Apostila Completa - Processos Construtivos

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Sistemas construtivos convencionais

O processo construtivo acontece a partir do conhecimento aplicado e é


motivado pela necessidade. Ao longo do tempo, ele evoluiu para atender às
novas e mais complexas necessidades da sociedade e às necessidades básicas
que pediam por maior eficiência. Hoje, já é possível construir uma casa em
poucas horas, dependendo da tecnologia, dos recursos naturais e do
investimento que se têm disponíveis. 

Para melhorar entendermos o que são sistemas construtivos, é importante


começar conceituando processo, sistema e construção:

Processo - Maneira de se fazer alguma coisa, procedimento ou


processo de criação. Ação contínua e prolongada, que expressa
continuidade na realização de determinada atividade.
Sistema - Reunião dos elementos que, concretos ou abstratos,
interligam-se de modo a formar um todo organizado. Também pode
significar qualquer conjunto constituído por elementos ou seções que
se inter-relacionam, como um sistema estrutural.
Construção - Ação de construir, de dar forma a algo, geralmente
partindo de um plano ou projeto elaborado com antecedência. No caso
da edificação é uma construção como a de um complexo de
apartamentos.
// Sistemas

Basicamente, tudo que está ao nosso redor faz parte de um sistema. Sistemas
podem assegurar serviços, gerar segurança e garantir estabilidade, por
exemplo, e podem ser artificiais ou naturais.

Quando analisamos alguns dos sistemas conhecidos, observamos que só


existem sistemas se houverem conjuntos. O sistema construtivo, por exemplo,
é formado por fundações, pilares, vigas, lajes, vedações e coberturas. 

Um sistema só tem função se todos os seus componentes, elementos ou


agentes atuarem juntos e sincronizados. Cada um assume sua função,
colabora com os demais e faz com que o conjunto seja harmônico. 

O sistema construtivo é o tipo de tecnologia e método que serão utilizados


para construção de uma edificação. Para cada tipo de método construtivo é
aplicado uma tecnologia; antes de escolher um dos modelos construtivos,
como em concreto, em madeira ou em metal, é necessário um estudo a fim de
entender qual método é o mais adequado.  
A escolha do sistema construtivo é pautada pela análise dos cenários, como o
projeto arquitetônico e o ambiente. A ponte Vasco da Gama, em Portugal
(Figura 1), foi construída em concreto armado e atirantada por cabos de aço. 

Devido ao terremoto ocorrido em Lisboa, em 1755, avaliado em 8,7 da escala


Richter, a ponte foi construída com capacidade cinco vezes maior do que a
necessária para suportar o terremoto ocorrido, a fim de resistir a abalos
sísmicos e suportar velocidade de ventos de 250 km/h. É inconcebível pensar
em um sistema construtivo de madeira para um cenário como esse.

Figura 1. Ponte estaiada Vasco da Gama (sistema construtivo de concreto). Fonte:


Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020.

// Tecnologia

Tecnologia, por definição, é uma técnica ou conjuntos de técnicas que parte


do domínio de um assunto, instrumento ou ofício. A tecnologia surge a partir
da necessidade e do desejo de desenvolver uma nova forma de se realizar uma
tarefa, ou criar algo novo.

Ela não é, necessariamente, algo exclusivo e inédito, mas dá novos


significados e possibilita novas formas de se executar um serviço, de forma
ágil e gerando menos resíduos, por exemplo. A tecnologia deve,
preferencialmente, gerar valor. 

Usar tábuas junto ao barro, em algumas das primeiras construções feitas pelos
seres humanos, era usar tecnologia. Elas permitiam que o modelo construtivo
tivesse maior estabilidade e possibilitou que as paredes da construção fossem
mais altas e trincassem menos. 
Quando se fala em tecnologia, deve-se pensar em investimento, seja
intelectual ou financeiro. Então, sistema construtivo é definir qual tecnologia
será adotada para a construção. Escolhida a tecnologia, escolhem-se os
elementos (materiais) que serão empregados nessa construção. 

A Figura 2 mostra um sistema construtivo de concreto que usa a tecnologia de


pré-fabricado:

ASSISTA

Uma das mais recentes e interessantes tecnologias usadas na


construção é das casas feitas com uma estrutura pré-fabricada
desdobrável. Por conta de um tufão que devastou uma região das
Filipinas, um grupo de arquitetos e designers criou o projeto Casa
Borboleta, a fim de criar residências que atendessem de forma rápida e
eficiente aos desabrigados. O projeto produziu casas pré-fabricadas
que só precisam de 15 minutos e três ou quatro pessoas para serem
montadas. Veja como funciona a tecnologia no vídeo Uma casa
desdobrável em 15 minutos - hi-tech, postado pelo canal Euronews.

CONCRETO ARMADO

A tecnologia mais usual para a construção civil é o concreto armado, um tipo


de tecnologia que utiliza cinco materiais: areia, brita, cimento, água e aço. 

A parte do concreto é composta de areia, brita, cimento e água, e ele se torna


armado quando é utilizado aço na estrutura da construção. A combinação
desses elementos permite ao sistema estrutural do concreto armado resistir a
compressões e trações. O concreto é resistente a compressões e não resiste
bem a trações, e é aí que a ferragem entra, auxiliando a resistir às trações,
formando uma combinação é quase perfeita. 

O que torna o concreto armado o sistema construtivo mais usual é a facilidade


na aquisição dos seus materiais, sua empregabilidade na obra e facilidade em
ser moldado, fatores que o tornam de baixo custo quando comparado aos
demais. 

Em contrapartida, controlar a qualidade, a quantidade gerada de resíduos e ter


formas e tamanhos geométricos restritos deixam esse sistema em desvantagem
considerável, dependendo do empreendimento. Outro problema com esse
modelo construtivo é a mão de obra, que geralmente não é qualificada, o que
leva a vários problemas construtivos, patológicos e de instabilidade. 

O sistema construtivo em concreto armado é considerado convencional quando


usa elementos, como fundações, pilares, vigas e lajes, todos em concreto
armado in loco, e cada um desses elementos tem seu papel bem definido.

A função da laje é receber cargas de todos os objetos que estão depositados


sobre ela e lançá-las sobre as vigas. As lajes podem servir somente de
cobertura, caso em que lançam sobre as vigas somente a carga do seu próprio
peso. 

As vigas recebem cargas das paredes, das lajes, somadas ao seu próprio peso,
e as descarregam sobre os pilares. Os pilares lançam todas as cargas nas
fundações, que, por sua vez, distribuem todas essas cargas recebidas para o
solo.

Em um sistema convencional, a retirada de um desses elementos, finalizada a


obra, levará ao colapso parcial ou total da edificação. Não existe emenda e os
reparos, geralmente, são caros. A Figura 3 apresenta um sistema construtivo
convencional de concreto armado.

Figura 3. Sistema construtivo convencional em concreto armado. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 1/10/2020.

O processo construtivo desse sistema é executado por partes. Primeiro, são


feitas as fundações, depois, todos os pilares, sobre os quais são feitas as vigas,
e, por fim, as lajes. O processo se repete na sequência até que se atinja a altura
projetada para a edificação. 
Concluída a estrutura, executa-se a alvenaria de vedação, esquadrias e
fachada. Outro processo construtivo bastante executado consiste em erguer a
alvenaria de vedação junto com estrutura da edificação, com o intuito de
economizar forma de fundos na execução das vigas. Nesse caso, estamos
considerando que a alvenaria será executada com tijolos cerâmicos ou blocos
de concreto. Esse método não se aplica a fachadas com vidro, por exemplo.

Como a alvenaria não é considerada estrutural, ela pode sofrer algumas


alterações, como abertura ou ampliação de vãos não previstos em projeto.
Vale ressaltar que seguir o projeto é o recomendado, e toda alteração deve ter
o consentimento dos projetistas.

ALVENARIA ESTRUTURAL

Esse modelo construtivo utiliza a vedação como estrutura ou parte dela. A


vedação pode ser de bloco de concreto ou de cerâmica e, dentro, das aberturas
dos blocos, são colocadas as ferragens, formando as vigas e os pilares. A
alvenaria servirá de forma e de estrutura, simultaneamente. A Figura 4 mostra
um exemplo de alvenaria estrutural.

Figura 4. Sistema construtivo convencional em alvenaria estrutural. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 1/10/2020.

O processo construtivo desse sistema é executado de uma vez só, ou seja, ao


assentar os blocos já se executam as vigas e pilares ao mesmo tempo. Assim, é
praticamente impossível executar aberturas não previstas em projeto. Como as
paredes são a estrutura da edificação, aberturas podem colapsar toda a
estrutura. Até aberturas para tubulação, que são muito usuais na estrutura de
concreto armado convencional, ficam comprometidas nesse sistema. 

As principais vantagens desses sistemas construtivos são a redução de formas,


a limpeza no canteiro de obras e o menor desperdício de materiais. Como
desvantagem, podemos citar a falta de mão de obra especializada (tanto
projetistas quanto executores), a limitação estética e a necessidade de cumprir
à risca o projeto.

PAREDE DE CONCRETO
Esse sistema construtivo vem se destacando em obras residenciais, e vem
ganhando espaço em empreendimentos de larga escala, com alta repetitividade
de projetos. O processo construtivo é executado in loco. Sobre as fundações,
constrói-se uma parede totalmente de concreto, que assume função de pilar
viga ou viga pilar. Sobre essa parede de concreto, lança-se a laje, geralmente
de concreto armado. A estrutura se repete até que chegue na altura definida
em projeto.

Entre as vantagens do sistema estão a velocidade na execução, o controle da


qualidade, o cumprimento de prazos e a existência de mão de obra qualificada.
Entre as desvantagens, destacam-se o consumo de formas, o alto custo no caso
de reformas ou reparos, o não oferecimento de bom isolamento térmico e
acústico e o fato de a demolição de paredes ser totalmente vedada.

Figura 5. Sistema construtivo convencional em paredes de concreto. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 1/10/2020.
ASSISTA

Veja mais sobre paredes de concreto no vídeo Sistema construtivo


parede de concreto, postado pelo canal Tvdaobra. O vídeo mostra que
o método construtivo foi utilizado para revitalizar o Complexo da
Penha, no Rio de Janeiro.

MADEIRA

A madeira é usada em construções há muito tempo e por diversos povos,


muitas vezes de forma artesanal. 

Figura 6. Sistema construtivo convencional em madeira. Fonte: Adobe Stock. Acesso em:


1/10/2020.

A escolha desse sistema construtivo está, geralmente, ligada a gostos


particulares, à abundância do material ou ao aspecto cultural. É mais comum
encontrarmos construções assim no Sul do Brasil do que no Sudeste, por
exemplo. É pouco provável encontrar uma edificação de madeira em um
centro urbano; elas são encontradas com maior frequência na zona rural, em
bairros estritamente familiares.

Nos EUA e no Canadá, esse sistema é largamente utilizado. Enquanto no


Brasil a sua utilização mais comum é para fins residenciais, de no máximo
dois pavimentos, nesses outros países, vemos hotéis e edifícios comerciais em
madeira. O edifício em madeira mais alto do mundo está no Canadá e é
comercial.

Assim como o sistema de concreto, o de madeira também é composto por


pilares, vigas e lajes (assoalhos). A estabilidade da edificação será garantida a
partir da dimensão das peças e do tipo de madeira. Os esforços cortantes e a
flambagem serão combatidos pela fibra da madeira; seu corte deve seguir o
direcionamento onde a fibra apresenta maior desempenho, e há outros
elementos que auxiliam nessa estabilidade, como, utilização de cabos de aço.

A madeira é considerada o melhor material quando falamos de acústica e de


conforto térmico. Seu aspecto aconchegante e acolhedor é marcante. Outra
característica bem marcante é o conceito de obra limpa; além de gerar pouco
resíduo, a execução é ágil e não demanda tempo de cura, como no sistema de
concreto. 

Sua capacidade de vencer grandes vãos permite maior liberdade para projetar.
Como seu peso específico é baixo, construir com madeira gera uma carga
menor e, consequentemente, fundações mais leves.

O grande entrave em construir com madeira está ligado à procedência. Para


construir com madeira, é necessário ter certificação, pois usar madeira sem
autorização é crime ambiental. No Brasil, as empresas que investem nesse
segmento usam peroba-rosa, rosadinho, itaúba, angico-preto, eucalipto e taipa,
sendo que no Sul do Brasil é muito utilizado o pinho-do-paraná. Outras
desvantagens para o uso da madeira são a ausência de mão de obra
qualificada, a manutenção, a conservação e o preço.

O processo construtivo segue os demais sistemas: fundação, pilares, vigas e


assoalho (piso). Geralmente, em seu fechamento lateral, usa-se a própria
madeira, mas ele aceita bem qualquer outra tecnologia de vedação. A
cobertura, geralmente, tem estrutura de madeira com telha de cerâmica ou
fibrocimento. A fixação das peças é realizada por parafusos e/ou cortes de
encaixe. Dependendo do vão, é necessário o travamento por cabos de aço. 

Assim como no sistema de concreto, as edificações construídas com madeira


podem ser mescladas com o concreto ou com metal. O sistema construtivo é
definido pelo gosto pessoal, pelo tempo e pelos custos. O gosto do cliente
deve ser considerado e cabe ao projetista orientá-lo sobre as vantagens e
desvantagens.

METAL
O sistema construtivo metálico, assim como os anteriores, é formado por
fundações, pilares, vigas e lajes. É muito comum em prédios comerciais, tanto
verticais quanto horizontais. Como esse sistema é muito utilizado em fábricas e
galpões, ele não é tão apreciado para fins residenciais. Pessoas com gostos
contemporâneos apreciam mais esse modelo.

O prédio metálico mais famoso é, sem dúvida, o Empire State Building,


construído na década de 1930 e considerado até 1970, o prédio mais alto do
mundo.

O que garante resistência ao sistema construtivo metálico é o teor de carbono


utilizado, que, alinhado ao dimensionamento da estrutura, dá inúmeras
possibilidades ao arquiteto na criação. Mesmo tendo robustez na estrutura,
esse sistema construtivo é mais leve do que o de concreto, o que garante
fundações mais leves.

As vantagens nesse modelo construtivo são: otimização de espaços, agilidade


na execução da obra, controle de qualidade, confiabilidade e padrão das peças,
construção limpa, ambiente de trabalho mais enxuto e cadeia consolidada de
reciclagem.

As desvantagens são: falta de mão de obra especializada, falta de conforto


acústico e custos elevados. Em regiões litorâneas, a corrosão é um fator que
agrava a escolha desse sistema. 

Os fechamentos laterais para o modelo construtivo são diversos: vedação


tradicional com tijolos, vidro, folhas metálicas, placas cimentícias, entre
outros. Vale ressaltar que o fechamento lateral ou acabamento externo devem
ser definidos ainda em projeto.

O processo construtivo metálico se inicia a partir da fixação das peças com


parafusos ou solda. Dependendo do vão, a estabilidade da estrutura é
garantida por cabos de aço.

Esse sistema aceita como pisos: laje de concreto e assoalho de madeira ou


metálico. A escolha é feita a partir da carga que incidirá sobre esse pavimento,
os custos e a acústica, e o piso escolhido deve ser contemplado na fase de
projeto.
Figura 7. Sistema construtivo convencional em metal. Fonte: Adobe Stock. Acesso em:
1/10/2020.

Vale destacar que uma construção erguida pelo sistema metálico ou de


madeira permite reaproveitamento, enquanto na de concreto não há essa
possibilidade. Assim, escolher esse sistema para canteiros de obras é a melhor
opção.

Vimos que, no sistema convencional de construção, a combinação de


elementos é possível. A decisão de usar mais de um tipo de material depende
de custos, do projeto arquitetônico, do desejo do cliente e do prazo de entrega.

Algumas combinações não são observadas ou indicadas; provavelmente não


existirá uma estrutura de madeira com laje de concreto, assim como uma
estrutura de concreto e piso de madeira, pois os esforços, as movimentações e
as dilatações são distintas entre esses materiais. As patologias que surgirão em
função dessas combinações não se justificam. 

Sistemas construtivos não convencionais

Sistemas construtivos não convencionais são aqueles de uso incomum, e que,


por vezes, são totalmente artesanais. As construções de pau a pique, de
bambu, tapumes, adobe e em garrafas PET são alguns dos tipos de sistemas
não convencionais. 
A escolha do sistema construtivo está ligada a costumes, cultura, poder
aquisitivo, tipo de edificação, tempo de execução, custos e autorizações.
Escolher o sistema é a decisão mais importante a ser tomada antes de se
iniciar a obra, pois uma decisão mal tomada interferirá no custo, no tempo de
execução da obra e na sua aparência. 
É preciso averiguar a disponibilidade do material que será usado na região da
construção, assim como se há autorização legal para se realizar um
determinado tipo de construção em uma região específica.
Mesmo em sistemas não convencionais, a estabilidade é chave, e precisa ser
garantida desde o solo até a maneira com que se unem os materiais escolhidos.

ADOBE OU PAU A PIQUE

O modelo construtivo mais antigo ainda existente no Brasil é o pau a pique. A


maioria dessas edificações está localizada em locais de difícil acesso,
abrigando famílias muito pobres. A chave, nesse caso, é o baixo poder
aquisitivo, pois essas edificações são feitas com elementos que existem no
entorno da construção e não necessitam e mão de obra qualificada. 
Há construções de pau a pique que estão próximas a cidades e que têm acesso
fácil ao comércio local, por exemplo, mas isso não quer dizer que as
condições financeiras dos proprietários das construções sejam melhores. Por
vezes, os municípios não investem em moradia social. Em alguns casos, os
moradores nasceram e cresceram em lugares assim, e isso acaba ganhando
uma importância cultural e de segurança.
O processo construtivo ocorre com as casas, geralmente, sendo fixadas em
solo duro, próprio da região. A estrutura pode ser erguida de duas formas,
sabendo que para ambas serão usados barro, madeira (como o bambu ou outra
madeira nativa) e cipó. 

1
Primeira forma de se construir
Com o barro úmido, faz-se a primeira camada da edificação e sobre ela
colocam-se tiras de bambu. A espessura é em torno de 15 cm. Essas camadas
se repetem até a altura do telhado. Geralmente, são estruturas baixas, em torno
de 1,9 m de altura. A estabilidade é garantida por meio dos bambus na
vertical, servindo de pilar, eles são amarrados com cipó. Nos cantos, usa-se
um bambu inteiro, roliço, também na vertical. 
2
Segunda forma de se construir

Figura 8. Sistema construtivo não convencional em pau a pique. Fonte: Adobe Stock. Acesso em:
1/10/2020.
Faz-se uma caixa de madeira entrelaçada, que é fixada no chão e preenchida
com barro ou utilizando chapisco. Neste caso, é necessário ter uma tela, que
servirá de forma. Utiliza-se folha de bananeira ou de palmeira para formar
essa tela.
É importante se atentar que a segurança acontece devido ao emaranhado de
madeira combinado com a textura da argila e a boa amarração. Não é qualquer
argila que tem como propriedade a adesão; essa argila, geralmente, é pegajosa,
com grãos finos. 
Enquanto nas estruturas de concreto o estribo tem a finalidade de suportar o
esforço transverso da estrutura, apoiar e manter a armadura longitudinal
durante o processo de betonagem, nesse modelo construtivo, o cipó é que
assumirá essa função. Quanto mais amarras tiver a estrutura, mais estável ela
ficará.

EXPLICANDO
Estribo é a armadura longitudinal do elemento, viga ou pilar. 

BAMBU
A arte de construir com bambu é milenar. Na Ásia, em especial na China,
construir com bambu é tradição. Os chineses têm diversas pontes
espetaculares construídas com bambu, e o Taj Mahal, na Índia, tem sua cúpula
construída com bambu. 
Figura 9. Sistema construtivo não convencional em bambu. Fonte: Adobe Stock. Acesso
em: 1/10/2020.
Além de ser considerado totalmente ecológico, a velocidade de reprodução do
bambu é alta e o aproveitamento é total. É um material de valor econômico
baixo, por isso é muito utilizado no continente africano, onde há muitas
regiões de condições economicamente desfavorecidos.
No mundo, são encontradas cerca de 1300 espécies de bambu, com cores
variadas e alturas que podem chegar a 40 metros. O bambu apresenta alta
resistência mecânica, o que lhe confere propriedade estrutural. Não há
concorrente no meio vegetal com características tão interessantes quanto o
bambu.
O sistema construtivo utilizando bambu segue como os demais; os pilares e
vigas são feitos com peças de diâmetro maior ou um feixe de bambus com
diâmetros menores. O piso pode ser esteira ou de bambu roliço, e toda
estrutura pode ser amarrada com cipó ou cordas, aparafusada ou com encaixe.
Antes de escolher esse sistema, é importante contratar um projetista
especialista no material e mão de obra qualificada para a execução. É
imprescindível saber onde há fornecedor. As vantagens desse sistema são a
sua sustentabilidade, a integração com o meio ambiente e o desempenho
termoacústico.
As desvantagens são a ausência de mão de obra especializada e a falta de
oferta do produto, dependendo da região onde será erguida a construção.
Apesar de ser bem resistente à umidade, o bambu requer manutenção e
conservação, além de tratamento prévio.

CONTAINER
O container utilizado para transportar mercadorias se transformou em
tendência inovadora de moradia. Muito utilizado como escritório em canteiro
de obras, é considerado uma excelente alternativa construtiva, pois permite
montagem e desmontagem rápida, permitindo reutilização.
O container é uma caixa de metal, desmontável e que vem sendo adaptado
para gostos mais modernos e práticos. Apesar da ideia ter ganhado
visibilidade nos anos 1990, na Inglaterra, o container já aparecia em
ambientes como restaurantes, desde 1850, quando algumas pessoas
construíam em vagões de trem, que têm a mesma estrutura. Os arquitetos, ao
verem os containers abandonados, tiveram a ideia de utilizá-los de forma mais
estilizada.
As vantagens em usar esse tipo de construção são: obra limpa e sustentável,
execução rápida, terraplanagem e fundação econômica, baixo custo e
durabilidade. As desvantagens em escolher essa construção são: transporte,
carregamento e descarregamento, falta de mão de obra especializada,
necessidade de tratamento térmico e acústico e dificuldade para conseguir
financiamento.

Figura 10. Sistema construtivo não convencional em container. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 1/10/2020.

Produtos pré-fabricados e pré-moldados

Os produtos pré-moldados e pré-fabricados têm história desde a Segunda


Guerra Mundial. O surgimento desses sistemas se deu a partir da necessidade
de vencer grandes vãos, onde a locação de pilares era inviável, onde havia a
aceleração do processo construtivo e onde o sistema tradicional impactava no
cotidiano da cidade.
Os produtos pré-moldados são fabricados fora da obra. Não possuem
controle de qualidade rigoroso, cabendo ao construtor, empresa construtora
e/ou ao proprietário a inspeção e fiscalização das peças.
Os produtos pré-fabricados, ou também chamados de exclusivamente
industrializados, também são construídos fora da obra. O controle de
qualidade é rigoroso, as etapas de fabricação têm testes de qualidade. O
processo, como um todo, tem registros, como a data de fabricação e o tipo de
concreto e de aço usados. Dessa forma, toda a inspeção e fiscalização é
garantida pela fábrica.
Os produtos pré-moldados e/ou pré-fabricados são encontrados no mercado
em concreto, madeira e metal, tanto para estruturas quanto para fechamentos,
telhados e acabamentos. 
Os pré-fabricados de plástico estão surgindo bem timidamente no mercado.
Apesar se ser uma tecnologia pouco sustentável, ela pode ser encontrada em
blocos de plástico reciclável, porém ainda encontra resistência, e a maioria
dos produtos é utilizada como acabamento, fechamento de paredes e telhado.

PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO

Os produtos pré-moldados podem ser divididos em dois tipos: com função


estrutural e sem função estrutural.

// Produtos estruturais

As lajes maciças ou treliças e os blocos estruturais são exemplos desses


produtos. São considerados por serem dos elementos do sistema, ou seja, a
sustentação ou travamento da estrutura depende deles. A laje, como já foi dito,
é o elemento que receberá as cargas de pessoas e objetos, e o estrutural
assume função de viga e pilar. 
Figura 11. Sistema construtivo pré-moldado (laje moldada). Fonte: Adobe Stock. Acesso
em: 1/10/2020.

// Produtos não estruturais

Geralmente são utilizados para fechamento ou vedação, não oferecem


resistência à compressão e/ou tração. Mesmo se forem retirados da
construção, ela não entrará em colapso. 

Figura 12. Sistema construtivo pré-moldado (bloco de concreto não estrutural). Fonte:


Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020.
PRÉ-FABRICADOS OU EXCLUSIVAMENTE
INDUSTRIALIZADOS

Os produtos pré-fabricados vêm ganhando espaço na construção civil, em


especial em grandes centros. Ainda é um modelo com custo elevado. A
localização da indústria, o transporte, o carregamento e descarregamento, a
mão de obra e o controle de qualidade são alguns dos fatores que oneram a
sua utilização. 
A questão cultural também é um fator considerável. A carência de
profissionais que dominam o assunto contribui para falta de disseminação da
tecnologia. 

Figura 13. Sistema construtivo pré-fabricado (laje protendida). Fonte: Adobe Stock.


Acesso em: 1/10/2020.
Por usar tecnologia altamente controlada, os produtos pré-fabricados oferecem
durabilidade, economia, rapidez e limpeza no canteiro. O mercado dos pré-
fabricados oferta de fundação a acabamento, ou seja, produtos estruturais e
não estruturais.
Apesar do crescimento dos pré-fabricados para fins residenciais, eles ainda
têm maior utilização em obras comerciais e em instalações urbanas. Os pré-
fabricados em concreto também se destacam com relação ao uso de madeira e
de aço. 
A escolha está relacionada a diversos fatores, como a versatilidade. No caso
do concreto, sua disponibilidade é maior, o que o torna mais acessível e com
custo menor.
Os produtos pré-fabricados vêm apresentando alta tecnologia, eficiência e
beleza, sendo, também, utilizados para fechamento, acabamento e telhado. À
medida que o uso for empregado em larga escala, a tendência é que os custos
baixem tornando seu uso acessível.

CONCRETO PROTENDIDO

Vamos entender primeiro a diferença entre concreto armado e protendido? O


concreto armado é aquele que possui uma estrutura de concreto e aço por
dentro. O concreto protendido, além de possuir concreto e aço no interior,
possui cabos de aço tracionados e ancorados no próprio concreto. Esses
cabos de aço proporcionam à estrutura um aumento da resistência à tração.
O concreto protendido, existente no Brasil desde o século XIX, começou a ser
usado a partir da necessidade de vencer grandes vãos. Com essa tecnologia, é
possível prever uma elevada carga de flexão, o que para projetos estruturais é
um ganho altíssimo. 
As estruturas protendidas são utilizadas, em geral, para grandes construções,
como pontes, viadutos, vigas em balanço e lajes com grandes vãos.

Figura 14. Ponte estaiada com concreto protendido. Fonte: Adobe Stock. Acesso em:
1/10/2020.

As vantagens em escolher essa tecnologia são:

 Redução de esforços cortantes e tensões de tração, possibilitando peças mais


esbeltas;
 Controle e redução de fissurações e deformações, já que a produção é
totalmente industrializada;
 Maior impermeabilização.
A grande desvantagem é o alto custo de produção, de mão de obra
especializada, de controle tecnológico e de transporte. 
No Brasil, a última obra projetada por Oscar Niemeyer foi o Palácio
Tiradentes, sede do governo do estado de Minas Gerais, situado em Belo
Horizonte. O Palácio Tiradentes tem o maior vão livre flutuante do mundo.
Executado em concreto protendido e aço, o prédio é sustentado por tirantes
metálicos, presos à cobertura, que está sustentada por pórticos metálicos.

PRÉ-MOLDADOS E PRÉ-FABRICADOS DE
MADEIRA

Falar de pré-moldados e pré-fabricados de madeira significa dizer que toda a


madeira utilizada na construção foi cortada e moldada no formato definido no
projeto. Desta forma, tem-se um tronco circular que será cortado em uma peça
quadrada ou retangular. 
Com o bambu não há essa possibilidade. Então, o que torna a madeira um
produto pré-moldado ou pré-fabricado é essa transformação do formato
natural.
Ir a uma loja que vende madeira, comprar caibros, ripas, peças que servirão de
pilar e vigas, tábuas para o piso e forro não configura uma construção pré-
moldada de madeira. Essas atividades remetem a um sistema construtivo
convencional de madeira.
A madeira como pré-moldado tem fabricação padrão, só se encontra por
catálogo e é oferecida ao mercado com tamanho pré-definido. Pode-se dizer,
ainda, que se compra esse material por módulos. 
Já a utilização da madeira como acabamento, fechamento de paredes, piso,
janelas e portas apresenta uma gama maior de produtos por catálogo. Dessa
forma, o projetista tem mais liberdade para criar.

PRÉ-FABRICADOS DE METAL

O metal, assim como a madeira, é bem limitado quando o assunto é seu uso
como pré-fabricado. O produto tem preço atrativo quando é ofertado por
catálogo. A indústria define o padrão e o projetista apresenta um produto
praticamente pronto para o cliente, sem identidade. Para fechamentos,
revestimentos e acabamentos, sua utilidade é fantástica.
O prazo de entrega, canteiro de obra limpo e desperdício quase zero tornam
esse produto bastante interessante. Nos grandes centros, sua utilização está
bastante difundida, mas há muito o que evoluir.
A Figura 15 mostra a estrutura de casa pré-fabricada em metal. Os vãos de
portas e janelas são definidos pelo fabricante e não pelo projetista, que tem a
liberdade de definir, apenas, quantas aberturas quer no vão. 

Figura 15. Estrutura de casa pré-fabricada em metal. Fonte: Shutterstock. Acesso em:


1/10/2020.

UNIDADE -2
Industrialização da construção civil

A indústria da construção civil é reconhecida por ainda empregar processos


produtivos considerados artesanais, principalmente quando comparada a
outras indústrias.
Isso é influenciado por conta das características das edificações, pois,
diferentemente de outras indústrias, o produto final é considerado único, pois
dificilmente uma edificação é igual a outra. Quando um produto é único, são
necessários processos específicos para sua obtenção, o que dificulta a
produção racionalizada e em série.

Isso se reflete em uma indústria que apresenta grandes desperdícios e


perdas de materiais, marcada por custos de produção elevados e baixo nível de
planejamento, baixa qualificação da mão de obra, baixo desempenho
ambiental e grande incidência de manifestações patológicas. Em comparação
com a construção civil dos Estados Unidos e Europa, a construção civil
brasileira necessita de aumentar a sua produtividade, promover inovações e a
racionalização e padronização na produção (ABDI, 2015).
Segundo Spadeto (2011), a construção civil tem uma série de características
relativas a seu processo produtivo:

 Características nômades: dificultam a repetição e manutenção dos


padrões de qualidade, com a dificuldade de manutenção das
matérias-primas e processos utilizados;
 Os produtos da construção são únicos e dificilmente ocorrem
repetições, conforme relatado anteriormente;
 Produção centralizada, na qual o produto é fixo, e os trabalhadores
movem-se em torno dele;
 É uma indústria bastante conservadora e resistente a grandes
mudanças;
 Uso de mão de obra com pouca qualificação e de caráter bastante
rotativo;
 Locais de trabalho sujeitos à ação das intempéries, que, muitas
vezes, interrompem o andamento das obras;
 Apresentam menor grau de precisão, o que a torna demasiadamente
flexível.
Com o passar dos anos, a construção civil tem buscado empregar processos
para otimizar sua produção, via industrialização. A industrialização pode ser
considerada o estágio mais elevado de processos construtivos. É um processo
relacionado à fabricação dos componentes em indústrias, montagem nos
canteiros de obras, assemelhando-se a uma linha de produção (ABDI, 2015).
Envolve o processo produtivo de forma repetitiva, no qual a variabilidade
envolvida nas construções em que prevalecem técnicas artesanais é substituída
por ações coordenadas e predeterminadas. A industrialização pode ser
alcançada plenamente apenas após as fases de racionalização e mecanização
da produção. A racionalização está ligada à otimização dos recursos, sejam
eles financeiros, humanos, materiais ou tecnológicos. Por sua vez a
mecanização está relacionada à produção em massa das construções
(SPADETO, 2011).

CURIOSIDADE

A evolução da industrialização é dividida em três fases: a primeira


está relacionada à Revolução Industrial, com o surgimento das
máquinas; a segunda fase está relacionada ao ajuste dos mecanismos
para a execução de tarefas: o ser humano passa relegar as tarefas tidas
como repetitivas para as máquinas; a terceira fase está relacionada às
implicações das Guerras Mundiais sobre a sociedade (LEITE, 2015).

O processo de industrialização pode ser classificado em industrialização


de ciclo aberto e de ciclo fechado.

No ciclo fechado, grande parte das operações construtivas é transferida para


usinas, onde há maior controle da produção e princípios organizacionais.
Apresenta a desvantagem de permitir pouca flexibilidade arquitetônica por
conta de sua padronização, uma vez que quanto maior o grau de padronização,
menores são as possibilidades de modificação nas linhas de produção.

No ciclo aberto, os componentes produzidos são destinados para o mercado, e


não apenas para suprir as demandas de uma empresa. Em função dessa
característica, nesse ciclo, há uma maior flexibilidade de combinação de
elementos produzidos por diferentes fabricantes, o que permite sua utilização
em projetos diversos.

Sistemas e processos construtivos industrializados permitem a produção dos


componentes e edificações em maior quantidade, melhor qualidade, melhor
controle e menor tempo de construção em comparação com os sistemas
construtivos convencionais.

PRODUTOS PRÉ-FABRICADOS

A utilização de produtos pré-fabricados é uma das formas que a construção


civil encontrou para buscar a industrialização.
Podem ser eles elementos estruturais, como lajes, vigas e pilares; ou
elementos de vedação, como os painéis e elementos para conexões. São
produtos produzidos em fábricas especializadas com elevados níveis de
controle de qualidade. Os mais utilizados nas construções são constituídos de
concreto, aço e madeira.

// Pré-fabricados de concreto

A indústria da construção civil é caracterizada pela baixa produtividade,


grande desperdício de materiais, morosidade e baixo controle de qualidade. A
utilização de pré-fabricados de concreto é uma forma de amenizar esses
fatores. Dessa forma, partes da construção são fabricadas fora do canteiro de
obras em melhores condições e, depois, são transportadas e montadas, como
parte do processo construtivo. No Brasil, a utilização de produtos pré-
fabricados de concreto é sujeita a tributação específica, o que desestimula seu
uso e, consequentemente, o processo de industrialização da construção civil.
No entanto, esses pré-fabricados possibilitam importantes benefícios para
construção (EL DEBS, 2017):

 Redução do tempo de construção;


 Melhor controle dos componentes;
 Redução dos desperdícios de materiais de construção.

Os produtos pré-fabricados de concreto são elementos estruturais, como lajes,


vigas, pilares e painéis de parede. As características de cada um desses
elementos estão listadas nos itens seguintes.
 Lajes: são produzidos quatro tipos de lajes (Figura 1). Cada tipo é
indicado para vencer um tipo de vão, por exemplo (ALLEN;
IANO, 2013):
1. Lajes maciças: são indicadas para vencer vãos de
menor dimensão, pois, para estes, são necessárias
lajes de pequena espessura. À medida que o vão a
ser vencido aumenta, são necessárias maiores
espessuras, o que torna sua utilização inviável. Isso
contribui para o aumento de seu peso próprio por
conta do preenchimento total de concreto, em que
apenas uma parte contribui para a resistência da laje;
2. Lajes alveolares: são lajes adequadas para vãos
intermediários, pois têm vazios longitudinais que
substituem o concreto que não contribui para a
resistência, permitindo o aumento da espessura;
3. Lajes T e duplo T: são indicadas para vãos de
grandes dimensões, que necessitam de lajes com
maiores espessuras. Esses tipos de laje eliminam uma
parcela maior de concreto sem função estrutural.
Figura 1. Tipos de lajes pré-fabricadas. Fonte: Allen; Iano, 2013, p. 614.

 Vigas: são fabricadas em diversos formatos, como as vigas


retangulares, vigas L, vigas T invertido e vigas I (Figura 2). As
vigas L e T invertido têm saliência na parte inferior, que serve de
apoio para as lajes;

Para vigas de cobertura empregadas em galpões, onde não há lajes, a viga I é a


mais indicada. Já para vigas juntamente com lajes, a seção retangular e T
invertido são as mais indicadas (EL DEBS, 2017;

Quando as vigas são de seção transversal I, podem vencer vãos que vão de 10
a 40 m. Quando são de seção transversal retangular, podem vencer vãos de até
15 m (ABDI, 2015; EL DEBS, 2017).
Figura 2. Tipos de vigas pré-fabricadas. Fonte: Allen; Iano, 2013, p. 615.

 Pilares: a seção transversal quadrada e a retangular são as mais


usuais para pilares pré-fabricados. Podem ocorrer também a seção
circular; I; e tipo Vierendeel, para usos específicos. Tais seções
podem ser maciças ou vazadas (Figura 3). As seções I e Vierendeel
são mais utilizadas em galpões. A menor dimensão de um pilar
deve ser de 300 mm, e seu comprimento varia até os 30 m.
Geralmente, são produzidos com concreto armado, mas é possível
a utilização do concreto protendido (ALLEN; IANO, 2013; EL
DEBS, 2017).
Figura 3. Tipos de pilares pré-fabricados. Fonte: El Debs, 2017, p. 16.

 Painéis: são utilizados em paredes portantes, em edifícios de


pequeno e grande porte – e podem alcançar um ou dois andares.
Podem ser elementos maciços, vazados, nervurados ou sanduíche,
com a utilização de concreto simples, concreto armado ou concreto
protendido.

CONTEXTUALIZANDO

Os elementos de lajes podem, também, ser utilizados como painéis,


exercendo duas funções; por exemplo, os painéis vazados
correspondem aos painéis de lajes alveolares, e, por sua vez, os
painéis nervurados correspondem aos painéis de lajes T e duplo T. Os
painéis são formados por duas camadas de concreto intercaladas, com
enchimentos que têm a função de melhorar o isolamento térmico da
edificação (ALLEN; IANO, 2013; EL DEBS, 2017).

Os produtos pré-fabricados de concreto citados são mais usais nas


construções. No entanto, elementos como escadas e até mesmo fundações,
como as sapatas, são produzidos dessa forma, tornando-se mais uma
alternativa aos elementos usais moldados em obra.

// Pré-fabricados de aço

O aço é um dos materiais mais utilizados na construção civil, e sua


versatilidade permite que sejam fabricados diversos produtos com diferentes
formatos, características e finalidades. Em tempos em que a sustentabilidade
deve ser levada em conta nas construções, a utilização dos produtos de aço
torna-se ainda mais importante, pois contribui para a redução de resíduos e
para a durabilidade das estruturas. Além disso, em termos de projeto, em
função de sua resistência mecânica, o aço permite que grandes vãos sejam
vencidos, e há redução das cargas nas fundações pelo peso próprio reduzido.
As principais propriedades que justificam utilizar os produtos de aço são
(ABDI, 2015):

 Elevada tensão de escoamento;


 Boa soldabilidade;
 Susceptibilidade ao corte;
 Boa trabalhabilidade em operações de furação e dobramento.
Os principais produtos de aço estão destacados a seguir:

 Chapas finas: são chapas de aço com espessura entre 0,3 e 6,0
mm, largura-padrão entre 1,00 m e 1,50 m e comprimento variando
entre 2,0 e 6,0 m, para chapas laminadas a quente; e 2,0 e 3,0 m,
para chapas laminadas a frio. São divididas de acordo com o
processo de fabricação (ABDI, 2015; AMBROZEWICZ, 2012):
1. Chapa fina laminada a quente: obtidas pelo processo
de laminação a quente, têm espessura entre 1,2 e 6,0
mm e são utilizadas em perfis soldados e perfis
formados a frio;
2. Chapa fina laminada a frio: obtidas pelo processo de
laminação a frio, têm espessura entre 0,3 e 3,0 mm e
são utilizadas em perfis e esquadrias;
 Chapas grossas: são produzidas pelo processo de laminação a
quente e têm espessura superior a 6,0 mm; largura-padrão entre 1,0
e 3,80 m; e comprimento variando entre 6,0 e 12,00 m. As
dimensões preferencias são 2,44 de largura e 12 m de
comprimento. São utilizadas em elementos estruturais, como
pilares e vigas, para pontes, edifícios etc.;  
 Perfis: têm seção transformação em formato de letras, como I, H,
U e Z. Podem ter a seguinte classificação:
1. Perfis soldados: obtidos pela soldagem de chapas
umas com as outras. Isso permite a esses perfis
grande versatilidade, pois as combinações de chapas
permitem formar diversas espessuras, larguras,
alturas e formas que levam à redução do seu peso
próprio, sendo este um dos fatores positivos para sua
larga utilização. Têm custo maior de fabricação em
relação aos perfis laminados disponíveis no mercado
brasileiro;
2. Perfis laminados: obtidos pelo processo de
laminação a quente em usinas siderúrgicas. Não é
necessário realizar soldas ou emendas. Os perfis
laminados disponíveis no mercado brasileiro têm
dimensões pequenas e apresentam características
geométricas que tornam sua utilização mais restrita na
construção, pois podem ter abas inclinadas, o que
dificulta a execução de ligações;
3. Perfis formados a frio: obtidos pela conformação de
chapas em temperatura ambiente, por meio de prensa
dobradeira ou perfiladeira;
 Telhas: são utilizadas principalmente em coberturas e fechamentos
para obras industriais, comerciais, residenciais, aeroportos e
galpões. Têm desempenho e durabilidade maior que as telhas
comuns, além de serem mais leves;

Outro fator importante está relacionado à oferta de telhas com diferentes


formatos, espessuras e acabamentos;
 Steel deck: consiste em elementos de aço galvanizados, perfilados
e formados a frio, instalados nas lajes (Figura 4). Funcionam como
formas permanentes para o concreto e como armaduras positivas,
nas quais a aderência do concreto é facilitada por execução de
ranhuras na sua superfície.

Figura 4. Construção com a utilização de steel deck nas lajes. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 19/12/2020.

 Parafusos: são os elementos responsáveis por realizar a ligação


entre os diversos elementos estruturais. Podem ser de aço carbono
preto ou galvanizados, com porca ou de fenda, com cabeça chata
ou redonda. Para ligações estruturais, são utilizados o parafuso
comum ou o parafuso de alta resistência.

// Pré-fabricados de madeira

A madeira é um dos materiais de construção utilizados desde o início da


história humana. Pode ser utilizada em sua forma natural, ou por meio de
produtos beneficiados. Pode estar presente de forma provisória ou definitiva
em grande parte das etapas de construção de uma edificação, desde as
fundações até à cobertura.
CITANDO

Segundo Falcão Bauer (2019), as principais propriedades que


justificam a utilização da madeira como material para a construção
consistem em:

•     Alta resistência mecânica;

•     Peso próprio reduzido;

•     Resistência a choques;

•     Boas características de isolamento térmico e absorção acústica;

•     Facilidade nas ligações;

•     Material renovável.

Uma de suas desvantagens é a heterogeneidade de uma madeira para outra,


mesmo sendo de mesma espécie. Para amenizar tais desvantagens e adequar a
madeira para uso na construção, é necessário que seja beneficiada. Com
relação ao seu grau de beneficiamento, as madeiras são classificadas em
(AMBROZEWICZ, 2012; ZENID, 2009):

 Madeira roliça: representa o menor grau de beneficiamento da


madeira. As peças são obtidas por cortes transversais ou até com a
ausência de cortes, inclusive com as cascas da árvore. Os materiais
derivados desse tipo de madeira são utilizados temporariamente em
escoramentos de fôrmas, construção de andaimes e coberturas;
 Madeira serrada: a madeira é processada em serrarias para a
produção de peças quadradas e retangulares de menor dimensão
que a original. Desse tipo de madeira, são derivados produtos como
as pranchas, pranchões, blocos, tábuas, caibros, vigas, vigotas,
sarrafos, pontaletes, ripas e outros produtos;
 Madeira beneficiada: as peças de madeira originais são usinadas e
podem ser submetidas a processos de beneficiamento, como o
aplainamento, molduramento, torneamento, desempeno,
destopamento, recorte, duração, ranhurado e outros processos. Para
cada um deles, há uma máquina específica para realização;
 Madeira em lâminas: as lâminas de madeira são utilizadas, em
grande parte, na construção de compensados que se destinam ao
revestimento de divisórias com finalidade decorativa. Na produção
das lâminas, são utilizadas madeiras de boa qualidade e maior valor
comercial;
 Painéis: os painéis de madeira representam uma gama de produtos
pré-fabricados de madeira com grande utilização na construção
civil. Surgem da necessidade de amenizar as variações
dimensionais a que a madeira é suscetível, além da redução do peso
próprio e manutenção das características isolantes térmicas e
acústicas. Em função da sua utilização, ocorrem cada vez mais
pesquisas nessa área, e, assim, o desenvolvimento tecnológico
proporciona o surgimento de novos produtos para atender ao
mercado nacional e internacional. A seguir, estão listados os
principais tipos de painéis:
1. Compensados: são compostos pela associação de
várias lâminas de madeira unidas (Figura 5) de forma
cruzada (90º) umas com as outras, por meio de colas
ou adesivos, sempre em número ímpar de chapas
para que sejam estruturalmente balanceadas, pois
assim uma compensa a outra e permanecem
simétricas em relação ao seu eixo central. Essa
disposição busca equilibrar a rigidez da chapa nas
suas duas direções, mantendo sua resistência e
contribuindo para a estabilidade dimensional (FALCÃO
BAUER, 2019; ISAIA, 2017; ZENID, 2009).
Os compensados comercialmente disponíveis podem ser
encontrados em diversas dimensões padronizadas, sendo as
mais comuns: 210 cm x 160 cm; 275 cm x 122 cm, 220 cm x
122 cm, ou 250 cm x 125 cm, com espessuras entre 4 mm e
35 mm (ISAIA, 2017). Os preços desses produtos variam
conforme a espécie de madeira empregada, tipo de cola
utilizada, números de lâminas componentes e qualidade das
faces. Cada vez mais, são utilizados compensados de
superfície resinada ou plastificada, pois permitem um
número maior de reutilizações, especialmente quando
utilizados em formas para concreto (ISAIA, 2017; ZENID,
2009);
Figura 5. Chapa de madeira compensada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020.

1 Chapas de média densidade de fibras (MDF): têm densidade de massa


entre 600 e 800 kg/m³ e são produzidas com fibras de madeira aglutinadas por
meio de resinas, sob condições, e temperatura e pressão determinadas. Assim,
resultam em chapas maciças de alta qualidade. Vale ressaltar que, nesse
processo, podem ser incorporados aditivos com o intuito de melhorar as
propriedades desejadas. As chapas têm superfície plana e lisa, o que permite
que receba diversos tipos de acabamento, como pintura, envernizamento,
revestimento e outros. Isso aumenta a versatilidade do produto e permite seu
uso em divisórias, forros e outros componentes. As dimensões mais comuns
no mercado são: 183 cm x 275 cm, com espessuras entre 6 mm e 35 mm
(ISAIA, 2017; ZENID, 2009);

2 Chapas duras de fibras (HB): também conhecidas como hardboards, são


painéis com a densidade superior a 800 kg/m³, obtidos industrialmente por
processos secos ou úmidos a partir de fibras lignocelulósicas da própria
madeira. Geralmente, são utilizadas as fibras de eucalipto aglutinadas pela sua
própria lignina e prensadas a quente por um processo úmido que reativa esse
aglutinante. Dessa forma, não há a necessidade do uso de resinas e ocorre a
formação de chapas rígidas de alta densidade (AMBROZEWICZ, 2012;
ISAIA, 2017; ZENID, 2009);

São utilizadas principalmente em portas e revestimento de divisórias. No


mercado, estão disponíveis em diversas dimensões padronizadas, sendo as
mais comuns: 122 cm x 244 cm; 122 cm x 275 cm; 170 cm x 244 cm; e 183
cm x 275 cm, nas espessuras de 2,5 mm a 6 mm (ISAIA, 2017);
3 Chapas de partículas (aglomerado): também conhecidas como
aglomeradas, são chapas formadas pela aglutinação de partículas de madeira
de diversas dimensões, não superiores a 1 cm, com resinas sintéticas sob
determinadas condições de temperatura e pressão. Em função de seu custo
inferior em relação aos compensados, parcela significativa da produção de
aglomerados é destinada à construção civil para uso em pisos residenciais,
divisórias, elementos de escadas, vigamento para telhados e outros. Além
disso, são partículas estáveis, o que permite o seu corte em qualquer direção e
seu consequente melhor aproveitamento. No entanto, não apresentam
resistência à umidade e, por isso, devem ser utilizadas em ambientes internos
e secos.

São encontrados no mercado nas dimensões mais comuns de: 183 cm x 220
cm; 183 cm x 275 cm; e 183 cm x 440 cm, com espessuras entre 8 mm e 30
mm;

4 Chapas de partículas de média densidade (MDP): são chapas compostas


por partículas de madeira aglutinadas por resinas de última geração que
polimerizam sob determinadas condições de temperatura e pressão, dando
resistência ao conjunto. As partículas são separadas por camadas em que, na
parte mais externa, são depositadas as partículas mais finas; e, na parte
interna, as partículas de maior dimensão. Em comparação ao aglomerado e ao
MDF, tem maior resistência à compressão e ao empenamento, maior
estabilidade dimensional e menor absorção de umidade (ZENID, 2009);

5 Chapas de partículas orientadas (OSB): têm a resistência mecânica


exigida para fins estruturais e são formadas por resinas e camadas de
partículas ou feixes de fibras orientadas em uma mesma direção, prensados
para consolidar o conjunto. Essas chapas têm três camadas de partículas com
orientação alternada de 90º em relação as demais. Isso melhora o
comportamento à flexão e melhora a estabilidade dimensional. São indicadas
para as mesmas utilizações do aglomerado – e como tapumes, divisórias,
coberturas, formas e escoramentos. Além disso, podem ser utilizadas em
ambientes externos, pisos e forros, o que não é muito usual nos sistemas
construtivos utilizados no Brasil (Figura 6), mas é característica do sistema
construtivo dos Estados Unidos.
Figura 6. Residencial construído com paredes externas em painéis. Fonte: Shutterstock.
Acesso em: 19/12/2020.

PRODUTOS PRÉ-INDUSTRIALIZADOS
A cada ano que passa, torna-se cada vez mais necessária a adoção de sistemas
construtivos industrializados, uma vez que se exige mais produtividade em
menor tempo na construção civil. A primeira grande mudança provocada
nessa realidade está atrelada às funcionalidades dos canteiros de obras, que
passaram a ter o caráter de grandes espaços de montagem dos produtos
industrializados.

CONTEXTUALIZANDO

Os métodos construtivos podem ser classificados, de acordo com o


grau de industrialização, em tradicionais, racionalizados ou
industrializados. O método tradicional é caracterizado pela baixa
mecanização e fragmentação das etapas da obra; o método
racionalizado incorpora técnicas de planejamento e controle, com o
intuito de aumentar a produtividade e evitar desperdícios; por sua vez,
o método industrializado é caracterizado pelo uso intenso de
elementos industrializados produzidos em instalações fixas e pelo
emprego de técnicas de produção, transporte e montagem dos mesmos
(SPADETO, 2011).

O uso de produtos industrializados permite maior produtividade – e, como


maior produtividade na execução das construções, podemos citar os sistemas
construtivos drywall, light steel frame e light wood frame como aqueles que
mais utilizam elementos industrializados. Nesta seção, abordaremos esses
produtos tendo como base os mais utilizados nos sistemas construtivos
citados.

// Drywall

O sistema drywall é considerado um sistema industrializado utilizado


principalmente na execução de vedações internas, forros e revestimentos das
edificações (Figura 7). Teve sua origem nos Estados Unidos em meados de
1894, com finalidade de dar proteção às estruturas de madeira, uma vez que
são grandemente empregadas nos sistemas construtivos do País, que na época,
sofria com grandes incêndios. No Brasil, o drywalll chegou por volta da
década de 1970, com a fundação da primeira fábrica de chapas de gesso no
País, a Gypsum Nordeste, localizada em Petrolina (ABDI, 2015).

Figura 7. Construção com o uso do sistema drywall nas paredes e forros. Fonte:


Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020.

São utilizados materiais como:


 Perfis de aço: são fabricados com aços com resistência ao
escoamento mínima de 230 Mpa (alta resistência) e espessura
mínima de 0,50 mm, revestidos com zinco, com intuito de proteger
os perfis da corrosão. São conhecidos como montantes e guias
(Figura 8) e têm furos com dimensões e espaçamentos
padronizados que permitem a passagem das instalações;

Figura 8. Perfis de aço utilizados no sistema drywall. Fonte: Shutterstock. Acesso em:


19/12/2020.

 Chapas de gesso: são chapas constituídas por um miolo de gesso


revestido, em ambos os lados, por lâminas de cartão, especialmente
desenvolvido para essas finalidades. São os responsáveis por
conferir resistências mecânicas às placas e propiciam uma
excelente superfície para acabamentos. Existem três tipos de
chapas de gesso utilizadas em drywall (Figura 9), sendo elas
(ABDI, 2015):
1. Chapa standard (ST): para uso geral;
2. Chapa resistente à umidade (RU): tem coloração
verde e é indicada para áreas molhadas, como
cozinhas e banheiros;
3. Chapa resistente ao fogo (RF): tem coloração rosa e
é indicada para áreas que demandam alta resistência
ao fogo e rotas de fuga.
Figura 9. Chapas de gesso utilizadas no sistema drywall. Fonte: Shutterstock (Adaptado).
Acesso em: 19/12/2020.

 Parafusos: são utilizados parafusos autoperfurantes e


autoatarrachantes específicos para drywall na fixação de perfis e
chapas;
 Tratamento de juntas: são realizados com o uso de fitas e massas
específicas para drywall, principalmente no encontro com
alvenarias, e complementam a rigidez do sistema para evitar as
trincas (ABDI, 2015).
Além desses materiais, podem ser utilizados outros para melhorar o
desempenho acústico e térmico dos sistemas drywall, como a lã de rocha e lã
de vidro, instalados nos espaços entre as chapas e perfis de aço.

// Light wood frame


É considerado um processo industrializado de fabricação de painéis estruturais
para a montagem de edificações, constituídos de madeira proveniente de
florestas plantadas (ABDI, 2015). Países como Estados Unidos e Japão
destacam-se nesse sistema construtivo.

O light wood frame é um sistema construtivo estruturado por peças de madeira


maciça serrada com fechamento em chapas. Esse sistema apresenta os
seguintes materiais empregados (BRASIL, 2020a; 2020c):

 Fechamento externo: formados por quadros estruturais com peças


de madeira maciça serrada, cujo revestimento externo é constituído
de chapas OSB revestidas por placas cimentícias ou placas de
madeira compensada tratadas quimicamente;
 Fechamento interno: é constituído de chapas OSB revestidas por
placas de gesso utilizadas em drywall;
 Entrepiso: são constituídos por quadros estruturais de peças de
madeira serrada, revestidos em sua face superior por chapas OSB.
Em áreas molhadas, essas chapas devem ser substituídas por
chapas de madeira maciça ou de compensado, devidamente
tratadas com fungicidas e inseticidas. Na face inferior, devem ser
forrados com chapas de gesso e chapas cimentícias em áreas
molhadas. Vale ressaltar que, na face superior, é construída uma
camada de argamassa (contrapiso), com o objetivo de regularizar a
superfície para que receba o revestimento final, que pode ser
cerâmico, cimentício, entre outros;
 Cobertura: é constituída por peças de madeira, como as
cumeeiras, pontaletes, vigas, terças, caibros, ripa e sarrafo, com
resistência natural ao ataque de insetos ou tratadas quimicamente.
Além desses produtos, empresas brasileiras têm investido em pesquisas para o
desenvolvimento de produtos pré-fabricados para serem utilizados nesse
sistema, como os painéis prontos apenas para serem montados em casas
térreas ou sobrados (Figura 10).

Figura 10. Painéis pré-fabricados usados no sistema wood frame. Fonte: Brasil, 2020b, p.


15.

// Light steel frame

O sistema light steel frame, que consiste em estruturação em perfis de aço


galvanizado, é indicado para residências familiares térreas ou sobrados,
edifícios até oito pavimentos, hotéis, clínicas, hospitais, comércios, fachadas e
outros usos (ABDI, 2015).

A seguir, estão relacionados os principais componentes destes sistemas:

 Perfis: nesse sistema, os perfis são obtidos por conformação a frio,


e os formatos mais utilizados são C e U;
 Vedação externa: são utilizados diversos materiais, sendo os mais
usuais as chapas OSB devidamente protegidas contra intempéries,
painéis de aço tipo sanduíche com isolantes, placas cimentícias;
 Vedação interna: são utilizadas placas de gesso para drywall. Seja
qual for o tipo de vedação, deve haver o isolamento térmico e
acústico das edificações construídas com este sistema para
atendimento às normas brasileiras;
 Isolantes termoacústicos: são utilizados materiais como placas ou
mantas lã de vidro ou a lã de rocha.

CURIOSIDADE

O sistema light steel frame tem três métodos de construção. No


método stick, os perfis são cortados; e os elementos estruturais,
montados no canteiro de obras. Já o método modular é caracterizado
pelo uso de módulos pré-fabricados, que são apenas entregues nas
obras, com acabamentos e louças instalados. O método de painéis, por
sua vez, consiste em elementos pré-fabricados fora ou no canteiro de
obras, mas com orientações específicas de projetos estruturais e uso de
mão de obra qualificada. Este último é o método mais utilizado no
Brasil.
A Figura 11 apresenta um exemplo de fabricação de painéis para uso no
sistema light steel frame.

Figura 11. Painéis pré-fabricados para construção no sistema light steel frame. Fonte:


ABDI, 2015, p. 139.
Sistemas de pré-fabricação
A pré-fabricação pode ser considerada umas das técnicas necessárias para se
alcançar a industrialização na construção civil.

Baseia-se na produção dos elementos construtivos fora de seus locais de


implantação final e posteriormente ligados e montados no local da obra.

A pré-fabricação pode ser dividida em leve e pesada. A leve é relacionada aos


produtos de peso reduzido, geralmente não estruturais, como elementos de
fachada, divisórias, perfis metálicos e outros. Por sua vez, a pré-fabricação
pesada está relacionada aos elementos de concreto armado e concreto
protendido, como lajes, vigas, pilares e escadas (LOPES; AMADO, 2012).

Em relação aos sistemas construtivos convencionais, uma construção baseada


em sistemas pré-fabricados tem características e etapas próprias, como
(LEITE, 2015):

 Divisão da estrutura em sistemas e subsistemas;


 Fabricação dos elementos em local distinto da destinação
definitiva;
 Transporte e montagem no local do empreendimento;
 Ligação entre os componentes para garantir o comportamento
estrutural adequado.
Apesar de toda as vantagens inerentes à adoção dos sistemas pré-fabricados, é
importante que todos os seus aspectos sejam analisados, inclusive fatores
considerados inconvenientes. No Quadro 1, é representada uma análise
SWOT dos principais fatores a serem considerados para uma construção pré-
fabricada, inclusive pontos que podem representar ameaças na adoção desses
sistemas.

Quadro 1. Análise SWOT da construção pré-fabricada. Fonte: LEITE, 2015, p. 35.


Segundo Fonyat (2013), os sistemas construtivos de pré-fabricação podem ser
classificados em:

 Sistemas pré-fabricados de ciclo fechado;


 Sistemas pré-fabricados de ciclo aberto;
 Sistemas pré-fabricados flexibilizados.

O sistema construtivo de ciclo fechado é caracterizado pelo completo


planejamento de todas as etapas que envolvem o ciclo de um elemento pré-
fabricado, como a fabricação, transporte e montagem. Nesse sistema, apenas
um fabricante é responsável pela produção de todos os elementos da
construção, sendo as peças projetadas apenas para uma edificação.

No sistema construtivo de ciclo aberto, é utilizado o conceito de produção em


massa do edifício por meio dos elementos que o constituem. É caracterizado
por proporcionar uma grande quantidade de possibilidades construtivas, pois
os seus elementos apresentam compatibilidade com elementos de fabricantes
distintos.

Por fim, o sistema construtivo de ciclo fechado tem como base o toyotismo,
que permite variações no sistema de acordo com o desejo de seus
consumidores, assim como a produção de determinado produto apenas quando
houver demanda, sem a necessidade de utilização de estoques de produtos.

BREVE HISTÓRICO DA PRÉ-FABRICAÇÃO

A história da pré-fabricação está diretamente ligada à evolução do concreto


armado; porém, apenas entre o final do século XIX e XX começou a ser
reconhecida e ganhar espaço.

Pode-se considerar a construção do Cassino Biarritz, no ano de 1891, na


França, como uma das primeiras construções a utilizar pré-fabricados (LEITE,
2015).

Nesse período, ocorreram diversos eventos importantes para a introdução da


pré-fabricação como prática construtiva (Quadro 2).
Quadro 2. Acontecimentos históricos relativos à utilização de pré-fabricados. Fonte: Leite,
2015, p. 8.

Após essa fase, a consolidação da pré-fabricação no mercado foi influenciada


pelo cenário do pós-guerra da Europa. Após o encerramento da Segunda
Guerra Mundial, teve início, de fato, a história da pré-fabricação no mundo. O
período compreendido entre as décadas de 1950 a 1970 foi marcado por um
pós-guerra com grande parte das cidades europeias destruídas e com
demandas urgentes na construção de habitações, hospitais, escolas e demais
edificações necessárias para a vida em sociedade. Essa necessidade
impulsionou a pré-fabricação como método construtivo racional que podia
promover a produção em massa e com tempo reduzido, além de necessitar de
menos mão de obra e materiais envolvidos em construções convencionais.
Nessa época, surgiram os pré-fabricados de ciclo fechado e com o uso de
elementos pesados.

Por volta da década de 1970 a 1980, a incidência de acidentes em edifícios


que utilizaram, em sua construção, painéis pré-fabricados, foi fundamental
para o declínio dos pré-fabricados de ciclo fechado, pois criou-se um clima de
insegurança em relação ao sistema. A partir de 1980, o uso de pré-fabricados
foi marcado pela adoção de elementos de ciclo aberto, criado para ser uma
alternativa oposta aos produtos de ciclo fechado.

O Brasil foi um País na contramão dos países europeus, pois o contexto pós-
guerra nestes não ocorreu da mesma forma no País. Não havia, por exemplo, a
mesma necessidade de construções em larga escala. A construção do
Hipódromo da Gávea, em 1926, é considerada o grande marco da pré-
fabricação do País, pois, em seu andamento, a construção utilizou diversos
elementos pré-fabricados.

SISTEMAS PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO

A construção de uma estrutura pré-fabricada de concreto envolve quatro


etapas distintas: a concepção, a produção, o transporte e a montagem.

Na fase de concepção, é elaborado o projeto dos elementos estruturais e o


planejamento das etapas a serem seguidas. Na fase de produção, estão
envolvidas atividades preliminares no local da obra e processo produtivo dos
elementos em fábrica. A fase de transporte é fundamental, pois realiza a
ligação entre fase de produção e a montagem dos elementos pré-fabricados na
obra. Por fim, tem-se a montagem, que engloba processos de elevação,
posicionamento, estabilização e a execução das ligações entre os elementos
(LAGARTIXO, 2011).

Os elementos de concreto pré-fabricado permitem diversas soluções


estruturais para as construções das edificações. No entanto, essas soluções são
derivadas da associação de um ou mais sistemas estruturais considerados
básicos. Segundo Van Acker (2003), esses são os principais tipos de sistemas
estruturais básicos para pré-fabricados de concreto:
 Estruturas aporticadas: nesse sistema, são utilizados vigas e
pilares de fechamento, principalmente em construções industriais e
armazéns (Figura 12);

Figura 12. Estrutura aporticada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020.


 Estruturas em esqueleto: sistema constituído de lajes, vigas e
pilares, principalmente em construções de escritórios, escolas,
hospitais e estacionamentos (Figura 13);

Figura 13. Estrutura em esqueleto. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020.

 Estruturas em painéis estruturais: sistema constituído de painéis


portantes verticais e painéis de lajes, utilizados em construções de
casas, apartamentos, hotéis e escolas (Figura 14);

Figura 14. Estrutura em painéis estruturais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020.


 Estruturas para pisos: sistema constituído por lajes montadas
para a formação do piso e distribuição de carga na estrutura. São
utilizados na maioria dos sistemas construtivos (Figura 15);

Figura 15. Estrutura para pisos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020.

 Sistema para fachadas: sistema constituído por painéis maciços


ou sanduíche, que podem ter ou não função estrutural. Podem ter
diversos formatos, desde o simples até os mais detalhados (Figura
16).

Figura 16. Sistema para fachadas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020.


 Sistemas celulares: sistemas constituídos por células de concreto
para uso principalmente em banheiros, cozinhas e garagens.

Sistemas tecnológicos

Os painéis pré-fabricados podem ser considerados os primeiros sistemas


dessa natureza a serem utilizados em escada industrial, e sua utilização está
relacionada à Revolução Industrial, por meio do uso de painéis metálicos
(ABDI, 2015).
No período que compreende o final do século XIX e início do XX, as diversas
indústrias passaram a buscar a industrialização de seus meios de produção.
A produção em série da indústria automobilística de Henry Ford em 1913
representou um marco histórico, inclusive para a indústria de construção, já
que, nessa época, já se viam movimentos por parte de engenheiros e arquitetos
de forma a otimizar os processos construtivos artesanais.
A adoção de sistemas tecnológicos nas construções foi impulsionada com o
contexto mundial após o término da Segunda Guerra. As inovações
tecnológicas propostas visavam a uma nova forma de construir, com ênfase na
produtividade nas construções das edificações. Os planos de reconstrução
propostos pelos diversos países europeus possibilitaram o emprego em larga
escada dos sistemas tecnológicos da época, com o objetivo de se tornarem
uma alternativa para os desafios complexos de execução de um grande
número de moradias e demais edificações.
Os sistemas desse período empregavam elementos de concreto com grandes
dimensões e pesados, provenientes de uma mesma empresa fornecedora, o que
caracteriza o ciclo fechado. Especialmente na França, a adoção de sistemas
tecnológicos na construção civil promoveu o aumento da produtividade e
redução de custos na construção de milhares de unidades habitacionais.
Figura 17. Cidade destruída na Segunda Guerra Mundial. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 19/12/2020.

Entre os principais sistemas tecnológicos adotados na época e que serviram de


base para alguns sistemas atuais, destacam-se os sistemas de painéis pré-
fabricados Camus e Bossert.

SISTEMA CAMUS

O sistema Camus é considerado o pioneiro em painéis pré-fabricados de


concreto produzidos em larga escala, e sua origem está ligada à destruição
provocada pela Primeira e Segunda Guerra Mundiais.

As cidades europeias ainda se recuperavam dos estragos causados pela


Primeira Guerra quando mais cidades foram destruídas pela Segunda Guerra.
A partir disso, houve a necessidade de reconstrução de habitações coletivas,
escolas, hospitais, comércios e outros. No entanto, com essa demanda urgente
aliada à escassez de mão de obra e falta de materiais, foi necessário repensar
os métodos construtivos vigentes e adotar sistemas construtivos racionais que
permitissem as construções em larga escala e com tempo reduzido.

O pensamento para a produção em massa na construção começou com o


francês Raymond Camus, por volta da década de 1930, influenciado pelo
fordismo, especialmente com a produção do carro modelo T, produzido em
massa por Henry Ford nos Estados Unidos. A ideia principal de Camus
consistia em produzir moradias acessíveis por meio de linhas de produção,
dividindo-a em componentes separados. Nesse modelo, os empreiteiros eram
responsáveis apenas por preparar o local e montar as paredes, pisos e tetos
(MOREIRA NETO, 2015).

Com o contexto do pós-guerra em 1948, apenas o governo da França estimava


um deficit de aproximadamente 10 milhões de unidades habitacionais, sendo
esse País o berço da idealização do sistema Camus. Assim, Raymond Camus
ganhou diversos contratos para a construção de milhares de habitações com a
implementação de seu sistema, que teve seu auge na União Soviética no
período de governo de Nikita Khrushchev, que adquiriu suas patentes; na
época, o sistema tinha a capacidade de produção de 2 mil unidades
habitacionais por ano. A União Soviética aprimorou um sistema próprio a
partir do sistema Camus, com exportação para países como Chile e Cuba na
década 1970.

Os principais componentes do sistema Camus são (CUEVA PÉREZ, 2012):

 Painéis de fachada compostos, por dois painéis de concreto


armado, separados por uma camada de material isolante térmico de
24 cm;
 As paredes de suporte são constituídas por lajes maciças de
concreto armado;
 As divisórias são constituídas pelos mesmos materiais dos painéis
portantes, diferindo-se apenas na espessura;
 Lajes maciças de concreto armado com armadura de união em seu
contorno.
Estima-se que, até a década de 1970, tenham sido construídas cerca de 180
mil habitações com a utilização do sistema Camus.

SISTEMA BOSSERT

De acordo com Vieira (2008), o sistema Bossert tem origem alemã e pode ser
considerado um sistema de pré-fabricação parcial ou misto. 

Em algumas etapas, são empregadas técnicas da construção convencional,


como nas etapas de fundação, execução de paredes internas, que podem ser
portantes ou divisórias, assim como placas de piso, cisternas e outros. É
utilizado em edifícios que variam de quatro a 14 pavimentos.

Seu método construtivo consiste na produção in loco de paredes, pisos e como


elementos pré-fabricados em paredes externas e escadas. A montagem dos
elementos estruturais é realizada por meio de parafusos e chapas metálicas.
Nesse sistema, as paredes externas devem conter diversas camadas sucessivas,
com o intuito de garantir o isolamento técnico e acústico. Essas camadas
podem ser constituídas de isopor, concreto, lã de rocha, pinho e outros
materiais.

Para as instalações, são aproveitados os vãos deixados pelos painéis em


posições preestabelecidas em sua fabricação antes do processo de
concretagem. Nos pisos, os eletrodutos são fixados no assoalho ou teto. Para
tubulações de esgoto, são utilizados shafts, devidamente projetados para essas
finalidades.

UNIDADE -3
Gerenciamento e planejamento das
construções
Ainda hoje a indústria da construção civil é reconhecida por
empregar processos produtivos considerados artesanais,
principalmente quando comparada a outras indústrias. Isso ocorre
por ela ser influenciada pelas características das edificações que,
diferente das indústrias, têm o produto final considerado único,
posto que uma edificação dificilmente será igual a outra.

Quando um produto é único, são necessários processos específicos


para sua obtenção, o que dificulta a sua produção racionalizada e
em série. Assim, gerenciar projetos na construção civil não significa
controlar revisões de desenhos ou plantas. O gestor de uma obra
tem como atribuições e responsabilidades garantir a solidez e
durabilidade da construção, assim como cumprir o orçamento e
prazos estipulados para a obra, sempre atendendo as legislações
pertinentes (PORTUGAL, 2016). Podemos dizer então, que os
principais benefícios do planejamento são (MATTOS, 2010):
Conhecimento Pleno da Obra - Ao planejar, o profissional estuda os
projetos, analisando os métodos e processos construtivos, o que
permite que tenha tempo hábil para mudanças de planos, se
necessário, uma vez que está por dentro de todo o processo; e
Detecção de Situações Desfavoráveis - Detectar inconformidades
com o máximo de antecedência permite ao gestor da construção a
adoção de medidas preventivas ou corretivas em tempo hábil.

EXPLICANDO

O planejamento é um dos fatores para o sucesso de um


empreendimento. Nesta etapa, é necessária a integração entre diversos
setores da empresa, fornecedores, prestadores de serviços terceirizados
e demais empresas envolvidas na execução (PINHEIRO;
CRIVELARO, 2014).

A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR E GERENCIAR


NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Segundo Aldo Dórea Mattos (2010), o Gráfico 1 representa a oportunidade
construtiva e destrutiva de realização de intervenções em construção. Veja
que as intervenções realizadas, com o passar do tempo, têm cada vez menos
potencial de agregar valor ao empreendimento. Além disso, quanto mais
avançada a fase de construção, maior será o valor destinado para a realização
desta.

Gráfico 1. Grau de oportunidade de mudança em função do tempo. Fonte: MATTOS,


2010. p. 22.
Desse modo, o planejamento de construção deve figurar:

Agilidade de decisões

Permite que se tenha uma visão geral da obra, fazendo com que
decisões gerenciais possam ser tomadas mais rapidamente, seja por
meio da mobilização e desmobilização de equipamentos, da
aceleração de serviços, do aumento de turnos, da alteração dos
métodos e dos processos construtivos, entre outros;

Relação com o orçamento


O gestor vai precisar levantar alguns parâmetros para serem utilizados


no planejamento da sua obra. Eles são: os índices de produtividade e
o dimensionamento das equipes de trabalho.

Otimização da alocação dos recursos


Por meio do planejamento, o gestor poderá nivelar os recursos e


decidir como melhor alocá-los;

Referência para acompanhamento


Permite analisar as etapas previstas, juntamente com as etapas


realizadas;

Padronização

Facilita a comunicação da equipe responsável pela construção, pois


reduz os desentendimentos surgidos do fato de que, muitas vezes, os
profissionais envolvidos entendem as etapas de formas distintas;

Referência para metas


Ao planejar a construção, os programas de metas e bonificações


podem ser instituídos de forma facilitada;

Documentação e rastreabilidade

Gera um histórico da obra, que poderá ser utilizado na resolução de
problemas, de forma mais ágil;

Criação de dados históricos


O gestor deve criar planilhas com cronogramas que o ajude a saber o


andamento da obra e para que também lhe sirva como modelo para
qualquer outra construção similar;

Profissionalismo

Por fim, o gestor de projetos deve passar confiança para os seus


clientes, buscando causar boas impressões da sua obra.
Para planejar e gerenciar uma construção, é importante que você conheça o
ciclo de vida do projeto. Segundo Antônio Carlos F. B. Pinheiro e Marcos
Crivelaro (2014), este corresponde ao período que compreende a sua
concepção e operação. Assim, o projeto de uma construção apresenta, como
características, ser:

Temporário - Uma construção tem duração finita com início e fim definidos; e

Produto único - Cada construção possui caráter único, por mais padronizados
que sejam os empreendimentos, não se trata de uma linha de montagem ou
fabricação em série.

Desse modo, conforme demonstrado pelo Gráfico 2, o ciclo de vida de um


projeto compreende quatro estágios, cada um correspondendo a uma fase de
seu desenvolvimento (MATTOS, 2010). O estágio I corresponde e à
concepção e viabilidade do projeto, do qual fazem parte das atividades:
Gráfico 2. Ciclo de vida de um projeto. Fonte: MATTOS, 2010. p. 32.

 A definição do escopo, para determinação dos principais pontos do


projeto;
 A formulação do empreendimento, para a determinação do lote,
tipo de contração a ser utilizada;
 A estimativa de custos, para a definição do orçamento preliminar
necessário para a execução do projeto;
 O estudo da viabilidade, para a verificação do custo-benefício e
avaliação dos resultados desejados;
 A identificação da fonte orçamentária, que podem ser recursos
próprios, linhas de financiamento, empréstimos ou outras fontes; e
 O desenvolvimento do anteprojeto, para a produção do projeto
básico.
O estágio II corresponde ao detalhamento do projeto e seu planejamento, do
qual fazem parte das atividades:

 A definição do orçamento analítico, com suas respectivas


composições de custo;
 A elaboração do planejamento, com a elaboração de cronogramas e
prazo de execução das atividades; e
 O desenvolvimento do projeto executivo, com base no projeto
básico.
O estágio III corresponde à execução do empreendimento, com as atividades
de:

 Execução dos serviços de campo;


 Montagens mecânicas e instalações elétricas e sanitárias;
 Controle de qualidade para atendimento dos requisitos
estabelecidos no contrato;
 Administração contratual por meio de medições, acompanhamento
do diário de obras; e
 Fiscalização de obra ou serviço com supervisão das atividades
desenvolvidas no campo, para verificar a evolução do
empreendimento.
O estágio IV corresponde à finalização do projeto, com as atividades de:

 Realização dos testes de operação;


 Inspeção final da obra;
 Transferência de responsabilidades do empreendimento;
 Liberação de retenção contratual, para casos em que a contratante
tenha retido dinheiro da empresa executante;
 Resolução das últimas pendências, como pagamentos atrasados; e
 Elaboração de termo de recebimento.

PRINCIPAIS FERRAMENTAS UTILIZADAS

Para a execução de um bom planejamento de construção, é essencial a

identificação das atividades a serem realizadas que serão componentes do

cronograma. É importante que esta identificação seja a mais detalhada

possível, pois o que não for identificado não será incluso no cronograma

e escopo do projeto, que pode ser entendido como o conjunto de

componentes para a obtenção do produto, logo, a edificação e os resultados

esperados. Estabelecendo o escopo, delimita-se o projeto e,

consequentemente, seu planejamento.

Esta tarefa deve ser realizada de forma colaborativa entre os integrantes do


projeto, uma vez que a omissão de uma atividade ou série destas poderá
ocasionar prejuízos financeiros e atrasos na obra. De acordo com Mattos
(2010), detalhar as atividades necessárias para o desenvolvimento de uma
obra não é uma tarefa das mais simples, pois exige leitura cuidadosa de
esquemas e plantas, entendimentos dos métodos e processos construtivos
adotados, além da capacidade de representar as atividades realizadas em
campo em formato de pacotes de trabalho.

Estes pacotes de trabalho têm o objetivo de detalhar as etapas da construção,


de modo que o planejamento seja facilitado, para a definição da duração das
atividades, dos recursos necessários e da atribuição dos responsáveis. A partir
disso, é obtida uma estrutura hierarquizada das atividades, denominada
de Estrutura Analítica de Projeto (EAP). A EAP de um projeto faz analogia
a uma árvore genealógica, com suas ramificações, sendo estas divididas em
níveis distintos.

No primeiro nível, há apenas um item, que representa o projeto como um


todo. A partir disso, as atividades vão ganhando mais níveis, em forma de
ramificações. Quanto maior é o nível utilizado, maior é nível de detalhamento.
Podemos ver, no Diagrama 1, um exemplo de EAP para as atividades
necessárias para a construção de uma casa. Um mesmo projeto pode
apresentar EAPs com diferentes estruturas, dependendo do profissional
responsável por elaborá-lo. Porém, o profissional deve saber mensurar o limite
até onde este detalhamento poderá agregar valor ao projeto, evitando que ele
apenas torne a EAP mais extensa e complexa. Para isso, deve-se analisar cada
tipo de obra, pois cada uma apresenta requisitos específicos.

Diagrama 1. Exemplo de EAP para construção de uma casa.

Outra forma de representar a EAP se dá por meio de tabelas com as atividades


listadas, chamada de EAP analítica ou sintética, sendo este o formato mais
utilizado na elaboração dos orçamentos. Podemos ver o exemplo deste
formato no Quadro 1, que lista as etapas iniciais de uma construção, como os
serviços preliminares e as execuções da infraestrutura, superestrutura, vedação
e cobertura, assim como o detalhamento das atividades envolvidas para a sua
execução.

// Quadro 1. Exemplo de EAP analítica/sintética.


Clique para fazer download do quadro abaixo:

Quadro 1.pdf
62 KB

Além disso, uma forma menos usual pode ser os mapas mentais (Diagrama
2), que representam uma forma mais didática e atraente, sendo recomendados
principalmente para trabalhos em equipe e desenvolvimento inicial de ideias.
Mattos (2010, p.70) lista como benefícios da utilização da EAP aspectos
como:

Diagrama 2. Exemplo de EAP em formato de mapa mental.

A ordenação do pensamento em uma matriz de trabalho lógica e organizada;


A individualização das atividades que irão compor o cronograma;
A permissão do agrupamento de atividades com finalidades semelhantes;
A facilitação do entendimento das atividades;
A facilitação da verificação por pessoas externas ao projeto;
A facilitação da inclusão de novas atividades;
A facilitação da localização das atividades dentro do cronograma;
A facilitação da elaboração do orçamento, pois estabelece atividades mais
precisas;
A permissão da atribuição de códigos de controle para a alocação de recursos;
e A evitação de que atividades sejam criadas em duplicidade.

No cronograma físico-financeiro (Tabela 1), são correlacionadas as etapas


definidas para a construção, com seus respectivos prazos de duração e custos
relativos à sua realização, assim como os custos acumulados, de acordo com a
evolução da execução dessas etapas. Esta é uma das ferramentas de
planejamento e gerenciamento mais comuns na construção civil. De acordo
com a realização das etapas, estas são analisadas com uma barra horizontal,
que indica o seu início e término, que pode ser de forma contínua ou
intermitente (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). Com base no cronograma, o
gestor da obra pode tomar como providências (MATTOS, 2010):

 Programar as atividades de equipes de campo;


 Fazer pedidos de compras;
 Alugar equipamentos;
 Recrutar trabalhadores quando necessário;
 Acompanhar o progresso das atividades;
 Replanejar a obra; e
 Pautar reuniões.

Tabela 1. Exemplo de cronograma físico-financeiro. Fonte: PINHEIRO; CRIVELLARO,


2014, p. 96.

CONTEXTUALIZANDO

O cronograma físico-financeiro é conhecido também como gráfico de


Gantt, pois foi desenvolvido pelo engenheiro mecânico Henry Gantt.
O cronograma foi descrito por seu criador como um método gráfico de
acompanhamento de fluxos de produção. Foi utilizado especialmente
em meados de 1917, época da Primeira Guerra Mundial, para a
construção de navios de Guerra (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014).
O diagrama PERT/CPM representa todas as atividades a serem realizadas e
as relações de dependências entre elas, segundo sua sequência de execução,
para determinar quais são as atividades mais críticas que poderão sofrer
atrasos e comprometer o prazo estimado de conclusão do projeto. Além disso,
permite observar a coerência do que foi planejado para a obra e, assim, gerar
uma estimativa mais aproximada para sua conclusão (PINHEIRO;
CRIVELARO, 2014).

O diagrama PERT/CPM surgiu da união de dois programas distintos:


o Program Evaluation and Review Technique (PERT, ou Técnica de
Avaliação e Revisão de Programas) e o Método do Caminho Crítico (CPM).
O primeiro, desenvolvido pela Marinha Americana para o planejamento do
desenvolvimento de um míssil balístico complexo, conta com atividades
distintas de qualquer outro projeto, sendo a duração destas determinada
por durações probabilísticas, considerando situações otimistas, pessimistas e
uma mais provável de ser alcançada.

Por sua vez, o Método do Caminho Crítico (CPM) foi desenvolvido pela
empresa norte-americana Dupont, que possuía o computador mais potente da
época e, por meio deste, matemáticos estudaram as correlações entre o tempo
e o custo de projetos de engenharia desenvolvidos na empresa. A partir disso,
foi definido que certas atividades poderiam ser aceleradas ou ocasionar
aumento de custos, essa cadeia principal de atividades é denominada de
caminho crítico (MATTOS, 2010). Assim, em um diagrama PERT/CPM são
utilizados os conceitos de (PINHEIRO, CRIVELARO, 2014):

Evento

Um ponto no tempo, o instante que marca o início ou o término de uma


atividade, sem consumir tempo. Os recursos são representados por um círculo;

Atividade

Tudo que consome recursos financeiros, humanos e de tempo. Situam-se entre


dois eventos e, no diagrama, o sentido das flechas orienta-se sempre da
esquerda para a direita;

Atividade fantasma

Consiste em uma atividade intermediária, com prazo de execução zero, criada


apenas para evitar que duas setas iniciem em um evento e terminem em outro;

Folga

Diferença entre o intervalo de tempo e o início e término de uma atividade e


sua duração; e
Caminho crítico

Representa o caminho das atividades que vão do início ao fim da obra, que
apresentam folgas nulas. Isso significa que, nessas atividades, qualquer atraso
poderá causar problemas na obra.

Existem dois métodos para construir um diagrama de rede: o método das


flechas e o método dos blocos (Figura 1), ambos representando o mesmo
resultado, de formas distintas. No primeiro, as atividades são representadas
por flechas conectadas a eventos e, no segundo, as atividades são
representadas por blocos, com as setas fazendo apenas o papel de ligação
entre estas (MATTOS, 2010).

O ciclo PDCA (Figura 2) é baseado em um princípio de melhoria contínua, no


qual o processo deve ser controlado de forma permanente, para permitir a
aferição do desempenho dos meios utilizados e a mudança de procedimentos,
para o alcance de metas (MATTOS, 2010). Este conceito foi desenvolvido na
década de 1930, pelo estatístico Walter Shewart, e popularizado na década de
1950, por Edward Deming, ao aplicá-lo em trabalhos desenvolvidos no Japão
(PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). O modelo é dividido em quatro
quadrantes principais, representados por letras que denominam o respectivo
ciclo. Estas letras representam as fases envolvidas no processo, como:
Planejar (P), Desempenhar (F), Checar (C) e Agir (A).

De acordo com Pinheiro e Crivelaro (2014), devem ser estabelecidos, na fase


de planejar, os objetivos e processos a serem utilizados para o alcance dos
resultados desejados. Na fase de desempenhar, os processos propostos são
implementados, enquanto na fase de checar é realizado o monitoramento dos
produtos e processos implementados, de acordo com a política da empresa de
atuação. Nessa etapa também é realizado o comparativo entre os itens
estabelecidos no planejamento e o que realmente foi realizado. Por fim, na
fase de agir, são executadas ações para promover a melhoria contínua do
processo, de forma a buscar sua padronização. Na construção civil, cada uma
destas fases pode ser dividida em etapas (MATTOS, 2010):

// Planejar

 Estudo do projeto: análise e avaliação dos projetos para a


identificação de possíveis interferências e a realização de visitas
técnicas, se necessário;
Definição da metodologia: definição dos processos construtivos

que serão utilizados, assim como a determinação das etapas
construtivas, equipamentos e materiais de construção necessários; e
 Elaboração de cronograma e programações: ordenação das
informações para a obtenção de cronogramas, levando em conta os
parâmetros adotados no orçamento, como quantitativos e índices de
produtividade e mão de obra.
// Desempenhar

 Informar e motivar: informar aos colaboradores os métodos a


serem empregados, as atividades a serem desenvolvidas, a duração
destas, além de sanar as dúvidas existentes. Estas ações aumentam
o grau de envolvimento das equipes no projeto; e
 Executar a atividade: nesta etapa, ocorre a realização das tarefas
estipuladas. É necessário que a execução ocorra o mais próximo
possível daquilo que foi planejado.
// Checar

 Aferição das etapas do projeto realizadas: são levantados os


quantitativos dos serviços realizados no período analisado;
 Elaboração de comparativo entre o resultado previsto e o
realizado: após a aferição inicial, com os dados obtidos, é
realizado um estudo comparativo com a quantidade de serviços
planejada para o período. Esta é uma das etapas mais importantes
para o construtor, pois ele poderá constatar o impacto causado por
possíveis atrasos no prazo final da obra e, assim, decidir os
melhores caminhos a serem seguidos. É essencial identificar se os
atrasos detectados ocorrem de forma pontual ou recorrente, para
que o gestor possa agir na origem do problema.
// Agir
Compatibilização das informações: utilizar todas as informações
obtidas nas etapas anteriores, por meio dos indivíduos envolvidos
neste processo, contribui para a identificação de oportunidades de
melhoria dos métodos utilizados e a definição da origem dos erros
detectados, possibilitando a mudança da estratégia adotada, assim
como permite a adoção de medidas corretivas, quando necessário.
Por meio do ciclo PDCA, a obra é planejada com o máximo de informações
coletadas e, em seguida, ela deve ser executada de acordo com o planejado,
podendo ser obtidos os índices de produtividade das equipes de trabalho e os
desvios do plano elaborado. Por fim, o gestor decide como agir diante do
contexto apresentado, de forma a colocar a obra nos eixos ou devendo rever o
planejamento realizado. Este ciclo continua sucessivas vezes, até a finalização
do empreendimento (MATTOS, 2010).
DICA

Na elaboração do PDCA, segundo Pinheiro e Crivelaro (2014), é


importante que o gestor do projeto avalie a eficácia e a eficiência de
suas propostas, sendo que cada uma destas significa: a comparação do
realizado com o planejado (eficácia) e a comparação dos recursos
utilizados com aqueles disponíveis (eficiência).

Outra ferramenta de gestão, o 5W2H, consiste em um formulário para o


controle de atividades e determinação da forma como estas serão realizadas e
a quem serão atribuídas. Sua denominação está relacionada aos pontos
principais abordados, sendo estes em língua inglesa. Sendo assim, os cinco
Ws e os dois Hs são (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014):

Podemos ver, pelo Quadro 2, um exemplo de aplicação do 5W2H para o


serviço de realização de paredes internas de uma edificação.
Quadro 2. Exemplo de aplicação do 5W2H. Fonte: PINHEIRO; CRIVELARO, 2014. p. 38.

Por fim, o diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama


espinha de peixe, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, em 1943. Ele é
formado por uma seta na horizontal, que aponta as irregularidades observadas
para colaborar na determinação das causas, intensidades e efeitos de tais
irregularidades. Como podemos ver na Figura 3, a qualidade da alvenaria
depende de três fatores principais, sendo estes os materiais, a mão de obra e a
tecnologia. Assim, cada seta ligada a estes fatores indica os parâmetros que
influenciam cada um destes fatores (PINHEIRO; CRIVELARO, 2014).

CURVA ABC PARA A GESTÃO DE ESTOQUES

É de grande importância para o orçamentista, e para os demais responsáveis


pela obra, o conhecimento dos principais serviços e insumos, o total de cada
um destes e sua representatividade. Isso porque este fator auxilia nas cotações,
na definição de negociações mais criteriosas e na despesa de energia para as
compras. Isso pode ser realizado com o auxílio da curva ABC (MATTOS,
2006), que surgiu por meados de 1800, na Itália, tendo sido desenvolvida por
Wilfredo Paretto para medir a distribuição de renda entre a população. Assim,
ele descobriu que 20% da população absorvia 80% de toda a renda
(PINHEIRO; CRIVELARO, 2014).

A curva ABC (Gráfico 3) é o resultado, representado por meio de tabelas ou


gráficos, dos preços de serviços ou insumos, como a mão de obra, os materiais
e os equipamentos, agrupados em ordem decrescente. No topo estão situados
os itens mais relevantes em termos de custo da planilha orçamentária,
juntamente com os valores acumulados percentualmente (CARVALHO,
2019). Nela, 80% das consequências são causadas por 20% das causas, sendo
divididas entre:

C L A S S E A - Que representa o percentual de custo acumulado de até 50% do


total do orçamento dos serviços ou insumos;

C L A S S E B - Que representa o percentual entre 50% a 80% do


custo total do orçamento; e

C L A S S E C - Que representa o percentual acumulado entre 80% e


100% do custo total do orçamento, contemplando todos os itens
que nele constam.

Gráfico 3. Curva ABC. Fonte: CARVALHO, 2019. p. 216.

Segundo a curva ABC, os sujeitos envolvidos em obra são o orçamentista, o


gestor da obra e o auditor, tendo cada um responsabilidades próprias. Assim, o
orçamentista (CARVALHO, 2019):

 Identifica erros quantitativos e nas composições de custo unitário;


 Colabora na obtenção de cotações para os insumos mais
expressivos; e
 Permite a análise do custo da obra de forma simplificada.
O gestor da obra:
 Hierarquiza os insumos e os fornece ao setor de aquisições, para
auxiliar na compra de insumos;
 Auxilia no planejamento e na programação da obra;
 Atribui as responsabilidades, para a priorização das compras;
 Avalia o efeito da variação de preço de determinado insumo; e
 Negocia a contratação de serviços terceirizados.
E o auditor:

 Verifica as conformidades e não conformidades em um orçamento;


e
 Verifica o comportamento da curva ABC dos insumos.

A forma mais comum de apresentação da curva ABC se dá por meio de


tabelas com a descrição, a unidade, a quantidade, o custo unitário, o custo
total e as porcentagens unitárias e acumuladas de cada serviço ou insumo
(MATTOS, 2006). Entre as vantagens da adoção da curva ABC, podemos
destacar a sua importância na gestão de estoques na construção civil,
especialmente quando se fala do desperdício de materiais que ocorre nesta
indústria. Este pode ocorrer não apenas de forma física, mas também
financeira, quando, por exemplo, são adquiridos materiais em menor ou maior
volume, em função de erros de cálculo e planejamento dos insumos
necessários.

A curva ABC pode atuar como uma ferramenta importante e eficiente para a
gestão dos insumos, atuando para identificar os insumos disponíveis e aqueles
que estão em falta, bem como norteando sua aquisição, para que não seja
desnecessária. Assim, além de evitar as perdas, esta ação pode acarretar na
redução do custo de obra, podendo evitar também um dos erros de
planejamento mais comuns na construção civil, que está relacionado com a
paralisação da obra por falta de materiais.

Segundo Nogueira, Saffaro e Guadanhim (2018), um projeto de obra


adequado deve possibilitar a utilização dos componentes de forma a
minimizar os desperdícios e garantir o melhor aproveitamento, devido ao
valor agregado. Assim, fatores que permitem a simplificação do processo
construtivo devem ser considerados, pois possibilitam um fluxo de materiais
com menores etapas, que não agregam valor ao produto e, em função disso,
reduzem as perdas construtivas (que ocorrem sempre que se utiliza uma
quantidade maior que a necessária), proporcionando custos mais baixos. Esses
fatores são:

 Uma complexidade individual dos componentes;


 Uma baixa variedade de componentes e possibilidade de utilizá-los
em diferentes famílias de produtos; e
 Um grau de flexibilidade, para conectar componentes entre si.
De acordo com Pinheiro e Crivelaro (2014), os materiais de construção civil
possuem alta rotatividade e, para facilitar o controle por meio da curva ABC,
eles podem ser divididos em três classes, segundo o seu valor aquisitivo, cada
uma exigindo um tratamento de controle particular. Desse modo, os materiais
podem ser de:

C L A S S E A - Materiais de maior importância, que merecem tratamento


preferencial, justificando procedimentos detalhados e que exigem grande
atenção da administração;
C L A S S E B - Materiais de menor importância, que justificam pouca
atenção da administração; e
C L A S S E C - Materiais em situação intermediária entre as classes A
e B.

Assim, as principais vantagens de se adotar a curva ABC para gerir o estoque


são: facilidade para fazer o inventário de estoques, redução do tamanho dos
inventários, custos de serviços burocráticos mais baixos e planejamento dos
estoques.

Produtividade na construção civil


A produtividade varia de uma obra para outra, uma vez que a construção gera
produtos considerados únicos. Quando se conhece a produtividade de uma
obra, ela pode ser utilizada como fator balizador para a determinação
da demanda de recurso e a alocação correta destes, a fim de gerar um
ambiente organizado, com menor custo e maior segurança (SOUZA, 2017).
De acordo com a apostila A produtividade da Construção Civil
brasileira (SIMONSEN, 2016), o conceito amplo de produtividade é a
obtenção de uma produção maior, com uma mesma quantidade de recursos
empregados, ou quando menos recursos são empregados para a obtenção da
mesma produção. Segundo a obra “Estudo sobre produtividade na construção
civil: desafios e tendências no Brasil” (BARREIROS et al., 2014), são
consideradas sete alavancas da produtividade na construção, como podemos
ver no Quadro 3, onde esses fatores são elencados e detalhados de forma a
apresentar os pontos onde a produtividade pode ser trabalhada.
Quadro 3. Alavancas da Produtividade. Fonte: BARREIROS et al., 2014. p. 5.
O sucesso de qualquer indústria, assim como da Construção Civil, está
diretamente ligado à sua produtividade, pois trata-se de uma ferramenta de
apoio para a tomada de decisões necessárias para o andamento da obra.
Assim, por meio de seus indicadores, é possível mensurar o rendimento dos
processos construtivos e da mão de obra, bem como dos materiais e
equipamentos utilizados dentro dela.

FATORES QUE INFLUENCIAM A


PRODUTIVIDADE

A produtividade, na construção civil, é influenciada por diversos fatores.


Assim, é importante que os profissionais e empresas compreendam a
influência exercida por cada um destes. Segundo o Relatório de Inteligência
da Construção Civil, elaborado pelo SEBRAE (2015), podem ser
considerados fatores que influenciam a produtividade:

Planejamento e controle de obras


Que deve possuir todas as informações disponíveis (a quantidade de material,
o tempo de execução das atividades e outras), que podem impactar o prazo
final da entrega da obra. Além disso, quando o planejamento é negligenciado,
podem ocorrer atrasos na obra por falta de materiais, aumento dos custos e
indisponibilidade das equipes;

Capacitação e treinamento da mão de obra


Pois uma mão de obra bem qualificada executa as atividades com mais
qualidade, evitando retrabalhos. Uma das características de empresas de
construção é a utilização de empresas terceirizadas na execução de
determinados serviços, o que dificulta a criação de vínculo com a empresa e
reduz o interesse de investimento em capacitação;

Retrabalho
Que prejudica a qualidade dos serviços executados, sendo necessária a
realização das atividades diversas vezes, podendo acarretar em atraso da obra
e a utilização de materiais além do previsto;

Matéria-prima
Pois a falta de padronização das matérias-primas utilizadas pode ocasionar a
perda de controle do estoque, além de resultar em desperdícios. Outro fator a
ser considerado está relacionado à aquisição de materiais, pois são necessários
mais fornecedores e o tempo de espera entre um material e outro pode ser
distinto;
Layout do canteiro de obras
Que deve facilitar a circulação dos materiais e trabalhadores, sem afetar a
produtividade das operações. Um canteiro de obras mal planejado tem a
tendência de aumentar as distâncias e tempos utilizados na realização das
atividades;

Segurança do trabalho
Pois a falta de aplicação das normas regulamentadoras de segurança no
trabalho pode resultar em acidentes com os profissionais envolvidos na obra.
Estes acidentes geralmente vêm acompanhados de afastamentos, sendo
necessário a contratação de outros trabalhadores, que necessitarão de
integração para conhecimento dos processos construtivos adotados.
Ainda segundo o SEBRAE (2015), uma das medidas para melhorar a
produtividade na construção civil é a utilização de tecnologias que podem
trazer vantagens, tais como: o aumento da agilidade nas construções, a
redução do tempo de construção, a padronização das atividades, a redução de
desperdícios de materiais e a redução de retrabalhos. No Quadro 4, podemos
ver as principais tecnologias que podem ser adotadas para melhorar a
produtividade na construção civil e o impacto destas nos principais fatores que
a influenciam.
INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

Para mensurar o grau de produtividade de uma determinada obra, são


utilizados indicadores de produtividade, que, de acordo com Souza (2017),
estabelecem a relação entre a quantidade de recursos demandados e a
quantidade de produtos realizados. Os mais utilizados são: Razão Unitária de
Produção (RUP) e o Consumo Unitário de Materiais (CUM).

A Razão Unitária de Produção (RUP) é utilizada, principalmente, para


medir a produtividade da mão-de-obra, por meio da equação:

Onde:
Hh = Homens-hora;
Qs = Quantidade de serviço realizado.
Quanto maior é o valor do RUP calculado, menor é a produtividade da equipe.
Como podemos ver na relação, o índice de homem-hora é diretamente
proporcional ao RUP. Desta forma, quanto maior este indicador, mais mão de
obra será necessária para a realização de determinado serviço. Desse modo, o
RUP pode ser apresentado como (SOUZA, 2017):

R U P A C U M U L A T I V O - Que leva em conta o esforço total realizado em um


serviço, sendo bastante utilizado em orçamento, por representar um valor
global. Neste caso, não se faz distinção entre os momentos bons e ruins da
produção, ocorridos no serviço; e
R U P P O T E N C I A L - Que não leva em conta os momentos ruins de
produtividade, sendo utilizado principalmente para dimensionar a
quantidade de mão de obra, partindo do conceito de que a equipe
fará o serviço com boa produtividade.
O Consumo Unitário de Materiais (CUM) é utilizado para medir a
produtividade dos materiais. Ele representa a razão entre a quantidade de
materiais adquiridos e a quantidade do serviço realizado, de acordo com a
equação:

Onde:
 Qmat= Quantidade de material;
Qserviço= Quantidade de serviço.

Além disso, pode ser também estabelecida uma função de consumo unitário
teórico () e do percentual de perdas de materiais (CUMteórico), de acordo com
a equação:

Gestão dos custos construtivos

A indústria da construção civil é considerada uma das mais relevantes para o


crescimento do país, em função de suas características de proporcionar
habitação, e desenvolvimento, por meio das obras de infraestrutura, e por
empregar profissionais de diversos níveis de formação. 
Apesar disso, este ramo ainda é conhecido pela sua ineficiência, grande
desperdício, atrasos nas entregas dos produtos e patologias construtivas.
Em qualquer obra, o custo tem papel fundamental, e é por meio
do orçamento que são determinados os custos previstos. Assim, o orçamento
deve ser elaborado por um profissional habilitado, como o engenheiro civil. O
orçamento de uma obra contém a discriminação dos diversos serviços
necessários para a realização da construção, suas quantidades e o custo
unitário de execução. Geralmente, ele é elaborado com base em projetos,
memoriais, análises in loco, entendimento do tempo e local da construção
(CARVALHO, 2019).

IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO

O orçamento é fundamental para o sucesso de um empreendimento, pois, por


meio dele, pode ser obtida a previsão de custo para uma obra. Deve-se
quantificar os insumos, como a mão de obra, os materiais, as máquinas, as
ferramentas e os equipamentos necessários para a execução de cada serviço
(PINHEIRO; CRIVELARO, 2014). Assim, o orçamento pode ser:

P O R E S T I M A T I V A - Elaborado para estudar a viabilidade de empreendimentos,


com base no projeto de arquitetura e apresentando 20% de margem de erro. São
utilizados dois fatores principais, sendo estes a área da construção e o custo unitário
básico do metro quadrado de construção (CUB), calculado mensalmente pelos
Sindicatos da Indústria da Construção Civil em todo o Brasil;
P R E L I M I N A R - Realizado
com base no planejamento inicial da obra,
utilizados os projetos de arquitetura, de estruturas, as instalações
elétricas e hidráulicas, bem como memoriais descritivos e que
possuem margem de erro de 10%. São utilizados fatores como: a
planilha de custo unitário e o levantamento de quantitativos; e

E X E C U T I V O - Elaborado
com base em todos os projetos
disponíveis, memoriais descritivos e acabamentos, possuindo 5%
de margem de erro.

EXPLICANDO
O CUB foi criado em 1964, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), para sanar a necessidade de uma metodologia de
cálculos de custos unitários. Ele representa este valor por metro
quadrado de construção, de acordo com o tipo de obra (CARVALHO,
2019).
De acordo com Aldo D. Mattos (2006), um orçamento é determinado
somando-se os custos diretos, como a mão de obra, os materiais e os
equipamentos, aos custos indiretos, como as equipes de apoio e supervisão e
as despesas gerais de canteiro de obras, e adicionando, por fim, os impostos e
lucros. Se o orçamento for elaborado de forma paralela às fases do projeto, ele
pode transformar-se em uma ferramenta para a tomada de decisões quanto aos
projetos, podendo ser revistas as especificações de materiais.
Segundo Carvalho (2019), na área de gerenciamento de custos, são
apresentados processos para etapas de planejamento, monitoramento e
controle dos custos. Na etapa de planejamento de custos, é realizado
primeiro a estimativa de custos e, posteriormente, a orçamentação. Isso
significa dizer que, para projetos em fases iniciais e sem muito detalhamento,
é necessário que o custo seja estimado, sendo realizada a orçamentação à
medida em que o projeto evolui.
Na etapa de monitoramento e controle, ocorre o controle dos custos, sendo
necessário o monitoramento de (CARVALHO, 2009):

 Temporalidade e aproximação;
 Mudanças e imprevistos, que podem ocorrer nos processos construtivos; e
 Orçamento como ferramenta de gerenciamento, para acompanhamento e
controle, podendo ser atualizado e revisado para a obtenção de melhores
resultados.

O orçamentista necessita do projeto em mãos, para a elaboração do


orçamento, assim como as pranchas do projeto arquitetônico e estrutural, as
instalações hidrossanitárias e elétricas, a proteção contra descargas
atmosféricas e a prevenção contra incêndios, entre outros, e seus
respectivos memoriais descritivos. O orçamento é de grande importância
para guiar a tomada de decisões, pois, se um custo está fora do previsto, ele
pode ser revisto (CARVALHO, 2019). Desse modo, a elaboração de um
orçamento pode ser dividida em seis fases, sendo estas:
Orçamento
COMEÇAR 

1
Fase 1
Análise de projetos, documentações e condições de contorno; 2
Fase 2
Identificação e listagem de todos os serviços;
Fase 3
Cálculo dos quantitativos em função das unidades de medição; 4
Fase 4
Cálculo dos custos unitários de cada serviço; 5
Fase 5
Cotação de preços, equipamentos e encargos sociais e complementares; e 6
Fase 6
Cálculo do BDI, preço de venda e elaboração de relatórios.

Além de definir o custo de uma obra, contudo, o orçamento também dá base


para aplicações como (MATTOS, 2006):
O levantamento dos materiais e serviços para a descrição e quantificação dos
materiais e serviços que auxiliam o construtor na definição das metodologias
construtivas;
A obtenção de índices para o acompanhamento, para a análise da utilização
dos insumos;
O dimensionamento de equipes para a determinação da quantidade de
trabalhadores, para a realização dos diversos serviços;
A capacidade de revisão de valores e índices, pois muitas vezes é necessário
recalcular o orçamento em função da atualização de preços;
A realização de simulações para a verificação do comportamento do
orçamento, a partir do emprego de diversos processos construtivos;
A elaboração do cronograma físico-financeiro, que retrata a evolução dos
serviços ao longo do tempo; e
A análise da viabilidade financeira, para realizar o comparativo entre custos e
as receitas.
De acordo com Carvalho (2019) e Mattos (2006), são características de um
orçamento de obras a especificidade, que considera o projeto como único.
Assim, o orçamento possui dentre suas características a temporalidade, pois os
valores dos insumos estão em constante variação de preço, e a aproximação,
pois o orçamento é baseado em previsões durante sua elaboração.

UNIDADE – 4

Gestão das perdas construtivas

Debatidas desde o início do século XX, as perdas de produção são entendidas


como qualquer atividade que consuma recursos, porém, não crie valor, como a
produção de itens em que não há clientes interessados, estoques parados,
entre outros.
De acordo com Gonçalves e Brandstetter, em trabalho apresentado no XXXVI
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, em 2016, as perdas vão além
do conceito de desperdício e podem existir também na execução de tarefas
desnecessárias e que não geram nenhum valor, apenas gerando custos
adicionais de produção.
O mercado da construção civil tem se tornado cada vez mais competitivo, cujo
cenário exige das empresas e profissionais maiores investimentos no
planejamento e gerenciamento das obras de forma a obter um controle mais
eficiente da produção e qualidade, como lembrado por Santos e Santos, em
artigo para a revista Ambiente construído em 2017. Assim, é necessário obter
um controle maior das perdas construtivas pois representam uma parcela
significativa dos custos de produção. A indústria da construção civil requer
uma grande quantidade de materiais para a produção, como cimento, britas,
areia, aço, blocos de concreto, tijolos, cabos, tubulações e demais materiais
necessários para as instalações. Segundo Souza, autor do livro Como reduzir
perdas nos canteiros – manual de gestão do consumo de materiais na
construção civil, de 2005, cada metro quadrado de construção necessita de
aproximadamente de toneladas de materiais. 

CITANDO
De acordo com Souza, comparando a construção civil com outras
indústrias, é possível afirmar que, ao longo de 1 ano de atividades, o
setor consome cerca de 100 a 200 mais materiais do que a indústria
automobilística. Dessa forma, qualquer ação que vise a maior
eficiência no uso de materiais de construção pode ter reflexos
relevantes quanto ao desenvolvimento sustentável. 
TIPOS DE PERDAS

De acordo com Souza, as perdas são classificadas segundo os seguintes


critérios:

 11 O tipo de recurso consumido;


 2 A unidade para a sua medição;
 3 O momento de incidência na produção;
 4 Sua natureza;
 5 Sua causa;
 6 Sua origem.

// Perdas segundo o tipo de recurso consumido

Uma obra, para que seja concretizada, demanda recursos físicos e financeiros
interligados, pois o uso com eficiência dos recursos físicos reduz a demanda
por recursos financeiros. Como recursos físicos, são entendidos os materiais
de construção, a mão de obra e os equipamentos utilizado e, quanto a esse
parâmetro, as perdas são classificadas de acordo com o Diagrama 1.

Diagrama 1. Perdas segundo o recurso consumido. Fonte: SOUZA, 2005, p. 31.


Como exemplos de perdas financeiras, Souza cita alguns casos:

Perdas estritamente financeiras - Casos


em que, por erros de cálculo, os
materiais são adquiridos em menor número que o necessário ao
fornecedor, necessitando de compra emergencial, às vezes
realizadas em fornecedores locais a preços mais altos. Ocorrem
também quando certos materiais estão em falta no mercado,
sendo preciso adquirir outros tipos com preço mais elevado. Além
disso, compras em excesso representam perdas financeiras para a
construção, pois o recurso deixou de ser alocado em outras
aquisições;

Perdas decorrentes das perdas de recursos físicos - Conforme


relatado,
quando há muitas perdas físicas, mais recursos financeiros são
necessários para a aquisição dos materiais adicionais;
Ainda segundo o mesmo autor, como exemplos de perdas físicas, é possível
citar os seguintes casos:

Perdas de mão de obra - Quando um trabalhador precisa parar sua


produção em função de possuir informações imprecisas a respeito
do serviço a ser feito, sendo necessária a pausa para aguardar as
informações corretas;

Perdas de equipamentos - Quando os equipamentos não podem ser

utilizados em função de situações climáticas, mecânicas ou outras;

Perdas de materiais - Em função do armazenamento, manuseio e

emprego incorreto dos materiais de construção.

 Perdas segundo a unidade para a sua medição


As perdas são expressas em diversas unidades de medida, a depender do tipo
de material analisado, como em unidade de massa, volume e unidades
monetárias. Além dessas, são utilizadas unidades em valores absolutos ou
percentuais;
 Perdas segundo o momento de incidência na produção
A fase de produção da edificação é a que possui maiores índices de perda de
materiais, o que pode ocorrer nas diversas etapas da produção de uma
edificação, como no recebimento dos materiais, na estocagem, no
processamento intermediário, processamento final e no transporte que pode
ocorrer entre as etapas;
 Perdas segundo a natureza
De acordo com Souza, as perdas podem ter as seguintes naturezas:
Figura 1. Perdas na construção civil segundo sua natureza. Fonte: SOUZA, 2017, p. 25.

E N T U L H O - Gerado
na realização de diversos serviços e originado
de materiais distintos como, ao se quebrar um painel de fôrmas, as
partes inutilizáveis devem ser descartadas e novos materiais,
adquiridos;

I N C O R P O R A D A - Representam
as perdas menos perceptíveis a
olho nu, todavia, são frequentes nas edificações e incidem na
utilização de quantidades superiores de materiais do que o
recomendado, como ao concretar uma laje mais espessa que o
indicado no projeto estrutural ou executar revestimentos de
parede com espessura excessiva;

F U R T O S O U R O U B O S - Com
a falta de segurança patrimonial em
canteiros, podem haver roubos ou furtos de materiais por
terceiros, o que demanda a compra de material adicional.
 Perdas segundo a sua origem
Num projeto, é importante entender as razões que representam a origem das
perdas, como ao quebrar um bloco para a confecção de uma alvenaria, em que
o profissional perde parte dele. Portanto, a perda não tem origem no referido
ato, mas na fase de projeto, na qual foram especificados componentes
incompatíveis com as dimensões da parede gerando a necessidade de cortes,
conforme Souza. Dessa forma, são consideradas algumas origens para as
perdas que podem ocorrer em diversas fases do projeto.

 Falta ou inadequação dos procedimentos de produção;


 Especificação de componentes não compatíveis com as dimensões do
produto a ser realizado;
 Falta de coordenação de trabalho entre os projetistas.
No Quadro 1, está a correlação entre alguns tipos de perdas, suas origens e as
fases do empreendimento.

Quadro 1. Perdas e suas origens. Fonte: SOUZA, 2005, p. 41.


CÁLCULO DE INDICADORES DE PERDAS
CONSTRUTIVAS

De acordo com Souza, os indicadores representam informações quantitativas e


qualitativas que medem e permitem a avaliação de comportamento de
determinado objeto de estudo e, a partir da utilização deles, são criados
sistemas informações com o intuito de auxiliar os gestores nas tomadas de
decisões.
Para entender e compreender como ocorre este processo de perdas na
construção civil, é necessário o emprego dos indicadores de quantificação das
perdas para identificar o tipo de recurso perdido, mensurá-los, determinar a
fase do projeto em que ocorreram e o momento de incidência na produção.
Sobretudo, é fundamental entender os dados, por meio dos indicadores
qualitativos, como forma de buscar a razão para o número de perdas, dando
atenção para identificar a sua natureza, forma de incidência, causa, origem e
sua caracterização tecnológica.
// Indicadores de mensuração
 1
1 - Indicador de perdas físicas de materiais global – IPM Glob (%);

Este indicador tem o intuito de mensurar as perdas físicas globais ocorridas na


fase de produção do empreendimento, levando em consideração o projeto
como um todo e utilizando a porcentagem como unidade de medida, sendo
calculado por meio da fórmula:

Em que:

 QMR = quantidade de material realmente necessária;


 QMT = quantidade de material teoricamente necessária.
Os QMR e QMT usados no indicador são determinados da seguinte forma:

Em que:

 QMT = quantidade material teoricamente necessária;


 QS = quantidade de serviço executado;
 QM = quantidade de material demandada;
 QMS = quantidade de material simples demandada.
 2
2 - Indicador de perdas financeiras de materiais global – IPF Glob (%);

De maneira análoga ao IPM Glob (%), este indicador de perdas financeiras diz
respeito ao processo de produção como um todo, com medidas em unidades
monetárias relacionadas com a perdas físicas, pois são compostas pelas perdas
estritamente financeiras e as decorrentes de perdas físicas. O cálculo deste
indicador é possível por meio da fórmula:
Em que:

 QMoR = quantidade monetária realmente necessária;


 QMoT = quantidade monetária teoricamente necessária.

Além disso, o indicador de perdas de materiais global (IPM Glob) pode ser
divido em parcelas menores ao longo das etapas do processo de produção com
o intuito de aprimorar a identificação destas perdas ao utilizar partes menores.
Os indicadores parciais são úteis para localizar as fases da produção mais
propensas às ocorrências de perdas e, assim, propor soluções para resolvê-las,
apesar de, na teoria, ser mais indicado, a depender do tipo de produto
produzido, diversas fases e serviços, o que torna inviável a utilização de
muitos indicadores. Por isso, Souza recomenda que seja utilizado o indicador
global com o auxílio de indicadores parciais específicos.

Diagrama 2. Indicador de perdas de materiais global em função das etapas do


projeto. Fonte: SOUZA, 2005, p. 49.

No Diagrama 2, as etapas de recebimento, estocagem, processamento


intermediário e processamento final possuem um índice ΔQM específico que,
somados, resultam no índice ΔQM de todo a produção. Esse índice representa
a quantidade de materiais utilizadas além do necessário em tese. Desse modo,
o índice de perdas de materiais global (IPM Glob) é dado pela fórmula:

Para a obtenção do índice ΔQM nas diversas etapas da produção, pode ser


utilizada a fórmula a seguir:
// Indicadores explicadores

Esses indicadores têm a função de auxiliar os indicadores quantitativos no


entendimento da razão pelas quais ocorreram as perdas, de forma a facilitar a
sua mitigação. São utilizados os seguintes indicadores:
1
Indicadores de natureza percentual
Usados para aumentar a explicação dos motivos que podem ter causado as
perdas, indicando a parcela de perdas segundo a sua natureza como furtos,
entulhos e incorporação. Quando se fala em perdas construtivas, é comum sua
associação com o desperdício de sobras de materiais em entulhos e, por meio
dos indicadores de natureza percentual em estudos de Souza na construção de
edifícios, foi demonstrado que esse tipo de perda representa uma parcela de
30% do total, enquanto as perdas incorporadas representam 70% enquanto as
perdas por furtos, por sua vez, apresentam valor irrelevante;

Fatores quantitativos
Mensuram as características do produto relacionadas com as perdas
identificadas, apontam as formas de manifestação e indicam o seu valor
aproximado na obtenção da espessura de revestimentos de alvenaria, em que
as espessuras além do usual podem ser as causadoras das perdas de
argamassa;

Fatores indutores e caracterizadores


Não mensuram as perdas, mas indicam as possíveis causas e origens e
relacionam as perdas com as condições em que o serviço foi executado. A
diferença entre eles reside no tipo de item analisado, como os fatores
indutores, que tratam das possíveis causas ou origens das perdas, e os
caracterizadores, que analisam as características tecnológicas associadas ao
serviço, como o tipo de ferramenta utilizada, tipo de fornecimento de
materiais, entre outros.

Construção enxuta (ou 𝘭𝘦𝘢𝘯 𝘤𝘰𝘯𝘴𝘵𝘳𝘶𝘤𝘵𝘪𝘰𝘯)


o
Nos últimos anos, a construção civil tem se voltado cada vez mais para o
planejamento e controle de produção como forma de melhorar os processos
administrativos e gerenciais para modernizar processos, melhorar a qualidade
e buscar a redução do preço dos produtos, adaptando conceitos e técnicas
utilizados no setor industrial, o que é salientado por Bernardes
em Planejamento e controle da produção para empresas de construção civil,
de 2021. No entanto, a produção na construção civil possui um caráter distinto
dos demais ramos industriais e nem sempre é fácil realizar tal adaptação, o
que resulta na adoção de sistemas ineficientes. O planejamento e o controle da
produção são necessários em função dos seguintes aspectos: 1

1 Facilitar a compressão dos objetivos do empreendimento; 2

2 Habilitar cada indivíduo envolvido na produção do empreendimento a


planejar sua parcela de trabalho;3

3 Desenvolver referências para a elaboração de orçamentos e programação; 4

4 Produzir informações para a tomada de decisão mais consistente; 5

5 Evitar decisões errôneas em projetos futuros; 6

6 Melhorar o desempenho da produção por meio da análise dos processos; 7

7 Aumentar a velocidade de resposta frente à futuras mudanças; 8

8 Fornecer padrões de monitoramento, revisão e controle da execução de


empreendimentos;9

9 Estabelecer um processo de aprendizado sistemático com a experiência


acumulada com os empreendimentos executados.

Adotar o planejamento na construção é tão importante quanto produzir os


orçamentos, planejar as atividades ou elaborar documentos. As obras de
construção civil são marcadas pelo desperdício e sua baixa ineficiência em
relação aos demais as demais indústrias, os atrasos frequentes e o aumento nos
custos são os principais fatores que impulsionam o setor a buscar cada vez
mais o planejamento e monitoramento constante dos projetos de construção,
conforme relatado por Teixeira Netto, em artigo publicado em 2020 na
revista Interações. Dentre os conceitos abordados cada vez é abordada a
Construção Enxuta ou Lean Construction.

CONTEXTUALIZANDO

De acordo com Bernardes. os principais benefícios da adoção de um


modelo de planejamento da produção são:
• Contribuir para a área do conhecimento, estabelecendo um
referencial teórico para discussões;

• Orientar empresas para o desenvolvimento de sistema de


planejamento e controle da produção;

• Mostrar como o planejamento pode ser utilizado em vários níveis


gerenciais;

• Definir os papéis de quem deve participar do planejamento.

PRODUÇÃO ENXUTA (OU LEAN PRODUCTION)

Para entender o Lean Construction, é importante abordar suas origens em


outras indústrias. A partir do final da década de 1970, muitos setores industriais
estabeleceram um novo paradigma na gestão da produção, passando por
diversas modificações em suas atividades produtivas, visto que os sistemas
europeus e norte-americanos de produção em massa começaram a entrar em
cser_educacional em decorrência do aumento de salários aliada à redução das
jornadas de trabalho.

Com esta situação, surgiram diversas iniciativas de novas maneiras de


produção, dentre as quais tem destaque a indústria automobilística japonesa,
com a aplicação do Sistema Toyota de Produção, conhecido como Lean
production ou Produção enxuta, conforme escrito por Bernardes. A produção
enxuta surgiu nas fábricas da montadora Toyota, no Japão, após a Segura
Guerra Mundial com a devastação da economia do país e busca da empresa
para tentar se reerguer, algo exposto por Euphrosino em artigo para a
revista Matéria no ano de 2019.

Produção enxuta foi a denominação mais conhecida entre acadêmicos e


profissionais. Um dos principais pontos da construção enxuta é baseado no
princípio do Pensamento Enxuto (Lean Thinking), que visa a eliminação de
qualquer trabalho considerado desnecessário no processo produtivo de
determinado bem ou serviço, em função disso são chamados de perdas ou
desperdícios, como ressaltado por Bernardes e Euphrosino. As perdas no
sistema produtivo podem ser encaradas como qualquer elemento que gere
custos, mas não agregue valor no produto ou serviço. Assim, as melhorias são
focadas na identificação de tais perdas.

Segundo Ballé, no livro Estratégia Lean: para criar vantagem competitiva,


inovar e produzir com crescimento sustentável, de 2019, o lean é uma
estratégia de negócios que representa uma nova maneira de pensar, pois a
Toyota não inventou um método para a otimização das organizações
mecanicistas, mas criou uma nova maneira de pensar sobre o trabalho de
forma dinâmica para aprender a melhor satisfazer seus clientes.

De uma forma resumida, o pensamento enxuto pode ser considerado como


uma forma de fazer cada mais com menos recursos, sejam eles representados
pelo esforço humano, menos equipamentos, menos tempo, menos
movimentações, menos espaços, eliminando os desperdícios e agregando
valor por meio das atividades necessárias, além de oferecer ao cliente o que
ele deseja, como relatado por Gonçales Filho, Campos e Assumpção em artigo
para a revista Gestão e Produção em 2016.

CONCEITOS E PRINCÍPIOS DO LEAN


CONSTRUCTION

É conhecido que o sistema de produção na construção civil pode ser


considerado irracional, com grandes índices de perdas e altos custos
produtivos, representando um setor bastante complexo que depende de
diversos fatores, como a qualidade dos materiais empregados, a mão de obra e
os recursos disponíveis. Quando não há controle sobre eles, surgem as perdas
construtivas. Em função deste cenário, o Lean Construction ou Construção
enxuta nasceu a partir dos conceitos da produção enxuta, como uma filosofia
de produção específica para a construção civil a partir de estudos de um grupo
internacional denominado de The Internacional Group for Lean Construction,
sendo o pesquisador finlandês Lauri Koskela o primeiro a adotar esta
denominação, em 1992.

A construção enxuta tem como principal desafio tornar as construtoras


adaptáveis às mudanças de demandas e à eliminação de atividades e processos
que não agregam valor ao produto para reduzir os custos, aumentando a
produtividade e os lucros, conforme proposto por Bernardes e Euphrosino. Em
seus estudos, apresentados no livro Application of the new production
philosophy to construction, de 1992, Koskela estabeleceu 11 princípios
básicos para a implementação do Lean Construction:

Redução da parcela de atividades que não agregam valor


São consideradas atividades que agregam valor aquelas que convertem os


insumos utilizados para atender aos requisitos do cliente. Logo, atividades que
não geram valor são aquelas sem a conversão para atender ao cliente, apenas
consumindo tempo, recursos ou espaços. Neste grupo de atividades, se
encaixam as operações de movimentação, inspeção e espera, por isso, a
importância do planejamento do processo produtivo para a implementação
do Lean Construction com a redução destas operações;

Aumentar o valor do produto por meio de uma consideração sistemática


dos requisitos do cliente

Uma das atividades de grande importância é uma pesquisa prévia com os


clientes, de modo a ter uma compreensão daquilo que se espera do produto,
em especial, antes da realização de qualquer tipo de operação, pois evita que o
cliente se frustre com o produto bem como o retrabalho de adequar o produto
de acordo com os gostos do cliente. Além disso, a ação parece simples, mas
passa a noção de que a empresa se preocupa com seus clientes e com os
prazos estabelecidos. Desta forma, um produto tem valor agregado quando
consegue satisfazer seus clientes internos e externos;

Redução da variabilidade

Este princípio é importante, pois a variabilidade pode acarretar no aumento


dos custos e tempo de produção, assim como influencia a aceitação dos
clientes. A variabilidade, por ser reduzida, tem a implantação facilitada com a
adoção de processos de produção padronizados ou, em outras palavras, do
planejamento do processo produtivo;

Redução do tempo de ciclo


O tempo de ciclo corresponde ao total dos prazos necessários para a realização


das atividades que não geram valor ao produto citados no princípio 1. Logo,
reduzi-los significa diminuir o tempo de ciclo. A implementação de inovações
é facilitada em empreendimentos com menor tempo de ciclo, podendo ser
alcançada ao sincronizar os fluxos de material e mão de obra, além da adoção
de atividades repetitivas e padronizadas;

Simplificação pela minimização do número de passos e partes


A simplificação tem como intuito eliminar atividades que não agregam valor,
podendo ser alcançada com a redução de componentes e processos. Quanto
maior o número de atividades envolvidas, maior a necessidade de operações
de movimentação, inspeção e espera que, conforme visto, consomem os
recursos de forma desnecessária e em excesso;

Aumento da flexibilidade na execução do produto



Os empreendimentos devem estar preparados para mudanças de forma
satisfazer a exigência de seus consumidores. Coletar informações dos clientes
é essencial para o conhecimento da possibilidade de mudanças no decorrer do
projeto;

Aumento na transparência

Reduzir os erros na produção dá mais transparência aos processos produtivos,


detectando erros de forma mais rápida na execução dos serviços. Para isso, ter
informações mais completas contribui não só para a existência de erros como
para o aumento das atividades que não agregam valor. À medida que os
funcionários possuem as informações necessárias para o desenvolvimento de
suas atividades, elas são realizadas de maneira mais eficaz;

Foco no controle de todo o processo


É importante que o projeto seja visto como um todo e não apenas de forma
segmentada, posto que o processo construtivo dividido em partes facilita a
ocorrência de perdas. Controlar todo o processo possibilita a identificação e
correção de possíveis desvios que podem resultar em atraso na entrega da
obra, assim, os diversos níveis de planejamentos devem ser integrados;

Estabelecimento de melhoria contínua ao processo


A redução das perdas nos processos produtivos deve ser contínua, uma vez
que o princípio da melhoria contínua também pode ser alcançado à medida
que os demais princípios citados são alcançados. A tomada de decisões frente
aos desvios detectados é um processo de melhoria contínua do processo
produtivo;

Balanceamento da melhoria dos fluxos com a melhoria das conversões:


Quanto maior a complexidade de um processo produtivo, maior o impacto da


melhoria no fluxo. Melhores fluxos carecem de menor capacidade de
conversão e, por consequência, menores investimentos em equipamentos;

Benchmarking

Representa um processo de aprendizado realizado a partir de práticas adotadas


em outros empresas consideradas como expoentes em determinado
seguimento. Por buscar desenvolver processos de acordo com as melhores
práticas que existem no mercado, pode ser considerado como uma ferramenta
de inserção de inovações tecnológicas nos processos produtivos.

Acompanhamento do desenvolvimento
do projeto

Os projetos na construção civil são de caráter longo e compostos por uma


diversidade de atividades que demandam grandes quantidades de recursos.
Em função disso, é importante para o gerente de projetos acompanhar a
evolução da obra ao longo do tempo, como apontado por Mattos,
em Planejamento e controle de obras, de 2010.

Ainda segundo o autor, o ritmo de trabalho na construção civil se inicia com


ritmo lento, caracterizado por poucas atividades ocorrendo de forma
simultânea para, depois, passar a ter várias atividades simultâneas em ritmo
mais acelerado e, próximo ao fim, voltar a ocorrer a queda no ritmo. Ao longo
da obra, o ritmo dos custos segue o de atividades.

Para o controle da quantidade de trabalho e custos ao longo do


desenvolvimento do projeto, é empregada a curva S, que mostra o ritmo de
andamento do projeto e recebe esse nome porque o parâmetro analisado,
plotado em função do tempo no gráfico obtido, possui formato de S, como o
exemplo trazido no Diagrama 3.
Diagrama 3. Exemplo de uma curva S. Fonte: MATTOS, 2010, p. 258.

CURIOSIDADE

Projetos distintos possuem podem ter curvas S com aspectos distintos,


pois isso depende da sequência de atividades, da produtividade da
mão de obra, e dos custos para a realização do projeto. De acordo com
Mattos, projetos curtos tendem a formar curvas S deformadas por não
permitir o desenvolvimento completo de uma curva S e, assim, ela não
possui o formato característico, com duas concavidades bem
definidas.

CURVA S DE TRABALHO E CURVA S DE CUSTOS

O projeto de construção civil é formado de uma grande quantidade de


atividades e serviços de naturezas diferentes sendo mensurados por meio de
unidade de medida distintas, o que torna quase impossível o somatório para
avaliação do progresso da obra. Por isso, é fundamental estabelecer medidas
padronizadas que consigam atender a todos as atividades, sendo elas o
trabalho medido por homem-hora e os custos.
Após determinar o parâmetro a ser acompanhado para a elaboração da curva,
o gerente da obra deve acompanhá-lo por meio do cronograma e acumular
seus valores em função do tempo, segundo Mattos. A curva S de trabalho é
determinada em função da quantidade de mão de obra utilizada ao longo do
tempo.

De modo análogo, a curva S de custos é obtida com base no parâmetro


utilizado, que pondera o valor de cada atividade realizada levando em
consideração a mão de obra, materiais e equipamentos utilizados. Apesar de
serem obtidas da mesma forma, as curvas não são consideradas iguais, já que
estes parâmetros não evoluem na mesma proporção. É possível ver o exemplo
de uma curva S de custos no Diagrama 4.

Diagrama 4. Curva S de custos. Fonte: PINHEIRO; CRIVELLARO, 2014, p. 107.

CURVA S PADRÃO

A curva S padrão, também conhecida como teórica, é aproveitada quando o


projeto ainda se encontra nas fases preliminares e não são obtidos dados
suficientes, sendo necessário acompanhar uma estimativa de avanço. Para a
obtenção dos dados utilizados na plotagem da curva, é empregada a fórmula:

Em que:
 %acum(n) = avanço acumulado até o período n, expresso em %;
 n = número de ordem do período;
 N = prazo;
 t = mudança de concavidade da curva; representa o percentual do
prazo total no ponto máximo da curva de Gauss;
 s = coeficiente de forma que depende do ritmo da obra.
Os parâmetros podem ser exemplificados no modelo de curva S padrão
presente no Diagrama 5.

Diagrama 5. Curva de Gauss e curva S. Fonte: MATTOS, 2010, p. 265.

CONTEXTUALIZANDO

Mattos, em seu livro, aponta alguns dos benefícios decorrentes da


utilização da curva S:

• Mostra o desenvolvimento do projeto do começo ao fim;


• Permite visualizar os valores acumulados em qualquer fase do
projeto;

• Ótima ferramenta de controle entre o previsto e o realizado;

• Pode ser utilizada na tomada de decisões gerenciais;


• É de fácil leitura e permite a apresentação rápida da evolução do
projeto.

ANÁLISE DE VALOR AGREGADO

A análise de valor agregado também representa uma forma de avaliação do


desempenho dos empreendimentos, fornecendo resultados precisos por meio
de dados reais de tempo e custo, o que faz com que o gerente compreenda a
situação atual do projeto de forma clara. O método compara o valor do
trabalho estipulado no planejamento com o trabalho efetivamente concluído
para analisar se os custos e as atividades estão dentro daquilo estipulado no
planejamento, segundo proposto por Mattos. Ainda segundo o autor, a análise
de valor agregado é composta a partir de elementos como o cronograma
físico-financeiro que, por sua vez, é baseado na estrutura analítica de projeto
(EAP), dando origem a uma curva S que expressa o avanço do projeto.

Diagrama 6. Elementos utilizados na análise do valor agregado. Fonte: MATTOS, 2010, p.


353.

Na análise de valor agregados, Mattos destaca que são comparados os


seguintes itens:

Valor previsto – Custo estabelecido no planejamento com o auxílio do


orçamento, não representa aquilo que foi de fato realizado e corresponde à
linha de base que deve nortear a equipe de projetos.
Valor agregado – Custo de determinado serviço executado que deveria

apresentar, correspondente à quantia que deveria ter sido gasta.

Custo real – Valor real demandado para a execução do serviço,


correspondente à realidade física e não está relacionado ao planejamento do
projeto.

Ainda de acordo com o autor, esses três itens podem apresentar variações em
função do custo e do prazo:
 Variação de custo: representa a diferença entre o quanto o serviço
deveria ter custado e quanto realmente custou, dada pela subtração
entre o valor agregado e o custo real, de acordo com a fórmula:

Com base no valor obtido para a variação de custos, é possível obter


informações a respeito do projeto a partir de algumas formulações presentes
no Quadro 2.

Quadro 2. Variação de custo com base no valor apresentado. Fonte: MATTOS, 2010, p.


357.
 Variação de prazo: representa a diferença entre a quantidade de
trabalho efetivamente produzido e o quanto deveria ser produzido
de acordo com o estabelecido no planejamento. Para tanto, é
empregada a seguinte fórmula:

É medida em dinheiro, e não em tempo, fornecendo informações se o projeto


está agregando valor de acordo com o previsto. Da mesma forma que a
variação de custos, a variação de prazos pode ter diversos significados, como
demonstrado no Quadro 3.
Quadro 3. Variação de prazo com base no valor apresentado. Fonte: MATTOS, 2010, p.
358.

Etapas de uma obra


Uma construção é segmentada em diversas etapas, sendo cada uma com suas
peculiaridades.

// Instalações prediais
As instalações prediais são de grande importância para promover conforto e
higiene aos seus usuários, dentre as quais estão as instalações hidrossanitárias
e elétricas.
Instalações hidrossanitárias: dividem-se em instalações de água fria, água
quente, esgoto e pluviais. Os dispositivos mais comuns nestas instalações são
os registros de gaveta, torneiras, registros de pressão e válvulas de fluxo, entre
outros;

Instalações elétricas: as verificações dos pontos de luz, a posição dos


interruptores e o posicionamento das tomadas de uso corrente são pontos
importantes a serem abordados. A primeira fase de trabalho na execução das
instalações elétricas, conforme registrado pelo livro de Borges, Prática das
pequenas construções, publicado no ano de 2009, trata da instalação dos
eletrodutos, instalados nas paredes e lajes. A segunda fase está relacionada
com passagem dos condutores pelo interior dos eletrodutos, enquanto a
terceira corresponde às terminações onde os pontos são efetivamente ligados
sejam eles pontos de luz ou tomadas.

CURIOSIDADE
Segundo o livro Técnicas e práticas construtivas para edificação,
escrito por Salgado e publicado em 2018, as novas tecnologias em
tubulações têm ganhado espaço em relação ao PVC, sendo possível
citar alguns materiais:
• Polipropileno Copolímero Random – PPR: utilizado em
instalações de água fria. Por ser mais flexível, reduz o uso de
conexões;
• PVC mineralizado: são tubulações de PVC com paredes de maior
espessura em relação à tubulação de PVC comum. Tem as
propriedades de reduzir os barulhos nas instalações;
• Sistema PEX – ponto a ponto: são utilizadas espécies de
mangueiras para excluir as curvas e cotovelos, usado para água fria e
quente.

// Acabamentos
Nesta fase, são realizadas as atividades com finalidades estéticas para a obra e
também funcionais.

// Revestimento
Os revestimentos são elementos que têm a função de proteger as estruturas de
intempéries como ventos, chuvas, excesso de umidade que com o tempo
podem causar danos à obra.

P A R E D E S - Grande
parte dos revestimentos de parede são
realizados com a aplicação de argamassas, tipo mais tradicional,
sendo os mais recomendados para a proteção de paredes de
vedação de alvenaria interna ou externa. Um revestimento
argamassado é composto das camadas de chapisco, que é a
primeira camada aplicada diretamente nos blocos ou tijolos, com
espessura em torno de 5 a 7 mm e cuja principal função é
promover aderência para as demais camadas. A próxima camada é
o emboço que regulariza o revestimento, sendo mais espesso em
torno de 2 a 2,5 cm. Por sua vez, a camada reboco é a camada final,
apenas com o intuito de cuidar da estética do revestimento. Porém,
grande parte dos profissionais opta por utilizar apenas o chapisco
e emboço, tendo o reboco também a finalidade de cuidar da
estética do revestimento.

P I S O S - Nos
pisos, são mais utilizados os revestimentos cerâmicos,
em especial nas áreas molhadas como cozinhas, banheiros e áreas
de serviço. Nesta etapa, a destreza do profissional na aplicação dos
revestimentos é fundamental.

// Impermeabilização 
O uso da água é fundamental na construção civil, pois ela é empregue no
preparo de concretos, argamassas, tintas e demais materiais, além de sua
utilização na limpeza dos ambientes. No entanto, ela pode se tornar um
problema, dado que muitos materiais utilizados se deterioram na presença de
umidade. Conforme Salgado, os problemas mais comuns são:

A solução adotada para evitar tais problemas é a impermeabilização que,


segundo o autor, é qualquer sistema destinado a promover a estanqueidade da
água. Os usos mais comuns são na impermeabilização de vigas baldrame,
argamassas, concretos e reservatórios, sem esquecer das superfícies de
concreto, como pequenas lajes e terraços. Os principais materiais
impermeabilizantes empregados são os aditivos, revestimentos
impermeabilizantes, emulsões e o material mais conhecido como a manta
asfáltica, usada para impermeabilizar lajes, banheiros, piscinas e outros.
// Pintura
A pintura consiste na aplicação de tintas nas superfícies e compreende
atividades como o preparo do substrato, diluição da tinta e aplicação, por meio
de diferentes demãos e através de utensílios específicos. De acordo com
Salgado, os principais conceitos utilizados no serviço de pintura são:

 Superfície: madeira, concreto ou metal;


 Ambiente: residencial, comercial, industrial, interno, externo, seco, úmido,
etc.;
 Condições do substrato: a superfície pode estar em boas condições ou não;
 Textura: pode ser rústica ou lisa;
 Acabamento: brilhante, acetinado, fosco ou transparente;
 Cores: podem ser utilizadas as mais diversas cores;
 Contato com água potável: algumas tintas são impróprias para o uso em
ambientes que tem contato direto com a água.
Finalizada a obra, é necessário tratar dos trâmites que envolvem sua entrega
ao usuário.

// Procedimentos para a entrega da obra 

Vistoria final - É
uma atividade essencial, pois é a última checagem do
funcionamento dos componentes construtivos, além da detecção
de possíveis defeitos. Tudo o que apresentar problemas deve ser
corrigido, pois o cliente deve receber a obra em perfeitas
condições. São verificadas as cerâmicas, em especial se possuem
boa aderência com a argamassa colante e não estão ocas, se há
peças trincadas ou quebradas, dentre outros aspectos. É possível
citar também a verificação de manchas, no chão, nas paredes ou
no teto, se a cobertura está em boas condições, se portas e janelas
funcionam, além do teste de funcionamento da rede elétrica e
hidráulica. Tudo o que se possa imaginar dentro de uma obra deve
ser verificado antes, a fim de que não ocorram surpresas na hora
da entrega;

Limpeza final - A
limpeza final de uma obra não se restringe apenas à
edificação em si, mas também à área externa, envolvendo
atividades como a remoção do excesso de solo, remoção de
entulhos e regularização final do terreno;
Termo de entrega ou recebimento da obra - Após
realizar as atividades já
descritas e com o aceite do cliente, é recomendado elaborar um
termo em que o cliente confirma a obra como recebida e que pode
encerrar as obrigações contratuais entre ambas as partes, embora
não exima a construtora das responsabilidades técnicas em
relação aos serviços executados.

// Manutenção e patologias das construções

As obras de engenharia requerem cuidado e monitoramento constante em


relação aos seus usuários por serem estruturas propensas a patologias que
podem surgir em função da elaboração de um projeto inadequado, durante a
execução da obra, da qualidade dos materiais empregados e em relação ao uso
da edificação de forma incorreta, acompanhada de uma manutenção quase
inexistente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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