Aula 03 - Lei de Malus

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Departamento de Física Nuclear e Altas Energias – Profº Antonio Roberto Alves Teixeira

Lei de Malus
Podemos transformar luz não polarizada em luz polarizada fazendo-a passar por um polarizador. A
figura 1 é representativa dessa situação. Os componentes verticais do campo elétrico, que são
paralelos ao eixo de polarização, são transmitidos, enquanto os componentes horizontais são
absorvidos. Após passar pelo polarizador a intensidade da luz diminui.

Luz não polarizada E Luz polarizada

I0/2
E

I0
Polarizador
Figura 1. Luz não polarizada torna-se polarizada ao atravessar um polarizador.

Quando um feixe de luz não polarizada de intensidade I0 atravessa um polarizador


I
ideal, a intensidade I transmitida é metade da intensidade incidente, ou seja, I = 20.
I0
Para um polarizador real o valor I é um pouco menor que .
2

A figura 2 representa um polarizador ideal no plano da página e um componente aleatório E do


campo elétrico de uma luz não polarizada de intensidade I0 que incide sobre ela. Nessa figura, o
eixo de polarização é y e z representa a direção de propagação da onda. O vetor E pode ser
decomposto em:
Ey = Ecosα (que será transmitido);
Ex = Esenα (que será absorvido pelo polarizador).
y

E
Ey
α

x
Ex

Figura 2. Decomposição do vetor E.

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Colocando agora mais um polarizador ideal (B) paralelo ao primeiro polarizador (A) no trajeto do
raio luminoso (figura 3), a amplitude do campo elétrico da luz polarizada que chega ao polarizador
I
B vale Em = Ecosα e sua intensidade, pela regra da metade, vale 20.

Luz não polarizada Luz polarizada

Em

Observador

Polarizador A Polarizador B

Figura 3. Caminho de luz não polarizada por polarizadores cruzados. Nota-se que a intensidade luminosa após o
polarizador B é zero.

Girando o segundo polarizador (B) em torno do eixo de propagação da onda, a intensidade da luz
que o atravessa varia. Na situação indicada na figura 3 esse valor é de I=0, pois o campo elétrico Em
é perpendicular ao eixo de polarização do segundo polarizador (nesse caso dizemos que os eixos de
polarização das placas estão cruzados).

Quando os eixos de polarização são paralelos, todo campo Em atravessa a segunda placa. Nesse
caso, a intensidade da luz que atravessa é máxima (Im).

Já vimos que a intensidade de uma luz polarizada pode ser escrita como:
1
I = 2μ 𝑐 E2 = constante E2 = CE2
0

Dessa forma, a intensidade da luz polarizada que atravessa o primeiro polarizador vale:
I0
Im = CEm2 = 2

Para determinar uma expressão geral da luz que atravessa o polarizador B podemos pensar em
uma situação parecida com a segunda figura (figura 4).

Emcosϴ ϴ Em

Figura 4. Polarizador B.

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O componente Emcosϴ atravessa o polarizador B e sua intensidade vale I = CEm2 cos2ϴ. Entretanto,
temos que:
I0
CEm2 = Im = 2

Logo, I = Imcos2ϴ, em que ϴ é o ângulo entre os eixos de polarização das duas placas. Essa equação
é a chamada Lei de Malus.

I
Para ϴ = 0° ou 180° I = Im = 20.

Para ϴ = 90° ou 270° I=0

No caso real a luz que passa é mínima.

Exemplos
1. Um feixe de luz não polarizada de intensidade I0 incide perpendicularmente sobre duas placas
polarizadoras ideais e paralelas entre si. Os eixos dos polarizadores formam um ângulo de 60°.
Qual a intensidade da luz que atravessa as placas?

Essa situação é análoga à descrita acima, logo:


I = Im cos2ϴ
I0 I0
I= cos260°=
2 8

2. Um feixe de luz polarizada de intensidade I0 incide sobre uma placa polarizadora P1 ideal que é
paralela à outra placa P2 ideal. Os eixos de polarização das placas formam um ângulo de 60 °. O
vetor campo elétrico da luz polarizada que incide sobre P1 faz um ângulo de 30 ° com seu eixo
de polarização. Qual a intensidade da luz que atravessa as placas?

Nessa situação, a luz incidente na primeira placa está polarizada. Dessa forma, usaremos a Lei
de Malus duas vezes.

Intensidade da luz após P1 e que chega a P2: I1 = I0 cos230°.

√3 2 1 2 3
Intensidade da luz que atravessa as placas: I = I1cos260° = I0 ( ) (2) =16 I0
2

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3. Uma onda eletromagnética plano-polarizada se propaga no vácuo na direção z e sentido


positivo. Os componentes do campo elétrico, campo magnético e vetor de Poynting são:
Ex = Em sen(kz- ωt) ; Ey =0 ; Ez=0
Bx= 0 ; By = Bmsen(kz – ωt) ; Bz =0
Sx=0 ; Sy =0; Sz = 1/µ0 EmBm sen2(kz - ωt)

a) Qual é a intensidade dessa onda?


A intensidade dessa onda é o valor médio do Vetor de Poynting.
1 𝐸𝑚 𝐵𝑚 1 𝐸2
I0 = 2 = 2 𝜇 𝑚𝐶
𝜇0 0

b) Dois polarizadores ideais paralelos entre si são colocados perpendicularmente à direção de


propagação da onda, com seus eixos de polarização alinhados, de forma que o ângulo entre
o campo elétrico da onda e os eixos de polarização é de 30°. Qual é a intensidade da onda
após passar pelo primeiro polarizador?

E 180° 180°
30° 30°
I0 I1 I2

y 0° 0°

P1 P2 Placa
perfeitamente
absorvedora

Após passar pelo primeiro polarizador (P1) a intensidade será:

3 2
3 1 𝐸𝑚 2
3 𝐸𝑚
I1 =I0 cos230° = 4 I0 = =
4 2 𝜇0 𝐶 8 𝜇0 𝐶

c) Qual é a intensidade da onda ao passar pelo segundo polarizador?


Como os dois polarizadores estão alinhados I2 =I1

d) Após passar pelo segundo polarizador o feixe luminoso incide perpendicularmente sobre
uma placa perfeitamente absorvedora. Qual a pressão devido à radiação exercida sobre a
placa?
Prad = I2/c

Referência
▪ Halliday, Resnick e Walker - Fundamentos de Física Vol. 4: Ótica e Física Moderna (1996).

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