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MODALIDADE EaD.
https://doi.org/110.29327/3860.11.20-5
RESUMO
A evasão em cursos da modalidade a distância é um dos principais obstáculos
enfrentados
pelas instituições. Nesse cenário, se incluem os cursos superiores que vem sendo
ofertados pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo – UNIVESP. Este trabalho
teve como objetivo analisar as causas da evasão em cursos superiores ofertados na
modalidade a distância. Para tanto, 100 alunos evadidos desses cursos completaram, de
maneira online, perfil social, comportamento e atitudes do aluno em relação a cursos a
distância são abordados no questionário. Os resultados apontam que uma parcela
importante dos evadidos realizava outras tarefas concomitantes com o curso; ainda
expõem que dos evadidos boa parte dos entrevistados apresentava dificuldades de
iteração com as plataformas utilizadas no processo de aprendizagem, além de
mapeamento do perfil social destes indivíduos. Como conclusões estão: o fato de que o
EaD é uma realidade e conforme aponta este estudo com viés de crescimentos
acentuado no próximos anos, mas também indica a necessidade de evolução nos
processos e na relação com os alunos possibilitando não somente seu acesso ao EaD
mas seu efetivo aproveitamento e permanência nos cursos e instituições, sejam elas
públicas ou privadas que ofereçam essa modalidade de ensino, e ainda a necessidade da
realização de novos estudos que possam dar continuidade ao mapeamento e
apontamento de soluções à inclusão ou exclusão de itens que aumentem a
confiabilidade do EaD e minimizem os fatores identificados como causadores da
evasão.
1
Graduado em Administração (UNIP), Comércio Exterior (USJT), Gestão Portuária (USJT) e Logística e Transportes
(USJT). Pós Graduado em Docência do Ensino Superior (FGV), Gestão de Comércio Exterior e Logística (USJT).
Mestre em Gestão de Sistemas Costeiros pela (UNISANTA). Doutorando em Planejamento e Gestão pela
Universidade Federal do ABC (UFABC). É docente de ensino superior há 10 anos, com atuação nas seguintes
universidades: UFABC, UNIBR, UNISANTA e USJT e coordenador de cursos de Pós Graduação (Lato Sensu).
2
Graduado em Administração (UNILUS). Pós Graduado em Produção e Qualidade (FECAP), Recursos Humanos e
Planejamento (UNIMONTE). Mestre em Administração pela (UNIMONTE). Doutorando em Administração pela
Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Coordenador de cursos de graduação e pós graduação, Diretor da
faculdade UNIBR e exerceu o cargo de Pró Reitor acadêmico da UNIMONTE .
THE CHALLENGE OF EVASION IN HIGHER EDUCATION
COURSES IN THE MODALITY OF EAD.
ABSTRACT
The evasion in distance courses is one of the main obstacles institutions. In this
scenario, it includes the upper courses that have been offered by the Virtual University
of the State of São Paulo - UNIVESP. This study had as objective to analyze the causes
of evasion in superior courses offered in the distance modality. In order to do so, 100
students evaded these courses completed, so online, social profile, behavior and
attitudes of the student in relation to distance learning courses are covered in the
questionnaire. The results indicate that a significant portion of the escaped performed
other tasks concurrent with the course; even expose that escaped the good part of the
interviewees presented difficulties of iteration with the platforms used in the learning
process, as well as mapping of the social profile of these individuals. As conclusions
are: the fact that the EaD is a reality and as points this study with bias of sharp growth
in the coming years, but also indicates the need for changes in processes and in
relationship with students enabling not only their access to EaD but its effective
utilization and permanence in the courses and institutions, be they public or private,
who offer this type of education, and also the need of further studies that may give
continuity to mapping and solutions pointing to the inclusion or exclusion of items that
increase the reliability of EaD and minimize the factors identified as the cause of the
circumvention.
INTRODUÇÃO
A evasão é um fenômeno enfrentado não somente pelos cursos presenciais, como
também pelos cursos ofertados na modalidade a distância (EAD). Segundo o Censo
EAD Brasil, realizado em 2016, o fenômeno da evasão foi apontado como o maior
obstáculo enfrentado pelas instituições que oferecem cursos nessa modalidade. Assim, o
abandono nessa modalidade de ensino representa uma preocupação atual por parte das
instituições interessadas em oferecer cursos a distância, bem como, por parte daquelas
que já oferecem.
A evasão de alunos é um fenômeno complexo, comum às instituições de ensino
no mundo contemporâneo. A evasão estudantil no ensino superior é um problema
internacional que afeta o resultado dos sistemas educacionais (SILVA FILHO et al,
2007).
O modelo de EAD no Brasil vem ganhando lugar de destaque e tendo maior
credibilidade de acordo com o Anuário Estatístico AbraEAD (2017), nos últimos três
anos o número de instituições que ofertam cursos a distância no Brasil cresceu 54,8%.
Tal curva de crescimento ainda tende a se acentuar tendo em vista que conforme
o referido estudo, até 2026, os cursos a distância vão ultrapassar o ensino presencial em
número de alunos. Do total de 9,2 milhões de estudantes que estarão matriculados em
instituições privadas naquele ano, 51% deles estarão inscritos em cursos online.
(KUZUYABU, 2017)
O crescimento do EAD, segundo Santos et al. (2008), está associado à busca por
conhecimentos e educação ao longo da vida, atributos estes que são reconhecidos como
elementos fundamentais para o desenvolvimento humano e social. Esse aumento ocorre
devido o EAD ser mais flexível do que os modelos tradicionais de educação,
possibilitando uma melhoria na qualidade do processo educativo (NEVES, 2006). Para
Belloni (2009), significa, fundamentalmente, rever e tornar menos estrito os requisitos
de acesso ao ensino, para o aluno estudar a distância.
A evasão de alunos no EAD tem sido abordada como um dos problemas que está
muito presente em todas as instituições educacionais e em todos os níveis de ensino.
São vários os motivos que levam as instituições, sejam elas públicas ou privadas, a ter
maior preocupação com o problema da evasão no EAD. De acordo com Motejunas et al.
(2007), os problemas de cursos no EAD são: para o setor público, os recursos investidos
sem o devido retorno; para o setor privado, importante perda de receita; para ambos os
setores, fonte de ociosidade de professores, funcionários, equipamentos e, em algumas
situações, espaço físico.
No Brasil são poucos os estudos sistemáticos e dados nacionais sobre evasão. De
acordo com Biazus (2004), as pesquisas sobre evasão escolar limitam-se mais ao ensino
fundamental e médio, o que não traz muita diferença, visto que a baixa qualidade do
ensino básico brasileiro, traduzida pelos altos índices anuais de repetência e evasão
escolar, reflete os defeitos históricos da própria sociedade brasileira, que é excludente,
segundo Garschagen (2007, p. 35).
No EAD existe uma preocupação muito maior frente à evasão, pois, segundo o
anuário estatístico da AbraEAD (2017), por oferecer oportunidade de estudo no
ambiente doméstico, social ou profissional, e ainda por permitir que o aluno escolha os
horários em que vai estudar, no EAD geralmente possui mais estímulos concorrenciais
(filhos, mulher, barulho de televisão e da vizinhança entre outros) e depende de forma
bem mais direta de algumas aptidões do aluno, como capacidade de organização e de
concentração para os estudos.
Consideram-se evadidos os alunos que, após terem se matriculado, nunca se
apresentaram ou se manifestaram de alguma forma para os colegas e mediadores do
curso, em qualquer momento (FAVERO, 2006). Toczek et al. (2008) definem como o
desligamento ou abandono do aluno da instituição de ensino e, para Unesco (2009)
consiste de um processo individual podendo se constituir em fenômeno coletivo,
dependendo das circunstâncias.
As diversas possibilidades proporcionadas pelo EAD à sociedade, sugerem às
instituições educacionais um movimento de adaptação a essa tendência como condição
de sobrevivência no mercado educacional.
Afim de conhecer melhor os porquês da evasão, a Educa Insights realizou uma
pesquisa com algumas IES que ofertam EAD e um dos aspectos que mais pesam na
permanência dos alunos é o relacionamento entre instituições e estudantes. A falta de
contato, segundo a pesquisa é um dos fatores que leva à evasão dos estudantes.
Contatou-se que as instituições que conseguiram manter uma proximidade com os
alunos, foram as que obtiveram êxito no controle e diminuição da evasão. Outro fator
relevante foi a infraestrutura dos polos e a logística dos mesmos. (TOKARNIA, 2017)
Hoje, a maior parte das matriculas em EAD estão concentradas no ensino superior
privado, com cerca de 91% conforme Censo/2015. Mas os governos já começam a
sinalizar investimentos para essa modalidade, como é o caso do Governo do Estado de
São Paulo, com a UNIVESP, fruto da integração das três universidades públicas do
Estado, USP, UNESP e UNICAMP, universidade esta contemplada na pesquisa de
campo que embasa este estudo.
Destarte, a presente pesquisa teve por objetivo refletir e analisar as causas da
evasão em cursos superiores ofertados na modalidade EaD.
2. DELINEAMENTO METODOLÓGICO
No tocante à abordagem do problema, a presente pesquisa é classificada como
quantitativa, porque procura explorar os dados e aplicar a análise estatística dos mesmos
possibilitando a análise do cenário estudado (MALHOTRA, 2001).
Quanto aos objetivos, o estudo se caracteriza como descritivo, pois tem por
finalidade, “descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno
ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características” (CERVO &
BERVIAN, 1996, p.49). Uma de suas características mais significativas é a utilização
de técnicas padronizadas de coleta de dados (GIL, 1999).
A pesquisa descritiva objetiva conhecer e interpretar a realidade sem nela
interferir para modificá-la (CHURCHILL, 1987), expondo as características de
determinada população ou de determinado fenômeno, mas não tem o compromisso de
explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.
Para o alcance dos objetivos, primeiramente o estudo foi baseado no
levantamento bibliográfico sobre o tema e foram analisadas as informações contidas no
site da UNIVESP, consideradas fontes secundárias.
O universo da pesquisa foi composto por discentes evadidos da Universidade
Virtual do Estado de São Paulo, num total de 100 pessoas.
O questionário foi elaborado, enviado e aplicado online, entre os meses de
agosto a outubro de 2017, para os alunos evadidos, utilizando-se a plataforma Google
Docs.
Os dados foram tratados por estatística descritiva, por intermédio de análise de
distribuição de frequência, apresentação de gráficos e tabelas, identificando
características da amostra e relação entre as variáveis qualitativas do estudo.
3. O DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO
Este estudo foi conduzido na Universidade Virtual do Estado de São Paulo -
UNIVESP, que tem por objetivo atender às demandas da sociedade paulista por meio da
oferta de cursos de diversas áreas do conhecimento, em ensino superior (graduação), e
tem por missão: “Ampliar o acesso ao ensino superior público gratuito e de qualidade”.
A UNIVESP vem ofertando cursos superiores a distância de: Engenharia de produção,
Engenharia da Computação, Pedagogia e Licenciaturas em Física, Química, Biologia e
Matemática.
O público alvo é formado pelos interessados em geral, exigindo-se o ensino
médio completo e classificação em processo seletivo. Quanto aos materiais didáticos
utilizados no curso, estes são disponibilizados em um Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), especialmente desenhado para as graduações da UNIVESP.
Cabe ressaltar que o estudo se deu com discentes evadidos dos polos da Região
Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), que conta com polos nas cidades de
Santos, Cubatão, São Vicente, Mongaguá e Peruíbe. Nestes polos a oferta de cursos fica
restrita apenas aos cursos de Engenharias de Produção e Computação, Pedagogia e
Licenciatura em Matemática.
Quanto ao perfil desse grupo, a maior parte dos participantes é composta por
indivíduos casados ou em união estável que somam (63%); possuem ensino superior
incompleto (43,5%); e são funcionários públicos do governo federal, estadual ou
municipal (41%) da amostra entrevistada neste estudo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As causas de evasão envolvem uma série de variáveis complexas que tornam
muito difíceis de explicar o porquê de o aluno evadir de um curso. Segundo Pereira
(2003), a evasão não se constitui um fenômeno novo, ou seja, nem todas as pessoas que
ingressam em um curso superior o concluem. O governo busca incessantemente a
disseminação do ensino superior e a qualificação com a formação de professores com a
utilização do EAD. Isso faz com que o governo tenha uma preocupação ainda maior
com os índices de evasão, pois o fenômeno adquire uma importância muito grande,
dada sua complexidade e abrangência. Não se percebe, de uma forma sistemática,
movimentações das IES para formar uma comissão para estudar, identificar e monitorar
os índices de evasão dos cursos a distância.
Segundo Umekawa & Zerbini (2015), pesquisas sobre o fenômeno da evasão no
EAD demonstram que as características sociodemográficas do alunado são importantes
para o entendimento da presença destes indivíduos nos cursos. Essas variáveis vêm
sendo amplamente discutidas sendo compreendidas como facilitadores ou dificultadores
à permanência dos alunos nos cursos dessa modalidade. Assim, é importante para as
Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos na modalidade EaD, que realizem
pesquisas sobre o perfil dos alunos ingressantes nos cursos, para que as ações
instrucionais sejam planejadas e implementadas com base nas características da
clientela (ABBAD, 2005).
O conjunto de questões sobre a caracterização do perfil dos respondentes
apresenta dados em relação ao sexo, idade, renda familiar e estado civil.
A amostra pesquisada demonstrou que a representação masculina (81%) é
relevantemente superior à representação feminina (19%). Já no tocante à idade, a
maioria dos respondentes encontra-se na faixa dos 35 a 44 anos, tanto para o sexo
feminino (10%) quanto para o sexo masculino (31%). A segunda maior
representatividade de idade está na faixa de 25 a 34 anos para o sexo feminino (5%) e
de 45 a 54 anos para o sexo masculino (24%), conforme mostra a figura 02:
Destarte percebe-se, pelos resultados, que as características gerais que delineiam o perfil
de um discente, no caso pontualmente os evadidos na instituição e cursos pesquisados,
não diverge muito dos alunos presenciais, conforme pode se acompanhar nos Censos e
pesquisas publicadas a respeito. Mas, há indicadores que precisam ter um olhar mais
pontual, por exemplo, 95% dos estudantes não tinham nenhuma experiência anterior
com EAD, ou 68% não conseguem organizar uma rotina especialmente dedicada aos
seus estudos, ou 88% apresentam alguma dificuldade com tecnologias, as mais comuns,
como o uso de e-mail. Estes dados se não suficientes, mas são indicadores importantes
para não deixarmos os alunos sem um acompanhamento efetivo por parte das
instituições.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos a partir deste estudo perceber que o EAD deixa de ser uma incógnita, um
modismo ou todas as atribuições que possam ser feitas a essa modalidade de ensino.
Este estudo e os atuais números do ensino superior demonstram essa realidade.
Fazendo-se necessário entender as características que norteiam essa modalidade e, uma
delas, é entender e conceber que não se trata de uma modalidade intercambiável como a
presencial. O aluno de EAD enfrenta uma rotina complexa, difícil e quase sempre
solitária, quando a sala de aula e o computador, ou a tecnologia utilizada, se confundem
ou se fundem a ele próprio. É possível afirmar que as formas como são apresentados os
conteúdos, conciliadas como esse isolamento, bem como com a inesperada, mas real
complexidade, sejam relevantes para os indicadores atuais de evasão. O aluno
simplesmente desiste e a grande questão é como nos aprofundarmos e conhecermos os
principais motivos para que possamos ter políticas institucionais que não só
acompanhem esses indicadores, mas que estabeleçam ações que venham a inibi-los.
Todos ganham com a diminuição da evasão, o aluno, a instituição e a educação como
um todo. Reinventar modelos que apostem preponderantemente na flexibilidade, podem
desorientar o aluno e não nos parece esse o caminho mais adequado. São necessários
processos que potencializem uma aproximação maior dos alunos com as instituições,
onde fica clara a necessidade de se interagir a experiência para geração de novos
conhecimentos. O ensino a distância não pode e nem deve ser visto como concorrente
do ensino presencial, mas sim, como uma forma diferente de se aprender atendendo a
um público com necessidades especificas e diferenciadas. O EAD é um grande aliado
das mudanças culturais que emergem de uma sociedade digitalizada e conectada.
REFERÊNCIAS
Danilo Nunes
Graduado em Administração (UNILUS). Pós Graduado em Produção e Qualidade
(FECAP), Recursos Humanos e Planejamento (UNIMONTE). Mestre em
Administração pela (UNIMONTE). Doutorando em Administração pela Pontifícia
Universidade Católica (PUC-SP). Coordenador de cursos de graduação e pós
graduação, Diretor da faculdade UNIBR e exerceu o cargo de Pró Reitor acadêmico da
UNIMONTE.