Estado, Governo e Sociedade (Bobbio) Cap. 1

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UNEB

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH I
BACHARELADO EM DIREITO

Nome: Ana Maria Nogueira de Freitas


Turma: 1º Semestre Noturno
Disciplina: Teoria Geral do Estado;
Professor: Cloves dos Santos Araújo

Referência bibliográfica: BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade. 14 ed. São


Paulo: Ed. Paz e terra, 2009.
Estado, governo e sociedade – Cap. 1

Norberto Bobbio inicia o capítulo fazendo referência à obra do imperador


Justiniano I, chefe do Império Bizantino, responsável pela construção do Corpus luris
Civilis (que também pode ser chamado de Codex Justinianus). Este trabalho foi o
primeiro registro do Direito Romano, então, a respeito dos termos público e privado nos
pensamentos político e social do Ocidente.
Logo em seguida, o autor afirma que o uso dos termos supracitados resultou no
fato de que tais vocábulos se tornaram "uma daquelas 'grandes dicotomias" (BOBBIO,
2012, p. 13).
As dicotomias referenciadas servem para fornecer bases teóricas para o campo
de investigação, delimitando, representando e ordenando a área de estudo em questão.
Em seguida, são estabelecidas duas condições de distinção para a caracterização de uma
grande dicotomia que, em resumo, requerem a existência de duas esferas, capazes de
englobarem um universo, e que sejam reciprocamente exclusivas, sendo que um
elemento encontrado na primeira não pode, ao mesmo tempo, ser encontrado na
segunda.
"Para cada uma das situações a que convém o uso da dicotomia, as duas
respectivas esferas podem ser diversas, cada uma delas ora maior, ora menor, ou por um
ou por outro dos termos. " (BOBBIO, 2012, P. 14).
Compreende-se que a discussão sobre as esferas público e privada é geralmente
acompanhada por juízos de valor historicamente contrapostos, como pode ser observado
na oposição dos discursos defendidos por teóricos liberais e teóricos socialistas.
Resumidamente, liberais são caracterizados pela defesa plena das liberdades
individuais, em uma forma de governo no qual o Estado interviria minimamente nas
questões econômicas; a corrente de pensamento socialista, entretanto, atua no sentido de
defesa dos interesses do corpo coletivo, em detrimento das liberdades individuais,
atuando ativamente na economia para a promoção de igualdades econômica, social e
política.
Ainda sobre as dicotomias correspondentes, "público e privado", encontram-se,
além da diferenciação estabelecida entre sociedade de iguais e sociedade de desiguais,
os antagonismos observados entre Lei e Contrato, Justiça Comutativa e Justiça
distributiva.
A justiça comutativa também é encontrada quando, no direito civil e no direito
penal, respectivamente, justa é a indenização correspondente à dimensão do dano; e
justa é a pena correspondente ao mal realizado.
Por sua vez, a justiça distributiva se caracteriza por inspirar a autoridade pública
na distribuição de honras ou de obrigações.
A expansão e a difusão do Direito Romano ocidental podem ser consideradas o
marco de afirmação do Direito Privado na localidade.
O privado é tido como materialização e a manifestação dos interesses da
burguesia. O direito público, por sua vez, também é criticado por Marx, não em sua
forma de direito, mas na concepção de Estado e de Poder Político.
"Praticamente, o primado do público significa o aumento da intervenção estatal
na regulação coativa dos comportamentos dos indivíduos e dos grupos infra estatais, ou
seja, o caminho inverso ao da emancipação da sociedade civil em relação ao Estado"
(BOBBIO, 2012, p. 25).
Para encerrar este capítulo, tem-se que não pode ser confundida a dicotomia
público / privado do conceito de "público" como algo aberto à população, onde ela
possui acesso a algo; nem podendo ser confundida a dicotomia da concepção de
"privado' como aquilo que se faz num restrito círculo de indivíduos.
O autor encerra o capítulo estabelecendo a consideração de que, embora em
Estados democráticos o público vê o poder mais do que em um Estado autocrático, com
o advento da tecnologia na memorização dos dados pessoais dos indivíduos; aos
detentores do poder será possível ver o público de maneira bem mais ampla que no
passado; com um poder incomparavelmente maior ao mais absoluto dos monarcas de
Estados autocráticos.

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