Ano Letivo 20-21 Poesia Trovadoresca 10º Ano
Ano Letivo 20-21 Poesia Trovadoresca 10º Ano
Ano Letivo 20-21 Poesia Trovadoresca 10º Ano
A POESIA TROVADORESCA
VIDEO:
Poesia trovadoresca – introdução à poesia trovadoresca ( tomar notas)
. trovadoresca - trovador; 1 milhão e pessoas; classes sociais ; baixo nível cultural da população: só
eram alfabetizados o clero, a nobreza e a alta burguesia; forte influência da religião – explicação da
realidade por forças ocultas, consequência da ignorância científica; a língua falada era o galaico-
português ( o português arcaico), falado na Idade Média entre os séculos XII eXV.
Cantigas de amor: conceito de amor cortês – sentimento convencional e platónico que consiste
fundamentalmente no culto da mulher; o trovador coloca acima de tudo a dignidade da sua “senhor”.
SÍNTESES do MANUAL
Com origem na arte dos trovadores provençais, nascidas no início do século XII, no sul de França,
as cantigas galego-portuguesas situam-se entre finais do século XII e meados do século XIV.
Contemporâneas da fundação das nacionalidades e da reconquista cristã, estas composições
constituem um dos patrimónios mais ricos da Idade Média peninsular, nomeadamente nos reinos de
Portugal, Galiza, Leão e Castela. Porém, a nossa poesia trovadoresca, da autoria de trovadores e
jograis, distingue-se da matriz provençal, com a criação de um género autóctone, a cantiga de amigo.
Reunidas em três cancioneiros – da Ajuda, da Biblioteca Nacional e da Biblioteca da Vaticana, dividem-
se em cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer. Da mesma época são as Cantigas de Santa
Maria, de Afonso X, de carácter religioso. 127p
Texto informativo:
UM PUNHADO DE TROVADORES
Ser trovador, lá pelo século XIII, era levar boa vida. Eu não sei se realizamos bem o que seria o
século XIII, (…) sem rádio, sem a vitamina B... O serviço militar, nem voluntário nem obrigatório,
confundia-se quase com a caça. Ia-se ao «fossado» e à «presúria» como quem ia ao monte. No monte
armava-se ao porco-bravo; no «fossado» caçava-se o mouro perro.
(…) Rica vidaessa, a de trovadores, segréis, jograis e «amigas» «ben talhadas»! Os trovadores
propriamente ditos, gente da boa roda, esses já tinham na sua condição social o divertimento e o vagar;
— a qualidade de trovador tornava-lhes o êxito mais fácil: não lhes mudava a pele. (…) Mas os mais
felizes de todos eram talvez os jograis, — bobos sem guizo, vagabundos autorizados, de citolão às
costas, cabacinha no bordão a caminho de Santiago ou S. Leutér, portadores do saco invisível de
cantigas que lhes rendia a mantença e as noites bem passadas. (…)
O trovador era quase sempre um homem de condição elevada, (…) O jogral era um clérigo de
costumes livres, e, em todo o caso, um indivíduo humilde que se tornava notável pela verve, por dons
de mímica e de estúrdia.(…). O trovador era, por assim dizer, o poeta sedentário, que compunha por
desenfado, e, se tinha costela de príncipe ou de grande senhor — como o rei D. Dinis, seu filho Afonso
Sanches, D. João de Aboim e D. João Soares Coelho, — distribuía temas de amor, de amigo e de
escárnio pelos poetas menores que lhe andavam à roda. (…) As duas classes poéticas e sociais, —
trovadores e jograis, — tão ligadas na vida e na arte trovadoresca, chocavam-se afinal nos costumes,
nas preferências, nos ciúmes literários e nos ciúmes de amor. ( texto adaptado).
Vitorino Nemésio, Ondas Médias / O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos
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CANTIGAS DE AMIGO
o paralelismo ( em cada para de dísticos, a estrofe par repete o conteúdo da estrofe ímpar, com ligeira
variação vocabular: amigo/ amado; saído / passado)
R. A primeira parte é constituída pelas quatro primeiras estrofes, que correspondem à intervenção da
rapariga. Ela, ansiosa e insegura, interpela a natureza buscando notícias do seu “amigo”, já que ele
prometeu voltar e tarda em fazê-lo. A segunda parte é constituída pelas quatro últimas estrofes, que /
as quais correspondem à resposta da natureza.As flores do “verde pino”sossegam a donzela, dizendo-
lhe que o amigo está bem e regressará em breve, ainda antes do prazo combinado.
R. O primeiro interlocutor é a rapariga, que sente saudades do amigo que tarda. Esta demora provoca-
lhe ansiedade, insegurança, desilusão e revolta, por pensar que o “amado” lhe mentiu e lhe foi
desleal.
O segundo interlocutor é a natureza ( as “flores do verde pino”), a quem a rapariga confidencia a sua
dor. A natureza mostra-se / manifesta-se / apresenta-se tranquila, amiga e cúmplice da rapariga;
tentasossegá-la / apaziguá-la , dizendo-lhe que o amigo está bem de saúde e não lhe mentiu.
A apóstrofe refere o destinatário interpelado pela donzela, as “flores do verde pino”, contribuindo para
a sugestão de um diálogo, sendo certo que a resposta das flores corresponde à voz interior da
donzela,àquilo que ela deseja ouvir.
5. Não obstante a resposta , a pergunta mantém-se no refrão. Explica de que forma essa permanência
é reveladora do estado emocional da rapariga.
– quatro pares de dísticos – em cada um dos pares repete-se na estrofe ímpar o conteúdo semântico
da estrofe par,com ligeira variação vocabular ( paralelismo)
- existência de um refrão;
p. 65 “Ai ondas que eu vim ver” ouvir em escolavirtual ( Introdução à poesia trovadoresca)
Cantiga “Bailemos…” p. 77
Descrição do quadro:
- cinco figuras em tom de vermelho ( masculinas e femininas) dançam em roda sugerindo ritmo
frenético e grande vivacidade.
Interpretação
Cantiga “Bailemos…” p. 77
Aspetos simbólicos:
a. O espaço físico referido ( um espaço campestre – sob as avelaneiras em flor)enfatiza a época
primaveril, símbolo da fertilidade, propícia ao namoro. As avelaneiras simbolizam a feminilidade, a
beleza e a delicadeza.
A juventude, a fecundidade, a beleza e a jovialidade das donzelas enquadra-se na natureza
circundante cheia de beleza e pujança, as aveleiras em flor.
Verifica-se , pois, uma relação de complementaridade, ou de semelhança, entre as raparigas e a
natureza.
b.O baile , em termos gerais, pode ser entendido como a celebração da vida. O baile das
raparigas, perante os amigos, permite o contacto verbal e físico, associando-se assim, a um ritual de
fecundidade. O espaço do baile era o local privilegiado de encontro amoroso e testemunha um aspeto
da vida coletiva na Idade Média.
Questionário:
1.Analisa o estado de espírito do sujeito poético:
A rapariga mostra-se alegre, pois está na disposição de dançar e ainda incita as suas amigas à
dança: “Bailemos já nós todas três , ai amigas” ( vv. 1,6 e 14). Além da alegria, evidencia-se a segurança
e confiança da donzela na sua beleza e na certeza de que irá seduzir o seu amigo ( “e quem for velida
como nós velidas”, v. 3).
i.Também o baile tem um valor simbólico representando o amor/ a sedução amorosa / um ritual de
pujança e fecundidade.
Nota: A dança é celebração. A dança é linguagem. Linguagem para aquém da palavra: as danças
nupciais das aves demonstram isto: linguagem para além da palavra, porque quando as palavras
já não são suficientes, surge a dança.
i. Nesta cantiga, o motivo do baile surge associado ao tema do amor.
TPC
Assunto: O sujeito poético convida as amigas a bailarem em San Simon de Vale de Prados, enquanto as
mães acendem velas e fazem promessas.Os “amigos” também lá irão para observar as donzelas.
Motivações( intenções) das figuras humanas: as mães vão em peregrinação por devoção; as filhas vão
para bailar diante dos namorados; os “amigos” vão apreciar a beleza e a graciosidade das meninas.
Valor simbólico do baile:convite ao amor( exposição das formas do corpo feminino), sedução .
Estrutura estrófica: três estrofes constituídas por uma quadra e um refrão de dois versos.
Estrutura rimática: rima interpolada eemparelhada ; emparelhada no refrão (abbaCC / deedCC /fggfCC)
Cantiga “Digades, filha, mia filha velida”, p. 82 – uma cantiga dialogada. Os interlocutores são a mãe -
uma figura de autoridade, mas protetora e atenta - e a filha, que mente por amor.
b.A filha justifica-se respondendo que a sua demora se deveu ao facto de os veados terem turvado a
água.
c. A mãe reage, acusando a filha de mentira e demonstrando que conhece o verdadeiro motivo da
demora – o encontro com o amigo.
A água é um símbolo feminino, representando a mulher, geradora de vida.A fonteé , nas culturas
tradicionais, o lugar do encontro amoroso: a rapariga vai à fonte e aí ela encontra o amado que
procura.
Assim, a rapariga pode ser interpretada como a própria fonte de vida onde o “amigo” vem
beber.
Descrição formal: uma cantiga paralelística :cantiga constituída por três pares de dísticos, seguidos de
refrão; alternância de rima i/a.
5.1.Justifica a presença dos parênteses ( “Os amores hei”) no refrão das cinco primeiras estrofes e a
sua ausência no refrão da última estrofe.
R.Nos cinco dísticos iniciais, os parênteses podem ser interpretados como indicando um aparte ou a voz
interior da rapariga,que confessa a si mesma a verdade que se recusa a confessar à mãe: está
apaixonada, tem umnamorado. No último dístico, a ausência de parêntesis sugere que a informação é ,
finalmente, revelada à mãe.
Curtas-metragens
Ideias sugeridas:
O outro par
Solidariedade/ partilha / humildade / compaixão (empatia) / gratidão
A Ponte
Egoísmo, individualismo ; respeito e colaboração.
Prepotência dos mais fortes sobre os mais fracos.
Preconceito
“Os homens não se medem aos palmos”
“A união faz a força”
O Senhor Indiferente
As cantigas de amor
- retoma os temas cantados pelos trovadores provençais: panegírico da «senhor», modelo de beleza e
virtude, defesa do amor espiritual e expressão dos efeitos contraditórios do amor.
- outras variantes: saudosismo, desespero provocado pelo afastamento da dona, despedida da amada,
timidez amorosa, comprazimento na paixão infeliz, revolta contra o poder fatal da «coita de amor»,
queixa pela indiferença da dona e aspiração a «morrer de amor», crítica ao formalismo do amor cortês.
- a originalidade das nossas cantigas revela-se ainda nas infrações ao código da «mesura»: alusões ao
rival, esperança no amor correspondido, o eu amaldiçoa o dia em que viu a dona e se apaixonou.
O drama psicológico que leva ao desvairamento («ensandecer ou morrer com pesar») exprime-se por
meio de processos retóricos: jogos semânticos, antíteses, perífrases («aren que mais amou»),
hipérboles, metáforas, anáforas e interrogações retóricas, paradoxos.
Vocabulário
Irrevogável - que não se pode anular
indelével – que não pode ser apagado
impreterível – que não se pode adiar
inolvidável – que não se pode esquecer
inefável - que não se pode exprimir por palavras; indizível
inalienável - que não se pode alienar ou transmitir a outra pessoa
inexaurível - que não se pode esgotar; inesgotável.
Inextricável – que não se pode desenredar, desemaranhar
Incomensurável -que não pode ser medido
Inefável - que não se pode exprimir por palavras…
Impreterível – que não se pode adiar
inolvidável – que não pode ser esquecido
Irrevogável - que não se pode anular
indelével – que não se pode apagar
inalienável - que não se pode transmitir ou ser retirado …
AS CANTIGAS DE AMOR
A cantiga de amor
- retoma os temas cantados pelos trovadores provençais: panegírico da «senhor», modelo de beleza e
virtude, defesa do amor espiritual e expressão dos efeitos contraditórios do amor.
- outras variantes: saudosismo, desespero provocado pelo afastamento da dona, despedida da amada,
timidez amorosa, comprazimento na paixão infeliz, revolta contra o poder fatal da «coita de amor»,
queixa pela indiferença da dona e aspiração a «morrer de amor», crítica ao formalismo do amor cortês.
- a originalidade das nossas cantigas revela-se ainda nas infrações ao código da «mesura»: alusões ao
rival, esperança no amor correspondido, o eu amaldiçoa o dia em que viu a dona e se apaixonou.
O drama psicológico que leva ao desvairamento («ensandecer ou morrer com pesar») exprime-se por
meio de processos retóricos: jogos semânticos, antíteses, perífrases («aren que mais amou»),
hipérboles, metáforas, anáforas e interrogações retóricas, paradoxos.
Texto 1: uma voz masculina, que canta a beleza e as qualidades supremas de uma senhora inatingível e
imaterial; a coita de amor face à sua indiferença ou face à sua incapacidade de lhe expressar o seu
amor.
Texto 2: elogio superlativo da dama; vassalagem amorosa; queixume pela coita d amor.
Pedir síntese com referência aos recursos estilísticos usados e sua expressividade, estrofe por estofe.
Primeira estrofe
A saudade é o sentimento que serve de pretexto para o lamento do sujeito poético.
Destaque de uma qualidade da mulher amada (elogio cortês): bem-falante.
Refrão (dístico final ou finda): súplica a Deus para que o deixe ver a mulher amada.
Segunda estrofe
Coita de amor: sentimento de infelicidade face a um amor não correspondido: loucura ou até morte,
caso não veja a sua senhor.
Ata-finda: o final de um verso liga-se diretamente ao seguinte.
Terceira estrofe
Comparação: utilizada para comparar a mulher amada a outras mulheres, fazendo dela um modelo de
perfeição.
Hipérbole: utilizada para exaltar os atributos da mulher e para expressar a intensidade do sofrimento
amoroso.
Ata-finda: o final de um verso liga-se diretamente ao seguinte
Quarta estrofe
Hipérbole: utilizada para exaltar os atributos da mulher e para expressar a intensidade do sofrimento
amoroso.
Coita de amor: sentimento de infelicidade face a um amor não correspondido.
10º J
Escolher uma curta metragem e redigir um pequeno comentário sobre a mesma( cerca de 100
palavras). Vou recolher alguns trabalhos. Envio os links:
Tarefa única - Ler as três crónicas que envio e registar os tópicos principais. Estes tópicos serão a base
para uma troca de ideias nas aulas subsequentes.
Os alunos que estão a faltar, estando em condições de saúde que o permitam, tentem estar presentes
na aula de apoio de terça-feira, pois será essa a oportunidade de apresentarem os trabalhos, falarmos
do teste e pormos a matéria em dia.
.Uma cantiga de amor: o sujeito poético é uma voz masculina ( o trovador), que faz o elogio ( o
panegírico) da sua “senhor”.
R.A “senhor” é um modelo de beleza e virtude, superior a todas as outras mulheres ( “que mais
que todas las do mundo val” ,v.7).Ela é plena de qualidades (“prez”, “mui gram valor”,
“comprida de bem”). A “senhor “ é bela (“fremosura” e”beldade”, ), bondosa e
leal( “bondade”, “sabedor de todo o bem”“desi é leal”), perfeita no convívio social ( “mui
comunal”,”falar mui bem e riir melhor”) e sensata (“bom sém”,v. 12).
3. Indica o recurso expressivo presente no último verso de cada uma das estrofes.
O recurso expressivo é a comparação hiperbólica que sintetiza e evidencia as qualidades da
“senhor”.
R. Trata-se de uma cantiga de mestria( sem refrão),constituída por três estrofes de sete
versos decassilábicos: esquema rimático abbacca( rima emparelhada e interpolada).
2.1. Indica a causa do lamento do sujeito poético e o desejo expresso pelo mesmo.
O sujeito poético lamenta não poder deixar de amar a “senhor” que o despreza e o trata com
indiferença. Ele gostaria de “desamar”, “enganar”, “desampar” a quem o “desamou”, o “enganou” e o
“desamparou”. Enfim, ele gostaria de fazer a sua “senhor” sofrer como ele sofre ( “se eu pudesse coita
dar , / a quem me sempre coita deu”,vv. 6-7).No fundo, o sujeito poético culpa o seu coração pela
situação infeliz em que se encontra ( “meu coraçom que me enganou”, verso 9).
3.Mostra que a relação entre o sujeito poético e a “senhor” é convencional e se rege pelo código do
amor cortês.
R. Verifica-se a vassalagem amorosa que se caracteriza pelo seguinte: submissão do sujeito poético
à sua “senhor”; distância respeitosa do trovador em relação à sua “senhor”, cuja identidade não é
revelada – o trovador refere-se à “senhor” usando uma perífrase: “a quem me sempre coita deu.”.
Além destas características, verifica-se a indiferença da “senhor”, que provoca a “coita de amor” no
sujeito poético.
(Mozdobre ou mordobre: artifício poético que consiste na repetição, na palavra final de um verso,
de uma variante verbal de uma palavra do verso precedente: “desamar” (v.1) / “desamou” ( v. 2).
O mordobre confere à cantiga um tom melancólico de acordo com o tema dominante que é a
“coita de amor”, tratado de uma forma quase obsessiva.
5.1. Comprova-o fundamentando a tua resposta com base na análise dos tempos e dos modos verbais.
O sofrimento do sujeito poético ( a realidade) vem expresso em tempos do modo indicativo : “não
posso” ( presente) e o pretérito perfeito acompanhado de advérbios e que remete para um passado
que prolongou no tempo: “sempre desamou” e “nunca perguntou”. Já o desejo ( de vingança em
relação à “senhor”) vem expresso em formas do imperfeito do conjuntivo ( “podesse”, “ousasse”) e do
condicional ( “vingaria”, “ dormiria”) integrados em orações condicionais ( “se eu podesse…”).
Perífrases: “no tempo da frol”( v. 3) ;”quando a frol sazão / á” ( vv. 10/11) ; “eno tempo que tem a
color /a frol consigo” ( vv. 14-15).
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O vento – o amigo
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