João Aguiar Sampaio - 28312
João Aguiar Sampaio - 28312
João Aguiar Sampaio - 28312
Janeiro 2021
DAS TEORIAS À PREVENÇÃO CRIMINAL
Janeiro 2021
AGRADECIMENTOS
i
RESUMO
Este estudo e pesquisa surge da necessidade de compreender a ligação entre aquilo que
é a estrutura social e toda a sua envolvente e de que modo esta é colocada em causa favorecendo
a criminalidade.
O crime surge como algo de negativo no sentido prático mas que acabou por ser ao
longo dos tempos uma ação permanente à qual a sociedade se acabou por habituar.
Ainda assim, tais ações são nocivas e quanto mais perpetradas mais em causa colocam
o sentido social e comunitário de uma sociedade.
Desta forma, a prevenção situa-se como uma ação fulcral na resposta ao crime,
apoiando-se nas características de locais, pessoas, vítimas ou autores para de uma forma
antecipada atuar perante uma possível aplicação criminal.
O foco neste trabalho cinge-se concretamente à questão do local, de modo a
percebermos como determinado sítio está ou não preparado para prevenir ou anular ações
criminais, e se não está, onde é que se poderá intervir para chegar ao objetivo pretendido.
A segurança vem no seguimento desse processo de prevenção, tendo em consideração
o sentimento de segurança ou insegurança dos indivíduos pertencentes a uma comunidade uma
vez que estes são parte integrante da solução ao zelarem e vigiarem os locais onde habitam.
Para chegarmos ao resultado final em termos de sentimento de segurança ou
insegurança, existe uma pluralidade de fatores que influenciam as pessoas, dentro dos locais e
das suas características, a forma como os órgãos responsáveis pela prevenção criminal tratam
a mesma e conseguem aplicar as estratégias de forma clara bem como o contributo que a própria
comunidade pode ter na prevenção criminal.
A prevenção criminal não é uma responsabilidade apenas da polícia, é uma
responsabilidade social, que envolve vários agentes, de forma hierarquizada começando nos
Estados, através dos Governos e órgãos denominados para o efeito e fundamentalmente nos
cidadãos e na forma como estes se conectam entre eles, com os espaços em que vivem e com
os órgãos de polícia criminal.
Palavras chave: crime, cidadão, lei, prevenção, segurança, ambiente, desenho urbano,
vigilância, policiamento.
ii
ABSTRACT
This study and research arise from the need to understand the link between what the
social structure and its entire environment is and how it is called into question is taken
advantage of by crime.
Crime appears as something negative in the practical sense, but it has turned out to be
over time a permanent action to which society has eventually become accustomed.
Still, such actions are harmful and the more perpetrated the more they call into question
the social and community sense of a given place, community or society.
Thus, prevention is situated as a central action in the response to crime, relying on the
characteristics of places, people, victims or perpetrators to act in advance in the face of a
possible criminal application.
The focus in this work is concretely limited to the question of the place, so that we
understand how a certain place is or is not prepared to prevent or annul criminal actions, and if
not, where can we intervene to achieve the intended objective.
Security comes in the wake of this prevention process, taking into account the feeling
of security or insecurity of individuals belonging to a community, since they are an integral part
of the solution when caring for and monitoring the places where they live.
To reach the final result in terms of a sense of security or insecurity, there is a plurality
of factors that influence people, within the places and their characteristics, the way the bodies
responsible for criminal prevention treat it and can apply the strategies clearly as well as the
response that the community itself can give to the preventive situation of criminal action.
Criminal prevention is not mainly directed as a responsibility of the police, it is a social
responsibility, which involves several agents, in a hierarchical way starting in the States and in
those who govern us, through the security forces and organ called for this purpose and
fundamental is this aid also, in the citizens and in the way they connect between them, with the
spaces in which they live and with the criminal police agencies.
iii
Índice
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... i
RESUMO ......................................................................................................................... ii
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
iv
6.2 Contratos Locais de Segurança .................................................................................. 29
6.3 Visibilidade Policial como Estratégia Preventiva do Crime ...................................... 30
6.4 Diagnósticos Locais de Segurança ............................................................................. 31
6.5 Sentimento de Segurança e o Planeamento Urbano ................................................... 32
1. OBJETIVOS..................................................................................................................... 44
1.1 Objetivos Gerais ......................................................................................................... 44
1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 44
3. Metodologia .................................................................................................................... 45
5. Procedimento .................................................................................................................... 48
6. Resultados ........................................................................................................................ 50
CONCLUSÕES .............................................................................................................. 66
ANEXOS ........................................................................................................................ 75
v
LISTA DE ABREVIATURAS
vi
LISTA DE FIGURAS
vii
LISTA DE TABELAS
viii
Tabela 19 - Na zona onde habita é normal observar situações em que existe lixo e outros objetos
despejados em locais não destinados para o efeito? ................................................................. 57
Tabela 20- Se um determinado local próximo à sua habitação apresentar sinais de vandalismo,
será visto por si como um local de passagem a evitar? ............................................................ 57
Tabela 21- Sente-se mais seguro(a) em locais com instalação de circuito de videovigilância?
.................................................................................................................................................. 57
Tabela 22 - Como classifica a atuação por parte do seu Município na Prevenção Criminal? . 58
Tabela 23- Sente-se seguro(a) com a proteção que lhe é dada na sua área de residência? ...... 58
Tabela 24- O que sugere para um possível aumento de segurança na zona onde habita? ....... 59
Tabela 25- Em relação ao local onde habita, como classifica a existência de policiamento?.. 60
Tabela 26 - Tendo em conta aquilo que foi abordado na totalidade deste questionário,
classifique de 1 a 3 a sua sensação de segurança relativamente ao local onde vive e a todas as
características que o(a) rodeiam. .............................................................................................. 61
ix
INTRODUÇÃO
O fator punição separa-se cada vez mais, com o avançar dos tempos, do fator crime
como o principal foco de resolução da questão criminal. Isto falando no sentido teórico, onde
se começa a atentar mais no sentido da prevenção antes da própria punição. Isto é, olha-se para
a capacidade de reduzir o crime separando-a cada vez mais da prioridade em puni-lo. Como
estudado e sublinhado ao longo deste trabalho, é possível que o delinquente/criminoso que seja
punido possa reincidir e não seja certo que vá ser dissuadido, levando assim a que se possa
pensar qual o peso da punição em determinado caso, se serve apenas para castigar ou para além
disso que leve a que o crime não volte a acontecer. Surge assim a ideia de que a prevenção do
crime pode ser trabalhada de forma a que a sua eficácia a separe cada vez mais da punição dos
infratores. (Jones, Newburn, & Smith, 1994)
E de que forma é que se pode reduzir ou anular a existência de um crime sem a
subjacente punição?
Prevenindo-o, fazer com que ele não aconteça ou que não tenha capacidade de se
alimentar de fatores que elevam o seu aparecimento, ou que pelo menos sejam amenizados
eventuais danos provocados.
Isto claro, sem nunca entrar numa linha de pensamento defensor de que a punição possa
ser totalmente apagada do nosso sistema e do nosso mundo, o que é impossível pois tal como
o crime nunca vai desaparecer, sendo o mesmo mutante nas suas mais variadas formas, o castigo
inerente à prática do mesmo estará assim sempre ligado e presente, funcionado como punição
para quem não respeita as normas e comete factos criminosos impossíveis de prevenir.
1
possam causar. Desde logo porque em termos populacionais a densidade aumenta, o que
diminui a ligação entre pessoas e com isso a relação social e comunitária. Dessa forma, e tendo
como exemplo uma cidade com vários prédios, onde as pessoas dão importância apenas ao seu
apartamento, no máximo ao seu prédio, faz com que o seu local, que é a extensão de terreno
que acaba por englobar toda aquela comunidade, seja colocada de lado, e se não há crime no
seu prédio, há crime ao lado da rua do mesmo, o que acaba por colocar em causa a comunidade
no geral. Assim, observa-se que o aumento populacional e o aparecimento de grandes
metrópoles em contexto urbano apresentam várias problemáticas e que podem colocar em causa
uma comunidade. A existência de um local onde a segurança seja nula ou mínima leva a que
esse mesmo local seja visto pela própria comunidade e sociedade como indesejável, o que faz
com que estas procurem outros espaços que lhes permitam ter uma melhor e maior qualidade
de vida, deixando assim o espaço que não lhes passava uma sensação de segurança “vazio” e
sujeito a ser tomado e usado para comportamentos criminais. Um baixo sentido de pertença é a
força de um possível ato criminal. (Silva, 2014)
A principal diferenciação dos espaços urbanos e dos espaços rurais e que levam a que
ambos se apresentem como completamente distintos, no diz respeito ao crime, é a densidade
populacional que se apresenta como uma das consequências do aparecimento da criminalidade
geradora de sentimento de insegurança, indo assim ao encontro daquilo que é defendido neste
trabalho.
Em termos percentuais, e observando aquilo que o World Urbanization Prospects das
Nações Unidas apresenta, atualmente, no ano de 2020, cerca de 56% da população mundial
reside em zonas urbanas, o que revela uma ascensão da população ao longo dos anos. Para
suportar ainda mais esse facto basta observar as estimativas dos próximos anos, como por
exemplo, para os anos de 2030 e 2050 com o primeiro a apresentar uma percentagem esperada
de 60,4% de residentes em meio urbano e o segundo a confirmar a tendência de subida para
68,4%. Estes números indicam que a questão criminal associada ao meio urbano poderá ter
tendência para crescer, seguindo por isso o crescimento populacional exponencial, o que traz
novos desafios e novos problemas que deverão ser acompanhados de forma evolutiva para
serem prevenidos, controlados e combatidos. (Nations, 2018)
Este trabalho foca-se sobretudo nessa perceção, sendo direcionado para aquilo que são
os centros urbanos e as dificuldades que estes colocam e a forma como essas adversidades
podem e devem ser ultrapassadas e resolvidas.
No presente trabalho serão tratadas diferentes abordagens e formas de tratamento desta
problemática, divididas por capítulos. No primeiro capítulo abordar-se-á a conceitualização da
2
prevenção criminal e das suas aplicações, de forma a percebermos mais a fundo aquilo que é a
prevenção criminal, nas mais variadas opiniões e estudos bem como a própria aplicação ao
longo dos tempos e estratégias adotadas e possíveis de adotar para dar continuidade à mesma.
Abordar-se-á também as teorias que ao longo dos anos foram suportando e cimentando a
questão da prevenção em contexto social e ambiental, dando-lhe com o avançar dos anos
importância crescente em relação ao tratamento e prevenção do crime. Será abordada a questão
do desenho ambiental e estrutural como forma de prevenção criminal, direcionado para o meio
urbano e a forma como não só a população nem os agentes das forças de segurança podem ser
importantes, mas como também o planeamento arquitetónico pode incidir sobre o crime.
Será relacionada a prevenção criminal com a lei e com as estratégias adotadas pelas
entidades competentes e governamentais para a aplicação das mesmas. Se no primeiro se
direciona o olhar para a lei propriamente dita, com a observação daquilo que é a prevenção
criminal e a sua possível aplicação no contexto social em termos de registo legislativo, no
segundo percebe-se e estuda-se as questões defendidas por programas realizados pelas
instâncias competentes de uma sociedade de forma a hierarquizar práticas aplicáveis de
prevenção do crime.
Será abordado o conceito de “Segurança”, tratando-a através da sua definição e de como
ela é empregue em diversos contextos e em diversas formas, explicitando também estratégias
assecuratórias da mesma através de diagnósticos e contratos locais de segurança.
Por último será abordado respetivamente os tipos de policiamento mais orientados para
a questão preventiva e a análise ao Relatório Anual de Segurança Interna do ano 2019 de modo
a percebermos a evolução desta problemática em contexto prático.
3
CAPITULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Tendo este trabalho como um dos focos principais a Prevenção Criminal, importa desde
logo ter em conta diferentes autores, perceber de que forma é interpretado este conceito, que
através do nome nos leva de imediato para uma explicação base, mas que acaba por ser bem
mais profundo que isso mesmo. Como tal, e seguindo aquilo que a própria nomenclatura nos
traduz, por prevenção entende-se tudo aquilo que se deseja que não aconteça de forma negativa
através de uma determinada ação que impede esse acontecimento. No contexto criminal, a
mesma lógica é seguida, e o objetivo é que para além da obstrução de uma ação negativa, esta
obstrução traduza na sociedade um sentimento de segurança e não a sensação contrária.
Ao longo dos tempos, a conceitualização desta temática foi abordada de diferentes
formas, desde a prevenção ser vista como resultado da aplicação da pena, ou seja, que
determinado criminoso tenha sido sancionado e essa penalização serve como inibição ao
mesmo ou a outros indivíduos numa possível ação criminal, ou aquela que acaba por ir ao
encontro das teorias mais recentes e daquilo que é defendido neste trabalho, a prevenção como
uma aplicação possível recorrendo a meios, instrumentos e medidas não penais, com a alteração
de um possível cenário criminal ou de um ambiente físico que esteja propenso a qualquer tipo
de atividade ilícita. (Gomes & de Molina, 2007)
Parte do problema social, a prevenção é acima de tudo uma função de todos para todos.
Ou seja, esta só acontece com a interligação comunitária para o bem social geral. Esta
interligação depende de todos os órgãos estatais e policiais, bem como das próprias pessoas.
O conceito de prevenção tem variabilidades infindáveis, que se focam na ação da própria
vítima, ou naquilo que pode ser qualificado ao seu redor e de uma comunidade em questão de
forma a que o crime seja reduzido ou impraticável. Nessa lógica, o conceito defendido pelo
National Crime Prevention Institute (NCPI ,2001), direciona a proteção prioritária para a vítima
através de uma antecipação sobre as questões que possam possibiltar um ato criminoso, de
forma a reduzir e se possível eliminá-lo.
4
como qualitativamente, quer através de medidas diretas de dissuasão de atividades criminosas,
quer através de políticas e intervenções destinadas a reduzir as potencialidades do crime e as
suas causas., incluindo o contributo dos governos, das autoridades competentes, dos serviços
de justiça criminal, de autoridades locais e de associações especializadas, de sectores privados
e voluntários, bem como de investigadores e do público, com o apoio dos meios de
comunicação"
A prevenção acaba por ter uma visão em sentido alargado, já que procura antecipar e
olhar para o tempo que está por vir e através de ações presentes evitar problemas futuros. (Dias,
2015)
Como se pode observar com uma publicação do National Crime Prevention Institute, a
prevenção como fator pertencente e diretamente ligado ao controlo direto do crime, sendo que
se realiza tendo em conta a redução de oportunidades ambientais para a ocorrência de um
possível ato criminoso. É apresentada, ainda de forma muito simplista, que a prevenção é vista
e adotada por vários países como uma antecipação, reconhecimento e avaliação de um risco de
crime e o início de uma ação de forma a tentar demovê-lo ou incapacitá-lo.
5
1.1 A Prevenção e as suas aplicações
“Não só é interesse comum que não sejam cometidos delitos, mas também que eles
sejam tanto mais raros quanto maior o mal que causam à sociedade. Portanto, devem ser mais
fortes os obstáculos que afastam os homens dos delitos na medida em que estes são contrários
ao bem comum e na medida dos impulsos que os levam a delinquir. Deve haver, pois, uma
proporção entre os delitos e as penas.” (Beccaria, 2009)
6
Beccaria que chega a defender que é mais acertado prevenir determinado crime do que punir
quem o comete. (Beccaria, 2009).
Tal como Ferri, que seguindo a ideia já anunciada por Trevor Jones, Tim Newburn &
David J.Smith, defendiam que a passagem da prevenção criminal de uma posição secundária
para uma posição primária era essencial já que a punição tinha um poder pouco ou nada eficaz
na diminuição da criminalidade ou na reincidência. (Ferri, 1897, cit. in Elias, 2008, p. 445).
Opondo estes dois conceitos, prevenção e punição, observa-se que um acaba por ir
contra o outro no sentido teórico. Se há prevenção, a possibilidade de haver crime é diminuta e
por consequência a existência de punição segue o mesmo caminho. Se há punição, é sinal de
que existiu motivo para a mesma (prática criminal) e que por isso a prevenção não foi colocada
em prática (até pode ter sido, mas não com a eficácia que se pede e deseja).
Uma outra tipologia defensora da prevenção criminal é proposta por Tonry e Farrington
(1995) onde são esquematizadas quatro abordagens preventivas, das quais grande parte estão
diretamente ligadas com aquilo que se pretende estudar neste trabalho:
b) A Prevenção comunitária, que tem como ponto de partida a questão das condições de
determinadas áreas, e de como estas, caso apresentem vários défices podem ter influência nas
relações sociais, levando a que a lei perca força e que as questões criminais ganhem um sentido
7
crescente, sendo que uma das teorias mais importantes que apresenta grande ligação com esta
abordagem é a Teoria das Janelas Partidas, da qual se irá falar mais à frente.
O mesmo autor defende que esta prevenção foca-se sobretudo no cenário do crime
enquanto os seus autores, o individuo neste caso, fica para segundo plano já que o principal
objetivo passa por tornar um possível ato criminal menos atrativo para o potencial ofensor,
enfraquecendo-o a ele e à sua possível execução através de uma manipulação do ambiente e
das suas características. Um funcionamento positivo desta prevenção não depende só e
exclusivamente do sistema judicial, com este a não ser o principal detentor da sua
implementação, passando por várias entidades, quer públicas quer privadas, cujos seus serviços
ou operações podem anular uma vasta quantidade de oportunidades criminais. (Clarke R. V.,
1997)
8
O facto de uma suposta atividade criminal ser considerada como algo racional, ou seja,
que é analisada e pensada antes de ser cometida, existindo assim uma balança entre aspetos
positivos e negativos, leva a que o princípio da oportunidade de redução deva ser aplicado de
forma a desequilibrar o peso entre fatores inibitórios, e que por isso dificultam o crime e são
aqueles que mais interesse possuem, e fatores oportunos (Geason & Wilson, 1988). Um simples
exemplo de um desses dados é a construção de um parque de estacionamento ou zona de metro
que muitas das vezes são subterrâneos, o que traz com isso uma “proteção” extra para quem
pensa em cometer qualquer tipo de crime, já que o próprio local transmite uma sensação de
menor visibilidade. Por isso, a entidade responsável pela construção e manutenção desse
mesmo parque deve ter em conta a instalação de câmaras de videovigilância bem como a
implementação de um sistema de vigilância humana, garantindo assim que um local que passa
a ter um serviço novo ou renovado não possa sofrer com isso.
O principal objetivo passa sempre por criar um “alvo difícil” como sugere a expressão
de “Target Hardening” utilizada por Geason e Wilson (1988) referindo-se à capacidade de
diminuir a vulnerabilidade de determinado espaço e de possíveis objetos de crime, onde se
enaltece o “Defensible Space Arquitecture”, que pretende potenciar os moradores de
determinado local a exercerem o controlo sobre as áreas públicas, mantendo assim os possíveis
ofensores e atos por eles praticados afastados.
O guia ODPM enfatiza algumas características que se consideram essenciais para que
determinado local seja potencialmente seguro e que tenha a capacidade de dar à própria
comunidade uma qualidade de vida assinalável e sustentável. Assinalam-se:
- Acesso e movimento: locais com rotas, espaços e entradas bem definidas que
proporcionam movimentação conveniente sem comprometer a segurança;
- Estrutura: locais estruturados para que diferentes tipos de utilização não entrem em
conflito;
9
- Proteção Física: locais que incluam recursos de segurança necessários e bem
implementados;
Estas características não vão aparecer de modo equitativo em cada local, tendo em conta
as suas próprias particularidades, mas acabam por estar sempre definidos como objetivos a
atingir através do planeamento territorial, e que caso existam, poder-se-á estar sempre mais
fortalecidos perante o crime. (ODPM, 2004) Assim, este planeamento deve ter sempre em conta
cada local, já que os dados apresentados serão sempre diferentes, cabendo a alguém nomeado
e validado para tal essa recolha e esse estudo, tentando após isso executar as ações pretendidas
para que se possa aproximar destes requisitos. Acaba por dar-se assim uma análise situacional
do crime, de forma a poder criar uma resposta capaz de prevenção e com isso produzir a melhor
resposta e resultado para o combate ao crime. (ODPM, 2004)
Os problemas acabam sempre por poder existir já que tendo em conta as caracteristicas,
e falando em locais seguros, o facto de se querer chegar ao objetivo pode levar a que alguns
dos pontos se cruzem e com isso entrem em conflito. Um desses conflitos passa por querer
implementar caracteristicas que possam ser vistas como estando em sentidos opostos, ou
dificeis de equilibrar, como no caso dos pontos relativos ao Acesso e Movimento, à Atividade
e à Estrutura. Se uns defendem a criação de locais de fácil ligação e acesso, outros defendem
que esse tipo de utilização não entre em conflito. Assim, e de modo a que não sejam dadas
prioridades que possam entrar em competição, deve ser dada voz às entidades competentes e
aqueles que vivem dentro dessa realidade e que serão por isso os beneficiados dessas mesmas
decisões para que se tenha em conta a especificidade do próprio local e por isso se tomem
decisões. (ODPM, 2004).
10
a vigilância feita pelos cidadãos. Estas medidas pretendem tornar o alvo mais resistente ao
ataque, ou então mais difícil de remover ou danificar, utilizando alarmes, cercas, muros e
janelas mais resistentes, entre outros (OPDM, 2004).
Ainda assim, e uma das críticas que ainda vão sendo dirigidas a este tipo de prevenção
foca-se sobretudo na transferência do crime, ou seja, o crime perde a capacidade de se
desenvolver em determinado local, no entanto acaba por passar para outro local (mesmo que
seja próximo) onde essa prevenção não seja tão forte, ou sequer exista. Deste modo, pede-se às
instâncias que tratam da prevenção que a tratem com ainda mais prioridade nos locais mais
vulneráveis, que são estes que podem ser mais utilizados tanto para o crime, como para a
transferência do mesmo e que a extensão da aplicação preventiva seja a maior e mais variada
possível. (AIC, 2000)
Mesmo com este possível risco de deslocamento criminal, a literatura indica que com
esta prevenção situacional do crime o sucesso, em termos de redução do crime, acaba muitas
vezes por ser alcançado já que se regista alguma influência no comportamento do possível
infrator, o que leva a que mesmo que haja uma possibilidade de deslocamento do crime, nem
todos continuam com a intenção de o cometer. (Laycock & Heal, 1986)
O crime será sempre algo que existirá e fará parte de qualquer sociedade como defende
Durkheim já que é através deste e das suas evoluções que as próprias regras e condutas sociais
são reavaliadas, reajustadas e reaplicadas no sentido de seguirem sempre uma linha evolutiva e
com isso acompanharem aquilo que é a evolução social. (Giddens, 2004) A sensibilização e
mobilização do público são elementos fulcrais para toda a ação preventiva e possível sucesso
da mesma.
11
2. AS PRINCIPAIS TEORIAS DO CRIME E OS PROGRAMAS PREVENTIVOS
Foram estas Teorias que impulsionaram a observação criminal para um sentido mais
social, a chamada Criminologia Social, que olhavam e davam sobretudo importância à questão
ambiental conectada com o crime. Através do crescimento do contexto citadino e com um
aumento populacional nas cidades e ao seu redor, começou a prestar-se atenção àquilo que este
tipo de evolução começou a trazer para a própria sociedade. As questões do aumento do
desemprego, aumento da criminalidade, aumento da delinquência juvenil pode ser interligada
à questão do aumento da imigração e aparecimento dos grupos sociais díspares, do consequente
aumento dos sem-abrigo, dada a urbanização existente e galopante que não permitem na
atualidade que todos os indivíduos consigam ter os mesmos resultados ou condições, o que leva
a que muitos possam enveredar pelo lado criminal para que através deste se obtenha condições
que de outra forma não conseguem. Este crescimento exponencial leva a que também a própria
cidade, como resultado daquilo já mencionado acima, sofra uma degradação natural dos seus
espaços, o que acaba por ser mais um potenciador criminal. (Reis, Salvador, Cardoso, &
Marques , 2012)
Esta escola acaba por assinalar que o crime e o criminoso não se focam somente na
vítima para a possível prática, mas tem muito em conta o tipo e as características que
determinado ambiente lhe propiciam para daí poder tirar dividendos. Assim, as áreas
apresentadas normalmente com maiores índices de criminalidade estão intimamente ligadas aos
fatores ambientais e estruturais de um determinado local. (Ratcliffe & McCord cited in
Carvalho, 2012). Este facto poderá ser mais à frente observado tendo em conta o estudo do
Relatório Anual de Segurança Interna do ano transato.
O já mencionado efeito bola de neve que o crime e o seu resultado positivo para quem
o pratica concede, já que o seu cometimento com sucesso leva ao aparecimento e cometimento
de outros novos crimes, sejam em termos de evolução da prática ou da própria quantidade
praticada, é um dos fatores que deve ser controlado pela prevenção criminal. É por isso fulcral
que estes tipos de características sejam combatidas e anuladas o máximo que for possível pelas
forças de segurança (Townsley, 2010) , que seguindo a lógica reportada se existir insucesso do
crime e do ato pode fazer com que o mesmo não se reproduza num número de vezes
significativo.
12
A sensação de imprevisibilidade que um determinado espaço possa aparentar para as
pessoas que habitam na sua envolvente leva à inibição da frequência desses mesmos espaços,
já que ninguém quer frequentar um local que não seja completamente claro e que não garanta,
pelo menos à primeira vista uma impressão de mínima segurança. (Heitor, 2009)
Assim, deve haver uma conjuntura de fatores que permitam dar a determinado local não
só capacidade preventiva para responder ao crime como sustentabilidade e estimulação da
frequência dos mesmos por parte da sua população. Ou seja, se de uma maneira o espaço deve
ser idealizado e construído com características de segurança elevadas, esse fator também deve
ser tido em conta no facto de esse tipo de segurança não passar dos limites em termos de
controlo, o que acabaria por inibir as pessoas de o frequentar da mesma forma. O equilíbrio
deve ser mantido, a segurança é crucial, mas as pessoas também são extremamente importantes
nesta equação, já que são elas a base da sociedade. Procura-se a presença da comunidade nos
seus locais envolventes, a conexão e a confiança com as forças de segurança e acima de tudo o
bem-estar social. Se estes fatores forem conjugados, pode-se fazer um balanço positivo das
estratégias tomadas, já que com certeza a criminalidade apresentará números mais reduzidos.
Este conceito organizado por Óscar Newman entende o design ambiental como uma
forte influência na ocorrência de crimes e que através de intervenções diretas no ambiente seria
possível produzir um impacto positivo na diminuição da taxa e do medo do crime. O foco em
conjunto dos habitantes em preservar determinado local leva a que o potencial criminoso não o
veja como possível de usar para atos criminosos já que iria ser visto como intruso e não
reconhecido pela população que ali habita.
13
cuidado pela sua própria população e que possua características que fomentem a segurança
pode ser um forte inibidor para o possível criminoso e para atos delinquentes. Por fim, a
justaposição gráfica mostra como áreas ou locais adjacentes a determinado local podem
influenciar a segurança do mesmo.
Esta teoria relaciona as estruturas urbanas com o crime e defende de forma figurada que
se uma janela for partida e a mesma não for arranjada de forma rápida e simplificada, aos poucos
todas as outras janelas acabarão por ter o mesmo destino já que a mensagem que passa é de
abandono e despreocupação pelo local, o que resulta numa ausência de normas, favorecendo o
transgressor. Isso pode acontecer em variados locais, que se transmitirem essa incapacidade de
resposta serão utilizados cada vez mais para práticas que não possam ser controladas, nascendo
daí a ideia de que a degradação gera degradação.
A origem desta teoria advém de uma experiência levada a cabo pelo psicólogo norte-
americano Philip Zimbardo em 1969. Descaracterizou dois carros, retirou-lhes a matrícula e
abandonou-os em duas zonas totalmente distintas. O primeiro numa zona onde a taxa de
criminalidade era elevadíssima e o outro numa cidade onde os atos de vandalismo e criminosos
ocorrem com pouca ou quase nenhuma frequência. A partir daí, no primeiro local o carro foi
rapidamente vandalizado, sendo-lhe retirado todas as peças de maior valor. Ao mesmo tempo,
o segundo carro encontrava-se intacto e assim ficou por uma semana. Após isso, o autor da
experiência decidiu amassá-lo com uma marreta, o que originou que em pouco tempo ,
observado o estado do veículo, o mesmo fosse atacado e vandalizado da mesma forma que o
primeiro. O facto de no segundo caso ser um local onde costumavam haver normalmente
barreiras comunitárias fez com que num primeiro momento o veículo não tivesse sido
vandalizado, mas a partir do momento em que foi visto que essas barreiras não existiam naquele
caso, rapidamente foi visto como um alvo apetecível de vandalismo. (Wilson & Kelling, 1982)
14
2.4 Teoria do Padrão Criminal
A teoria do padrão criminal sugere que todos os indivíduos criam rotinas ou se aliciam
por atividades diárias repetitivas. Incluem-se os criminosos, que em grande parte da sua rotina
estão associados a atividades não criminais. De forma figurada e segundo os autores
Brantingham e Brantingham (1993) o desenho urbano tem uma influência acrescida e forte na
definição das trajetórias que mais atraem os indivíduos para a realização das suas atividades
diárias. Dividem por isso, três zonas geográficas que se diferenciam e podem qualificar a
atuação de determinada pessoa. São elas: os nós, os caminhos e as bordas. Os nós referem-se
basicamente aos espaços onde é praticada toda a atividade pelo individuo, desde a sua casa, ao
seu trabalho, residência de amigos, espaços de lazer que procura. Os caminhos, e como o
próprio nome indica, refere-se à ligação entre um nó e outro, como as ruas por exemplo.
Finalmente, as bordas aparecem como o ponto fulcral deste desenho, já que são as barreiras
ambientais que acabam por limitar a capacidade de alcance ou penetração de um ofensor
durante a sua rotina, funcionando por isso como forma preventiva e inibidora. Olhando para o
lado oposto, e caso a existência destas barreiras seja menor, os caminhos aparecem como
determinantes para o planeamento de potenciais crimes por parte de um possível criminoso, já
que este deteta locais oportunos e onde os riscos associados à prática de um crime sejam nulos.
É por isso importantíssimo que haja uma equidade de recursos em termos de prevenção, que se
consiga espalhar pelos mais diversos caminhos para que existam o mínimo de barreiras
possíveis que possam colocar em causa uma possibilidade criminal. (Brantingham &
Brantingham, 1993).
15
havia uma oportunidade devido à facilidade em sair dali sem ser reconhecido e sem ser
capturado após o cometimento da ação, enquanto no segundo lugar o risco era substancialmente
maior. Isso é a oportunidade, o cálculo dos riscos vs benefícios que determinado local e vítima
apresentam para determinada ação criminosa.
Seguindo esta lógica, parte-se para as cinco premissas existentes nesta teoria (Burke,
2009):
- Para qualquer dos meios apresentados em qualquer situação, os indivíduos são capazes de
calcular e perceber os seus benefícios e prejuízos de determinada ação;
- Se a balança entre custos e benefícios pender para o lado dos primeiros não se pratica a ação,
se pender para o lado dos segundos parte-se para a prática da ação;
- Tudo está dependente do cálculo que o possível criminoso realiza, e que irá determinar a
prática ou não da ação;
O contexto espacial acaba por ter grande influência na tomada de decisão visto que o
ofensor não tem de forma estruturada todos os benefícios presentes na possível ação, passando
por isso os fatores situacionais a ter uma grande força na decisão. (Burke, 2009)
16
Uma das grandes bases deste tipo de prevenção é a questão já conhecida da inibição
criminal, ou seja, de que um crime possa ter menos probabilidades de ser cometido se o ofensor
tiver mais probabilidades de ser visto/observado. Esse desequilibrio é o pretendido, com o lado
do observável a ser aquele que se pretende que ganhe um peso significativo na balança. Ganha
por isso importância o facto do espaço construído ver produzido e aplicado condições que
fomentem um espirito de desconfiança e incómodo perante determinado local que aparenta
estar protegido. (Saraiva, et al., 2018)
Este conceito foca-se então na adequada utilização que pode e deve ser dada a um
determinado espaço de modo a que este tenha influência positiva na capacidade de inibir
qualquer tipo de comportamento capaz de colocar em causa a segurança da comunidade. Não
nega nem se afasta das medidas tradicionais de prevenção mas reajusta-as, adequando-as ao e
para o espaço. Os quatro principais focos desde conceito são os seguintes:
- Vigilância Natural – que consiste na ideia já aqui explicita que qualquer presumível
ofensor não esteja disposto a ser observado e acompanhado, afastando-o assim de um possível
ato criminoso. Aumenta o seu risco e com isso diminui a sua vontade e oportunidade. Este
ponto foca-se sobretudo no acompanhamento do intruso e das suas ações e não no impedimento
da sua entrada ou estadia em qualquer lugar (ainda que possa ajudar). A própria iluminação e
desenho ambiental tem especial importância devido ao aumento da capacidade de ver
determinada pessoa ou ação por ela praticada. Algumas técnicas utilizadas para que esta função
possa ser ter uma taxa de sucesso elevada são a grande afluência no espaço para atividades
económicas ou lúdicas, o que gera um aumento no número de observadores, em locais que
transmitam um potencial sentimento de insegurança ou de crime; Uma boa iluminação; o uso
de materiais transparentes; a remoção de obstruções visuais, como arbustos por exemplo; a
eliminação de possíveis esconderijos; o uso de vigilância tecnológica em circuito fechado, caso
hajam áreas sem capacidade de visão natural, com a colocação de monitores em áres públicas
fazendo saber que quem por ali passa ou fica está a ser constantemente vigiado.
- Controlo Natural de Acessos – Como o próprio nome indica, segue uma linha de que
o uso de determinados elementos naturais ou construídos indicam à pessoa que a sua passagem
ou permanência em determinado espaço é legitima. Podem ser utilizados os passeios, arbustos,
iluminação, sinalização de forma a que aquela área seja vista como normal para a existência de
um fluxo de pessoas que colocam mais uma vez em risco uma possível atividade criminal. Trata
da definição das áreas a serem utilizadas e retira o controlo por parte de um possível criminoso.
17
Uma das formas mais simples passa por exemplo por uma receção, transmitindo assim a ideia
de segurança, vigilância e de delimitação do espaço a ser usado. Quando os espaços são
totalmente abertos, como ruas, as primeiras opções elencadas serão as mais eficientes e fáceis
de utilizar.
18
Tudo depende também do tipo espaço a projetar, ainda que na maioria deles estas
caracteristicas possam funcionar se implementadas. Há diferenciações claras em locais como
aldeias, zonas urbanas, parques de estacionamento, áreas indústriais, em que devem ser tidos
em conta as suas diferenças e aquilo a que podem recorrer. Ainda assim, as caracteristicas vão-
se mantendo, alterando apenas o seu sub-conceito tornando cada uma delas mais específica para
cada caso individual.
Alguns dos fatores a ter em conta, de modo a que programas como o CPTED , ou
similares, sejam implementados com sucesso passam pelo estudo do local e dos possíveis
problemas criminais que nele existem ou possam existir, tendo em conta não só o próprio local
mas também tudo aquilo que o rodeia. Deve para isso também existir uma ligação positiva com
os moradores ou a sua associação com o objetivo que estes depositem a confiança no projeto.
O foco deve ser colocado no planeamento preventivo ou corretivo, sendo o primeiro aquele que
é focado neste trabalho e parte assim como prioridade. Este planeamento e execução do mesmo
(ou de uma das hipóteses planeadas) deve ser assim, constantemente monitorizado de forma a
perceber de que modo é que o trabalho afeta e influencia o crime, a territorialidade, a vigilância
dos próprios moradores e a consequente interação, finalizando com um estudo, promoção e
divulgação dos resultados obtidos. (CCAPS, 1998)
A ligação e entrosamento dos moradores perante o projeto ganha uma importância extra,
já que é a partir deles que muitos dos pontos cruciais passam, levando a um possível sucesso
na missão. Caso isto aconteça, será muito mais facilitada a chegada a caracteristicas que se
devem adotar, onde se incluem a maximização da capacidade dos moradores para localizarem
e reconhecerem espaços públicos, encorajando a utilização destes mesmos espaços pelos
próprios; Espaços estes que passam a estar equipados “contra” o crime e que procuram também
dar às pessoas a sensação e vontade de “olhar uns pelos outros”. (CCAPS,1998)
Na verdade, este tipo de estratégias visam combater aquilo que se vive atualmente nos
grandes meios urbanos, onde a distância entre indíviduos é grande, onde a vida privada é vista
como um ato reservado pertencente a cada um que procuram o anonimato constante, o que
acaba por aumentar a separação entre pessoas, onde o simples ato de cumprimentar o vizinho é
ignorado e visto como uma ação não necessária.
19
3.1 Politica de Cidade Polis
O conceito “segurança” e o seu significado é cada vez mais uma temática com
importância de relevo na sociedade atual tendo esta uma estreita ligação com o sentido de
comunidade, já que depende da ligação entre esta e de como a própria interage e funciona.
Dentro deste sentido de comunidade sublinha-se o meio, que se figura como pilar entre
caracteristicas nele existentes e comportamentos nele praticados. O espaço coletivo da cidade,
ou maioritariamente chamado como espaço público, e como a própria palavra sugere, é aquele
onde se dá um encontro entre individualidades totalmente díspares e estranhas, o que dá ao
indíviduo uma menor sensação de controlo e previsão, passando para um estado de clara maior
vulnerabilidade. A gestão dos espaços urbanos é que podem transformar esse sentimento e
através de ambientes mais transparentes permitir que o índividuo consiga reforçar-se neles para
dessa forma ganhar uma qualidade de vida maior e com isso aumentar o seu sentimento de
segurança.
“Muitas vezes os locais são inseguros, mas não há nenhuma criminalidade registada (...)
o espaço é inseguro porque há processos subjetivos que geram uma interpretação do espaço,
conferem uma determinada utilização do espaço por várias razões: ou porque há graffiti, ou
porque as sebes não foram aparadas ou porque há falta de iluminação ou existem sombras”
(Fernandes, 2005)
20
3.2 Prevenção Criminal por meio da análise do ambiente físico e social
A perspetiva ambiental foca-se no criminoso e sobretudo naquilo que o rodeia e que lhe
foi “oferecido” para que tal ato fosse cometido. Assim, é de interesse a inflûencia que o
ambiente apresenta para o crime, não dependendo apenas da capacidade criminógena de cada
índividuo, mas também as caracteristicas e elementos considerados como potenciadores de
crime.
Deste modo, a atenção é virada para o estudo das ações ambientais e estruturais perante
o crime bem como a possibilidade da aplicação do mesmo de modo a garantirmos uma
prevenção bem sucedida. Esta análise criminal associada ao ambiente deve perceber que a
distribuição do crime no espaço não é aleatória, já que o comportamento criminoso depende de
fatores situacionais, associando-se à localização dos ambientes mais possivelmente
crimógenos. Estes ambientes, como já mencionados, são nomeados perante as oportunidades
que os mesmos apresentam para a atividade criminal e para o próprio criminoso, facilitando a
sua execução e o seu comportamento.
21
a que a oportunidade criminal seja altamente reduzida e que com isso o crime ou a sua
possibilidade de existência percam, força. (Wortley & Mazerolle, 2009)
O momento em que um possível ato criminoso e o seu cometedor ganha forma tendo
em conta uma possível falha, seja em termos de segurança de local, de falta de controlo ou
prevenção ou insegurança social leva a que este Princípio da Oportunidade seja aproveitado e
visto por muitos como um dos fatores que dão ao ato criminal um poder maior. Como
observado, a grande maioria dos crimes praticados em Portugal (neste caso, contra turistas),
tem em conta não só́ o fator das características das vítimas como também, aquele que nos
interessa para esta investigação, o ambiente. Ambiente esse que quando não possui as
características desejadas para a prevenção do crime (desde espaços degradados, controlo e
vigilância) é um objetivo apetecível para quem comete esses atos ilícitos, já́ que observam que
aquilo que é mais importante para os anular ou evitar está a falhar, essa mesma prevenção.
(APAV, 2015)
22
insegurança na comunidade, que com isso se vai afastando desses locais que são vistos como
perigosos ou vulneráveis.
23
4. A PREVENÇÃO CRIMINAL E A LEI
Tendo em conta a Legislação portuguesa observámos que certos diplomas legais não
estão em consonância com o conceito de prevenção criminal.
24
4.2 A Lei de Segurança Interna
25
devendo exercer as suas funções na área penal orientadas pelo princípio da legalidade.
(Fernando , Lima, & Dias, 2007)
O Ministério Público como órgão defensor da sociedade e dos direitos, não deve nunca
permanecer distante da problemática criminal, procurando desde logo chegar a um dos seus
principais objetivos e interesses sociais, a segurança. Abarca todos os assuntos ligados ao crime,
começando pela prevenção, que é aquela em foco no presente trabalho.
5. ESTRATÉGIAS E OPERAÇÕES
26
de segurança em relação aos cidadãos, sem que os direitos fundamentais destes sejam colocados
em causa e que o principal objetivo acabe por ter sucesso, e prevenir o crime.
Dois dos pontos mais importantes que foram observados passam pela execução e/ou
renovação dos Contratos Locais de Segurança e o reforço do policiamento de proximidade, este
último com ênfase na questão do número de agentes dispostos por local ou locais de forma a
alargar o raio de ação da polícia.
Com este foco de aplicações e aposta neste tipo de medidas no ano de 2020 verifica-se
que o modelo preventivo é cada vez mais visto como essencial para uma sociedade saudável,
já que procura dar às pessoas uma melhor qualidade de vida através da redução do sentimento
de insegurança, que é inerente quando se verificam crimes.
27
A questão da iluminação apresenta-se como sendo um dos principais pontos em que se
deve investir em locais públicos e passíveis de atos criminais. Isto porque segundo os autores
Farrington Farrington, D.P. & Welsh, B.C. na sua obra “Improved street lighting and crime
prevention” e tendo em conta estudos realizados, comprovam que uma melhor iluminação em
determinado local ou a existência desta diminui o potencial crime em 20%. Esta questão prende-
se com o facto da luz, como é normal, deixar tudo o que é feito mais visível, mas não só, faz
com que o local seja visto como cuidado e vigiado, e por isso os riscos não trazem os benefícios,
ou trazem mais prejuízos que antes trariam. (Europeias, 2004)
28
6. AS PARCERIAS E OS CONTRATOS LOCAIS DE SEGURANÇA
29
Em termos de ligação social, os Contratos Locais de Segurança dividem-se em três
partes: o MAI Municipio, o MAI Bairro e o MAI Cidadão.
No primeiro, aquilo que se procura é o planeamento de estratégias de aumento de
sentimento de segurança em relação a municipios, situação mais abrangente. O segundo tem
uma perspetiva mais especifica, já que para além da prevenção normal, foca-se em grupos
individualizados de modo a combater situações como a delinquência juvenil e a pequena
criminalidade. O último, individualiza ainda mais a questão e foca-se sobretudo nas
intervenções em questões que não são tão normalizadas, mas que devem ser respondidas.
As etapas destes Contratos Locais de Segurança são repartidas em quatro pontos, com
uma evolução gradual da aplicação de medidas. Deste modo, inicia-se com um Diagnóstico
Local de Segurança, onde a meta passa por compreender o crime e como este se relaciona
dentro de uma dada comunidade, identificando formas de prevenção que se adequem a cada
caso e comunidade em específico. De seguida, vem a Formulação do Plano de Intervenção
que tal como o próprio nome indica procura com base no estudo antes realizado planear as
medidas a adotar, que vão ser colocadas em prática de seguida no terceiro passo, na
Implementação das Medidas.
Concluindo, o último passo é a Monitorização e Avaliação que consiste na
observação e recolha de dados de forma a perceber se as medidas executadas chegaram aos
objetivos pretendidos ou se é necessária uma reformulação das mesmas. (Polícia Segurança
Pública, s.d.)
30
A introdução de tudo o que se refira a simbolos das instâncias formais de controlo,
como a polícia, demove possíveis criminosos daquele local, fortalecendo o pilar preventivo,
logo chega-se à conclusão de que um paradigma ou modelo preventivo para ter sucesso tem
que se apoiar numa base destas, onde a polícia seja vista como algo que está presente em
todo o lado da nossa sociedade.
Ainda assim, a transferência do crime está presente, e é possível que o mesmo, não
tendo as caracteristicas necessárias em determinado local para se aplicar, se mude para um
local onde lhe seja dado algum poder de aplicação. (Clemente, 2013, p 48.)
É necessário por isso que se espalhem as práticas preventivas por uma extensão local
significativa de modo a evitar a facilidade desta transferência do crime, que é normal e vai
acabar por acontecer, mas quantas mais dificuldades tiver com menos ênfase irá aparecer.
31
6.5 Sentimento de Segurança e o Planeamento Urbano
Crime e segurança estão intimamente ligados, já que apesar de serem conceitos que se
contrariam, podem acabar por outro lado por se interligarem. Isto acontece no caso de a
segurança ser menor ou inexistente, passando a palavra para o polo negativo, a insegurança. E
é aqui que o crime aparece, alimentando-se desta existência de insegurança e do medo que esta
aplica num determinado meio social e que acaba por ser um fator galopante para a criação de
uma situação de ação criminal, constituindo por isso um problema social, que acaba por
envolver a comunidade numa bola de neve que não tem tendência a parar, já que o crime, leva
ainda a mais insegurança ou sentimento de, que leva ao medo, que abre portas a novos crimes,
e assim consecutivamente.
Este conceito de “problema social” tem a ver com aquilo que é considerado aceitável
pela sociedade em causa e aquilo que realmente acontece, ou seja, uma prática ilícita não é vista
com bons olhos, já que nas normas sociais gerais isso não é bom, não ajuda ninguém e pior que
isso pode prejudicar o indivíduo e muita mais gente. Essa questão, bem como o espaço social
não cuidado, leva a que exista um sentimento de descontrolo perante aquilo que deveria ser o
habitat da comunidade bem como daquilo que deveria ser fortalecido pelos órgãos formais de
controlo. (Machado, s.d.)
Como questão principal quando se fala aqui de “segurança” deve-se em primeiro lugar
conceitualizar e perceber que a palavra não indica algo claro e analítico, tangível. A segurança
pode-se dividir numa questão objetiva e numa questão subjetiva. A parte objetiva aponta para
a inexistência de ameaças, ou seja, se não há ameaça, há segurança. Relativamente à questão
subjetiva, remete para um autoconhecimento, ou seja, cada individuo coloca em campo as suas
vulnerabilidades, os seus fatores de risco, as características existentes no exterior e na sua
envolvente, questões que se vão repercutir no sentimento de insegurança de cada um e
consequentemente na criação de sensações de medo e ansiedade. (Zedner, 2009)
A segurança e o sentimento de segurança são dois fatores fundamentais para que uma
população possa ter uma qualidade de vida sustentável, no sentido de que são estes fatores que
levam a que o próprio individuo viva ou não de forma equilibrada. Quando ao contrário do que
se defende, existe uma sensação de insegurança, a própria vida em comunidade fica afetada já
que as pessoas que a compõe se afastam e se resguardam dentro do seu próprio conforto,
impossibilitando um elo forte entre pessoas bem como com as próprias forças de segurança que
32
não têm em si depositada a confiança que se espera que a população tenha. Este fator de
insegurança, leva por isso a que as pessoas se ausentem do seu meio (já que apenas se
preocupam em ficar pelas suas casas, por exemplo), o que pode levar a que o mesmo se degrade
cada vez mais ou não possua os requisitos mínimos para que esse sentimento e essa insegurança
passe para um nível que seja considerado positivo, apresentando-se como uma bola de neve,
onde caso o crime se entranhe, muito dificilmente recuperará. Uma base de planeamento
cuidado onde o objetivo seja transformar os locais sociais em locais que possam ser habitados,
em que as pessoas possam trabalhar ou mesmo em locais de prática de atividades, sejam elas
familiares, em trabalho, de lazer, entre outros em que quem as pratica se sinta seguro e perceba
que não corre nenhum risco traz claros benefícios para uma comunidade, população, ou mesmo
um grupo restrito de vizinhos por exemplo, indo do lado social mais geral, ao mais
pormenorizado. A liberdade e a não existência de medo do crime aumenta a própria qualidade
de vida substancialmente. (ODPM, 2004)
Este trabalho mais pormenorizado tendo em conta locais de modo individual deve
acontecer devido ao facto de cada local possuir características diferentes bem como de cada
crime se poder transformar perante aquilo que lhe é apresentado e proposto. Este planeamento
urbano deve ser capaz de dar às pessoas a sensação de pertença, de que aquele lugar também é
seu, o que vai levar a que o mesmo seja sempre mais cuidado, mais habitado, o que traz
consequências positivas para a prevenção de um qualquer possível ato criminal. Esta criação
de espaços urbanos que advém do contributo das pessoas que neles habitam levam a que os
mesmos sejam parte integrante da prevenção do crime. Um simples jardim, verde, cuidado,
habitado e consequentemente vigiado poucas hipóteses deve dar a alguém que queira praticar
algum tipo de crime com o objetivo de não querer ser apanhado (ODMP, 2004).
Esta nota vem ao encontro daquilo que Brantingham e Brantingham (1995) referem
como explicação do ato criminal, já que o mesmo é criado pelo contacto entre criminoso e
vítima, que para além disso é fundamental a existência de um ambiente que tornam o crime
fácil, proveitoso e seguro. (Brantingham& Brantingham, 1995)
Dá-se conta então que o sentimento de insegurança tem muita influência na vida das
pessoas, já que se esse sentimento existir perante determinado lugar que não tem vigilância por
exemplo, leva a que o próprio lugar não seja visto como um lugar a ser utilizado para qualquer
tipo de atividade, seja ele jantar fora, praticar desporto, passear, etc. É por isso, importante que
esse sentimento seja cada vez mais atenuado de modo a não condicionar essas mesmas práticas
33
e não afastar as pessoas de determinado local e como consequência que não arraste o crime para
esse mesmo local.
A segurança é, como se sabe, um direito dos cidadãos, sendo uma das tarefas
fundamentais a cumprir pelo Estado de Direito Democrático. Desta forma, e procurando atingir
esse mesmo objetivo, cabe ao Estado através da institucionalização de uma força coletiva,
capacitada de organização jurídica e funcional de modo a garantir os interesses gerais e com
isso cumprir aquilo que é defendido. É através da polícia que o Estado certifica a segurança da
sociedade, estando para isso redigido na Constituição, mais precisamente no artigo 272º da
mesma. É através deste artigo que há uma ligação estreita e uma aprovação de uma das leis que
procura garantir a possibilidade de cumprimento de uma “segurança social”, a “Lei de
Segurança Interna”. (Duarte, 2013)
34
perceber e procurar prevenir o crime tendo em conta as características, números e resposta de
cada local. (de Almeida, 2014)
A aplicação deste tipo de medidas levaria a várias reações sociais que vão no sentido
daquilo que a prevenção criminal defende, tendo um impacto positivo na vida das pessoas, dado
que este tipo de informação leva a que haja um maior envolvimento por parte de cada um no
seu bairro, na sua rua, na sua zona, no seu local de trabalho. É um tipo de informação que pode
ajudar os órgãos de polícia criminal e potenciar a sua capacidade de ação e proatividade. Pode
observar-se ainda um contributo de ambas as partes, com os cidadãos a funcionarem de forma
anónima e a cumprirem a lei em colaboração com as forças policiais com o mesmo objetivo, de
tornar cada comunidade mais segura. (de Almeida, 2014)
Como estudado e observado, existem razões que os cidadãos de uma determinada
sociedade apontam quando solicitados a nomearem características que os levam a sentir maior
insegurança e que sejam motivadoras de maiores problemas sociais. São elas, a título de
exemplo, a falta de iluminação, o lixo despejado nas ruas, edifícios ou carros abandonados, a
vandalização ou desgaste de património público, excesso de ruído, entre outros. (Neto, 2006)
Estes fatores acabam por ser secundários no que toca ao direito penal, mas não deixam
de ter uma importância acrescida na perturbação que podem dar a quem vive em determinado
sítio e ao próprio local em si.
35
o iniba e possa afastar daquele local. Em relação à situação chamada de coletiva, segue a mesma
linha da individual, mas refere-se à questão comunitária e como a comunidade sente e vê um
problema que apesar de não ser vivenciado pode ser visto como possível de chegar a atingir o
individuo. Por fim, a questão geral, é quando se transfere a preocupação do individuo para um
sentido mais alargado como é o país, por exemplo, podendo acontecer em situações de
terrorismo, não sendo esta a mais importante para este tipo de tema que se procura tratar. (Leitao
J. B., 2000)
36
negativos para a sociedade. O caso dos “Graffitis” e do “Consumo de drogas” acabam por
ser uma consequência dos anteriores, já que devido ao afastamento da população
relativamente a determinado local, o mesmo passa a ser descuidado e tratado da pior forma
pretendida. Finalmente, na questão da “Criminalidade” pode-se observar vários tipos de
crime que podem coexistir no local que possua características para esse fim, o do crime.
Cabe por isso, ao Governo, às forças de segurança, às comunidades combaterem estes
pontos negativos potenciadores de sentimento de insegurança das populações e do crime para
que a qualidade de vida seja dentro das possibilidades a melhor possível, sabendo de antemão
que a abolição do crime é impossível, mas o tratamento e a prevenção deste faz com que haja
mais locais seguros e inerente a essa questão está o bem-estar das sociedades, comunidades
e indivíduos.
Seguindo a lógica da Teoria das Janelas Partidas já aqui mencionadas percebe-se que
no caso dos “Comportamentos Delinquentes” ao aceitar-se a questão da marginalidade ou da
degradação em determinado local pode gerar-se ainda mais desordem e caos, com o
afastamento das pessoas daquele local e a chegada e aumento de agentes e atos criminosos
no mesmo sítio, que quanto mais se espalha maior sentimento de insegurança provoca e
maior dificuldade ao combate e prevenção do crime motiva.
É notório e sabido que o sentimento de insegurança não é algo que se apague ou que
se elimine definitivamente do meio social. O meio urbano comparativamente com o meio
rural apresenta uma interação elevada entre questões sociais e a questão da insegurança,
devido à presença de aglomerados populacionais, com diferentes culturas e tipos de vida, que
consequentemente fazem com que a existência de incivilidades e atos criminais ocorram com
mais frequência e que isso transmita à restante população uma sensação de que não estão
protegidos. Este facto é muitas vezes considerado como normal, já que as cidades apresentam
características suscetíveis de criar nas pessoas uma sensação negativa, a de insegurança, que
nem sempre tem a ver com o facto de a criminalidade estar a aumentar ou atingir números
elevados, mas que se trata de um medo e que necessita apenas de uma base para ser formado,
base essa que pode ser suportada ou criada com uma incivilidade por exemplo, que na prática
não é um crime. (Carvalho A. C., 2015)
O crime e todo a prática que saia dos limites legais, principalmente tendo em conta este
tema, apoiam-se no fator insegurança e/ou medo para através disso se atingirem
resultados/objetivos. (Machado, 2006)
37
Percebe-se assim que não chega apenas o facto de determinado local ter capacidade ou
não para responder ao crime (sem que tenha feito prova disso) é importante neste fator, tudo o
que envolve o cidadão e o seu modo de se sentir protegido ou débil leva a que o crime e o
criminoso possam ter uma facilidade maior em criar essa mesma ação, seja direta ou
indiretamente ligada ao individuo em questão ou a um grupo de indivíduos (sociedade).
7 POLICIAMENTO PREVENTIVO
O sistema penal apresenta situações resolutivas gerais, coisa que este tipo de
policiamento procura que não aconteça, já que cada problema deve ter a sua resposta, e as
respostas acabam por nunca serem iguais.
Este tipo de policiamento adapta-se àquilo a que deve dar resposta, com uma
reorientação das suas funções e competências, com o objetivo de existir uma ligação a outras
38
entidades e órgãos que se completam e procuram através do trabalho em conjunto adquirir
dados e capacidades que lhes permitam atuar de uma melhor forma.
Seguindo esta ordem de ideias e como refere (Gomes D. , 2017), “o modelo de
policiamento pode ser visto como um referencial que pretende condensar e sintetizar, num
quadro teórico, uma determinada realidade materializada em técnicas, táticas e programas que
caracterizam a ação policial de uma determinada organização junto da população”.
Este tipo de modelo policial é aquele que mais se enquadra nos parâmetros defendidos
e aplicados pela prevenção criminal, já que a especificidade de aproximação e principalmente
proatividade em relação à comunidade e aos problemas que nela possam aparecer são
representativos de um paradigma preventivo.
O policiamento comunitário, usa através da aproximação entre órgãos policiais e
indivíduos uma forma de poder suportar aquilo que é causado pelo modelo urbano, que se rege
por um distanciamento social, tanto entre pessoas da mesma comunidade como entre pessoas e
instâncias formais de controlo. Assim, através desta forma procura-se que os laços inexistentes
passem a ser preponderantes e que a própria confiança se torne um fator chave para o trabalho
grupal de prevenção criminal. (Leitao J. , 1999)
O aproximar e aligeirar da relação entre órgãos de polícia e a comunidade em questão
não só faz com que essa relação historicamente rígida, derivado à hierarquia que a mesma
possui, seja cada vez mais aberta como transmite uma mensagem de coordenação e
comunicação existente entre pessoa-polícia. Esta questão dá à sociedade a capacidade de
perceber que pode ser parte ativa na ajuda em questões de fácil tratamento em relação à prática
policial e a própria confiança que se espera que a população tenha nos órgãos policiais se
transforme no sentimento de segurança necessário e ideal para o combate ao crime.
Por outro lado, este tipo de tarefa acaba por colocar um grau de responsabilização maior
que o normal na comunidade que fazendo parte do processo eleva o sentido de atenção e de
perceção para níveis que em situações normais não existem, dado que tudo é atribuído à polícia
e seus grupos.
Esta conexão passa sobretudo pelo passar da mensagem de polícia para comunidade que
esta deve fazer das suas pertenças (locais onde habitam e suas envolventes) locais protegidos e
seguros e cuidados. (Kelling, 1988, p.2)
Este ideal de proximidade passa sobretudo por retirar o sentido reativo da aplicação
policial e passá-lo para uma forma proativa ou preventiva que inclua o trabalho dos próprios
cidadãos. A balança fica assim equilibrada e todos saem a ganhar: a polícia aproxima-se da
sociedade, ganha a sua confiança e a sua maior comunicação; a comunidade foca-se no seu
39
bem-estar através da manutenção dos seus espaços e aumenta a sua qualidade de vida; por
último, e aquilo que é a base de tudo e que é positivo para ambos, o crime é dificultado e
possivelmente inexistente.
Este contacto com a comunidade não só permite ter um maior acesso a potencias vitimas
como também perceber todas as fragilidades existentes num determinado meio, que serão
tratadas de forma coordenada para que haja um fortalecimento em cada situação que se
apresente como enfraquecida. Esta troca de informações entre cidadão e polícia acaba por ser
uma das principais bases deste tipo de projeto, já que apenas o que é visível não chega,
permitindo fazer uma análise muito mais pormenorizada que pode ser muito mais bem sucedida
na perceção das questões que colocam em causa determinado local e comunidade.
40
8. RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA INTERNA
41
existência de subúrbios com mais habitantes são aqueles que apresentam maiores resultados
tanto para a criminalidade em geral como para a criminalidade violenta (70,3% e 71,7%). São
estes: o Distrito do Porto; Lisboa; Setúbal; Faro; Braga e Aveiro.
A categoria de crimes contra o património, onde se evidenciam os crimes de furto,
apresenta-se como a mais representativa, com mais de metade das participações. Os crimes
contra as pessoas são aqueles que naturalmente mexem negativamente com o sentimento de
segurança, registando 25,7% de toda a criminalidade participada.
Dentro da prevenção, o foco passa pela continuidade dos Programas e Ações Especificas
de Prevenção e Policiamento, com o objetivo de planear a proteção a grupos vulneráveis bem
como a prevenção em áreas geográficas específicas. Na mesma linha, a proteção da natureza e
do ambiente revela-se como fulcral na segurança das populações.
Dentro da criminalidade mais participada e nos seus diversos subtópicos de atividades
criminais, o furto nas mais diversas formas continua a ser aquele que mais vezes é revelado.
Assim, e tendo em conta este trabalho, esse tipo de crime pode ter uma estreita ligação àquilo
que se chama de prevenção ambiental/social, já que o mesmo pode ser capacitado e diretamente
fortalecido por uma fraca proteção do ambiente físico envolvente, permitindo que assim o crime
desta forma aconteça com mais ênfase e menos riscos, derivado das possíveis barreiras
enfraquecidas que o suposto local apresente. Ainda assim, e comparando com os valores
observados desde 2012 (onde começou a divisão de caracterização de vários tipos de furto)
pode-se observar em gráfico que os valores vem diminuindo, o que pode indicar uma maior
capacidade de resposta ao nível da prevenção deste tipo de atividade criminal.
Em termos de criminalidade violenta e grave, um claro destaque para os crimes de roubo
na via pública (exceto esticão) e roubo por esticão que com uma representatividade total de
62,1% vão ao encontro do que é defendido no parágrafo anterior, podendo assim definir um
claro objetivo de procurar alternativas mais específicas para combater este tipo de crime, de
forma a diminuí-lo. (SIS, 2019)
42
Figura 1 - Descrição da criminalidade com maior incidência
(Fotografia retirada do Relatório Anual de Segurança Interna - Ano 2019)
43
CAPITULO II - COMPONENTE EMPÍRICA
1. OBJETIVOS
Dentro desta pesquisa, foi definido como objetivo geral a perceção da (in)segurança
considerando as características físicas dos locais. Pretende-se avaliar a importância
comunitária, estrutural e securitária na perceção da (in)segurança como objeto da prevenção
criminal.
2. Questões de Investigação
Q1: Os/As cidadãos/ãs sentem-se seguros/as dentro dos seus meios habitacionais?
Q2: O policiamento é considerado importante para a população?
44
Q3: A população tem perceção da importância da prevenção criminal?
Q4: As pessoas têm hábitos que promovam espaços que transmitam um maior
sentimento de segurança?
Q5: A população está satisfeita com a segurança pública?
3. Metodologia
Deste modo, a validade e veracidade dos dados qualitativos dependem “em grande
medida da perícia metodológica, sensibilidade e treino do avaliador”. (Patton, 1987, p.8)
45
Existem diversas estratégias de investigação, tais como a teoria fundamentada,
investigação documental, experimentação, etnografia, estudo de caso e inquéritos, e todas elas
possibilitam dar respostas às questões colocadas pelo investigador. (Saunders, Lewis, &
Thornhill, 2009)
46
permissão das respostas em momentos que possam ser mais apropriados para os/as
inquiridos/as, a inexistência de qualquer tipo de influência por parte do pesquisador sobre o/a
respondente e a rentabilização do tempo, derivado das estatísticas rapidamente apresentadas.
Ainda assim, estão presentes também algumas desvantagens que devem ser relatadas, como: a
exclusão de pessoas que não tenham acesso a algum tipo de tecnologia, a inexistência de auxílio
por parte do pesquisador em relação a qualquer questão e a possibilidade de existir algum tipo
de subjetividade que não possa ser também clarificada.
4. Amostra e Participantes
47
Sexo Frequência Percentagem
Feminino 181 63,7 %
Masculino 103 36,3 %
Total 284 100 %
5. Procedimento
48
O inquérito foi criado a partir da plataforma Google Forms, no Google Docs, sendo
partilhado através das redes sociais, como o Facebook e o Whatsapp.
Como introdução e solicitação de respostas ao inquérito, foi mencionado que se trata de
uma investigação para a realização de uma Dissertação de Mestrado em Criminologia. Foi
também mencionado que se tratava de respostas anónimas, assegurando o sigilo dos dados
recolhidos, e que ao responderem, os/as participantes estariam a dar o consentimento para a
utilização das respostas para fins académicos.
49
6. Resultados
Tabela 3 - Tendo em conta onde vive, identifique se habita numa zona urbana ou numa zona rural.
Frequência Percentagem
Zona urbana 189 66,5 %
Zona Rural 95 33,5 %
Total 284 100 %
Observa-se que relativamente às pessoas que vivem em zona urbana, como demonstrado
na tabela 4, a maioria (107 dos/as 189 respondentes, que correspondem a 56,6%) habitam em
zonas periféricas em relação aos centros urbanos, com estes a apresentarem 82 dos/as habitantes
(43,4%).
50
Tabela 4 - Se vive numa zona urbana, indique em que tipologia se enquadra a sua zona de habitação.
Frequência Percentagem
Centro urbano 82 43,4 %
Periferias urbana 107 56,6 %
Total 189 100 %
Tabela 5 - Na zona onde habita, tem conhecimento de que existem relatos de ocorrências criminais?
Frequência Percentagem
Sim 123 43,3 %
Não 161 56,7 %
Total 284 100 %
Frequência Percentagem
Sim 59 20,8 %
Não 225 79,2 %
Total 284 100 %
51
esse ato aconteceu. Assim, se em relação ao período diário, notámos algum equilíbrio, com a
“Noite” a apresentar uma percentagem superior em 11,8% em relação ao período diurno. No
que diz respeito ao local do acontecimento, claramente, a zona urbana afasta-se em números
altos relativamente à zona rural (94,9% na totalidade da zona urbana contra 5,1% na zona rural).
Dentro ainda da zona urbana, há a divisão entre acontecimentos em centro urbano (39
inquiridos/as, correspondentes a 66,1%) ou em periferias urbanas (17 inquiridos/as,
correspondentes a 28,8%), com os primeiros também a apresentarem números muito superiores
comparados com os segundos.
Tabela 7 - Se a resposta anterior for "Sim", indique em que período do dia aconteceu.
Frequência Percentagem
Dia 26 44,1 %
Noite 33 55,9 %
Total 59 100 %
Tabela 8 - Se já experienciou um ato criminal, indique em que tipo de local aconteceu esse ato.
Frequência Percentagem
Centro urbano 39 66,1 %
Periferia urbana 17 28,8 %
Meio rural 3 5,1%
Total 59 100 %
Tabela 9 - Sente-se seguro enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua habitação durante
o dia?
Frequência Percentagem
Sim 272 95,8 %
Não 12 4,2 %
Total 284 100 %
52
Tabela 10 - Sente-se seguro(a) enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua habitação
durante a noite?
Frequência Percentagem
Sim 192 67,6 %
Não 92 32,4 %
Total 284 100 %
Frequência Percentagem
Sim 196 69 %
Não 88 31 %
Total 284 100 %
53
Tabela 12 - Se sim, indique quais as características físicas do local que promovem o sentimento de
insegurança (poderá selecionar mais do que uma opção)
Tabela 13 - De entre as características abaixo elencadas, na sua opinião, quais considera como
fundamentais para a melhoria da segurança de uma determinada comunidade? Indique pelo menos
duas.
54
Nas tabelas 14, 15 e 16, há um fator comum: a questão da prevenção criminal e da sua
avaliação em termos de importância. Na tabela 14, é clara a referência sobre a importância da
prevenção criminal: 224 (78,9%) a classificarem a prevenção como extremamente importante,
54 (19%) como moderadamente importante e apenas 6 (2,1%) a considerarem pouco
importante. Nenhum dos/as inquiridos/as considerou a prevenção criminal como não
importante. As duas tabelas seguintes (tabela 15 e 16 respetivamente) apoiam-se também na
importância em fatores que podem contribuir para a prevenção criminal. A importância tanto
do policiamento de proximidade como da coesão social e pertença comunitária é evidente
(54,9% considera extremamente importante e 40,1% considera moderadamente importante), e
o segundo a apresentar também valores altos referentes à importância considerada (278
inquiridos acham moderadamente ou extremamente importante).
Tabela 14 - Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui à prevenção
criminal
Frequência Percentagem
0 – Nenhuma importância 0 0%
1 – Pouco importante 6 2,1 %
2 – Moderadamente importante 54 19 %
3 – Extremamente importante 224 78,9 %
Total 284 100 %
Tabela 15 - Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui ao policiamento de
proximidade.
Frequência Percentagem
0 – Nenhuma importância 1 0,4 %
1 – Pouco importante 13 4,6 %
2 – Moderadamente importante 114 40,1 %
3 – Extremamente importante 156 54,9 %
Total 284 100 %
Tabela 16 - Numa escala de 0 a 3, qual o nível de importância que atribui à coesão social e pertença
comunitária?
Frequência Percentagem
0 – Nenhuma importância 0 0%
1 – Pouco importante 6 2,1 %
2 – Moderadamente importante 117 41,2 %
3 – Extremamente importante 161 56,7 %
Total 284 100 %
55
Em relação ao nível da confiança que os/as inquiridos/as apontam às instituições
policiais portuguesas, como indicado na tabela 17, 68,7% dos/as inquiridos/as responderam ter
“Confiança moderada”, 13% consideram “Indiferente”, 10,6% afirmam “Confiar totalmente” e
7,7% responderam “Não há confiança” 22 dos 284 assinalaram a resposta “Não há confiança”
(7,7%).
Tabela 17 - Indique qual é o nível de confiança que tem nas instituições policiais portuguesas.
Frequência Percentagem
Não há confiança 22 7,7 %
Indiferente 37 13 %
Confiança moderada 195 68,7 %
Confiança total 30 10,6 %
Total 284 100 %
Tendo em conta a perceção em relação às atitudes que os/as inquiridos/as dizem tomar
de forma usual na sua zona de residência, dispostas na tabela 18, nota-se que a “Colocação de
lixo e objetos em locais destinados para o efeito” é aquela mais representada, com 267 das 284
(94%) respostas a assinalarem esta opção. A resposta “Manter-se alerta perante atos suspeitos”
vem em segundo plano com 158 respostas (55,6%), tal como “contribuição para o bem-estar
dos restantes indivíduos da comunidade” (50,7%). A “Comunicação a órgãos policiais de
situações ilícitas” apresentam uma taxa de resposta de 32,7% que equivale a 93 pessoas. A
opção “Nenhuma” foi selecionada apenas em 3 inquéritos (1,1%). Através da possibilidade
“Outras: Quais?” foram ainda dadas duas respostas: “Apoios aos sem-abrigo” (1) e a “Prática
de Desporto” (1) que equivalem em conjunto a 0,7%.
Tabela 18 - Das seguintes atitudes, quais coloca em prática usualmente na sua zona de
residência?
56
Relativamente à observação de despejo de lixo e outros objetos em locais não destinados
para o efeito, tal como indicado na tabela 19, 191 pessoas (67,3%) responderam que existe na
sua zona de habitação, enquanto 92 dizem que “Não” (32,7%).
Tabela 19 - Na zona onde habita é normal observar situações em que existe lixo e outros
objetos despejados em locais não destinados para o efeito?
Frequência Percentagem
Sim 93 32,7 %
Não 191 67,3 %
Total 284 100 %
Tendo em conta os sinais de vandalismo, como demonstrado na tabela 20, 189 pessoas
(66,5%) respondem que evitariam passar num local próximo à sua habitação que apresentasse
tais sinais, enquanto 95 pessoas (33,5%) dizem que não evitariam.
Frequência Percentagem
Sim 189 66,5 %
Não 95 33,5 %
Total 284 100 %
Em relação aos circuitos de videovigilância, como indicado na tabela 21, 160 pessoas
(56,3%) afirmam que se sentem mais seguras em locais que possuam essa instalação, enquanto
102 dos/as inquiridos/as (35,9%) consideram irrelevante este tipo de vigilância. Os/As restantes
22 inquiridos/as (7,7%) dizem que “Não” quanto ao aumento de segurança em locais com
instalação de circuito de videovigilância.
Tabela 21- Sente-se mais seguro(a) em locais com instalação de circuito de videovigilância?
Frequência Percentagem
Sim 160 56,3 %
Não 22 7,7 %
Não relevante 102 35,9 %
Total 284 100 %
Partindo da perceção dos/as inquiridos/as em relação à atuação por parte dos seus
Municípios na prevenção Criminal, como referido na tabela 22, as opiniões dividem-se. Ainda
57
assim, a “atuação moderada” é a mais representativa (106 respostas, 37,3%), seguido da
“atuação mínima” com 25,7% (73 respondentes). Os/as inquiridos/as que responderam “Não
sei” representam 21,1%, enquanto os que responderam “Não atua” representa 8,8% (25
respostas). A resposta “atua significativamente” é a menos respondida, com 7%, relativos a 20
dos/as inquiridos/as.
Tabela 22 - Como classifica a atuação por parte do seu Município na Prevenção Criminal?
Frequência Percentagem
Não atua 25 8,8 %
Atua minimamente 73 25,7 %
Atua moderadamente 106 37,3 %
Atua significativamente 20 7%
Não sei 60 21,1 %
Total 284 100 %
Como indicado na tabela 23, e percebendo a conclusão que as pessoas tiram acerca da
sua sensação de segurança em relação à proteção que lhes é dada na sua área de residência, 195
dos/as 284 inquiridos/as (68,7%) afirmam que se sentem seguros/as, enquanto 89 (31,3%)
dizem não sentir segurança na sua zona de residência.
Tabela 23- Sente-se seguro(a) com a proteção que lhe é dada na sua área de residência?
Frequência Percentagem
Sim 195 68,7 %
Não 89 31,3 %
Total 284 100 %
Neste tópico, referido na tabela 24, foi dado aos/às inquiridos/as a possibilidade de
sugerirem ações passíveis de aumentar a segurança nas suas zonas de residência.
A maior parte dos/as inquiridos/as que responde às sugestões de ações para aumentar a
segurança na sua área de residência destaca a importância de um maior
policiamento/patrulhamento e uma maior iluminação. Outras respostas incluem também a
sugestão de instalação de circuitos de videovigilância, a melhoria do contacto entre órgãos
policiais e a população, a redução do desemprego com a consequente melhoria das condições
económicas das pessoas, a manutenção das zonas envolventes, a criação de zonas de lazer, o
maior diálogo entre moradores, a união entre pessoas e autarcas, o movimento social mais
frequente, a melhoria das ruas mais escondidas (reconstrução de edifícios abandonados), o
58
direcionar os órgãos policiais para atividades de prevenção criminal ao invés de os direcionar
para ações menos importantes como por exemplo a aplicação de multas de estacionamento, a
diminuição da desvalorização da queixa por parte da polícia (casos de assédio, por exemplo) e
a reabilitação de espaços afamados como perigosos.
Tabela 24- O que sugere para um possível aumento de segurança na zona onde habita?
Frequência Percentagem
Total de respostas 130 45,7 %
Total de inquiridos/as 284 100 %
Analisando a tabela 25, e através dos dados recolhidos percebe-se que acerca da
classificação em termos de existência de policiamento no local onde os/as inquiridos/as habitam
as opiniões acabam por se dividir, ainda que em relação à existência de muito policiamento a
resposta seja baixíssima, com 7 das 284 pessoas a assinalarem essa opção, o que corresponde a
apenas 2,5%. As pessoas que acham que o policiamento existente é suficiente representam
33,1%. Chegámos então à análise da falta de policiamento ou policiamento insuficiente, que
acabam por ser um possível fator negativo do contexto preventivo e que nesta pesquisa
apresentam valores altos, com 183 dos/as 284 inquiridos/as a responderem que no seu local de
habitação o policiamento é insuficiente ou não existe, representando 64,4% da totalidade.
Dividindo estes valores o policiamento insuficiente atinge os 34,9% (99 inquiridos/as) e a
inexistência de policiamento os 29,6% (84 dos/as inquiridos/as).
Após isto, passámos à divisão destas respostas em relação ao contexto urbano e ao
contexto rural. Se em relação à existência de muito policiamento a divisão é equilibrada, com
1,4% das respostas a tratar de habitantes da zona urbana e 1,1% de habitantes da zona rural, na
questão relativa ao policiamento considerado como suficiente, a maior parte das respostas
advém de pessoas que habitam em zonas urbanas (25% dos 33,1% que assinalaram esta
resposta) enquanto as pessoas que habitam no meio rural e selecionaram esta resposta ficam
nos 8,1%. Falando da opinião em relação à insuficiência do policiamento existente, os números
acabam por também apresentar a mesma linha, com 26,8% dos habitantes da zona urbana a
selecionaram esta resposta em relação aos 8,1% dos habitantes das zonas rurais.
59
Por fim, a falta de policiamento apresenta números equilibrados entre os dois contextos.
Os habitantes rurais que selecionaram a opção “Não há policiamento” representam 13% dos/as
inquiridos/as, enquanto os habitantes da zona urbana representam 13%.
Tabela 25- Em relação ao local onde habita, como classifica a existência de policiamento?
Frequência Percentagem
Existe muito
(1) 7 2,5 %
policiamento
Existe policiamento
(2) 94 33,1 %
suficiente
O policiamento
(3) 99 34,9 %
existente é insuficiente
Não há policiamento (4) 84 29,6 %
Total 284 100%
Zona urbana 71 25 %
(2) Zona rural 23 8,1 %
Total 94 33,1 %
Zona urbana 37 13 %
(4) Zona rural 47 16,6 %
Total 84 29,6 %
60
Concluindo com a minoria, dos/as 5,6% inquiridos/as que se sentem inseguros/as, 3,5%
habitam em contexto urbano e 2,1% em contexto rural.
Tabela 26 - Tendo em conta aquilo que foi abordado na totalidade deste questionário, classifique de 1
a 3 a sua sensação de segurança relativamente ao local onde vive e a todas as características que
o(a) rodeiam.
Frequência Percentagem
1 – Sensação de medo e
(1) 16 5,6 %
insegurança
2 – Sem perceção de
segurança ou (2) 173 60,9 %
insegurança
3 – Sensação de
(3) 95 33,5 %
completa segurança
Total 284 100%
61
7. Discussão dos Resultados
A qualidade de vida das pessoas é uma das garantias pelas quais se deve trabalhar. A
aplicação de todas as medidas possíveis para atingirmos esse fim devem ser estudadas,
percebidas e por fim praticadas. Essa questão não é dependente apenas de uma instituição,
órgão, pessoa ou governante. É um trabalho coletivo, que deve ser garantido sim por quem nos
governa. Ainda assim, e para lá chegarmos, é necessário que a população seja ouvida,
percebida, colocada em estudo, através de questionamentos que permitam perceber o que pode
falhar, onde pode falhar e como se pode dar a volta. Só depois dessa perceção social, partir-se-
á para a prática e para a aplicação de medidas, que será da responsabilidade dos órgãos de
polícia, de forma a salvaguardar os direitos humanos e com isso aumentar a capacidade de
resposta a problemáticas que aparecerão sempre reinventadas, mas que quanto maior for o
historial de estudo sobre elas, mais serão eficazes as políticas aplicáveis. E esta pesquisa tem
em conta um questionamento social, ainda que não atinja num número elevado de pessoas, mas
numa amostragem que permite tirar várias conclusões, com muitas delas a irem ao encontro
daquilo que é dito na análise teórica e defendida ao longo desta Dissertação.
Deste modo, e olhando para aquilo que se pode retirar do inquérito aplicado, existem
ainda muitas características que em contextos urbanos principalmente falham e que colocam
em causa aquilo que as pessoas possam sentir durante o seu dia-a-dia. Falando acerca da
abordagem da prevenção comunitária, defendida e teorizada por Tonry & Farrington (1995)
que parte sobretudo das condições apresentadas em determinadas áreas e locais, levando a que
caso estas se apresentem com défices poderão levar a um caminho diferente do pretendido, com
o enfraquecimento das questões preventivas e legislativas e em sentido contrário com o
aumento da possibilidade criminal. Seguindo esta lógica, e tendo em conta aquilo que é
observável em termos de análise de resultados, os/as inquiridos/as abordam alguns destes
défices em termos de características dos locais que os/as envolve. Duas das situações que mais
vezes foram colocadas em causa, foi a questão da iluminação que apresentou valores sempre
muito altos de resposta, quer em situações em que se pede que caracterizem aspetos que lhes
transmita um sentimento de insegurança bem como no caracterizar os locais onde vivem.
Quando questionados sobre características que lhes transmitem sentimentos de insegurança em
determinados locais, no total dos/as 284 inquiridos/as, 171 referiram a “Pouca iluminação”
como o principal fator, o que equivale a 84,7%. Se utilizarmos a teoria da prevenção situacional
do crime, preconizada por R. Clarke percebe que se pode estar perante uma possível falha
preventiva, já que esta abordagem afirma que esta é uma das técnicas mais utilizadas, através
62
da criação de maior visibilidade em espaços que necessitem, através da colocação de maior
iluminação ou circuitos de videovigilância. Desta forma, a questão da iluminação é um
potencial para o crime, visto que caso esta seja deficiente ou inexistente, a possibilidade
criminal aumenta dado o menor risco de ser “observável”. Será por isto que também, tendo em
conta as questões que se colocam em relação às pessoas se sentirem seguras enquanto
caminham sozinhas durante o dia ou durante a noite na zona envolvente às suas habitações leva
a uma conclusão interessante. Na primeira questão, durante o dia, 95,8% das pessoas confirmam
sentirem-se seguras enquanto caminha sozinhas na sua zona, mas quando a questão se mantém
e se muda o período, questionando sobre a noite, há uma mudança que considerada alta em
relação ao sentimento de segurança das mesmas pessoas. Assim, observámos que de noite o
número passa das 272 para 192 que se sentem seguras enquanto caminham sozinhas. Isto está,
com certeza, relacionado com a questão da iluminação, já que evidentemente de noite a
iluminação é muito mais necessária visto que de dia acaba-se por ter um contexto natural que
o permite. É muito por aqui que nas sugestões em relação a características que podem ser
adotadas nos locais envolventes às habitações pelos/as inquiridos/as de forma a tornar os locais
mais seguros a questão da iluminação volta a ser uma das mais respondidas, neste caso com 42
das 130 sugestões a incluírem a questão do aumento da iluminação. Apresenta-se como uma
problemática que deve ser contornada, sabendo que muito do crime se aproveita de lugares
vulneráveis em termos de visibilidade para se poder promover.
Outra das questões que envolve uma característica em falha caracterizada pelas pessoas
é a questão do policiamento e patrulhamento. Dentro da nomeação de características que
colocam o sentimento de insegurança em alerta, as pessoas escolhem a falta de policiamento
em determinados locais, o que não lhes possibilita sentirem-se seguros. Olhando para os
números, 90 dos/as inquiridos/as (44,6%) relatam que a inexistência de patrulhamento policial
é a característica que mais coloca em causa o seu sentido de segurança, situação essa que tal
como defende R. Clarke na prevenção situacional do crime é função dos órgãos estatais em
garantir essa capacidade de gerar reforço. O número aumenta quando se tenta perceber o que é
que as pessoas pensam e sugerem para um aumento se segurança na sua zona de habitação, com
números claros: 67 das 130 respostas referem que deveria existir mais
policiamento/patrulhamento nas suas zonas. Desta forma, e dada a perceção que as pessoas tem
quanto à não existência ou insuficiência de policiamento, já que nas suas classificações de
policiamento em relação às zonas onde habitam, 99 pessoas (34,9%) e 84 (29,6%) pessoas
afirmam a insuficiência do policiamento existente e a não existência de policiamento,
respetivamente, notámos um défice de resposta a este nível que pode colocar em causa não só
63
a segurança (objetiva) e o sentimento da mesma (subjetiva), bem como a confiança nos órgãos
competentes.
Mais grave se torna, quando observámos em que contexto os/as inquiridos/as habitam,
com grande parte destas respostas a surgirem através de pessoas que habitam em zonas urbanas
(quer cidades quer periferias), o que tendo em conta a multiplicidade de fatores que as zonas
urbanas propiciam, que ao longo deste trabalho foi mencionado e que criam problemáticas
variadas no contexto urbano permitem perceber que não há capacidade para prevenir as
diferentes possibilidades criminais.
É através deste registo que a confiança precisa e necessária da população em relação
aos órgãos de polícia é abalada e coloca em causa a questão do policiamento comunitário, já
que este tem como base a aproximação entre polícia e comunidade. São preocupantes os
números em relação à confiança que as pessoas depositam nas instituições policiais, sendo que
20,7% estão localizados dentro das seleções “Não há confiança” e “Indiferente”, com 68,7% a
considerarem que “Confiam moderadamente” e 10,6% que “Confiam totalmente”. Numa ótica
de caminho rumo ao que se pretende estes últimos valores estariam trocados, ou seja, o confiar
moderadamente não deixa de ser um mau sinal, já que existe sempre uma certa desconfiança
acerca da capacidade das mesmas instituições, e quando a confiança total se debruça apenas
sobre estes valores percebe-se que se está perante mais uma falha que não ajuda em nada o
modelo preventivo e consequentemente que não se possa aumentar a qualidade de vida e
segurança das pessoas.
Observámos a continuidade deste processo em relação à questão que se colocam às
pessoas, acerca da atuação por parte dos seus Municípios na prevenção criminal, onde 21,1%
afirma não saber responder a esta questão, o que indica que não há uma atuação observável, ou
pelo menos em quantidade considerável nesta temática, o que associado aos 8,8% que
responderam que o seu Município não atua, e os 25,7% que afirmam que o seu Município atua
minimamente, sendo esta uma percentagem alarmante, na casa dos 55,6% que indicam que o
trabalho preventivo possa não estar a ser feito com a quantidade e qualidade esperada para
garantir uma sociedade segura. Agrava-se ainda quando na opinião das pessoas inquiridas a
prevenção criminal é considerada como extremamente importante para 78,9%.
A zona urbana é colocada em causa com as questões acima mencionadas, ainda mais
reforçada pelos dados obtidos em relação aos relatos de ocorrências criminais pelos/as
inquiridos/as, visto que das 123 (43,3%) pessoas que afirmaram ter conhecimento, 101 são
habitantes de zonas urbanas (35,6%). O histórico mantém-se quanto às experiências criminais,
64
com 94,9% das pessoas que indicam ter experienciado ações criminais ou terem presenciado
em ambientes urbanos.
Conclui-se ainda com dados importantes e problemáticos, já que em relação à questão
final 60,9% das pessoas afirmam não ter qualquer tipo de perceção de segurança ou
insegurança, o que pode indicar ser uma linha muito ténue entre o bem-estar e a possibilidade
criminal, colocando em causa a sociedade e a sua qualidade de vida.
Seria de esperar que os valores apresentados em 33,5% relativamente à sensação de
completa segurança fossem maiores, já que só dessa forma se pode providenciar aquilo que se
espera para a nossa sociedade atual: SEGURANÇA.
65
CONCLUSÕES
66
que possa colocar em causa a estrutura social. Este sentimento de segurança é fundamental para
o bem-estar individual e social.
O crime nunca se extinguirá, dada a evolução normal da sociedade e da aplicação do
mesmo, que encontrará sempre uma variabilidade e imprevisibilidade de fatores que lhe
permitam continuar a ser executado, ainda assim, cabe à sociedade de forma também evolutiva
e atenta perceber aquilo que se apresenta como fator de risco e através da prevenção antecipar-
se de modo a reduzir danos e a permitir às sociedades, quer atuais quer às que aí vem,
capacidade de segurança e bem-estar.
67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Beccaria, C. (2009). On Crime and Punishment (5th edition). New Jersey, USA: Transacrions
Publishers.
Brantingham, P. &. (January de 1995). Criminality of place, Crime generators and Crime
attractors. European Journal on Criminal Policy and Research.
Brantingham, P. J., & Brantingham, P. L. (1993). Nodes, paths and edges: Considerations on
the complexity of crime and the physical environment. Journal of Environmental
Psychology, 3-28.
Brantingham, P., & Faust, F. (1976). A conceptual model of crime prevention In:Newburn,
Tim. Key Readings in Criminology. Devon: William Publishing.
68
Carvalho, M. I. (2012). O roubo a residências: Uma abordagem direccionada a esclarecer e
prevenir. . (Projecto de graduação para a obtenção do 1º Ciclo de Estudos em
Criminologia). Porto: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
Clarke, R. (1995). Situational Crime Prevention . Crime and Justice, pp. 91-150.
Clarke, R. V. (1997). Situational Crime Prevention - Successful Case Studies, Second Edition.
Guilderland, New York: Harrow and Heston Publishers.
Clemente, P. (2013). Clemente, P. (2013). Prevenção e segurança: política e estratégia. In P.
P. de Almeida (Coord.), Como tornar Portugal um país seguro, Segurança nacional e
prevenção da criminalidade. Lisboa: bnomics.
Decreto Lei nº 53/2008 de 29 de Agosto, aprova a Lei de Segurança Interna. (29 de Agosto de
2008).
69
DGOTDU, Direção Geral do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Urbano.
(2011). Segurança Pública e Desenvolvimento Urbano : A prevenção do crime
através do espaço construído. Lisboa: DGOTDU.
Direção Geral da Administração Interna, DGAI. (2013). CPTED - Prevenção Criminal através
do Espaço Construído. Lisboa, Lisboa, Portugal: DGAI – Direção Geral de
Administração Interna.
Fernando , P., Lima, T. M., & Dias, J. P. (Março de 2007). O Ministério Público em Portugal:
Que papel, que lugar? .
Geason, S., & Wilson, P. (1988). Crime Prevention - Theory and Practice . Australia:
Renwick Pride Pty Ltd, NSW.
70
Gomes, D. (2017). Policiamento do Terrorismo: O Policiamento Comunitário como
Estratégia de Prevenção do Terrorismo. Lisboa.
Gomes, L. F., & de Molina, A. G.-P. (2007). Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais.
Jones, T., Newburn, T., & Smith, D. J. (1994). Democracy and policing. London - England:
Policy Studies Institute.
Kelling, G. (1988). Police and communities: the quiet revolution. National Institute of Justice,
U.S. Department of Justice, Program in Criminal Justice Policy and Management.
Laycock, G. K., & Heal, K. (1986). Situational Crime Prevention: From theory into practice.
London: H.M.S.O.
Lei n.º 96/2017, de 23 de Agosto, Lei de Política Criminal - Biénio de 2017-2019. (23 de
Agosto de 2017). Lisboa: Procuradoria Geral Distrital de Lisboa.
Leitao , J. (1999). Causas da Proximidade Policial – II. Revista Polícia Portuguesa, 5-6.
71
Machado, P. (2006). Insegurança urbana: questões de proximidade e distanciamento ao
problema social. Obtido de www.aps.pt: https://aps.pt/wp-
content/uploads/2017/08/ensaio_ENS476efa56bc024.pdf
Minister, O. o. (2004). Safer Places: The Planning System and Crime Prevention. Great
Britain: Latimer, Trend & Company Limited.
72
Polícia Segurança Pública, P. (s.d.). Contratos Locais de Segurança - Polícia de Segurança
Pública. Obtido em Agosto de 2020, de www.psp.pt:
psp.pt/Pages/atividades/ContrLocSeguranca.aspx
Reis, J. L., Salvador, R., Cardoso, S. P., & Marques , B. P. (2012). Urbanicity: dialogue
between Sociology, Architecture, Economics and Geography - the Master in
Metropolization, Strategic Planning and Sustainability experience. MunichPersonal
RePEc Archive, 41316(17), 1-13. Retirado de http://mpra.ub.uni-muenchen.de/41316/.
Salmi, S., Voeten, M., & Keskinen , E. (2000). Relation between police image and police
visibility. Journal of Community & Applied Social Psychology, Vo. 10, pp. 433-447.
Saraiva, M., Neves, A. V., Santos, H., Diniz, M., Jota, L., & Ribeiro, P. (16 de Agosto de
2018). A Prevenção Criminal Através do Espaço Construído (CPTED) Em Portugal:
Revisão da Literatura e Redes de Conhecimento.
Saunders, M., Lewis, P., & Thornhill, A. (2009). Research Methods for Business Students.
London: Financial Times Prentice-Hall.
Sento-Sé, J. T. (2011). Prevenção ao crime e teoria social. Lua Nova: Revista de Cultura e
Política.
Silva, C. (2014). Segurança urbana. A arquitetura ao serviço da diversidade: olhares paralelos
entre Portugal e Brasil. (Tese de doutoramento em arquitetura). Lisboa.
Stake, R. E. (2010). Qualitative Research: Studying how things work. New York: The
Guilford Press.
Townsley, M. (2010). Crime patterns and analysis: Visualising space time patterns in crime:
The hotspot plot (3ª ed.). University of Arkansas, USA: Little Rock: J. Walker .
73
Trojanowicz, R., & Carter, D. (1988). The philosophy and role of community policing .
School of Criminal Justice, Michigan State University, United States of America:
National Neighborhood Foot Patrol Center .
Wilson, J. Q., & Kelling, G. L. (1982). Broken Windows : The police and neighborhood
safety. The Atlantic.
74
ANEXOS
Anexo 1 – Questionário
Eu, João Miguel Aguiar Sampaio, venho pedir a sua atenção e a contribuição para o
questionário a seguir apresentado.
Esta investigação tem como objetivo compreender como é que o crime pode ser
prevenido em contexto urbano considerando as características físicas dos locais.
Questões de investigação:
Q1: Os/As cidadãos/ãs sentem-se seguros/as dentro dos seus meios habitacionais?
Q2 : O policiamento é considerado importante para a população?
Q3 : A população tem perceção da importância da prevenção criminal?
Q4 : As pessoas têm hábitos que promovam espaços que transmitam um maior
sentimento de segurança?
Q5 : A população está satisfeita com a segurança pública?
75
Questionário:
Idade
• 18-25
• 26-35
• 36-45
• 46-55
• 56-65
• Mais de 65
Sexo
• Feminino
• Masculino
• Prefere não responder
Tendo em conta a zona onde vive, identifique se habita numa zona urbana ou numa
zona rural.
76
Se vive numa zona urbana, indique em que tipologia se enquadra a sua zona de
habitação.
• Centro urbano (cidade)
• Periferias urbanas (freguesias nas redondezas da cidade, por exemplo)
77
Sente-se seguro(a) enquanto caminha sozinho(a) na zona envolvente à sua
habitação durante a noite?
• Sim
• Não
78
Numa escala de 0 a 3, indique qual o nível de importância que atribui ao
policiamento de proximidade:
• 0 - Nenhuma importância;
• 1 – Pouco importante;
• 2 – Moderadamente importante;
• 3 – Extremamente importante;
Indique qual é o nível de confiança que tem nas instituições policiais portuguesas:
• Não há confiança;
• Indiferente;
• Confiança moderada;
• Confiança total;
79
Das seguintes atitudes, quais coloca em prática usualmente na sua zona de
residência?
• Colocação de lixo e objetos em locais destinados ao efeito;
• Contribuição para o bem-estar dos restantes indivíduos da comunidade;
• Manter-se alerta perante atos suspeitos;
• Comunicação a órgãos policias de situações ilícitas;
• Outras; Quais?
• Nenhuma;
• Outras;
Na zona onde habita é normal observar situações em que existe lixo e outros objetos
despejados em locais não destinados para o efeito?
• Sim
• Não
80
Como classifica a atuação por parte do seu Município na Prevenção Criminal?
• Não atua;
• Atua minimamente;
• Atua moderadamente;
• Atua significativamente;
• Não sei
Sente-se seguro(a) com a proteção que lhe é dada na sua área de residência?
• Sim
• Não
81