1 2 Aula 7 Adm
1 2 Aula 7 Adm
1 2 Aula 7 Adm
Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 07
ROTEIRO DE AULA
15. MODALIDADES
Na aula passada, o professor ressaltou que há as seguintes modalidades de licitação:
1. Pregão
2. Concorrência
3. Concurso
4. Leilão
5. Diálogos competitivos
✓ Atenção: Perceba que, na nova lei, não existe mais a modalidade convite nem a modalidade tomada de
preços.
1
www.g7juridico.com.br
✓ O professor ressalta que a modalidade concurso e a modalidade leilão continuam existindo na nova lei, o
regime jurídico destas modalidades na nova lei é diferente do que existia na legislação anterior. O mesmo
raciocínio se aplica ao concurso.
D. LEILÃO
1º Conceito: o conceito de leilão também se encontra no art. 6º da Lei 14.133/2021, dispositivo que traz todos os
conceitos da referida lei.
“Modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a
quem oferecer o maior lance” - Art. 6º, XL
Importante: o regime jurídico das alienações foi completamente alterado pela nova lei.
✓ Na Lei 8.666/93, o art. 17 citava as regras para alienar bens imóveis (inciso I) e regras para alienar bens móveis
(inciso II).
✓ O professor destaca ainda que a Lei 8.666/93, no art. 23, §3º, afirmava que a concorrência era a modalidade
de licitação para a compra ou alienação de imóveis de qualquer valor.
✓ O art. 19, III, da Lei 8.666/93, citava que, se a Administração fosse alienar imóveis de sua propriedade
derivados de ação judicial ou de dação em pagamento, ela poderia utilizar a concorrência ou o leilão.
✓ Em suma:
Na Lei 8.666/93, havia a seguinte regra: para alienação de imóveis, a regra sempre era a concorrência. A
exceção era a possibilidade de utilização do leilão se o objeto da alienação fosse derivado de ação judicial ou
de dação em pagamento.
✓ Em relação aos bens móveis, a Lei 8.666/93 preceituava, em seu art. 22, §4º, que o leilão era a modalidade
de licitação para a venda de bens móveis inservíveis, legalmente apreendidos ou empenhados.
✓ O art. 17, §6º da Lei 8.666/93 afirmava que, se o bem móvel fosse avaliado (isoladamente ou em conjunto)
em valor superior a R$ 650 mil (valor posteriormente atualizado pelo Decreto 9.412/2018), a Administração
deveria utilizar a concorrência.
✓ O professor destaca que a Lei 8.666/93 ainda está em vigor.
A Lei 14.133/2021, houve uma grande alteração no regime jurídico das alienações.
✓ Com a nova lei, acabou a distinção de modalidades para alienar bens móveis ou imóveis. Em todos os casos,
sempre se utilizará o leilão e ganhará aquele que oferecer o maior lance.
2
www.g7juridico.com.br
✓ A concorrência foi reservada para serviços e compras.
✓ Não existe mais a previsão de bens penhorados, ou seja, a nova lei corrigiu um erro da lei anterior.
2º Procedimento:
“Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela autoridade competente da
Administração, e regulamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
(...)
§ 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de habilitação e deverá ser homologado assim que
concluída a fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo licitante vencedor, na forma
definida no edital.”
O procedimento do leilão foi muito simplificado na nova lei, pois não há sequer a exigência de cadastro ou habilitação
prévia.
✓ Um regulamento deverá disciplinar as questões operacionais do leilão.
✓ Procedimento é uma sucessão de atos administrativos preparatórios que visa a uma decisão final.
E. DIÁLOGO COMPETITIVO
A modalidade diálogo competitivo parte da ideia de que a Administração quer contratar algo, mas, por
desconhecimento técnico, ela não consegue saber as peculiaridades do serviço/produto a ser adquirido. Assim sendo,
alguns profissionais do ramo se reúnem e dialogam entre si para definir qual é a melhor solução para atender os
objetivos da Administração.
✓ A Administração pode, previamente, dar publicidade ao valor que pretende gastar na aquisição do
serviço/produto (ou não).
Após haver um consenso sobre a melhor solução para o problema, os profissionais que executam aquele serviço
oferecem o preço a ser cobrado e a Administração contratará aquele que oferecer o melhor preço.
1º. Conceito
3
www.g7juridico.com.br
“Modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza
diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou
mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos” – Art. 6º, XLII
B. Cabimento
A Administração não utiliza o diálogo competitivo para qualquer contratação. Veja o que dispõe o art. 32 da Lei
14.133/2021:
De acordo como o art. 32, a Administração somente pode contratar por meio do diálogo competitivo os objetos que
envolvam:
i) Uma inovação tecnológica ou técnica;
ii) Impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no
mercado;
iii) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração.
Nestes casos, a Administração não sabe com precisão o que quer e/ou não há uma solução prévia definida e oferecida
no mercado.
No caso do art. 32, II da Lei 14.133/2021, a Administração já sabe o que quer contratar e possui a solução para o
problema, mas o serviço/produto a ser adquirido necessita de uma estrutura/técnica e essa ainda não foi definida.
Exemplo: o estado de MG quer contratar a construção de um grande túnel, mas não sabe qual a melhor técnica a ser
utilizada para o escoamento de águas. Outras questões que podem surgir se referem ao melhor arranjo jurídico e/ou
financeiro do contrato a ser estabelecido.
4
www.g7juridico.com.br
No exemplo dado, imagine que 15 empreiteiras se reúnam para discutir e encontrar a melhor solução para o
escoamento de águas na obra a ser construída ou os 10 escritórios mais conceituados do país se inscrevem para
encontrar a melhor solução jurídica.
✓ O professor destaca que, qualquer que seja o exemplo, a primeira fase desse procedimento visa selecionar
quem pode resolver o problema e reuni-los para debater a melhor solução.
3º Procedimento:
Art. 32
§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
(...)1
1
Lei 14.133/2021, art. 1º: “§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as
exigências já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse na
participação da licitação;
II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser previstos em edital, e serão admitidos todos
os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
III - a divulgação de informações de modo discriminatório que possa implicar vantagem para algum licitante será
vedada;
IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas
comunicadas por um licitante sem o seu consentimento;
V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração, em decisão fundamentada, identifique a solução
ou as soluções que atendam às suas necessidades;
VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo;
VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso em que cada fase poderá restringir as soluções ou
as propostas a serem discutidas;
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos do processo licitatório os
registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital contendo a
especificação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da
proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados
na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários
para a realização do projeto;
IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às propostas apresentadas, desde que não impliquem
discriminação nem distorçam a concorrência entre as propostas;
5
www.g7juridico.com.br
Fases:
1º. Designação de comissão de contratação
2º. Divulgação do edital de manifestação de interesse (pré-seleção) - 25 dias úteis
✓ Neste caso, há a pré-seleção dos interessados que possam oferecer a solução para a Administração.
3º. Rodada de diálogos
✓ Nesta fase, os interessados discutem qual é a melhor solução.
4º. Divulgação do edital de seleção final, com a solução já definida - 60 dias úteis
✓ O professor destaca que há dois editais: o primeiro seleciona os que têm interesse em participar da criação
da melhor alternativa para solucionar o problema da Administração. O segundo se refere à chamada de
interessados para o oferecimento de propostas, mas, neste caso, a solução já está definida.
5º. Julgamento das propostas
6º. Homologação
16. PROCEDIMENTO
X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com critérios divulgados no início da fase competitiva,
assegurada a contratação mais vantajosa como resultado;
XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores
efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação
de profissionais para assessoramento técnico da comissão;
XII - (VETADO).”
6
www.g7juridico.com.br
IV – de julgamento;
V – de habilitação;
VI – recursal;
VII – de homologação.”
Ao olhar para o procedimento da Lei 14.133/2021, é possível perceber que há as fases de julgamento e classificação
para, apenas depois, haver a habilitação.
✓ No julgamento das propostas, a Administração afere o que melhor satisfaz o interesse público de acordo com
o critério estabelecido no edital para a escolha e julgamento das propostas.
✓ A proposta é julgada. O licitante é habilitado.
✓ A Administração apenas contrata aqueles que ostentem boas condições técnicas, jurídicas, econômico-
financeiras, fiscais e trabalhistas.
✓ Todas as condições da habilitação devem ser mantidas no decorrer do contrato, sob pena de inadimplemento
contratual.
“Art. 70. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos, o processo
licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá:
I – determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;
II – revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;
IV – adjudicar o objeto e homologar a licitação.”
7
www.g7juridico.com.br
✓ O professor destaca que esse item 17 é de suma importância.
A licitação é uma sucessão de atos preparatórios que visa a uma decisão final, sendo que esta se refere ao modo como
o procedimento irá acabar.
Como o procedimento é uma sucessão de atos administrativos, eles são praticados por vários sujeitos diferentes.
Assim, o agente de contratação (pregoeiro) ou a comissão de contratação preparam e publicam o edital, recebem e
julgam as propostas, habilitam os licitantes e julgam os recursos. Entretanto, quem pratica o ato final é a autoridade
competente, que, normalmente, é a autoridade máxima do órgão/entidade.
“Art. 164. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
I – recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de:
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua
alteração ou cancelamento;
b) julgamento das propostas;
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
d) anulação ou revogação da licitação;
e) extinção do contrato, quando determinada por ato.
II – pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação, relativamente a ato do
qual não caiba recurso hierárquico.”
8
www.g7juridico.com.br
✓ A Lei 14.133/2021 estabelece que, contra ato que, de algum modo, afete o interessado no registro cadastral
ou que defira ou indefira pedido de pré-qualificação, cabe recurso.
O professor destaca que, pensando tão somente no procedimento de licitação, cabe recurso em 3 casos:
• Contra ato da comissão que julga e classifica as propostas;
• Contra ato da comissão que habilita ou inabilita o licitante; e
• Contra ato da autoridade superior que anula ou revoga a licitação.
A lei traz dois recursos: recurso hierárquico, que é dirigido à autoridade superior àquela que praticou o ato; e pedido
de reconsideração, que é dirigido à autoridade que tomou a decisão em si para possível retratação.
“Art. 167. O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
sobrevenha decisão final da autoridade competente.”
Obs.: o professor relembra que a Lei 14.133/2021 reuniu todas as leis que versavam sobre procedimentos licitatórios
e consolidou tudo em seu texto legal.
“Art. 77. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas por esta Lei:
I – credenciamento;
II – pré-qualificação;
III – procedimento de manifestação de interesse;
IV – sistema de registro de preços;
V – registro cadastral.
§ 1º Os procedimentos auxiliares de que trata o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos
em regulamento.”
9
www.g7juridico.com.br
O chefe do Poder Executivo deverá fazer um decreto regulamentar para explicar os critérios que serão aplicados aos
procedimentos auxiliares.
Observações:
1ª) Credenciamento é um procedimento administrativo auxiliar, previsto na lei de licitações, cujo procedimento será
definido por decreto.
O credenciamento é um procedimento administrativo em que a Administração Pública convoca interessados em
prestar serviços ou fornecer bens, desde que preenchidos os requisitos legais e os requisitos exigidos pela própria
Administração.
✓ Quando a Administração precisar (se precisar), ela contrata os credenciados.
✓ Ninguém utiliza credenciamento para obras.
Exemplo: contratação de leiloeiro credenciado (que não seja servidor público).
2ª) Pré-qualificação é um outro procedimento administrativo auxiliar que consiste em pré-habilitar os licitantes.
3ª) O Sistema de Registro de Preços (SRP) é conceituado pela lei, a qual define uma série de parâmetros que
restringem o decreto regulamentar.
✓ O Sistema de Registro de Preços, na nova lei, é utilizado para registrar preços de bens, serviços, obras e
locações.
✓ Esse sistema é utilizado para contratações futuras.
✓ Esse procedimento é feito por dispensa, inexigibilidade, concorrência ou pregão (a depender do caso).
10
www.g7juridico.com.br
“Art. 80. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, mediante procedimento aberto de manifestação de
interesse a ser iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização de estudos,
investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de relevância pública,
na forma de regulamento.”
• Registro cadastral
“Art. 86. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública deverão utilizar o sistema de registro
cadastral unificado disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas, para efeito de cadastro unificado de
licitantes, na forma disposta em regulamento.”
O professor destaca que o registro cadastral já existia na legislação anterior. Trata-se de registros de cadastros que
conferiam uma habilitação prévia aos licitantes ali inseridos.
A nova lei estabeleceu que haverá um cadastro nacional unificado, administrado pelo Portal Nacional de Compras,
que manterá os cadastros dos interessados.
O professor destaca que, quando estudávamos a legislação anterior, embora existisse a Lei 8.6665/93, a Lei
10.520/2002 e a Lei 12.462/2011, o tema “contratos” era apenas um e constava na Lei 8.666/93.
A Lei 14.133/2021 unificou todas as leis sobre licitação, mas atualizou o tema “contratos” e, tornando-o, segundo o
professor, ainda mais complexo e detalhado.
1. INTERPRETAÇÃO
11
www.g7juridico.com.br
Os contratos administrativos são interpretados a partir de suas cláusulas e a partir de princípios de direito público.
Supletivamente, aplica-se a Teoria Geral dos Contratos do direito privado, além da LINDB.
“Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a
eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.
§ 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas
que definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em conformidade com os termos do edital
de licitação e os da proposta vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação direta e os da respectiva
proposta.”
2. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS
Cláusulas necessárias são aquelas que, necessariamente, devem constar no contrato administrativo.
Obs.: O professor pede para o aluno tomar cuidado com o modo como o texto legal foi escrito, pois, muitas vezes, as
expressões utilizadas pelo legislador podem confundir os alunos.
Assim sendo, ele explica que há cláusulas necessárias em todos os contratos e algumas outras cláusulas necessárias
em apenas alguns contratos.
✓ Segundo ele, a mais conhecida é a cláusula de garantia, que é cláusula necessária apenas quando a
Administração pede garantia.
12
www.g7juridico.com.br
X – o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;
XI – o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
XII – as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas
pelo contratado no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
XIII – o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas
técnicas aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o caso;
XIV – os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas e suas bases de
cálculo;
XV – as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
XVI – a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na licitação, ou para qualificação, na
contratação direta;
XVII – a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras
normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social e para aprendiz;
XVIII – o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos em regulamento;
XIX – os casos de extinção.”
Observações:
1ª) Em relação ao art. 92, V da Lei 14.133/2021, o professor destaca que, ao estudar a teoria da imprevisão nos
contratos administrativos, verificou-se que ela consiste na afirmação de que fatos imprevistos acontecem e fatos
previstos, mas incalculáveis, também. Ambos repercutem no contrato e podem desequilibrar as prestações,
ensejando a necessidade de revisão do contrato.
2ª) A revisão contratual decorrente do imprevisto tem o objetivo de restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro.
Entretanto, o professor destaca que, com esse mesmo objetivo, a Administração corrige monetariamente o valor do
contrato e reajusta o valor do contrato. A diferença entre ambas as situações é que esta última já estava prevista, pois
a cláusula de pagamento/reajuste/definição do índice/correção monetária é necessária em todos os contratos.
3ª) O art. 92, VI e VII da Lei 14.133/2021 são exemplos de cláusulas obrigatórias apenas em alguns casos.
Exemplo: se a Administração faz um contrato de compra com entrega imediata, não há cronograma (não é cláusula
necessária).
4ª) O art. 92, X da Lei 14.133/2021 se refere à repactuação de preços e isso ocorre quando as coisas ocorrem fora
daquilo que fora previsto.
13
www.g7juridico.com.br
5ª) O art. 92, XIII da Lei 14.133/2021 se refere ao prazo de garantia mínima do objeto.
Exemplo: o município de São Paulo vai construir um viaduto. Uma obra desse porte dura, em média, 15 anos após
construída. Neste caso, a garantia mínima do objeto deve ser nesse prazo e, durante esse interregno, a empresa
deverá fazer a manutenção.
3. GARANTIA
Garantia é a cautela exigida pela Administração para garantir a plena execução do contrato.
✓ A exigência de garantia é ato discricionário da Administração Pública. Isso ocorre porque apenas a
Administração sabe a realidade em que vive e sabe que, sozinha, ela não consegue garantir todo o interesse
público e a função administrativa. Assim sendo, ela precisa do setor produtivo e do capital privado.
✓ O professor destaca que, muitas vezes, a obra pública fica inacabada/largada, porque o contratado não
termina a sua execução. Para tentar minimizar os problemas decorrentes da inexecução do contrato, a lei
previu a garantia, que é a possibilidade de a Administração garantir a efetiva execução do contrato ou, ao
menos, antecipar perdas e danos.
A exigência da garantia não é obrigatória e fica a critério da Administração, em cada caso, devendo estar prevista no
edital e no contrato.
✓ Cuidado: Muitos doutrinadores afirmam que a garantia é obrigatória, pois ela seria dada em favor do
interesse público. Assim sendo, como ela é dada para garantir o interesse público e este é indisponível, a
garantia seria obrigatória. A despeito desse entendimento, a lei deu à Administração a competência
discricionária para exigir garantia ou para não a exigir.
“Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida, mediante previsão no edital,
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:
I – caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema
centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por seus valores
econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;
II – seguro-garantia;
III – fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente autorizada a operar no País pelo Banco
Central do Brasil.”
✓ Quem escolhe a modalidade de garantia é o contratado e isso deve ser feito dentro das hipóteses legais.
14
www.g7juridico.com.br
“Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do
valor inicial do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada
mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos.”
✓ Atenção: Cuidado com o percentual da garantia, pois houve alteração na nova lei de licitações.
✓ A nova lei não exigiu, para a majoração da garantia, que o contrato seja de grande vulto nem que haja parecer
técnico.
“Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação de
garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percentual
equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato.”
✓ Atenção para a redação do art. 99: ele se refere apenas às contratações de obras e serviços de engenharia e
que sejam de grande vulto.
✓ Neste caso, a modalidade aceita é apenas o seguro-garantia. Trata-se de exceção à regra geral.
“Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a prestação da garantia na
modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado,
assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipótese em que:
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como interveniente anuente e poderá:
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
b) acompanhar a execução do contrato principal;
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo fornecimento;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, será
autorizada desde que demonstrada sua regularidade fiscal;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, serão observadas as seguintes disposições:
15
www.g7juridico.com.br
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta da obrigação de pagar a importância
segurada indicada na apólice;
II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a integralidade da importância segurada indicada
na apólice.”
O step-in right somente é possível em contratos de obras e serviços de engenharia e não precisa ser de grande vulto.
Exemplo: a Administração contratou a empreiteira X para realizar determinada obra. Na licitação, houve a exigência
de garantia (seguro-garantia). Y venceu a licitação, assinou o contrato e contratou uma empresa seguradora para
oferecer apólice de seguros em favor da Administração. Esta seguradora é terceiro interveniente.
Se Y descumprir o contrato, a Administração acionará a seguradora e esta poderá concluir a obra ou pode pagar o
valor da apólice.
16
www.g7juridico.com.br