Mensagens12 NL Teste1 v1
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PARTE B
Lê o poema de Alberto Caeiro.
Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as coisas:
10 Só me obriga a ser consciente.
2. Na primeira estrofe, o sujeito poético reproduz as ideias do seu interlocutor («tu», v. 1) sobre a
diferença entre o Homem e as demais entidades da Natureza, como a «pedra» (v. 1) ou a «planta»
(v. 1).
Explicita em que consiste essa diferença, segundo o interlocutor do eu poético.
a) b) c)
1. não é mais importante do que 1. tem um conhecimento superior
outras características dos seres 1. um hipérbato ao do seu interlocutor
2. faz o Homem superior às outras 2. uma enumeração 2. tem uma consciência que lhe
entidades da Natureza 3. uma anáfora permite conhecer o mundo
3. é a via privilegiada para conhecer através dos sentidos
o mundo 3. o seu conhecimento do mundo é
puramente racional
PARTE C
7. Escreve uma breve exposição sobre a teoria do fingimento artístico na poética de Fernando
Pessoa.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
Lê o texto.
FALEMOS DE CARTAS
Numa das mais fascinantes cartas da literatura portuguesa, aquela que Fernando Pessoa escreve
a Adolfo Casais Monteiro explicando a génese dos seus heterónimos, há duas informações marginais
que certamente não passam despercebidas a quem valoriza a prática epistolar. Pessoa começa por
desculpar-se por não ter à mão um papel melhor do que aquele de cópia em que escreve ao seu
correspondente. E mais à frente, num parêntesis autoirónico sobre a forma como o seu discurso se
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deixava continuamente tentar por derivas, confessa também: “Em eu começando a falar — e
escrever à máquina é para mim falar —, custa-me a encontrar o travão.” Ficamos assim a saber que
não se tratava de uma carta manuscrita. São, é claro, informações de margem que se prendem com o
lado material das cartas, mas que não deixam, contudo, de ter a sua importância. Na verdade, uma
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carta não se resume à mensagem escrita, e isso é também a sua riqueza. Tudo nela é mensagem.
Uma vez, numa feira de arte em Madrid, numa banca que exibia aquele tipo de materiais
transitórios que se convencionou chamar “efémera” (e eram ali, na sua maioria, velhos catálogos,
cartazes, folhas de sala, prospetos e cartas), o vendedor fez-me ver o que ele classificava como a
obra mais pequena de Lourdes Castro. Dentro de uma carta a um seu amigo holandês, a artista havia
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colocado um outro envelope, de formato mínimo, onde escreveu a palavra Paris. E no interior
colocou a folha miniatural de uma árvore. Fiquei a pensar como uma carta se desdobra. Como se
organiza em planos múltiplos de leitura. Como é mais extensa do que se pode supor. E como um
envelope constitui uma jangada que não se desloca em sentido único e nunca transporta uma coisa
só.
20 As edições do Saguão acabam de editar um dos livros mais bonitos e cuidados desta rentrée: tem
por título “Poemas Envelope” e é da poeta norte-americana Emily Dickinson (1830-1886). O título
“Poemas Envelope” refere-se não tanto ao facto de estes poemas terem sido escritos em envelopes
já usados, quanto a dependerem na sua natureza do suporte precário em que foram escritos. Como
se diz na nota de tradução que acompanha o volume, Dickinson abria cuidadosamente os envelopes
que recebia e cortava-os “em formas diferentes, num gesto económico de aproveitamento do papel,
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mas que visava também criar uma forma à qual a escrita teria de responder”. De facto, como se vê
nas imagens que o volume reproduz, “a direção, o corte do verso, a separação entre palavras, a
contenção, as variantes, são guiadas pela forma do papel”. Num fragmento de envelope que se
parece com a copa de um cálice, Emily Dickinson gravou estes versos: “Há quem/ seja fútil/ de
propósito/ e/ profundo/ por/ mero acaso.” Num outro, semelhante a minúsculo triângulo, escreveu:
“Uma nota de/ um pássaro/ vale mais do que/ um milhão de palavras// Uma bainha/ requer-possui-
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contém/ uma única/ espada.”
Nós dizemos, talvez demasiado apressadamente, ter entrado na era da comunicação. Não raro
acontece, porém, com a instantaneidade do digital (e-mail, SMS, WhatsApp, o que seja), aquele
fenómeno que se dá quando avizinhamos demasiado o nosso rosto de um objeto: deixamos de o ver
ou vemos apenas uma massa indecifrável e confusa. A carta tem um distanciamento (espacial,
temporal, reflexivo, emocional...) que os suportes digitais eliminaram. E permite uma forma de
35 intimidade e memória que esses meios não alcançam (ou ainda não alcançam). Ainda temos muito
que aprender com as cartas. Hoje comunicamos mais, mas corremos o risco de não comunicar
melhor.
3. A nota de tradução que acompanha o livro “Poemas Envelope”, de Emily Dickinson, sublinha que
(A) a forma do corte do envelope dependia do poema a escrever.
(B) a poeta visava, exclusivamente, a economia de papel.
(C) a forma dada ao papel é posterior à delineação e criação do poema.
(D) os poemas dependiam e se adaptavam à forma dada ao envelope.
4. De acordo com o último parágrafo, a proliferação dos suportes digitais, apesar de permitir ao ser
humano comunicar mais,
(A) conduziu à reflexão sobre a mensagem escrita.
(B) desvirtuou a riqueza informativa da epistolografia.
(C) proporcionou o distanciamento próprio das cartas.
(D) adulterou o carácter efémero das epístolas.
Fonte: www.cartoonistgroup.com
(consultado em 29.9.2020)
O teu texto deve incluir:
‒ a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
‒ um comentário crítico, fundamentando devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso
valorativo;
‒ uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma
única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2020/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas e cinquenta palavras –,
há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
– um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
FIM