Solos OCR
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Nutrição de Plantas
Ciência e Tecnologia
Dezembro 2019
Abreviações: BA = Bahia; GO = Goiás; MA = Maranhão; MG = Minas Gerais; MS = Mato Grosso do Sul; MT = Mato Grosso; MO = matéria
orgânica; P = fósforo; PI = Piauí; RR = resistente ao glifosato; SP = São Paulo; SSD = sistema de semeadura direta.
1 Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor da Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG; email: silvinomoreira@ufla.br
ISSN 2311-5904
Publicação trimestral da
NPCT - Nutrição de Plantas Ciência e Tecnologia FERTCROSS Leverage
O jornal publica artigos técnico-científicos elaborados pela
comunidade científica nacional e internacional visando
o manejo responsável dos nutrientes das plantas.
’ kimberlit agrociências
N° 4 DEZEMBRO/2019
Divulgando a Pesquisa.............................................................. 36
Painel Agronômico.................................................................... 37
Stoller
Cursos, Simpósios e outros Eventos........................................ 38
Evento da NPCT........................................................................39
Publicações Recentes.................................................................40 VITTIA
GRUPO
Publicação do IPNI/NPCT....................................................... 41
Ponto de Vista............................................................................ 42
Figura 3. Aspecto visual da cobertura do solo após colheita do milho de segunda safra, em consórcio com Braquiaria ruziziensis, na
safra 2018/2019. Fazenda Santa Helena, Nazareno, MG.
Crédito das fotos: Gustavo Silva.
Figura 5. Sobressemeadura de Braquiária ruziziensis com distribuidores de sementes adaptados à barra de pulverização; operação reali
zada durante a aplicação de fungicidas na Fazenda Santo Antônio, Matozinhos, MG (Ae B); massa vegetal da braquiária após
um mês da colheita da soja (C); área sendo utilizada para alimentação animal (D); aspecto da área após o pastejo, esperando
a rebrota para a dessecação (E). Milho de segunda safra em consórcio com Brachiaria ruziziensis na Fazenda Santa Helena,
em Nazareno, MG (F).
Crédito das fotos: Antônio Carlos dos Santos (A e B), Célio Santos (C), Silvino Moreira (D, E e F).
Figura 6. Cultura de soja implantada sobre palha de trigo (A) e resíduos de milho e trigo em lavoura de soja recém-implantada (B).
Crédito das fotos: Eduardo Diniz (A) e Silvino Moreira (B).
Figura 7. Presença de Spodoptera frugiperda em lavoura do trigo na safra 2018/19 (A), sobrevivendo na palhada do trigo, após a
dessecação (B) e em plantas de soja e morta pelo ataque da lagarta - sintoma de “coração morto” (C).
Crédito das fotos: Flávio Moraes (A), Silvino Moreira (B e C).
Tabela 1. Atributos de um solo de Tapurah, MT, cultivado com culturas anuais, com manejo superficial da fertilidade, amostrado em
diferentes profundidades.
aplicado bem próximo às raízes (próximo às sementes), ou Para que as respostas da aplicação a lanço sejam mais
seja, colocado na linha de semeadura das culturas. duradouras, deve-se introduzir, nos sistemas de produção,
Muito embora a recomendação técnica seja a colocação plantas de cobertura com sistema radicular agressivo, como
do nutriente o mais próximo possível do local de absorção, as braquiárias. Essa prática permite a incorporação de carbono
atualmente, boa parte das lavouras de soja do Brasil são adu e nutrientes no perfil do solo ao longo dos anos. Deve-se res
badas a lanço. Nessa condição, há suspeitas de que parte do saltar também a importância de se alternar, periodicamente, as
fertilizante aplicado seja perdida por escorrimento superficial. formas de aplicação de P nos sistemas - a lanço e incorporado
Normalmente, o arraste dos fertilizantes fosfatados pela água ao solo. Atualmente, já existem empresas que tem adotado
da chuva nem sempre é observado nas lavouras de algumas essa metodologia no Brasil, ou seja, aplicam o P a lanço por
regiões, com relevo muito plano. No entanto, principalmente três anos e depois desse período incorporam o nutriente na
em regiões com relevo ondulado, deve-se redobrar a atenção profundidade de cerca de 25 cm, por meio de escariíicadores/
com a adubação fosfatada realizada a lanço. Isso porque, adubadores (técnica ainda não consolidada pela pesquisa
quando os grânulos de adubo são aplicados na superfície, brasileira). Além disso, mesmo que os teores do P estejam
potencialmente eles podem ser arrastados pela água da chuva altos no solo, deve-se evitar aplicá-lo a lanço em locais com
e levados para as estradas ou mesmo para os mananciais. possibilidade de escorrimento superficial.
Embora a pesquisa mostre que não há diferenças na Para finalizar, pode-se inferir que os principais desafios
produtividade da cultura de soja quando o P é aplicado a lanço a serem vencidos nos sistemas de produção, buscando-se a
ou no sulco de plantio, em áreas com teores adequados ou sustentabilidade, são: (a) a construção da fertilidade dos solos,
altos do nutriente, deve-se lembrar que o nutriente apresenta principalmente com correções profundas da acidez, antes da
baixa mobilidade no solo. Portanto, quanto maior a restri implantação do sistema de produção de grãos e (b) a adoção
ção hídrica da região, mais restritivas serão as condições de da rotação/sucessão de culturas, buscando-se utilizar cultu-
nutrição das culturas, quando o P for aplicado a lanço. No ras/cultivares adaptados ao clima da região, com baixo fator
trabalho de Macedo (2019), em solo com alto teor inicial de de reprodução para a maioria dos nematoides, mas também
P, as produtividades de soja ou de milho, na safra de verão, com baixa possibilidade de serem hospedeiras das principais
não foram afetadas pela forma de aplicação do P. No entanto, pragas e doenças.
na época de outono/invemo, com condições hídricas mais
restritivas, a adubação no sulco mostrou-se mais vantajosa REFERÊNCIAS
do que aquela realizada a lanço. BERGAMIN, A. C. Compactação do solo em sistemas intensivos
Embora, tecnicamente, o fornecimento do P no sulco de produção. Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 164,
de plantio seja a forma mais correta de aplicação, muito pro p. 1-12, dez. 2018.
vavelmente o produtor que pratica a adubação a lanço não CAMARGO, R.; PIZA, R. J. Produção de biomassa de plantas de
deixará de fazê-lo, pelo menos no curto e médio prazos. Isso cobertura e efeitos na cultura do milho sob sistema plantio direto
porque todo o seu sistema de produção, incluindo máquinas no município de passos, MG. Bioscience Journal, Uberlândia,
e equipamentos, já estão adaptados a essa condição. v. 23, p. 76-80, 2007.
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Abreviações: AF = ácido fúlvico; AH = ácido húmico; C = carbono; Ca = cálcio; CB = carbono facilmente biodegradável; COT = carbono
orgânico total; CTC = capacidade de troca de cátions; Mg = magnésio; MOS = matéria orgânica do solo; N = nitrogênio; P = fósforo;
S = enxofre; SH = substância húmica; USA = Usina Santa Adélia; USM = Usina São Martinho.
1 Engenheiro agrônomo, Professor Titular Aposentado da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”- ESALQ/USP, Consultor,
Piracicaba, SP; email: jlid@terra.com.br
Tabela 1. Teor de matéria orgânica (MO) em solos1 cultivados com cana-de-açúcar no estado de São Paulo.
1 Amostras de solos coletadas na profundidade de 0-25 cm, obtidas nas usinas, sem aplicação de vinhaça.
2Para o cálculo da quantidade de MO do solo foi considerada densidade do solo de 1,0 g cm’3, nas profundidades de 25 e 50 cm.
Fonte: Demattê (Dados não publicados).
Tabela 2. Teores de matéria orgânica e capacidade de troca de cátions em áreas sem e com raspagem do solo.
Tabela 3. Produtividade de cana-de-açúcar em área sem raspagem e com raspagem do solo em função de diferentes tratamentos1. Média
de quatro cortes.
Produtividade (t ha*1)
Tratamentos Subparcelas
Sem raspagem Raspagem a 15 cm Raspagem a 30 cm
Com nematicida 92 84 80
Testemunha
Sem nematicida 88 68 61
Com nematicida 95 84 85
Adubação normal
Sem nematicida 91 78 69
Sulco 98 94 86
221 ha1 composto + adubo
Área total 94 88 75
Sulco 101 88 83
441 ha1 composto + adubo
Área total 92 87 80
Sulco 91 87 85
601 ha*1 composto + adubo
Área total 98 84 79
Média (t ha*1) 94 84 78
1 Plantio em junho de 1996. Temperatura: 2 °C e 3 °C em setembro de 1997 e 1998, respectivamente, e 4 °C em novembro de 1999.
Furadan somente no plantio. Adubação de plantio: 04-08-08 (1.250 t ha1), adubação das socas: 09-00-10 (1.100 t ha1). Composto:
três partes de torta de filtro e uma parte de cinza de caldeira.
Fonte: Usina Quatá, SP (dados não publicados).
Califórnia
- 0,75 47 0,35 0,4 88 2,0
(EUA)
Floresta temperada
Califórnia
- 1,65 52 0,86 1,0 86 1,9
(Pinus)
Savana tropical Brasil Central 1.250 mm 1,43 50 0,71 1,3 55 1,2
Minessota
Pradaria temperada 870 mm 1,42 47 0,53 0,4 86 1,8
(EUA)
1 Períodos de cultivo: TO = tempo zero; T12 = 12 anos de cultivo e T50 = 50 anos de cultivo.
1TI = 5,0 t ha’1 de torta de filtro no sulco; T2 = 5,01 ha1 de composto no sulco; T3 = 10 t ha'1 de composto no sulco; T4 = 301 ha1 de
composto na superfície do solo; T5 = 501 ha1 de composto na superfície do solo; T6 = testemuha sem fertilizante mineral.
Fonte: Usina da Barra, SP (dados não publicados).
solo. Porém, ao longo do tempo, o teor de MO do tratamento respectivamente, correspondente ao aumento da MO ativa de
T5 diminuirá a um nível semelhante ao inicial, a não ser que o 3,1 para 3,6% (Figura 4). Novamente, tal resultado mostra
aporte de MO seja sempre superior ao fator k. Por outro lado, que a quantidade de MO bruta adicionada ao solo suplanta
no T6, que recebeu somente fertilizante mineral, o teor de MO a taxa de decomposição da matéria orgânica humificada do
e a CTC não diferiram dos demais tratamentos, a não ser do solo. Entretanto, se não houver acréscimo de MO bruta no
T5, indicando que uma cultura bem adubada mantém o teor solo ao longo do tempo, a CTC efetiva tenderá a se reduzir
de MO do solo estável. Portanto, a própria cultura, quando ao nível inicial. Infclizmente, tal fato tem ocorrido com fre
bem adubada e conduzida, torna-se grande fornecedora de quência nas usinas que utilizam TF ou composto orgânico
MO para o solo. somente no plantio.
MO no final do ciclo foi de 1,07%, ou seja, foram mineraliza 11. ÁREA DE REFORMA DE CANAVIAL E
das praticamente 241 ha1 da MO instável da vinhaça. O teor
INCORPORAÇÃO DE RESÍDUOS VEGETAIS
de 0,07% corresponde à quantidade de MO bruta adicionada
(b) que excedeu a taxa de decomposição da matéria orgânica Franco et al. (2007) quantificaram a produtivi
humificada (k) do solo, como tem sido enfatizado. Porém, se dade da cana-de-açúcar, o aporte de resíduos culturais e
a vinhaça não for aplicada neste solo, haverá predominân o estoque de nutrientes incorporados ao solo na reforma
cia do k do solo e o teor de MO permanecerá em 1,0%. De do canavial de duas usinas: Usina Santa Adélia (USA) e
maneira geral, tem-se observado que nas bacias de vinhaça Usina São Martinho (USM). Observa-se na Tabela 10 que
de outras usinas o b tem sido sempre suplantado pelo k do a produtividade da cana-de-açúcar (média de seis cor
solo, inclusive na profundidade de 0-80 cm. tes) da USA foi de 110,8 t ha1 e a quantidade de massa
Tabela 9. Características de solos argilosos com e sem vinhaça, na profundidade de 0-80 cm. Usina Santa Elisa, Sertãozinho, SP, 1998.
1 Vinhaça: 25 kg nr3 de MO; teor de potássio: 1,2 kg nr3. Dose: 200 m2 ha1 desde 1980.
1 Usina Santa Adélia: 60% de corte manual, com despalha a fogo; Usina São Martinho: 100% de corte mecanizado, sem despalha.
Figura 5. Produtividade média da cana-de-açúcar e quantidade de massa seca incorporada ao solo na reforma do canavial.
seca incorporada ao solo por ocasião da reforma foi de 12. MATÉRIA ORGÂNICA DE ADUBOS VERDES
23,41 ha1. No caso da USM, a produtividade foi de 77,41 ha1
E DE OUTRAS CULTURAS UTILIZADAS NA
e a quantidade de massa seca incorporada ao solo foi de
REFORMA DO CANAVIAL
16,7 t ha1. Não houve incremento da CTC e do teor de MO
nos solos das duas áreas devido à baixa quantidade de material A inclusão de adubos verdes na rotação de culturas não
incorporado ao solo. tem aumentado a MO estabilizada do solo, porém, tem sido
relatado, em inúmeros artigos e trabalhos, que o resultado
Com base na Tabela 10 foi gerada a Figura 5, que
dessas rotações tem sido benéfico para a cultura principal.
relaciona a produtividade agrícola e a quantidade de resí
Em trabalhos realizados pela Embrapa, no período 1979 a
duos incorporados ao solo por ocasião da reforma. Com a
1997, em Latossolo Vermelho-Amarelo argiloso, utilizando
maior produtividade, de 110 t ha1 de colmos, a quantidade
adubos verdes rotacionados com soja e milho, em dois níveis
de material incorporado ao solo foi de 23,2 t ha1, e com a
de adubação, notou-se que no terceiro ano, no final dos expe
menor produtividade, de 50 t ha1, a quantidade de material
rimentos, o teor de MO do solo era semelhante ao teor inicial,
incorporado foi de 10,5 t ha’1.
no primeiro ano de cultivo (Tabela 11). A principal razão para
Em ambas as áreas, o estoque de nutrientes nos resí essa resposta é a baixa estabilidade da MO dessas culturas
duos incorporados ao solo obedeceu à seguinte ordem decres (fator b) que, ao serem incorporadas ao solo, se decompõem,
cente de grandeza: N>K>Ca>S> Mg > P. Observa-se liberando nutrientes e trazendo uma série de benefícios à
que os resíduos da USA continham maiores quantidades de cultura posterior, porém sem aumentar a MO estabilizada do
todos os nutrientes avaliados, com destaque para o nitrogênio solo. No caso da cana-dc-açúcar, o adubo verde, ou as outras
(196 kg ha1), que em grande parte foi imobilizado na MO culturas utilizadas nas reformas (soja, amendoim, etc.), não
do solo. promovem o aumento da MO estável do solo, mas protegem o
solo contra a erosão e fornecem nutrientes e, como resultado, produzida é pequena, inferior a 5 t ha1, na média, com
aumentam a sua produtividade nos diversos ciclos. exceção da crotalária juncea, e, portanto, insuficiente para
Na região tropical, a taxa de decomposição da MO ins aumentar a quantidade de MO instável do solo, assim
como a CTC, concordando com os resultados obtidos
tável no sistema contínuo de culturas, como no caso da cana-
por Franco et al. (2007). Por outro lado, há liberação de
de-açúcar, tem sido maior do que no sistema em rotação. Já na
nutrientes, cobrindo parte das necessidades da cana-de-
região de clima temperado, nas mesmas condições de cultivo,
açúcar - 100% do N e 50% do K - e proteção do solo
a taxa de decomposição da MO tem sido menor. Entretanto,
contra a erosão. Além disso, os adubos verdes - principal
na área que foi preparada convencionalmente e deixada sem
mente as crotalárias - promoveram um aumento médio de
cultivo, a taxa de decomposição da MO instável do solo é 6,4 t ha’1 na produtividade da cana, em relação à área em
maior do que a observada na área cultivada. pousio.
A Tabela 12 ilustra as quantidades de MO e de De acordo com a literatura, as leguminosas aqui
nutrientes dos principais adubos verdes utilizados em discutidas apresentam relação C/N inferior a 30, suficiente
rotação com a cana-de-açúcar (LUZ; VITTI, 2008). para que a atividade biológica do solo atue com eficiência
Nota-se que, em termos de matéria seca, a quantidade na decomposição do material e na liberação de nutrientes.
Tabela 12. Produtividade de matéria orgânica e nutrientes nas principais leguminosas utilizadas como adubo verde e respectiva produ
tividade da cana-de-açúcar (média de três cortes).
Tabela 13. Quantidade de palhada remanescente após a colheita da cana-planta, no início, meio e final da safra da primeira soqueira, em
diversas regiões do Estado de São Paulo.
■ - - (t ha1) - -
Início 12,8 10,8 14,0 10,5 10,2 10,2 8,2 10,0 11,0
Meio 8,0 6,2 6,0 6,2 6,0 6,0 6,0 5,2 6,0 (45,4%)
Fim 5,0 5,8 4,5 6,0 3,0 3,0 2,8 3,0 4,2 (61,8%)
Testemunha 0 Sim 96
Testemunha 0 Não 72
Nos moldes atuais de manejo da cultura, nos quais a KÀMPF, F. N.; SCWERTMANNN, U. Goethite and hematite
mecanização tem sido utilizada em larga escala e há disponi
in a climosequence in Southem Brazil and their application
bilidade de fertilizantes e corretivos a preços razoáveis, não
in classification of kaopinite soil. Geoderma, v. 29, p. 27-39,
há razão para se considerar a conservação da MO estável
como um dos principais objetivos do sistema de manejo. De 1983.
qualquer forma, a cobertura protetora do solo, via resíduos
MANLIO, S. E; SANTOS, L. A.; de SOUZA, S. R. Absorção
vegetais, ou a rotação de culturas, alternando diferentes
sistemas radiculares no solo durante as reformas, auxilia na de nutrientes. In: MELO, V. de E; ALLEONI, L. R. (Ed.).
manutenção da MO do solo, principalmente por reduzir a Química e mineralogia do solo. Parte II - Aplicações. Viçosa,
temperatura e proteger o solo contra a erosão - esta sim uma MG: SBCS, 2009.
consequência nefasta para o ambiente e para a manutenção
da produtividade. PARTON, W. J.; SCHIMEL, D. S.; COLE, C. V; OJIMA, D. S.
Analysis of factors controlling soil organic matter in great plains
17. REFERÊNCIAS grassland. Soil Science Society of América Journal, v. 51,
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Aplicações. Viçosa, MG: SBCS, 2009. v. 2, 695 p. Alegre, 2007.
S Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a chamado universal para ação contra a pobreza, proteção do
população mundial deverá ultrapassar 9,7 bilhões planeta e para garantir que todas as pessoas tenham paz e
de habitantes em 2050, e para alimentar todo esse contingente
de pessoas a produção de alimentos terá que crescer 70%.
prosperidade. Esses 17 Objetivos foram construídos com base
no sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
Espera-se que o Brasil responda por 40% desse aumento de (ODMs), incluindo novos temas, como mudança global do
produção. clima, desigualdade econômica, inovação, consumo susten
O grande desafio da agricultura mundial atualmente é tável, paz e justiça, entre outras prioridades.
conseguir atender a esse crescimento na demanda por alimen Os ODS fundamentam-se no espírito de parceria e
tos, produzindo cada vez mais, em quantidade e qualidade, na pragmatismo para que sejam feitas escolhas certas, que bus
mesma área cultivada, reduzindo a utilização de insumos e quem melhorar, de forma sustentável, a qualidade de vida da
utilizando de forma racional os recursos naturais, em especial, atual e das futuras gerações. Eles oferecem orientações claras
o solo, a água e a biota. e metas (até 2030, por isso é chamada de Agenda 2030) para
A FAO define o desenvolvimento sustentável como todos os países, de acordo com as suas prioridades e com os
a gestão e conservação da base de recursos naturais, e a desafios ambientais de todo o planeta.
orientação de mudanças tecnológicas e institucionais, de Mais recentemente foi introduzido o conceito de
modo a assegurar a consecução e satisfação continuada das “intensificação sustentável” como uma maneira de suprir
necessidades humanas para as gerações presentes e futuras. o aumento esperado da demanda de alimentos de maneira
Esse desenvolvimento sustentável preserva os solos, sustentável. A intensificação sustentável requer a melhoria
a água e a biodiversidade e é ambientalmente conservador, da eficiência no uso dos recursos de produção e a redução
tecnicamente apropriado, economicamente viável e social no desperdício ao longo da cadeia de suprimentos; a gestão
mente aceitável. de recursos naturais escassos - especialmente terra, água e
Outro aspecto relevante para a produção mundial de bioma; a redução na emissão de carbono em toda a cadeia
alimentos é o compromisso assumido pelos países signatários de produção de insumos e de alimentos; e a mitigação dos
Abreviações: ABC = Agricultura de Baixa Emissão de Carbono; BNDES = Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social; C = carbono; COP-15 = 15a Conferência das Partes; CTC = capacidade de troca catiônica; FAO = Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura; FBN = fixação biológica de nitrogênio; FEBRAPDP = Federação Brasileira de Plantio Di
reto e Irrigação; GEE = gases de efeito estufa; ILPF = sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta; MAPA = Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento; MOS = matéria orgânica do solo; N = nitrogênio; NAMAS = Ações de Mitigação Nacio
nalmente Apropriadas; NDC = Contribuição Nacionalmente Determinada; ODMs = Objetivos de Desenvolvimento do Milênio;
ODS = Objetivos de Desenvolvimento Sustentável; ONU = Organização das Nações Unidas; SAFs = sistemas agroflorestais;
SIPA = sistema integrado de produção agrícola; SPD = sistema plantio direto; UA = unidade animal; UNFCCC = Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
1 Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Consultor da Vetor Agroambiental, Brasília, DF; email: ronaldotrecenti@hotmail.com
Tabela 1. Processo tecnológico e compromisso nacional relativo à mitigação de emissões de GEE pela agropecuária.
emissão de GEE.
• Semeadura simultânea
Figura 6. Sistema Santa Brígida: consórcio de milho com feijão Figura 8. Integração lavoura-pecuária: pasto após soja.
guandu-anão.
A utilização desses sistemas integrados de produção • Age como uma barreira que impede a penetração de
agrícola tem proporcionado melhoria substancial da ferti luz na camada superficial do solo, impedindo a ger
lidade do solo (Figura 9) nos seus três aspectos: químico minação de plantas daninhas e de fungos causadores
(armazenamento, disponibilidade e eficiência de uso dos de doenças severas, como o mofo-branco;
nutrientes); físico (densidade, porosidade, aeração, infiltra • Serve como fonte de alimentos (carbono) para os
ção e retenção de água) e biológico (diversidade e atividade microrganismos que decompõem a MOS e fazem a
biológica, efeito supressivo). ciclagem de nutrientes;
------ o
CURSO ONLINE DE
NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO
DAS PRINCIPAIS CULTURAS
COMERCIAIS DO BRASIL
CURSO COMPLETO
Dezoito palestras, contendo mais de 30
horas de aula. PATROCÍNIO
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Sete palestras, contendo mais de 12 horas
de aula.
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MÓDULO BÁSICO
Onze palestras, contendo mais de 19 horas
de aula.
AULAS INDIVIDUAIS
Adquira aulas específicas dos temas e
palestrantes de interesse.
lantas cultivadas em solos tropicais apresentam • A escolha correta da dose de AH reduziu a FCPm
devolvido à solução do solo, em solos altamente intemperi- correlação positiva entre o teor de Ca2+ e a FCPm.
zados, impedindo a absorção do elemento pelas plantas. Entre
• A dose ótima de AH e a predominância de Mg2+ sobre
outros fatores, o aumento da adsorção de P no solo tropical
Ca2+ no volume de solo adubado com P são práticas
se deve ao menor pH e à predominância de caulinita e de
efetivas para reduzir a adsorção e aumentar a dispo
óxidos de Fe e Al na fração argila. Comparado aos solos da
nibilidade de P, especialmente, no Latossolo argiloso.
região temperada, as altas quantidades de P fixadas nos solos
brasileiros explicam as altas doses de fertilizantes aplicadas 2 2
• Resina: y = 174,38 + 0,20***x - S^W)** (R = 0,87)
para atender às exigências da cultura em P. 2
• Mehlich-1: y = 83,29 + 0,04***x (R = 0,88)
i i Resina
Além da calagem do solo, a aplicação de ácido húmico
(AH) é uma estratégia utilizada para reduzir a adsorção de P
em solos tropicais. O AH pode reduzir a adsorção e aumentar
a disponibilidade de P nos solos, entretanto, a magnitude desse
efeito é diferente quando o Ca2+ prevalece sobre o Mg2+ em
solos com acidez corrigida.
Nesse experimento, objetivou-se avaliar os efeitos de
doses de AH e de fontes de carbonato - carbonato de cálcio
(CaCO3) e carbonato de magnésio (MgCO3) - na adsorção,
• Resina: y = y i----- 1 Resina
fator capacidade de P máximo (FCPm) e disponibilidade de P
em solos contrastantes. Amostras de Latossolo e de Gleissolo
foram primeiramente incubadas com as seguintes doses de AH:
0, 20, 50, 100, 200 e 400 mg kg1, combinadas com doses de
CaCO3 ou MgCO3, para avaliar a adsorção de P. Em sequên
cia, as amostras de solo foram novamente incubadas com P
(400 mg kg1), para determinar a disponibilidade do elemento.
Resultados:
• A aplicação de AH reduziu a capacidade máxima de
adsorção, aumentou a energia de ligação do P e não Figura 1. Teores de fósforo em amostras de Latossolo (A) e Gleis
solo (B), extraídos por Resina e Mehlich-1, tratadas com
alterou o FCPm do Gleissolo.
doses de ácido húmico (HA) e fontes de carbonato.
• O teor de P disponível aumentou com o acréscimo * p < 0,05 ;**p<0,01;***p< 0,001. Médias seguidas pela
das doses de AH no Latossolo, contudo, não foi mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste
alterado no Gleissolo (Figura 1). F (p < 0,05). Barras representam o erro padrão da média.
O cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto Uma pesquisa publicada na Bioenergy Research alerta
aumenta o estoque de carbono no solo, incrementa o teor de que a remoção dos resíduos culturais (palha) da cana-de-
nitrogênio e ainda faz aumentar a produtividade, em compara açúcar para a produção de bioenergia (eletricidade ou etanol
ção com o sistema de preparo convencional do solo. Foi o que de segunda geração) pode impactar a demanda de fertilizantes
demonstrou um estudo realizado ao longo de nove anos por do país. Com 10 milhões de hectares, o Brasil é responsável
cientistas da Embrapa Algodão (PB) no Cerrado brasileiro. por cerca de 40% da produção global de cana-de-açúcar, e o
O experimento comparou o sistema plantio direto e o preparo aproveitamento da palha como matéria-prima para a indús
convencional do solo, com sucessão ou rotação de culturas tria tem se destacado como uma estratégia promissora para
— algodão, soja, milho e braquiária (Urochloa ruziziensis). aumentar a produção de bioenergia e a lucratividade do setor.
Os melhores resul “No entanto, a palha tem um papel muito importante
tados foram obtidos para sustentar diversas funções do solo e serviços ecossistê-
no sistema plantio micos associados, incluindo ciclagem de nutrientes e produ
direto do algodoeiro tividade das culturas”, lembra Maurício Cherubin, professor
em rotação com a do Departamento de Ciência do Solo, da Escola Superior de
soja consorciada com Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), autor do estudo
braquiária, e com o realizado em colaboração com outros docentes e estudantes.
milho em consórcio Cherubin reforça que a quantidade de nutrientes
com braquiária. exportados via palha deve ser quantificada e adequadamente
Depois de quase uma década, o sistema plantio direto restituída via fertilizantes para evitar a degradação da fertili
incrementou em 55% o teor de carbono, nos primeiros 5 cm dade do solo e, consequentemente, os impactos negativos na
de profundidade do solo, e em 20% o estoque de carbono na produtividade das plantas ao longo do tempo. Os resultados
camada até 40 cm de profundidade. “Essa taxa de aumento revelaram que a exportação potencial de nutrientes via palha
do carbono no solo é quase cinco vezes maior do que a meta atingiu, em média, 69 kg ha1 de N, 7 kg ha1 de P e 92 kg ha1
mundial proposta pela iniciativa ‘4 por 1.000’, apresentada de K por ano, representando um custo adicional com fertili
durante a 21a Conferência das Nações Unidas sobre as zantes de US$ 90 por hectare.
Mudanças do Clima (COP21). Isso mostra o potencial do “A análise dos cenários indicou que o consumo de
cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto para contri fertilizantes NPK pela cultura da cana-de-açúcar na região
buir com os compromissos assumidos pelo Brasil com vários Centro-Sul do Brasil tem aumentado na taxa de 46,5 mil tone
outros países em prol da redução do aquecimento global”, ladas por ano nos últimos 30 anos, totalizando 1,75 milhões
avalia o pesquisador da Embrapa Alexandre Cunha de Bar- de toneladas em 2016, o que representa 11,6% do consumo
cellos Ferreira, que coordenou o estudo. total de fertilizantes no país”.
O sistema conservacionista de preparo do solo também Se mantida essa mesma tendência, as projeções indi
resultou em acúmulo de nitrogênio e em ganhos na produti caram que o consumo de fertilizantes pela cana-de-açúcar
vidade da fibra de algodão. O teor de nitrogênio no solo em crescerá cerca de 80% em 2050, mesmo sem remoção de palha.
sistema plantio direto, nos primeiros 5 cm, foi 50% maior do “No entanto, se os nutrientes exportados via palha forem cor
que os teores encontrados nos demais sistemas. Já a produti retamente repostos, este consumo em 2050 será muito maior,
vidade registrada foi cerca de 10% maior e tem potencial de representando incremento adicional de 14 e 28% nos cenários
aumentar até 30%. de remoção menos intensivos, os quais preveem a manutenção
Nos últimos sete anos do estudo, após a consolidação das folhas verdes (mais ricas em NPK) no campo e a remoção
dos sistemas de cultivo e manejo do solo, a produtividade apenas das folhas secas”, pondera Cherubin. Por outro lado,
total de fibra foi de 13.958 kg ha1 no sistema plantio direto, a adoção do cenário mais drástico (remoção total), poderá
enquanto no monocultivo com preparo convencional do solo duplicar a demanda de fertilizante NPK em 2050, comparado
foi de 12.698 kg ha’1. “No sistema plantio direto houve o com o manejo sem remoção. “Neste cenário, o consumo de
incremento na produtividade de fibra de 1.260 kg ha1, o que fertilizantes fosfatados poderá aumentar 25%, enquanto o de
equivale praticamente a uma nova safra”, observa Ferreira fertilizantes nitrogenados e potássicos mais do que duplicará
(EMBRAPA Notícias). (126% e 147%)”, aponta o docente. (ESALQ Notícias)
2. 7o INTERNATIONALTEMPERATE RICE
CONFERENCE 8. 2o SIMPÓSIO NACIONAL DA AGRICULTURA
DIGITAL - MANEJO EFICIENTE NO CAMPO
Local: Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS
Data: 9 a 12/FEVEREIRO/2020 Local: ESALQ/USP, Piracicaba, SP
Informações: Embrapa Clima Temperado Data: 9 e 10/JULHO/2020
Email: andre.andres@embrapa.br Informações: FEALQ
Website: http://www.itrconference2020.com Email: cdt@fealq.com.br
Website: https://fealq.org.br
SIMPÓSIO
OTIMIZANDO A PRODUTIVIDADE EM
SISTEMAS DE PRODUÇÃO SOJA-MILHO
Local: Ciudad dei Este, Paraguai Informações: Nutrição de Plantas Ciência e Tecnologia - NPCT
Data: 6 e 7 de Maio de 2020 Contato: Elisangela Toledo
Inscrições: Somente através do website da NPCT: Telefone: (19) 3433-3254
https://www.npct.com.br/conference/sojamilho2020 Email: EToledo@npct.com.br
PROGRAMA PREUMIWAR
15:20-16:00 h Palestra 6: Nutrição e adubação da soja. 15:30-16:30 h Palestra 12: Tendência de mercado futuro para
Dr. Fernando Garcia, Consultor soja e milho. Eng. Agr. MSc Cleber Vieira, Agro-
consult
16:00-16:30 h Coffee break
16:30-16:45 h Encerramento. NPCTe Agronómico do Paraguai
16:30-17:10 h Palestra 7: Nutrição e adubação do milho.
Dr. Hugo Abelardo Gonzáles Villalba, Dekalpar
17:10-18:00 h Debate
requisitos de
qualidade dos
FERTILIZANTES MINERAIS
Preço: R$ 160,00
Pedidos: NPCT
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41
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS NPCT N° 4 - DEZEMBRO/2019
Ponto de Vista
ste número do Jornal Informações Agronômicas poderia ter grande chance de ser bem-sucedido por longo
NPCT^P
Fone/Fax: (19)3433-3254 - CEP 13419-160 - Piracicaba (SP) - Brasil
*••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••*
SISTEMAS DE CULTIVO
E DINÂMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA
Lucien Séguy1
Serge Bouzinac2
Angelo Carlos Maronezzi3
1Eng°Agr3 do CIRAD-CA, sediado em Goiânia-GO, coordenador da Rede Plantio Direto do Programa GEC. Telefone: (62)280-6286. E-mail: lseguy@zaz.com.br
2 Eng° Agr° do CIRAD-CA, trabalha em equipe com L. Séguy no Brasil e na Rede Plantio Direto GEC. E-mail: lseguy@zaz.com.br
3 Eng° Agr° e diretor da empresa de pesquisa privada AGRONORTE, Sinop-MT, parceiro do CIRAD-CA/GEC. Telefone: (65) 515-8383. E-mail:
agronort@terra.com.br
4 O Plantio Direto (PD) é um sistema conservacionista de gestão dos solos e das culturas no qual a semente é colocada diretamente no solo. Somente
um pequeno buraco ou um sulco é aberto, de profundidade e largura suficientes, com implementos concebidos para este fim, para garantir uma boa
cobertura e um bom contato da semente com o solo. A eliminação das invasoras, antes e depois do plantio, durante o cultivo, se faz com herbicidas,
os menos poluentes possíveis para o solo, que deve sempre permanecer coberto.
5 Para mais informações, o leitor poderá consultar o Dossiê “ Sistemas de cultivo e dinâmica da matéria orgânica” de L. Séguy, S. Bouzinac e A.C.
Maronezzi, 2001. 203p. (Documento Interno CIRAD-CA).
34398 - Montpellier Cedex 5 França, 2001.
nquetes
agnósti CO
k rápido
I
• Tradução das inovações
em técnicas praticáveis
• Reprodutibilidade
I
Exercício operacional
real em real grandeza
Sistemas de Criação-difusão-formação
Pesquisa-ação, participativa Matriz modelada dos
cultivo sistemas de cultivo
dos agricultores Funções essenciais perenizados:
*
| REFERÊNCIA, - Oferecer escolha de sistemas • Atuais
Estados do meio: diferenciados • Futuros possíveis
- Físico - Produzir conhecimentos
- Antecipar o desenvolvimento | MODELAGEM |
- Sócio-econômico ^-Treinar os atores • Praticabilidade Funcionamento
• Tecnicidade *
dos sistemas
• Economicidade
1 HIERARQUIZAÇÃO 1
dos componentes
dos sistemas
Definição de “terroirs”: conjunto de parcelas homogêneas caracterizadas por uma mesma estrutura e uma mesma dinâmica ecológica (agrossistema)
assim como pelo mesmo tipo de aproveitamento e instalações agrícolas (G. Duby, A. Vallon).
MEIO REAL
• Validação x ajustes
dos sistemas
• Levarem conside
ração limitações
sócio-econômicas
• Formação dos atores
Contribuição a:
(*) TERROIR: Conjunto de parcelas homogêneas
- Adoção,
caracterizadas por uma mesma estrutura e uma mesma
dinâmica (agrossistema), assim como o mesmo tipo de - Organização dos
aproveitamento e instalação agrícola. agricultores
oooo
tanto, colhe-se as duas culturas sucessivas durante a estação chu ♦ Seu conteúdo em nutrientes: C N, P, Ca, Mg, K, S e micro-
vosa, e em seguida, durante a estação seca, tem-se uma produção nutrientes.
de carne ou de leite assegurada pela cultura forrageira (Figura 6).
Estas medições são efetuadas sistematicamente:
A duração da estação chuvosa e a importância da pluvio-
metria determinarão as possibilidades de aplicação de um ou outro ♦ antes do plantio direto das culturas comerciais,
tipo de sistema de Plantio Direto com cobertura permanente dos
♦ depois da colheita de grãos, e após a das biomassas de
solos.
cobertura instaladas em safrinha.
2.2. ACOMPANHAMENTO - AVALIAÇÃO E ANÁLISE O registro destes parâmetros informa sobre a dinâmica do
DE IMPACTOS carbono e dos nutrientes procedentes da mineralização das restevas
das culturas comerciais e das biomassas de cobertura oriundas
2.2.1. ACOMPANHAMENTO-AVALIAÇÃO tanto da parte aérea quanto da radicular (funções das coberturas:
alimentar, recicladora e reestruturadora, de recarregamento em
Depende das escalas de intervenção:
carbono).
♦ NA ESCALA DA PARCELA estão avaliadas as performan
ces comparadas dos sistemas de cultivo com o passar do tempo, em Igualmente são acompanhados, em cada sistema de cultivo,
termos: o parasitismo dos solos e das culturas, e a evolução da flora dani
nha (função de controle das coberturas).
a) agronômicos: produtividade de matéria seca das culturas
comerciais ou alimentares (biomassas aéreas = grãos + palhas, e b) técnicos = factibilidade (exeqüibilidade) técnica dos sis
biomassas radiculares) e seus teores em nutrientes; produtividade temas de cultivo, capacidade de trabalho dos equipamentos meca
das culturas “biomassas de cobertura” ou “bombas biológicas” nizados e da mão-de-obra, sua flexibilidade de uso, sua penosidade.
que desempenham sua multifúncionalidade nos solos e que consti
tuem o leito no qual efetua-se o plantio direto das culturas comer c) econômicos = custos de produção, margens brutas e lí
ciais. São registrados: quidas, relação custo/beneficio. No caso das agriculturas manuais,
também o número de dias de trabalho e a sua valorização.
• Os rendimentos em matéria seca das partes aéreas e radi
culares e sua dinâmica de crescimento, O registro desses dados mínimos permite, em todos os casos:
• identificar os sistemas mais estáveis e de menor risco do • propriedades biológicas: caracterização da fauna (macro
ponto de vista da gestão econômica frente às variabilida e meso), biomassa microbiana, biomassa microbiana/C, C e N orgâ
des climáticas e econômicas. nico, dinâmica do C (C13/C12) (CERRI et al., 1985), método do fracio
namento granulométrico das matérias orgânicas (FELLER, 1995),
índice da atividade biológica global (Bourguignon C., 1995/2000,
• NA ESCALA DA TOPOSEQÜÊNCIA comunicação pessoal).
• Dinâmica da erosão e do escorrimento (qualitativo),
• NAS EXTERNALIDADES
• Avaliação das extemalidades: carga sólida, teores em ni
tratos, bases, P, moléculas xenobióticas, recuperadas na Na escala de toposeqüências representativas ou parte de
parte “a justante” das toposeqüências (Figura 2). microbacias:
5 ANOS 10 ANOSl; 3 ANOS 3 ANOS ; 3 ANOS ■ 3 ANOS ■ 3 ANOS 3 ANOS ; 3 ANOS 6 ANOS 5 ANOS
PD2 sobre cobertura morta PD2 sobre PD2 sobre cobertura morta
cobertura Produção de grãos/Pastagem
viva Pastagem
—^66
-0,66 Soja sobre Milho S°jaMiihA+n^ firac/7/ã/7aL Panicum
Tifton sobre Milheto^ brizantha Pu maximum
Arachis
1- PD = Plantio direto
FONTE: E. Maeda, M. Esaki, Grupo Maeda; L. Séguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA/GEC; Porteirão/GO, 1995/1999
2,5- 2,4
2,0- 1,8
1,5
1,0
0,5-
FONTE: L. Séguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA/SCV; Munefumi Matsubara, Fazenda Progresso - Lucas do Rio e Verde/MT -1978/1998
FIGURA 11. TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO DAS PERFORMANCES DAS CULTURA DA SOJA NOS SISTEMAS DE
CULTURAS DURÁVEIS CRIADOS PELA PESQUISA E CONSEQÜÊNCIAS SOBRE A PRODUÇÃO DE
BIOMASSA AÉREA E A TAXA DE MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
Latossolos oxidados e hidratados sobre rocha ácida das frentes pioneiras do Centro-Norte
do Mato Grosso - Ecologia de florestas e cerrados úmidos
Situação 19
inicial Duas culturas anuais
Duas culturas anuais/ano
♦ kg/ha alternadas com
uma só cultura anual
em sucessão +
engorda na estação
Monocultura seca (1,8 UA/ha)
Soja x qradaqens . 4.000-
♦
O
% M.O. (0-10 cm)
Solos degradados
♦ 3.000-
Produtividade
baixa de Soja: o
1.700 kg/ha 2.000- r-
I I % M.O.
— Intervalo avaliado M.O. 1.000 -I
□□ Baixa tecnologia Soja
E3 Baixa tecnologia,
biomassa Milheto,
Sorgo, outras Biomassa aérea
— Intervalo avaliado totalt/ha/ano
produtividade • Plantio direto sobre Soja
Maiores • Plantio direto generalizado x Rotações de todas as
I I Alta tecnologia Soja • Rotação com Arroz, Milho
+ Biomassas (Sorgo, Milheto) culturas + Pastoreio integrado (Arroz, Soja, Algodão,
progressos • Plantio direto na Soja e Milhe
I I Alta tecnologia, • Plantio direto no Arroz + biomassas de cobertura = Milheto, Sorgo, Pé-de-
tecnológicos • Aração no Arroz
biomassa Milheto, • Integração Soja + Biomassas galinha, Brachiarias, etc.)
e pastagens, em plantio direto • Pastagem na estação seca,
Sorgo, outras
(Rotação em 3-4 anos) • Biomassas as mais performantes: Pé-de-galinha,
Brachiaría ruziziensis consorciada com Milheto e Sorgo
• Baixos custos e economia de adubo
FONTE: L. Séguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA; M. Matsubara, Fazenda Progresso; A. Trentini, Cooperlucas; A.C. Maronezzi, Agronorte-MT, 1986/2000
| Situação inicial
1986
Duas culturas anuais
Arroz - cultura de aber kg/ha em sucessão +
z~ 'Duas culturas anuais/ano
tura das terras novas Uma so cultura alternadas com
Engorda na estação
seca (1,8 UA/ha)
(Cerrados e florestas) 8.000 uma só cultura anual
7.000
Qualidade de grãos
medíocre 6.000
4
5.000-
Poucos insumos
(P, K, N, Ca + Zn) 4.000
3.000-
Produtividade entre
1.800 e 2.200 kg/ha 2.000
O % M.O. 1.000 d
— Intervalo avaliado M.O.
□□ Baixa tecnologia Soja
O Baixa tecnologia,
biomassa Milheto,
Biomassa aérea
total t/ha/ano
17,0 a 8,6 03 17,3 22,5 20,5 28,4
Sorgo, outras Maiores | * Plantio direto sistemas • Plantio direto x Rotações de todas as culturas + Pasto
• Rotação com Soja
l-Grão de qualidadel com 2 culturas anuais reio integrado (Arroz, Soja Algodão, + biomassas de
— Intervalo avaliado progressos * Aração contínua
em sucessão = cobertura = Milleto, Sorgo, Pé-de-galinha, Brachiárias, etc.)
produtividade tecnológicos ________ - Soja e Arroz + Biomassas • Pastagem na estação seca,
□□ Alta tecnologia Soja de cobertura (Milheto, • Biomassas as mais performantes: Pé-de-galinha +
I I Alta tecnologia, Sorgo, crotalária) Crotalária; Brachiaría consorciada com Milheto e Sorgo
biomassa Milheto, • Qualidade de grão superior à das variedades de arroz
Sorgo, outras irrigado
FONTE: L. Séguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA; M. Matsubara, Fazenda Progresso; A. Trentini, Cooperlucas; A. C. Maronezzi, Agronorte-MT, 1986/2000
vo em PD cada vez mais atuantes, e igualmente de um domínio genético sempre é nitidamente melhor no PD do que na aração para
técnico aprimorado, a análise das performances agronômicas com as principais doenças fúngicas do aparelho vegetativo e reprodutor
paradas dos sistemas de cultivo leva às seguintes conclusões: (SÉGUY et al., 1998b).
• O rendimento da soja, tanto de ciclo curto (cv. Conquista) Se a produtividade da soja em PD está estreitamente correlata
à produção de biomassa seca de gramíneas, o arroz de sequeiro
quanto de ciclo médio (cv. FT 114), é sempre nitidamente superior
responde da mesma forma desde que a nutrição nitrogenada não
nos sistemas em PD do que na testemunha preparada. A diferença
seja limitante (SÉGUY et al., 2001).
de produtividade cresce, ano a ano, em prol do PD; ela é propor
cional à importância da biomassa seca na qual está implantada a Os sistemas de PD sobre coberturas mortas e vivas mais
soja em PD: na presença de um baixíssimo nível de adubação mine produtivos em biomassa seca por ano são também aqueles que
ral (0 N-40 P?O5 + 40 K2O), essa diferença de rendimento a favor do produzem mais grãos e que melhor seqüestram o carbono.
Plantio Direto vai de 13 a 17%, no primeiro ano, a 30 a 42% no
terceiro ano para os melhores sistemas, qualquer que seja o ciclo da • Num mesmo ano agrícola, pode-se produzir (e reprodu
variedade (Figura 13). Quando a adubação aplicada é duplicada zir) 6 a 7 t/ha de arroz de sequeiro de grão agulhinha ou 4 a 5 t/ha de
(0 N-80 P9O5 + 80 K2O), as diferenças em favor dos melhores siste soja, seguidos em safrinha, de 3 a 5 t/ha de cereais “bombas bioló
mas em PD oscilam de 15 a 25%, no primeiro ano, para ambos os gicas”, consorciadas com espécies forrageiras que formarão uma
ciclos, para 18-24% para o ciclo curto, e 31 a 47% para o ciclo médio pastagem durante toda a estação seca, a qual pode agüentar 1,5 a
no terceiro ano (Figura 13). 2,0 cabeças de gado/ha nesses 3 meses (produção de 50 a 90 kg/
ha de carne)', estas três culturas anuais sucessivas, que abrangem
• A produtividade do arroz de sequeiro é, como a da soja,
os 12 meses do ano, conduzidas em Plantio Direto, consomem mui
sempre maior em Plantio Direto do que em solo preparado (Figura to pouca adubação mineral: 50 a 115 kg N.ha hano1 no total, con
14). O rendimento médio das três melhores variedades, em 1997/98, forme a cultura de cabeceira (soja ou arroz, respectivamente), 100 a
é de 5.420 kg/ha (90 sc/hd) em PD sobre cobertura morta de pé-de- 110 kgP^.ha hano1,110 a 130 kg K^O. ha1.ano1.
galinha (Eleusine coracand) contra 4.260 kg/ha (71 sc/hd) na aração
Também é possível produzir entre 3.000 e 4.600 kg/ha de
com a mesma rotação, ou seja, um ganho de produtividade de 23%
algodão (200 a 307 @/hd) em plantio direto após possantes
a favor do PD. Em 1998/99, na mesma rotação, o rendimento médio
biomassas de cobertura, em rotação com sucessões precedentes.
do Plantio Direto para essas mesmas cultivares é de 5.025 kg/ha
(83,7 sc/hd) contra 2.885 kg/ha (48 sc/hd) na aração, ou seja, um Portanto, a produtividade das principais culturas quase
ganho de 43% para o PD. Além disso, o estado sanitário do material triplicou em 15 anos; os progressos marcantes realizados são impu-
■ (T) Gradagens x Monocultura x 0 N + 40 P2O5 + 40 K20 + micros I I (T) Gradagens x Monocultura x 0 N + 80 P2O5 + 80 K20 + micros
Plantio direto x 0 N + 40 P2O5 + 40 K2O + micros I I I Plantio direto x 0 N + 80 P2O5 + 80 K2O + micros
Produtividade máxima2
6.698 5.620 5.525 5.513 4.822 6.375 6.299 7.023 5.768 6.273
e C. V. S. S. C. N. P. C. P. C. N. P. S. C. N. P. S.
S.
Campo experimental
2. Produtividade máxima registrada em área comercial Best 2000 em 1998/99 = 8.500 kg/ha, em Campo Novo dos Parecis
FONTE: Séguy L, Bouzinac S., CIRAD-CA; Maronezzi A., Lucas G. L., Bianchi M., Rodrigues F. G., AGRONORTE - Sinop/2000
táveis mais aos avanços decisivos, que foram progressivamente econômico. Em função do nível de risco escolhido pelo agricultor,
construídos e conquistados na gestão dos solos e das culturas em os custos de produção podem variar de US$ 300 a 600/ha nos siste
Plantio Direto do que aos do melhoramento varietal (SÉGUY & mas em PD com base em arroz, soja, milho + safrinhas seguidas de
BOUZINAC, 1992/2000; SÉGUY et al., 1996). engorda na estação seca, ou praticados sobre coberturas vivas
(Figura 16), e até US$ 1.300/ha com a cultura algodoeira de alta
• As consequências técnico-econômicas da utilização dos
tecnologia (PD + alta dose de insumos). As margens líquidas por
sistemas de cultivo em PD ou em solo preparado refletem as suas hectare vão de 100 a mais de US$ 600/ha, apesar da penalização
performances agronômicas. econômica, e em função das escolhas e dos preços pagos aos pro
A região das frentes pioneiras do Centro-Norte do Mato dutores (Figura 16).
Grosso enfrentou desde o início de sua abertura, nos princípios Os encargos de mecanização puderam ser reduzidos drasti
dos anos 80, uma situação econômica caótica e padeceu das camente com a adoção do PD: o número de tratores e de plantadeiras
reestruturações econômicas sucessivas do país. Afastada dos gran pode ser dividido por dois, assim como o consumo de combustível
des centros de transformação, dos portos de exportação (mais de (Figura 17).
1.500 km), a região só tem uma estrada asfaltada, geralmente em
Pressões e penalizações econômicas que levaram à adoção
estado de conservação precário, a qual onera muito os custos dos
maciça do PD desde 1995 transformaram essa região na campeã
fretes. Este isolamento se traduz por uma penalização que oscila
brasileira de produtividade em soja e arroz de sequeiro de alta
entre 25 e 40% de sobrecustos de produção em relação aos custos
tecnologia (Figura 18). Se a média de produtividade da soja ultra
dos grandes Estados produtores do Sul do país (SÉGUY et al.,
passa amplamente 3.000 kg/ha (50 sc/ha) na região, em mais de
1996) (Figura 15).
1,3 milhão de ha (Figura 18), produtividades de arroz de sequeiro
Nesta conjuntura, os custos de produção da soja, cultura entre 4.000 e 5.500 kg/ha (67e 92 sc/ha) são, hoje em dia, corriquei
industrial mais estável, podem variar de 280 a mais de US$ 430/ha ras para os agricultores. Pouco a pouco, “na marra”, nasceu, e em
em função do nível de tecnologia e do ano. Para o arroz de sequeiro, seguida se fortaleceu, um perfil de agricultores muito atuantes, ap
os custos variaram ainda mais no período 1987/2000 de algodão. tos a afrontar a globalização sem subsídios.
As melhores performances técnico-econômicas são sempre
obtidas em plantio direto; elas permitem, apesar da situação econô 3.3.2. ECO-REGIÃO DAS FLORESTAS TROPICAIS
mica muito instável, construir afolhamentos (= distribuição anual SOBRE BASALTO DO CENTRO-OESTE
das diversas culturas na fazenda) mais estáveis e de menor risco BRASILEIRO (Sul do Goiás, Norte de São Paulo)
14H
D)
12d
O
CD 10H
LU
O
8H
O
o
6d
<
CD
4H
CD
2d
0 -1
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ANO
1 - Período: Fevereiro-Março, a cada ano
FONTE: L. Séguy, S. Bouzinac - CIRAD-CA/ GEC; N. Maeda, M. A. Ide, A. Trentini, Grupo Maeda;
A. C. Maronezzi, AGRONORTE, Sinop/MT, 2000
1 Fonte: Prof. Luiz Vicente Gentil, Monsanto, Semeato, Fundação MT, Rondonópolis-MT, 1995
baixíssima fertilidade dos solos quando se usa tão somente a aduba- ♦ Com 5 t/ha de esterco somente, as técnicas de PD permi
ção orgânica (o rendimento do milho cai para menos de 400 kg/ha tem tirar partido destes solos considerados inprodutivos em culti
sem nenhuma adubação). vo tradicional.
♦ A Figura 23, referente ao tempo gasto em dias/ha nas ope
• Os sistemas de cultivo em PD sobre as culturas de milho,
rações manuais, estabelecidos num período de cinco anos na rede
soja e feijão produzem mais a cada ano, qualquer que seja o nível de
regional de localidades, em função de diferentes sistemas de culti
adubação; com aração, a produtividade fica estagnada ou se mos
vo, evidencia:
tra muito flutuante em presença dos mesmos níveis de insumos
(Figura 22). ♦ Os sistemas de plantio direto consomem muito menos mão-
de-obra do que os sistemas com aração: os manejos técnicos relati
• Em relação ao manejo com aração, os sistemas em PD pro vos às culturas de trigo, milho, arroz de sequeiro, feijão e soja ne
duzem no 4 o ano: cessitam respectivamente, em média: 74,84,96 e 90 dias homem/ha
qualquer que seja o tipo de solo, contra 190 a mais de 220 dias/
♦ Três a quatro vezes mais milho, qualquer que seja o nível homem/ha para os manejos das mesmas culturas com aração;
de adubação; ♦ O Plantio Direto proporciona, portanto, uma grande eco
nomia de mão-de-obra em relação à aração, e justamente nas opera
♦ Quatro vezes mais soja, somente com esterco, e 2,5 a 3 ve ções mais penosas do calendário cultural: preparo do solo e capi
zes mais com esterco + adubação mineral média ou for nas. A aração faz uso de 50 dias/ha, em média, contra somente
te; 4 dias/ha para tratar as biomassas da parcela ou com herbicida total
de pré-plantio, ou para trazer biomassa seca exógena e assim refor
♦ Quatro vezes mais feijão, somente com esterco, e 1,5 a 2,5
çar a cobertura do solo.
mais com esterco + adubação mineral média e forte, res
pectivamente (F igura 22). ♦ O controle das invasoras nas parcelas cultivadas ne
cessitam de 60 a 70 dias/ha de capinas na aração, contra somen
• Nos solos ácidos, improdutivos com as técnicas tradicio te 6 a 12 dias/ha nos sistemas em PD (uso de herbicida seletivo ou
nais de aração, o plantio direto permite alcançar, no 4o ano, de capina manual mínima ou ambos combinados).
3.000 até 6.000 kg/ha de milho dependendo do nível de adubação ♦ No final, os tempos gastos nos itinerários técnicos em PD
utilizado, de 1.400 a 2.300 kg/ha de feijão, e de 1.800 a 3.000 kg/ha de são reduzidos de 58 a 65% em relação aos conduzidos com aração e
soja, nessas mesmas condições. capinas tradicionais.
1996/1997 1997/1998
FONTE: E. Maeda, M. Esaki, GRUPO MAEDA; L. Séguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA/GEC; Porteirão/GO, 1995/1999
♦ Os custos de produção são sistematicamente menores no cultura que melhor valoriza a adubação mineral e proporciona a
PD, qualquer que seja o nível de adubação e o tipo de solo, graças maior valorização do dia de trabalho: US$ 5,80 na adubação média +
a uma grande redução da mão-de-obra: 12 a 30% de economia em esterco e US$ 6,00 na adubação forte + esterco.
função da cultura e do nível de adubação (Figura 24). Os sistemas de cultivo praticados com aração nos solos
ácidos induzem a valorizações de dia de trabalho próximas ao salá
♦ As margens líquidas sempre são muito maiores no Plantio
rio mínimo diário unicamente para as culturas de milho e soja.
Direto do que na aração, para todas as culturas e qualquer que seja
o nível de adubação. As mais interessantes, nos solos ácidos, são,
em PD: 4. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
♦ Para a cultura de milho somente com esterco: + US$ 323/ha
contra US$ 58,00 na aração; O Plantio Direto sobre coberturas permanentes do solo é
provavelmente o paradigma mais completo construído até hoje para
♦ Para a cultura de soja com esterco + adubação mineral o desenvolvimento planetário de uma agricultura sustentável, pre
média: + US$ 469/ha contra + US$ 122/ha na aração; servadora do meio ambiente, manejado de modo mais “biológico”
♦ Para a cultura de feijão somente com esterco: + US$ 139/ha possível.
contra uma margem negativa de - US$ 104/ha na aração Mais do que portador de esperança, o PD mostra sua capa
(Figura 24). cidade de restauração do estatuto orgânico dos solos tão rapida
mente quanto este se degrada com o preparo destruidor nas gran
Em relação ao salário mínimo diário de US$ 0,87 pago na des eco-regiões subtropicais e tropicais. O exemplo dos Trópicos
região em 1997/98, os sistemas em PD praticados somente com es Úmidos é eloqüente a este respeito, onde os processos que coman
terco que valorizam melhor o dia de trabalho (Figura 24) oferecem dam a degradação do recurso-solo (erosão) e a mineralização da
remunerações diárias oscilando entre US$ 2,13 e US$ 4,65 nos solos M.O. andam mais depressa do que em qualquer outro lugar do
ácidos de baixa fertilidade, em função das culturas, ou seja, de 3 planeta. O estatuto orgânico dos solos pode, com o uso dos siste
a 5 vezes o salário mínimo diário. mas em PD mais atuantes, alcançar logo e ainda ultrapassar o dos
O milho revela-se a cultura mais remuneradora em solo ácido ecossistemas naturais (florestas, cerrados), até nessas eco-regiões
em PD somente com esterco, seguido da soja e do feijão. A soja é a com climas excessivos, onde temperatura e pluviometrias são altas
I | Desenvolvimento = Herbicidas pré, pós, capinas, coberturas N, K, • Na ecologia das florestas tropicais do Cen
Inseticidas, Pix tro-Oeste do Brasil, sobre latossolos oriundos de
| | Custos de colheita, de transporte, custos fixos, custos de administração basaltos, com fortes declives, o plantio direto, em cul
tivo moderno e mecanizado, propicia a controle total
(*) Resultados obtidos em lavoura comercial | Preço pluma ^22,4 US$/@
da erosão, o acréscimo de 10 a 30% na produtividade
FONTE: L. Séguy, S. Bouzinac, CIRAD-CA; M.A.Ide, A. Trentini, GRUPO MAEDA - Ituverava, SP do algodoeiro, a diversificação da produção, contro
lando a peste vegetal “tiririca” (Cyperus rotundus).
0
PLANTIO DIRETO
• Duas culturas em
sucessão anual
Sendo:
- Uma cultura comercial
+
- Uma biomassa
de reforço
"Bomba biológica"
Biomassa
das restevas
18-22 t/ha
A PLANTIO
DIRETO
• Duas culturas em
sucessão anual
Sendo:
- Uma cultura comercial
+
- Uma biomassa
de reforço
“Bomba biológica”
+
-1 pasto temporário
na estação seca
Biomassa
das restevas
26-32 t/ha
BORGES, G. Especial 10 anos - retrospectiva dos principais fatos IPCC. Climate change 1995. Working group 1. Cambridge:
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CIRAD provisoire). et travaux de 1TRAT 19. CIRAD-CA, 1989.223p.
0 CONCEITO DE
MULTIEUNCIONALIDADE DAS
BIOMASSAS DE COBERTURA
EM PLANTIO DIRETO
1
ACIMA DO SOLO NO PERFIL CULTURAL
1 1
Função Função de Função Função de Função Função Função de
alimentar
1 controle protetora “costurar” recicladora reestruturadora recarregamento
das o solo pelo (NO3, bases) pelos em carbono
iI------- J---------- l1
Culturas Gado,
invasoras
Sombreamento Temperatura,
sistema
radicular ♦ sistemas
radiculares
CTC
♦
fauna
+ alelopatia Precipitação
Xenobióticos
(Polissacarídeos) Conexão
com reserva
profunda
♦
Esqueleto
Desenvolvimento da
atividade biológica
de água de (fauna, microflora)
sustentação Poder tampão
do solo desintoxicador
VELOCIDADE DE MINERALIZAÇÃO
_____________________________
"X
ANUAIS PERENES,
INCLUINDO
k ERVAS DANINHAS
• EFEITOS ALELOPÁTICOS
DESENVOLVIMENTO DE CENÁRIOS DE
PRODUÇÃO DE GRÃOS INTEGRADOS
OU NÃO COM A PECUÁRIA
• Sem herbicidas ^Agricultura biológica
• Somente com herbicidas totais em baixa
dosagem, num solo coberto, protegido
1 Diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento, APTA/Pólo Regional do Centro-Sul, Piracicaba, SP; e-mail: ambrosano@aptaregional.sp.gov.br
2 APTA/DDD - Ação Regional, Av. Brasil, 2340, CEP 13070-178, Campinas, SP.
3 APTA/IAC - Centro de Solos e Recursos Agroambientais, Caixa Postal 28, CEP 13001-970, Campinas, SP.
4 UNICAMP/FOP- Departamento de Odontologia Social, Bioestatística, Caixa Postal 52, CEP 13414-903, Piracicaba, SP.
5 Instituto de Zootecnia, Bioestatística, Rua Heitor Penteado, 56, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP.
• Disponibilidade hídrica
A quantidade e a distribuição pluvial irão definir o maior ou
menor desenvolvimento da planta no outono-invemo. Conside
rando-se a implantação das culturas já no final da estação chuvosa,
Figura 1. Plantio de lablabe, planta multi-funcional (adubo verde e
portanto em condição marginal de distribuição hídrica, é normal,
forrageira).
principalmente para semeaduras mais tardias, a ocorrência de déficit
acentuado, tanto mais freqüente e intenso quanto mais ao norte do
paralelo 22°S. Assim, semeaduras mais antecipadas em sentido in • Promove aumento da CTC efetiva do solo e na disponibi
verso a essa tendência são garantia de menor risco. lidade de macro e micronutrientes.
A fase crítica na implantação das leguminosas é, sem dúvi • Colabora para a diminuição da acidez potencial do solo
da, a da germinação e emergência das plântulas, ocasião em que a com conseqüente aumento na soma de bases e no V%.
falta de água restringe ou impede a obtenção de população adequa • Fornece nitrogênio, no caso de se utilizar leguminosas
da. Posteriormente, pela natureza do sistema radicular, pela menor (Fabaceae), para as culturas seguintes pelo processo de fixação
demanda de água devido o avançar do outono-invemo e pelo está biológica do nitrogênio.
Tabela 1. Quantidade de nutrientes deixados no solo pelas leguminosas. Figura 3. Análise econômica da rotação de culturas em cana-de-açúcar.
Receita líquida após adubação verde.
Espécie N P K Ca Mg S
Nesse ensaio, o cultivo de cana-de-açúcar sucedendo a dois
- - - (kg ha1) - -
anos de crotalária, dois anos de mucuna e soja-mucuna, foi o me
Mucuna-preta 215 37 102 133 142 31
lhor tratamento, não diferindo entre si, quando se avaliaram os ren
Crotalaria juncea 234 35 76 78 90 46 dimentos médios bianuais da cana-de-açúcar. Quando o segundo
Soja 38 13 33 61 23 9 cultivo da leguminosa foi soja, independente da espécie anterior, a
produtividade da cana-de-açúcar
foi menor que a dos tratamentos
Mascarenhas et al. (1994a)
testados. Isso pode significar
estudaram um sistema de suces
que o efeito da matéria orgânica
são de culturas envolvendo um
produzida pela mucuna no pri
único cultivo das leguminosas
meiro cultivo já havia desapare
Crotalaria juncea, mucuna-pre-
cido, mesmo com o posterior cul
ta e soja, e tratamentos sem legu
tivo da soja.
minosas (pousio), com ou sem a
aplicação de N mineral. Em se Os tratamentos soja-soja
guida, a cana-de-açúcar foi im e mucuna-soja proporcionaram
plantada e foram efetuados três respostas estatisticamente seme
cortes. Nos últimos cultivos, as lhantes entre si e ligeiramente su
produtividades da cana-de-açú- periores ao pousio-pousio + N
car após a mucuna-preta e a cro- mineral, provavelmente pela
talária foram semelhantes e su mesma causa apontada anterior
periores aos demais tratamentos. mente, ou seja, baixa produção
Na média dos três cultivos de de matéria orgânica pela soja. A
cana-de-açúcar, as sucessões testemunha pousio-pousio foi o
com crotalária e mucuna propor pior tratamento, e os demais tra
cionaram acréscimos de produ tamentos apresentaram acrésci
tividade de 27 t ha’1 e 25 t ha’1 mos percentuais de 39% (crota-
de cana e 3,0 t ha1 e 3,2 t ha1 de açúcar, respectivamente, quando lária-crotalária), 33% (mucuna-mucuna), 27% (mucuna-soja), 26%
comparados com a testemunha, sem adubo verde. Por outro lado, (soja-soja) e 20% (pousio-pousio).
com a aplicação de N houve aumento de somente 9,0 t ha1 de Não obstante o pequeno retomo em produção de cana para
cana e 1,1 t ha1 de açúcar, comprovando os benefícios físicos que o tratamento sucedendo a soja, economicamente este leva vanta
o pré-cultivo das leguminosas traz à cana-de-açúcar. gem devido à possibilidade de venda dos grãos, uma vez que sua
Com a soja não foram observadas as mesmas taxas de incre produtividade de massa é pequena.
mento, provavelmente devido à menor capacidade de produção de Trabalhos mais recentes realizados no Pólo Centro-Sul rea
matéria orgânica, comparada aos outros adubos verdes testados. O firmam que a adubação verde exerce um importante papel na recu
sistema radicular menos vigoroso e a ineficiência no controle de peração da fertilidade do solo, proporcionando aumento da capaci
nematóides podem, também, ter contribuído para a menor resposta. dade de troca de cátions; disponibilidade de macro e micronutrientes;
Os acréscimos médios na produtividade de cana-de-açúcar formação e estabilização de agregados; melhoria da infiltração de
em relação aos tratamentos sem adubo verde foram de 22%, 20%, 7% água e aeração; diminuição diuturna da amplitude de variação tér
e 4%, após, respectivamente, crotalária, mucuna, pousio + N e soja. mica; controle de nematóides e, no caso de leguminosas, incorpo
Em outro estudo com rotação de culturas, Mascarenhas et ração de N ao solo através da fixação biológica.
al. (1994b) efetuaram cultivo de cana-de-açúcar sucedendo a dois Observa-se na Tabela 2 o efeito da mucuna nas característi
anos de leguminosas - crotalária, mucuna e soja -, consecutiva ou cas químicas mais importantes do solo, que ajudam a melhorar sua
associativamente, e dois anos de pousio com ou sem a aplicação de fertilidade.
Nota-se que a presença do adubo verde provocou algumas Tabela 4. Produtividade de material vegetal verde e seco e produtividade
alterações no solo que puderam ser detectadas pela sua análise, de grãos de culturas utilizadas em sistema de rotação com cana-
como incremento significativo na soma de bases, devido ao aumen de-açúcar. IAC/APTA, Piracicaba, 2002.
to de cálcio e magnésio e, conseqüentemente, maiores valores de Parte aérea
CTC. A presença de ácidos orgânicos na massa vegetal pode ser a Tratamento Micorrizas Produção
Verde Seca
causa dessa mudança. Observou-se também um acréscimo signifi
cativo na acidez potencial da testemunha, sem leguminosa como (%) ■ - (kg ha1) - -
adubo verde. 1* 62 2.370 1.609 1.287
Com o objetivo de quantificar a produtividade da cana-de- 2 72 7.165 1.905 1.192
açúcar cultivada em sistema de rotação com leguminosas, foi insta 3 49 17.960 6.231 -
lado um experimento em Piracicaba, SP, em área do Pólo Regional
4 62 20.160 5.247 -
Centro-Sul (DDD/APTA), durante os anos de 2000 e 2001. A rota
ção da cana-de-açúcar foi realizada com sete culturas, das quais 5 57 15.532 5.436 1.805
seis eram leguminosas: amendoim Tatu, amendoim IAC-Caiapó, 6 70 21.090 14.404 -
Crotalaria juncea, mucuna-preta, soja, girassol, feijão mungo e um 7 55 9.340 4.920 966
tratamento testemunha. Cada parcela foi constituída por cinco li
* Tratamentos: 1 = amendoim Tatu, 2 = amendoim IAC-Caiapó, 3 =
nhas de 10 metros de comprimento, espaçadas 1,35 metros entre si.
Crotalaria juncea, 4 = mucuna-preta, 5 = soja, 6 = girassol, 7 = feijão
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados
mungo.
com cinco repetições. A Tabela 3 contém as características do solo
no qual o experimento foi instalado.
Observa-se que os melhores resul
tados de produtividade da cana-de-açú
Tabela 3. Características químicas do solo do experimento. Pólo Regional Centro-Sul (DDD/APTA),
car ocorreram após rotação com girassol
Piracicaba, SP, ano arícola 2000-2001. Médias dos tratamentos.
IAC-Uruguai (13 8,91 ha1), amendoim IAC
Solos Prof. MO pH p K Ca Mg H+Al SB CTC V caipó (135,1 tha1), sojaIAC-17 (1351 ha1)
(g dm'3) (CaCl2) (mg dm'3) " ^IIIIIIUI^ C111I f " (%)
e Crotalaria juncea (131,72 t ha1). Há
grande evidência de que as relações mi-
Solo sem 1* 17 5,0 9 0,4 17 11 34 28,4 62,7 45 crobiológicas possam estar afetando po
adubo verde 2 17 4,7 4 0,3 15 7 42 22,3 64,6 35
sitivamente o desempenho da cana-de-
Solo com 1 21 5,6 12 0,2 32 20 22 52,2 74,7 70 açúcar nessa rotação.
adubo verde 2 17 5,2 7 0,7 22 15 31 37,7 68,5 55 Isso também fica evidente com o
* Profundidade da amostragem 1 = 0-20 cm e da amostragem 2 = 20-40 cm. comportamento dos insetos-pragas. A Fi
gura 6 apresenta os dados de colmos infes-
As leguminosas foram incorporadas ao solo com o auxílio tados com broca da cana-de-açúcar, onde se observa que o tratamento
de um triturador, em meados de abril de 2001, e em seguida plantada com soja apresentou o menor índice de infestação.
a cana-de-açúcar (variedade IAC-87-3396). Porém, devido a um
veranico prolongado, houve necessidade de replantio da cana-de-
açúcar na primeira quinzena de outubro de 2001. Após o desenvol
vimento, durante o período de 12 meses, a cana-de-açúcar foi colhi ■ Tatu
da em setembro de 2002, sendo avaliados o peso de uma amostra de □ Caiapó
cana-de-açúcar contendo 15 colmos e sua produtividade. As pro □ C. juncea
dutividades do material vegetal (verde e seco) e de grãos das cultu □ Mucuna
ras utilizadas em rotação com cana-de-açúcar também foram avalia □ Soja
das. Na Tabela 4 são apresentadas as produtividades do material □ Girassol
vegetal (verde e seco) e de grãos e a porcentagem de infecção por □ Mungo
Tratamentos
micorrizas FMVA das culturas utilizadas em rotação com cana-de-
açúcar. Figura 4. Percentagem de infecção de raízes por micorrizas.
(kg) (t ha1)
Amendoim Tatu 17,5 B* 121,1 B
Amendoim IAC-Caiapó 19,6 AB 135,1 AB
Testemunha sem adubo verde 13,8 C 95,2 C
Crotalaria juncea 19,1 AB 131,7 AB
Mucuna-preta 17,7 B 122,5 B
SojaIAC-17 19,6 AB 135,0 AB
Figura 7. Cultivo de mucuna-preta. Além de adubo verde, das suas
Girassol IAC-Uruguai 20,2 A 138,9 A
sementes são extraídas substâncias medicinais.
Feijão mungo (Ml46) 17,8 B 123,1 B
CV (%) 8,63 8,68
Outro sistema de cultivo utilizado na cana-de-açúcar é o
* Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste cultivo intercalar, segundo Romanini, citado por Lombardi e Carva
de Duncan a 5% de probabilidade. lho (1981). As culturas mais freqüentes são feijão, soja e amendoim,
por aumentarem o excedente econômico do produtor sem alterarem
significativamente a produtividade da cana-de-açúcar. Em geral, as
não-leguminosas têm um efeito competitivo, o que pode diminuir a
produtividade da cana-de-açúcar.
Esse sistema difere do uso de leguminosas para a adubação
verde pois, nesse caso, o retomo econômico aparece no aumento
da produtividade da cana-de-açúcar, bem como na economia de N
mineral.
Com a rotação cana-soja, nas áreas de reforma do canavial,
a semeadura da soja é efetuada em outubro, permanecendo na área
até fevereiro, mantendo uma cobertura num período crítico de muita
chuva. A receita da soja cobre praticamente 60% dos custos de
produção da cana, além de dispensar a adubação nitrogenada na
T1 = amendoim Tatu T5 = mucuna-preta
T2 = amendoim IAC-Caipó T6 = soja
cana-planta.
T3 = testemunha T7 = girassol Antes de efetuar o plantio da leguminosa deve-se verificar
T4 = Crotalaria juncea T8 = feijão mungo se o controle de plantas foi efetuado com herbicidas, pois muitos
Figura 6. índice de infestação média de Diatraea saccharalis (broca da
produtos usados recentemente podem ser prejudiciais às legu
cana-de-açúcar) em colmos de cana submetida à rotação com minosas. Verificar, também, através da análise química do solo, a
leguminosas em áreas de reforma. necessidade de correção de alguns elementos, pois as leguminosas
são exigentes em P, Ca e Mg, além de serem pouco tolerantes à
A prática da adubação verde com leguminosas na cultura acidez do solo.
da cana-de-açúcar é recomendada durante a reforma do canavial A leguminosa adubo verde deve ser incorporada quando
(CARDOSO, 1956), proporcionando as seguintes vantagens: não 50% das plantas apresentarem florescimento, recomendando-se o
implica na perda de um ano agrícola; não interfere na germinação da plantio da cana-de-açúcar aos 20 dias após esta operação.
Solo sem adubo verde Solo com crotalaria Figura 8. Nitrogênio na Planta Proveniente da Fonte marcada (NPPF%)
Variáveis
0-20 cm 20-40 cm 0-20 cm 20-40 cm nas diferentes amostragens (3c = amostra de colmos e 4c =
amostras de colmos na colheita final).
pH 4,1 4,0 4,5 4,7
MO (g dm’3) 26 22 24 22 Com os resultados isotópicos apresentados na Tabela 7,
P (mg dm’3) 3 14 6 6 constata-se que, na colheita final, não houve diferença nas quanti
S (mg dm’3) 12 15 8 8 dades de nitrogênio (QNPPF) encontradas na cana-de-açúcar pro
K (mmolc dm’3) 0,7 0,5 0,3 0,3 veniente das fontes de N, indicando que tanto a fonte orgânica
Ca (mmolc dm’3) 7 6 12 11 quanto a mineral foram capazes de suprir a demanda pela cana-de-
Mg (mmolc dm’3) 6 5 11 10 açúcar; entretanto, na primeira época de amostragem pode-se ob
H + Al (mmolc dm’3) 50 68 36 31 servar que houve mais N na cana-de-açúcar proveniente da fonte
Al (mmolc dm’3) 10 11 2 2 orgânica na presença do N-SA, seguida da fonte orgânica sem SA
SB (mmolc dm’3) 13,7 11,5 23,3 21,3 e, finalmente, só a fonte mineral.
CTC (mmolc dm’3) 63,7 79,5 59,3 52,3
Na colheita final não se observou diferença entre as fontes
V% 22 14 39 41 de nitrogênio, o que pode estar indicando, independente da forma
de N aplicada, que a percentagem de N na cana-de-açúcar prove
O experimento constou de duas etapas, sendo a primeira niente das duas fontes foram semelhantes, isto é, apresentaram a
referente à semeadura e marcação do adubo verde com 15N, como mesma utilização pela cultura. Em adição, pode-se dizer que quando
descrita por Ambrosano et al. (2003), que culminou com a obtenção se efetua a adubação verde, em proporções semelhantes às do pre
de material vegetal marcado seco que continha 2,412% em átomos sente estudo, pode-se suprimir a fertilização mineral nitrogenada de
de 15N em excesso, em uma massa seca equivalente a 9,150 t ha1 cobertura em cana-planta, uma vez que os dados de produtividade
contendo 21,4 g kg1 de N, totalizando um aporte de 195,8 kg ha1 de agrícola da Tabela 8 também apontam para esse fato.
N adicionados ao solo. Na última amostragem, as diferenças entre tratamentos no
Na segunda fase do experimento estudou-se o aproveita NPPF desapareceram, e se observa nitidamente uma crescente di
mento do N pela cana-de-açúcar fertilizada com adubo verde luição do N-fontes na planta de cana-de-açúcar que cresce rapida
Crotalaria juncea e sulfato de amónio (SA) marcados com 15N, mente (Figura 8). Outro fator que deve estar contribuindo para es
utilizando-se cinco tratamentos: TI = testemunha, sem adubo ver ses resultados observados na primeira época de amostragem pode
de e sem SA; T2 = sem adubo verde, com SA-15N; T3 = com adubo ser a conservação da umidade nos tratamentos com adubo verde e
verde-15N e com SA; T4 = com adubo verde-15N, sem SA; T5 = com esta umidade estar favorecendo a atividade microbiológica, o cres
adubo verde e com SA-15N . cimento da cana-de-açúcar e o melhor aproveitamento do nitrogê
Foram feitas quatro amostragens de folhas +3 e cortados nio; contudo, não foram feitas medidas da umidade a fim de dar
2 metros lineares da cultura para estimativa da produtividade. Com suporte a estas inferências.
os resultados dos teores de N (g kg1) e da abundância isotópica Dos resultados observados pode-se concluir que as maio
de N (% em átomos de 15N) das amostras de folhas +3 e da produti res percentagens de NPPF foram encontradas após 8 meses de
...............................................................Recuperação do N (%).........................................................................
Sem adubo verde e com N mineral* 2,64 A b 20,89 AB a 23,01 A a
Com adubo verde* e com N mineral 5,72 A a 8,34 BC a 5,66 B a
Com adubo verde* e sem N mineral 3,53 A a 6,25 C a 5,47 B a
Com adubo verde e com N mineral* 5,09 A b 35,05 A a 30,93 A a
CV% = 27,31
Épocas de amostragem
Tratamentos 29 de outubro 20 de fevereiro 28 de maio 24 de agosto Média
de 2001 de 2002 de 2002 de 2002
plantio da cana para os tratamentos com adubo verde sem N-mine- Não obstante, observa-se uma retração na área plantada e a neces
ral, e adubo verde com N-mineral, e foram de 15,3% e 18,4%, res sidade de melhorar cada vez mais a produtividade dos pomares,
pectivamente. A maior recuperação do N foi observada na colhei com menor custo. E é nessa redução de custo que a prática da
ta, 18 meses após o plantio, sendo que o tratamento com N- mineral adubação verde pode colaborar com o agricultor, garantindo menor
apresentou 34,8% e na soma N-mineral mais N-adubo verde apre uso de insumos importados, como fertilizantes e herbicidas.
sentou 39,9%. Os tratamentos alteraram significativamente os valo
O manejo inadequado do solo pode trazer sérias conse
res de produtividade agrícola da cana-de-açúcar, indicando o me
quências com os cultivos, exaurindo-o de suas reservas orgânicas
lhor desempenho para o uso conjunto de adubo verde e N-SA,
e minerais, transformando-o em terras de baixa fertilidade. Nos so
quando comparado com a testemunha, porém sem apresentar dife
los tropicais, suscetíveis a esse fenômeno, toma-se necessário o
rença com o tratamento utilizando-se somente adubo verde.
emprego constante de práticas que visem minimizar esse problema.
PESQUISAS COM LEGUMINOSAS ADUBOS A prática da adubação verde permite recuperar a fertilidade
do solo proporcionando aumento do teor de matéria orgânica, da
VERDES EM CITROS
capacidade de troca de cátions e da disponibilidade de macro e
No Estado de São Paulo, também chamado “Pomar do Mun micronutrientes; formação e estabilização de agregados; melhoria
do”, cerca de 670 mil hectares são ocupados com laranja, produzin da infiltração de água e aeração; diminuição diuturna da amplitude
do mais de 15 milhões de toneladas que, em grande parte, são ex de variação térmica; controle dos nematóides, redução da infestação
portadas e ajudam no superávit da balança comercial brasileira. de plantas daninhas, aumento na infecção das raízes por fungos
• Efeitos biológicos
Tabela 9. Quantidades médias de nutrientes incorporadas ao solo pelas leguminosas após quatro anos de
semeadura intercalar ao citros. A utilização da adubação
verde, segundo Silva et al. (1999),
Macromitrientes (kg ha1) Micronutrientes (g ha-1)
±i aiaiiiviiius pode vir a constituir num dos mé
N p 2 o5 k2 o Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn todos mais baratos no controle de
nematóides, Meloidogyne princi
C. juncea 183,4 39,2 204,4 104,8 52,4 13,1 236 92 4.153 721 275
palmente, desde que se escolha as
C. spectabilis 44,3 10,2 56,1 38,4 9,8 3,4 74 30 561 170 64
espécies adequadas de plantas no
Guandu 143,6 29,9 131,3 54,7 20,5 9,6 157 82 3.119 506 144
sistema. Algumas espécies contri
Mucuna-preta 85,6 18,8 72,6 39,2 14,2 6,4 93 64 8.095 612 103 buem para o incremento popula
Mucuna-anã 91,0 15,3 54,6 31,5 14,0 7,0 91 74 5.768 714 105 cional, enquanto outras, como as
Lablab 67,4 19,2 69,3 41,7 19,3 7,1 93 32 4.565 578 100 crotalárias, mucunas e guandu, re
Feijão-de-porco 169,4 30,6 137,9 108,9 30,3 10,9 169 42 4.005 780 133 duzem sua população no solo.
O manejo associado com
Obs: Quantidade de nutrientes considerando plantio em área total; para área de citros, considerar 50% dos
vegetação espontânea, roçada por
valores.
Fonte: SILVA (1995).
todo ano, e com uso de feijão-de-
porco plantado nas águas e roça-
Elemento Tratamentos
analisado Ano NPK 2NPK Crotalaria juncea Guandu Mucuna-preta Mucuna-anã Feijão-de-porco
(mmol dm*3)
90/91 42 ab 49 a 34 b 37 ab 40 ab 38 ab 43 ab
91/92 60 ab 70 a 40 c 43 c 42 c 42 c 47 bc
92/93 56 ab 68 a 40 c 37 c 42 bc 40 c 50 bc
CV% 19,09
Médias seguidas por letras distintas na horizontal não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05).
Fonte: SILVA (1995).
tir o estande ideal e o melhor Cajanus cajan - feijão guandu 50 17 0,5 9/12 4/5
crescimento das plantas. Cajanus cajan - feijão guandu-anão 25 20 0,5 9/12 3/4
Mucuna aterrima - mucuna-preta 65 4 0,5 9/12 4/5
Geralmente não se
Mucuna deeringiana - mucuna-anã 80 8 0,5 9/12 3/4
deve adubar os adubos ver
Dolichos labe-labe - lablabe 60 13 0,5 9/12 3/4
des, a não ser para corrigir
Canavalia ensiformis - feijão-de-porco 100 5 0,5 9/12 3/4
alguma deficiência nutricional
Milheto africano 15 70 0,3 9/12 3/4
ou como parte do manejo da
Nabo forrageiro 15 30 0,3 3/5 7/8
adubação dos citros.
1 Recomendações baseadas no peso de 1.000 sementes e adaptadas para citros.
A época ideal para o
Fonte: SILVA (1995).
corte dos adubos verdes é no
Tabela 13. Efeito dos adubos verdes crotalária e mucuna-preta quando aplicados separadamente ou em conjunto com uréia na produtividade de grãos de
arroz cultivados em Pindorama e Votuporanga, SP.
Locais
Tratamentos ------—--------------------------------------------——;----------------------------------------- -——-----------;--------
Votuporanga Pindorama Analise conjunta
1 Os valores entre parêntesis nas colunas de grãos correspondem aos incrementos em relação à testemunha.
2 Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Duncan (P < 0,05).
I iLI Lí
do grão proveniente da mucuna-preta e CD 3.000-
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Conteúdo
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 315
TERMODINÂMICA. FUNDAMENTOS DO MANEJO CONSERVACIONISTA E QUALIDADE
DO SOLO............................................................................................................................................ 316
PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS................................................................................................ 322
DINÂMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO......................................................................... 324
FRACIONAMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA............................................................................ 331
Fracionamento físico granulométrico................................................................................................. 332
Fracionamento físico densimétrico .................................................................................................... 332
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS NO ESTUDO DA MATÉRIA ORGÂNICA .......................... 333
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................. 336
LITERATURA CITADA ...................................................................................................................... 337
INTRODUÇÃO
Bertol I, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da água. Viçosa, MG: Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo; 2018.
316 ClMÉLIO BAYER ET AL.
solo e o baixo aporte de filomassa residual, pela nlla frequência de pousio Invernal,
monocultura e queima de filomassa residual determinam uma baixa intensidade dnft
processos ordenalivos e elevada intensidaile de processos dissipativos (ordenalivos/
dissipativos < 1), promovendo diminuição no nível de ordem do solo (aumento da
entropia) e redução da energia armazenada no solo (redução de enlalpia). Assim, com
estas práticas de manejo, os solos agrícolas brasileiros experimentaram uma Inlcnsa e
rápida degradação (Mielnicz.uk, 1999).
A análise da termodinâmica do sistema solo permite inferir que o manejo
conservacionisla do solo deve envolver dois fundamentos: o não revolví mento e o
alto aporte de filomassas residuais, cuja adoção concomitante é essencial para que
a intensidade dos processos ordenalivos seja superior ã intensidaile dos processos
dissipativos (ordenalivos/dissipativos > 1), fazendo com que o solo passe a experimentar
uma melhoria gradual da sua qualidade. Na figura I, exemplificam-se os fluxos de (' em
Argissolo sob preparo convencional (preparo convencional-PC, lavração e gradagem) e
baixo aporte de filomassas residuais (aveia/milho - A/M, sem adubação nilrogenada).
Nesta situação, os processos ordenalivos no solo são alimentados pela incorporação
anual de 0,9 l ha'1 ano-1 de C na matéria orgânica do solo. Por sua vez, os processos
dissipativos ocorrem a uma intensidade equivalente a 1,4 I ha-1 de C, demonstrando que
nesse manejo, que não apresenta nenhum dos fundamentos do manejo conservacionisla,
a intensidade dos processos dissipativos é superior a dos processos ordenalivos (Figura
1a) e o solo perde qualidade ao longo do tempo. A partir da adoção simultânea dos
fundamentos de não revolvimenlo (semeadura direla-SD) c do alto aporte ile filomassas
residuais (aveia+ervilhaca/milho+caupi - A+Ij/M+C), a laxa dos processos dissipativos
(equivalente a 1,1 l ha'1 ano 1 de C) passa a ser menor do que a dos processos ordenalivos
(equivalente a 1,6 I ha'1 ano 1 de C) (Figura 1b), e o solo passa acumular matéria orgânica
e aumenta a qualidade.
Solos submetidos a sistemas convencionais de manejo (ordenalivos/dissipalivos • I)
apresentam um decréscimo no nível de ordem (Figura 2a). Por sua vez solos submetidos
a sistemas conservacionislas de manejo (ordenalivos/dissipalivos > I), que contemplam
os dois fundamentos do manejo (não revolvimenlo e alto aporte de filomassíis residuais),
tendem a se organizar e a apresentar nível de ordem mais elevado (Figura 2a). Na figura
2b, verifica-se a similaridade entre a evolução dos estoques de C d.i matéria orgânica do
solo ao longo de 13 anos de aplicação de diferentes sistemas de manejo de solo (Uayer et
al., 2000), em relação ao comportamento teórico da organização do solo em relação aos
sistemas de manejo adotados (Figura 2a)
Cabe salientar que os sistemas de manejo que constam na figura 2b são os mesmos
da figura 1. Verifica-se, assim, que os sistemas de manejo, que determinam processos
ordenalivos menos intensos do que os processos dissipalivos(PC A/M) no solo, resultam
numa diminuição do nível de ordem no solo, caracterizado por um rápido c intenso
processo de degradação (Figuras la e 2b). Por sua vez, sistemas de manejo que envolvem
a adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo (não revolvimenlo do solo v alto
aporte de filomassas residuais, SI) ATF./M+C) determinam um balanço positivo dos
processos ordenalivos em relação aos processos dissipativos (ordenalivos/dissipalivos:-1)
e uma elevação no nível de ordem do solo, promovendo a conservação ou melhoria da
qualidade do solo (Figuras 1 b e 2b).
Figura l.Ciclagem de C num Argissolo submetido a um (a) manejo com intenso revolvimento (preparo
convencional-PC, lavração e duas gradagens) e baixo aporte de fitomassas residuais (aveia/
nulho-A/M, sem adubação mtrogenada), e a (b) manejo que contempla os fundamentos do não
revolvimento (semeadura direta-SD) e do alto aporte de fitomassas residuais (aveia+ervilhaca/
milho+caupi - A+E/M+C). Fluxos de C calculados a partir de Lovato et al. (2004).
O conceito do solo como "sistema" significa que o solo é formado por sub-sistemas
(físico, químico e biológico), que interagem entre si. Isto implica que a adoção de sistemas
conservacionistas de manejo determina melhoria em indicadores químicos, físicos e
biológicos de qualidade do solo, resultando na melhoria da qualidade do solo como
um todo. Os indicadores de qualidade do solo são referidos por alguns autores como
"propriedades emergentes” (Vezzani, 2001), sugerindo que se tratam de propriedades
que o solo somente passa a apresentar quando submetido a sistemas conservacionistas de
manejo.
Nos diferentes estados de organização do solo, que estão representados na figura 2a,
surgem as propriedades emergentes. No nível de ordem alto, caracterizado pela presença
de estruturas mais complexas, que são os macroagregados, e grande quantidade de matéria
orgânica retida, as propriedades emergentes que se destacam são: resistência às erosões
hídrica e eólica, aumento da CTC e do estoque de nutrientes, adsorção e complexação de
compostos orgânicos e inorgânicos, favorecimento dos organismos do solo, promoção da
Figura 2. (a) Figura teórica da razão entre os processos ordenativos e dissipativos e a organização do
sistema solo sob os sistemas de manejo PC A/M e SD A+E/M+C [adaptado de Vezzani (2ÜÜ1)
em analogia a Prigogine (1996)] e sua similaridade com o (b) comportamento dos estoques de C
orgânico verificado em Argissolo subtropical sob os mesmos sistemas de manejo.
Fonte: (Bayer et al, 200Ü).
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É importante ressaltar que essa maior energia incidente tem re exos na maior axa os
processos de natureza biológica, o que faz com que, em regiões tropicais e su ropicais, o
balanço dos processos ordenativos e processos dissipativos no solo somente seja a cançado
a partir da adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo de solo (não reyo vimento
do solo e alto aporte de biomassa vegetal). Isso significa relatar que a a oçao iso a a e um
ou de outro fundamento do manejo não terá o resultado esperado em re açao a me oria da
qualidade do solo. Essa análise permite inferir as implicações negativas a a ta requência
de pousio invernal e da monocultura, entre outras práticas, sobre a qua i a e e so os em
semeadura direta.
Figura 5. Diferença na produtividade de soja (kg ha’1) entre semeadura direta e preparo convencional
(SD-PC, em que valores + = SD > PC; e valores - = SD < PC) em diferentes fases que ocorrem
no decorrer do período de adoção da SD (crítica, consolidação, maturidade) em L.itossolo
Vermelho na monocultura trigo-soja e na rotação de culturas tremoço-milho/aveia prela-soja/
trigo-soja/trigo-soja, ns e * = diferença não significativa e significativa em nível de 5 % (Tukvy),
respectivamente. Embrapa-Soja, Londrina, PR.
Fonte: Dcbiasi et al (2013).
dC (D
~di = k,A-k2C
Figura 7. Balanço de entradas (lqA) e das perdas de C (k,C) são determinantes dos estoques de C na
matéria orgânica no solo.
Fonte: Adaptado de Bayer et al (2006a).
Ct = COe^' (1 - e*)
A partir das expressões 1 e 2, pode-se inferir que, para manter ou recuperar os estoques
de C no solo, os manejos deverão implementar um elevado aporte de fitomassas residuais
(A) e uma reduzida taxa de decomposição (k,) de MO de forma que haja um equilíbrio
(k1A=JC,C) ou um balanço positivo das entradas em relação às perdas de C (k,A > k,C).
Basicamente, a adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo de solo resultam
normalmente no balanço positivo das entradas em relação às perdas de C, em razão do efeito
do alto aporte de fitomassas residuais, que define uma alta adição de C fotossintetizado, e
o não revolvimento do solo em SD, que determina uma redução da taxa de decomposição
da MO em relação a solos sob PC. Portanto, a adoção dos dois fundamentos do manejo
impactam favoravelmente a dinâmica da MO no solo, tanto reduzindo perdas como
aumentando as adições, tendo como resultado uma variação positiva dos estoques de C no
solo (dC/dt > 0).
Na figura 8 é ilustrado o impacto de diferentes preparos (PC e SD) nas taxas de
decomposição da matéria orgânica em dois solos com textura e mineralogia distintas, e no
quadro 1, o efeito de sistemas de preparo e de culturas nos estoques de C orgânico no solo
e no tempo médio de residência (TMR) da matéria orgânica num Argissolo subtropical.
Pc.. (8 k8 ) 0,9 23
Manejos c c frriUHUHCriilr
^cullurat ÇuUl TMR
........... ........ I ha'1 — anos
PC A/M 32,55 19,29 6,34 25,70 25
AHi/MtC 19,29 11,27 30,63 25
em solo sob SD. De acordo com este modelo, a fitomassa resi ua an o na corno
no PC é incorporado inicialmente em macroagregados, na forma e ma ria orgânica
parliculada (MOP) grosseira (> 250 pm). Com o tempo, a tv par ícu a a (MOP)
grosseira é decomposta para MOP fina e incorporada em microagregados(< 250 yni)
dentro dos macroagregados, num grau de proteção física maior, om a ecomposiçào
da MOP grosseira, os macroagregados eventualmente podem ser desestabilizados e
liberar os microagregados. Entretanto, com nova adição de fitomassa cultural residual,
os microagregados se unem novamente em macroagregados, reiniciando o ciclo da
agregação". No caso do solo manejado em PC, a mobilização rompe os macioagregadose
se inicia a decomposição acelerada da MOP grosseira, sem que esta tenha oportunidade
de ser incorporada e protegida na forma de MOP fina em microagregados.
Embora haja evidência clara de a SD proporcionar acúmulo de C nos solos tropicais
e subtropicais brasileiros (Sá et al., 21)01, Amado et al., 2006; Bayer et al., 2006c; Bernoux
et al , 2006, Boddey et al., 2010), em nível internacional, alguns estudos questionam o
papel da SD em acumular MO e mitigar aquecimento global (Baker et al., 2007; Angers
e Eriksen-Hamel, 2008; Blanco-Canqui e Lai, 200S; Powlson et al., 2014; Vandenbygaart,
2016) Na abordagem de Angers e Eriksen-Hamel (2008), os estoques de C no solo sob
SD ou PC são equivalentes, sob a argumentação que o acúmulo de C em superfície no
solo sob SD é compensado pelo acúmulo de C na parte inferior da camada arável"
(até 21 -25 cm) do solo sob PC, em razão da simples inversão de camada e incorporação
de fitomassa residual superficial neste manejo. No entanto, trabalhos conduzidos em
condições tropicais e subtropicais indicam que o acúmulo de C na SD pode se extender
para bem além dos 21-25 cm de profundidade (Sisti et al., 2004; Dieckovv et al., 2005b;
Boddey et al 2010). Seguindo com os questionamentos, Vandenbygaart (2016) afirma
que a capacidade da SD em mitigar mudanças globais do clima é um mito, pois, em seu
entendimento, não está totalmente provado que a SD globalmente promove sequestro
de C no solo, e, mesmo que promovesse, este não seria quantitativamente significativo
numa mitigação das emissões globais.
lndependentemente dessa discussão, o fato é que a SD bem manejado e aliado a
sistemas de culturas de alta produção primaria líquida (alto aporte de biomassa vegetal)
apresenta resultados promissores de sequestro de C no solo. O que convém, no entanto,
é o questionamento aulocrítico de como a SD está sendo praticado, especialmente nas
lavouras brasileiras, e se a rotação de culturas e o manejo de cobertura e estrutura do solo
estão sendo eteti vamente tratados conforme os princípios da agricultura conservacionista.
Na maior parte das lavouras de grãos do Brasil, o desafio da conversão do PC para aSD
ioi superado, ou está mais próximo de ser superado. Agora, nas áreas de SD, o desafio
corrente é trabalhar o sistema de culturas visando um alto aporte de palhada (A), além
da diversificação de espécies.
Embora a adição A seja o fator mais manejável nos sistemas de culturas, o coeficiente
k, não pode ser negligenciado. Quanto maior o k{, melhor, e isso depende da recalcitráncia
molecular (razão hgnina/N), mas, possivelmente, em maior parte, da acessibilidade
microbiana à biomassa residual (Balesdent e Balabane, 1996, Bohnder et al., 1999). A
recalcitráncia molecular da MOS refere-se à resistência intrínseca das moléculas orgânicas
ao ataque microbiano. Atualmente, porém, se reconhece que a recalcitráncia não é o mais
importante mecanismo de estabilização da matéria orgânica (von Lützow et al., 2006;
Marschner et al., 2U08; Dieckow et al., 2009, Kõgel-Knabner e Kleber, 2012). Estruturas
de carboidratos, supostamente mais "lábeis" são observadas em frações físicas (argila)
onde a matéria orgânica leni maior tempo tle lurnover (IJick et a!., 2005, Dicckow et al.,
2009). No entanto, cabe deslocar que a recalcllrâncin ainda lem sua devida importância
nas fases iniciais de decomposição das íilomassas residuais (von l.tltzow et al., 2006;
Carvalho et al., 2009; Kógel-Knabner e Kleber, 2012).
O ã( de raízes é geralmenle maior que o da parle aérea, possivelmente por raízes
estarem enterradas no solo e fisicamente protegidas em agregados e por lerem maior
relação lignina/N (Bolinder et al., 1999). O da parte aérea varia entre 0,08 e 0,26 e é em
média 0,12 (Gregorich et al., 1995; Bolinder et al., 1999). Para sistemas de culturas anuais
e subtropicais brasileiros com aveia-preta, ervilhaca, caupi e milho, Bayer et al. (2006b)
estimaram um kt conjunto de parte aérea e raiz de 0,15, tanto em solo em PC como em
SD. Para a cana-de-açúcar, Cerri (1986) obteve um k, = 0,20.
Seguindo o entendimento de que o coeficiente iso-húmico (k() de raízes é maior que
o da parte aérea, vários estudos indicam que a raiz é o principal contribuinte para formar
a MO do solo e não a parte aérea. Katlerer et al. (2011) estimaram, para nove culturas
agrícolas, um kt médio de raízes 2,3 vezes maior que o da parle aérea (0,35 vs 0,15); um
resultado coerente com o TMR 2,4 vezes maior para C-raiz que C-partc aérea da revisão
de Rasse et al (2005). No sul do Brasil, Tahir (2015) verificou, com marcação 11C, que
após um ano do cultivo de ervilhaca, ervilha forrageira e trigo, em média 30 % do C de
suas raízes ainda estavam presentes no solo (0-30 cm), contra somente 5 % do C da parte
aérea, numa clara indicação da maior contribuição de raízes ao estoque de MOS.
Paradoxalmcntc, justamente a quantificação da adição por raízes é uma das
maiores dificuldades nos estudos de manejo de solo e matéria orgânica. Amostragens
de solo+raízes geralmenle são trabalhosas e danificam as parcelas dos experimentos
de manejo do solo de longa duração, as quais normalmente apresentam pequena
dimensão. Além disso, os métodos de avaliação de raizes não consideram a quantidade
de C adicionado ao solo via rizodeposição, embora Bolinder et al. (2007) proponham que
C,il/ihlrponi^u
, = C.l'hiniâM>n
, x 0,65.
ralrcs
Alia
Eficiência microbiana de uso do substrato
'
Al
K*j
Qualidade do resíduo
xAlcitmnic^H Etfmlural
Metabólico
LAbil
Figura 9. Ilustração do impacto da maior eficiência cm acumular matéria orgânica no solo a partir de
fitomassas residuais de maior qualidade.
Fonte: Adaptado de Colrufo cl al (2013).
podem interferir na análise da matéria orgânica, como também carências instrumentais por
causa do custo elevado de aquisição e manutenção de equipamentos analíticos. Várias técnicas
desenvolvidas originalmente na química analítica são empregadas na Ciência do Solo para
identificar e quantificar estruturas moleculares da MO, destacando-se as espectroscópicas
como a ressonância magnética nuclear (RMN) (Knicker e Lüdemann, 1995; Kõgel-Knabner,
2000) ressonância paramagnélica eletrônica (EPR) (Senesi e Steelink, 1989; Martin-Neto et
al., 1994) e fluorescência induzida por laser (FIL) (Bayer et al., 2002a; Milori et al., 2002).
Resultados de ressonância magnética nuclear do IJC com polarização cruzada e ângulo
mágico de giro (CPMAS ”C RMN), RMN no estado sólido indicam que a distribuição
espectral da intensidade relativa do sinal de 13C em solos brasileiros segue um padrão
mais ou menos definido (Dick et al., 2005, Dieckow et al., 2005a; 2009; Boeni et al., 2014),
com o sinal de C-o-alquil predominando, seguido por C-alquil, C-aromártico e C-carbonil.
O interessante neste padrão é que o tipo de C mais abundante, C-o-alquil, é um associado
às estruturas moleculares potencialmente lábeis, como a de carboidratos/polisacarídeos,
enquanto o C-aromático, potencialmente mais recalcitrante, está em proporção bem menor
A interação entre os polisacarideos e a superfície de óxidos de ferro e a estabilização,
por óxidos em geral, de microagregados (< 250 pm), que protegem físicamente a matéria
orgânica (Balesdent et al., 2000a; Krull et al., 2003; von Lützow et al., 2006), são processos que
podem explicar essa predominância do C lábil o-alquil. Ao contrário do entendimento que
MO é constituída pnncipalmente por estruturas polimericas de natureza mais aromática
e alto peso molecular (Stevenson, 1994), espectros de RMN de amostras de solo indicam
que MO é uma mistura de estruturas derivadas de carboidratos, lipídios, peptídios e
lignina de origem vegetal ou microbiana. Isso se refere à substituição da teoria de estrutura
macromolecular da MO humifícada pela teoria da estrutura supramolecular. muito
discutida nas últimas duas décadas (Wershaw, 1999; Piccolo, 2001; Burdon, 2001;Kleber e
Johnson, 2010).
Mudanças de uso da terra como a conversão de cerrado ou campo nativo em lavoura
anual em PC, além de reduzirem o estoque de MO, alteram significativamente sua
composição original, com diminuição de C-o-alquil e C-alquil e aumento da concentração
relativa de C-aromático, C-carbonil e da razão aromático/o-alquil (Dieckow et al., 2005a,
2009). Tais alterações de composição indicam que houve mineralização preferencial, mas
nãocompleta, de constituintes como polisacarideos (o-alquil) e lipídios (alquil), aumentando
assim a concentração relativa de estruturas mais recalcitrantes como as aromáticas, mas
não sua quantidade absoluta.
No entanto, com a substituição do PC pela SD ocorre uma recuperação parcial da
composição original da MO, principalmente com incremento de C-o-alquil e diminuição
da concentração relativa de C-aromático (Dieckow et al., 2005a,2009). Isso é um indicativo
que a recalcitrância não é o principal mecanismo responsável pela estabilização de C no
solo, e reforça a hipótese que a proteção física por oclusão, melhorada por agregados mais
estáveis, e a interação com as superfícies minerais estejam desempenhando o papel mais
relevante na estabilização de C no solo sob SD
Radicais livres estáveis, como semiquinona, derivados possivelmente de estruturas
aromáticas (Steelink e Tollin, 1962; Riffaldi eSchnitzer, 1972), geralmente apresentam
maiores concentrações em solos manejados sob PC em relação aos manejados sob SD.
Aplicando a técnica EPR, Bayer et al. (2002a) verificaram que a concentração de 14,0 x IO'7
spins g’1 de radicais livres da fração ácido húmico da camada de 0-2,5 cm de um Argissolo
Vermelho sob PC reduziu em quase seis vezes no solo em SD por nove anos (2,4 * 10'
spins g').
O grau de humificação da MO da camada de 0-2,5 cm de Lalossolo Vermelho do
Cerrado íoi medido via FIL por Milori el al (2006), os quais encontraram um índice de
humiíicação de 195*10*’ (unidades arbitrárias) em solo sob PC e uma redução para I24 *
10*, quando em SD, indicando novamente a maior recalcilráncia da MO em solos sob PC
Avaliando o potencial da ILP com um ou dois anos de lavoura seguidos por dois
ou três anos de pastagem de Bnichinrifi tlecuttibeita em alterar qualitativamente a matéria
orgânica, Boeni el al. (2014), trabalhando em três experimentos de longa duração no
Cerrado, observaram que este sistema, comparado â lavoura contínua sob.semeadura direta,
também aumentou a proporção de C-o-alquil, tanto do solo inteiro como das frações físicas
leve livre, leve oclusa e pesada. No solo sob pastagem perene de Brncliinriu tleciimbois, este
aumento foi ainda maior. Tanto na ILP como na pastagem perene, o incremento de o-alquil
pode ser atribuído ao respectivo incremento na adição de filomassa destes sistemas, aliado
a não mobilização do solo.
Enquanto mudanças de uso do solo ou de sistema de preparo alteram mais
significativamente a qualidade da MO, o mesmo não pode ser afirmado com relação aos
efeitos de sistemas de culturas de grãos em SD, que parecem exercer menor influência sobre
a composição da MO, apesar de promover significativas alterações no estoque (Skjcmstad
el al., 1986; Oades et al., 1988; Colchin el al., 1995a; Dieckow el al., 2005a) Porém, o fato de
não se detectar alterações não significa que essas não existam; pode ser uma limitação da
técnica em não possuir sensibilidade suficiente ou em sofrer interferência de outros fatores,
como a presença de Fe3* sobre sinais de RMN.
Contudo, sistemas de culturas tendem a modificar a composição da MOP, numa
tendência de se aproximar da composição do tecido das plantas, mas não o suficiente para
que isso seja perceptível na composição da matéria orgânica total do solo (Oades el al.,
1988; Dieckow et al., 2005a). Apesar disso, tal efeito não deve ser desprezado e merece
ser investigado com mais profundidade, no sentido de entender melhor o papel da
composição das plantas sobre a composição da MOP e, por conseguinte, sobre o acumulo
de C nessa fração. O índice de hidroíobicidade (III) (Spaccini et al., 2002) da parle aérea de
plantas parece exercer um controle na decomposição de filomassas residuais e no acumulo
de MOP; por exemplo, o maior ll l da parte aérea de guandu (III 0,45) parece ser um
fator que explica o maior acúmulo de MOP no sistema guandu+milho, em relação ao
sistema aveia-preta/milho, onde a parle aérea da aveia tem um III de 0,22 (adaptado de
Dieckow el al. (2005a) J. O tempo de decomposição de filomassas residuais na superfície
do solo também parece Ler uma relação mais estreita com o III do que com a relação C:N
da filomassa residual das espécies e demonstra a vantagem que as leguminosas tropicais
como miicuna (II 1=0,44) e guandu (111=0,45) apresentam nesse sentido (Carvalho el al.,
2009).
Na fração argila, a similaridade na composição da matéria orgânica entre sistemas
de culturas pode estar associada ao fato de essa MO associada aos minerais ser derivada
principalmenle de produtos microbianos (Oades el al., 1988; Colchin et al., 1995a) Portanto,
a não ser que as mudanças ocorram na comunidade microbiana e nos seus correspondentes
metabólitos e mucilagens, a composição da matéria orgânica associada aos minerais tende
a permanecer a mesma, independentemenle da quantidade e qualidade da filomassa
cultural residual adicionada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
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Introdução................................................................................................................................. 209
Qualidade do Solo como Produto da Interação entre Minerais, Plantas e Organismos........... 216
Práticas de Manejo e a Dinâmica do Carbono e Nitrogênio no Solo..................................223
Modelagem da Dinâmica do Carbono e Nitrogénio no Solo.....................................................231
Considerações Finais.............................................................................................................. 240
Literatura Citada.........................................................................................................................241
INTRODUÇÃO
ral de Santa Maria -UFSM. CEP 97105-900 Santa Maria (RS). Bolsista do CNPq. E-mail:
fvezzani@terra.com.br; thlovato@ccr.ufsm.br
(3) Professora Adjunta do Departamento de Solos da Universidade Federal de Pelotas - UFPel.
1989; Sanchez & Logan, 1992; Wambeke, 1992). Também estes solos,
quando argilosos, apresentam elevada área superficial específica,
possibilitando a formação de complexos organominerais, que dificultam a
decomposição da matéria orgânica e favorecem a formação de agregados .
estáveis. A proteção física e coloidal que decorre dessas reações é
apontada como a principal causa da manutenção da matéria orgânica em
solos de regiões tropicais, mesmo que as condições climáticas sejam
favoráveis à decomposição microbiana dos compostos orgânicos (Greenland
et al., 1992; Oades et al., 1989).
A ocorrência de alta produtividade de biomassa vegetal durante todo o
ano e as características de solo que possibilitam acúmulo da matéria
orgânica podem ser utilizadas para desenvolver sistemas de manejo que
potencializem esses benefícios. Historicamente, no Brasil predominou o
preparo convencional do solo para implantação das culturas. Esse sistema
caracteriza-se pelo revolvimento do solo uma ou duas vezes ao ano, com
incorporação total dos resíduos da cultura anterior, deixando o solo
praticamente descoberto na fase de implantação e desenvolvimento inicial
das culturas. Essa prática, que foi trazida das regiões temperadas e frias,
mostrou-se inadequada para as regiões tropicais e subtropicais, sendo
apontada como a principal causa da degradação dos solos nestas regiões,
pela deterioração da estrutura, devido à redução da matéria orgânica, e
pelo favorecimento à ocorrência de erosão (Põtkker, 1977; Bayer et al.,
2000b; Derpsch et al., 1990). Nos estados do Sul, o fenômeno atingiu o
seu pico no final dos anos 70 e início dos anos 80. A devastação sem
precedentes provocou uma reação enérgica de técnicos, produtores e poder
público, ainda em tempo de reverter o processo e colocar o Brasil na
vanguarda em manejos conservacionistas entre os países tropicais em
desenvolvimento. A seguir, serão apresentados alguns fatos históricos que
colocaram o país nessa posição.
As primeiras ações conservacionistas foram iniciadas nos anos 50,
coordenadas pelo Ministério da Agricultura e Secretarias Estaduais de
Agricultura, centrando-se basicamente no terraceamento. Em solos ainda
não degradados e mobilizados apenas uma vez por ano, o sistema de
terraços era eficiente no controle da erosão. Com a expansão da cultura
da soja a partir dos anos 70 e o aumento da mecanização, o solo passou a
ser mobilizado duas vezes por ano. Extensas áreas permaneciam sem culturas
no inverno e início da primavera, ao mesmo tempo em que os resíduos
culturais de trigo eram sistematicamente queimados. A semeadura, na sua
totalidade, era feita em solo descoberto, pulverizado na superfície e com
continuamente durante o ciclo vegetativo, por meio das raízes, pelo processo
de exsudação de compostos orgânicos e pelo desprendimento de células
das raízes (Oades, 1989; Paul & Clark, 1996). Ao final do ciclo vegetativo,
as raízes e a parte aérea das plantas que aportam à superfície do solo são
decompostas pelos microrganismos.
— = k1.A-k2.C (1)
dt
Ct = Coe_k2|+L^-(1-e_k2t) ( 2)
k2
em que Ct é o estoque de C em um determinado tempo t; Co, o estoque
inicial de C orgânico no solo; e, a base natural dos logaritmos neperianos.
Modelos pluricompartimentais mais complexos, utilizados com a mesma
finalidade, serão tratados no item seguinte.
De forma aproximada, os coeficientes k1 e k2 também podem ser obtidos
em experimentos de longa duração, com valores de A e Co conhecidos,
conforme será exemplificado com base nos dados representados na figura 6.
A partir dos coeficientes das equações lineares que relacionam as
quantidades anuais de C adicionado (A) e a variação dos estoques de
C orgânico no solo em relação ao início do experimento (Figura 6), podem-
se estimar os valores aproximados do coeficiente de humificação (k-j) e
das taxas de decomposição da matéria orgânica (k2) nas distintas regiões,
assumindo-se perdas negligenciáveis de C por erosão e lixiviação. Os
valores de kn que representam a fração do C adicionado que permanece
no solo após o período de um ano, consistem no coeficiente angular das
equações. Observa-se que, na região temperada, uma maior fração do C
fotossintetizado adicionado (22,6 % ou k! = 0,226) foi incorporada à matéria
Proporção Tempo de
Compartimento0’ Sigla Composição
do total Permanência
% ano
(1)O carbono orgânico total do solo (COT) é representado pela soma dos compartimentos.
Fonte: Parton et al. (1987), Metherell et al. (1994) e Leal (1996).
6,000
(a)
5.000 CN
------------------------ PD - A+V/M+C
CG
4.000 PC - A+V/M+C
• PC - A/M obs.
3.000 © PC - A+V/M+C obs.
X. PD-A/M
▼ PD - A/M obs.
PD - A+V/M+C Obs.
2.000 PC-A/M
CMi
E
O)
O
D.UUU -J
(b)
5.000 CN -
PD - A+V/M+C
-— PD-A/M
4.000 CG *. Z'
’ PC - Á+V/M+C
PC-A/M
3.000
2.000
6.000 t
5.000 -
CM
E 4.000 -
CD
3.000
Ó*
ü 2.000 -COT
COP
1.000 |
-COL
CN 1965 CG 1985
6.000
5.000
■COT
CM
4.000
E
O)
3.000
Ó COL
Q 2.000 COP
1.000
COA
0
1900 2000 2050
\ Tempo, ano
— t ha'1 ano'1 —
2 1901-1970 Culturas coloniais, preparo do solo com tração animal (Cult. colon.) 2,8 2,0
1971-1980 PC trigo/soja, queima anual da palha do trigo (PC TS c/Q) 2,7 12,0
1981-2050 PR trigo/soja, sem queima da palha do trigo (PR TS s/Q) 3,2 4,0
3 1901-1970 Culturas coloniais, preparo do solo com tração animal (Cult. colon.) 2,8 2,0
1971-1980 PC trigo/soja, queima anual da palha do trigo (PC TS c/Q) 2,7 12,0
1981-1990 PR trigo/soja, sem queima da palha do trigo (PR TS s/Q) 3,2 4,0
1991-2050 PD trigo/soja, aveia/soja, aveia/milho (PD TS AS AM s/Q) 5,4 1,5
4 1901-1970 Culturas coloniais, preparo do solo com tração animal (Cult. colon.) 2.8 2,0
1971-1980 PC trigo/soja, queima anual da palha do trigo (PC TS c/Q) 2,7 12,0
1981-1990 PR trigo/soja, sem queima da palha do trigo (PR TS s/Q) 3,2 4,0
1991-2050 PD trigo/soja, aveia/milho (PD TS AM s/Q) 5,9 1,5
solo com tração animal (1901 até 1970). A partir desta data, o cenário 1
prevê a utilização de preparo mecanizado convencional, com trigo e soja, e
queima anual da palha do trigo, até 2050. Os cenários 2, 3 e 4 mantêm
estas práticas somente no período de 1971 até 1980. No período de 1981
a 1990 foi introduzido o preparo reduzido sem queima da palha do trigo,
permanecendo o cenário 2 com estas práticas até 2050. Nos cenários 3 e
4 foi introduzido o plantio direto com rotação de culturas de baixa (cenário 3)
e de alta (cenário 4) adição de C, até 2050. A cada cenário corresponde
uma adição de C ao solo, bem como uma taxa de perda de solo por erosão
(Quadro 3).
Ano
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
ADDISCOTT, T.M. Entropy and sustainability. Eur. J. Soil Sei., 46:161-168, 1995.
ADDISCOTT, T.M. Simulation modelling and soil behaviour. Geoderma, 60:15-40, 1993.
AMADO, T.J.C.; BAYER, C.; ELTZ, F.L.F. & BRUM, A.C.R. Potencial de plantas de cobertura
em acumular carbono e nitrogênio no solo no plantio direto e a melhoria da qualidade
ambiental. R. Bras. Ci. Solo, 25:189-197, 2001.
ANDRIULLO, A.; MARY, B. & GUERIF, J. Modelling soil carbon dynamics with various cropping
sequences on the rolling pampas. Agronomie, 19:365-377, 1999.
BALESDENT, J. & BALABANE, M. Major contribution of roots to soil carbon storage inferred
from maize cultivated soils. Soil Biol. Biochem., 28:1261-1263, 1996.
BALESDENT, J.; CHENU, C. & BALABANE, M. Relationship of soil organic matter dynamics
to physical protection and tillage. Soil Till. Res., 53:215-230, 2000.
BALESDENT, J.; MARIOTI, A. & GUILLET, B. Natural 13C abundance as a tracer for soil
organic matter dynamics studies. Soil Biol. Biochem., 19:25-30, 1990.
BAYER, C. & MIELNICZUK, J. Conteúdo de nitrogénio total num solo submetido a diferentes
métodos de preparo e sistemas de cultura. R. Bras. Ci. Solo, 21:235-239, 1997.
1
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Na floresta:
ORIGEM ÚNICA
PLANTAS C3
Carbono
introduzido
AO pela cultura
A_A
Carbono
remanescente
da floresta
ÚNICA DUAS
ORIGEM ORIGENS
2
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Decomposição
Palhada
resíduos
Raízes Decomposição
60%
CQ
3
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4
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Ministério da
Agricultura. Pecuária
• Abactacimento
conve - 'í
■tf- à z
vegetaçao nativa em area
agrícola no Carbono e nos
atributos do solo?
Macroaggregate
Recent mulch
OW mulch
5
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6
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•••
7
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lixiviado)]
Saída de C
Biomassa rn í h
LU2 liberado + w transportado e lixiviado
(Resíduos culturais) .
V
Y '
C 1
' í.
perdas
11 , JL ».
8
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Balanço de C
Entradas e saídas de C causadas pelo manejo do solo
9
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T3
■o
<
X
O
Q.
E
o
10
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Campbell e Souster,
Temperada
1982
(Canadá- 50 48-58 1,0
EUA)
Sá et al, 2001
Sub-tropical (P.
Grossa) 35 3,5
Tx. de conversão:
C-resíduos para C-solo
Fonte: Sá et al. SSSAJ 2001; Sá et al., Edafologia 2006; Tivet et al., 2013, Soil Tillage Research; Sá et al., 2014, Soll and
11
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Cerrado 133
Pastagem
150 18 +17 +0,94
cultivada
12
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C = K1 . A____
k2
- Preparo do solo
-Textura e mineralogia do solo
- Condições climáticas
Entradas de C (K1.A): I
Saídas de C (K2.C):
I
I
I
restos culturais I
I
Lixiviação
I
I
I
J Adubos orgânicos:;
estercos, lodo de esgoto,:
composto de lixo, tortas emi
geral, compostos em geral I
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14
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49% de perda
em solo argiloso
(> 30%)
69% de perda
em solo arenoso
(< 15% argila)
Resck, 1998
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Anos
Bayer et al. (2000)
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