Ser Ilustrador - 100 Maneiras de Desenhar Um Pássaro

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Ser ilustrador

100 maneiras de desenhar um pássaro


ou como desenvolver sua profissão

FELIX SCHEINBERGER
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FELIX SCHEINBERGER
Ser ilustrador
100 maneiras de desenhar um pássaro
ou como desenvolver sua profissão

FELIX SCHEINBERGER
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GG
®
...um pássaro?
Introdução

V ocê já quis ser outra pessoa? Já quis


ser o aluno mais bonito da classe,
um pop star ou qualquer outra celebri-
dade? Algum personagem impor-
tante da história? Um animal? Um pássaro?

Essas perguntas, relacionadas ao tema da identi-


No entanto, mais do que falar sobre ilustrações,
este livro também contém ilustrações. Várias delas!
Obras de ilustradores muito diferentes, que traba-
lham com técnicas e estilos variados. Apesar de sua
diversidade, as ilustrações aqui presentes podem
ser comparadas entre si, já que abordam um único
tema: pássaros. Mais de 170 formidáveis ilustrado-
dade, não deixam de ser grandes questionamentos res forneceram seus desenhos para que pudésse-
da humanidade: afinal, todos nós temos uma vida, mos “iluminar” o universo da ilustração.
e tudo indica que ela seja a única. Não podemos “sair
da nossa pele”. Mas nossa imaginação pode! Meu muito obrigado por essa
E talvez isso explique o surgimento de nossa criati- colaboração – graças a ela, este
vidade: a fantasia é uma espécie de solução para o livro se tornou possível.
fato de, diante de milhões de possibilidades, estar-
mos limitados a viver apenas uma vida. O tema escolhido foi “pássaros” porque todos nós
os conhecemos. São inúmeras as imagens que nos
Este livro fala sobre como vêm à mente quando pensamos em “pássaros”:
utilizar a fantasia, sobre pode ser um papagaio colorido e criativo, um pato
ilustração. desengonçado ou uma águia poderosa, talvez um
falcão veloz como uma flecha ou um corvo sombrio
A palavra “ilustrar” tem origem latina e significa portador de maus agouros. Pode ser ainda uma
“iluminar”. sábia coruja, uma galinha boba, um pardal atrevido
Quando ilustramos, não estamos apenas retra- ou até mesmo uma fênix ressurgindo das cinzas.
tando a realidade, estamos também produzindo Como você pode ver, pássaros são de uma simbolo-
algo novo, trazendo ao mundo uma visão nova e gia incrivelmente rica – e isso é que os torna tão
individual. adequados para acompanhar o tema da ilustração
Além de serem capazes de explicar e esclarecer, as ao longo deste livro.
ilustrações têm o poder de complementar, transmi-
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tir e aprofundar. Elas podem apresentar um con- Nos últimos anos, a ilustração se tornou um dos
teúdo ou revelar aspectos artísticos – ou podem ser ramos mais importantes dentro do design. Ilustrar
simplesmente bonitas. As ilustrações são tão diver- está na moda!
sas quanto as pessoas que as criam.

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No entanto, a ilustração é um gênero de arte bas- Aqui serão abordadas as premissas básicas da pro-
tante simples. Em parte, isso se deve ao próprio fissão de ilustrador, desde o tema do dinheiro até
meio – de modo geral, histórias em quadrinhos, a questão do local de trabalho mais apropriado.
livros e imagens são, por natureza, silenciosos – e, Como conseguir trabalho? Como negociar com
em parte, às características daqueles que traba- sucesso? Quanto cobrar por uma ilustração? Como
lham com ele, os ilustradores. gerenciar o dia a dia como ilustrador? Tentarei
esclarecer conceitos como direitos de uso, socieda-
Nós, ilustradores, somos pessoas estranhas. Mui- des de gestão coletiva ou previdência social de
tos de nós vivemos e produzimos dentro de nossos artista e, é claro, apresentarei uma ampla varie-
próprios mundos visuais, criando coisas mágicas. dade de técnicas de ilustração.
Há muito tempo nutrimos uma paixão por ilustra-
ções. Isso sem falar que alguns de nós sempre sou- No entanto, estou consciente de que, em um livro
beram que queriam trabalhar com imagens ou sobre um assunto tão complexo como ilustrações,
quadrinhos, ou seja, que queriam ser ilustradores. não será possível dar uma única resposta a certas
Enquanto nossos colegas de escola ainda se per- perguntas. Além disso, vale a pena já deixar claro
guntavam que carreira deveriam seguir, a maioria que nem todas as questões serão respondidas aqui.
de nós já sabia desde o início da juventude que De toda forma, acredito que a impossibilidade de
queria trabalhar com imagens. No entanto, muitos levar um trabalho até o fim não seja razão sufi-
ilustradores, especialmente os mais jovens, sen- ciente para não darmos o primeiro passo.
tem-se um tanto perdidos, como se estivessem no
escuro, quando confrontados com perguntas do Com isso em mente, espero que este livro ajude a
tipo “O que devo fazer para me tornar um ilustra- tornar mais fácil seu dia a dia como ilustrador. Todo
dor?” ou “Como ganhar a vida com isso?”. mundo é diferente. E da mesma forma que certas
coisas nos parecem difíceis, outras nos parecem
Este livro procura trazer um mais fáceis.
pouco de luz para essa escuridão
e responder o maior número Vamos começar, então, pelas mais fáceis!
possível de suas perguntas.
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HENDRIK JONAS
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Sumário

Introdução Como se tornar Técnicas de


um ilustrador? ilustração
...um pássaro? 4 O medo do papel em branco 10 Lápis 64

Talento 12 Lápis de cor 68

Ilustrar significa tomar Giz, carvão, sanguínea 72


decisões 14
Pastel 76
Como vemos o que vemos 18
Tinta nanquim 79
Concreto e abstrato 20
Esferográfica, caneta de ponta
Todo mundo é artista 22 fina e afins 87

Ideias 27 Marcador e hidrográfica 92

A magia do fazer 32 Aquarela 96

Em busca do estilo próprio 34 Guache e têmpera 100

Gosto não se discute? 38 Tinta a óleo 104

O feio é o novo bonito 42 Tinta acrílica 108

Sem esforço, não há Xilogravura 113


conquista 44
Colagem 118
Nunca sem meu Google 46
Criação de imagens digitais 122
As mentiras que as imagens
Photoshop 125
contam 50
Illustrator 130
Variações 52

Os esboços têm alma 54

Cores predominantes 58

Planos e perspectivas 60
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Ganhando a vida como ilustrador

O fetiche do material 134 Yeah! Agora é a minha vez! 210

Local de trabalho e ateliê 136 Às vezes você não se culpa


por não ter estudado
Apresentações 140
engenharia? 215
Aptidão para os negócios 143

Concorrências e amostras 145


Agradecimentos 217
Concorrentes 147
Índice de ilustradores 218
Trabalho em equipe 151
Direitos autorais 220
Problemas de comunicação 154
Sobre o autor 222
Estratégias de negociação 156
Página de créditos 224
Tempo é dinheiro 160

O seu preço 164

Quanto custa uma ilustração? 168

Produtividade e gerenciamento
do tempo 171

Sem fôlego 174

Trabalhos paralelos 178

Como buscar clientes 181

Como montar seu portfólio 185

Como encaminhar seu portfólio


a um cliente 189

Agentes e representantes 192

Anuários de ilustradores 199

Projetos pessoais 205

Pseudônimos e trabalhos que


pagam as contas 208
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ALEXANDRA JUNGE
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como se tornar
um ilustrador?
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O medo do papel em branco
Bom, de toda forma, não estou perdido.

V
Sei que ainda estou em algum lugar do Alasca.
PATO DONALD, TEMPO QUENTE NO ALASCA, 1944

ocê se senta em sua escrivaninha, O famoso medo do papel em branco,


diante de você há uma folha de papel, na verdade, nada mais é do que
um apontador e alguns lápis de cor... o medo de cometer erros.
Em pouco tempo, surgirá uma fabu-
losa ilustração! Você aponta rapidamente os lápis Trata-se do medo de ser incapaz de satisfazer às
e lá vamos nós! Tudo está a postos. Os lápis estão nossas próprias expectativas ou às expectativas de
apontados, mas você para e pensa: “Será que não outras pessoas. Ou, em outras palavras, do medo
seria melhor preparar um chá?” Você vai até a cozi- de que as coisas “não deem certo”. Por essa razão,
nha, faz o chá e pensa novamente: “Mmm... talvez vale a pena fazer uma pesquisa mais detalhada
eu devesse aproveitar para lavar a louça”, “talvez sobre o fenômeno “erro”.
devesse ligar para a minha amiga”, “acho que vou ler
meus e-mails, dar uma olhada no Facebook, tirar No computador, costumamos lidar com erros de
um cochilo...” etc. etc. etc. Você já passou por essa uma forma bem simples: Ctrl+Z. Em meios analógi-
situação, certo? cos, porém, o problema é mais complexo. Afinal,
Esse fenômeno, conhecido como “o medo do papel essa tecla de atalho só funciona no mundo dos
em branco”, sempre existiu. Artistas, designers pixels, e não no dos pincéis. No mundo real, o erro
gráficos, escritores e milhões de outros profissio- continuará ali.
nais que trabalham de maneira criativa sofrem
disso há gerações e gerações. É bem provável que,
17 mil anos atrás, em Lascaux, na França, o ser
humano já tivesse vivenciado o medo da parede
da caverna em branco.
É um grande mistério: por que às vezes fazemos
com que as coisas sejam tão complicadas em vez
de simplesmente nos lançarmos ao ato artístico?
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LORENZO MATTOTTI
No entanto, a impossibilidade de apagar um erro É por isso que costumo dar o seguinte conselho:
usando uma tecla de atalho tem uma vantagem lide com o medo do papel em branco da mesma
importante: somos levados a aprender com nossos forma como um ator lida com o medo do palco. Esse
erros. Quando ficamos irritados com um erro e medo existe – e mesmo os profissionais mais expe-
não somos capazes de desfazê-lo com um simples rientes precisam lutar contra ele uma vez ou outra.
comando de computador, esse erro permanece em
nossa memória. Por outro lado, quando não fica- Suba no palco e comece a atuar.
mos irritados, acabamos nos esquecendo do erro – E, se você cometer algum erro,
e eventualmente voltamos a repeti-lo. tudo bem. Você cometeu um erro.

Tem outra coisa muito interessante sobre os erros: O maior erro é deixar de começar. Você verá que
eles oferecem um enorme potencial criativo. Ao suas ilustrações o deixarão satisfeito e, posterior-
fazermos apenas aquilo que conseguimos fazer mente, ficará orgulhoso de um “erro” bem-suce-
sem errar, deixamos de aproveitar a chance de des- dido.
cobrir novos territórios. Entretanto, processos cria-
tivos vivem do imprevisto, do incontrolável, ou
seja, de erros. Às vezes, é justamente a mancha de
café ou o traço errado que nos traz uma ideia nova
e nos leva a produzir desenhos melhores.

O medo do papel em branco é, por-


tanto, duplamente desnecessário:
primeiro, porque erros são normais
(afinal, todo mundo comete erros, tanto
ilustradores iniciantes como profissionais).
Segundo, porque os erros às vezes nos levam mais
longe.
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SARAH PALISI
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Talento
Talento nada mais é do que energia e resistência.

V
HEINRICH SCHLIEMANN

ocê ainda se lembra das aulas de edu- Permita-me dizer algumas palavras sobre talento.
cação física, aquela espécie de ritual
estranho que se repetia semanal- Desenhar é uma das primeiras técnicas culturais
mente na escola e que parece ter sido que aprendemos, ainda quando crianças. Muito
criado para provar que alguns jamais conseguiriam antes de conseguirmos escrever ou calcular, já tive-
superar suas limitações, enquanto outros tinham a mos alguma experiência com lápis de cor e papel.
chance de encontrar uma compensação pelos maus E tem mais: todos nós adorávamos desenhar. Anos
resultados obtidos nas aulas de matemática? Nes- mais tarde, quando voltamos a olhar para nossas
sas aulas, apenas os alunos que já sabiam jogar primeiras obras, muitas vezes nos surpreendemos
bola ou que já tinham uma boa resistência física com o prazer e a satisfação que tínhamos ao dese-
eram bem-sucedidos. A maioria das demais crian- nhar. Um sol, uma galinha, uma casa, um pai, uma
ças mal podia esperar para abandonar de vez a prá- mãe, uma criança... Podemos inclusive dizer que
tica de atividades esportivas. todos nós tínhamos talento, segundo o conceito
tradicional dessa palavra. Então, por que é que nem
No mundo da ilustração, encontramos pessoas todo mundo virou desenhista? Por que o mundo
que vivenciam uma experiência semelhante a essa. não é povoado de ilustradores?
No entanto, aqui a questão não são exatamente as
habilidades ou incapacidades físicas de cada um, A maioria das potenciais carreiras
mas sim o chamado “talento”. Afinal, assim como
como ilustrador não vai adiante
acontece no esporte, quando se trata de ilustrar
devido ao que se espera de uma
existe também um certo preconceito, segundo o
carreira como ilustrador e a uma
qual o talento vem de berço. Uma implicação lógica
desse pensamento é dizer que, quando uma pessoa
suposta falta de talento.
não nasce com talento, ela dificilmente terá a possi-
Parte da resposta pode ser encontrada nas expec-
bilidade de aprender a desenhar. E, já que essa pes-
tativas. Afinal, por trás da criança desenhista, há
soa não foi brindada com esse presente divino,
geralmente um adulto dizendo: “Que desenho lindo
que chances ela terá de conseguir bons resultados?
você fez!”
É por pensarem assim que muitos jamais voltam a
Esse elogio – bem como o destrutivo “Aqui você
encostar em um pincel ou um lápis de cor.
não pode desenhar”, que ouviremos em algum

a gaviota

o estorninho-
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-comum

a pega-rabuda

NADJA BUDDE
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momento posterior – adquire vida própria em rela- Quando penso no
ção à nossa “carreira” como ilustrador. Ele se torna tempo em que eu estava
independente. O prazer de ganhar um elogio passa estudando desenho e com-
a ser um fim em si mesmo e, pouco a pouco, vai paro os prognósticos de car-
substituindo o prazer de simplesmente desenhar reira dos meus colegas com o
alguma coisa. Logo a seguir, quase todas as crian- que realmente veio a acontecer
o corvo
ças entram em uma fase em que preferem copiar com eles, tudo o que posso dizer é
desenhos de forma a obter ilustrações o mais pare- que dificilmente sabemos quem vai se dar bem ou
cidas possível com o “mundo real”. O desenho – ou, não. Muitos alunos de “talento”, que aparente-
de forma mais ampla, a comunicação e a criativi- mente tinham um futuro ótimo diante de si, acaba-
dade – se torna um veículo para ganhar reconheci- ram por seguir caminhos diferentes. Por outro lado,
mento. alunos supostamente “fracos” encontraram um
caminho formidável. Segundo minha experiência,
Por outro lado, o medo de se tornar incapaz de o fator mais importante é o compromisso que você
satisfazer as expectativas dos outros leva a um blo- assume consigo mesmo. Se você é preguiçoso, seu
queio da criatividade individual. Muito cedo deixa- “talento” não o ajudará.
mos de desenhar apenas por desenhar e, com o Se há uma coisa que não podemos aprender é a ter
passar do tempo, vamos dando cada vez mais interesse pelo desenho. No entanto, se preservar-
importância à opinião de críticos ou admiradores. mos o prazer de desenhar, fica mais fácil desenca-
Quanto mais velhos ficamos, maiores vão se tor- dear um automatismo positivo.
nando nossas exigências em relação às nossas pró-
prias habilidades artísticas. Em algum momento, Quando gostamos de fazer uma
chegamos a um limite. Nesse ponto, os elogios dos coisa, costumamos fazê-la várias
nossos pais já não são tão entusiasmados quanto vezes. E, quanto mais vezes
antes. E, quando decidimos fazer um curso profis-
a fizermos, melhores nos
sionalizante de desenho, logo percebemos que a
tornaremos.
concorrência continuou trabalhando enquanto
nós ficamos para trás.
Por esse motivo, o termo “talento” é, na minha opi-
nião, superestimado. Muito mais importante do
Porém, nós, humanos, estamos sempre apren-
que o talento é a paixão pela ilustração.
dendo. Quando chegamos ao mundo, tudo o que
conseguimos fazer é comer, dormir e digerir. Todo
o resto – de tocar piano a fazer geleia e lutar judô –
precisa ser aprendido. o
pa
Eu acredito que aquilo que costumamos chamar to
de “talento” seja, acima de tudo, uma espécie de
“empurrão inicial”. É claro que as aulas de música
vão parecer mais fáceis para uma criança cujos pais
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já são músicos. Afinal, de alguma maneira essa


criança já tinha algum contato com o uni-
verso da música. Mas, para que ela tam-
bém se torne um músico excelente
e bem-sucedido, fatores como dedi-
cação, trabalho, determinação, satis-
fação e inventividade precisarão entrar
em cena.
o rouxinol
Ilustrar significa tomar decisões
Se uma coisa se parece com uma melancia,
tem a consistência de uma melancia
e gosto de melancia,
provavelmente é uma melancia.
PROVÉRBIO JUDAICO

O título deste capí-


tulo não poderia
ser mais verda-
deiro. Infeliz-
mente, porém, não temos como
fugir desse problema: ilustrar
significa ter que tomar decisões.
essas suas pequenas e grandes
decisões que darão origem à ilus-
tração. Elas influenciam não só
aquilo que será (ou não) repre-
sentado, como também o estilo
de cada um.
Nesse sentido, é importante que
A cada traço desenhado sobre o você, como ilustrador, reconheça
papel, a cada pixel adicionado à o processo criativo como uma
tela do computador, você precisa série de decisões. E exatamente
toma uma decisão. O que deve aí é que está o problema: tomar
surgir das suas mãos? decisões pode ser algo bem com-
plicado, como podemos perceber,
O que você pretende por exemplo, quando vamos
contar? comprar sapatos novos. Muitas
vezes ficamos como um coelho
A blusa do menino que aparece entre duas pilhas de cenouras
em primeiro plano deve ser ver- sem saber para onde ir.
melha ou amarela? Será que É por isso que eu gostaria de
o desenho deve ficar com um incentivá-lo a ser mais pragmá-
aspecto de infográfico? Será que tico e a ter mais confiança em
devo acrescentar uma armadura suas habilidades. Afinal, você não
às vestimentas do menino? Ou estará diante de uma questão de
talvez um bico? Parece simples, vida ou morte – sua tarefa será
mas, desde o momento em que escolher uma entre duas alterna-
você depara com a folha (ou a tivas praticamente equivalentes.
tela) em branco até a ilustração Sem saber, o coelho que resolve
final, centenas – ou talvez milha- ficar parado entre as duas pilhas
res – de pequenas e grandes deci- de cenouras também está, de
sões precisarão ser tomadas. certa forma, tomando uma deci-
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E, dependendo de como você são. No caso, a pior possível.


tomar essas decisões, estará E isso simplesmente porque ele
influenciando no resultado final não consegue fazer uma escolha.
do seu trabalho. São justamente

JONAS LAUSTRÖER
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Ilustrar significa tomar decisões

Q uando se trata de desenhar, eu só


posso aconselhá-lo a ir adiante sem
medo. Afinal, no fim do seu dia de
trabalho, quando você estiver pen-
sando em tudo o que fez, não é lá muito interes-
sante perceber que passou a maior parte do tempo
não desenhando.
De modo geral, a indecisão e a procrastinação não
farão de você um ilustrador melhor. Trabalhe sem
medo de fazer escolhas. O tempo que você perde
imerso na neurose de tomar uma decisão pode ser
usado para fazer dois desenhos destemidos, em vez
de apenas um temeroso.

A tomada de decisões está relacionada também à


nossa postura diante das coisas. Aprenda a confiar
em si mesmo. Isso talvez pareça um conselho de
autoajuda banal, mas a verdade é que podemos
exercitar essa habilidade.

Treine sua tomada de decisões.

A gente não precisa ficar analisando um cardápio


durante horas... Que tal escolher sua refeição em
um minuto? Quando você aprender a se aceitar
como o único tomador de decisões e a confiar no
seu senso de escolha, já terá dado o passo mais
importante. E, se você decidir praticar esse exer-
cício no restaurante, ninguém vai se importar.

Planejar significa decidir; e ilustrar significa ter


coragem de tomar decisões e mais decisões – até
obter um resultado final. Se você aceitar esse fato,
chegará um momento em que nem vai mais perce-
ber quantas decisões precisará tomar antes de ter-
minar sua ilustração.

Afinal, muitas vezes é o caminhante, e não o cami-


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nho, quem determina se a caminhada será tran-


quila ou um desafio.

STEFANIE HARJES ELKE EHNINGER


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