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INTENSIVO II

Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 07

ROTEIRO DE AULA

Tema: Licitação - Lei 14.133/2021 (continuação)

15. MODALIDADES
Na aula passada, o professor ressaltou que há as seguintes modalidades de licitação:
1. Pregão
2. Concorrência
3. Concurso
4. Leilão
5. Diálogos competitivos

Lei 14.133/201, art. 28: “São modalidades de licitação:


I – pregão;
II – concorrência;
III – concurso;
IV – leilão;
V – diálogo competitivo.
§ 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação daquelas referidas no caput deste
artigo.

✓ Atenção: Perceba que, na nova lei, não existe mais a modalidade convite nem a modalidade tomada de
preços.

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✓ O professor ressalta que a modalidade concurso e a modalidade leilão continuam existindo na nova lei, o
regime jurídico destas modalidades na nova lei é diferente do que existia na legislação anterior. O mesmo
raciocínio se aplica ao concurso.

Na aula 6, já foram trabalhadas as seguintes modalidades: pregão; concorrência e concurso.

D. LEILÃO

1º Conceito: o conceito de leilão também se encontra no art. 6º da Lei 14.133/2021, dispositivo que traz todos os
conceitos da referida lei.

“Modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a
quem oferecer o maior lance” - Art. 6º, XL

Importante: o regime jurídico das alienações foi completamente alterado pela nova lei.
✓ Na Lei 8.666/93, o art. 17 citava as regras para alienar bens imóveis (inciso I) e regras para alienar bens móveis
(inciso II).
✓ O professor destaca ainda que a Lei 8.666/93, no art. 23, §3º, afirmava que a concorrência era a modalidade
de licitação para a compra ou alienação de imóveis de qualquer valor.
✓ O art. 19, III, da Lei 8.666/93, citava que, se a Administração fosse alienar imóveis de sua propriedade
derivados de ação judicial ou de dação em pagamento, ela poderia utilizar a concorrência ou o leilão.
✓ Em suma:
Na Lei 8.666/93, havia a seguinte regra: para alienação de imóveis, a regra sempre era a concorrência. A
exceção era a possibilidade de utilização do leilão se o objeto da alienação fosse derivado de ação judicial ou
de dação em pagamento.
✓ Em relação aos bens móveis, a Lei 8.666/93 preceituava, em seu art. 22, §4º, que o leilão era a modalidade
de licitação para a venda de bens móveis inservíveis, legalmente apreendidos ou empenhados.
✓ O art. 17, §6º da Lei 8.666/93 afirmava que, se o bem móvel fosse avaliado (isoladamente ou em conjunto)
em valor superior a R$ 650 mil (valor posteriormente atualizado pelo Decreto 9.412/2018), a Administração
deveria utilizar a concorrência.
✓ O professor destaca que a Lei 8.666/93 ainda está em vigor.

A Lei 14.133/2021, houve uma grande alteração no regime jurídico das alienações.
✓ Com a nova lei, acabou a distinção de modalidades para alienar bens móveis ou imóveis. Em todos os casos,
sempre se utilizará o leilão e ganhará aquele que oferecer o maior lance.

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✓ A concorrência foi reservada para serviços e compras.
✓ Não existe mais a previsão de bens penhorados, ou seja, a nova lei corrigiu um erro da lei anterior.

2º Procedimento:

“Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela autoridade competente da
Administração, e regulamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
(...)
§ 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de habilitação e deverá ser homologado assim que
concluída a fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo licitante vencedor, na forma
definida no edital.”

O procedimento do leilão foi muito simplificado na nova lei, pois não há sequer a exigência de cadastro ou habilitação
prévia.
✓ Um regulamento deverá disciplinar as questões operacionais do leilão.
✓ Procedimento é uma sucessão de atos administrativos preparatórios que visa a uma decisão final.

E. DIÁLOGO COMPETITIVO

Essa modalidade não existia na Lei 8.666/93.


✓ Tal modalidade também foi inserida na lei de concessões e permissões (Lei 8.987/95) e na lei de PPPs (Lei
11.079/2004).

A modalidade diálogo competitivo parte da ideia de que a Administração quer contratar algo, mas, por
desconhecimento técnico, ela não consegue saber as peculiaridades do serviço/produto a ser adquirido. Assim sendo,
alguns profissionais do ramo se reúnem e dialogam entre si para definir qual é a melhor solução para atender os
objetivos da Administração.
✓ A Administração pode, previamente, dar publicidade ao valor que pretende gastar na aquisição do
serviço/produto (ou não).
Após haver um consenso sobre a melhor solução para o problema, os profissionais que executam aquele serviço
oferecem o preço a ser cobrado e a Administração contratará aquele que oferecer o melhor preço.

1º. Conceito

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“Modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza
diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou
mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos” – Art. 6º, XLII

B. Cabimento
A Administração não utiliza o diálogo competitivo para qualquer contratação. Veja o que dispõe o art. 32 da Lei
14.133/2021:

“Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Administração:


I – vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no
mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração;
II – verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades,
com destaque para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;”

De acordo como o art. 32, a Administração somente pode contratar por meio do diálogo competitivo os objetos que
envolvam:
i) Uma inovação tecnológica ou técnica;
ii) Impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no
mercado;
iii) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela Administração.
Nestes casos, a Administração não sabe com precisão o que quer e/ou não há uma solução prévia definida e oferecida
no mercado.

No caso do art. 32, II da Lei 14.133/2021, a Administração já sabe o que quer contratar e possui a solução para o
problema, mas o serviço/produto a ser adquirido necessita de uma estrutura/técnica e essa ainda não foi definida.
Exemplo: o estado de MG quer contratar a construção de um grande túnel, mas não sabe qual a melhor técnica a ser
utilizada para o escoamento de águas. Outras questões que podem surgir se referem ao melhor arranjo jurídico e/ou
financeiro do contrato a ser estabelecido.

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No exemplo dado, imagine que 15 empreiteiras se reúnam para discutir e encontrar a melhor solução para o
escoamento de águas na obra a ser construída ou os 10 escritórios mais conceituados do país se inscrevem para
encontrar a melhor solução jurídica.
✓ O professor destaca que, qualquer que seja o exemplo, a primeira fase desse procedimento visa selecionar
quem pode resolver o problema e reuni-los para debater a melhor solução.

3º Procedimento:
Art. 32
§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
(...)1

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Lei 14.133/2021, art. 1º: “§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as
exigências já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse na
participação da licitação;
II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser previstos em edital, e serão admitidos todos
os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
III - a divulgação de informações de modo discriminatório que possa implicar vantagem para algum licitante será
vedada;
IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas
comunicadas por um licitante sem o seu consentimento;
V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração, em decisão fundamentada, identifique a solução
ou as soluções que atendam às suas necessidades;
VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo;
VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso em que cada fase poderá restringir as soluções ou
as propostas a serem discutidas;
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos do processo licitatório os
registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital contendo a
especificação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da
proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados
na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários
para a realização do projeto;
IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às propostas apresentadas, desde que não impliquem
discriminação nem distorçam a concorrência entre as propostas;

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Fases:
1º. Designação de comissão de contratação
2º. Divulgação do edital de manifestação de interesse (pré-seleção) - 25 dias úteis
✓ Neste caso, há a pré-seleção dos interessados que possam oferecer a solução para a Administração.
3º. Rodada de diálogos
✓ Nesta fase, os interessados discutem qual é a melhor solução.
4º. Divulgação do edital de seleção final, com a solução já definida - 60 dias úteis
✓ O professor destaca que há dois editais: o primeiro seleciona os que têm interesse em participar da criação
da melhor alternativa para solucionar o problema da Administração. O segundo se refere à chamada de
interessados para o oferecimento de propostas, mas, neste caso, a solução já está definida.
5º. Julgamento das propostas
6º. Homologação

16. PROCEDIMENTO

A Lei 14.133/2021 trata do procedimento de licitação no art. 17.


O professor destaca que o art. 17 da Lei 14.133/2021 traz o procedimento da concorrência e do pregão. Isso ocorre
porque o concurso tem o seu procedimento descrito no próprio edital. O leilão não tem um procedimento específico,
pois basta o participante dar um lance. Além disso, o procedimento do diálogo competitivo está dentro da respectiva
modalidade (procedimento próprio).
✓ Obs.: Ele relembra o procedimento da concorrência (na Lei 8.666/93) e do pregão na vigência da Lei
10.520/2002. O professor ressalta que a nova lei de licitações unificou os procedimentos da concorrência e
do pregão.

“Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência:


I – preparatória;
II – de divulgação do edital de licitação;
III – de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;

X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com critérios divulgados no início da fase competitiva,
assegurada a contratação mais vantajosa como resultado;
XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores
efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação
de profissionais para assessoramento técnico da comissão;
XII - (VETADO).”

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IV – de julgamento;
V – de habilitação;
VI – recursal;
VII – de homologação.”

Ao olhar para o procedimento da Lei 14.133/2021, é possível perceber que há as fases de julgamento e classificação
para, apenas depois, haver a habilitação.
✓ No julgamento das propostas, a Administração afere o que melhor satisfaz o interesse público de acordo com
o critério estabelecido no edital para a escolha e julgamento das propostas.
✓ A proposta é julgada. O licitante é habilitado.
✓ A Administração apenas contrata aqueles que ostentem boas condições técnicas, jurídicas, econômico-
financeiras, fiscais e trabalhistas.
✓ Todas as condições da habilitação devem ser mantidas no decorrer do contrato, sob pena de inadimplemento
contratual.

Só há uma fase recursal, a qual se segue à habilitação.

17. ENCERRAMENTO DO PROCEDIMENTO

O procedimento pode terminar de alguns modos:


i) O procedimento ocorreu de maneira legal e há interesse público em contratar. Nesse caso, há a homologação do
procedimento.
ii) O procedimento ocorreu de maneira ilegal. Nessa situação, a Administração anula o procedimento.
iii) O procedimento ocorreu de maneira ilegal, mas a autoridade verifica que é possível sanear/convalidar o vício.
iv) O procedimento ocorreu de maneira legal, mas não há interesse público em contratar ou não há dinheiro para
contratar. Neste caso, há revogação do procedimento.

“Art. 70. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos, o processo
licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá:
I – determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;
II – revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;
IV – adjudicar o objeto e homologar a licitação.”

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✓ O professor destaca que esse item 17 é de suma importância.

A licitação é uma sucessão de atos preparatórios que visa a uma decisão final, sendo que esta se refere ao modo como
o procedimento irá acabar.
Como o procedimento é uma sucessão de atos administrativos, eles são praticados por vários sujeitos diferentes.
Assim, o agente de contratação (pregoeiro) ou a comissão de contratação preparam e publicam o edital, recebem e
julgam as propostas, habilitam os licitantes e julgam os recursos. Entretanto, quem pratica o ato final é a autoridade
competente, que, normalmente, é a autoridade máxima do órgão/entidade.

A autoridade máxima poderá:


I – determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;
II – revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;
III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;
IV – adjudicar o objeto e homologar a licitação.

18. RECURSOS ADMINISTRATIVOS

“Art. 164. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
I – recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de:
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua
alteração ou cancelamento;
b) julgamento das propostas;
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
d) anulação ou revogação da licitação;
e) extinção do contrato, quando determinada por ato.
II – pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação, relativamente a ato do
qual não caiba recurso hierárquico.”

O art. 164 da Lei 14.133/2021 indica as situações em que cabe recurso.


O primeiro caso em que é cabível o recurso se refere a dois procedimentos auxiliares da Administração, mas que se
relacionam à habilitação do licitante.
✓ A Lei 14.133/2021 previu os procedimentos auxiliares (outros procedimentos administrativos, relevantes para
a Administração, mas que não integram a licitação).

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✓ A Lei 14.133/2021 estabelece que, contra ato que, de algum modo, afete o interessado no registro cadastral
ou que defira ou indefira pedido de pré-qualificação, cabe recurso.

Além disso, segundo o art. 164, também cabe recurso:


• Do julgamento das propostas;
• Do ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
• Da anulação ou revogação da licitação;
• Da extinção do contrato, quando determinada por ato.

O professor destaca que, pensando tão somente no procedimento de licitação, cabe recurso em 3 casos:
• Contra ato da comissão que julga e classifica as propostas;
• Contra ato da comissão que habilita ou inabilita o licitante; e
• Contra ato da autoridade superior que anula ou revoga a licitação.

A lei traz dois recursos: recurso hierárquico, que é dirigido à autoridade superior àquela que praticou o ato; e pedido
de reconsideração, que é dirigido à autoridade que tomou a decisão em si para possível retratação.

“Art. 167. O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
sobrevenha decisão final da autoridade competente.”

19. DOS PROCEDIMENTOS AUXILIARES


Esses procedimentos auxiliares não existiam na Lei 8.666/93, mas já existiam na Lei 12.462/2011 (Lei do RDC).

Obs.: o professor relembra que a Lei 14.133/2021 reuniu todas as leis que versavam sobre procedimentos licitatórios
e consolidou tudo em seu texto legal.

“Art. 77. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas por esta Lei:
I – credenciamento;
II – pré-qualificação;
III – procedimento de manifestação de interesse;
IV – sistema de registro de preços;
V – registro cadastral.
§ 1º Os procedimentos auxiliares de que trata o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos
em regulamento.”

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O chefe do Poder Executivo deverá fazer um decreto regulamentar para explicar os critérios que serão aplicados aos
procedimentos auxiliares.

▪ Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:


“XLIII – credenciamento: processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca
interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, credenciem-se no
órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados;
XLIV – pré-qualificação: procedimento seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital, destinado à análise
das condições de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto;
XLV – sistema de registro de preços: conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou
licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a
obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras”

Observações:
1ª) Credenciamento é um procedimento administrativo auxiliar, previsto na lei de licitações, cujo procedimento será
definido por decreto.
O credenciamento é um procedimento administrativo em que a Administração Pública convoca interessados em
prestar serviços ou fornecer bens, desde que preenchidos os requisitos legais e os requisitos exigidos pela própria
Administração.
✓ Quando a Administração precisar (se precisar), ela contrata os credenciados.
✓ Ninguém utiliza credenciamento para obras.
Exemplo: contratação de leiloeiro credenciado (que não seja servidor público).

2ª) Pré-qualificação é um outro procedimento administrativo auxiliar que consiste em pré-habilitar os licitantes.

3ª) O Sistema de Registro de Preços (SRP) é conceituado pela lei, a qual define uma série de parâmetros que
restringem o decreto regulamentar.
✓ O Sistema de Registro de Preços, na nova lei, é utilizado para registrar preços de bens, serviços, obras e
locações.
✓ Esse sistema é utilizado para contratações futuras.
✓ Esse procedimento é feito por dispensa, inexigibilidade, concorrência ou pregão (a depender do caso).

▪ Procedimento de manifestação de interesse

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“Art. 80. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, mediante procedimento aberto de manifestação de
interesse a ser iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização de estudos,
investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de relevância pública,
na forma de regulamento.”

O procedimento de manifestação de interesse é procedimento administrativo de interesse público. Neste caso, a


Administração faz um edital e convoca os interessados para apresentar soluções/projetos que, de algum modo,
atendam ao interesse público.
Exemplo: “A” trabalha na Agência Metropolitana de Belo Horizonte e tal agência precisa de um plano de segurança
hídrica para aplicar à região metropolitana. Neste caso, os métodos de criação e viabilização desse plano poderão ser
apresentados pelos interessados em executar o trabalho.

• Registro cadastral

“Art. 86. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública deverão utilizar o sistema de registro
cadastral unificado disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas, para efeito de cadastro unificado de
licitantes, na forma disposta em regulamento.”

O professor destaca que o registro cadastral já existia na legislação anterior. Trata-se de registros de cadastros que
conferiam uma habilitação prévia aos licitantes ali inseridos.

A nova lei estabeleceu que haverá um cadastro nacional unificado, administrado pelo Portal Nacional de Compras,
que manterá os cadastros dos interessados.

Tema: Contratos administrativos

O professor destaca que, quando estudávamos a legislação anterior, embora existisse a Lei 8.6665/93, a Lei
10.520/2002 e a Lei 12.462/2011, o tema “contratos” era apenas um e constava na Lei 8.666/93.

A Lei 14.133/2021 unificou todas as leis sobre licitação, mas atualizou o tema “contratos” e, tornando-o, segundo o
professor, ainda mais complexo e detalhado.

1. INTERPRETAÇÃO

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Os contratos administrativos são interpretados a partir de suas cláusulas e a partir de princípios de direito público.
Supletivamente, aplica-se a Teoria Geral dos Contratos do direito privado, além da LINDB.

“Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e a
eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.
§ 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas
que definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em conformidade com os termos do edital
de licitação e os da proposta vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação direta e os da respectiva
proposta.”

2. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS

Cláusulas necessárias são aquelas que, necessariamente, devem constar no contrato administrativo.

Obs.: O professor pede para o aluno tomar cuidado com o modo como o texto legal foi escrito, pois, muitas vezes, as
expressões utilizadas pelo legislador podem confundir os alunos.
Assim sendo, ele explica que há cláusulas necessárias em todos os contratos e algumas outras cláusulas necessárias
em apenas alguns contratos.
✓ Segundo ele, a mais conhecida é a cláusula de garantia, que é cláusula necessária apenas quando a
Administração pede garantia.

“Art. 92. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabelecem:


I – o objeto e seus elementos característicos;
II – a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação
direta e à respectiva proposta;
III – a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos omissos;
IV – o regime de execução ou a forma de fornecimento;
V – o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do reajustamento de preços e
os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
VI – os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e o prazo para liquidação e para pagamento;
VII – os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega, observação e recebimento definitivo, quando for
o caso;
VIII – o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria
econômica;
IX – a matriz de risco, quando for o caso;

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X – o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;
XI – o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso;
XII – as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas
pelo contratado no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
XIII – o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas
técnicas aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência técnica, quando for o caso;
XIV – os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas e suas bases de
cálculo;
XV – as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
XVI – a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na licitação, ou para qualificação, na
contratação direta;
XVII – a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras
normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social e para aprendiz;
XVIII – o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos em regulamento;
XIX – os casos de extinção.”

Observações:
1ª) Em relação ao art. 92, V da Lei 14.133/2021, o professor destaca que, ao estudar a teoria da imprevisão nos
contratos administrativos, verificou-se que ela consiste na afirmação de que fatos imprevistos acontecem e fatos
previstos, mas incalculáveis, também. Ambos repercutem no contrato e podem desequilibrar as prestações,
ensejando a necessidade de revisão do contrato.

2ª) A revisão contratual decorrente do imprevisto tem o objetivo de restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro.
Entretanto, o professor destaca que, com esse mesmo objetivo, a Administração corrige monetariamente o valor do
contrato e reajusta o valor do contrato. A diferença entre ambas as situações é que esta última já estava prevista, pois
a cláusula de pagamento/reajuste/definição do índice/correção monetária é necessária em todos os contratos.

3ª) O art. 92, VI e VII da Lei 14.133/2021 são exemplos de cláusulas obrigatórias apenas em alguns casos.
Exemplo: se a Administração faz um contrato de compra com entrega imediata, não há cronograma (não é cláusula
necessária).

4ª) O art. 92, X da Lei 14.133/2021 se refere à repactuação de preços e isso ocorre quando as coisas ocorrem fora
daquilo que fora previsto.

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5ª) O art. 92, XIII da Lei 14.133/2021 se refere ao prazo de garantia mínima do objeto.
Exemplo: o município de São Paulo vai construir um viaduto. Uma obra desse porte dura, em média, 15 anos após
construída. Neste caso, a garantia mínima do objeto deve ser nesse prazo e, durante esse interregno, a empresa
deverá fazer a manutenção.

3. GARANTIA

Garantia é a cautela exigida pela Administração para garantir a plena execução do contrato.
✓ A exigência de garantia é ato discricionário da Administração Pública. Isso ocorre porque apenas a
Administração sabe a realidade em que vive e sabe que, sozinha, ela não consegue garantir todo o interesse
público e a função administrativa. Assim sendo, ela precisa do setor produtivo e do capital privado.
✓ O professor destaca que, muitas vezes, a obra pública fica inacabada/largada, porque o contratado não
termina a sua execução. Para tentar minimizar os problemas decorrentes da inexecução do contrato, a lei
previu a garantia, que é a possibilidade de a Administração garantir a efetiva execução do contrato ou, ao
menos, antecipar perdas e danos.

A exigência da garantia não é obrigatória e fica a critério da Administração, em cada caso, devendo estar prevista no
edital e no contrato.
✓ Cuidado: Muitos doutrinadores afirmam que a garantia é obrigatória, pois ela seria dada em favor do
interesse público. Assim sendo, como ela é dada para garantir o interesse público e este é indisponível, a
garantia seria obrigatória. A despeito desse entendimento, a lei deu à Administração a competência
discricionária para exigir garantia ou para não a exigir.

“Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida, mediante previsão no edital,
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:
I – caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema
centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por seus valores
econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;
II – seguro-garantia;
III – fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente autorizada a operar no País pelo Banco
Central do Brasil.”

✓ Quem escolhe a modalidade de garantia é o contratado e isso deve ser feito dentro das hipóteses legais.

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“Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do
valor inicial do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada
mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos.”

✓ Atenção: Cuidado com o percentual da garantia, pois houve alteração na nova lei de licitações.
✓ A nova lei não exigiu, para a majoração da garantia, que o contrato seja de grande vulto nem que haja parecer
técnico.

“Art. 99. Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, poderá ser exigida a prestação de
garantia, na modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 desta Lei, em percentual
equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato.”

✓ Atenção para a redação do art. 99: ele se refere apenas às contratações de obras e serviços de engenharia e
que sejam de grande vulto.
✓ Neste caso, a modalidade aceita é apenas o seguro-garantia. Trata-se de exceção à regra geral.

Observação: Step-in right


Step-in right é um mecanismo contratual que já existe há muitos anos. Trata-se de mais uma forma de assegurar a
execução do contrato, pois há a definição de um terceiro interveniente que assumirá a responsabilidade de concluir
o objeto do contrato em caso de inadimplemento.
Exemplo: “A” contrata “B” e, neste caso, coloca-se uma cláusula contratual dizendo que se “B” não cumprir o que foi
estabelecido, “C” cumprirá.

“Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a prestação da garantia na
modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado,
assumir a execução e concluir o objeto do contrato, hipótese em que:
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como interveniente anuente e poderá:
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
b) acompanhar a execução do contrato principal;
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo fornecimento;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, será
autorizada desde que demonstrada sua regularidade fiscal;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, serão observadas as seguintes disposições:

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I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta da obrigação de pagar a importância
segurada indicada na apólice;
II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a integralidade da importância segurada indicada
na apólice.”

O step-in right somente é possível em contratos de obras e serviços de engenharia e não precisa ser de grande vulto.

Exemplo: a Administração contratou a empreiteira X para realizar determinada obra. Na licitação, houve a exigência
de garantia (seguro-garantia). Y venceu a licitação, assinou o contrato e contratou uma empresa seguradora para
oferecer apólice de seguros em favor da Administração. Esta seguradora é terceiro interveniente.
Se Y descumprir o contrato, a Administração acionará a seguradora e esta poderá concluir a obra ou pode pagar o
valor da apólice.

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