TCC Tea

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 11

DANIELA NEVES ROSAS BARROS

PORTFÓLIO DE ATIVIDADE PRÁTICA DA DISCIPLINA DE


AUTORREGULAÇÃO NO TEA

Trabalho de Conclusão de Curso


da Pós-Graduação (Lato Sensu)
em Transtorno do Espectro
Autista realizado na Rhema
Educação.
Profª Vera Lucia Mendonça Nunes

2022
1- INTRODUÇÃO

De acordo com os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM-5) as alterações sensoriais são uma
característica muito frequente que geralmente não é percebida devido às dificuldades
de comunicação desses pacientes. De acordo com os critérios do DSM-5, esse tipo
de sintomatologia é constituído por um aumento ou redução da reatividade à entrada
sensorial ou por um interesse incomum em aspectos sensoriais do ambiente. Há
alguns exemplos citados pelo DSM-5: fascínio visual por luzes ou objetos que rodam,
resposta adversa a sons ou texturas específicos, cheiro ou toque excessivos de
objetos, aparente indiferença a dor, calor ou frio.
Quase qualquer canal sensorial pode estar envolvido, no sentido de
responsividade reduzida a estímulos ou no sentido de responsividade excessiva a
estímulos. Pode haver vários tipos de alterações sensoriais na mesma pessoa durante
a vida ou até mesmo ao mesmo tempo.
A disfunção sensorial está provavelmente relacionada a uma modulação
prejudicada que ocorre no sistema nervoso central, que regula as mensagens neurais
com relação a estímulos sensoriais.
As alterações sensoriais das crianças com TEA também podem afetar seu
comportamento em atividades diárias familiares, inclusive comer e dormir; e fora de
casa essas alterações podem criar problemas, por exemplo, ao viajar e participar de
eventos na comunidade.
Consequentemente, as intervenções do autismo também devem incluir
estratégias específicas de manejo de comportamentos sensoriais para melhorar as
atividades diárias familiares e a participação em eventos na comunidade.
2- OBJETIVO

O objetivo dessa atividades é auxiliar a criança com dificuldades sensoriais


na melhoria do processamento de texturas e assim, adquira informação clara,
consciente e se torne capaz de fazer classificações em seu ambiente.
3- REFERENCIAL TEÓRICO

Não existe um marcador biológico específico que caracterize o autismo infantil;


acredita-se em uma multicausalidade com fortes indícios de um componente genético.
Seu diagnóstico é feito com base nos critérios do DSM-5 (Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders, 2002) e CID-10 (Classificação Internacional de Doenças,
1998).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) configura um distúrbio comportamental
no qual o desenvolvimento infantil é seriamente prejudicado (BOSA & CALLIAS, 2000),
sendo caracterizado por alterações qualitativas na interação social, comunicação e
presença de comportamentos repetitivos e/ou estereotipados (CAMARGO & RISPOLI,
2013).
Segundo o DSM-5 os primeiros sintomas do TEA constantemente envolvem
atraso no desenvolvimento da linguagem, geralmente acompanhado por ausência de
interesse social ou interações sociais incomuns, padrões estranhos de brincadeiras e
padrões incomuns de comunicação. Ainda no manual, foram inclusos três graus de
necessidade de apoio dentro do espectro, assim, os indivíduos caracterizados como
IX nível um exigem apoio, no nível dois os indivíduos exigem apoio substancial e, no
nível três, exigem apoio muito substancial (APA, 2013).
Dentre as muitas linhas de pesquisa relacionadas ao autismo, uma que tem
ganhado atenção recentemente é a que trata das disfunções sensoriais. Tem-se
começado a pensar no peso desses problemas para o transtorno baseando-se,
principalmente, em relatos autobiográficos de autistas com alto grau de funcionamento.
A integração sensorial está relacionada com a organização no nosso cérebro
para transformar as informações recebidas pelos sentidos em noções úteis para serem
usadas no cotidiano. Ou seja, integração sensorial é entender o ambiente, o corpo e
todos os estímulos exteriores, tendo uma reação ou aprendizado de acordo.
A Dra. Jean Ayres foi uma das principais estudiosas sobre a teoria da
integração sensorial, segundo ela: “[…] a organização das sensações do corpo e do
meio ambiente em um processo frequente de reconhecimento, interpretação e ação,
resultam na Integração Sensorial”.
Aprimorar a integração sensorial é uma forma de auxiliar a pessoa a
desenvolver a sua atenção, percepção e aprendizado, além de outros diversos
benefícios.
A teoria é utilizada para explicar a relação entre o cérebro e o comportamento
e explica porquê indivíduos respondem de uma determinada maneira aos inputs
sensoriais e como isso afeta o comportamento.
O indivíduo recebe informações sensoriais através dos sete sentidos – visão,
audição, paladar, olfato, tato, movimento e propriocepção (os dois últimos
responsáveis pela noção da posição do corpo no ambiente em relação à gravidade).
E o nosso cérebro deverá receber essas informações de forma simultânea, reconhecê-
las, integrá-las e organizá-las, para devolver ao ambiente através do nosso corpo,
respostas eficientes.
As crianças que apresentam disfunções no processamento sensorial
apresentam alterações no processamento e integração efetiva dessas informações
para ter sucesso na execução de suas tarefas como autonomia nas atividades do dia
a dia, como alimentação, vestuário, higiene, na interação social, no brincar e na
aprendizagem acadêmica.
Crianças com disfunção do processamento sensorial têm dificuldade em
perceber, regular, interpretar e responder a um input sensorial e isso prejudica o seu
desempenho nas atividades de vida diárias e nos seus papéis ocupacionais.
A habilidade de integrar as informações sensoriais é fundamental para a criança
se desenvolver e interagir com o mundo.
Alguns comportamentos observados em crianças com disfunção de
processamento sensorial:
• Baixo tônus e déficit no controle postural
• Criança agitada, não se controla facilmente
• Dificuldade de usar as duas mãos de forma simultânea, como recortar, usar
brinquedos com as duas mãos, etc.
• Dificuldades (lentidão) para rolar, rastejar ou ficar sentado
• Explora pouco o ambiente ou objetos
• Não tolera ficar em prono (barriga para baixo)
• Não gosta de tomar banho e dificuldade nas tarefas de higiene, como cortar
cabelo, unhas, certas texturas de roupas
• Reage de forma exagerada o tato, paladar, sons ou odores
• Não gosta de ser abraçado ou contido
• Dificuldades de sucção
• Agitação, hiperatividade
• Crianças muito ativas, que buscam movimentos em excesso
• Dificuldade em adaptar-se em novos ambientes
• Dificuldades para dormir
• Dificuldade em focar a atenção ou o oposto, focar muito numa atividade e não
consegue mudar para novas tarefas ou brincadeiras
• Dificuldade em aprender novas tarefas motoras, precisa de mais repetições do
que o esperado para a idade
• Desajeitado, esbarra e derruba objetos no caminho, tem dificuldade na
consciência do seu corpo em relação ao espaço
• Não gosta de balançar, escorregar ou brincar no parque (fica nervoso e/ou
agitado)
• Não gosta de escrever, cansa-se facilmente durante uma tarefa de escrita
Os comportamentos descritos acima podem ser observados numa criança com
disfunção do processamento sensorial.
A integração sensorial é feita de acordo com o tipo de disfunção da criança.
4- INTERVENÇÃO PRÁTICA
A atividade foi realizada com uma criança de 11 (onze) anos de idade do sexo
masculino, num consultório clínico, com autorização dos pais.
A família mostrou-se interessada em realizar o procedimento, uma vez que
pretende continuar com intervenções. Durante a entrevista com a família que
antecedeu a atividade foi relatado que a criança apresenta o transtorno do espectro
autista de apoio 3, não verbal e responde positivamente às atividades sensoriais. Era
acompanhada por uma equipe multidisciplinar desde os 03 anos de idade e mudou-
se de cidade recentemente.
Sendo assim, mediante as características apresentadas foi desenvolvida a
atividade relacionada aos aspectos sensoriais. O objetivo a foi perceber os padrões de
sensibilidae sensorial do aprendente.
Uma boa maneira de criar estímulos é o tapete sensorial, o quel foi construído
com retângulos com diferentes texturas, tais como: algodão, caixa de ovo, tecido
aveludado, cordões, tampinha de garrafa pet, palitos de picolé, entre outros. Acredita-
se que aprender a diferenciar essas texturas ensinará o erebro do paciente a
compreender melhor a experiência do tato.
Durante a aplicação inicialmente foi apresentado o tapete à criança e em seguida
para que a mesma andasse sobre o mesmo foi necessário segurar em sua mão.
Sempre nas pontas dos pés escolheu alguns para pisar, após várias idas e vindas sobre
o tapete curiosamente saltou todas as vezes a caixa de ovo. Como recurso para que o
paciente melhor explorasse a atividade foi ofertado massinha de modelar e assim
alternando entre o tapete e a massinha foi possível concluir o procedimento.

Atividade aplicada:
5- CONCLUSÃO

A partir das informações obtidas por meio deste trabalho conclui-se que o fator
preponderante para a relevância dessa atividae consiste em trazer contribuições para
oportunizar aos sujeitos as possibilidaes de ampliar sua capacidade de transformar e
ser transformado de modo consistente e significativo.
A atividade evidenciou que a criança necessita de estimulação sensorial, pois é
essencial para desenvolver e aprimorar sua motricidade fina e ampla, seu equilíbrio e
esquema corporal, sua organização espacial e autorregulação.
REFERÊNCIAS

BOSA, Cleonice Alves; CALLIAS, Maria. Autismo: breve revisão de diferentes


abordagens. Psicologia: reflexão e crítica. Porto Alegre. Vol. 13, n. 1, p. 167-177,
2000.

CAMARGO, Síglia Pimentel Höher; RISPOLI, Mandy. Análise do comportamento


aplicada como intervenção para o autismo: definição, características e pressupostos
filosóficos. Revista Educação Especial, v. 26, n. 47, p. 639-650, 2013.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, ONU. Disponível em


https://nacoesunidas.org/rejeitar-pessoas-com-autismo-e-um-desperdicio-
depotencial-humano-destacam-representantes-da-onu. Acesso em 19 de junho,
2017.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora. 2013.

CASTANHEIRA, Maria do Carmo. Perturbação do Espetro do Autismo– Estratégias


de intervenção em situações de crise de agressividade protagonizadas por crianças
com PEA. Trabalho de Conclusão de Curso. 2016.

PEDRO. Waldir. (Org). Guia Prático de Neuroeducação: Neuropsicopedagogia,


Neuropsicologia e Neurociência. Rio de Janeiro: Wak, 2018.

Você também pode gostar