter um serviço novo ou renovado não possa sofrer com isso.

O principal objetivo passa sempre por criar um “alvo difícil” como sugere a expressão
de “Target Hardening” utilizada por Geason e Wilson (1988) referindo-se à capacidade de
diminuir a vulnerabilidade de determinado espaço e de possíveis objetos de crime, onde se
enaltece o “Defensible Space Arquitecture”, que pretende potenciar os moradores de
determinado local a exercerem o controlo sobre as áreas públicas, mantendo assim os possíveis
ofensores e atos por eles praticados afastados.

O guia ODPM enfatiza algumas características que se consideram essenciais para que
determinado local seja potencialmente seguro e que tenha a capacidade de dar à própria
comunidade uma qualidade de vida assinalável e sustentável. Assinalam-se:

- Acesso e movimento: locais com rotas, espaços e entradas bem definidas que
proporcionam movimentação conveniente sem comprometer a segurança;

- Estrutura: locais estruturados para que diferentes tipos de utilização não entrem em
conflito;

- Vigilância: locais onde todos os espaços acessíveis ao público vigiados e


supervisionados;

- Propriedade: locais que promovem um sentido de propriedade, de pertença, respeito,


responsabilidade territorial e comunidade;

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- Proteção Física: locais que incluam recursos de segurança necessários e bem
implementados;

- Atividade – Locais onde os níveis de atividade humana sejam existentes em grande


quantidade, havendo diminuição do risco de ocorrência de um crime e um consequente aumento
do sentimento de segurança;

- Gestão e Manutenção: planeamento e execução dos objetivos anteriores para esses


mesmos locais para que o aparecimento do crime continue a estar enfraquecido, no presente e
no futuro.

Estas características não vão aparecer de modo equitativo em cada local, tendo em conta
as suas próprias particularidades, mas acabam por estar sempre definidos como objetivos a
atingir através do planeamento territorial, e que caso existam, poder-se-á estar sempre mais
fortalecidos perante o crime. (ODPM, 2004) Assim, este planeamento deve ter sempre em conta
cada local, já que os dados apresentados serão sempre diferentes, cabendo a alguém nomeado
e validado para tal essa recolha e esse estudo, tentando após isso executar as ações pretendidas
para que se possa aproximar destes requisitos. Acaba por dar-se assim uma análise situacional
do crime, de forma a poder criar uma resposta capaz de prevenção e com isso produzir a melhor
resposta e resultado para o combate ao crime. (ODPM, 2004)

Os problemas acabam sempre por poder existir já que tendo em conta as caracteristicas,
e falando em locais seguros, o facto de se querer chegar ao objetivo pode levar a que alguns
dos pontos se cruzem e com isso entrem em conflito. Um desses conflitos passa por querer
implementar caracteristicas que possam ser vistas como estando em sentidos opostos, ou
dificeis de equilibrar, como no caso dos pontos relativos ao Acesso e Movimento, à Atividade
e à Estrutura. Se uns defendem a criação de locais de fácil ligação e acesso, outros defendem
que esse tipo de utilização não entre em conflito. Assim, e de modo a que não sejam dadas
prioridades que possam entrar em competição, deve ser dada voz às entidades competentes e
aqueles que vivem dentro dessa realidade e que serão por isso os beneficiados dessas mesmas
decisões para que se tenha em conta a especificidade do próprio local e por isso se tomem
decisões. (ODPM, 2004).

Engloba também, iniciativas de prevenção do crime através da comunidade,


implementando programas de segurança nos bairros habitacionais, tendo como especificidade,

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a vigilância feita pelos cidadãos. Estas medidas pretendem tornar o alvo mais resistente ao
ataque, ou então mais difícil de remover ou danificar, utilizando alarmes, cercas, muros e
janelas mais resistentes, entre outros (OPDM, 2004).

Ainda assim, e uma das críticas que ainda vão sendo dirigidas a este tipo de prevenção
foca-se sobretudo na transferência do crime, ou seja, o crime perde a capacidade de se
desenvolver em determinado local, no entanto acaba por passar para outro local (mesmo que
seja próximo) onde essa prevenção não seja tão forte, ou sequer exista. Deste modo, pede-se às
instâncias que tratam da prevenção que a tratem com ainda mais prioridade nos locais mais
vulneráveis, que são estes que podem ser mais utilizados tanto para o crime, como para a
transferência do mesmo e que a extensão da aplicação preventiva seja a maior e mais variada
possível. (AIC, 2000)

Mesmo com este possível risco de deslocamento criminal, a literatura indica que com
esta prevenção situacional do crime o sucesso, em termos de redução do crime, acaba muitas
vezes por ser alcançado já que se regista alguma influência no comportamento do possível
infrator, o que leva a que mesmo que haja uma possibilidade de deslocamento do crime, nem
todos continuam com a intenção de o cometer. (Laycock & Heal, 1986)

O crime será sempre algo que existirá e fará parte de qualquer sociedade como defende
Durkheim já que é através deste e das suas evoluções que as próprias regras e condutas sociais
são reavaliadas, reajustadas e reaplicadas no sentido de seguirem sempre uma linha evolutiva e
com isso acompanharem aquilo que é a evolução social. (Giddens, 2004) A sensibilização e
mobilização do público são elementos fulcrais para toda a ação preventiva e possível sucesso
da mesma.

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2. AS PRINCIPAIS TEORIAS DO CRIME E OS PROGRAMAS PREVENTIVOS

2.1 Teorias da Escola de Chicago

Foram estas Teorias que impulsionaram a observação criminal para um sentido mais
social, a chamada Criminologia Social, que olhavam e davam sobretudo importância à questão
ambiental conectada com o crime. Através do crescimento do contexto citadino e com um
aumento populacional nas cidades e ao seu redor, começou a prestar-se atenção àquilo que este
tipo de evolução começou a trazer para a própria sociedade. As questões do aumento do
desemprego, aumento da criminalidade, aumento da delinquência juvenil pode ser interligada
à questão do aumento da imigração e aparecimento dos grupos sociais díspares, do consequente
aumento dos sem-abrigo, dada a urbanização existente e galopante que não permitem na
atualidade que todos os indivíduos consigam ter os mesmos resultados ou condições, o que leva
a que muitos possam enveredar pelo lado criminal para que através deste se obtenha condições
que de outra forma não conseguem. Este crescimento exponencial leva a que também a própria
cidade, como resultado daquilo já mencionado acima, sofra uma degradação natural dos seus
espaços, o que acaba por ser mais um potenciador criminal. (Reis, Salvador, Cardoso, &
Marques , 2012)
Esta escola acaba por assinalar que o crime e o criminoso não se focam somente na
vítima para a possível prática, mas tem muito em conta o tipo e as características que
determinado ambiente lhe propiciam para daí poder tirar dividendos. Assim, as áreas
apresentadas normalmente com maiores índices de criminalidade estão intimamente ligadas aos
fatores ambientais e estruturais de um determinado local. (Ratcliffe & McCord cited in
Carvalho, 2012). Este facto poderá ser mais à frente observado tendo em conta o estudo do
Relatório Anual de Segurança Interna do ano transato.
O já mencionado efeito bola de neve que o crime e o seu resultado positivo para quem
o pratica concede, já que o seu cometimento com sucesso leva ao aparecimento e cometimento
de outros novos crimes, sejam em termos de evolução da prática ou da própria quantidade
praticada, é um dos fatores que deve ser controlado pela prevenção criminal. É por isso fulcral
que estes tipos de características sejam combatidas e anuladas o máximo que for possível pelas
forças de segurança (Townsley, 2010) , que seguindo a lógica reportada se existir insucesso do
crime e do ato pode fazer com que o mesmo não se reproduza num número de vezes
significativo.

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A sensação de imprevisibilidade que um determinado espaço possa aparentar para as
pessoas que habitam na sua envolvente leva à inibição da frequência desses mesmos espaços,
já que ninguém quer frequentar um local que não seja completamente claro e que não garanta,
pelo menos à primeira vista uma impressão de mínima segurança. (Heitor, 2009)
Assim, deve haver uma conjuntura de fatores que permitam dar a determinado local não
só capacidade preventiva para responder ao crime como sustentabilidade e estimulação da
frequência dos mesmos por parte da sua população. Ou seja, se de uma maneira o espaço deve
ser idealizado e construído com características de segurança elevadas, esse fator também deve
ser tido em conta no facto de esse tipo de segurança não passar dos limites em termos de
controlo, o que acabaria por inibir as pessoas de o frequentar da mesma forma. O equilíbrio
deve ser mantido, a segurança é crucial, mas as pessoas também são extremamente importantes
nesta equação, já que são elas a base da sociedade. Procura-se a presença da comunidade nos
seus locais envolventes, a conexão e a confiança com as forças de segurança e acima de tudo o
bem-estar social. Se estes fatores forem conjugados, pode-se fazer um balanço positivo das
estratégias tomadas, já que com certeza a criminalidade apresentará números mais reduzidos.

2.2 Teoria do Espaço Defensável

Este conceito organizado por Óscar Newman entende o design ambiental como uma
forte influência na ocorrência de crimes e que através de intervenções diretas no ambiente seria
possível produzir um impacto positivo na diminuição da taxa e do medo do crime. O foco em
conjunto dos habitantes em preservar determinado local leva a que o potencial criminoso não o
veja como possível de usar para atos criminosos já que iria ser visto como intruso e não
reconhecido pela população que ali habita.

Rege-se por quatro principios: a territorialidade, vigilância, “imagem e manutenção” e


justaposição gráfica. (Newman, 1972)

Por territorialidade entende-se o distanciamento acerca daquilo que é público e privado


pode provocar, ou seja, a definição de determinado local como público ou privado através de
barreiras fisicas ou simbólicas pode impossibilitar a intromissão num espaço por parte de um
estranho dificultando assim um possível ato criminoso. O segundo e terceiro pontos, o da
vigilância e o da “imagem e manutenção” vão ao encontro do conceito de “Vigilância Natural”
e “Manutenção e Gestão” formalizados pelo CPTED, explicitos pormenorizadamente mais à
frente neste trabalho, que demonstra como um local que seja identificado como bem gerido e

13
cuidado pela sua própria população e que possua características que fomentem a segurança
pode ser um forte inibidor para o possível criminoso e para atos delinquentes. Por fim, a
justaposição gráfica mostra como áreas ou locais adjacentes a determinado local podem
influenciar a segurança do mesmo.

2.3 Teoria das Janelas Partidas

Esta teoria relaciona as estruturas urbanas com o crime e defende de forma figurada que
se uma janela for partida e a mesma não for arranjada de forma rápida e simplificada, aos poucos
todas as outras janelas acabarão por ter o mesmo destino já que a mensagem que passa é de
abandono e despreocupação pelo local, o que resulta numa ausência de normas, favorecendo o
transgressor. Isso pode acontecer em variados locais, que se transmitirem essa incapacidade de
resposta serão utilizados cada vez mais para práticas que não possam ser controladas, nascendo
daí a ideia de que a degradação gera degradação.

A origem desta teoria advém de uma experiência levada a cabo pelo psicólogo norte-
americano Philip Zimbardo em 1969. Descaracterizou dois carros, retirou-lhes a matrícula e
abandonou-os em duas zonas totalmente distintas. O primeiro numa zona onde a taxa de
criminalidade era elevadíssima e o outro numa cidade onde os atos de vandalismo e criminosos
ocorrem com pouca ou quase nenhuma frequência. A partir daí, no primeiro local o carro foi
rapidamente vandalizado, sendo-lhe retirado todas as peças de maior valor. Ao mesmo tempo,
o segundo carro encontrava-se intacto e assim ficou por uma semana. Após isso, o autor da
experiência decidiu amassá-lo com uma marreta, o que originou que em pouco tempo ,
observado o estado do veículo, o mesmo fosse atacado e vandalizado da mesma forma que o
primeiro. O facto de no segundo caso ser um local onde costumavam haver normalmente
barreiras comunitárias fez com que num primeiro momento o veículo não tivesse sido
vandalizado, mas a partir do momento em que foi visto que essas barreiras não existiam naquele
caso, rapidamente foi visto como um alvo apetecível de vandalismo. (Wilson & Kelling, 1982)

A tolerãncia de comportamentos deliquentes e abusivos levam a que a escala de


criminalidade aumente nesse local, já que o mesmo é visto como não importante e por isso
pouco vigiado.

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2.4 Teoria do Padrão Criminal

A teoria do padrão criminal sugere que todos os indivíduos criam rotinas ou se aliciam
por atividades diárias repetitivas. Incluem-se os criminosos, que em grande parte da sua rotina
estão associados a atividades não criminais. De forma figurada e segundo os autores
Brantingham e Brantingham (1993) o desenho urbano tem uma influência acrescida e forte na
definição das trajetórias que mais atraem os indivíduos para a realização das suas atividades
diárias. Dividem por isso, três zonas geográficas que se diferenciam e podem qualificar a
atuação de determinada pessoa. São elas: os nós, os caminhos e as bordas. Os nós referem-se
basicamente aos espaços onde é praticada toda a atividade pelo individuo, desde a sua casa, ao
seu trabalho, residência de amigos, espaços de lazer que procura. Os caminhos, e como o
próprio nome indica, refere-se à ligação entre um nó e outro, como as ruas por exemplo.
Finalmente, as bordas aparecem como o ponto fulcral deste desenho, já que são as barreiras
ambientais que acabam por limitar a capacidade de alcance ou penetração de um ofensor
durante a sua rotina, funcionando por isso como forma preventiva e inibidora. Olhando para o
lado oposto, e caso a existência destas barreiras seja menor, os caminhos aparecem como
determinantes para o planeamento de potenciais crimes por parte de um possível criminoso, já
que este deteta locais oportunos e onde os riscos associados à prática de um crime sejam nulos.
É por isso importantíssimo que haja uma equidade de recursos em termos de prevenção, que se
consiga espalhar pelos mais diversos caminhos para que existam o mínimo de barreiras
possíveis que possam colocar em causa uma possibilidade criminal. (Brantingham &
Brantingham, 1993).

2.5 Teoria da Escolha Racional

Esta teoria foca-se sobretudo na questão da oportunidade e naquilo que é apresentado


para um presumível criminoso, que influencia a tomada de decisão do mesmo, que é pensada e
consciente. Ainda que possa ser sempre influenciada por fatores individuais da própria pessoa,
a questão da oportunidade revela-se como fundamental, seguindo a lógica de que quanto
maiores os benefícios e menor o risco, maior é a possibilidade de o ato criminoso ser cometido
ou pelo menos que a vontade de o praticar seja maior. Como exemplo, ao cogitar uma situação
de assalto, com dois locais distintos em termos característicos. O primeiro, um local com uma
rua estreita, entre prédios, com pouca iluminação, sem gente a circular e que apresente sinais
de descuido; o segundo uma avenida, com a presença de pessoas, com iluminação. No primeiro,
caso um possível criminoso por lá andasse e visse uma possível vítima percebia claramente que

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havia uma oportunidade devido à facilidade em sair dali sem ser reconhecido e sem ser
capturado após o cometimento da ação, enquanto no segundo lugar o risco era substancialmente
maior. Isso é a oportunidade, o cálculo dos riscos vs benefícios que determinado local e vítima
apresentam para determinada ação criminosa.

Seguindo esta lógica, parte-se para as cinco premissas existentes nesta teoria (Burke,
2009):

- A maioria dos criminosos são pessoas racionalmente normais, conscientes;

- A racionalidade é uma forma de pensar em que os indivíduos percebem e distinguem


claramente os meios e os fins;

- Para qualquer dos meios apresentados em qualquer situação, os indivíduos são capazes de
calcular e perceber os seus benefícios e prejuízos de determinada ação;

- Se a balança entre custos e benefícios pender para o lado dos primeiros não se pratica a ação,
se pender para o lado dos segundos parte-se para a prática da ação;

- Tudo está dependente do cálculo que o possível criminoso realiza, e que irá determinar a
prática ou não da ação;

O contexto espacial acaba por ter grande influência na tomada de decisão visto que o
ofensor não tem de forma estruturada todos os benefícios presentes na possível ação, passando
por isso os fatores situacionais a ter uma grande força na decisão. (Burke, 2009)

3. DESENHO URBANO E REDUÇÃO DO CRIME

A Prevenção Criminal através do Desenho Urbano/Ambiental assume cada vez uma


maior importância, associando-se assim à Prevenção Criminal a ser utilizado pelos órgãos
competentes na luta contra a atividade criminal. É uma vertente dentro da própria Prevenção
que juntamente com outras deve querer atingir o principal objetivo: o de evitar ou reduzir o
crime, promovendo o conforto e a segurança dos indivíduos que por lá habitam. Aplica-se aos
mais variados tipos de locais e espaços públicos, desde aqueles mais gerais como estações de
metro, centros comerciais, centros históricos como àqueles mais específicos como zonas
residenciais. (DGAI, 2013)

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Uma das grandes bases deste tipo de prevenção é a questão já conhecida da inibição
criminal, ou seja, de que um crime possa ter menos probabilidades de ser cometido se o ofensor
tiver mais probabilidades de ser visto/observado. Esse desequilibrio é o pretendido, com o lado
do observável a ser aquele que se pretende que ganhe um peso significativo na balança. Ganha
por isso importância o facto do espaço construído ver produzido e aplicado condições que
fomentem um espirito de desconfiança e incómodo perante determinado local que aparenta
estar protegido. (Saraiva, et al., 2018)

Este conceito foca-se então na adequada utilização que pode e deve ser dada a um
determinado espaço de modo a que este tenha influência positiva na capacidade de inibir
qualquer tipo de comportamento capaz de colocar em causa a segurança da comunidade. Não
nega nem se afasta das medidas tradicionais de prevenção mas reajusta-as, adequando-as ao e
para o espaço. Os quatro principais focos desde conceito são os seguintes:

- Vigilância Natural – que consiste na ideia já aqui explicita que qualquer presumível
ofensor não esteja disposto a ser observado e acompanhado, afastando-o assim de um possível
ato criminoso. Aumenta o seu risco e com isso diminui a sua vontade e oportunidade. Este
ponto foca-se sobretudo no acompanhamento do intruso e das suas ações e não no impedimento
da sua entrada ou estadia em qualquer lugar (ainda que possa ajudar). A própria iluminação e
desenho ambiental tem especial importância devido ao aumento da capacidade de ver
determinada pessoa ou ação por ela praticada. Algumas técnicas utilizadas para que esta função
possa ser ter uma taxa de sucesso elevada são a grande afluência no espaço para atividades
económicas ou lúdicas, o que gera um aumento no número de observadores, em locais que
transmitam um potencial sentimento de insegurança ou de crime; Uma boa iluminação; o uso
de materiais transparentes; a remoção de obstruções visuais, como arbustos por exemplo; a
eliminação de possíveis esconderijos; o uso de vigilância tecnológica em circuito fechado, caso
hajam áreas sem capacidade de visão natural, com a colocação de monitores em áres públicas
fazendo saber que quem por ali passa ou fica está a ser constantemente vigiado.

- Controlo Natural de Acessos – Como o próprio nome indica, segue uma linha de que
o uso de determinados elementos naturais ou construídos indicam à pessoa que a sua passagem
ou permanência em determinado espaço é legitima. Podem ser utilizados os passeios, arbustos,
iluminação, sinalização de forma a que aquela área seja vista como normal para a existência de
um fluxo de pessoas que colocam mais uma vez em risco uma possível atividade criminal. Trata
da definição das áreas a serem utilizadas e retira o controlo por parte de um possível criminoso.

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Uma das formas mais simples passa por exemplo por uma receção, transmitindo assim a ideia
de segurança, vigilância e de delimitação do espaço a ser usado. Quando os espaços são
totalmente abertos, como ruas, as primeiras opções elencadas serão as mais eficientes e fáceis
de utilizar.

- Reforço Territorial – Trabalha sobretudo a perceção de pertença a determinado espaço.


É o desenho em determinado espaço que trasmite a quem o procura e usa uma sensação de que
aquele lugar também é dele o que leva a que visitantes indesejados sejam confrontados, tendo
em conta que podem colocar o espaço de cada um em causa. É um espaço bem sinalizado que
mostra transparência, legalidade e um sentido comunitário elevado o que faz com que esta
familiaridade entre os utilizadores e o próprio espaço desencorajem possíveis criminosos.

- Manutenção e Gestão – Esta ideia vem no seguimento da anterior, já que uma


manutenção inexistente ou pobre de um local leva a que esse terreno seja fértil para uma ação
criminal. Quanto mais degradada estiver uma zona, esta será mais apelativa para a existência
de um crime. Assim, se uma área for bem cuidada e constantemente mantida em ordem levará
a que a mesma seja vista como coesa em termos sociais, já que por exemplo um bairro social
onde os seus moradores cuidem das áreas comuns trasmitem desde logo uma sensação de
segurança para quem lá habita e uma oportunidade vazia para quem lá pretende praticar
qualquer tipo de comportamento delinquente. Tratando-se de um espaço público e aberto, essa
manutenção poderia estar ao cuidado da entidade pública de domínio, com o objetivo de passar
a mensagem de que aquele local é tratado, habitado e vigiado.

Os dois primeiros pontos utilizam o termo “Natural” já que é um indicador de que a


vigilância e o controlo natural de acessos resultam de uma habitual rotina de utilização do
espaço. (DGAI , 2013) (Deutsch, 2019)

Como definido anteriormente, de modo a se cumprir estes quatro pressupostos


essenciais de forma a harmonizarmos determinado local em estudo devem ser utilizadas
variadas estratégias de modo a atingir o objetivo, que passa sempre pela Prevenção Criminal.
Assim, devem ser tidas em conta as questões de uma iluminação adequada; amplos campos de
visão; diminuição das áreas vulneráveis através de, por exemplo, redução ou eliminação de
percursos indesejáveis (escondidos e isolados), execução de atividades variadas, redução do
isolamento, disposição de sinalética e informação; o já mencionado sentimento de pertença e
consequente manutenção e gestão dos espaços; (DGAI , 2013)

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Tudo depende também do tipo espaço a projetar, ainda que na maioria deles estas
caracteristicas possam funcionar se implementadas. Há diferenciações claras em locais como
aldeias, zonas urbanas, parques de estacionamento, áreas indústriais, em que devem ser tidos
em conta as suas diferenças e aquilo a que podem recorrer. Ainda assim, as caracteristicas vão-
se mantendo, alterando apenas o seu sub-conceito tornando cada uma delas mais específica para
cada caso individual.

Alguns dos fatores a ter em conta, de modo a que programas como o CPTED , ou
similares, sejam implementados com sucesso passam pelo estudo do local e dos possíveis
problemas criminais que nele existem ou possam existir, tendo em conta não só o próprio local
mas também tudo aquilo que o rodeia. Deve para isso também existir uma ligação positiva com
os moradores ou a sua associação com o objetivo que estes depositem a confiança no projeto.
O foco deve ser colocado no planeamento preventivo ou corretivo, sendo o primeiro aquele que
é focado neste trabalho e parte assim como prioridade. Este planeamento e execução do mesmo
(ou de uma das hipóteses planeadas) deve ser assim, constantemente monitorizado de forma a
perceber de que modo é que o trabalho afeta e influencia o crime, a territorialidade, a vigilância
dos próprios moradores e a consequente interação, finalizando com um estudo, promoção e
divulgação dos resultados obtidos. (CCAPS, 1998)

A ligação e entrosamento dos moradores perante o projeto ganha uma importância extra,
já que é a partir deles que muitos dos pontos cruciais passam, levando a um possível sucesso
na missão. Caso isto aconteça, será muito mais facilitada a chegada a caracteristicas que se
devem adotar, onde se incluem a maximização da capacidade dos moradores para localizarem
e reconhecerem espaços públicos, encorajando a utilização destes mesmos espaços pelos
próprios; Espaços estes que passam a estar equipados “contra” o crime e que procuram também
dar às pessoas a sensação e vontade de “olhar uns pelos outros”. (CCAPS,1998)

Na verdade, este tipo de estratégias visam combater aquilo que se vive atualmente nos
grandes meios urbanos, onde a distância entre indíviduos é grande, onde a vida privada é vista
como um ato reservado pertencente a cada um que procuram o anonimato constante, o que
acaba por aumentar a separação entre pessoas, onde o simples ato de cumprimentar o vizinho é
ignorado e visto como uma ação não necessária.

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3.1 Politica de Cidade Polis

O conceito “segurança” e o seu significado é cada vez mais uma temática com
importância de relevo na sociedade atual tendo esta uma estreita ligação com o sentido de
comunidade, já que depende da ligação entre esta e de como a própria interage e funciona.
Dentro deste sentido de comunidade sublinha-se o meio, que se figura como pilar entre
caracteristicas nele existentes e comportamentos nele praticados. O espaço coletivo da cidade,
ou maioritariamente chamado como espaço público, e como a própria palavra sugere, é aquele
onde se dá um encontro entre individualidades totalmente díspares e estranhas, o que dá ao
indíviduo uma menor sensação de controlo e previsão, passando para um estado de clara maior
vulnerabilidade. A gestão dos espaços urbanos é que podem transformar esse sentimento e
através de ambientes mais transparentes permitir que o índividuo consiga reforçar-se neles para
dessa forma ganhar uma qualidade de vida maior e com isso aumentar o seu sentimento de
segurança.

“Muitas vezes os locais são inseguros, mas não há nenhuma criminalidade registada (...)
o espaço é inseguro porque há processos subjetivos que geram uma interpretação do espaço,
conferem uma determinada utilização do espaço por várias razões: ou porque há graffiti, ou
porque as sebes não foram aparadas ou porque há falta de iluminação ou existem sombras”
(Fernandes, 2005)

O facto de os utilizadores da cidade ou de determinado local não se sentirem totalmente


satisfeitos perante as suas necessidades relativamente àquilo que o espaço urbano lhes oferece
leva a que estes se desinteressem pelos espaços públicos, deixando-os ao abandono e com isso
permitem a abertura de um precedente para possíveis atos criminais que neles possam decorrer.
(DGOTDU,2011)

Como observado em pesquisa, é tido como fator crítico da criminalidade,


principalmente em áreas urbanas, bem como propulsor do sentimento de insegurança dos
cidadãos a insuficiente oferta de infraestruturas e equipamentos sociais, o que aliado à cada vez
maior densidade populacional nos grandes centros bem como aos problemas de integração de
imigrantes e minorias étnicas e altas taxas de desemprego torna ainda mais difícil o atingir do
objetivo de controlo e prevenção social. Estes contrastes sociais, onde a extrema diferença e
pouca distância se contrariam, levam a que o crime seja sempre visto como uma possibilidade
real. (DGOTDU,2011)

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3.2 Prevenção Criminal por meio da análise do ambiente físico e social

Desde a existência das primeiras Teorias Criminológicas que se fala da punição, da


reincidência ou inibição desta como parte integrante de prevenção criminal. Ainda assim, o
modelo intervencionista, que se baseava no facto de atribuir às condições e contexto existentes
a culpa para que o ato criminal ganhasse forma, era tido em conta e é a partir daí que nos dias
de hoje se fala no ambiente social e estrutural que determinada sociedade, comunidade ou
população tem e que pode ou não dar asas ao crime. Esta problemática começa a ser mais
estudada e surge a partir disso, por volta da década de 70 um maior ênfase no ambiente fisico
e se percebe que este pode ter um papel importante na prevenção ou na evolução do crime,
apresentando-se assim como uma variável importantissima neste campo. (Matsunaga, 2016)

A perspetiva ambiental foca-se no criminoso e sobretudo naquilo que o rodeia e que lhe
foi “oferecido” para que tal ato fosse cometido. Assim, é de interesse a inflûencia que o
ambiente apresenta para o crime, não dependendo apenas da capacidade criminógena de cada
índividuo, mas também as caracteristicas e elementos considerados como potenciadores de
crime.

Deste modo, a atenção é virada para o estudo das ações ambientais e estruturais perante
o crime bem como a possibilidade da aplicação do mesmo de modo a garantirmos uma
prevenção bem sucedida. Esta análise criminal associada ao ambiente deve perceber que a
distribuição do crime no espaço não é aleatória, já que o comportamento criminoso depende de
fatores situacionais, associando-se à localização dos ambientes mais possivelmente
crimógenos. Estes ambientes, como já mencionados, são nomeados perante as oportunidades
que os mesmos apresentam para a atividade criminal e para o próprio criminoso, facilitando a
sua execução e o seu comportamento.

A já falada individualidade de cada espaço, devidas às diferenças existentes em todas


as estruturas leva a que haja uma variação criminal, tanto em termos de taxa, tipos de crime, ou
até horários em que são executados. Assim o principal propósito desta análise criminal de forma
a concluir um sistema de prevenção adequado é identificar não só as potenciais alterações
ambientais, sociais e estruturais como analisar os próprios padrões criminais. Compreender esse
papel dos ambientes possivelmente criminógenos e da maneira como o crime pode ser
executado e do que se pode aproveitar é uma grande arma na investigação, controlo e prevenção
do crime. A partir desses pontos, podem ser executados os planos individualizados que levam

21
a que a oportunidade criminal seja altamente reduzida e que com isso o crime ou a sua
possibilidade de existência percam, força. (Wortley & Mazerolle, 2009)

A resposta ao crime controla o cidadão, ou seja, quanto mais preparado estiver um


determinado local (desde uma simples rua a uma cidade) para reagir ou prevenir o crime maior
vai ser a sensação de segurança presente nas pessoas, que levam a que a confiança seja
redobrada e um ato que poderia causar danos, muitas vezes extremos, é anulado ou resolvido
com facilidade. O facto de, por exemplo, num local com cafés onde a iluminação seja a melhor,
onde nas paredes não haja sinais de vandalismo (como é tão costume chamarem-se aos graffitis)
não significam por si só que transmitam e que façam com que os seus locais se sintam seguros,
já que nesse mesmo local se constantemente existirem rixas entre elementos que frequentem
esses mesmos cafés, roubos ou consecutiva densidade em termos de população estranha levam
a que o sentimento de insegurança seja grande. E o mesmo acontece ao contrário, como nos
refere o autor Paulo Machado, o facto de existirem graffitis numa determinada rua nada tem
haver com o sentimento de insegurança presente por exemplo nos habitantes de algumas ruas
de Lisboa. O que os leva a que esse sentimento esteja presente são os atos que lá são praticados
e a falta de resposta que os órgãos sociais responsáveis por isso conseguem dar. (Machado,
2006)

O momento em que um possível ato criminoso e o seu cometedor ganha forma tendo
em conta uma possível falha, seja em termos de segurança de local, de falta de controlo ou
prevenção ou insegurança social leva a que este Princípio da Oportunidade seja aproveitado e
visto por muitos como um dos fatores que dão ao ato criminal um poder maior. Como
observado, a grande maioria dos crimes praticados em Portugal (neste caso, contra turistas),
tem em conta não só́ o fator das características das vítimas como também, aquele que nos
interessa para esta investigação, o ambiente. Ambiente esse que quando não possui as
características desejadas para a prevenção do crime (desde espaços degradados, controlo e
vigilância) é um objetivo apetecível para quem comete esses atos ilícitos, já́ que observam que
aquilo que é mais importante para os anular ou evitar está a falhar, essa mesma prevenção.
(APAV, 2015)

O facto de vários tipos de comportamentos sociais negativos serem praticados em


determinado local, como por exemplo a acumulação de lixo, o abandono de bens- materiais,
destruição ou falta de equipamentos públicos levam a que seja criado um sentimento de

22
insegurança na comunidade, que com isso se vai afastando desses locais que são vistos como
perigosos ou vulneráveis.

Estes tipos de comportamento antissociais quando se aliam aos distúrbios provocam


uma alteração negativa no dia-a-dia das pessoas, conectando-se ao crescente sentimento de
insegurança de cada individualidade. Esses locais passam a ser vistos como evitáveis o que leva
a uma rutura social e uma possibilidade de passarem a ser uma fonte de atos criminosos, onde
o nível de punição ou de prevenção é baixo, transformando-se num alvo apetecível para os
comportamentos criminosos. (Fernandes Marques, 2017)

23
4. A PREVENÇÃO CRIMINAL E A LEI

4.1 A Lei de Política Criminal

Tendo em conta a Legislação portuguesa observámos que certos diplomas legais não
estão em consonância com o conceito de prevenção criminal.

Assim, de acordo com a Lei de Política Criminal o artigo 7º e 8º estabelecem as linhas


programáticas em matéria de prevenção criminal e policiamento. O artigo 7 prevê:
“Na prevenção da criminalidade, as forças e os serviços de segurança desenvolvem
programas e planos de segurança comunitária e de policiamento de proximidade destinados a
proteger vítimas especialmente vulneráveis e, bem assim, a controlar as fontes de perigo
referentes às associações criminosas e organizações terroristas, os meios especialmente
perigosos, incluindo armas de fogo, nucleares, químicas e bacteriológicas ou engenhos ou
produtos explosivos e meios especialmente complexos, como a informática e a Internet.“

O art.º 8, refere-se sobretudo ao policiamento de proximidade bem como as suas


características:
“- As forças e os serviços de segurança desenvolvem, em especial, policiamento de
proximidade e programas especiais de polícia destinados a prevenir a criminalidade,
designadamente:
a) Contra pessoas idosas, crianças e outras vítimas especialmente vulneráveis;
b) No âmbito doméstico, no meio rural, nas escolas, nos serviços de saúde e em instalações de
tribunais e de serviços do Ministério Público;
c) Contra setores económicos específicos”.
- Os programas e respetiva planificação podem ser previstos no âmbito de contratos
locais de segurança a celebrar entre o Governo e as autarquias locais.” (Lei n.º 96/2017, de 23
de Agosto, Lei de Política Criminal - Biénio de 2017-2019, 2017)

24
4.2 A Lei de Segurança Interna

- Definição e fins da segurança interna

“- A segurança interna é a atividade desenvolvida pelo Estado para garantir a


ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir e reprimir
a criminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições
democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos
cidadãos e o respeito pela legalidade democrática.
- A atividade de segurança interna exerce-se nos termos da Constituição e da lei,
designadamente da lei penal e processual penal, da lei-quadro da política criminal, das leis
sobre política criminal e das leis orgânicas das forças e dos serviços de segurança.
- As medidas previstas na presente lei destinam-se, em especial, a proteger a vida e a
integridade das pessoas, a paz pública e a ordem democrática, designadamente contra o
terrorismo, a criminalidade violenta ou altamente organizada, a sabotagem e a espionagem,
a prevenir e reagir a acidentes graves ou catástrofes, a defender o ambiente e a preservar a
saúde pública.”
Como se pode observar através da legislação, devem ser garantidos os direitos
humanos, dos quais a segurança é parte integrante e como tal deve ser desenvolvida e
garantida pelos órgãos estatais, onde se inclui a prevenção da criminalidade como fator
predominante na proteção da vida e integridade das pessoas. (Decreto Lei nº 53/2008 de 29
de Agosto, aprova a Lei de Segurança Interna, 2008)

4.3 O papel do Ministério Público na Prevenção Criminal

O Ministério Público (MP) é um órgão constitucional com competência para exercer a


ação penal, participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania,
representar o Estado e defender a legalidade democrática e os interesses que a lei determinar
(artigo 219.º/1, CRP).
- Participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania;
- Dirigir a investigação e as ações de prevenção criminal que, no âmbito das suas
competências, lhe incumba realizar ou promover, assistido, sempre que necessário, pelos
órgãos de polícia criminal;
- Coordenar a atividade dos órgãos de polícia criminal, nos termos da lei;
Para além da promoção e realização de ações de prevenção criminal, o Ministério
Público passou a participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania,

25
devendo exercer as suas funções na área penal orientadas pelo princípio da legalidade.
(Fernando , Lima, & Dias, 2007)
O Ministério Público como órgão defensor da sociedade e dos direitos, não deve nunca
permanecer distante da problemática criminal, procurando desde logo chegar a um dos seus
principais objetivos e interesses sociais, a segurança. Abarca todos os assuntos ligados ao crime,
começando pela prevenção, que é aquela em foco no presente trabalho.

5. ESTRATÉGIAS E OPERAÇÕES

5.1 Grandes Operações do Plano 2020

A Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdade e Garantias pertencente


à Assembleia da República a 7 de Janeiro de 2020, aprovou um documento onde se inserem
estratégias colocadas pelo Governo como fundamentais para um melhor funcionamento do país.
Pode-se observar que dentro das opções de política económica adotadas pelo Estado, estão
algumas que vão ao encontro daquilo que é defendido neste trabalho, como a segurança, a
prevenção e a melhoria das condições em relação às instâncias formais de controlo.
Assim, e estudando o documento, há acesso a alguns parâmetros que são fulcrais e que
ganham cada vez mais importância, como a questão do fortalecimento da Segurança Interna do
país. Fortalecimento esse que só pode ser bem-sucedido com uma aposta em melhorias em
termos de recursos humanos e materiais aplicáveis aos mesmos. Só assim existe capacidade
para se aplicar e estender no maior raio possível uma prevenção criminal bem-sucedida.
Esta crença na prevenção tem muito a ver com a vontade de garantir a segurança social,
e para isso existem medidas concretas que se esperam que caminhem nesse sentido, desde a
aposta na renovação dos órgãos de polícia criminal, que para além de oferecer um maior número
de soluções preventivas, permitia também que haja profissionais capazes de acompanhar a
evolução dos fenómenos criminais, elevando por isso o grau de eficácia, quer em termos de
resultado quer em termos de meios. Para que esse objetivo seja cumprido é também necessário
que haja cada vez mais uma maior coordenação entre diferentes forças e serviços de segurança,
como a GNR e a PSP por exemplo, que devem ter uma aproximação mais objetiva e clara, com
a informação a constar da mesma forma para as duas, não permitindo ambiguidades nem
contradições no tratamento de iguais situações.
A aplicação e atualização de regras relativas aos serviços de câmaras de vigilância e
controlo por drones por exemplo, permitem um registo de imagens a ser utilizado pelas forças

26
de segurança em relação aos cidadãos, sem que os direitos fundamentais destes sejam colocados
em causa e que o principal objetivo acabe por ter sucesso, e prevenir o crime.
Dois dos pontos mais importantes que foram observados passam pela execução e/ou
renovação dos Contratos Locais de Segurança e o reforço do policiamento de proximidade, este
último com ênfase na questão do número de agentes dispostos por local ou locais de forma a
alargar o raio de ação da polícia.
Com este foco de aplicações e aposta neste tipo de medidas no ano de 2020 verifica-se
que o modelo preventivo é cada vez mais visto como essencial para uma sociedade saudável,
já que procura dar às pessoas uma melhor qualidade de vida através da redução do sentimento
de insegurança, que é inerente quando se verificam crimes.

5.2 O Trabalho da Comissão Europeia na Prevenção da Criminalidade

No documento elaborado pela Comissão Europeia, considera a criminalidade em massa


não organizada, e que por isso acaba por incluir todo o tipo de crimes. Por isso, é aquela que
tem mais influência na vida dos cidadãos e que lhes causa maior sentimento de preocupação.
Os tipos de criminalidade lá sublinhados são aqueles que se enquadram neste trabalho, com o
crime em meio urbano (e as suas variantes) a aparecer como um dos principais focos. Alguns
daqueles que são falados no documento passam pelos roubos domésticos, roubos de carros, os
assaltos, roubos na rua, entre outros. Todos esses vão ao encontro daquilo que se procura
defender, já que com um maior cuidado do elemento estrutural e ambiental, esses tipos de crime
perdem força.
A confiança nos órgãos que coordenam a sociedade deve ser também assegurada, e caso
o sentimento de segurança não exista, essa confiança também segue o mesmo caminho. Por
isso, a prevenção procura não só através da sua própria aplicação reduzir a criminalidade como
ao mesmo tempo reduzir o medo sentido pela população, já que isso poderia colocar em causa
a atuação da polícia e do próprio Estado e da ligação destes com a comunidade.
Segundo o documento existem medidas simples que se forem colocadas em prática
podem ajudar em muito a prevenção criminal, isto para além daquilo que se procura adotar com
os programas de prevenção criminal. Assim, um simples alarme, uma luz acesa quando não se
está em casa ou uma luz exterior, pode por vezes ser suficiente para se poder evitar um tipo de
crime como um simples assalto a uma residência, por exemplo. Isto, multiplicado por várias
pessoas, somado a todas as possibilidades e estratégias mencionadas neste trabalho elevariam
a prevenção para um nível ainda mais eficaz.

27
A questão da iluminação apresenta-se como sendo um dos principais pontos em que se
deve investir em locais públicos e passíveis de atos criminais. Isto porque segundo os autores
Farrington Farrington, D.P. & Welsh, B.C. na sua obra “Improved street lighting and crime
prevention” e tendo em conta estudos realizados, comprovam que uma melhor iluminação em
determinado local ou a existência desta diminui o potencial crime em 20%. Esta questão prende-
se com o facto da luz, como é normal, deixar tudo o que é feito mais visível, mas não só, faz
com que o local seja visto como cuidado e vigiado, e por isso os riscos não trazem os benefícios,
ou trazem mais prejuízos que antes trariam. (Europeias, 2004)

28
6. AS PARCERIAS E OS CONTRATOS LOCAIS DE SEGURANÇA

6.1 Conselhos Municipais de Segurança

Os conselhos municipais de segurança são entidades de âmbito municipal que tem


funções de natureza consultiva e que procuram cooperar com várias entidades no sentido de
promover a prevenção e garantir a segurança e tranquilidade das populações.
Entre outros objetivos destes conselhos, sublinham-se aqueles mais importantes para
o presente trabalho, como: “Contribuir para o aprofundamento do conhecimento da situação
de segurança na área do município, através da consulta entre todas as entidades que o
constituem”; “Formular propostas de solução para os problemas da marginalidade e
segurança dos cidadãos no respetivo município, e participar em ações de prevenção”;
“Promover a discussão sobre medidas de combate à criminalidade e à exclusão social do
município”; “Promover a participação ativa dos cidadãos e das instituições locais na
resolução dos problemas de segurança pública”. Estes pontos, presentes no artigo 3.º, alíneas
a), b), c) e g) respetivamente do Decreto-lei n.º32/2019, de 4 de Março apresenta formas de,
através de um planeamento municipal ou territorial, se conseguir ter acesso a dados
pormenorizados e individualizados por localidade e com isso se proceder a planos
focalizados em determinado problema existente em dada comunidade. (Decreto Lei
n.º32/2019, de 4 de Março, Conselhos Municipais de Segurança, 2019)

6.2 Contratos Locais de Segurança

Este projeto é composto por vários departamentos governamentais e


multidisciplinares com capacidade para estudar diferentes tipos de planos a adotar de modo
a produzir respostas aos atos criminais.
Os Contratos Locais de Segurança apresentam vários tópicos relativos ao combate à
criminalidade e a tudo o que esta envolve. Assim, e procurando associar o trabalho aqui
apresentado e o objetivo deste tipo de planeamento deve-se ter em conta que este procura
formas de eliminar fatores que possam potenciar o crime, como por exemplo o estudo,
planeamento e intervenção em áreas urbanas através da ligação umbilical da comunidade ao
espaço público.
Outro objetivo pretendido passa pelo reforço da visibilidade policial, através do
conhecido policiamento de proximidade e do consequente aumento do sentimento de
segurança. (MAI, 2017)

29
Em termos de ligação social, os Contratos Locais de Segurança dividem-se em três
partes: o MAI Municipio, o MAI Bairro e o MAI Cidadão.
No primeiro, aquilo que se procura é o planeamento de estratégias de aumento de
sentimento de segurança em relação a municipios, situação mais abrangente. O segundo tem
uma perspetiva mais especifica, já que para além da prevenção normal, foca-se em grupos
individualizados de modo a combater situações como a delinquência juvenil e a pequena
criminalidade. O último, individualiza ainda mais a questão e foca-se sobretudo nas
intervenções em questões que não são tão normalizadas, mas que devem ser respondidas.

As etapas destes Contratos Locais de Segurança são repartidas em quatro pontos, com
uma evolução gradual da aplicação de medidas. Deste modo, inicia-se com um Diagnóstico
Local de Segurança, onde a meta passa por compreender o crime e como este se relaciona
dentro de uma dada comunidade, identificando formas de prevenção que se adequem a cada
caso e comunidade em específico. De seguida, vem a Formulação do Plano de Intervenção
que tal como o próprio nome indica procura com base no estudo antes realizado planear as
medidas a adotar, que vão ser colocadas em prática de seguida no terceiro passo, na
Implementação das Medidas.
Concluindo, o último passo é a Monitorização e Avaliação que consiste na
observação e recolha de dados de forma a perceber se as medidas executadas chegaram aos
objetivos pretendidos ou se é necessária uma reformulação das mesmas. (Polícia Segurança
Pública, s.d.)

6.3 Visibilidade policial como estratégia preventiva do crime

A evidência da existência de polícias em determinado local desde logo passa a


indicação para quem vê que aquele lugar está seguro e que estão a ser tomadas as medidas
para que não ocorram quaisquer tipo de delitos. Só esse facto passa a sensação de que se está
seguro.
Dentro da questão da visibilidade policial, pode-se enquadrar vários tipos: desde a
presença da polícia nas ruas, o patrulhamento apeado ou motorizado, a colocação de um
posto de controlo num local entre outros. (Salmi, Voeten, & Keskinen , 2000, p.434)
Os prós são variados, desde o aumento do sentimento de segurança ou diminuição do
sentimento de insegurança e em simultâneo com a diminuição de fatores possíveis para o
aparecimento de crimes.

30
A introdução de tudo o que se refira a simbolos das instâncias formais de controlo,
como a polícia, demove possíveis criminosos daquele local, fortalecendo o pilar preventivo,
logo chega-se à conclusão de que um paradigma ou modelo preventivo para ter sucesso tem
que se apoiar numa base destas, onde a polícia seja vista como algo que está presente em
todo o lado da nossa sociedade.
Ainda assim, a transferência do crime está presente, e é possível que o mesmo, não
tendo as caracteristicas necessárias em determinado local para se aplicar, se mude para um
local onde lhe seja dado algum poder de aplicação. (Clemente, 2013, p 48.)
É necessário por isso que se espalhem as práticas preventivas por uma extensão local
significativa de modo a evitar a facilidade desta transferência do crime, que é normal e vai
acabar por acontecer, mas quantas mais dificuldades tiver com menos ênfase irá aparecer.

6.4 Diagnósticos Locais de Segurança

Os Diagnósticos Locais de Segurança assumem um papel importante em qualquer


comunidade já que é através destes (e do consequente trabalho que deles advém) que é
possível permitir que a qualidade de vida de uma dada sociedade aumente, uma vez que esta
está intimamente ligada à segurança dos índividuos. Desta forma, com a criação de locais
seguros, passa a existir uma igualdade social, que não depende de níveis financeiros, sociais
ou raciais, igualdade essa que não existe noutros aspetos, mas que iguala assim desta forma
a segurança para todos, ou pelo menos diminui distâncias e que tem impacto nos restantes
campos da vida social, desde a saúde à escola.
As abordagens participativas revelam-se como muito importantes dentro dos DLS já
que se foca na participação da sociedade na aplicação dos mesmos. Ou seja, dentro da
comunidade é fulcral que os diferentes grupos sociais que nela existam se envolvam com o
mesmo objetivo, que tem como finalidade a prevenção criminal e apresentará assim
resultados ainda mais positivos. Desta forma, não só existirão melhores consequências como
os próprios individuos se sentirão parte importante e integrante na defesa da sua própria
comunidade. Ainda assim deve sempre haver o equilibrio entre trabalho interior ou exterior,
ou seja, a perspetiva e acompanhamento técnico deve sempre conduzir o “trabalho” realizado
pelos grupos pertencentes à comunidade em causa. ((FESU), 2009)

31
6.5 Sentimento de Segurança e o Planeamento Urbano

Crime e segurança estão intimamente ligados, já que apesar de serem conceitos que se
contrariam, podem acabar por outro lado por se interligarem. Isto acontece no caso de a
segurança ser menor ou inexistente, passando a palavra para o polo negativo, a insegurança. E
é aqui que o crime aparece, alimentando-se desta existência de insegurança e do medo que esta
aplica num determinado meio social e que acaba por ser um fator galopante para a criação de
uma situação de ação criminal, constituindo por isso um problema social, que acaba por
envolver a comunidade numa bola de neve que não tem tendência a parar, já que o crime, leva
ainda a mais insegurança ou sentimento de, que leva ao medo, que abre portas a novos crimes,
e assim consecutivamente.

Este conceito de “problema social” tem a ver com aquilo que é considerado aceitável
pela sociedade em causa e aquilo que realmente acontece, ou seja, uma prática ilícita não é vista
com bons olhos, já que nas normas sociais gerais isso não é bom, não ajuda ninguém e pior que
isso pode prejudicar o indivíduo e muita mais gente. Essa questão, bem como o espaço social
não cuidado, leva a que exista um sentimento de descontrolo perante aquilo que deveria ser o
habitat da comunidade bem como daquilo que deveria ser fortalecido pelos órgãos formais de
controlo. (Machado, s.d.)

Como questão principal quando se fala aqui de “segurança” deve-se em primeiro lugar
conceitualizar e perceber que a palavra não indica algo claro e analítico, tangível. A segurança
pode-se dividir numa questão objetiva e numa questão subjetiva. A parte objetiva aponta para
a inexistência de ameaças, ou seja, se não há ameaça, há segurança. Relativamente à questão
subjetiva, remete para um autoconhecimento, ou seja, cada individuo coloca em campo as suas
vulnerabilidades, os seus fatores de risco, as características existentes no exterior e na sua
envolvente, questões que se vão repercutir no sentimento de insegurança de cada um e
consequentemente na criação de sensações de medo e ansiedade. (Zedner, 2009)

A segurança e o sentimento de segurança são dois fatores fundamentais para que uma
população possa ter uma qualidade de vida sustentável, no sentido de que são estes fatores que
levam a que o próprio individuo viva ou não de forma equilibrada. Quando ao contrário do que
se defende, existe uma sensação de insegurança, a própria vida em comunidade fica afetada já
que as pessoas que a compõe se afastam e se resguardam dentro do seu próprio conforto,
impossibilitando um elo forte entre pessoas bem como com as próprias forças de segurança que

32
não têm em si depositada a confiança que se espera que a população tenha. Este fator de
insegurança, leva por isso a que as pessoas se ausentem do seu meio (já que apenas se
preocupam em ficar pelas suas casas, por exemplo), o que pode levar a que o mesmo se degrade
cada vez mais ou não possua os requisitos mínimos para que esse sentimento e essa insegurança
passe para um nível que seja considerado positivo, apresentando-se como uma bola de neve,
onde caso o crime se entranhe, muito dificilmente recuperará. Uma base de planeamento
cuidado onde o objetivo seja transformar os locais sociais em locais que possam ser habitados,
em que as pessoas possam trabalhar ou mesmo em locais de prática de atividades, sejam elas
familiares, em trabalho, de lazer, entre outros em que quem as pratica se sinta seguro e perceba
que não corre nenhum risco traz claros benefícios para uma comunidade, população, ou mesmo
um grupo restrito de vizinhos por exemplo, indo do lado social mais geral, ao mais
pormenorizado. A liberdade e a não existência de medo do crime aumenta a própria qualidade
de vida substancialmente. (ODPM, 2004)

Este trabalho mais pormenorizado tendo em conta locais de modo individual deve
acontecer devido ao facto de cada local possuir características diferentes bem como de cada
crime se poder transformar perante aquilo que lhe é apresentado e proposto. Este planeamento
urbano deve ser capaz de dar às pessoas a sensação de pertença, de que aquele lugar também é
seu, o que vai levar a que o mesmo seja sempre mais cuidado, mais habitado, o que traz
consequências positivas para a prevenção de um qualquer possível ato criminal. Esta criação
de espaços urbanos que advém do contributo das pessoas que neles habitam levam a que os
mesmos sejam parte integrante da prevenção do crime. Um simples jardim, verde, cuidado,
habitado e consequentemente vigiado poucas hipóteses deve dar a alguém que queira praticar
algum tipo de crime com o objetivo de não querer ser apanhado (ODMP, 2004).

Esta nota vem ao encontro daquilo que Brantingham e Brantingham (1995) referem
como explicação do ato criminal, já que o mesmo é criado pelo contacto entre criminoso e
vítima, que para além disso é fundamental a existência de um ambiente que tornam o crime
fácil, proveitoso e seguro. (Brantingham& Brantingham, 1995)

Dá-se conta então que o sentimento de insegurança tem muita influência na vida das
pessoas, já que se esse sentimento existir perante determinado lugar que não tem vigilância por
exemplo, leva a que o próprio lugar não seja visto como um lugar a ser utilizado para qualquer
tipo de atividade, seja ele jantar fora, praticar desporto, passear, etc. É por isso, importante que
esse sentimento seja cada vez mais atenuado de modo a não condicionar essas mesmas práticas

33
e não afastar as pessoas de determinado local e como consequência que não arraste o crime para
esse mesmo local.

Um exemplo é o tráfico de droga. Se alguém devido ao sentimento de insegurança de


um determinado parque não o frequentar por este não ter uma iluminação adequada ou não ser
vigiado, e as pessoas que ali vivem fizerem o mesmo, esse local vai ser altamente propenso a
essa atividade criminal, já que sem pessoas não apresenta nenhum tipo de riscos de queixa e
vigilância. Por isso, e para que esse sentimento de insegurança não exista, ou caso exista passe
a um sentimento de segurança, os locais devem ser capacitados de particularidades que lhes
permitam ser vistos pelas pessoas como um local positivo e possível de ser frequentado sem
problema, ganhando assim um duplo sentido positivo, o da prevenção criminal e o da melhoria
da vida de cada individuo.

A segurança é, como se sabe, um direito dos cidadãos, sendo uma das tarefas
fundamentais a cumprir pelo Estado de Direito Democrático. Desta forma, e procurando atingir
esse mesmo objetivo, cabe ao Estado através da institucionalização de uma força coletiva,
capacitada de organização jurídica e funcional de modo a garantir os interesses gerais e com
isso cumprir aquilo que é defendido. É através da polícia que o Estado certifica a segurança da
sociedade, estando para isso redigido na Constituição, mais precisamente no artigo 272º da
mesma. É através deste artigo que há uma ligação estreita e uma aprovação de uma das leis que
procura garantir a possibilidade de cumprimento de uma “segurança social”, a “Lei de
Segurança Interna”. (Duarte, 2013)

A perceção em termos de crime é diferenciada de local para local bem como de


sociedade para sociedade e as diferentes culturas e subculturas que nelas existam. Assim, por
exemplo, quem vive em zonas urbanas degradadas e sensíveis tem uma visão completamente
diferente de quem vive em zonas fechadas, controladas e de maior conforto, como condomínios
privados.
Desta forma, e para além de todas as possíveis melhorias já neste trabalho mencionadas
para que o equilíbrio em termos de proteção e segurança seja cada vez maior tendo em conta a
possibilidade criminal, surge também a ideia de igualarmos a chegada de informação a estes
cidadãos que vivem em diferentes áreas com diferentes condições através de um possível mapa
de crime por local e zona, o que permitia que para além da informação social, esta transparência
por parte das entidades estatais transmitam também que tudo está a ser feito no sentido de

34
perceber e procurar prevenir o crime tendo em conta as características, números e resposta de
cada local. (de Almeida, 2014)
A aplicação deste tipo de medidas levaria a várias reações sociais que vão no sentido
daquilo que a prevenção criminal defende, tendo um impacto positivo na vida das pessoas, dado
que este tipo de informação leva a que haja um maior envolvimento por parte de cada um no
seu bairro, na sua rua, na sua zona, no seu local de trabalho. É um tipo de informação que pode
ajudar os órgãos de polícia criminal e potenciar a sua capacidade de ação e proatividade. Pode
observar-se ainda um contributo de ambas as partes, com os cidadãos a funcionarem de forma
anónima e a cumprirem a lei em colaboração com as forças policiais com o mesmo objetivo, de
tornar cada comunidade mais segura. (de Almeida, 2014)
Como estudado e observado, existem razões que os cidadãos de uma determinada
sociedade apontam quando solicitados a nomearem características que os levam a sentir maior
insegurança e que sejam motivadoras de maiores problemas sociais. São elas, a título de
exemplo, a falta de iluminação, o lixo despejado nas ruas, edifícios ou carros abandonados, a
vandalização ou desgaste de património público, excesso de ruído, entre outros. (Neto, 2006)
Estes fatores acabam por ser secundários no que toca ao direito penal, mas não deixam
de ter uma importância acrescida na perturbação que podem dar a quem vive em determinado
sítio e ao próprio local em si.

Dentro da sociedade existem vários subgrupos e individualidades, e o principal objetivo


da prevenção criminal passa pela sensação e aplicação da segurança na vida das pessoas, não
se focando apenas na realização das expectativas de um determinado grupo, mas sim da
comunidade em geral. Dentro dessa comunidade há pessoas com e sem capacidades, quer
financeiras, quer físicas, psicológicas ou sociais, e o objetivo não passa por apenas alguns deles
verem satisfeitas as suas expetativas através de um modelo de resolução, mas sim que tanto uns
como outros, como por exemplo aqueles que fazem parte de um estilo de vida minoritário,
possam em conjunto ter as suas metas asseguradas, contribuindo com isso para uma
mobilização total e coletiva que só beneficia a comunidade em questão. (Neto, 2006)

Dentro do sentimento de insegurança pode-se dividir esta questão em três tipos, o


individual, o coletivo e o geral. Como o próprio nome indica, quando é referida a questão
individual foca-se no sentimento de insegurança que é traduzido para alguma pessoa em
concreto através da sua própria experiência ou exposição ao problema, com o sofrimento de
uma influência provocada por um crime ou por um local ou característica que o promova, que

35
o iniba e possa afastar daquele local. Em relação à situação chamada de coletiva, segue a mesma
linha da individual, mas refere-se à questão comunitária e como a comunidade sente e vê um
problema que apesar de não ser vivenciado pode ser visto como possível de chegar a atingir o
individuo. Por fim, a questão geral, é quando se transfere a preocupação do individuo para um
sentido mais alargado como é o país, por exemplo, podendo acontecer em situações de
terrorismo, não sendo esta a mais importante para este tipo de tema que se procura tratar. (Leitao
J. B., 2000)

Fatores Sociais Comportamentos Criminalidade


Delinquentes
Exclusão Social Incivilidades Terrorismo
Desemprego de longa Consumo de droga Criminalidade organizada
duração
Incerteza no futuro Graffitis Violência urbana
Desigualdades Sociais Atos de vandalismo Criminalidade violenta e
grave
Problemas de Vizinhança Degradação do espaço público Pequena criminalidade
Delinquência Juvenil
Tabela 1 - Características intrínsecas ao sentimento de insegurança

Fonte: (Ferreira, 2013)

Analisando o quadro acima descrito pode-se perceber que vários parâmetros se


enquadram naquilo que se procura explorar neste trabalho. Tendo em conta os fatores
sublinhados, que são aqueles que mais ênfase tem na situação tratada, pode-se perceber que
na coluna relativa aos “Fatores Sociais”, a questão dos “Problemas de Vizinhança” podem
ganhar importância extra no fator preventivo já que com a existência destes problemas, o
afastamento entre comunidade e pessoas nela incluída leva a que não haja a harmonia
pretendida e o reforço entre indivíduos no cuidado com a sua envolvente levando a uma
possível degradação da mesma. Na coluna referente aos “Comportamentos Delinquentes”
todos se incluem nesta problemática, com as “Incivilidades”, os “Atos de Vandalismo” e a
“Degradação dos espaços públicos” a poderem ser conectados na questão da apropriação de
determinado local por parte do crime e dos criminosos que com a inexistência de meios de
prevenção e combate ao crime afastam as pessoas dos seus bens públicos e criam locais

36
negativos para a sociedade. O caso dos “Graffitis” e do “Consumo de drogas” acabam por
ser uma consequência dos anteriores, já que devido ao afastamento da população
relativamente a determinado local, o mesmo passa a ser descuidado e tratado da pior forma
pretendida. Finalmente, na questão da “Criminalidade” pode-se observar vários tipos de
crime que podem coexistir no local que possua características para esse fim, o do crime.
Cabe por isso, ao Governo, às forças de segurança, às comunidades combaterem estes
pontos negativos potenciadores de sentimento de insegurança das populações e do crime para
que a qualidade de vida seja dentro das possibilidades a melhor possível, sabendo de antemão
que a abolição do crime é impossível, mas o tratamento e a prevenção deste faz com que haja
mais locais seguros e inerente a essa questão está o bem-estar das sociedades, comunidades
e indivíduos.
Seguindo a lógica da Teoria das Janelas Partidas já aqui mencionadas percebe-se que
no caso dos “Comportamentos Delinquentes” ao aceitar-se a questão da marginalidade ou da
degradação em determinado local pode gerar-se ainda mais desordem e caos, com o
afastamento das pessoas daquele local e a chegada e aumento de agentes e atos criminosos
no mesmo sítio, que quanto mais se espalha maior sentimento de insegurança provoca e
maior dificuldade ao combate e prevenção do crime motiva.
É notório e sabido que o sentimento de insegurança não é algo que se apague ou que
se elimine definitivamente do meio social. O meio urbano comparativamente com o meio
rural apresenta uma interação elevada entre questões sociais e a questão da insegurança,
devido à presença de aglomerados populacionais, com diferentes culturas e tipos de vida, que
consequentemente fazem com que a existência de incivilidades e atos criminais ocorram com
mais frequência e que isso transmita à restante população uma sensação de que não estão
protegidos. Este facto é muitas vezes considerado como normal, já que as cidades apresentam
características suscetíveis de criar nas pessoas uma sensação negativa, a de insegurança, que
nem sempre tem a ver com o facto de a criminalidade estar a aumentar ou atingir números
elevados, mas que se trata de um medo e que necessita apenas de uma base para ser formado,
base essa que pode ser suportada ou criada com uma incivilidade por exemplo, que na prática
não é um crime. (Carvalho A. C., 2015)

O crime e todo a prática que saia dos limites legais, principalmente tendo em conta este
tema, apoiam-se no fator insegurança e/ou medo para através disso se atingirem
resultados/objetivos. (Machado, 2006)

37
Percebe-se assim que não chega apenas o facto de determinado local ter capacidade ou
não para responder ao crime (sem que tenha feito prova disso) é importante neste fator, tudo o
que envolve o cidadão e o seu modo de se sentir protegido ou débil leva a que o crime e o
criminoso possam ter uma facilidade maior em criar essa mesma ação, seja direta ou
indiretamente ligada ao individuo em questão ou a um grupo de indivíduos (sociedade).

7 POLICIAMENTO PREVENTIVO

7.1 Policiamento de Proximidade Comunitário e orientado para os problemas

Os fatores de insegurança estão em grande parte das situações alocados às situações


estruturais, ou seja, locais e das características apresentadas nesse mesmo sítio. Nesse sentido,
a prevenção não tem uma resolução “pré-definida” da situação, já que os contextos são
variadíssimos e por isso cada ação antes de ser tomada deve entrar num campo de análise
pormenorizado e contextualizado que levará a um estudo e perceção que influenciará a decisão
a ser tomada. Nesse sentido e seguindo essa linha, o policiamento orientado para o problema,
teoria defendida pelo professor Herman Goldstein, surge dentro desse tipo de resolução
problemática, já que o mesmo se “afasta” daquilo que é a legislação penal em sentido lato e das
suas classificações e procura perceber as características individuais e muitas vezes
intransmissíveis de cada pessoa, sociedade, local ou situação, agindo em simultâneo e em
conformidade com o policiamento comunitário. (Neto, 2006)

O sistema penal apresenta situações resolutivas gerais, coisa que este tipo de
policiamento procura que não aconteça, já que cada problema deve ter a sua resposta, e as
respostas acabam por nunca serem iguais.

O policiamento comunitário procura de forma proactiva defender a criminalidade,


prevenindo-a através da aproximação e relacionamento com a população. Só desta forma, em
conjunto, é possível encontrar soluções e formas eficazes de responder aos problemas do
cidadão e aos sentimentos de insegurança que advém destes. (Trojanowicz & Carter, 1988)

Este tipo de policiamento adapta-se àquilo a que deve dar resposta, com uma
reorientação das suas funções e competências, com o objetivo de existir uma ligação a outras

38
entidades e órgãos que se completam e procuram através do trabalho em conjunto adquirir
dados e capacidades que lhes permitam atuar de uma melhor forma.
Seguindo esta ordem de ideias e como refere (Gomes D. , 2017), “o modelo de
policiamento pode ser visto como um referencial que pretende condensar e sintetizar, num
quadro teórico, uma determinada realidade materializada em técnicas, táticas e programas que
caracterizam a ação policial de uma determinada organização junto da população”.
Este tipo de modelo policial é aquele que mais se enquadra nos parâmetros defendidos
e aplicados pela prevenção criminal, já que a especificidade de aproximação e principalmente
proatividade em relação à comunidade e aos problemas que nela possam aparecer são
representativos de um paradigma preventivo.
O policiamento comunitário, usa através da aproximação entre órgãos policiais e
indivíduos uma forma de poder suportar aquilo que é causado pelo modelo urbano, que se rege
por um distanciamento social, tanto entre pessoas da mesma comunidade como entre pessoas e
instâncias formais de controlo. Assim, através desta forma procura-se que os laços inexistentes
passem a ser preponderantes e que a própria confiança se torne um fator chave para o trabalho
grupal de prevenção criminal. (Leitao J. , 1999)
O aproximar e aligeirar da relação entre órgãos de polícia e a comunidade em questão
não só faz com que essa relação historicamente rígida, derivado à hierarquia que a mesma
possui, seja cada vez mais aberta como transmite uma mensagem de coordenação e
comunicação existente entre pessoa-polícia. Esta questão dá à sociedade a capacidade de
perceber que pode ser parte ativa na ajuda em questões de fácil tratamento em relação à prática
policial e a própria confiança que se espera que a população tenha nos órgãos policiais se
transforme no sentimento de segurança necessário e ideal para o combate ao crime.
Por outro lado, este tipo de tarefa acaba por colocar um grau de responsabilização maior
que o normal na comunidade que fazendo parte do processo eleva o sentido de atenção e de
perceção para níveis que em situações normais não existem, dado que tudo é atribuído à polícia
e seus grupos.
Esta conexão passa sobretudo pelo passar da mensagem de polícia para comunidade que
esta deve fazer das suas pertenças (locais onde habitam e suas envolventes) locais protegidos e
seguros e cuidados. (Kelling, 1988, p.2)
Este ideal de proximidade passa sobretudo por retirar o sentido reativo da aplicação
policial e passá-lo para uma forma proativa ou preventiva que inclua o trabalho dos próprios
cidadãos. A balança fica assim equilibrada e todos saem a ganhar: a polícia aproxima-se da
sociedade, ganha a sua confiança e a sua maior comunicação; a comunidade foca-se no seu

39
bem-estar através da manutenção dos seus espaços e aumenta a sua qualidade de vida; por
último, e aquilo que é a base de tudo e que é positivo para ambos, o crime é dificultado e
possivelmente inexistente.

Em Portugal, em 2006 foi criado um projeto piloto denominado de Projeto Integrado de


Policiamento de Proximidade (PIPP) que mais tarde foi adaptado e chamado de Modelo
Integrado de Policiamento de Proximidade (MIPP). Este modelo possui equipas policias que
trabalham de forma coordenada com o objetivo de chegarem a toda a comunidade e de lhe
oferecerem uma multidisciplinariedade capaz de responder às mais variadas problemáticas. São
as Equipas de Proximidade e de Apoio à Vitima (EPAV’S) e tem como principal objetivo aquilo
já mencionado acima, o de estabelecer laços de confiança com a comunidade em questão, que
podem ser desinibidores para a passagem de informação relativamente a fatores que possam ser
preocupantes, em contexto de vitimação ou de possível enfraquecimento preventivo. (Lobo,
2015)

Este contacto com a comunidade não só permite ter um maior acesso a potencias vitimas
como também perceber todas as fragilidades existentes num determinado meio, que serão
tratadas de forma coordenada para que haja um fortalecimento em cada situação que se
apresente como enfraquecida. Esta troca de informações entre cidadão e polícia acaba por ser
uma das principais bases deste tipo de projeto, já que apenas o que é visível não chega,
permitindo fazer uma análise muito mais pormenorizada que pode ser muito mais bem sucedida
na perceção das questões que colocam em causa determinado local e comunidade.

40
8. RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA INTERNA

Como refere o próprio documento, na sociedade atual existem dois princípios


fundamentais à vida humana, que estão interligados em todo as suas instâncias. São eles, a
liberdade e a segurança.
A democracia foca-se nestes dois pontos cruciais, procurando de forma obrigatória
conjugá-los de modo a que o equilíbrio entre os mesmos exista e que nenhum deles seja
descurado perante o outro.
Como já foi dito durante este trabalho, ao Estado compete para além de garantir a
segurança, fazer com que o sentimento da mesma esteja presente no cidadão. Os novos riscos
e ameaças que a evolução social traz devem ser atentados de forma permanente pelo Estado de
modo a que este produza respostas eficazes através das mais variadas políticas.
Através deste relatório há possibilidade de identificar tendências e grupos criminosos e
sublinha padrões vitimológicos bem como áreas de território por incidência criminal.
São assinalados e divididos os dados referentes a oito Órgãos de Polícia Criminal: GNR,
PSP, PJ, SEF, PM, ASAE, AT e PJM.
Ao longo dos anos tem se assistido a um decréscimo da criminalidade em Portugal,
quando comparado com outros países considerados desenvolvidos. O facto de sermos
considerados um dos países mais seguros do Mundo, leva a que a adaptação aos novos tipos de
crime não possa ser descurada bem como a atenção aos tipos e formas de crime já existentes
não seja colocada em causa.
Desde a aprovação da Lei Quadro de Segurança Interna, no ano de 2006, e o ano transato
registou-se uma clara diminuição da criminalidade geral, em cerca de 20%. Dentro desta, a
criminalidade violenta desceu 40,8%, representado atualmente apenas 4,3% de toda a
criminalidade participada.
Ainda assim, no ano de 2019 observa-se que houve um aumento da criminalidade geral
e violenta (+0,7% e +3% respetivamente). No entanto, estes números nada colocam em causa,
já que os índices de criminalidade apresentados pelo nosso país continuam a ser baixos.
O aumento de participações e ocorrências de roubos em via pública (exceto esticão),
algo que nos interessa para este tema em questão, contribuiu decisivamente para o resultado
acima explícito.
O crescimento em termos de medidas preventivas e o trabalho contínuo e persistente
realizado pelos diversos OPC leva a que consequentemente o resultado da criminalidade
violenta e grave suba. Como tal, os distritos mais populosos, com grandes áreas urbanas e

41
existência de subúrbios com mais habitantes são aqueles que apresentam maiores resultados
tanto para a criminalidade em geral como para a criminalidade violenta (70,3% e 71,7%). São
estes: o Distrito do Porto; Lisboa; Setúbal; Faro; Braga e Aveiro.
A categoria de crimes contra o património, onde se evidenciam os crimes de furto,
apresenta-se como a mais representativa, com mais de metade das participações. Os crimes
contra as pessoas são aqueles que naturalmente mexem negativamente com o sentimento de
segurança, registando 25,7% de toda a criminalidade participada.
Dentro da prevenção, o foco passa pela continuidade dos Programas e Ações Especificas
de Prevenção e Policiamento, com o objetivo de planear a proteção a grupos vulneráveis bem
como a prevenção em áreas geográficas específicas. Na mesma linha, a proteção da natureza e
do ambiente revela-se como fulcral na segurança das populações.
Dentro da criminalidade mais participada e nos seus diversos subtópicos de atividades
criminais, o furto nas mais diversas formas continua a ser aquele que mais vezes é revelado.
Assim, e tendo em conta este trabalho, esse tipo de crime pode ter uma estreita ligação àquilo
que se chama de prevenção ambiental/social, já que o mesmo pode ser capacitado e diretamente
fortalecido por uma fraca proteção do ambiente físico envolvente, permitindo que assim o crime
desta forma aconteça com mais ênfase e menos riscos, derivado das possíveis barreiras
enfraquecidas que o suposto local apresente. Ainda assim, e comparando com os valores
observados desde 2012 (onde começou a divisão de caracterização de vários tipos de furto)
pode-se observar em gráfico que os valores vem diminuindo, o que pode indicar uma maior
capacidade de resposta ao nível da prevenção deste tipo de atividade criminal.
Em termos de criminalidade violenta e grave, um claro destaque para os crimes de roubo
na via pública (exceto esticão) e roubo por esticão que com uma representatividade total de
62,1% vão ao encontro do que é defendido no parágrafo anterior, podendo assim definir um
claro objetivo de procurar alternativas mais específicas para combater este tipo de crime, de
forma a diminuí-lo. (SIS, 2019)

42
Figura 1 - Descrição da criminalidade com maior incidência
(Fotografia retirada do Relatório Anual de Segurança Interna - Ano 2019)

Relativamente à prevenção propriamente dita, observa-se a existência e aplicação de


diferentes Programas e Ações Específicas de Prevenção e Policiamento que apesar de não serem
concretamente aquilo que se procura estudar neste trabalho, tem especificidades que estão
conectadas a algumas características relacionadas com a prevenção da criminalidade tendo em
conta o ambiente físico e social/estrutural.
Desde logo, os Programas e as Operações denominadas de: “Operação Férias”,
“TouristSupportPatrol”, “Polícia Sempre Presente” (Festas, Carnaval, Páscoa, Verão Seguro)
incluem de igual forma o objetivo de aumentar o sentimento de segurança dos cidadãos através
de uma maior visibilidade em termos policiais, com um consequente aumento de proximidade
entre órgãos de polícia e pessoas. (SIS, 2019)

43
CAPITULO II - COMPONENTE EMPÍRICA

Após a análise da componente teórica parte-se para a componente empírica, onde se


pretende responder a questões de investigação através da aplicação de um questionário
realizado, retirando conclusões e respostas do mesmo de modo a sustentar aquilo que é a
temática deste trabalho.

1. OBJETIVOS

1.1 Objetivos Gerais

Dentro desta pesquisa, foi definido como objetivo geral a perceção da (in)segurança
considerando as características físicas dos locais. Pretende-se avaliar a importância
comunitária, estrutural e securitária na perceção da (in)segurança como objeto da prevenção
criminal.

1.2 Objetivos Específicos

Para o presente estudo são esperados os seguintes objetivos específicos:

I. Conhecer e perceber a existência de relatos de ocorrências criminais em contexto


urbano e rural;
II. Analisar a quantidade de experiências criminais;
III. Aprofundar a perceção em relação ao sentimento de segurança das pessoas bem
como em relação à segurança “trabalhada” pelos municípios;
IV. Conhecer as características dos locais e as práticas comuns que possam ou não
prevenir as ações criminais ou deixar algum local mais vulnerável a tal ação;
V. Perceber e analisar o nível de confiança e de importância que as pessoas atribuem às
forças de segurança;

2. Questões de Investigação

Foram desenvolvidas algumas questões de investigação que se pretende que sejam


comprovadas ou refutadas tendo em conta o inquérito aplicado. Estas questões serão
relacionadas e conectadas entre aquilo que foi a pesquisa de análise de conteúdo bem como a
pesquisa empírica. As questões de investigação são as seguintes:

Q1: Os/As cidadãos/ãs sentem-se seguros/as dentro dos seus meios habitacionais?
Q2: O policiamento é considerado importante para a população?

44
Q3: A população tem perceção da importância da prevenção criminal?
Q4: As pessoas têm hábitos que promovam espaços que transmitam um maior
sentimento de segurança?
Q5: A população está satisfeita com a segurança pública?

3. Metodologia

Tendo em consideração a importância da metodologia em trabalhos científicos, é aqui


abordada a metodologia adotada tendo em conta as especificidades dos dois campos explorados,
o urbanismo e o crime, e a análise da evolução histórica deste tema.
O processo de investigação do presente estudo segue a ordem sustentada por Saunders,
Lewis & Thornhill (2009) que inicia com a definição do tema de estudo, passando pela revisão
crítica da literatura e informação existente tendo em conta o planeamento da investigação,
seguindo-se a seleção da amostra a ter em consideração para o processo de análise, terminando
com a recolha de dados e respetiva avaliação. (Saunders, Lewis, & Thornhill, 2009)
Segundo Saunders, Lewis & Thornhill (2009), as abordagens à investigação podem
assumir duas formas: dedutiva ou indutiva. Quando assumida a abordagem dedutiva, é
desenvolvida determinada teoria para posteriormente ser testada.
Ao assumir uma abordagem indutiva, são coletados dados para que a formulação de
determinada teoria seja o resultado da análise dos mesmos. Sendo que o objetivo do estudo
passa por compreender de que forma é que a estrutura social e urbana e as suas caraterísticas
inerentes influenciam a ocorrência, ou não, de atividades criminais é aplicada a abordagem
indutiva de investigação. Para isso, é exigida a compreensão das circunstâncias de determinados
acontecimentos a ter em consideração para o estudo, procedendo-se à recolha de dados
qualitativos. (Saunders, Lewis, & Thornhill, 2009)

Stake (2010) distingue a abordagem qualitativa da quantitativa apontando a abordagem


qualitativa para a compreensão, cujo papel do investigador é reconhecido pela sua elevada
importância e apontando a abordagem quantitativa para a explicação, cujo papel do investigador
é de baixa relevância. (Stake, 2010)

Deste modo, a validade e veracidade dos dados qualitativos dependem “em grande
medida da perícia metodológica, sensibilidade e treino do avaliador”. (Patton, 1987, p.8)

45
Existem diversas estratégias de investigação, tais como a teoria fundamentada,
investigação documental, experimentação, etnografia, estudo de caso e inquéritos, e todas elas
possibilitam dar respostas às questões colocadas pelo investigador. (Saunders, Lewis, &
Thornhill, 2009)

De modo a sustentar toda a análise da pesquisa bibliográfica, a estratégia adotada no


presente estudo de investigação são os inquéritos de forma a que os dados interpretativos
possam ser quantitativos.
Malhotra (2001, p.68) define a pesquisa qualitativa como uma metodologia
“desestruturada e de natureza exploratória, baseada em amostras pequenas” que proporcionam
perceções e compreensão do contexto do problema e a pesquisa quantitativa como uma
metodologia “que procura quantificar os dados e aplica alguma forma de análise estatística”.
(Malhotra, 2001, p.155)

O questionário é reconhecido por ser uma técnica de investigação composta por um


conjunto de questões apresentadas por escrito cujo devem ser propostas a pessoas que
contribuam para aumentar determinado conhecimento na área a investigar. Algumas das
vantagens desta técnica de recolha de dados permitem, segundo Pinto (1995), são o facto de
permitirem atingir um vasto número de pessoas, assegurar o anonimato das respostas, não expor
os/as participantes à influência do/a investigador/a e permitir que o/a participante responda às
perguntas no momento que lhe for mais conveniente. (Pinto, 1995)
É de extrema importância o tipo de linguagem utilizado para que o/a participante
questionado não seja induzido em erro. Posto isto, é necessário haver um elevado cuidado na
formulação das questões, no seu conteúdo bem como na sua apresentação e respetiva ordem,
sendo que estas devem ser curtas e adequadas ao trabalho de investigação.
Posto isto, foi desenvolvido um questionário com 27 questões das quais 23 são de
resposta fechada e as restantes 4 de resposta aberta, de forma a obter respostas de maior
profundidade.
A pesquisa empírica teve as seguintes etapas: construção do inquérito; ajuste e revisão
do inquérito; aplicação do inquérito; recolha e tratamento dos dados; e análise dos resultados.
O questionário online foi a opção colocada em prática visto apresentar uma maior facilidade de
abranger mais pessoas de forma mais célere, apresentando-se este motivo como uma das
grandes vantagens deste tipo de questionário. Algumas das vantagens que este tipo de aplicação
apresenta são: o baixo custo (mesmo aplicado a pessoas de várias zonas geográficas), a

46
permissão das respostas em momentos que possam ser mais apropriados para os/as
inquiridos/as, a inexistência de qualquer tipo de influência por parte do pesquisador sobre o/a
respondente e a rentabilização do tempo, derivado das estatísticas rapidamente apresentadas.
Ainda assim, estão presentes também algumas desvantagens que devem ser relatadas, como: a
exclusão de pessoas que não tenham acesso a algum tipo de tecnologia, a inexistência de auxílio
por parte do pesquisador em relação a qualquer questão e a possibilidade de existir algum tipo
de subjetividade que não possa ser também clarificada.

4. Amostra e Participantes

Este inquérito teve como alvo a população em geral, de modo a percebermos as


diferenças entre habitantes de zonas rurais e zonas urbanas.
Da aplicação do inquérito online denominado de “A potenciação do crime promovida
pelo ambiente físico” foram obtidas no total 284 respostas.
O inquérito foi empregue através de contactos em redes sociais, como o Facebook e o
Whatsapp com o envio do link de acesso diretamente para os contactos e pessoas inquiridas,
solicitando também que estes enviassem para conhecidos e publicassem noutros locais de modo
a alargar e estender a amostra a um maior número de participantes como a várias zonas do país.
Assim, a amostra que participou neste inquérito é uma amostra por conveniência.
Começa-se por caracterizar os/as participantes ao nível sociodemográfico (tabela 2),
onde tendo em conta a faixa etária observa-se a predominância de inquiridos entre os 26 e os
35 anos (37,7%) e os 18 e os 25 anos (34,9%).
Relativamente ao sexo dos/as participantes, houve alguma desigualdade, sendo que o
sexo feminino se apresenta como mais participativo, com 181 mulheres (63,7%) perante o sexo
masculino, em que participaram 103 homens (36,3%).
Por fim, tendo em conta as cidades onde os inquiridos residem, conforme ainda indicado
na tabela 2, Vila Nova de Famalicão apresenta-se como aquela com mais representatividade
(105 dos 284 inquiridos).
Tabela 2 - Caracterização sociodemográfica dos participantes

Idade Frequência Percentagem


18-25 99 34,9 %
26-35 107 37,7 %
36-45 45 15,8 %
46-55 19 6,7 %
56-65 11 3,9 %
Mais de 65 3 1,1 %
Total 284 100%

47
Sexo Frequência Percentagem
Feminino 181 63,7 %
Masculino 103 36,3 %
Total 284 100 %

Cidade em que reside Frequência Percentagem


Vila Nova de 105 36,97 %
Famalicão
Barcelos 59 20,77 %
Braga 18 6,34 %
Póvoa de Varzim 15 5,28 %
Guimarães 12 4,23 %
Porto 11 3,87 %
Santo Tirso 9 3,17 %
Vila do Conde 8 2,82 %
Esposende 6 2,11 %
Maia 5 1,76 %
Lisboa 4 1,41 %
Faro 4 1,41 %
Trofa 4 1,41 %
Gondomar 3 1,06 %
Aveiro 3 1,06 %
Matosinhos 2 0,70 %
Vila Nova de Gaia 2 0,70 %
Coimbra 1 0,35 %
Santa Maria da Feira 1 0,35 %
Lagos 1 0,35 %
Quarteira 1 0,35 %
Ovar 1 0,35 %
Marco de Canaveses 1 0,35 %
Salvaterra de Magos 1 0,35 %
Viseu 1 0,35 %
Sintra 1 0,35 %
Mafra 1 0,35 %
Seixal 1 0,35 %
Vizela 1 0,35 %
Viana do Castelo 1 0,35 %
Vila Real 1 0,35 %
Total 284 100 %

5. Procedimento

Nesta investigação, foi aplicado um inquérito com o objetivo de avaliar as


características existentes bem como a perceção por parte dos/as cidadãos/ãs em relação aos seus
locais de habitação e de que forma o seu sentimento de segurança é ou não alterado e
influenciado.

48
O inquérito foi criado a partir da plataforma Google Forms, no Google Docs, sendo
partilhado através das redes sociais, como o Facebook e o Whatsapp.
Como introdução e solicitação de respostas ao inquérito, foi mencionado que se trata de
uma investigação para a realização de uma Dissertação de Mestrado em Criminologia. Foi
também mencionado que se tratava de respostas anónimas, assegurando o sigilo dos dados
recolhidos, e que ao responderem, os/as participantes estariam a dar o consentimento para a
utilização das respostas para fins académicos.

49
6. Resultados

No âmbito da investigação, e considerando o inquérito aplicado enquanto instrumento


de recolha de dados, foi possível verificar os seguintes objetivos: comparação e perceção de
existência de relatos de ocorrências criminais em contexto urbano e rural, experiências
criminais, a perceção em relação ao sentimento de segurança das pessoas bem como em relação
à segurança “trabalhada” pelos municípios, perceção das características locais e as práticas
comuns que possam ou não prevenir as ações criminais ou deixar algum local mais vulnerável
a tal ação e o nível de confiança e de importância que as pessoas atribuem às forças de
segurança.

6.1 Apresentação dos Resultados

Os resultados apresentados nesta secção resultam da recolha de dados de 284


inquiridos/as, e de uma análise quantitativa para analisar as hipóteses a testar e os objetivos
traçados para o estudo desta temática.

Em relação à zona de habitação, como demonstrado na tabela 3, verifica-se que a zona


urbana (incluindo centro urbano e periferias urbanas) é a zona que mais se faz representar, com
189 dos inquiridos/as a confirmarem que vivem nessa zona (66,5%), enquanto se constata que
95 vivem numa zona considerada como rural (33,5%).

Tabela 3 - Tendo em conta onde vive, identifique se habita numa zona urbana ou numa zona rural.

Frequência Percentagem
Zona urbana 189 66,5 %
Zona Rural 95 33,5 %
Total 284 100 %

Observa-se que relativamente às pessoas que vivem em zona urbana, como demonstrado
na tabela 4, a maioria (107 dos/as 189 respondentes, que correspondem a 56,6%) habitam em
zonas periféricas em relação aos centros urbanos, com estes a apresentarem 82 dos/as habitantes
(43,4%).

50
Tabela 4 - Se vive numa zona urbana, indique em que tipologia se enquadra a sua zona de habitação.

Frequência Percentagem
Centro urbano 82 43,4 %
Periferias urbana 107 56,6 %
Total 189 100 %

Observando as seguintes tabelas tabela 5 e 6, existe uma conexão entre conhecimento


de relatos de ocorrências criminais bem como de experienciação de atos criminais. Desta forma,
na Tabela 5, através dos dados recolhidos conseguimos observar que da totalidade dos/as
inquiridos/as, 161 (56,7%) negam que na sua zona de habitação tenham conhecimento de
existência de relatos de ocorrências criminais, com os restantes 123 (43,3%) a afirmarem que
sim. Dentro das respostas positivas observa-se que a grande maioria habita em zonas urbanas,
101 participantes.

Tabela 5 - Na zona onde habita, tem conhecimento de que existem relatos de ocorrências criminais?

Frequência Percentagem
Sim 123 43,3 %
Não 161 56,7 %
Total 284 100 %

Zona urbana 101 35,6 %


Relatos de ocorrências
criminais por zona Zona rural 22 7,7 %
Total 123 43,3 %

Seguindo o mesmo raciocínio, e analisando para a tabela 6, verifica-se que a experiência


de algum tipo de ato criminal é diminuta quando comparada à não experiência. (225 pessoas
que correspondem a 79,2% não experienciaram algum tipo de ato criminal contra 59, que
corresponde a 20,8% que já experienciaram).

Tabela 6 - Já experienciou algum tipo de ato criminal?

Frequência Percentagem
Sim 59 20,8 %
Não 225 79,2 %
Total 284 100 %

Relativamente aos/às inquiridos/as que responderam que já experienciaram algum tipo


de ato criminal, descrevem, como indicado nas tabelas 7 e 8, o período do dia e o local onde

51
esse ato aconteceu. Assim, se em relação ao período diário, notámos algum equilíbrio, com a
“Noite” a apresentar uma percentagem superior em 11,8% em relação ao período diurno. No
que diz respeito ao local do acontecimento, claramente, a zona urbana afasta-se em números
altos relativamente à zona rural (94,9% na totalidade da zona urbana contra 5,1% na zona rural).
Dentro ainda da zona urbana, há a divisão entre acontecimentos em centro urbano (39
inquiridos/as, correspondentes a 66,1%) ou em periferias urbanas (17 inquiridos/as,
correspondentes a 28,8%), com os primeiros também a apresentarem números muito superiores
comparados com os segundos.

Tabela 7 - Se a resposta anterior for "Sim", indique em que período do dia aconteceu.

Frequência Percentagem
Dia 26 44,1 %
Noite 33 55,9 %
Total 59 100 %

Tabela 8 - Se já experienciou um ato criminal, indique em que tipo de local aconteceu esse ato.

Frequência Percentagem
Centro urbano 39 66,1 %
Periferia urbana 17 28,8 %
Meio rural 3 5,1%
Total 59 100 %

Constata-se que existe uma diferença significativa entre a sensação de segurança


relativamente ao período diurno em comparação com o período noturno, como demonstram as
tabelas 9 e 10, respetivamente.
Se durante o dia, 272 dos/as 284 inquiridos/as confirmam que se sentem seguros/as
enquanto caminham, o que equivale a 95,8%, estes valores sofrem várias alterações com a
mesma questão, mas durante a noite, com a redução da percentagem em 28,2%, apresentando
assim o número de 192 pessoas (67,6%) que se sentem seguras enquanto caminham de noite na
zona envolvente às suas habitações contra as 92 (32,4%) que não se sentem seguras.

Tabela 9 - Sente-se seguro enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua habitação durante
o dia?

Frequência Percentagem
Sim 272 95,8 %
Não 12 4,2 %
Total 284 100 %

52
Tabela 10 - Sente-se seguro(a) enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua habitação
durante a noite?

Frequência Percentagem
Sim 192 67,6 %
Não 92 32,4 %
Total 284 100 %

De forma a apurar quais as características de um determinado lugar que colocam o


sentimento de segurança das pessoas em causa coloca-se em prática as questões referidas nos
quadros seguintes, referentes às tabelas 11 e 12. Assim, em termos de insegurança, os/as
inquiridos/as afirmam que ela existe em alguns locais em que possam circular, com 196 pessoas
a afirmarem essa situação (69%).
Desse modo, as pessoas que referiram sentir essa insegurança foram convidadas a
partilhar quais as características presentes em determinado local que lhes apresenta um maior
risco e uma sensação de não segurança. A iluminação é uma das respostas mais obtidas, com
171 das 202 pessoas (84,7%) a afirmarem que a pouca iluminação existente num determinado
local coloca o sentimento de segurança em causa. De seguida, a falta de patrulhamento (44,6%)
e a existência de sinais de vandalismo (39,6%) aproximam-se em termos de características
indesejáveis. Próximo delas está também a aglomeração de grupos de pessoas desconhecidas
(não moradores) com 35,6%.
Também a opção “Outras” foi assinalada, por 9 inquiridos/as, correspondentes a 4,5%
e que mencionaram as seguintes características: “Bairros onde habitam povos de outras etnias”
(4 inquiridos/as, 2%); “Zonas conhecidas por serem perigosas” (2 inquiridos/a, 1%); “Locais
sem visibilidade” (1 inquirido/a, 0,5%); “Zonas sem residentes” (1 inquirido/a, 0,5%);
“Incivilidades e ruas mais estreitas” (1 inquirido/a, 0,5%);

Tabela 11 - Sente insegurança ao circular em algumas zonas?

Frequência Percentagem
Sim 196 69 %
Não 88 31 %
Total 284 100 %

53
Tabela 12 - Se sim, indique quais as características físicas do local que promovem o sentimento de
insegurança (poderá selecionar mais do que uma opção)

Frequência Percentagem Total


Pouca iluminação 171 84,7 % 202 (100%)
Inexistência de patrulhamento policial 90 44,6 % 202 (100%)
Existência de sinais de vandalismo 80 39,6 % 202 (100%)
Aglomeração de grupos de pessoas
72 35,6 % 202 (100%)
desconhecidas (não moradores)
Outras: Quais? 9 4,5 % 202 (100%)

Relativamente às questões relacionadas com as características, como é observável na


tabela 13, que na opinião dos/as inquiridos/as, são fundamentais para a melhoria da segurança
de uma determinada comunidade, a “Manutenção e preservação dos espaços pertencentes à
comunidade por parte da população” (assinalada 167 vezes, correspondente a 58,8%), as “boas
relações existentes entre indivíduos pertencentes a uma comunidade (entrosamento
comunitário)” (162 vezes assinalada, correspondente a 57%) e a “Comunicação constante entre
população e forças policiais” (161 vezes assinalada, correspondente a 56,7%) são aquelas que
se apresentam como mais fulcrais para quem respondeu. A “utilização dos locais envolventes
por parte da população” foi a menos assinalada das indicadas com 39,8%. Existiram ainda 4
respostas assinaladas como “Outras” que pretenderam incluir características não mencionadas
nas respostas, como: “A não desvalorização de alguns comportamentos e atitudes machistas na
rua que interferem com o sentimento de segurança das mulheres” (1 resposta, 0,4%); “A
diminuição da desigualdade social” (1 resposta, 0,4%); “A desagregação de determinadas
comunidades” (1 resposta, 0,4%); e “Educação e inclusão” (1 resposta, 0,4%);

Tabela 13 - De entre as características abaixo elencadas, na sua opinião, quais considera como
fundamentais para a melhoria da segurança de uma determinada comunidade? Indique pelo menos
duas.

Frequência Percentagem Total


Manutenção e preservação dos espaços
pertencentes à comunidade por parte da 167 58,8 % 284 (100%)
população
Boas relações existentes entre indivíduos
pertencentes a uma comunidade (entrosamento 162 57 % 284 (100%)
comunitário)
Utilização dos locais envolventes por parte da
113 39,8 % 284 (100%)
população (ex: atividades familiares)
Comunicação constante entre população e
161 56,7 % 284 (100%)
forças policiais
Outras: Quais? 4 1,6 % 284 (100%)

54
Nas tabelas 14, 15 e 16, há um fator comum: a questão da prevenção criminal e da sua
avaliação em termos de importância. Na tabela 14, é clara a referência sobre a importância da
prevenção criminal: 224 (78,9%) a classificarem a prevenção como extremamente importante,
54 (19%) como moderadamente importante e apenas 6 (2,1%) a considerarem pouco
importante. Nenhum dos/as inquiridos/as considerou a prevenção criminal como não
importante. As duas tabelas seguintes (tabela 15 e 16 respetivamente) apoiam-se também na
importância em fatores que podem contribuir para a prevenção criminal. A importância tanto
do policiamento de proximidade como da coesão social e pertença comunitária é evidente
(54,9% considera extremamente importante e 40,1% considera moderadamente importante), e
o segundo a apresentar também valores altos referentes à importância considerada (278
inquiridos acham moderadamente ou extremamente importante).

Tabela 14 - Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui à prevenção
criminal

Frequência Percentagem
0 – Nenhuma importância 0 0%
1 – Pouco importante 6 2,1 %
2 – Moderadamente importante 54 19 %
3 – Extremamente importante 224 78,9 %
Total 284 100 %

Tabela 15 - Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui ao policiamento de
proximidade.

Frequência Percentagem
0 – Nenhuma importância 1 0,4 %
1 – Pouco importante 13 4,6 %
2 – Moderadamente importante 114 40,1 %
3 – Extremamente importante 156 54,9 %
Total 284 100 %

Tabela 16 - Numa escala de 0 a 3, qual o nível de importância que atribui à coesão social e pertença
comunitária?

Frequência Percentagem
0 – Nenhuma importância 0 0%
1 – Pouco importante 6 2,1 %
2 – Moderadamente importante 117 41,2 %
3 – Extremamente importante 161 56,7 %
Total 284 100 %

55
Em relação ao nível da confiança que os/as inquiridos/as apontam às instituições
policiais portuguesas, como indicado na tabela 17, 68,7% dos/as inquiridos/as responderam ter
“Confiança moderada”, 13% consideram “Indiferente”, 10,6% afirmam “Confiar totalmente” e
7,7% responderam “Não há confiança” 22 dos 284 assinalaram a resposta “Não há confiança”
(7,7%).

Tabela 17 - Indique qual é o nível de confiança que tem nas instituições policiais portuguesas.

Frequência Percentagem
Não há confiança 22 7,7 %
Indiferente 37 13 %
Confiança moderada 195 68,7 %
Confiança total 30 10,6 %
Total 284 100 %

Tendo em conta a perceção em relação às atitudes que os/as inquiridos/as dizem tomar
de forma usual na sua zona de residência, dispostas na tabela 18, nota-se que a “Colocação de
lixo e objetos em locais destinados para o efeito” é aquela mais representada, com 267 das 284
(94%) respostas a assinalarem esta opção. A resposta “Manter-se alerta perante atos suspeitos”
vem em segundo plano com 158 respostas (55,6%), tal como “contribuição para o bem-estar
dos restantes indivíduos da comunidade” (50,7%). A “Comunicação a órgãos policiais de
situações ilícitas” apresentam uma taxa de resposta de 32,7% que equivale a 93 pessoas. A
opção “Nenhuma” foi selecionada apenas em 3 inquéritos (1,1%). Através da possibilidade
“Outras: Quais?” foram ainda dadas duas respostas: “Apoios aos sem-abrigo” (1) e a “Prática
de Desporto” (1) que equivalem em conjunto a 0,7%.

Tabela 18 - Das seguintes atitudes, quais coloca em prática usualmente na sua zona de
residência?

Frequência Percentagem Total


Colocação de lixo e objetos em locais
267 94 % 284 (100%)
destinados para o efeito
Contribuição para o bem-estar dos restantes
144 50,7 % 284 (100%)
indivíduos da comunidade
Manter-se alerta perante atos suspeitos 158 55,6 % 284 (100%)
Comunicação a órgãos policiais de situações
93 32,7 % 284 (100%)
ilícitas
Nenhuma 3 1,1 % 284 (100%)
Outras: Quais? 2 0,7 % 284 (100%)

56
Relativamente à observação de despejo de lixo e outros objetos em locais não destinados
para o efeito, tal como indicado na tabela 19, 191 pessoas (67,3%) responderam que existe na
sua zona de habitação, enquanto 92 dizem que “Não” (32,7%).

Tabela 19 - Na zona onde habita é normal observar situações em que existe lixo e outros
objetos despejados em locais não destinados para o efeito?

Frequência Percentagem
Sim 93 32,7 %
Não 191 67,3 %
Total 284 100 %

Tendo em conta os sinais de vandalismo, como demonstrado na tabela 20, 189 pessoas
(66,5%) respondem que evitariam passar num local próximo à sua habitação que apresentasse
tais sinais, enquanto 95 pessoas (33,5%) dizem que não evitariam.

Tabela 20- Se um determinado local próximo à sua habitação apresentar sinais de


vandalismo, será visto por si como um local de passagem a evitar?

Frequência Percentagem
Sim 189 66,5 %
Não 95 33,5 %
Total 284 100 %

Em relação aos circuitos de videovigilância, como indicado na tabela 21, 160 pessoas
(56,3%) afirmam que se sentem mais seguras em locais que possuam essa instalação, enquanto
102 dos/as inquiridos/as (35,9%) consideram irrelevante este tipo de vigilância. Os/As restantes
22 inquiridos/as (7,7%) dizem que “Não” quanto ao aumento de segurança em locais com
instalação de circuito de videovigilância.

Tabela 21- Sente-se mais seguro(a) em locais com instalação de circuito de videovigilância?

Frequência Percentagem
Sim 160 56,3 %
Não 22 7,7 %
Não relevante 102 35,9 %
Total 284 100 %

Partindo da perceção dos/as inquiridos/as em relação à atuação por parte dos seus
Municípios na prevenção Criminal, como referido na tabela 22, as opiniões dividem-se. Ainda

57
assim, a “atuação moderada” é a mais representativa (106 respostas, 37,3%), seguido da
“atuação mínima” com 25,7% (73 respondentes). Os/as inquiridos/as que responderam “Não
sei” representam 21,1%, enquanto os que responderam “Não atua” representa 8,8% (25
respostas). A resposta “atua significativamente” é a menos respondida, com 7%, relativos a 20
dos/as inquiridos/as.

Tabela 22 - Como classifica a atuação por parte do seu Município na Prevenção Criminal?

Frequência Percentagem
Não atua 25 8,8 %
Atua minimamente 73 25,7 %
Atua moderadamente 106 37,3 %
Atua significativamente 20 7%
Não sei 60 21,1 %
Total 284 100 %

Como indicado na tabela 23, e percebendo a conclusão que as pessoas tiram acerca da
sua sensação de segurança em relação à proteção que lhes é dada na sua área de residência, 195
dos/as 284 inquiridos/as (68,7%) afirmam que se sentem seguros/as, enquanto 89 (31,3%)
dizem não sentir segurança na sua zona de residência.

Tabela 23- Sente-se seguro(a) com a proteção que lhe é dada na sua área de residência?

Frequência Percentagem
Sim 195 68,7 %
Não 89 31,3 %
Total 284 100 %

Neste tópico, referido na tabela 24, foi dado aos/às inquiridos/as a possibilidade de
sugerirem ações passíveis de aumentar a segurança nas suas zonas de residência.
A maior parte dos/as inquiridos/as que responde às sugestões de ações para aumentar a
segurança na sua área de residência destaca a importância de um maior
policiamento/patrulhamento e uma maior iluminação. Outras respostas incluem também a
sugestão de instalação de circuitos de videovigilância, a melhoria do contacto entre órgãos
policiais e a população, a redução do desemprego com a consequente melhoria das condições
económicas das pessoas, a manutenção das zonas envolventes, a criação de zonas de lazer, o
maior diálogo entre moradores, a união entre pessoas e autarcas, o movimento social mais
frequente, a melhoria das ruas mais escondidas (reconstrução de edifícios abandonados), o

58
direcionar os órgãos policiais para atividades de prevenção criminal ao invés de os direcionar
para ações menos importantes como por exemplo a aplicação de multas de estacionamento, a
diminuição da desvalorização da queixa por parte da polícia (casos de assédio, por exemplo) e
a reabilitação de espaços afamados como perigosos.

Tabela 24- O que sugere para um possível aumento de segurança na zona onde habita?

Frequência Percentagem
Total de respostas 130 45,7 %
Total de inquiridos/as 284 100 %

Análise comparativa do contexto urbano e rural

Analisando a tabela 25, e através dos dados recolhidos percebe-se que acerca da
classificação em termos de existência de policiamento no local onde os/as inquiridos/as habitam
as opiniões acabam por se dividir, ainda que em relação à existência de muito policiamento a
resposta seja baixíssima, com 7 das 284 pessoas a assinalarem essa opção, o que corresponde a
apenas 2,5%. As pessoas que acham que o policiamento existente é suficiente representam
33,1%. Chegámos então à análise da falta de policiamento ou policiamento insuficiente, que
acabam por ser um possível fator negativo do contexto preventivo e que nesta pesquisa
apresentam valores altos, com 183 dos/as 284 inquiridos/as a responderem que no seu local de
habitação o policiamento é insuficiente ou não existe, representando 64,4% da totalidade.
Dividindo estes valores o policiamento insuficiente atinge os 34,9% (99 inquiridos/as) e a
inexistência de policiamento os 29,6% (84 dos/as inquiridos/as).
Após isto, passámos à divisão destas respostas em relação ao contexto urbano e ao
contexto rural. Se em relação à existência de muito policiamento a divisão é equilibrada, com
1,4% das respostas a tratar de habitantes da zona urbana e 1,1% de habitantes da zona rural, na
questão relativa ao policiamento considerado como suficiente, a maior parte das respostas
advém de pessoas que habitam em zonas urbanas (25% dos 33,1% que assinalaram esta
resposta) enquanto as pessoas que habitam no meio rural e selecionaram esta resposta ficam
nos 8,1%. Falando da opinião em relação à insuficiência do policiamento existente, os números
acabam por também apresentar a mesma linha, com 26,8% dos habitantes da zona urbana a
selecionaram esta resposta em relação aos 8,1% dos habitantes das zonas rurais.

59
Por fim, a falta de policiamento apresenta números equilibrados entre os dois contextos.
Os habitantes rurais que selecionaram a opção “Não há policiamento” representam 13% dos/as
inquiridos/as, enquanto os habitantes da zona urbana representam 13%.

Tabela 25- Em relação ao local onde habita, como classifica a existência de policiamento?

Frequência Percentagem
Existe muito
(1) 7 2,5 %
policiamento
Existe policiamento
(2) 94 33,1 %
suficiente
O policiamento
(3) 99 34,9 %
existente é insuficiente
Não há policiamento (4) 84 29,6 %
Total 284 100%

Zona urbana 4 1,4 %


(1) Zona rural 3 1,1 %
Total 7 2,5 %

Zona urbana 71 25 %
(2) Zona rural 23 8,1 %
Total 94 33,1 %

Zona urbana 76 26,8 %


(3) Zona rural 23 8,1 %
Total 99 34,9 %

Zona urbana 37 13 %
(4) Zona rural 47 16,6 %
Total 84 29,6 %

Concluindo o inquérito, a questão debruçou-se sobre um “resumo” acerca da sensação


de segurança sentida pelos inquiridos/as em relação a tudo o que foi mencionado, como é
indicado na tabela 26.
Da totalidade dos/as inquiridos/as 60,9% afirmam que não percecionam nenhum tipo de
segurança nem insegurança. De seguida, apresentam-se 33,5% que afirmam sentir-se
completamente seguros. A sensação de medo e insegurança surge em último lugar com 5,6%
das respostas.
Observa-se que dos/as 60,9% inquiridos/as que afirmam não ter perceção de segurança
ou insegurança, 39,4% vivem em zona urbana e 21,5% vivem em zona rural. Dos/as 33,5% que
se sentem totalmente seguros/as, 23,6% vivem em zona urbana e 9,9% em zona rural.

60
Concluindo com a minoria, dos/as 5,6% inquiridos/as que se sentem inseguros/as, 3,5%
habitam em contexto urbano e 2,1% em contexto rural.

Tabela 26 - Tendo em conta aquilo que foi abordado na totalidade deste questionário, classifique de 1
a 3 a sua sensação de segurança relativamente ao local onde vive e a todas as características que
o(a) rodeiam.

Frequência Percentagem
1 – Sensação de medo e
(1) 16 5,6 %
insegurança
2 – Sem perceção de
segurança ou (2) 173 60,9 %
insegurança
3 – Sensação de
(3) 95 33,5 %
completa segurança
Total 284 100%

Zona urbana 10 3,5 %


(1) Zona rural 6 2,1 %
Total 16 5,6 %

Zona urbana 112 39,4 %


(2) Zona rural 61 21,5 %
Total 173 60,9 %

Zona urbana 67 23,6 %


(3) Zona rural 28 9,9 %
Total 95 33,5 %

61
7. Discussão dos Resultados

A qualidade de vida das pessoas é uma das garantias pelas quais se deve trabalhar. A
aplicação de todas as medidas possíveis para atingirmos esse fim devem ser estudadas,
percebidas e por fim praticadas. Essa questão não é dependente apenas de uma instituição,
órgão, pessoa ou governante. É um trabalho coletivo, que deve ser garantido sim por quem nos
governa. Ainda assim, e para lá chegarmos, é necessário que a população seja ouvida,
percebida, colocada em estudo, através de questionamentos que permitam perceber o que pode
falhar, onde pode falhar e como se pode dar a volta. Só depois dessa perceção social, partir-se-
á para a prática e para a aplicação de medidas, que será da responsabilidade dos órgãos de
polícia, de forma a salvaguardar os direitos humanos e com isso aumentar a capacidade de
resposta a problemáticas que aparecerão sempre reinventadas, mas que quanto maior for o
historial de estudo sobre elas, mais serão eficazes as políticas aplicáveis. E esta pesquisa tem
em conta um questionamento social, ainda que não atinja num número elevado de pessoas, mas
numa amostragem que permite tirar várias conclusões, com muitas delas a irem ao encontro
daquilo que é dito na análise teórica e defendida ao longo desta Dissertação.
Deste modo, e olhando para aquilo que se pode retirar do inquérito aplicado, existem
ainda muitas características que em contextos urbanos principalmente falham e que colocam
em causa aquilo que as pessoas possam sentir durante o seu dia-a-dia. Falando acerca da
abordagem da prevenção comunitária, defendida e teorizada por Tonry & Farrington (1995)
que parte sobretudo das condições apresentadas em determinadas áreas e locais, levando a que
caso estas se apresentem com défices poderão levar a um caminho diferente do pretendido, com
o enfraquecimento das questões preventivas e legislativas e em sentido contrário com o
aumento da possibilidade criminal. Seguindo esta lógica, e tendo em conta aquilo que é
observável em termos de análise de resultados, os/as inquiridos/as abordam alguns destes
défices em termos de características dos locais que os/as envolve. Duas das situações que mais
vezes foram colocadas em causa, foi a questão da iluminação que apresentou valores sempre
muito altos de resposta, quer em situações em que se pede que caracterizem aspetos que lhes
transmita um sentimento de insegurança bem como no caracterizar os locais onde vivem.
Quando questionados sobre características que lhes transmitem sentimentos de insegurança em
determinados locais, no total dos/as 284 inquiridos/as, 171 referiram a “Pouca iluminação”
como o principal fator, o que equivale a 84,7%. Se utilizarmos a teoria da prevenção situacional
do crime, preconizada por R. Clarke percebe que se pode estar perante uma possível falha
preventiva, já que esta abordagem afirma que esta é uma das técnicas mais utilizadas, através

62
da criação de maior visibilidade em espaços que necessitem, através da colocação de maior
iluminação ou circuitos de videovigilância. Desta forma, a questão da iluminação é um
potencial para o crime, visto que caso esta seja deficiente ou inexistente, a possibilidade
criminal aumenta dado o menor risco de ser “observável”. Será por isto que também, tendo em
conta as questões que se colocam em relação às pessoas se sentirem seguras enquanto
caminham sozinhas durante o dia ou durante a noite na zona envolvente às suas habitações leva
a uma conclusão interessante. Na primeira questão, durante o dia, 95,8% das pessoas confirmam
sentirem-se seguras enquanto caminha sozinhas na sua zona, mas quando a questão se mantém
e se muda o período, questionando sobre a noite, há uma mudança que considerada alta em
relação ao sentimento de segurança das mesmas pessoas. Assim, observámos que de noite o
número passa das 272 para 192 que se sentem seguras enquanto caminham sozinhas. Isto está,
com certeza, relacionado com a questão da iluminação, já que evidentemente de noite a
iluminação é muito mais necessária visto que de dia acaba-se por ter um contexto natural que
o permite. É muito por aqui que nas sugestões em relação a características que podem ser
adotadas nos locais envolventes às habitações pelos/as inquiridos/as de forma a tornar os locais
mais seguros a questão da iluminação volta a ser uma das mais respondidas, neste caso com 42
das 130 sugestões a incluírem a questão do aumento da iluminação. Apresenta-se como uma
problemática que deve ser contornada, sabendo que muito do crime se aproveita de lugares
vulneráveis em termos de visibilidade para se poder promover.
Outra das questões que envolve uma característica em falha caracterizada pelas pessoas
é a questão do policiamento e patrulhamento. Dentro da nomeação de características que
colocam o sentimento de insegurança em alerta, as pessoas escolhem a falta de policiamento
em determinados locais, o que não lhes possibilita sentirem-se seguros. Olhando para os
números, 90 dos/as inquiridos/as (44,6%) relatam que a inexistência de patrulhamento policial
é a característica que mais coloca em causa o seu sentido de segurança, situação essa que tal
como defende R. Clarke na prevenção situacional do crime é função dos órgãos estatais em
garantir essa capacidade de gerar reforço. O número aumenta quando se tenta perceber o que é
que as pessoas pensam e sugerem para um aumento se segurança na sua zona de habitação, com
números claros: 67 das 130 respostas referem que deveria existir mais
policiamento/patrulhamento nas suas zonas. Desta forma, e dada a perceção que as pessoas tem
quanto à não existência ou insuficiência de policiamento, já que nas suas classificações de
policiamento em relação às zonas onde habitam, 99 pessoas (34,9%) e 84 (29,6%) pessoas
afirmam a insuficiência do policiamento existente e a não existência de policiamento,
respetivamente, notámos um défice de resposta a este nível que pode colocar em causa não só

63
a segurança (objetiva) e o sentimento da mesma (subjetiva), bem como a confiança nos órgãos
competentes.
Mais grave se torna, quando observámos em que contexto os/as inquiridos/as habitam,
com grande parte destas respostas a surgirem através de pessoas que habitam em zonas urbanas
(quer cidades quer periferias), o que tendo em conta a multiplicidade de fatores que as zonas
urbanas propiciam, que ao longo deste trabalho foi mencionado e que criam problemáticas
variadas no contexto urbano permitem perceber que não há capacidade para prevenir as
diferentes possibilidades criminais.
É através deste registo que a confiança precisa e necessária da população em relação
aos órgãos de polícia é abalada e coloca em causa a questão do policiamento comunitário, já
que este tem como base a aproximação entre polícia e comunidade. São preocupantes os
números em relação à confiança que as pessoas depositam nas instituições policiais, sendo que
20,7% estão localizados dentro das seleções “Não há confiança” e “Indiferente”, com 68,7% a
considerarem que “Confiam moderadamente” e 10,6% que “Confiam totalmente”. Numa ótica
de caminho rumo ao que se pretende estes últimos valores estariam trocados, ou seja, o confiar
moderadamente não deixa de ser um mau sinal, já que existe sempre uma certa desconfiança
acerca da capacidade das mesmas instituições, e quando a confiança total se debruça apenas
sobre estes valores percebe-se que se está perante mais uma falha que não ajuda em nada o
modelo preventivo e consequentemente que não se possa aumentar a qualidade de vida e
segurança das pessoas.
Observámos a continuidade deste processo em relação à questão que se colocam às
pessoas, acerca da atuação por parte dos seus Municípios na prevenção criminal, onde 21,1%
afirma não saber responder a esta questão, o que indica que não há uma atuação observável, ou
pelo menos em quantidade considerável nesta temática, o que associado aos 8,8% que
responderam que o seu Município não atua, e os 25,7% que afirmam que o seu Município atua
minimamente, sendo esta uma percentagem alarmante, na casa dos 55,6% que indicam que o
trabalho preventivo possa não estar a ser feito com a quantidade e qualidade esperada para
garantir uma sociedade segura. Agrava-se ainda quando na opinião das pessoas inquiridas a
prevenção criminal é considerada como extremamente importante para 78,9%.
A zona urbana é colocada em causa com as questões acima mencionadas, ainda mais
reforçada pelos dados obtidos em relação aos relatos de ocorrências criminais pelos/as
inquiridos/as, visto que das 123 (43,3%) pessoas que afirmaram ter conhecimento, 101 são
habitantes de zonas urbanas (35,6%). O histórico mantém-se quanto às experiências criminais,

64
com 94,9% das pessoas que indicam ter experienciado ações criminais ou terem presenciado
em ambientes urbanos.
Conclui-se ainda com dados importantes e problemáticos, já que em relação à questão
final 60,9% das pessoas afirmam não ter qualquer tipo de perceção de segurança ou
insegurança, o que pode indicar ser uma linha muito ténue entre o bem-estar e a possibilidade
criminal, colocando em causa a sociedade e a sua qualidade de vida.
Seria de esperar que os valores apresentados em 33,5% relativamente à sensação de
completa segurança fossem maiores, já que só dessa forma se pode providenciar aquilo que se
espera para a nossa sociedade atual: SEGURANÇA.

65
CONCLUSÕES

Numa fase inicial, percebe-se a importância que a prevenção e as ações associadas a


esta passam a ter em relação ao olhar sobre o crime. Ao longo dos tempos, com o decorrer de
várias teorias, chega-se à ilação de que há uma importância gradual atribuída aquilo que é o
tratamento e a perceção do crime pelo meio preventivo.
Seguindo essa lógica, e observando aquilo que é dito por vários autores, incluindo os
pertencentes à Escola de Chicago, que foi uma das grandes impulsionadoras desta forma de
tratamento do meio criminal, constata-se que o meio urbano é aquele que se apresenta como
prioritário, quer no estudo quer na aplicação de estratégias preventivas, devido ao facto de se
apresentar como um local excessivamente composto por aglomerados e uma densidade
populacional não sustentável que leva a várias separações sociais e culturais, que tem como
resultado não só um problemático afastamento social bem como individual, resultando como
consequência a perceção de vida individual e não comunitária, onde cada sujeito olha para
aquilo que é o seu bem sempre primeiro e com total importância sobre aquilo que possa ser o
bem comunitário e daqueles que o rodeiam e acabam por fazer parte do seu meio.
Assim, e dando continuidade ao mencionado, o trabalho em torno da prevenção criminal
é da responsabilidade de todos, devendo a conexão entre a sociedade e todas as instâncias
responsáveis pela criminalidade e sua prevenção ser a maior possível, com uma aplicação
constante daquilo que são as estratégias do indivíduo e das forças de segurança de modo a que
o resultado final seja o mais aproximado possível aquilo que se pretende.
Parte das estratégias principais, que como percecionado, devem ser aplicadas, são
aquelas que mais sucesso podem ter neste tipo de contexto passando pela questão da
oportunidade criminal, ou seja, o facto de através da manipulação da estrutura ambiental ser
possível e alcançável reduzir a oportunidade para o crime, criando o maior número de
obstáculos possíveis para o mesmo. Isto acontece porque ao reduzirmos essa oportunidade, e
sendo a grande maioria dos crimes cometidos de modo racional, isto é, de forma premeditada,
leva a que o possível infrator calcule os prejuízos que possa ter e por isso desista do
cometimento do ato.
Apresenta-se como primordial e vital a questão da segurança e principalmente do
sentimento agregado a esta, já que o mesmo não se refere apenas à existência ou não de crime,
mas sim a tudo o que isso envolve, de como os locais se apresentam, de como está garantida
qualquer situação por parte dos órgãos criminais, se é realizada, presenciada e verificada a
atuação premeditada e preparada por parte destes para qualquer situação que se desenvolva e

66
que possa colocar em causa a estrutura social. Este sentimento de segurança é fundamental para
o bem-estar individual e social.
O crime nunca se extinguirá, dada a evolução normal da sociedade e da aplicação do
mesmo, que encontrará sempre uma variabilidade e imprevisibilidade de fatores que lhe
permitam continuar a ser executado, ainda assim, cabe à sociedade de forma também evolutiva
e atenta perceber aquilo que se apresenta como fator de risco e através da prevenção antecipar-
se de modo a reduzir danos e a permitir às sociedades, quer atuais quer às que aí vem,
capacidade de segurança e bem-estar.

67
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74
ANEXOS

Anexo 1 – Questionário

A potenciação do crime promovida pelo ambiente físico

Eu, João Miguel Aguiar Sampaio, venho pedir a sua atenção e a contribuição para o
questionário a seguir apresentado.

Este questionário faz parte de uma investigação no âmbito de uma dissertação de


Mestrado em Criminologia, realizada no Instituto Universitário da Maia (ISMAI), com a
orientação do Professor Doutor Fernando da Costa Gonçalves e da Professora Cátia Pontedeira.

Esta investigação tem como objetivo compreender como é que o crime pode ser
prevenido em contexto urbano considerando as características físicas dos locais.

O preenchimento deste questionário é anónimo, sendo assegurada a confidencialidade


dos dados recolhidos. Estes dados serão utilizados somente para fins relacionados com este
estudo académico. Ao responder ao questionário, estará a dar consentimento para o uso dos
referidos dados.

Desde já agradeço a participação, já que esta é muito importante para o sucesso da


investigação.

Questões de investigação:

Q1: Os/As cidadãos/ãs sentem-se seguros/as dentro dos seus meios habitacionais?
Q2 : O policiamento é considerado importante para a população?
Q3 : A população tem perceção da importância da prevenção criminal?
Q4 : As pessoas têm hábitos que promovam espaços que transmitam um maior
sentimento de segurança?
Q5 : A população está satisfeita com a segurança pública?

75
Questionário:

Idade

• 18-25
• 26-35
• 36-45
• 46-55
• 56-65
• Mais de 65

Sexo

• Feminino
• Masculino
• Prefere não responder

Cidade em que reside

Tendo em conta a zona onde vive, identifique se habita numa zona urbana ou numa
zona rural.

• Zona urbana; (cidades ou periferias)


• Zona rural; (zonas não urbanizadas)

76
Se vive numa zona urbana, indique em que tipologia se enquadra a sua zona de
habitação.
• Centro urbano (cidade)
• Periferias urbanas (freguesias nas redondezas da cidade, por exemplo)

Na zona onde habita, tem conhecimento de que existem relatos de ocorrências


criminais?
• Sim
• Não

Já experienciou algum tipo de ato criminal?


• Sim
• Não

Se a resposta anterior for “Sim”, indique em que período do dia aconteceu.


• Dia
• Noite

Se já experienciou um ato criminal, indique em que tipo de local aconteceu esse


ato:
• Centro urbano;
• Periferia urbanas;
• Meio rural;

Sente-se seguro(a) enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua


habitação durante o dia?
• Sim
• Não

77
Sente-se seguro(a) enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua
habitação durante a noite?
• Sim
• Não

Sente insegurança ao circular em algumas zonas?


• Sim
• Não

Se sim, indique quais as características físicas do local que promovem o sentimento


de insegurança (poderá selecionar mais do que uma opção):
• Pouca iluminação;
• Inexistência de patrulhamento policial;
• Existência de sinais de vandalismo;
• Aglomeração de grupos de pessoas desconhecidas (não moradores);
• Outras;

De entre as características abaixo elencadas, na sua opinião, quais considera como


fundamentais para a melhoria da segurança de uma determinada comunidade? Indique
pelo menos duas.
• Manutenção e preservação dos espaços pertencentes à comunidade por parte da
população;
• Boas relações existentes entre indivíduos pertencentes a uma comunidade
(entrosamento comunitário);
• A utilização dos locais envolventes por parte da população (por exemplo, atividades
familiares);
• Comunicação constante entre população e forças policiais;
• Outras;

78
Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui ao
policiamento de proximidade:
• 0 - Nenhuma importância;
• 1 – Pouco importante;
• 2 – Moderadamente importante;
• 3 – Extremamente importante;

Em relação ao local onde habita, como classifica a existência de policiamento?


• Existe muito policiamento;
• Existe o policiamento suficiente;
• O policiamento existente é insuficiente;
• Não há policiamento;

Indique qual é o nível de confiança que tem nas instituições policiais portuguesas:
• Não há confiança;
• Indiferente;
• Confiança moderada;
• Confiança total;

Numa escala de 0 a 3 qual o nível de importância que atribui à prevenção criminal?


• 0 - Nenhuma importância;
• 1 – Pouco importante;
• 2 – Moderadamente importante;
• 3 – Extremamente importante;

Numa escala de 0 a 3, qual o nível de importância que atribui à coesão social e


pertença comunitária?
• 0 - Nenhuma importância;
• 1 – Pouco importante;
• 2 – Moderadamente importante;
• 3 – Extremamente importante;

79
Das seguintes atitudes, quais coloca em prática usualmente na sua zona de
residência?
• Colocação de lixo e objetos em locais destinados ao efeito;
• Contribuição para o bem-estar dos restantes indivíduos da comunidade;
• Manter-se alerta perante atos suspeitos;
• Comunicação a órgãos policias de situações ilícitas;
• Outras; Quais?
• Nenhuma;
• Outras;

Se um determinado local próximo à sua habitação apresentar sinais de vandalismo,


será visto por si como um local de passagem a evitar?
• Sim
• Não

Na zona onde habita é normal observar situações em que existe lixo e outros objetos
despejados em locais não destinados para o efeito?

• Sim
• Não

Sente-se mais seguro(a) em locais com instalação de circuito de videovigilância?


• Sim;
• Não;
• Não relevante;

80
Como classifica a atuação por parte do seu Município na Prevenção Criminal?
• Não atua;
• Atua minimamente;
• Atua moderadamente;
• Atua significativamente;
• Não sei

Sente-se seguro(a) com a proteção que lhe é dada na sua área de residência?
• Sim
• Não

O que sugere para um possível aumento de segurança na zona onde habita?


Tendo em conta aquilo que foi abordado na totalidade deste questionário,


classifique de 1 a 3 a sua sensação de segurança relativamente ao local onde vive e a todas
as características que o(a) rodeiam:
• 1 – Sensação de medo e insegurança;
• 2 – Sem perceção de segurança ou insegurança;
• 3 – Sensação de completa segurança;

81

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