Ação de Indenização Por Dano Moral

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EXMO. SR. DR.

JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE


BELO HORIZONTE/MG

FRANCIELLE, por seus procuradores que a esta subscrevem, instrumento


de mandato anexo, vem, respeitosamente, a presença de V. Exa. postula

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

Em face do INSTITUTO, pelas razões de fato e de direito que passa a


expor:

DOS FATOS.

Em maio de 2020, a requerente procurou assistência médica em busca de


tratamento às fortes dores de cabeça que a acometiam com muita frequência.

A autora foi atendida pelo Dr. Marco André, especialista em Neurologia


que a orientou a realizar exames de imagem a fim de verificar a causa de tais dores.

Sendo assim, a requerente realizou o exame no laboratório Hermes


Pardini, ora requerido e o resultado do respectivo exame monstrou um “aneurisma baby” de
aproximadamente 0,2 mm.

Com o diagnostico, o médico solicitante do exame, dr. Marco André,


explicou à autora que o tratamento padrão para seu caso era fazer o controle e
acompanhamento por meio de exames de imagem, de 6 em 6 meses, depois de ano em
ano, para verificar possíveis alterações e/ou aumento no tamanho do aneurisma,
considerando eventual necessidade de intervenção cirúrgica (no caso de aumento do
tamanho).

Em dezembro de 2020, a requerente voltou ao médico, para realizar o


acompanhamento e foi-lhe solicitado novo exame para controle do aneurisma.
Rua São Paulo, 684 – Conj. 206 – Ed. Vila Rica – Centro – Belo Horizonte/MG – CEP 30170-130.
E-mail: ribeirosematos@hotmail.com – Telefone: (31) 3201 3246

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No dia 17/02/2021, novamente, a autora realizou o exame no
estabelecimento do requerido, laboratório Hermes Pardini e o laudo do resultado do exame
detectou um aneurisma de 10mm.

A autora, extremamente angustiada e preocupada com sua saúde e


integridade física tentou conseguir uma consulta o mais rápido possível.

Considerando que o retorno do médico estava agendado somente para o


dia 19/03/2021 e, considerando ainda que a autora tinha uma viagem marcada para o dia
06/03/2021, entrou em contato com a operadora do plano de saúde, a fim de antecipar a
consulta em data anterior à viagem.

Sendo assim, a requerente conseguiu marcar consulta para o dia


23/02/2021, pelo plano de saúde, com o dr. Bernardo Aramuni.

Na consulta, o respectivo médico explicou à autora que houve alteração e


aumento do tamanho do aneurisma, o qual era passível de tratamento cirúrgico.

O dr. Bernardo Aramuni também informou à autora que ela tinha três
opções: 1) Primeira, realizar a cirurgia aberta (a qual faz uma abertura na parte lateral da
cabeça, realizando o procedimento) para colocar um clipe metálico e, assim, tentar remover
o aneurisma; 2) Segunda, fazer a cirurgia pela veia que fica localizada na virilha, por meio
de uma mini câmera até a cabeça; 3) Terceira, não fazer nada e deixar o aneurisma romper
por si só, tendo menos chances de sair sem sequelas e com vida.

Ressalta-se que a requerente ficou cerca de 1 hora dentro do consultório


com o médico e, depois de muita conversa e de tirar todas suas dúvidas, decidiu por realizar
a cirurgia aberta, a qual, segundo a orientação do médico era a mais bem indicada à
situação e que era o que ele aconselhava.
O dr. Bernardo Aramuni também disse à autora que que poderia realizar a
cirurgia, por meio do SUS, no Hospital Vera Cruz, onde ele trabalhava, e disse ainda que lá
possui um microscópio excelente para uma cirurgia aberta como a da requerente.

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O referido médico também solicitou à autora um exame de angiotomografia
computadorizada do crânio para verificar a espessura das veias.

Ao sair do consultório, caindo em lagrimas e totalmente devastada,


“o mundo da requerente caiu”. Ela só conseguia pensar em seu filho.

Ressalta-se que, na referida consulta supra mencionada, a autora estava


acompanhada por seu noivo, o qual a levou em sua motocicleta, mas a requerente não
conseguiu voltar com ele no veículo, pois não tinha condições de se equilibrar na moto e foi-
lhe necessário voltar pra casa de UBER, sozinha.

No dia subsequente, a autora já começou a verificar os procedimentos com


o plano de saúde, para a realização da cirurgia, bem como do exame de angiotomografia
computadorizada do crânio.

Considerando que a marcação da cirurgia demoraria em torno de 15 a 20


dias para ser autorizada, conforme informações do plano, deu a notícia a seus pais que
porventura são pessoas de idade avançada, com saúde frágil, principalmente sua genitora,
a qual possui problemas psiquiátricos e de depressão, que inclusive se agravaram com a
notícia.

Com a iminência da cirurgia, a requerente chegou até a se organizar para


reformar o banheiro do primeiro piso da casa, onde ficam os quartos, considerando que,
com o repouso do pós-cirúrgico, não poderia subir as escadas e fazer esforços semelhantes

É importante citar que a requerente também contactou a Porto Seguro,


para verifica a apólice de seu seguro de vida, o qual foi para análise por causa dos
resultados do exame. Assim como a requerente entrou em contato com a CVC e tentou
cancelar sua viajem, contudo não foi possível tal cancelamento.

Pois bem.
No dia 25/02/2021, a requerente realizou o exame de angiotomografia
computadorizada do crânio e, ao se deparar com o resultado do exame, no laudo, não
apontava nenhum aneurisma.

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Ao levar o resultado para seu médico, ele a encaminhou para uma
consulta com o Dr. Gerival, também neurocirurgião, que era capacitado para realizar um
exame mais complexo (uma mini cirurgia) chamada angiografia por cateterismo (exame
realizado pela virilha por meio de uma veia, na qual é inserida uma câmera até chegar à
cabeça), para verificar o tamanho real do aneurisma e, assim, fazer a prova da real condição
de saúde da autora e tirar a dúvida.

O Dr. Gerival solicitou a guia de internação e o procedimento de


cateterismo, bem como os exames pré-operatórios e a autorizou a viajar.

É importante ressaltar que para uma perspectiva de viagem de


qualquer cidadão comum, houve um grande sofrimento por parte da autora, a qual
estava nervosa e angustiada com as dúvidas de sua condição de saúde.

Após retornar, a requerente realizou os exames pré-operatórios e,


enquanto aguardava a marcação da angiografia por cateterismo (uma mini cirurgia), a qual
já estava autorizada pelo convênio, ela já tinha uma consulta marcada com seu médico
neurologista, dr. Marco André.

Na referida consulta informou ao médico sobre tudo o que estava lhe


acontecendo, bem como lhe mostrou todos os exames.

O respectivo médico orientou a autora a se dirigir até o laboratório


Hermes Pardini, ora requerido e conversar com o superior e/ou supervisor da unidade
a qual realizou os exames.

A autora conversou com o gerente responsável e solicitou a revisão do


laudo do exame e no dia 20/03/2021 um representante do laboratório entrou em contato
com a autora e a informou que houve um erro de digitação no laudo: “Rhina foi um erro
mesmo, o novo resultado está disponível no site”.

Com o “novo resultado”, a requerente foi de prontidão a seu neurologista


Dr. Marco André, para explicar a situação e obter um retorno. Ele disse à autora que: “se ela
não tivesse ido ao consultório, o mesmo entraria em contato, pois havia recebido um

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telefonema, do médico responsável pelos laudos do Hermes Pardini, o qual pediu mil
desculpas pelo erro e pelo ocorrido”.

Todavia, o requerido nunca entrou em contato com a autora se retratando,


considerando que a violação dos direitos, os prejuízos causados e o dano perpetrado quem
sofreu foi a requerente e sua família.

O erro grave cometido pelo requerido poderia ter causado ter feito a
requerente se submeter a um procedimento cirúrgico muito sério, o qual poderia ter
deixado sequelas, sem contar nos riscos, sobretudo de vida.

E como se não bastasse a iminência de dano à integridade física da


requerente, a conduta do laboratório trouxe um abalo psíquico grave à saúde mental da
requerente, tirando-lhe a paz, trazendo desequilíbrio emocional profundo e devastador.

Tais fatos abalaram tanto a autora que somente agora, conseguiu agir e
procurar seus direitos.

DOS FUNDAMENTOS JURIDICOS DO PEDIDO.

1. – Da responsabilidade objetiva do requerido. Dever de indenizar.

A responsabilidade civil objetiva é instituto jurídico consagrado pelo


ordenamento jurídico brasileiro que se fundamenta na teoria do risco, a qual preceitua que,
aquele que por meio de sua atividade regularmente desenvolvida possa gerar riscos a
outrem, fica obrigado a indenizar em caso de ocorrência de dano, quando houver
relação de causalidade existente entre o dano experimentado pela vítima e o ato do
agente causador, independentemente de que este tenha agido por dolo ou culpa, ou
seja, não se analisa a ocorrência de dolo ou culpa no fato, mas sim, exclusivamente a
relação de causalidade.

O Código Civil dispõe:

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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (Grifos
nossos).

Por conseguinte, quando o Sistema Jurídico Brasileiro admite a


responsabilidade civil objetiva decorrente do risco da atividade, verificar-se-á ocorrência
de culpa imprópria, qual seja, in elegendo ou in vigilando.

Ademais, os princípios e normas de ordem pública e interesse social


constantes no Código de Defesa do Consumidor, prescrevem que os fornecedores (ou
prestadores de serviço) devem ser diligentes na condição de sua empresa, prevenindo
sempre a ocorrência de danos ao consumidor, vejamos:

O Código de Defesa do consumidor dispõe:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

Portanto, com fincas na legislação e jurisprudências supramencionadas,


restou evidenciado a responsabilidade civil objetiva da Requerido para com a Autora,
considerando a relação de causalidade existente entre o comportamento da Ré e o
dano sofrido pela Requerente!

2. - Do Dano Moral

A personalidade do ser humano é formada por um conjunto de valores que


compõem o seu patrimônio, podendo ser objeto de lesões, em decorrência de atos ilícitos.

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Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do
indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes,
enfim, causando-lhe mal-estar e uma indisposição de natureza espiritual.

Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside no pagamento de uma


soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do Juiz, que possibilite ao lesado uma satisfação
compensatória da sua dor íntima, compensar os dissabores sofridos pela vítima, em virtude
da ação ilícita do lesionador.

Assim, todo mal infligido ao estado ideal das pessoas, resultando mal-
estar, desgostos, aflições, interrompendo-lhes o equilíbrio psíquico, constitui causa
suficiente para o surgimento da obrigação de reparar o dano moral.

Prescreve a Constituição Federal de 1988:

"Art. 5º[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação; [...]" (Grifos Nossos).

O Código Civil Brasileiro dispõe:

Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. (grifos nossos)

Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187) causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Além disso, a legislação consumerista com o intuito exclusivo de preservar


o equilíbrio entre o consumidor e o fornecedor/prestador de serviços, resguarda a
reparação por danos morais, veja-se:

O Art. 6º, inciso VII do Código de Defesa do Consumidor dispõe o


seguinte:

São direitos básicos do consumidor:

VII - O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à


prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados. (Grifos nossos)

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É incontroverso o dano moral sofrido pela autora. O erro grave cometido
pelo requerido poderia ter causado ter feito a requerente se submeter a um procedimento
cirúrgico muito serio, o qual poderia ter deixado sequelas, sem contar nos riscos, sobretudo
de vida.

E como se não bastasse a iminência de dano à integridade física da


requerente, a conduta do laboratório trouxe um abalo psíquico grave à saúde mental da
requerente, tirando-lhe a paz, trazendo desequilíbrio emocional profundo e devastador.

Portanto, com fulcro na legislação e jurisprudência supramencionadas,


nota-se, evidentemente, que o requerido deverá responder por DANOS MORAIS face ao
ato ilícito cometido injustamente para com a requerente.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

Vale ressaltar que no ordenamento jurídico brasileiro, em se tratando de


relação consumerista, o consumidor é a parte hipossuficiente da relação jurídica, vez que,
deve ser aplicado a inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º, VIII do Código de
Defesa do Consumidor, que dispõe o seguinte:

São direitos básicos do consumidor:

VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência.(Grifos nossos)

DOS PEDIDOS.

DIANTE DE TODO O EXPOSTO pede-se a V. Exa., com espeque nas


legislações supratranscritas nesta peça de ingresso e outras que adequam ao caso, que:

I. – Que seja JULGADO TOTALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO desta


exordial, condenando o Requerido INSTITUTO HERMES PARDINI S/A, a pagar a Autora, a
título de DANOS MORAIS, à quantia de 30 (trinta) vezes o valor do salário mínimo vigente
(R$ 1.212,00), que equivale a quantia de R$36.360,00 (trinta e seis mil trezentos e sessenta
reais).
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II. – Condenação do Requerido ao pagamento de custas processuais e
honorários de advogado, este a ser fixado sobre o percentual de 20% (vinte por cento) do
valor da condenação;

DOS REQUERIMENTOS.

a) Requer a CITAÇÃO DO REQUERIDO (conjuntamente com a


intimação supra), por Aviso de Recebimento (AR), a ser expedido no endereço fornecido
no preâmbulo desta peça, para, querendo, apresentar resposta, contestando a presente
ação, no prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;

b) – Requer a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA em face do réu, nos


termos do inciso VIII do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor;

c) – Requer ainda, o benefício da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, nos


termos da declaração anexa, por não ter a Autora condições de arcar com as custas
processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família.

DAS PROVAS.

Requer provar o alegado, por todos os meios de provas em Direito


admitidas, notadamente depoimento pessoal, prova documental e testemunhal, que “ad
cautelam” ficam desde já requeridas.

DO VALOR DA CAUSA.

Dá-se a presente ação o valor de R$36.360,00 (trinta e seis mil trezentos e


sessenta reais), para efeitos meramente legais.

Termos em que, pede deferimento.


Belo Horizonte, 15 de junho de 2022.

ANECHELE ALVES DE MENEZES RODRIGO CAMPOS DE MATOS


OAB/MG 149.412 OAB/MG 121.535

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