Novas Dimensoes Geografia
Novas Dimensoes Geografia
Novas Dimensoes Geografia
Editora Amplla
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas está licenciado sob CC BY 4.0.
Esta licença exige que as reutilizações deem crédito ao criador. Ele permite que os
reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e construam o material em qualquer meio
ou formato, mesmo para fins comerciais.
O conteúdo da obra e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores, não representando a posição oficial da Editora Amplla. É permitido o download da
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores. Todos os direitos para esta
edição foram cedidos à Editora Amplla.
ISBN: 978-65-5381-091-4
DOI: 10.51859/amplla.ndg2414-0
Editora Amplla
Campina Grande – PB – Brasil
contato@ampllaeditora.com.br
www.ampllaeditora.com.br
2022
CONSELHO EDITORIAL
Andréa Cátia Leal Badaró – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Andréia Monique Lermen – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Antoniele Silvana de Melo Souza – Universidade Estadual do Ceará
Aryane de Azevedo Pinheiro – Universidade Federal do Ceará
Bergson Rodrigo Siqueira de Melo – Universidade Estadual do Ceará
Bruna Beatriz da Rocha – Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
Bruno Ferreira – Universidade Federal da Bahia
Caio Augusto Martins Aires – Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Caio César Costa Santos – Universidade Federal de Sergipe
Carina Alexandra Rondini – Universidade Estadual Paulista
Carla Caroline Alves Carvalho – Universidade Federal de Campina Grande
Carlos Augusto Trojaner – Prefeitura de Venâncio Aires
Carolina Carbonell Demori – Universidade Federal de Pelotas
Cícero Batista do Nascimento Filho – Universidade Federal do Ceará
Clécio Danilo Dias da Silva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Dandara Scarlet Sousa Gomes Bacelar – Universidade Federal do Piauí
Daniela de Freitas Lima – Universidade Federal de Campina Grande
Darlei Gutierrez Dantas Bernardo Oliveira – Universidade Estadual da Paraíba
Denise Barguil Nepomuceno – Universidade Federal de Minas Gerais
Diogo Lopes de Oliveira – Universidade Federal de Campina Grande
Dylan Ávila Alves – Instituto Federal Goiano
Edson Lourenço da Silva – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Elane da Silva Barbosa – Universidade Estadual do Ceará
Érica Rios de Carvalho – Universidade Católica do Salvador
Fernanda Beatriz Pereira Cavalcanti – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Fredson Pereira da Silva – Universidade Estadual do Ceará
Gabriel Gomes de Oliveira – Universidade Estadual de Campinas
Gilberto de Melo Junior – Instituto Federal do Pará
Givanildo de Oliveira Santos – Instituto Brasileiro de Educação e Cultura
Higor Costa de Brito – Universidade Federal de Campina Grande
Isabel Fontgalland – Universidade Federal de Campina Grande
Isane Vera Karsburg – Universidade do Estado de Mato Grosso
Israel Gondres Torné – Universidade do Estado do Amazonas
Ivo Batista Conde – Universidade Estadual do Ceará
Jaqueline Rocha Borges dos Santos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Jessica Wanderley Souza do Nascimento – Instituto de Especialização do Amazonas
João Henriques de Sousa Júnior – Universidade Federal de Santa Catarina
João Manoel Da Silva – Universidade Federal de Alagoas
João Vitor Andrade – Universidade de São Paulo
Joilson Silva de Sousa – Instituto Federal do Rio Grande do Norte
José Cândido Rodrigues Neto – Universidade Estadual da Paraíba
Jose Henrique de Lacerda Furtado – Instituto Federal do Rio de Janeiro
Josenita Luiz da Silva – Faculdade Frassinetti do Recife
Josiney Farias de Araújo – Universidade Federal do Pará
Karina de Araújo Dias – SME/Prefeitura Municipal de Florianópolis
Katia Fernanda Alves Moreira – Universidade Federal de Rondônia
Laís Portugal Rios da Costa Pereira – Universidade Federal de São Carlos
Laíze Lantyer Luz – Universidade Católica do Salvador
Lindon Johnson Pontes Portela – Universidade Federal do Oeste do Pará
Luana Maria Rosário Martins – Universidade Federal da Bahia
Lucas Araújo Ferreira – Universidade Federal do Pará
Lucas Capita Quarto – Universidade Federal do Oeste do Pará
Lúcia Magnólia Albuquerque Soares de Camargo – Unifacisa Centro Universitário
Luciana de Jesus Botelho Sodré dos Santos – Universidade Estadual do Maranhão
Luís Paulo Souza e Souza – Universidade Federal do Amazonas
Luiza Catarina Sobreira de Souza – Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central
Manoel Mariano Neto da Silva – Universidade Federal de Campina Grande
Marcelo Alves Pereira Eufrasio – Centro Universitário Unifacisa
Marcelo Williams Oliveira de Souza – Universidade Federal do Pará
Marcos Pereira dos Santos – Faculdade Rachel de Queiroz
Marcus Vinicius Peralva Santos – Universidade Federal da Bahia
Maria Carolina da Silva Costa – Universidade Federal do Piauí
Marina Magalhães de Morais – Universidade Federal do Amazonas
Mário Cézar de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia
Michele Antunes – Universidade Feevale
Milena Roberta Freire da Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Nadja Maria Mourão – Universidade do Estado de Minas Gerais
Natan Galves Santana – Universidade Paranaense
Nathalia Bezerra da Silva Ferreira – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Neide Kazue Sakugawa Shinohara – Universidade Federal Rural de Pernambuco
Neudson Johnson Martinho – Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso
Patrícia Appelt – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Paula Milena Melo Casais – Universidade Federal da Bahia
Paulo Henrique Matos de Jesus – Universidade Federal do Maranhão
Rafael Rodrigues Gomides – Faculdade de Quatro Marcos
Reângela Cíntia Rodrigues de Oliveira Lima – Universidade Federal do Ceará
Rebeca Freitas Ivanicska – Universidade Federal de Lavras
Renan Gustavo Pacheco Soares – Autarquia do Ensino Superior de Garanhuns
Renan Monteiro do Nascimento – Universidade de Brasília
Ricardo Leoni Gonçalves Bastos – Universidade Federal do Ceará
Rodrigo da Rosa Pereira – Universidade Federal do Rio Grande
Rubia Katia Azevedo Montenegro – Universidade Estadual Vale do Acaraú
Sabrynna Brito Oliveira – Universidade Federal de Minas Gerais
Samuel Miranda Mattos – Universidade Estadual do Ceará
Shirley Santos Nascimento – Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia
Silvana Carloto Andres – Universidade Federal de Santa Maria
Silvio de Almeida Junior – Universidade de Franca
Tatiana Paschoalette R. Bachur – Universidade Estadual do Ceará | Centro Universitário Christus
Telma Regina Stroparo – Universidade Estadual do Centro-Oeste
Thayla Amorim Santino – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Thiago Sebastião Reis Contarato – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Virgínia Maia de Araújo Oliveira – Instituto Federal da Paraíba
Virginia Tomaz Machado – Faculdade Santa Maria de Cajazeiras
Walmir Fernandes Pereira – Miami University of Science and Technology
Wanessa Dunga de Assis – Universidade Federal de Campina Grande
Wellington Alves Silva – Universidade Estadual de Roraima
Yáscara Maia Araújo de Brito – Universidade Federal de Campina Grande
Yasmin da Silva Santos – Fundação Oswaldo Cruz
Yuciara Barbosa Costa Ferreira – Universidade Federal de Campina Grande
2022 - Editora Amplla
Copyright © Editora Amplla
Editor Chefe: Leonardo Pereira Tavares
Design da Capa: Editora Amplla
Diagramação: Higor Costa de Brito
Formato: PDF
ISBN: 978-65-5381-091-4
Editora Amplla
Campina Grande – PB – Brasil
contato@ampllaeditora.com.br
www.ampllaeditora.com.br
2022
PREFÁCIO
O conhecimento de espaço é desenvolvido por meio de sua representação em
diversos momentos, especialmente, quando é estimulado a consignação de todos os
tipos de relações espaciais entre as categorias de lugar, região, paisagem e território.
Dessa maneira, o espaço é entendido como um espaço social, vivido, em estreita
correlação com a prática social e não deve ser visto como um espaço absoluto, vazio e
puro, representado somente através de números e proporções.
Com isso, na dimensão geográfica o ensino de Geografia coopera para a
formação da cidadania através da prática de construção e reconstrução de
conhecimentos, habilidades, valores que expandem a competência de crianças, jovens
e adultos a fim de compreenderem o mundo em que vivem e atuam, seja num espaço
formal ou informal, aberto e vivo de culturas. O ensino das dimensões da Geografia
contribui para a compreensão das consequências sociais, políticas, culturais e
ambientais que moldam a organização espacial e a dinâmica da relação sociedade-
natureza.
A Geografia, quando trabalhada de forma interdisciplinar, possibilita uma maior
contextualização, revisões e discussões, aproximando o ser humano daquilo que está
sendo abordado em seu cotidiano.
A ciência geográfica é uma das áreas mais abrangentes, pois, aborda desde
conceitos físicos-naturais até questões sociais, populacionais, econômicas, podendo-se
trabalhar conteúdos de outras áreas científicas, possibilitando o desenvolvimento de
práticas nas comunidades em que se discute o conhecimento geográfico.
Assim sendo, as práticas na ciência geográfica buscarão diferentes formas de
investigação dos fenômenos que se apresentam no espaço geográfico, com ações
conscientes e participativas, que seja para organizar, potencializar e interpretar as
intencionalidades no espaço vivido dos sujeitos.
Espera-se que, com os estudos da relação sociedade-natureza na Geografia seja
elucidada a transformação do espaço geográfico com auxílio das áreas correlatas das
ciências humanas, tecnológicas, e para frear atuações que possam impactar
negativamente o meio ambiente e a sobrevivência das gerações futuras.
Nesta perspectiva, ao se debruçar sobre a obra aqui apresentada, o leitor
refletirá sobre contribuições científicas relevantes, abordando dimensões da Geografia,
a fim de que possibilite, a partir das diferentes escalas de análise geográfica, repartir o
conhecimento, casos e atuações que visam à elevação interdisciplinar do conhecimento
geográfico.
CAPÍTULO II - O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO
LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA.......................................................................................................................... 19
CAPÍTULO IV - A produção de Games no ensino de Geografia, um relato sobe Gamificação analógica e digital . 43
CAPÍTULO V - educação midiática e imagens: umA PROPOSTA para o ensino de geografia ................................... 54
CAPÍTULO VII - Memória, história, cultura e identidade: um levantamento histórico da cidade de Tracunhaém-
PE ................................................................................................................................................................ 84
CAPÍTULO VIII - Terreiro e bairro negro na geografia da cidade de são paulo ................................................ 103
CAPÍTULO IX - Comparativo organizacional entre os APL’s de Piscicultura do Norte e Oeste Paranaense ....... 118
CAPÍTULO X - DISPERSÃO URBANA: CAMINHOS CONCEITUAIS E PESQUISAS DESENVOLVIDAS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO ... 130
CAPÍTULO XII - À BEIRA DO RIO: O VERANEIO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO EM CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA/PA .................... 166
CAPÍTULO I
ESTUDO DO MEIO: COMO OS TRABALHOS DE NÍDIA
PONTUSCHKA INFLUENCIARAM AS PRÁTICAS DE UMA
PROFESSORA NO INTERIOR DA AMAZÔNIA
MIDDLE STUDY: HOW NÍDIA PONTUSCHKA'S WORK INFLUENCED A
TEACHER'S PRACTICES WITHIN THE AMAZÔNIA
DOI: 10.51859/amplla.ndg2414-1
Jania Maria de Paula ¹
¹ Professora do Curso de Informática integrado ao Ensino Médio. Instituto Federal de Rondônia – IFRO, campus Ji-
Paraná.
RESUMO ABSTRACT
O presente texto é um relato de experiências This text is an account of experiences about my
sobre minhas práticas pedagógicas pedagogical practices developed in the
desenvolvidas em sala de aula a partir de classroom from structural adaptations of the
adaptações estruturais da metodologia de teaching methodology known as the study of the
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
ensino conhecida como “estudo do meio” que environment that was organized, disseminated
foi organizada, difundida e incentivada pela and encouraged by Teacher Nídia Nacib
Professora Nídia Nacib Pontuschka da Pontuschka of the University of São Paulo during
Universidade de São Paulo no decorrer de sua her teaching career. Initially, the text was
carreira docente. Inicialmente, o texto foi produced to compress an inventory on the
produzido para compor um inventário sobre a importance of their work in the training of
importância de seu trabalho na formação de geography teachers throughout the country,
professores de Geografia pelo país, suas ações their actions exceeded their classroom, in fact,
ultrapassaram a sala de aula, na verdade, influenced geography teachers in several
influenciaram professores de Geografia em Brazilian regions through the circulation of their
diversas regiões brasileiras através da circulação texts that exposed/exposed the possibilities of
de seus textos que expunham/expõe as developing with students themes about the
possibilidades de desenvolver junto aos alunos, relationship between society and environment
temas sobre a relação sociedade e ambiente through interdisciplinarity and with the
através da interdisciplinaridade e com a approach of the methodology of the study of the
abordagem da metodologia do estudo do meio. environment.
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
9
INTRODUÇÃO
Por muito tempo, no Brasil, a Educação Básica relegou à Geografia a um papel
irrelevante em sala de aula, entendida como uma disciplina simplória e enfadonha que
aborda conteúdos decorativos, inúteis e sem quaisquer reflexões sobre a relação da
sociedade com o meio. Como denomina Lacoste (1988), esse foi o tema de consolidação
da “geografia dos professores”, institucionalizada sobre um discurso ideológico com
funções inconscientes, uma delas sendo a de mascarar a importância estratégica do
conhecimento sobre os espaços geográficos.
Contudo, algumas experiências da “geografia de professores” (LACOSTE, op cit.)
conseguiram ultrapassar tal essência simplória, elaborada em gabinetes, para dar-lhe
novo conceito e nova importância ao torná-la instrumento de conscientização,
ferramenta de poder através do desenvolvimento de análises espaciais no contexto da
sala de aula. No Brasil, uma dessas experiência positivas e que merece ser conhecida,
foi o trabalho da Professora Nídia Nacib Pontuschka com a metodologia do estudo do
meio, na região metropolitana de São Paulo, a partir dos anos de 1980.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
10
se desenvolveram nos municípios de Cerejeiras e Ji-Paraná, estado de Rondônia (figura
01).
Fonte: https://educacaoambiental.sedam.ro.gov.br/
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
11
didáticos, de literatura técnica, de materiais pedagógicos. Qualquer fragmento de texto,
reproduzidos de formas não muito ortodoxas, tornavam-se preciosidade que a gente lia,
relia, relia outras tantas vezes e sacralizava.
Em 1994, uma dessas preciosidades a cair em minhas mãos foi um texto da
Professora Pontuschka (1992) intitulado “O estudo do meio” como trabalho integrador
das práticas de ensino” e publicado em coautoria com outras colegas da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo – USP. Era uma cópia que recebi ao participar
de uma pequena formação de professores da Secretaria de Educação de Rondônia,
instituição na qual fui professora entre 1991 e 2009. A ministrante da formação
apresentou o texto e comentou com bastante entusiasmo sobre as possibilidades de
trabalho com o estudo do meio, considerando-o uma prática pedagógica propícia a ser
desenvolvida na educação básica.
Me encantei com a explanação da ministrante sobre as práticas relacionadas ao
estudo do meio e que aqui registro seu conceito a partir de citações da própria autora,
podendo ser considerado uma atividade pedagógica que
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
É preciso considerar aqui, que o estudo do meio possibilita ao aluno uma imersão
à sua própria realidade, ao seu espaço geográfico. Assim, permite-lhe observar,
investigar, concluir, tornando-se protagonista na construção de seus próprios
conhecimentos. A partir destes conhecimentos construídos, compreenderá melhor a
realidade do mundo globalizado em que também está inserido.
Daquele texto que tive um primeiro contato, em casa reli atentamente, analisei...
comecei a desenhar possibilidades para desenvolver trabalho semelhante na escola em
que lecionava, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Tancredo de Almeida
Neves, em Cerejeiras, sul do Estado de Rondônia. Conversei com um colega de trabalho
formado em História, mas que por falta de professores também havia assumido a
disciplina de Biologia no antigo segundo grau, hoje, ensino médio. Ele também ficou
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
12
entusiasmado com a possibilidade de desenvolvermos juntos um trabalho que
transcendesse a sala de aula.
Naquele momento, nossa inexperiência não nos deixava perceber a necessidade
de organizar previamente um projeto de estudo. Apenas construímos um roteiro de
atividades de forma bastante amadora, mas tudo feito com muito entusiasmo. Nossa
primeira experiência desenvolvendo uma prática similar ao estudo do meio foi a visita
ao Parque Estadual de Corumbiara, então uma recém-criada Unidade de Conservação
localizada em área de transição entre os biomas Cerrado e Floresta Amazônica,
apresentando ainda campos alagáveis da planície do rio Guaporé.
A primeira viagem de campo contou com a colaboração e participação de
funcionários da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, administradora do parque. Foi
muito bom, pois, a equipe nos fornecia todas as informações necessárias, tanto sobre a
constituição natural da área, quanto sobre a condição de conflitos sociais que a criação
do parque estava suscitando no município de Cerejeiras/RO. No retorno à sala de aula,
estabelecíamos rodas de conversas sobre o tema e depois os alunos escreviam suas
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
experiências em forma de texto e que eram avaliados como uma das notas
componentes do bimestre das disciplinas de Geografia, História e Biologia.
Sempre em parceria com os servidores do parque, conseguimos desenvolver
esta atividade por três anos seguidos. No segundo ano, os resultados foram
gratificantes: os alunos apresentaram seus textos em uma reunião de pais da escola com
uma pequena exposição de fotografias. Após o terceiro ano da atividade, foi necessário
suspendê-la em virtude da intensificação de conflitos provocados por fazendeiros do
entorno do parque que buscavam diminuir sua área afim de ocupá-la como pastagens
naturais, e conseguiram. A sociedade local passou a ser pressionada a apoiar a hipótese
de diminuição da área do parque, qualquer manifestação a favor daquela Unidade de
Conservação não era bem recebida. Neste contexto, as excursões até o parque
tornaram- inseguras.
O acontecer da vida, a necessidade de melhorar minhas práticas em sala de aula
me levaram de volta aos bancos escolares, em 1996 iniciei a complementação da antiga
licenciatura curta em Estudos Sociais para Geografia em um curso ofertado pelo
departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia – UNIR e que se
estruturava em forma modular com aulas nos períodos de férias, pois todos os alunos e
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
13
alunas do curso eram professores que trabalhavam em diversos municípios de Rondônia
e do Mato Grosso. Para facilitar, então, o deslocamento do grupo, o curso foi ofertado
no campus de Ji-Paraná/RO. Acadêmicos e professores se reuniam neste campus para o
desenvolvimento das aulas.
Imediatamente após o término do curso de complementação em Geografia, o
mesmo departamento ofertou um curso lato sensu “o ensino de Geografia no contexto
amazônico”. Por circunstância dessa especialização, acabei migrando novamente, agora
em um movimento interno. Me transferi da pequena cidade de Cerejeiras, no sul do
estado para Ji-Paraná, na região central de Rondônia.
Em 1998, comecei a trabalhar em uma escola de bairro rural e lá, outra vez, pude
desenvolver práticas pedagógicas similares ao estudo do meio com os alunos e alunas
das antigas, sétima e oitava séries. Meu amadorismo continuava: falta de projeto inicial,
falta de registros de campo, falta de sistematização dos resultados, falta de percepção
para guardar/arquivar materiais produzidos pelos alunos. Ainda assim, me recordo que
os alunos produziram textos belíssimos como atividades avaliativas.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
1
Denominação amazônica para pequenos cursos d’água, córrego.
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
14
Já partir do ano 2000 tive mais acesso a novas leituras, novas informações que
ampliaram um pouco mais minha coleção de preciosidades. Até já possuía uma
minúscula biblioteca com reproduções de textos e apostilas. Maior acesso também, a
literatura técnica, inclusive com novos textos da Professora Pontuschka.
Novas leituras e novas reflexões me possibilitaram melhorar o trabalho em sala
de aula. Agora, trabalhando em uma escola urbana já construíra certa bagagem para
desenvolver um projeto elaborado em consonância com alguns princípios da
interdisciplinaridade, momento em que as reflexões presentes no texto “Geografia:
pesquisa e ensino” (PONTUSCHKA, 1999) foram fundamentais.
A ideia inicial para o trabalho foi proposta pela professora de Biologia, dela
tomamos parte com Geografia, juntamente com os colegas de Matemática, História e
Literatura. Os resultados desse projeto, intitulado “Tudo Limpo”, nos levaram a
participar do Fórum de Experiências no Ensino Médio, em 2002 na cidade de Goiânia/GO
e conquistar um prêmio no valor de cinco mil reais para a escola, que foram investidos
na aquisição de alguns materiais tecnológicos e alguns livros para a biblioteca escolar.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
15
generosidade em me ouvir, ela me sorriu e disse: é resultado indireto do trabalho da
gente! Me senti credenciada a continuar desenvolvendo o estudo do meio adaptado à
realidade local e social em que eu me encontrasse.
A conclusão do curso de mestrado me levou a ingressar no recém criado Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – IFRO, no campus de Ji-Paraná,
em 2009. A partir daí, acessei melhores condições estruturais para desenvolver
atividades similares ao estudo do meio. Finalmente, com elaboração de projetos, que
ao longo do tempo, passaram a ser institucionalizados como projetos de ensino.
Agora, já com práticas amadurecidas, foram diversas as oportunidades que
alunos e alunas participantes de projetos similares ao estudo do meio tiveram para
apresentar os resultados de seus trabalhos em eventos científicos locais, regionais e até
mesmo nacionais, como os encontros da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência – SBPC. Alguns em formato de banner, outros em comunicação oral e quase
sempre com publicações em anais, sejam em forma de resumos ou resumos expandidos.
Não posso deixar de registrar aqui, o quanto sempre foi contagiante presenciar
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
16
inscritos e selecionados para apresentação na I Semana de Geografia do IFRO, campus
Cacoal e dois para o V Simpósio de Recursos Hídricos da UNIR, campus de Rolim de
Moura. A vibração dos meninos era contagiante e o sucesso nos resultados me
possibilitou organizar parte dos trabalhos em um pequeno livro composto por quinze
resumos expandidos e que recebeu o título “A galera do Ensino Médio faz pesquisa sim:
a iniciação científica no ensino médio profissionalizante”, lançado em 2020.
Este trabalho inspirou a professora da disciplina de Orientação para a Prática
Profissional e Pesquisa – OPPP a propor outro projeto de ensino tendo como integrantes
também as disciplinas de Geografia e História. O objetivo da disciplina OPPP nos cursos
técnicos do IFRO é preparar o aluno para a escrita científica no momento da produção
de seu Relatório de Estágio ou Monografia de Conclusão de Curso.
O projeto foi desenvolvido com os alunos do segundo ano do curso de
Informática. Após passarem pelo passo a passo na construção de seus projetos de
pesquisa, os alunos e alunas foram a campo desenvolvê-los. Nesse momento entravam
as orientações das disciplinas de Geografia e História. O projeto foi intitulado “História
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Meu entusiasmo com o estudo do meio ou práticas pedagógicas similares a ele
está na sua capacidade de proporcionar ao estudante se tornar protagonista de seu
próprio saber, de desenvolver consciência sobre a importância de seu papel social na
construção do espaço geográfico onde esteja inserido.
São práticas que contribuem para a construção de cidadania e, neste sentido,
acredito que minhas práticas em sala de aula se somaram para tal construção. Para que
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
17
elas ganhassem forma, entre despreparos e dificuldades, os escritos da Professora
Pontuschka que fui tendo acesso gradativo no decorrer de meu trabalho em sala de aula
foram imprescindíveis e embasaram por completo minhas ações pedagógicas. Sem eles,
certamente, eu teria sido somente uma professora reprodutora de conteúdos
bancários.
Avaliando aqui este relato de minhas próprias experiências, percebo o quanto foi
fundamental que algum dia chegasse em minhas mãos uma cópia de “O estudo do meio
como trabalho integrador das práticas de ensino”, pois a partir dele construí minhas
práticas pedagógicas... foi assim que as ideias e os escritos da Professora Pontuschka
influenciaram as práticas de uma professora no interior da Amazônia.
Concluo expressando que todo este relato é somente oportunidade de
manifestar toda minha gratidão à Professora e a sua imensa contribuição para a
formação de professores de Geografia pelo Brasil afora e que possibilitaram uma nova
forma de fazer Geografia.
REFERÊNCIAS
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
LACOSTE, Y. Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas/SP:
Papirus, 1988.
ESTUDO DO MEIO: Como os trabalhos de Nídia Pontuschka influenciaram as práticas de uma professora no
interior da Amazônia
18
CAPÍTULO II
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR
DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA
THE STUDY OF THE TERRITORY IN THE EARLY YEARS OF ELEMENTARY
SCHOOL: AN APPROACH FROM THE TEXTBOOK OF GEOGRAPHY
DOI: 10.51859/amplla.ndg2414-2
Marieli Maria Pauli ¹
¹ Doutoranda em Geografia na Universidade Federal da Grande Dourados.
RESUMO ABSTRACT
Este artigo tem por objetivo verificar a This article aims to verify the concept of territory
concepção de território presente em uma present in a collection of Geography textbooks
coleção de livros didáticos de Geografia para os for the early years of elementary school. For
anos iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto, that, we analyzed one of the collections used by
analisamos uma das coleções utilizadas pelos students and teachers of this stage of teaching
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
estudantes e docentes dessa etapa de ensino na in the municipal network of Dourados-MS. From
rede municipal de Dourados-MS. A partir dessa this analysis, it was possible to verify that the
análise, foi possível verificar que a abordagem approach through which the territory appears in
por meio da qual o território comparece no the analyzed material is still limited to the
material analisado ainda é limitada a abordagem normative approach, linked to the idea of
normativa, vinculada à ideia de poder administrative power of the State over the
administrativo do Estado sobre os territórios. Tal territories. This finding is very expensive to the
constatação é muito cara à região na qual o region in which the municipality is inserted, in
município está inserido, tendo em vista a view of the multiplicity of individuals and social
multiplicidade de indivíduos e grupos sociais que groups that constitute a diversity of territories
constituem uma diversidade de territórios por through their experiences and practices.
meio de suas vivências e práticas. Considerando Considering that these subjects and their
que estes sujeitos e seus territórios também territories also cross the place where students
atravessam o lugar em que vivem os estudantes who access these materials live, it is essential
que acessam esses materiais, é fundamental that their education (geographical) contemplate
que a sua educação (geográfica) contemple a the multiplicity and diversity of subjects that
multiplicidade e diversidade de sujeitos que constitute the places and territories when
constituem os lugares e os territórios ao abordar addressing this and other central concepts of
esse e outros conceitos centrais da Geografia. Geography. Finally, this analysis makes us reflect
Por fim, tal análise nos faz refletir sobre a on the necessary adaptation of the discussions
necessária adaptação das discussões propostas proposed by textbooks to the reality in which
pelos livros didáticos à realidade em que os they are the need to deepen the territorial issue
mesmos são trabalhados e, de forma específica by paying attention to the social aspects that
a necessidade de aprofundar a questão constitute the territories in which we operate.
territorial atentando para os aspectos sociais
que constituem os territórios em que estamos Keywords: Territory. Textbook.
inseridos. Geographical Education. Early Years.
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
19
INTRODUÇÃO
A Geografia escolar pode nos ajudar a compreender o espaço, construir noções
e conceitos e também nos ajudar a desenvolver habilidades necessárias para interpretar
os problemas e fenômenos presentes em nosso cotidiano. Os conhecimentos da
Geografia nos possibilitam imaginar, produzir e expressar outros modos de ler, conhecer
e compreender o mundo em que vivemos, entender as relações locais/globais que nele
ocorrem e o constituem e perceber o nosso envolvimento com o mundo, já que
enquanto cidadãos inseridos na sociedade, participamos do processo de formação e
transformação espacial. Desse modo, a aproximação com a educação geográfica desde
os primeiros anos da educação escolar, pode contribuir para o desenvolvimento de
noções fundamentais para compreensão do espaço e de toda a sua complexidade, a
partir da compreensão do próprio lugar de vivência da criança, que se torna um objeto
de estudo na Geografia escolar.
Nessa perspectiva, cabe ressaltar que, o lugar em que vivemos é constituído por
múltiplas trajetórias, encontros e desencontros (MASSEY, 2008), que compõem e
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
20
rede municipal de Dourados-MS abordam o conceito de território, observando se este
direciona para concepções limitadas que vincula e restringe o território à ideia de
Estado-Nação, poder político-administrativo (abordagem normativa); ou se, para além
desse entendimento, apresenta também outras discussões que abrangem os diversos
grupos sociais e culturais que constroem e reconstroem os territórios cotidianamente
(abordagem de prática).
Para tanto, analisamos dois volumes de livros didáticos de uma das duas coleções
que são utilizadas pelas escolas da rede municipal em que ocorreu a pesquisa. A coleção
analisada foi escolhida entre as duas utilizadas porque esta foi a mais escolhida pelos
professores durante o processo de escolha. Assim, destacaremos o conceito de
território, com um olhar para o seu comparecimento nos livros didáticos, considerando
que este é o principal material de apoio e estudos utilizado pela maior parte dos
estudantes e docentes na educação escolar.
O artigo está organizado em duas partes: na primeira parte apresentamos
discussões acerca do conceito de território na Geografia Escolar. E na segunda parte,
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
21
Nessa direção, a Base Nacional Comum Curricular destaca que, a Geografia pode
possibilitar aos estudantes da Educação Básica:
Desse modo, Cavalcanti (2010) argumenta que o ensino da Geografia pode nos
ajudar a pensar o mundo geograficamente e espacialmente por meio dos temas
abordados nos conteúdos e do desenvolvimento de um pensamento conceitual. A
formação dos conceitos geográficos pelos estudantes decorre do encontro entre os
conceitos cotidianos e científicos e é fundamental para a constituição do pensamento
espacial, que, por sua vez, contribui para a leitura e compreensão dos lugares, próximos
ou distantes, partindo do conhecimento sobre o próprio cotidiano e o lugar em que
vivem.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
22
No que diz respeito ao ensino, Cavalcanti (2019) destaca que é importante incluir
os elementos desse conceito, dentre eles, poder, posse, apropriação, ocupação, uso,
identidade. Assim, a autora afirma que o território está diretamente vinculado às
relações políticas em uma determinada área. Entretanto, ressalta que essas relações
políticas não estão restritas à política institucional, portanto,
Essas relações fazem com que um grupo (ou uma pessoa) possa delimitar,
marcar, ocupar, estabelecer fronteiras, nessa área, por força ou por
reconhecimento de sua legitimidade. Nessa dinâmica, são produzidos os
espaços segundo sua identidade, seu sentido, seu interesse (CAVALCANTI,
2019, p. 135).
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
23
Dessa maneira, para Haesbaert (2014), o entendimento de território e, junto a
ele suas derivações, como os processos de territorialização que o recompõem a todo
momento, não podem ser reduzidos ao poder da figura do Estado. Apesar da esfera das
relações jurídico-administrativas, ser uma das questões centrais da análise do território,
é necessário reconhecer a sua amplitude, uma vez que, para além da figura do Estado e
do sistema jurídico-legal, o poder se estende à outras esferas, como sociais, econômicas,
culturais, epistemológicas etc.
O conceito de território pode ser compreendido como o espaço geográfico em
que há enfoque para as relações de poder. Entretanto, não se trata apenas do sentido
tradicional de poder, que é o político. O território está relacionado também ao poder de
dominação (sentido explícito) e de apropriação (sentido implícito ou simbólico).
Fundamentado nas proposições de Henri Lefebvre, Haesbaert (2014), afirma que
o poder de apropriação, é mais simbólico e contém marcas do vivido, é vinculado ao
valor de uso. Enquanto o poder da dominação, muito associado à possessão e
propriedade, está vinculado ao valor de troca. Assim, o território enquanto espaço-
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
24
categoria de prática e território como categoria normativa. Como categoria de análise,
o território é instrumento intelectual de pesquisas. Como categoria normativa, é
abordado a partir de interesses político-econômicos por empresas privadas e também
pelo Estado (em políticas de reordenamento territorial) (HAESBAERT, 2014). E como
categoria da prática, o território é utilizado para as práticas cotidianas ou para a
organização das suas lutas políticas.
Essa organização política pode ser observada nos movimentos sociais
executados por grupos sociais subalternos, evidenciado com frequência em
manifestações políticas, como é o caso de movimentos de agricultores sem-terra e sem-
teto e de povos tradicionais, principalmente indígenas e quilombolas, por exemplo.
Assim, Haesbaert (2016) assinala que, ao discutir sobre o território, é
fundamental identificar os sujeitos sociais envolvidos na construção desse território do
qual falamos, visto que,
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
25
também podem ser evidenciados em diferentes áreas e escalas nas vivências dos
estudantes, regidas com base em relações de poder, controle e gestão de espaços.
Entretanto, a autora esclarece que, esses aspectos não se referem apenas a
“administração de uma cidade ou de um Estado federativo, mas também aos processos
de territorialização, desterritorialização, em territorialidades não oficiais, flexíveis,
invisibilizadas (CAVALCANTI, 2019, p. 136).
Dessa forma, partimos do pressuposto de que o território pode ser discutido em
diversas escalas, começando pelo próprio corpo e as territorialidades produzidas pelos
elementos do corpo cor, raça, gênero, classe social, faixa etária ou geracional. Assim, o
corpo é o primeiro espaço de contato com o outro e com o mundo, mas também é um
espaço de disputa, instrumento de luta e resistência (HAESBAERT, 2020a).
Portanto, o território como um dos conceitos essenciais da Geografia e, por
extensão, da Geografia escolar, atravessa todo o currículo básico da disciplina. No que
diz respeito ao currículo dos anos iniciais do Ensino Fundamental, o conceito de
território como conteúdo curricular tem maior destaque no 4° e no 5° ano. A BNCC
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Com isso, com vistas a responder à pergunta central deste texto, é importante
verificar como o conceito de território comparece nos livros didáticos de Geografia,
considerando que este é o principal material de estudos utilizado por estudantes e
docentes na educação escolar, incluindo a geográfica. Assim, no próximo tópico,
discutimos sobre o conceito de território em livros didáticos de Geografia para anos
iniciais do Ensino Fundamental apontando limites e possibilidades para trabalhar com
esse conceito nas aulas de Geografia a partir das orientações e discussões do próprio
livro didático.
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
26
O TERRITÓRIO EM LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA PARA ANOS INICIAIS: LIMITES E
POSSIBILIDADES
Verificamos que as discussões sobre território na Geografia escolar são
importantes para a leitura e compreensão da realidade, do lugar e do mundo em que
vivemos. Tais discussões podem ocorrer por meio dos livros didáticos, que, apesar de
receber muitas críticas, têm papel central na educação escolar. Nos diversos
componentes curriculares, em escolas públicas e privadas, é a principal referência
utilizada pelos docentes e estudantes no ensino escolar. É a base utilizada pelos docentes
para orientação ou planejamento para desenvolver as suas práticas pedagógicas
(TONINI; GOULART, 2017).
Nesse sentido, Tonini (2003) argumenta que, os livros didáticos não são apenas
meios de disseminar os conhecimentos das diversas áreas do saber. Mais que isso, eles
fazem parte de uma política e são marcados pelas relações de poder que os constituem,
disseminando visões e significados dominantes. É também um lugar onde significados
são produzidos e por meio do qual estes significados são disseminados como verdades.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Ao ser inserido no campo político, o livro didático contém em suas páginas apenas
discursos autorizados.
Sendo assim, a preocupação com o conteúdo do livro é indispensável e, de modo
geral, pode ser evidenciada em diversos trabalhos de diferentes áreas que analisaram
livros didáticos a fim de verificar a sua adequação a diversos temas. De modo particular,
pesquisas acerca da abordagem do conceito de território em livros didáticos de
Geografia para os anos iniciais podem ser encontradas em trabalhos como de Saquet
(2012) e Rodrigues (2015).
Saquet (2012) analisou uma coleção de livros didáticos de Geografia para anos
iniciais para verificar como é abordado e trabalhado o conceito de território nesse
material. A partir disso, o autor observou que existem limitações nas discussões sobre o
conceito de território, visto que se restringem à questão do Estado-Nação e a
informações sobre a formação do espaço brasileiro enquanto uma área delimitada com
características físicas específicas (SAQUET, 2012). Assim, o autor considera que essa
forma de abordar o conceito, é incompleta e superficial, já que hoje existem muitos
debates e pesquisas ampliadas e atualizadas sobre esse conceito no Brasil.
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
27
Por sua vez, Rodrigues (2015) analisou quatro coleções de livros didáticos de
Geografia para anos iniciais, para verificar como esses materiais abordam os conceitos
de território e de fronteira, em face das expressivas mudanças teóricas que esses
conceitos sofreram ao longo da história do pensamento geográfico e constatou que os
livros analisados ainda abordam definições desprovidas de atualização. O conceito
comparece em todas as coleções analisadas, entretanto, em grande parte dos volumes
a abordagem do território é superficial e limitada, associada a noção de limites políticos-
administrativos. Apenas uma das coleções, aborda o território de modo diferenciado
aproximando tal conceito ao cotidiano do estudante indicando que o território é um
espaço delimitado sob o domínio de uma pessoa, grupo ou instituição e que, como
exemplo, indica o quarto do estudante como um território de domínio do estudante.
De modo semelhante, analisamos dois volumes de livros didáticos (4º e 5º ano)
da coleção Àpis de Geografia de autoria de Elena Maria Simielli. Dentre as duas coleções
do Programa Nacional do Livro Didático utilizadas pelas escolas da rede municipal do
município em que pesquisamos, essa foi a coleção mais escolhida pelos docentes. Além
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
disso, é importante ressaltar que analisamos dois volumes da versão digital do manual
do professor que além de conter todas as orientações aos docentes, é composta pela
versão do livro do estudante.
Inicialmente, observamos que a obra a definição de território adotada pela obra
é uma concepção que vincula o território ao exercício de poder do Estado sobre
determinada porção da superfície terrestre delimitada, uma vez que, caracteriza o
território da seguinte forma: “quando um governo exerce seu poder de forma autônoma
sobre uma determinada área terrestre temos um território, que inclui o mar territorial
e o espaço aéreo. Território é espaço nacional controlado por um Estado nacional”
(SIMIELLI, 2017, p. XXVIII).
Nesse aspecto, é importante ressaltar, ainda, que, no livro do estudante apenas
comparece o termo “território” associado aos conteúdos abordados e o conceito não é
explicado ou discutido. Assim, esta análise foi realizada a partir do comparecimento do
termo “território” e a sua relação com os conteúdos que o acompanham.
Logo, ao analisar os livros, verificamos no volume do 4º ano, que o território é
sempre mencionado quando se trata da esfera político-administrativa em que são
mencionadas a extensão, delimitação e divisão do território brasileiro em regiões,
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
28
estados (unidades administrativas), municípios e, para este último, em áreas urbana e
rural, bem como, a caracterização física e econômica do território nacional.
De modo semelhante, no volume do 5º ano, o território comparece sempre
quando o conteúdo se refere a localização, a delimitação e divisão político-
administrativa do território. Além disso, a obra apresenta informações sobre a
constituição populacional do território brasileiro. Aborda a distribuição da população
pelo território e a formação do povo brasileiro destacando que os principais grupos
étnicos que contribuíram para a formação foram os indígenas (nativos), brancos
(descendentes de europeus) e negros (africanos e descendentes escravizados) e
comenta brevemente sobre o período colonial destacando que os portugueses vieram
para o Brasil para ocupar os territórios. Sobre isso, a obra sugere que o docente comente
com os estudantes que os portugueses impuseram a sua cultura, religião, língua,
costumes aos povos que aqui habitavam (SIMIELLI, 2017e). Com isso, notamos que os
dois livros analisados nessa coleção, priorizam de modo mais explícito uma abordagem
normativa de território, limitando as discussões a apresentação de características físicas
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
e sociais do território brasileiro, mas sem ampliar para a questão das práticas sociais que
constituem os territórios, no sentido de atentar para os modos de existência e
resistência dos diferentes grupos sociais e culturais no território brasileiro. Embora os
livros analisados apresentem tais limitações, a discussão realizada pelos docentes não
precisa ser e pode ser ampliada partindo das próprias informações presentes no
material.
Com vistas a isso, buscamos evidenciar a possibilidade de outras discussões a
partir de outras orientações curriculares. No que diz respeito às questões sociais do
território, observamos que a BNCC recomenda o estudo de temáticas territoriais dos
diferentes grupos étnico-raciais e étnicos-culturais no território brasileiro também nos
anos iniciais. Em partes, isso foi observado no livro didático do 5º ano ao discutir sobre
a formação populacional do Brasil.
Nesse sentido, a BNCC estabelece que os estudantes do 4º ano precisam
desenvolver a habilidade de “identificar e descrever territórios étnico-culturais
existentes no Brasil, tais como terras indígenas e de comunidades remanescentes de
quilombos, reconhecendo a legitimidade da demarcação desses territórios” (BRASIL,
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
29
2017, p. 377). E no 5º ano, “identificar diferenças étnico-raciais e étnico-culturais e
desigualdades sociais entre grupos em diferentes territórios” (p. 379).
Nessa direção, considerando que estamos inseridos na América Latina, para
compreender o território sob essa perspectiva, recorremos a Haeasbaert (2020a; 2020b)
que discute sobre o território numa leitura latino-americana envolvendo diversos
grupos culturais. Sobre isso o autor aponta que, uma das principais características da
leitura do território nesta perspectiva é que ela parte da esfera do vivido e, portanto, “o
território é lido frequentemente no diálogo com os movimentos sociais, suas
identidades e seu uso como instrumento de luta e de transformação social” (2020a, p.
76). De modo complementar, Haesbaert (2020b) esclarece que:
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
30
da terra por toda a comunidade ou pela defesa do bem comum, como a preservação
das matas e da água. Dessa maneira, cada um desses grupos, se define “numa relação
própria com a terra, com o meio natural ou, mais amplamente, com seu território.
Territórios que são definidos e construídos ao longo de processos específicos de
organização e resistência” (HAESBAERT, 2020b, p. 144).
Dessa maneira, ao analisar os livros didáticos do 4º e 5º ano da coleção Ápis para
verificar como a questão étnico-territorial é abordada observamos que no volume para
o 4º ano essa temática é apenas descrita de forma muito breve, mencionando o que são
as terras indígenas e quilombolas explicando que a terras indígenas são federais,
portanto, propriedades da União e habitadas por povos indígenas. Esses territórios são
legalmente demarcados pelo Estado brasileiro para preservar os direitos e modos de
vida dessa população. Do mesmo modo, comenta sobre as terras quilombolas tituladas
que são propriedades sob a posse de populações quilombolas que ali desenvolvem seu
modo de vida. Além disso, a obra menciona como ocorre a demarcação das terras
indígenas, a quantidade de territórios indígenas e quilombolas que existem no Brasil e
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
31
de vida, a cultura e as lutas desses grupos pelos territórios e a sobrevivência desses
grupos, que podem servir como ponto de partida para os docentes ampliarem as
discussões sobre o território e sua multiplicidade de sujeitos, usos e significados com a
possibilidade de enfatizar aspectos que compõem a realidade e o lugar em que vivem
os estudantes.
Em grande parte, é possível perceber que esses e os outros diversos grupos
sociais que constituem os territórios comparecem no material com ênfase aos dados
quantitativos. Entretanto, outras linguagens, como os textos e as imagens, também são
utilizadas para abordar essas questões, sobretudo para discutir sobre os territórios
indígenas. Desse modo, apesar de apresentar limitações, as discussões que compõem
os livros da coleção analisada podem viabilizar a realização de práticas docentes a partir
dos livros mas não se limitando a ele e buscando outras discussões por meio das diversas
linguagens, que levem a construir conhecimentos sobre o território que possibilitem
pensá-lo para além do caráter administrativo de Estado, com ênfase às características e
delimitações físicas e econômicas do território e aos elementos de poder e posse, mas
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
também enfatizar o seu aspecto social, um espaço de pessoas, vidas, relações, lutas,
vivências e com diversas histórias a serem contadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo sobre o território, extrapolando os seus limites conceituais, é uma
questão fundamental na Geografia e também no ensino dessa ciência na escola, pois
possibilita aos estudantes a compreensão da dinâmica espacial do lugar em que vive e
da própria vida, uma vez que, desde cedo os sujeitos constituem a sua espacialidade e
seus territórios experimentando o mundo e interagindo com os pares por meio do seu
próprio corpo, que é o seu primeiro território. Para além disso, é importante refletir
junto a esses estudantes que, diariamente os distintos sujeitos vivenciam os espaços e
produzem espacialidades e relações com estes espaços e com os outros sujeitos. Essas
relações constituem os territórios.
Acreditamos que os livros didáticos, e, de modo particular, os livros da coleção
que analisamos nesse texto, poderiam abranger e ampliar discussões sobre território de
modo a possibilitar que os estudantes percebam e conheçam a existência de outros
territórios e territorialidades constituídos cotidianamente em cada uma das lutas e
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
32
disputas em áreas urbanas ou rurais, coletiva ou individualmente, pelos diversos grupos
que atravessam o lugar em que vivemos, desde os povos indígenas, afrodescendentes e
quilombolas, camponeses e sem-terra, migrantes, moradores de áreas periféricas
urbanas, considerando sempre a diversidade de sujeitos que compõem esses grupos.
No entanto, entendemos que esse material, muitas vezes, não dispõe de espaço
para abranger tudo. Assim, acreditamos que as limitações do material analisado podem
ser atenuadas por meio de discussões mais ampliadas pelos docentes que podem
levantar e suscitar questões sobre a temática, buscando também aproximar esse debate
à realidade dos estudantes. Sendo assim, é possível propor que os estudantes
participem das discussões fazendo pesquisas sobre essas populações no lugar em que
vivem, produzindo e/ou buscando textos, narrativas, fotografias e
filmes/documentários para enriquecer o debate sobre essa temática e compreender
melhor o lugar e o espaço em que vivem.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Secretaria de Educação Básica. MEC,
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
CALLAI, Helena Copetti; CAVALCANTI, Lana de Souza; CASTELLAR, Sônia Maria Vanzella.
O estudo do lugar nos anos iniciais do ensino fundamental. Revista Terra Livre,
São Paulo, ano 28, v. 1, n. 38, 2012, p. 79-98.
______ . Pensar pela geografia ensino e relevância social. C&A Alfa Comunicação:
Goiânia, 2019.
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
33
RODRIGUES, Aline de Lima. Uma discussão sobre os conceitos de fronteira e território
no ensino fundamental anos iniciais de Geografia. 2015. Tese (Doutorado) -
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2015.
SIMIELLI, Maria Elena. Ápis geografia (4° e 5° ano): Ensino Fundamental Anos Iniciais.
2ª ed. São Paulo: Ática, 2017 (Coleção Ápis).
TONINI, Ivaine Maria. Imagens nos livros didáticos de geografia: seus ensinamentos, sua
pedagogia… Mercator - Revista de Geografia da UFC, n. 4, ano 2, 2003.
______, Ivaine Maria; GOULART, Lígia Beatriz. Desafios para potencializar o Livro
Didático de Geografia. In: O livro didático de Geografia e os desafios da docência
para a aprendizagem. TONINI et al., (orgs.). Porto Alegre: Editora Sulina, 2017.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
O ESTUDO DO TERRITÓRIO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ABORDAGEM A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE
GEOGRAFIA
34
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA PARA O PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM NA GEOGRAFIA: UM
DESTAQUE PARA O ENSINO DE GEOMORFOLOGIA
THE IMPORTANCE OF TEACHHING FOR THE THEACHING-LEARNING
PROCESS IN GEOGRAPHY: A HIGHLIGHING FOR THE TEACHING OF
GEOMORPHOLOGY
DOI: 10.51859/amplla.ndg2414-3
Ruan Carlos Fernandes da Silva ¹
Juan Carlos Cavalcante Pereira ²
Geane Lira da Silva ³
Lucas Henrique Souto de Oliveira 4
Eduardo dos Santos Silva 5
Helena Paula de Barros Silva 6
¹ Graduando do curso de Geografia. Universidade de Pernambuco - UPE
2 Graduando do curso de Geografia. Universidade de Pernambuco - UPE
3 Graduanda do curso de Geografia. Universidade de Pernambuco - UPE
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
RESUMO ABSTRACT
O presente trabalho tem por objetivo evidenciar The present work aims to highlight the relevance
a relevância da didática como procedimentos de of didactics as teaching-learning procedures,
ensino-aprendizagem destacando as aulas de highlighting geography classes in basic
geografia da educação básica como ferramenta education as a tool for improving education. The
de melhoramento da educação. O mesmo busca same also seeks to highlight the importance of
destacar também as importâncias das active methodologies as didactic resources for
metodologias ativas como recursos didáticos the improvement of teaching, thus seeking to
para o melhoramento do ensino, sendo assim discuss with teachers the real importance of
busca-se discutir com professores a real didactic procedures and whether they provide
importância dos procedimentos didáticos e se os effective learning to teaching. Finally, the work
mesmos proporcionam a aprendizagem efetiva ends with the participation of public school
ao ensino. Por fim, o trabalho finaliza com a teachers debating the need for new
participação de professores da rede pública de methodological procedures to promote the
ensino debatendo a necessidade de novos teaching-learning process in basic education.
procedimentos metodológicos para promover o
processo de ensino-aprendizagem na educação Keywords: Didactics. Teaching. Public
básica. education. Geography.
é uma instituição que contribui bastante para com esses processos que buscam formar
a sociedade de alguma maneira. Portanto, a didática atualmente perpassa por diversos
caminhos que possibilita e ajuda no processo de ensino aprendizagem na educação
destacando pontos e elementos da geomorfologia que de certo modo são eficazes para
compreender os conteúdos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi proposta uma atividade para os estudantes do primeiro ano do ensino médio
de uma das escolas participante da pesquisa para produzirem maquete sobre o
conteúdo de relevo ao qual o mesmo enquadra-se na geomorfologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta desenvolvida do trabalho foi com base na relação do ensino do relevo
um conteúdo da geomorfologia como também evidenciar as práticas pedagógicas
desenvolvidas em sala de aula da educação básica efetivando e consolidando o ensino
do relevo no ensino básico, mas também mostrar que se pode inovar nas práticas
pedagógicas gastando muito pouco e que faz toda diferença no processo de ensino
aprendizagem dos discentes, principalmente na educação pública, onde há uma
escassez de incentivo ao ensino de qualidade.
Portando o ensino da geomorfologia enquanto uma temática que busque fazer
uma transversalidade dentro da Geografia pode este conteúdo torna-se mais atrativo,
tornando a relação de ensino aprendizagem de forma efetiva cada mais atrativo à
realidade do estudante.
REFERÊNCIAS
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
RESUMO ABSTRACT
A produção de jogos no ensino de Geografia é The production of games in the teaching of
uma metodologia gratificante, integrativa e Geography is a rewarding, integrative and
produtiva, tanto para os alunos, quanto para aos productive methodology, both for students and
professores/as. A questão é será possível for teachers. The question is, will it be possible
manter a qualidade de uma atividade to maintain the quality of a gamified activity,
gamificada, seja no digital/virtual ou no whether digital/virtual or presential/analog.
presencial/analógico. Estes são os desafios These are the challenges presented in this work,
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
apresentados neste trabalho, buscando através seeking through academic experiences and
de experiências acadêmicas e dá práxis como praxis as a teacher, to produce a participatory,
professor, produzir um ensino de geografia integrative and meaningful geography teaching.
participativa, integrativa e significativa.
Keywords: Teaching. Geography. Gamification.
Palavras-chave: Ensino. Geografia. Gamificação.
Muito se debate sobre então, quais são as formas de se ensinar geografia, não
somente na busca pela correta, mas sim, pela forma mais significativa e cativante, que
possa auxiliar na construção social, histórica e cultural dos sujeitos e futuramente, na
sonhada, emancipação dos mesmos, sejam de correntes ideológicas, culturais ou até
mesmo físicas. Com isto, acreditamos que é possível ensinar geografia, não somente
para/com a sala de aula, como cita Lacoste (1988), que o pensamento geográfico pode
ser utilizado com inúmeras intenções, desde um pensamento controlado e a par dos
interesses do Estado, uma “geografia dos professores” que é marcada por cópias e
memorização, mas também pode ser adaptada para que seja um instrumento de luta e
organização no espaço contra opressões, noções de relações de fixos e fluxos que ditam
um planejamento urbano e o escoamento do Capital, em quaisquer que seja o sua
forma.
Tendo em consideração que o professor está ciente destas relações e do seu
dever, devemos entender a suas necessidades como profissional e ser humano, caso
opte ou seja necessário exercer a função de forma remota, ele deve seguir firme a seus
princípios e deveres com a geografia, que outrora como uma ciência já fora utilizada e
remoto por definição é excludente e desigual, uma vez que parte do princípio que é
necessário uma conexão com a rede (internet) ou até mesmo do estrutural, onde o
aluno não possui o equipamento para acompanhar as aulas, deixando claro a sua falta
de responsabilidade com a educação destes estudantes por parte do estado, além de
propositalmente exclui-los e camufla-los do espaço.
O espaço digital, ainda é espaço e deve ser rigorosamente analisado, neste
aspecto, estas novas redes ainda possuem a capacidade de expor e impulsionar debates,
trazendo o lócus da geografia, como ciência da ação e saber estratégico, que é capaz de
transformar a realidade a partir de suas interações e desmascarando suas
desigualdades, assim, para Santos (1994), a tenção e o conflito entre as diferentes
relações de tempo e espaço é que garantiria os múltiplos usos cotidianos dos espaços.
As redes sociais digitais se apresentam como futuras possibilidade de organização dos
atores e instituições inseridas em sociedades e economias. Compreende-se então a
relevância social está condicionada pela ausência ou presença de determinado ator em
redes específicas.
trabalhadas, foi incentivado o pensamento crítico dos alunos, em relação aos mesmos,
além de alternar por meio de pensadores que marcam o ensino e aprendizagem de
Geografia e a educação brasileira em geral, somado de debates entre os discentes, bem
como as suas experiências pedagógicas, durante os quatro anos de curso em
Licenciatura em Geografia. A Educação Geográfica é mais que somente ensinar e
aprender determinados conteúdo. Este viés científico e pedagógico atua como “lentes”
que ajudam o aluno a compreender o espaço a sua volta e a suas dinâmicas, numa
perspectiva cidadã.
Com estas breves reflexões realizadas durante as aulas, o discente entende que
sua participação e a realização do estágio, deve ser uma prática que estimule a
necessidade crítica dos alunos, assim como do Professor em exercício.
A necessidade de experiências participativas, engajadoras e críticas, constroem
uma base sólida e esperançosa, ambientando o Professor sobre a realidade da profissão
professor e a realização pessoal para a vocação professor. E para que esta Inicialmente
deve-se entender que a ciência Geográfica tem um principal objeto de estudo que é ele
o espaço, e a necessidade de aprender a fazer a leitura desse espaço geográfico é muito
importante, pois vai além da simples leitura empírica. No entanto essa noção não se
desenvolve naturalmente, e sim de forma processual, da forma em que ela está inserida
na sociedade.
O sujeito não deve ficar apenas na superficialidade de leitura do mundo, ou
consciência ingênua, seria a consciência em que o aluno fica no básico de leitura e não
tem um aprofundamento sobre a sua leitura de mundo e seu conhecimento.
Durante a práxis como professor e pesquisador, é necessário compreender o
quão importante é o feedback aonde se é capaz de transforma-se em meio ao processo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro e fora do ensino de Geografia, a gamificação e a produção de games não
pode ser vista de forma pejorativa, uma vez que o ato de jogar, é uma forma de se
aprender. Muito mais que apenas um “jogar por jogar”, a geografia deve compreender
e se apoderar das estruturas de jogos para que seja possível e recompensador aprender
geografia.
A produção de jogos, mais do que “entreter” os alunos, ela tem a possiblidade
de despertar e motivas os/as alunos/as para que transforme não sua forma de interagir
com os conteúdos, mas com os colegas em integração e um senso de equipe, podendo
assim melhorar o ambiente em sala de aula, além, de promover e incentivar as noções
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Uma versão deste artigo está presente nos Anais do XIV Enanpege (2021)
¹ Doutor em Geografia (UFRN) e professor da SEEC/RN
² Pós-graduando em Docência em Educação Profissional e Tecnológica (IFES) e professor da SEEC/RN
RESUMO ABSTRACT
As diversas mídias visitam o nosso cotidiano e The various media visit our daily lives and are
são ressignificadas ao serem participantes no resignified by being participants in the teaching-
processo de ensino-aprendizagem. Daí a learning process. Hence the importance of
importância de se investir num letramento investing in media literacy, especially in our
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
midiático, sobretudo no nosso fazer pedagógico. pedagogical practice. Given this, it is pertinent to
Diante disso, é pertinente refletir sobre a leitura reflect on the reading of the world through
de mundo por meio de mídias imagéticas. Assim, imagery media. Thus, this work aims to
este trabalho objetiva compreender como as understand how images help in the reading of
imagens auxiliam na leitura do mundo atual no the current world in the teaching of Geography
ensino de Geografia bem como de encontrar as well as to find strategies for this reading,
estratégias para essa leitura, a partir da based on media education. Therefore, we carry
educação midiática. Para tanto, fazemos um out a bibliographic survey about the use of
levantamento bibliográfico acerca do uso de images in the Teaching of Geography,
imagens no Ensino de Geografia, articulando-o articulating it with the approach of media
com a abordagem da educação midiática. Desse education. Thus, conceiving the images as a
modo, concebendo as imagens como uma narrative and, at the same time, a vestige of
narrativa e, ao mesmo tempo, vestígio da geographic reality, this work concludes that the
realidade geográfica, este trabalho conclui que use of images in Geography classes can be
o uso de imagens nas aulas de Geografia pode enriched with a media layer. This layer, by
ser enriquecido com uma camada midiática. suggesting an investigative path, proposes a
Essa camada, ao sugerir uma via investigadora, reading and codification that goes beyond the
propõe uma leitura e codificação que vai além contents, understands the image in its entirety
dos conteúdos, compreende a imagem em sua as well as stimulates research and a
totalidade bem como estimula a pesquisa e uma participatory culture.
cultura participativa.
Keywords: Teaching of Geography. Image.
Palavras-chave: Ensino de Geografia. Imagem. Media education.
Educação midiática.
Assim sendo, o aluno - não castrado em sua liberdade - pode ser também
protagonista no processo de ensino aprendizagem, com posturas investigativas,
reflexivas e criativas. Afinal, aprender habilidades específicas de uma visão crítica a
respeito das mídias demanda aulas baseadas em questionamentos ou atividades
interativas de grupo (FIMON, 2013). Dessa maneira, é necessário relembrar ao alunado
que todas as imagens presentes na mídia são construídas, ou seja, têm um autor que fez
escolhas, e essas escolhas obedecem a um objetivo (FERRARI et al, 2020). Tais escolhas
devem, então, ser questionadas e tornadas objetos de reflexão para uma leitura crítica.
Trata-se daquilo que Fimon (2013) chama de habilidade de olhar crítico: uma habilidade
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
JUNIOR, 2009).
Antes de tratarmos desta via, contudo, é pertinente discutirmos pontualmente
sobre as imagens, e as suas concepções. Afinal, quanto mais se sabe a respeito da mídia
imagética, mais se pode ser educado midiaticamente (FIMON, 2013). Com efeito, numa
sociedade altamente visual, com uma alta profusão de imagens, é necessário realizar
essa discussão, a fim de não tomar as imagens de forma acrítica. Ao comentar sobre a
visualidade na contemporaneidade, Han (2017) discorre sobre o imperativo expositivo.
Neste imperativo, tudo está sobre uma coerção de teor pornográfico, tudo é desnudo,
desvelado. Há a compreensão de que já não há mistérios, que não se pode desvelar
nada, pois tudo já é dado, exposto vigorosamente. Trata-se, verdadeiramente, de uma
exploração do visível por meio da coação da superexposição existente no mundo
hodierno. É a tirania da visibilidade, alerta Han (2017).
A hermenêutica - a faculdade de interpretar - foi dispensada com o advento
deste imperativo, posto que já não há nada para interpretar, explica o autor. Nessa
compreensão, como tudo já está exposto, não há questionamentos e tampouco a
imaginário. O referente ainda está lá, mas não sozinho e tampouco “puramente”. Ele
está lá como vestígio, sob a égide da citação (HAN, 2018). Essa concepção de imagem
com caráter indicial, portanto, nos dá um norte. Diante de uma imagem, seja jornalística
ou não, é preciso, por meio das perguntas, desenvolver uma postura investigativa. É
necessário, então, superar a postura das mídias, do material midiático em sala de aula
como mera ilustração (LADEIRA, 2020). Afinal, explicitamente ou implicitamente, as
mídias, sobretudo visuais, transmitem mensagens ideológicas sobre os mais variados
assuntos e comportamentos. Nelas, estão delineados valores e maneiras de ver e viver
o mundo. (FIMON, 2013). Nunca é exagero lembrar que as fotografias nos ensinam,
modificam nosso olhar e nossas ideias (SONTAG, 2012).
A partir disto, podemos compreender como a abordagem da educação midiática
pode ser uma via potente para contribuir na educação geográfica pelo olhar (OLIVEIRA
JUNIOR, 2009). Todo o esforço de se desvencilhar de uma compreensão de imagem
como estatuto da verdade, que, não obstante práticas inovadoras, tem sido um modelo
recorrente na Geografia (NOVAES, 2011). Neste modelo, de fato, o professor, embasado
numa concepção de educação bancária, fala sobre o mundo e sua organização espacial,
ao passo que as imagens estão ali para confirmar a sua narrativa e os alunos apenas
ser entendida “tanto como parte das práticas discursivas – signos de uma linguagem –,
quanto como objetos do mundo – obras da/na cultura.” (OLIVEIRA JUNIOR, 2009, p. 18)
e, assim, o educar pelas imagens não se resume a olhar, mas criar um pensamento sobre
o processo de olhar, posto que esse processo tem em si mesmo uma dimensão
pedagógica, como também pontua (FERNANDEZ, 2019). Não se trata de se preocupar
apenas com os conteúdos que as obras abordam, mas como estas últimas gestam as
imagens e problematizá-las, ou seja, pensar na política de imagens e pensar nos
discursos que remodelam a nossa compreensão do mundo, como também postula a
educação midiática (BUCKINGHAM, 2007; FERRARI et al, 2020). No caso da educação
geográfica, essa reflexão se dará sobre as nossas compreensões a respeito do espaço e
no próprio espaço. Isso ocorre porque uma imagem acerca do espaço não é o espaço
em si, mas sim uma ação sobre ele que grafa um pensamento espacial (OLIVEIRA
JUNIOR, 2009). Esse movimento de ir além do conteúdo e pensar nos discursos dessas
grafias dos pensamentos espaciais é vital no processo de ensino-aprendizagem nas aulas
de Geografia, posto que a Geografia Escolar é aquele conhecimento que pretende o
entendimento das relações e das ações que os homens travam com os lugares e seus
elementos (KAERCHER, 2013). Para realizar este movimento, Oliveira Junior (2009)
(FERNANDEZ; 2019).
Assim, não se trata de cair num mero subjetivismo ou em reverberações deste.
Na realidade, a maioria dos conhecimentos geográficos que são apreendidos – não
necessariamente construídos – na Geografia Escolar o são através de intermédios e
criações. Ao explicar a realidade através de conceitos e teorias, esse conhecimento é
mediado por algo e não necessariamente construído de forma direta. Quando um
professor, por exemplo, utiliza o conceito de meio técnico-científico-informacional de
Milton Santos está usando um médium para explicar a realidade e não necessariamente
a própria realidade. Assim, propor o processo de imagear não é uma atitude meramente
abstrata e etérea, mas adentrar no mundo vivido dos educandos, não permitir que
política das imagens seja absorvida acriticamente por eles diante do universo da cultura
visual. E apostar no mundo vivido do alunado é uma das propostas da educação
midiática (BUCKINGHAM, 2007).
Dessa maneira, o convite é de usar a imagem não para descrever somente, mas,
sim, para descobrir. Assim, não basta mostrar a imagem e dizer que o mundo é daquela
forma; é preciso perguntar sobre a imagem (NOVAES, 2011). É pensar na imagem como
ativação, como “princípio ativo” daquela inquietude necessária para o desenvolvimento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abordagens diversas da educação midiática no ensino de Geografia podem ser
construídas, mas, devido ao que já foi exposto, uma se sobressai: a leitura e a codificação
de imagens. Com efeito, o uso de imagens nas aulas de Geografia pode ser enriquecido
com uma camada midiática, sobretudo se há o entendimento de que as fotografias são
interpretações do mundo, vestígios - sempre enviesados - da realidade geográfica.
Desse modo, compreendendo melhor as mídias de teor imagético, esta camada
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
REFERÊNCIAS
BAITELLO JR., Norval. A era da iconofagia: reflexões sobre imagem, comunicação, mídia
e cultura. São Paulo: Paulus, 2014.
COSGROVE, Denis. Geography and Vision: seeing, imagining and representing the
world. London: I.B. Tauris, 2008.
FERRARI, Ana Claudia, OCHS, Mariana, MACHADO, Daniela. Guia da Educação Midiática.
São Paulo: Instituto Palavra Aberta, 2020.
KATUTA, Ângela Massumi et al. Geografia e mídia impressa. Londrina: Moriá, 2009.
NOVAES, André R.. Uma Geografia Visual? Contribuições para o Estudo do uso das
Imagens na Difusão do Conhecimento Geográfico. Espaço e Cultura, n. 30, p. 6-
18, 2011.
SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo, Companhia das Letras, 2012.
RESUMO ABSTRACT
Esta produção é um recorte de resultados This production is a clipping of previous results
prévios da pesquisa de dissertação no Programa of the dissertation research in the Postgraduate
de Pós-graduação em Dinâmicas Territoriais e Program in Territorial Dynamics and Culture of
Cultura da Universidade Estadual de Alagoas the State University of Alagoas (ProDic/UNEAL),
(ProDic/UNEAL), intitulado como entitled as (Dis)Territoriality between Oragos
(Des)Territorialidade entre Oragos e Terreiros: and Terreiros: Spatiality of Afrotheology of
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
espacialidade da afroteologia do Quilombo dos Quilombo dos Palmares – AL. We start from the
Palmares – AL. Partimos da proposição da fusão proposition of merging theories of a structural
de teorias de cunho estrutural e epistemológica, and epistemological nature, which we call
o que denominamos de teoria translocacional, translocational theory, admitting the structural
admitindo a dinâmica estrutural e os sentidos dynamics and the meanings attributed by the
atribuídos pelos agentes no processo de agents in the process of spatiality or
espacialidade ou de apropriação do meio. Tais appropriation of the environment. Such
elementos se encontram no bojo das interações, elements are found in the midst of interactions,
gerando o sentido de mundo. No caso dos generating a sense of the world. In the case of
terreiros de umbanda, a oralidade e a Umbanda terreiros, orality and bodily
experiência corporal assumem o que na teologia experience assume what in Judeo-Christian
judaico-cristã seriam as escrituras como regente theology would be the scriptures as normative
normativa, mecanizada pelos líderes como regent, mechanized by leaders as
personificações de poder. Nosso recorte personifications of power. Our spatial clipping is
espacial é ao pé da Serra da Barriga, at the foot of Serra da Barriga, a geosymbol of
geossímbolo da resistência afro-brasileira e de Afro-Brazilian resistance and its Afrotheology.
sua afroteologia.
Keywords: Spatiality Terreiro. Quilombo.
Palavras-chave: Espacialidade. terreiro. Afrotheology.
Quilombo. Afroteologia.
Por fim, traçamos uma síntese sobre espacialidade emocional, tendo em vista
que o pertencimento, a corporalidade e a alma do lugar, encontram-se hibridizadas, de
modo que é determinante redobrar a atenção diante do fenômeno ritualístico no
terreiro, compreendendo que está em jogo o caráter familiar de comunidade e as
emoções como alicerce de toda experiência religiosa vivenciada no espaço sagrado.
O CONCEITO DE ESPACIALIDADE
Desde os tempos mais remotos e longínquos, os historiadores têm o desafio de
descreverem como que de fato o ser humano era, como seu ambiente o influenciou,
justificando assim o homem que se tem atualmente como moderno. Pierre Deffontaines
(1948) relata que a batalha do homem ocorre em primeiro plano contra seu inimigo
primordial: a natureza. Esta batalha elucida categoricamente a ação de apropriar-se dos
espaços ou meio vivenciado desde a pré-história.
Todavia, a experiência espacial humana dependia da elaboração dos diversos
meios de orientação. Segundo Mircea Eliade (2010, p. 17), o homem orientava-se em
torno de um “centro”, cujas divisões e compartimentos de aspectos territorial,
A grande cidade começou sua vida como um centro cerimonial cósmico. Seus
principais habitantes eram o rei sacerdote, oficiais religiosos e a elite da
sociedade. Eles realizavam os ritos que acreditavam serem necessários para
a ordem e a vida. Mas sua própria vida e bem-estar dependiam de todos os
tipos de bens e serviços, fornecidos pelas pessoas que afluíam do campo e
além. Embora necessário para o governante e para a elite, o povo comum,
de extração heterogênea, bastante comercial, artesanal e agrícola e,
portanto, fora do paradigma cósmico, era visto como uma ameaça potencial
à ordem social. Uma grande burocracia surgiu então para controlar essa
população heterogênea, que logo percebeu que operava de forma muito
semelhante às estrelas, devido à sua regularidade e previsibilidade. A palavra-
chave era harmonia. (Tradução nossa)
1
RIBEIRO, 2008.
2
Recomendo aqui a leitura da obra “Territórios e Territorialidades: teorias, processos e conflitos”,
organizada por Saquet e Sposito (2009).
de mundo(s)”.
Dentro desta perspectiva, nossa abordagem tem o intuito de elucidar acerca da
espacialidade emocional e sentido de mundo no terreiro localizado em União dos
Palmares – AL. O recorte espacial tem como geossímbolo principal a Serra da Barriga,
berço da liberdade, território dos orixás.
1
Ver em https://enanpege.com.br, em trabalhos aprovados: Entre as Espacialidades do Medo e da
Esperança: (In)Tangibilidades do Espaço Sagrado do Quilombo dos Palmares em Alagoas.
antigos; seria a maneira de ser no mundo, o “como” se está inserido neste espaço
vivenciado, o “como” tais relações de afetos e o acesso imediato à vida ocorre de fato,
sem fragmentações oriundas do pensar ocidental.
Desta maneira, eles não teorizavam, inventando lendas, tecendo alegorias e
construindo símbolos; os mitos faziam parte do gênero de vida. Ao tornar-se algo
pensado, ao invés de vivido, fabrica-se o objeto de fé, podendo ser aceito ou recusado.
Os mitos e narrativas têm a finalidade de fundar identidades, colaborar com a
organização social, mas também com objetivo de controle.
O sentido de mundo é a matriz de pensamentos, sentimentos e ações, cujos
elementos são indissociáveis. Podemos considerar como apreensão da textura do
espaço, sua qualidade plena e efeitos sobre a sociedade. A natureza não se encontra
“fora”, mas “dentro”. Stoller (1989) disse em sua obra etnográfica que “a África lhe
atacou os sentidos”, retomando as ideias de Merleau-Ponty e Cezanne, afirmando que
a natureza está em nosso interior.
Gostaríamos de mostrar nesta pesquisa como a Afroteologia atacou nossos
sentidos, confrontando a Teologia convencional, eurocêntrica e branca, derribando
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nosso recorte foi um terreiro que se encontra próximo do Parque Memorial
Quilombo dos Palmares, em União dos Palmares – AL. Participamos do evento do Grupo
União Espírita Santa Bárbara / Yiê Axé Navizala (GUESB), liderado pela Ialorixá Mãe
Neide Oyá D´Oxum, no dia 22 de janeiro de 2022.
Fonte: GUESB.
Fonte: Autor.
O discurso de Mãe Neide girou em torno da jaqueira, uma árvore sagrada que
diziam ser assombrada, no caminho rumo ao Quilombo. Com as obras de pavimentação
da estrada, a jaqueira seria removida, mas houve uma mobilização liderada por Mãe
Neide, para que preservassem a morada de Egun. Nela, são depositadas as obrigações
e os ancestrais são reverenciados.
Fonte: Autor.
1
IN: História Geral do Diabo.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Um dos babalorixás presente levou em seu grupo 30 pessoas. Uma outra, levou
aproximadamente 20 pessoas. Um micro-ônibus de Maceió transportou cerca de 18
pessoas. Fez-se presente na reunião o secretario de Inclusão Social, o qual também teve
oportunidade de falar no evento. Vale ressaltar que foi ofertada a oportunidade para
todos e todas presentes na reunião.
Folhas de manga e aroeira foram espalhadas no recinto. O sentido é ofertar para
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Fonte: Autor.
O momento final tem o maior dos símbolos dos afetos: todos são convidados
para o jantar, sem exceção. Do maior ao menor, sentados ao chão, compartilham da
comida e da bebida. O terreiro é o lar, é a casa da família, é o centro dos afetos e o
núcleo da identidade e do pertencimento afro-brasileiro. Eles concebem isso na prática
e celebram.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos como peça-chave desta trama sócio-espacial a figura de Mãe
Neide, sua representatividade e liderança, bem como a memória celebrada de Mãe
Chica. É de suma importância também frisar que no Espaço Navizala, todos são bem-
vindos, sem distinção de status socioeconômico, raça, cor e/ou sexualidade.
Essas duas mulheres supracitadas, uma delas, ainda em vida, trazem a
comprovação de que o papel da mulher como líder na religião afrobrasileira assume
uma relevância que falta aos âmbitos judaico-cristãos. O discurso de Mãe Neide girou
em torno de pontos fundamentais para toda a religiosidade em questão: ancestralidade,
memória, resistência e liberdade.
A honra dedicada ao Exu feminino, ligada ao protetor dos encarnados, o
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
REFERÊNCIAS
BERQUE, Augustin. Geogramas, por uma ontologia dos fatos geográficos. – Traduzido
por Nécio Turra Neto. IN: Geograficidade | v. 1, n. 1, 2012.
BONNEIMASON, Joel. Culture and space: Conceiving a new cultural geography. Edited
by Chantal Blanc-Pamard, Maud Lasseur and Christel Thibault; translated by
Josée Pénot-Demetry. I. B. Tauris: London/New York, 2005.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. Condição espacial. – São Paulo: Contexto, 2011.
CONE, James. Teologia negra. – Tradução: Daniele Damiani. – São Paulo: Recriar, 2020.
ELIADE, Mircea. História das crenças e das ideias religiosas, volume 1: da idade da Pedra
aos mistérios de Elêusis. – tradução Roberto Cortes de Lacerda. – Rio de Janeiro:
Zahar, 2010.
GUSDORF, Georgs. Mito e metafísica. – tradução de Hugo di Primio Paz. – São Paulo:
Convivio, 1979.
MINOIS, George. História do ateísmo: os descrentes no mundo ocidental, das origens aos
nossos dias. Tradução Flávia Nascimento Falleiros. – 1. ed. – São Paulo: Editora
Unesp, 2014.
STOLLER, Paul. The taste of ethnographic things: the senses in anthropology. University
of Pennsylvania Press, 1989.
________. Geografía romántica: en busca del paisaje sublime/ Yi-Fu Tuan; traducido del
inglés por Borja Nogué; edición de Joan Nogué. – Madrid: Biblioteca Nueva, 2015.
RESUMO ABSTRACT
Este artigo compila o levantamento histórico This article compiles the historical survey carried
realizado para o projeto de SILVA (2021) a fim de out for the SILVA project (2021) in order to
apresenta-lo como referência para futuros present it as a reference for future projects of
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
projetos de valorização cultural e da memória cultural enhancement and urban memory in the
urbana da cidade de Tracunhaém em city of Tracunhaém in Pernambuco, Brazil. As
Pernambuco, Brasil. Bem como para demais well as for other possible developments, as a
desdobramentos possíveis, como complement to this survey with new records and
complementação deste levantamento com historical validation of projects already carried
novos registros e validação histórica de projetos out. Appreciating these issues, the article
já realizados. Apreciando essas questões, o presents this historical survey using the
artigo apresenta este levantamento histórico following structure of contents: the city; the
utilizando a seguinte estruturação dos crafts; main actors; cultural manifestations.
conteúdos: a cidade; o artesanato; principais Being of theoretical nature, it uses as technical
atores; manifestações culturais. Sendo de procedures the bibliographic survey, field
natureza teórica, utiliza como procedimentos research and participant observation research
técnicos o levantamento bibliográfico, pesquisa technique.
de campo e técnica de pesquisa de observação
participante. Keywords: Memory. History. Culture. Identity.
Tracunhaem.
Palavras-chave: Memória. História. Cultura.
Identidade. Tracunhaém.
cultural e da memória urbana desta cidade. Bem como para demais desdobramentos
possíveis, como complementação deste levantamento com novos registros e validação
histórica de projetos já realizados. Apreciando essas questões, o artigo apresenta este
levantamento histórico utilizando a seguinte estruturação dos conteúdos: a cidade; o
artesanato; principais atores; manifestações culturais.
Quanto à classificação da pesquisa, o levantamento apresentado neste artigo
caracteriza-se como sendo de natureza teórica. A forma de abordagem utilizada na
pesquisa é qualitativa, em que aborda o estudo dos aspectos subjetivos de fenômenos
sociais. Quanto ao objetivo, a pesquisa é definida como descritiva, no levantamento de
referências e estabelecimento de conexões entre elas, porque estuda os atributos de
uma cidade para enxergar seus significados e valores.
Segundo Lakatos e Marconi (2010) o método pode ser definido como um grupo
de tarefas sistemáticas adequadamente dispostas de forma segura, que permitem
estabelecer instruções a serem seguidas, identificando possíveis falhas e contribuindo
nas decisões do pesquisador na procura por conhecimentos significativos.
A CIDADE
Uma pequena cidade no interior de Pernambuco, na região da Zona da Mata
Norte, aproximadamente a 60 km da capital do estado, com uma população estimada
de pouco mais de 13.800 pessoas (IBGE,2019). Tracunhaém é composta pelo distrito
sede e pelos povoados Belo Oriente e Açudinho, além de integrar mais de trinta
engenhos, sendo Trapuá, Saguim, Juá, Abreus, Bringas, Caraú, Calumbi, Penedo Velho,
Cotunguba, Bom Recreio, Gambá, Progresso, entre outros. No caminho para chegar à
cidade, pela única pista que dá acesso além das estradas de terra, a BR408, as áreas de
matas nativas e os canaviais vão dando forma à paisagem.
Primitiva povoação em 1665, conhecida como Povoação de Tracunhaém, onde
já haviam habitantes datados antes mesmo disso, em 1634. Embora oficialmente só
venha a ser distrito criado com a denominação de Tracunhaém em 1892, pela lei
municipal nº 5 (de Nazaré da Mata), de 30-11-1892. E só desmembrado de Nazaré da
Pernambuco.
A bandeira de Pernambuco foi desenhada em 1817, em decorrência da
Revolução Pernambucana, pensada para a província durante o feito e após o feito como
república, antes mesmo da independência brasileira. Entretanto, com a falha da
resistência, a bandeira foi extinta e só veio a ser reintroduzida e adotada como a
bandeira oficial do estado de Pernambuco em 1917.
O revolucionário que protagonizou a rebelião, João Ribeiro, nasceu em
Tracunhaém, em 28 de fevereiro de 1766, vindo de família pobre. O frade e médico Dr.
Manuel de Arruda Câmara, durante expedições no Nordeste morou na freguesia de
Tracunhaém e foi vizinho dos pais de João Ribeiro, logo descobrindo sua vocação para o
desenho, deste modo, resolveu ensinar ao jovem e, posteriormente, seguiram em
expedições pelo Brasil.
João Ribeiro depois ingressou no convento em Recife, em busca de
conhecimento, logo em seguida transferiu-se para o seminário de Olinda. Por
conseguinte, viajou direto para Lisboa, onde recebeu todo o seu brio sacerdotal, fazendo
parte de colégio dos nobres, por lá tomando gosto por ideias libertadoras, onde já se
fé na justiça e no entendimento.
Para abrilhantar ainda mais seus atos de coragem, há rumores de que a rejeição
dos pernambucanos aos portugueses era tamanha, que as rezas de missas feitas pelo
Padre João Ribeiro eram substituídos as hóstias de trigo por hóstias de mandioca e o
vinho por cachaça pernambucana.
João Ribeiro manteve seu ânimo e esperança pela revolução até o fim,
percebendo só após a retirada que o movimento havia sido derrotado e sua sentença
de morte lhe aguardava. Então se adiantou aos portugueses e cometeu suicídio no dia
20 de maio de 1817.
Dias depois, as tropas reais portuguesas o desenterrou, decapitou e expôs sua
cabeça por dois longos anos. Até um grande entusiasta de seus ideais roubar e doar para
parentes do João Ribeiro. Hoje se encontra sepultado na Igreja Matriz da cidade de
Paulista, em uma urna de bronze.
Segundo Silva (2018, p.111) os tracunhaenses que fizeram parte dessa marcante
revolução foram o Padre João Ribeiro Pessoa de Mello Montenegro e o senhor de
engenho João Nepomuceno Carneiro da Cunha, que lutou na revolução e está sepultado
em seu antigo engenho Caraú.
a Antônio Ferreira da Costa Azevedo, a cidade possui atualmente sua praça central
recebendo o nome de Praça Costa Azevedo.
João da Costa Azevedo, filho de Antônio Ferreira, era grande amigo do poeta
recifense João Cabral de Melo Neto, um dos maiores escritores brasileiros e autor da
imortal obra Morte e Vida Severina. Em visita ao Engenho Trapuá, o escritor declarou
seu desejo de ser enterrado ali, quando viesse a falecer, para descansar em serenidade
no alto da tranquila Serra de Trapuá. João da Costa prontamente escreveu atendendo
ao pedido oficialmente e João Cabral escreveu agradecendo em razão da sua paixão pela
Zona da Mata de Pernambucana. Entretanto, o túmulo de João Cabral de Melo Neto se
encontra no cemitério São Sebastião no Rio de Janeiro. Caberia aos familiares transferir
o jazigo para onde o escritor sempre sonhou repousar.
As terras do Engenho Trapuá foram vendidas por João da Costa para o seu amigo
Paulo Cavalcanti Petribú, hoje Grupo Petribú, o qual na época manteve o acordo por
carta de atender o pedido do amigo João Cabral de Melo Neto, embora não tenha
ocorrido. A serra hoje se encontra como local preservado pelo Grupo Petribú, bem como
sua capela no pico da serra.
PRINCIPAIS ATORES
Terra de monocultura canavieira de engenhos seculares, silenciados por usinas
industriais, ou até mesmo esses engenhos transformados em indústrias como alguns
grupos societários também seculares. Atualmente boa parte das terras são ocupadas
pela usina de cana-de-açúcar mais antiga ainda em operação do Brasil, o (Grupo Petribú)
desde 1729. Usina essa de Lagoa de Itaenga, município vizinho, a cerca de 22Km de
distância de Tracunhaém.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Primeira Geração
De acordo com Coimbra (1980) a primeira geração de artesãos da arte figurativa
da cidade se originou no início do século XX, muitos nascidos na década de 1910, quando
alguns ainda crianças, na década de 1920, começaram a produzir bichinhos de barro
como cavalos e bois para vender na feira junto aos pais, até tomarem gosto e iniciativa
de criarem peças maiores.
A maioria desses artistas surgiu de algo em comum, foram filhos de artesãos da
cerâmica utilitária, chamados jarreiros ou oleiros, que brincavam e praticavam as
técnicas. Essa primeira geração é formada por Antônia Leão, Severina Batista e família
Vieira (Lídia, Antônia, Regina e José Antônio Vieira). Assim sendo, a primeira geração foi
em sua maioria representada por mulheres. Ainda na primeira geração ingressaram João
Prudêncio, sobrinho da família Vieira e Severino de Tracunhaém, que ao se casar com
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
continuou a trabalhar com o barro fazendo trabalhos de menos esforço físico, como
obras sacras.
José Antônio Vieira, nascido em 1913, trabalhou boa parte também com o
serviço mais pesado, amassando barro, cortando lenha, etc. O mesmo uniu o artesanato
utilitário ao figurativo, produzindo suas jarras e moringas com adornos, deixando-as
únicas.
Regina da Conceição Vieira nasceu em 1914, e assim como todos da família,
começou a trabalhar com o barro ainda criança. Produzia peças de santos e animais e
figuras do cotidiano, assim como Lídia, a qual tinha bastante admiração. Entretanto as
suas eram menores e de acabamento mais simples.
Segunda Geração
A segunda geração dos personagens icônicos do que se tornou a Arte Popular de
Tracunhaém surgiram nas décadas de 1970 e 1980, composto por Maria Amélia de
Tracunhaém, Mestre Zezinho e Mestre Nuca. Os três conseguindo a honraria de obter o
título de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, Mestre Nuca foi o primeiro artesão
de Tracunhaém a conseguir o feito, no ano de 2005. Atualmente apenas Maria Amélia
está viva e com idade avançada, Nuca veio a falecer em 27 de fevereiro de 2014 e
4.2.2. Zezinho
José Joaquim da Silva, ou Zezinho de Tracunhaém, nasceu em Vitória de Santo
Antão também interior de Pernambuco, no ano de 1939. Mudou-se para Tracunhaém
ao se casar com Maria Marques Silva, onde iniciou seu interesse pelo barro juntamente
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
com sua esposa, produzindo figuras religiosas. Adiante, se tornou um dos maiores
ceramistas de Tracunhaém e de Pernambuco. Suas peças apresentam riquezas em
detalhes e acabamentos. O artista realizou dezenas de exposições por todo o Brasil e
suas obras viajam todo o mundo. Hoje os filhos e netos dão continuidade ao seu trabalho
de forma magistral, com bastante atenção aos detalhes das peças.
Gerações Posteriores
Nos dias de hoje ainda atua a terceira geração de artesãos, valendo salientar que
essas referentes ao contexto figurativo, a qual pode-se julgar por muitos a maior em
número de artesãos, e por outros inversamente proporcional, a de época mais difícil no
que diz respeito a viver da arte. Apesar de muitos deles serem renomados. Juntamente
a essa, se encontra em período extenso de transição a embrionária quarta geração. Lista
bastante extensa para ser tratada detalhadamente em uma dissertação de graduação.
Por essa razão, são citados apenas alguns dos artesãos para recorte de pesquisa, sem
fazer desmerecimento ou juízo de valor.
Fazem parte da geração atual de artesãos Zuza, sobrinho de Severina Batista; os
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
Além da forte notoriedade turística da cidade em decorrência do artesanato em
cerâmica, outras expressões culturais são bem nítidas e de relevância significativa, como
o Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto. Diferente do Maracatu Nação ou de
Baque Virado, o maracatu rural é típico na zona da mata pernambucana, mais
especificamente tendo seu berço em Nazaré da Mata com grupos até centenários.
Cidade, como já citado anteriormente, a qual Tracunhaém fez parte. O ritmo criado
pelos agricultores, em sua maioria canavieiros, homenageia a peleja dos trabalhadores
rurais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa considera que o levantamento histórico realizado contribui para
manutenção da história e da memória urbana da cidade de Tracunhaém. Sendo de
fundamental relevância o levantamento de tal material para embasar e referenciar
projetos de design, e outros, que tenham suas temáticas voltadas para Tracunhaém,
Pernambuco.
Tendo atendido ao objetivo principal, apresentado na introdução deste artigo,
apresentou uma compilação do levantamento histórico, realizado para o projeto de Silva
(2021), como referência para futuros projetos de valorização cultural e da memória
urbana desta cidade. Bem como para demais desdobramentos possíveis, como
complementação deste levantamento com novos registros e validação histórica de
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
projetos já realizados.
Quanto à metodologia, a abordagem qualitativa utilizada atendeu à necessidade
de observação dos aspectos subjetivos de fenômenos sociais. No que diz respeito à
delimitação, os temas centrais da pesquisa (a cidade, o artesanato, principais atores e
manifestações culturais), foram úteis para a estrutura deste levantamento. Com relação
aos procedimentos técnicos, o levantamento bibliográfico, pesquisa de campo e técnica
de pesquisa de observação participante, atenderam a expectativa dos pesquisadores,
apresentando o contexto da pesquisa de maneira integrada à realidade.
Como limitações, a pesquisa se deparou com a escassez de bibliografia
aprofundada e específica nos detalhes da cidade. Por esse motivo, fora de grande
utilidade os instrumentos utilizados, tais como os registros fotográficos próprios, os
arquivos de Coimbra (1980) e as imagens de acervos digitais. Por fim, entende-se que
este levantamento pode ser ampliado em pesquisas futuras, a fim de ampliar o olhar
para a memória, a cultura, a história e a identidade.
SILVA, Ruy Raphael Batista da. TRACUNHAÉM: Gerando valor de marca a partir do
design. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Design
da Universidade Federal de Pernambuco. Caruaru, p.90, 2021.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
NOTA: Este artigo foi atualizado e adaptado do originalmente publicado pela Revista
Pensamentos em Design, pelos autores Camila Brito de Vasconcelos e Ruy
Raphael Batista da Silva. “Memória, história, cultura e identidade: um
levantamento histórico da cidade de Tracunhaém-PE”, Pensamentos em Design,
v. 2 n. 1 (2022). ISSN 2764-0264. DOI: https://doi.org/10.36704/pensemdes.v2i1.
Disponível em:
https://revista.uemg.br/index.php/pensemdes/issue/view/413/200.
RESUMO ABSTRACT
O ensino de geografia da cidade de São Paulo é The teaching of geography in the city of São
perpassado pelo ensino de história, no qual não Paulo is permeated by the teaching of history,
figura os marcadores históricos das populações which does not include the historical markers of
negras na cidade de São Paulo e sim de uma black populations in the city of São Paulo, but an
ideologia de que a cidade foi edificada por ideology that the city was built by pioneers and
bandeirantes e por imigrantes italianos e by Italian and Japanese immigrants . In this
japoneses. Nesse artigo tratamos do ensino de article we deal with the teaching of geography in
geografia da cidade de São Paulo, focada no the city of São Paulo, focused on the
bairro do Jabaquara e mostramos os neighborhood of Jabaquara and we show the
marcadores de população negra, dentro do markers of the black population, within the
bairro e nas suas vizinhanças, como proposta da neighborhood and in its surroundings, as a
inclusão das populações negras nas formas de proposal for the inclusion of black populations in
ensino da geografia urbana na cidade de São the forms of teaching urban geography in the
Paulo. Processo que pode ser estendido a todas city from Sao Paulo. A process that can be
as cidades brasileiras, pois o país é uma forte extended to all Brazilian cities, as the country is
consequência das imigrações forçadas de a strong consequence of the forced immigration
africanos e de seus descendentes. of Africans and their descendants.
Palavras-chave: Afrodescendentes. População Keywords: Afro-descendants. Black Population.
Negra. Apagamento Negro. Diáspora. Quilombo. Black Erasure. Diaspora. Quilombo.
CONCEITOS
Entende-se que à população negra sempre foi relegada quer seja de seu lugar
social, de seu lugar de estar, seu lugar de fala, sendo, (QUEIROZ; CUNHA JUNIOR, 2022)
a cultura negra é definida como as transformações ocorridas nas culturas africanas
trazidas pelos africanos para o Brasil e que foram a base da formação econômica,
cultural e social da sociedade brasileira. Não se pode esquecer que a escravidão foi o
maior êxodo humano já ocorrido e que não merece ser perpetuado. (CUNHA JUNIOR,
2008) As transformações são resultados das condições materiais impostas pela
geografia e das condições históricas resultantes dos sistemas de escravismo criminoso
e de capitalismo racista.
Analisamos neste trabalho a geografia humana e física; humana através das
pessoas e suas comunidades, culturas e interações, estudando suas relações com e
“Zumbi dos Palmares – Herói Negro e ícone da luta pela liberdade, igualdade
e justiça. Foi morto em 20 de novembro de 1865, data em que se comemora
o dia da Consciência Negra no Brasil. Seu legado de justiça não se findou com
a aniquilação do quilombo dos Palmares em Alagoas. Neste ano de 2016
ergue-se o primeiro monumento a este mártir na cidade de São Paulo nas
proximidades da antiga Igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos na cidade
de São Paulo construída no início do século XVIII no antigo Largo do Rosário e
atual Praça Antonio Prado.” (Cópia do texto existente na placa atualmente na
Praça Antonio Prado – 2022).
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Figura 1- Estátua a Zumbi dos Palmares implantada na praça Antonio Prado no ano de 2016 em São
Paulo - Capital
Vale destacar que a entidade de direito privado a Rede Brasil Atual criada em
2009, fruto de parceria entre alguns sindicatos de trabalhadores liderados pelo Sindicato
dos Bancários de São Paulo e os Metalúrgicos do ABC, sendo parte da Região
Metropolitana de São Paulo, é uma região tradicionalmente industrial do Estado.
Irmandades
Entende-se que as irmandades tiveram um papel importante nas relações entre
identidade e construção de discursos políticos em meio aos conflitos, mais
especialmente no momento da escravidão, sendo assim, é uma entidade de
fortalecimento e pertencimento construída na lógica da oposição através do diálogo
com as leis.
Já o culto a Nossa Senhora do Rosário se funde com a própria fundação de São
Paulo - Capital. Então em 1721 se construiu de uma pequena capela na região onde está
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Figura 2 - Trajeto entre: Praça João Mendes, Praça Antonio Prado e Largo do Paissandu
Figura 3 – Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos no começo do século (a esquerda)
Figura 4 – Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, reconstruída (direita)
https://saopauloantiga.com.br/wp-content/uploads/2015/01/igrejadorosarioSP.jpg
Foto: Nice Gonçalves – 2022
Figura 5 e 6 – Entrada do Metrô no bairro da liberdade com nome antigo (esquerda) e atual (direita)
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
https://www.asviagensdetrintim.com.br/wp-content/uploads/2018/02/estacao-liberdade-sao-paulo.jpg
https://s2.glbimg.com/G5aD6WOAUGv9P1bJg7a67TkbhTo=/0x0:1242x784/984x0/smart/filters:strip_icc
()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/k/W/1XN
0PTR1qvbgtkpYRjzw/japao.jpg
https://s2.glbimg.com/ko1bllgEl8IUu8ksSfJEvZlnUxs=/0x0:620x425/984x0/smart/filters:strip_icc()/s.glbi
mg.com/jo/g1/f/original/2018/11/14/1111.jpg
https://cidadedesaopaulo.com/wp-content/uploads/2017/03/Mercado-
Municipal_080813_Foto_JoseCordeiro_0121-2.jpg
O BAIRRO DO JABAQUARA
Jabaquara, nome tupi, local que no início do século XVII (OLIVEIRA, 2008) servia
como ponto de descanso para viajantes que tinham como destino a região de Santo
Amaro e a Borda do Campo. Na Figura 9 temos seu registro no segundo quarto do século
XVIII.
Figura 9 – Registro da Avenida Jabaquara em 1928
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Essa região, (ANTUNES, 2010) foi uma das sesmarias do Padre José de Anchieta,
época onde a estrutura de mão de obra era escravizada. Duas histórias de um lugar. A
mata fechada onde existia quilombo denominada Sítio da Ressaca. Ou entreposto de
escravizados com o nome Buraco da Ressaca. Seguiu-se na história a ocupação por
fazendeiros e sitiantes que abriram estabelecimentos agrícolas e comerciais. No fim do
século XIX, a região se popularizou com a instalação Parque do Jabaquara. Recebeu as
linhas de bonde, em 1930, e a inauguração do Aeroporto de Congonhas, em 1940 (Figura
12), fatores do desenvolvimento do bairro. (ANTUNES, 2010). Entre 1930 e 1940 foi
construída a Paróquia São Judas Tadeu (Figura 10), a devoção ao padroeiro do bairro
trouxe novos moradores e motivou os antigos habitantes. O Jabaquara recebeu um
Fonte: https://i.pinimg.com/600x315/92/bc/cc/92bccc58c525e90fea2c7127876c8f66.jpg
Fonte: https://i0.wp.com/diariodotransporte.com.br/wp-content/uploads/2020/10/sao-
judas.jpg?fit=640%2C400&ssl=1
Hoje conhecida como Santuário São Judas Tadeu (Figura 11), tamanha a sua
importância no bairro do Jabaquara, zona sul de São Paulo.
Fonte: https://fotografiasaereas.com.br/wp-content/uploads/congonhas-77-anos-fotos-antigas-e-
novas-comparacao-Congonhas_06.jpg
Fonte: https://revistaforum.com.br/u/fotografias/m/2022/8/17/f804x452-86327_138260_15.jpg
Fonte: https://i.pinimg.com/736x/d6/e9/90/d6e9903a38654729e65b12304014ad1a--setembro-ems.jpg
Fonte: https://portal.loft.com.br/wp-content/uploads/2021/07/metro-jabaquara.jpg
Figura 18 - Mapa da cidade de São Paulo com aglomerado de favelas na região sul (esquerda) e o mapa
do bairro do Jabaquara com seus equipamentos (mapa central)
A seguir na Figura 19 a vista via satélite do Axé Ilê Obá (marca amarela) e todo o
seu entorno urbanizado entre 2020 e 2022.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constata-se as pessoas são transportadas e relegadas a espaços geográficos
novos e transformados em incógnitas. Onde as imagens dos grupos negros não são
vistas ou são malvistos e malditos, são consideradas grupos sub representados e grupos
de demolições não contemplando estrutura, sendo empurrados, relegadas a espaços
geográficos novos sem infra estrutura e transformados em incógnitas. A exemplo da
história brasileira sobre os quilombos pouco enfatizada na história nacional.
REFERÊNCIAS
QUEIROZ, Eunice Gonçalves; CUNHA JUNIOR, Henrique; Terreiro espaço de disputa
urbana em São Paulo: o caso do Axé Ilê Obá no bairro do Jabaquara. Universidade
Federal do Cariri no XIII Artefatos da Cultura Negra. de 19 a 24 de
setembro/2022
CORREA, Renato Pereira; História e Memória do Terreiro Axé Ilê Obá. Dissertação
(Mestrado em Antropologia) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC/SP (Mestre em
Antropologia). 2014, 148p.
MUNANGA, Kabenguele; GOMES, Nilma Lino. O Negro no Brasil de hoje. Editora Global,
224 p, 2016.
Rede Brasil Atual – RBA. São Paulo terá primeiro monumento em homenagem a Zumbi
dos Palmares. Caderno: Cidadania Memória. Publicado 18/08/2016 - 19h15.
Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/sao-paulo-tera-
primeiro-monumento-em-homenagem-a-zumbi-dos-palmares-1777/ Acesso em
10 nov 2022
RESUMO ABSTRACT
O estado do Paraná tem se destacado como o The state of Paraná has stood out as the largest
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
maior produtor de peixes em cativeiro do Brasil, producer of fish in captivity in Brazil, with tilapia
sendo a tilápia (Oreochromis niloticus) a espécie (Oreochromis niloticus) being the most
mais produzida. Apesar de também ocorrer de produced species. Despite also occurring in a
forma dispersa no espaço, as produções tem se dispersed way in space, the productions have
caracterizado e se destacado por processos de been characterized and distinguished by
aglomerações produtivas que agregam atores processes of productive agglomerations that
de várias etapas de seu circuito espacial de aggregate actors from various stages of their
produção e círculos de cooperação, se spatial circuit of production and cooperation
diferenciando por maior e menor dinamismo circles, differing by greater and lesser dynamism
entre eles. Dessa forma, o trabalho tem como between them. In this way, the work aims to
objetivo fazer um comparativo da organização make a comparison of the organization of the
dos atores envolvidos nos APLs de piscicultura actors involved in the fish farming APLs in the
do contexto Oeste e Norte do Paraná. Para West and North context of Paraná. In order to
tanto, utilizou-se pesquisa quali-quantitativa de do so, qualitative and quantitative exploratory
ordem exploratória e analítica a luz de conceitos and analytical research was used in the light of
como APL’s – Arranjos Produtivos Locais; SPIL – concepts such as APL's – Local Productive
Sistemas Produtivos Inovativos Locais e, Arrangements; SPIL – Local Innovative
Circuitos Espaciais de Produção e Círculos de Production Systems and Space Production
Cooperação, sendo os últimos propostos por Circuits and Cooperation Circles, the latter being
Milton Santos. Verificou-se assim, os efeitos da proposed by Milton Santos. Thus, the effects of
densidade de atores socioeconômicos na the density of socioeconomic actors on the
produtividade de cada APL e seus possíveis productivity of each APL and its possible effects
reflexos nas sociedades envolvidas nos on the societies involved in the North and West
contextos regionais Norte e Oeste do estado. regional contexts of the state were verified.
1
Rede de pesquisa interdisciplinar, formalizada desde 1997, sediada no Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e que conta com a participação de várias universidades e institutos
de pesquisa no Brasil, além de manter parcerias com outras instituições da América Latina, África, Europa
e Ásia (REDESIST, 2021). E que ao longo de vinte anos vem analisando aglomerados produtivos no
contexto da realidade brasileira.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Arranjo produtivo do Norte Paranaense
Como já mencionado, o estado do Paraná vem apresentando destaque na
produção de peixes em cativeiro no Brasil e, tem como principal frente de produção a
espécie tilápia, o que o torna o maior produtor do país. Esse êxito produtivo deve em
boa parte a sua estrutura agropecuária e agrícola, que se consolida especializada nestes
na divisa com o estado de São Paulo, são nestes locais que ocorrem à etapa de engorda
da tilápia. Os atores envolvidos nas outras etapas se encontram de forma dispersa, com
exceção dos municípios de Londrina e Maringá que concentram alguns deles,
principalmente em relação às unidades de beneficiamento, empresas de produtos,
sanidade animal e consultoria aquícola. Como se pode observar melhor no mapa da
figura 1.
A dispersão evidenciada no mapa não se dá apenas na localização dos atores
propriamente dita, ela também acontece em suas relações de proximidades,
especialmente, entre os atores que se firmam como círculos de cooperação no espaço.
Isso não quer dizer que essas relações não existam, porém, em comparação ao APL do
Oeste paranaense, se faz em menor grau. Como exemplo, pode-se afirmar que a
ausência de sistemas de integração1 promovidos por cooperativas agroindustriais –
como ocorre no Oeste – diminuem a proximidade organizacional do circuito produtivo,
1
Mesmo que façam parte do circuito produtivo, atuando na etapa de beneficiamento e de estocagem e,
em alguns casos, no transporte, as cooperativas atuam como gestoras na passagem da mercadoria de
uma etapa para outra, acelerando o ciclo da produção. Elas ainda encarregam-se, de inserir nas
propriedades de pequenos, médios e grandes produtores aperfeiçoamentos tecnológicos de manejo,
buscando maiores ganhos de produtividade (DIAS; OLIVEIRA, 2021).
Figura 1 – Mapa dos atores envolvidos em aquicultura no APL do Norte do Paraná, e no seu entorno.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Fonte: Embrapa Pesca e Aquicultura – SITE Aquicultura, 2022. Elaborado pelos autores, 2022.
Figura 2 - Mapa dos atores envolvidos em aquicultura localizados no APL do Oeste do Paraná, e no seu
entorno.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Fonte: Embrapa Pesca e Aquicultura – SITE Aquicultura, 2022. Elaborado pelos autores, 2022.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relevância da piscicultura paranaense é notória no contexto nacional, no geral,
o estado apresenta um circuito espacial de produção bem desenvolvido que tem
contribuído não somente em relação a volumes de produção, mas também com
desenvolvimento socioeconômico, especialmente pelas vias da piscicultura familiar.
No entanto, fez-se importante caracterizar e analisar suas discrepâncias
regionais, buscando evidenciar gargalos que possam ser superados a partir da
organização do circuito espacial de produção e também de seus círculos de cooperação.
Assim, neste ensaio buscaram-se fazer primeiramente uma discussão teórico-
metodológica sobre conceitos chaves para essa discussão, sendo eles APL, SPIL, circuitos
espaciais de produção e círculos de cooperação. E em um segundo momento exercer a
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio financeiro da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES).
REFERÊNCIAS
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M.. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais
de micro e pequenas empresas. In: Lastres, H. M. M.; Cassiolato, J. E.; Maciel, M.
L. (orgs). Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Relume
Dumará Editora, Rio de Janeiro, 2003.
VALE, G. M. V.; CASTRO, J. M.. Clusters, Arranjos Produtivos Locais, Distritos Industriais:
Reflexões sobre Aglomerações Produtivas. Análise econômica. v. 28, n. 53, 2010.
Disponível em: <https://doi.org/10.22456/2176-5456.6760>. Acesso em 20 de
abr. 2021.
¹ Licenciada em Geografia, Mestre em Geografia e Doutorado em Ciências Socias pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN. Profa. da FELCS/UFRN
RESUMO ABSTRACT
O objetivo do artigo é discutir a dispersão The aim of the article is to discuss urban sprawl
urbana e seus desdobramentos conceituais and its conceptual developments, as well as
assim como pesquisas realizadas sobre a research carried out on the issue in Brazil. As a
questão no território brasileiro. Como recurso methodological resource, the theoretical
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
metodológico foram analisadas as questões questions that refer to urban sprawl in several
teóricas que se referem à dispersão urbana em authors were analyzed with a literature review
diversos autores com revisão de literatura e o and a survey of empirical research that elucidate
levantamento de pesquisas empíricas que the phenomenon of urban sprawl, highlighting
elucidam o fenômeno da dispersão urbana its causes and consequences in the Brazilian
destacando suas causas e consequências no territory.
território brasileiro.
Keywords: urban sprawl. fragmentation.
Palavras-chave: dispersão urbana. Territory.
fragmentação. território
1
Os condomínios fechados são uma das características da dispersão urbana, mas por apresentar
características muito evidentes torna-se objeto de muitas pesquisas, no entanto como indica Reis (2009)
à dispersão urbana não pode ser explicada apenas pelo fator imobiliário.
2
Para Spósito (2009), a cidade dispersa é parte de um processo de conformação de uma urbanização
difusa propiciada pela intensificação da circulação e pela aceleração das formas de se deslocar e de se
comunicar e ainda define que “são as novas temporalidades urbanas, dadas pela ampliação das novas
tecnologias de comunicação e informação, que possibilitam a ocupação de tecidos cada vez mais extensos
e descontínuos e em descontínuo à cidade, cuja morfologia era mais integrada ou compunha, em algum
nível uma unidade formal e de funcionamento” (SPÓSITO, 2009, p. 43).
transações comerciais que podem ser acessados diretamente, por exemplo, entre uma
cidade local e uma cidade global. No entanto, tais espaços precisam possuir as
infraestruturas técnicas necessárias para a reprodução do capital.
A partir das novas relações provenientes do meio técnico-científico
informacional e desconcentração da indústria, Monte-Mór (2006), baseado em
Lefebvre, concebe o conceito de urbanização extensiva explicando que, na medida em
que a cidade industrial transbordou sobre o território originou, uma nova forma de
urbanização estendeu a práxis sociopolítica e espacial para todo o espaço social. Nesse
sentido, a urbanização extensiva refere-se a,
(2007), o periurbano são espaços de transição que atendem lógicas urbanas, chamados
de franja rural-urbana. O periurbano é um elemento importante que deve ser analisado
no contexto da dispersão urbana, apesar das dificuldades ou falta de critérios e normas
que definam tais áreas.
As formas de ocupação do espaço nas áreas urbanas e no seu entorno formam
novas áreas ou “enclaves territoriais”, que podem vir a ser um componente dos espaços
periurbanos. Muitas vezes o espaço periurbano sofre mudanças com a construção de
empreendimentos residenciais voltados para atender uma população, seja de classe
média ou alta, em que suas relações de trabalho ou estudo ocorrem em outro espaço e
seu modo de vida é urbano. Nessa direção, suas relações são possibilitadas pela maior
mobilidade e possibilidade de ir e vir em diferentes escalas.
Em estudo de caso na Espanha, Asensio (2006, sp) destaca a plurifuncionalidade
do uso do solo dos espaços periurbanos e assim define:
Los espacios periurbanos son las zonas rurales donde la influencia urbana es
más fuerte por su inmediatez física a la ciudad, la cual, en su expansión física
y funcional, las invade e integra a través de unos procesos cuyos efectos son
de naturaleza diversa: económica, demográfica, social y territorial, de forma
que el rasgo más importante de estos espacios periurbanos es la mezcla de
periurbanização torna-se evidente, apesar de existir uma linha tênue entre os dois
processos. No entanto, entre as características importantes da dispersão urbana, a qual
levamos em consideração, diz respeito à baixa densidade, ao policentrismo e a ocupação
horizontalizada de modo disperso no território, que pode apresentar-se de maneira
descontinua, apresentando vazios no território, ou contínua interligada por vias de
circulação (autopistas linear). Cabe lembrar que estão vigentes outros processos
espaciais em que pode ocorrer a conurbação de áreas dispersas ligada apenas pelo
sistema viário.
Figura 01: Exemplo esquemático do processo de periurbanização e de dispersão urbana para uma região
hipotética de limite inter-municipal.
Quadro 02: Síntese das escalas e variáveis analisadas nas pesquisas sobre a dispersão urbana no
território brasileiro.
Autores Escalas de análise Fenômeno (forma) e/ou Variáveis indicadas na
processo verificação da dispersão urbana
Sposito Abordagem Processo e Forma Movimento pendular;
(2007) Multiescalar (com maior ênfase ao Eixos de circulação (rodovias,
(2009) (o intra-urbano e processo do que a forma) ferrovias, hidrovias e infovias)
inter-urbano foram Densidade demográfica;
analisadas pela Análise locacional referentes as
autora em seu atividades industriais, as
estudo sobre o atividades comerciais e de
Estado de São Paulo) seviços e a instalação/alteração
dos habitats urbanos.
Outro conceito importante nos estudos urbanos, que por vezes pode ser
confundido com região metropolitana, é a aglomeração urbana. Esta consiste, de acordo
com Souza (2007, p. 32), na formação de minissistema urbano, ou seja, “uma ou mais
cidades passam a atuar como ‘minisistema urbano’ em escala local”, haja vista possuir
fortes vínculos de interação de fluxos socioeconômicos em que os habitantes circulam
e consomem serviços, ocorrendo produção e venda de mercadorias entre os espaços
que se unem como se fosse uma única área. Daí temos o que é chamado de conurbação
e temos também outro fenômeno: o aumento do fluxo de pessoas, moradoras de outro
município, que vêm para estudar e trabalhar, um movimento pendular que se dá
independente da conurbação.
Ainda nesse sentido, Souza (2007, p. 33) esclarece a diferença entre aglomeração
e metrópole: “Se uma das cidades formam uma aglomeração urbana crescer e se
destacar demais, apresentando-se como uma cidade grande e com uma área de
influência econômica, pelo menos, regional, então não se está mais diante de uma
simples aglomeração urbana, mas de uma metrópole”. De maneira didática, o autor
casos são regiões formais que não se constituem como metrópoles ou, como discute
Firkowski (2012), são regiões, mas não são metropolitanas como é o caso da RMNatal e
de outras RMs brasileiras.
As regiões metropolitanas no Brasil foram criadas no período militar sob
influência francesa a partir da década de 1960, anos em que a França criou 08
metrópoles regionais com a adoção de critérios instituídos no Programa Metrópoles de
Equilíbrio (RANDOLPH e GOMES, 2007). No Brasil, a criação das regiões metropolitanas
obedecia a interesses econômicos e geopolíticos,
Nos anos de 1960, a questão urbana brasileira ganha novo patamar nas
discussões políticas com o crescimento das cidades e das aglomerações urbanas, nesse
contexto são instituídas nos anos de 1970 as primeiras regiões metropolitanas
1
Em relação aos critérios adotados, vale ressaltar que existem diferentes propostas operacionais para
delimitar uma região metropolitana. No Brasil a adoção de critérios para a criação das RMs iniciou nos
anos de 1970 sob a competência da União, mas com a constituição de 1988 a delimitação das RMs passa
a ser incumbência dos Estados.
ocupação urbana, assim como, na elaboração da legislação urbanística como uma das
causas da dispersão urbana.
Em estudo sobre a RMFortaleza, Diógenes (2012) verifica novos padrões de
ocupação em que a atividade turística, a indústria, o setor imobiliário e a atuação dos
governos estadual e municipal são os principais agentes de transformação espaciais, que
caracterizam os novos padrões de ocupação da região com formas dispersas e tecidos
urbanos fragmentados. A autora considerou o eixo litorâneo sudeste, que compreende
parte dos municípios de Eusébio e Aquiraz, como a área mais dispersa e fragmentada da
região devido à ocupação diferenciada com a implantação de novas centralidades
(shopping e equipamentos de lazer) e ao número de condomínios fechados de elite.
Quanto ao contexto metropolitano, de acordo com Lencione (2008), no interior
das metrópoles formam-se verdadeiras ilhas urbanas, que têm pouco contato com seu
entorno como é caso dos condomínios fechados, dos shopping-centers e dos edifícios
inteligentes e que apresentam infra-estrutura, rede de comunicação avançada,
segurança e conforto. Nessa ótica, vale destacar o trabalho de Abramo (2007), no qual
afirma o papel do mercado na coordenação e na decisão do uso do solo, produzindo um
tipo cidade que mistura a cidade compacta (uso do solo intenso) e a cidade difusa (uso
1
A pegada ecológica segundo Dias (2002, p. 31) baseado em Wackernagel e Rees “é a área correspondente
da terra produtiva e ecossistemas aquáticos necessários para produzir os recursos utilizados e para
assimilar os resíduos produzidos por uma dada população, sob um determinado estilo de vida”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os espaços urbanos passam por uma transformação e reorganização espacial em
que os limites nítidos das cidades compactas alteram-se para cidades dispersas,
parcialmente descontínuas, que atendem uma dinâmica global baseada na expansão de
uma multiplicidade de redes, cujos fluxos operam com autonomia em relação aos
lugares. Vários pesquisadores indicam que estamos vivendo a dissolução da cidade, o
que significa a reprodução e a existência de uma civilização urbana sem cidades. No
âmbito social, no sentido como descreve Levefbvre (2001), o fim da cidade se traduz no
fim do espaço democrático de acesso a todos.
De acordo com Monte-Mór (2006), a urbanização na fase atual se estende por
todo espaço social, ocorrendo a dissolução das cidades como espaços ou aglomerações
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
REFERÊNCIAS
ABRAMO, Pedro. A cidade com-fusa: a mão inoxidável do mercado e a produção da
estrutura urbana nas grandes metrópoles latino-americanas. In. Revista
Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. v. 9, n. 2, p. 25-53, nov. 2007.
ASCHER, François. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Romano Guerra, 2010.
ASENSIO, Pedro J. Ponce. Las Áreas Rurales Periurbanas. In: Cambios Sociales en
Espacios Periurbanos del País Valenciano, el puig de Santa María, 2006.
Disponível em: http://mural.uv.es/pepona/1aparte/1a04.htm. Acesso em 20 de
jan. de 2014.
CLARK, David. Introdução a geografia urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1991.
DIAS, Genebaldo Freire. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Gaia,
2002.
______. Urbanização dispersa mais uma forma de expressão urbana? Revista Formação,
n. 14 volume 1. 2007a. p. 31- 45 Disponível em:
http://www4.fct.unesp.br/pos/geo/revista/artigos/Limonad.pdf Acesso em:
03/05/2013.
REIS, Nestor Goulart. Notas sobre Urbanização Dispersa e Novas Formas de Tecido
Urbano. São Paulo: Via das Artes, 2006.
______. Conferência. Sobre a dispersão em São Paulo. In: REIS, N. Goulart. (org.).
Dispersão urbana: diálogos sobre pesquisas Brasil-Europa. São Paulo: FAU/USP,
2007. p. 35 - 47.
SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do Desenvolvimento Urbano. 3. Ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2007.
______. Novos conteúdos nas periferias urbanas das cidades médias do Estado de São
Paulo, Brasil. Investigaciones Geográficas, Boletín del Instituto de Geografia -
UNAM, n. 54, 2004, p. 114 -139.
RESUMO ABSTRACT
As famílias que moram próximo às mineradoras The families who live near the mining companies
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
sofrem com as suas ações, a retirada das rochas suffer with their actions, the removal of rocks
ocasiona explosões, movimentando o solo com causes explosions, moving the soil with vibration
vibração do terreno. Sendo assim, objetivo of the terrain. Thus, the aim of this study is to
desse estudo consistir em identificar efeitos da identify the effects of mineral exploration on the
exploração mineral na paisagem em três áreas landscape in three rural areas of the
rurais do munícipio de Petrolina em municipality of Petrolina in Pernambuco. To this
Pernambuco. Para isso, foi realizado uma end, a literature review was conducted on topics
revisão de literatura sobre temas relacionados a related to mining, landscape, impacts of mining,
mineração, paisagem, impactos da mineração, through literature review, which is a qualitative
por meio de revisão de literatura, se tratando research. The results show impacts on the
assim de uma pesquisa qualitativa. Os landscape caused by open pit mining, which are:
resultados mostram impactos na paisagem soil degradation, loss of vegetation, soil
provocados pela mineração a céu aberto, sendo contamination by grease and diesel oil. It is
eles: degradação do solo, perda da vegetação, concluded that mining in the Brazilian semi-arid
contaminação do solo por graxa e óleo diesel. region is unsustainable, causing the
Conclui-se que a mineração no Semiárido expropriation of communities around the
brasileiro é insustentável, causando a enterprises. Therefore, future studies that
expropriação de comunidades ao entorno dos investigate the perception of communities and
empreendimentos, sendo necessário, portanto, the degree of severity of the impact on the
estudos futuros que investigue a percepção das landscape caused by mining exploration are
comunidades e o grau de severidade do impacto necessary.
na paisagem ocasionado pela exploração da
mineração. Keywords: Environmental Impacts. Rural
Communities. Mining.
Palavras-chave: Impactos ambientais.
Comunidades rurais. Mineração.
capital (MENINO et al., 2015). Neste aspecto, seu grau de endemismo é alto, dando-lhe
o título das florestas secas mais ricas do mundo por possui 3150 espécies de plantas
vasculares, 276 formigas, 386 peixes, 98 anfíbios, 191 répteis, 548 aves e 183 mamíferos,
incluindo às diversas paisagens compostas por solos, relevos, clima no semiárido
(TABARELLI et al., 2018).
O impacto ambiental pode ser compreendido também como a redução dos solos
por atividades mineradoras ou devido à contaminação por elementos químicos que
corrompe a água, fauna e flora e reduz a sua utilização (HE et al., 2016).
Em relação aos impactos ambientais na paisagem decorrente da mineração,
alguns estudos têm sido realizados no âmbito internacional sobre o assunto. Destaca-se
o de Rawashdeh, Campbell, Titi (2016), na região sul da Jordânia mostrando os impactos
socioambientais da mineração nas comunidades próximas, propondo uma
redistribuição e gestão ambiental dessas áreas devido as empresas de mineração
causarem estragos nas comunidades.
No Brasil, Balzino et al., (2015) revelam que a exploração do ouro no estado de
Rondônia proporciona a contaminação dos solos e da água numa área do rio madeira,
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O ser humano já demostrava um conhecimento natural de paisagem mesmo
antes da criação do conceito. Observando as diversas produções tanto na cultura como
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
na ciência dos povos antigos podemos perceber que já havia várias expressões que
demostra uma percepção do meio em que estava inserido, as pinturas rupestres nos
mostram um pouco da noção que as pessoas tinham daquilo que estava no seu entorno,
como rios, animais e conjunto de montanhas. As pinturas rupestres da França (Lascaux)
e norte da Espanha, são exemplo das primeiras concepções conscientes do ser humano,
a respeito de paisagem (MAXIMIANO, 2004).
Há uma complexidade no conceito de paisagem e como a sua abordagem foi
desenvolvida por geógrafos de diversas correntes de pensamentos e influenciados pelo
contexto histórico e cultural de cada um, esses fatores colaboraram na construção de
vários conceitos que vem sendo adaptados as novas formas e funcionalidades, e ainda
propondo novos estudos (MAXIMIANO, 2004).
Para, Bertrand (2004, p.141) entende que a paisagem é:
Para Milton Santos tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a
paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca.
Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons
(SANTOS, 1988).
Fatores como localização e altitude influenciam diretamente na visão de quem a
observa, quanto mais o observador se colocar em um ponto mais, mas ele ficará livre de
obstáculos o que lhe dará uma percepção diferente em cada situação e uma maior visão
do horizonte (Ibidem).
O aparelho cognitivo também altera a percepção do indivíduo que a observa,
somado ao fato de que a nossa educação tanto formal quanto a informal, tem
característica seletiva, e cada indivíduo tem uma descrição diferente de um mesmo
episódio. A forma que um profissional capacitado em determinada área vê os assuntos
relacionados a sua profissão é diferente de uma pessoa que é leiga nesse mesmo tema
(SANTOS, 1988).
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Cada pessoa tem a sua experiência e o seu conhecimento, e isso faz com que
cada um mostre opiniões diferentes diante da mesma realidade, o que faz com que as
percepções que o homem tem desenvolva uma visão distorcida daquilo que se vê. Então
o conceito de paisagem traz essa importância da busca não somente da aparência
exterior, mas o do seu significado.
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado no município Petrolina, em Pernambuco, sendo
uma pesquisa do tipo qualitativa. Em seguida, foi realizada uma revisão de literatura
sobre temas relacionados a mineração, paisagem, impactos da mineração. A área de
estudo são três áreas de exploração mineral em área rural. O primeira numa pedreira
próximo ao Aeroporto Senador Nilo Coelho em Petrolina. A segunda área em uma
pedreira no Núcleo de Moradores N-2. E a terceira numa pedreira no Serrote da
Umburana, estrada do Capim (GIL, 2002; BACCI; LANDIM; ESTON, 2006).
As rochas da primeira pedreira situada no N-5 pertencem ao Período
paleoarqueano/mesoarqueano (3600 – 2800 Ma). Do Complexo Sobradinho-Remanso,
de Ortognaisse migmatítico fino a médio, por vezes grosso, cinza-claro, cinza-
Período orosiriano com cerca de (2050-1800 Ma). Do grupo Granitóide Petrolina com
Metagranito cinza-claro a rosado, isotrópico a levemente foliado, médio a grosso,
composto por quartzo, com hornblenda e Fehastingsita (SOBRINHO, 2017).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Pedreira do N-5 foi observado, degradação do solo, perda da vegetação, solo
contaminado por graxa e óleo diesel (Quadro 1). Como também conflito entre os
proprietários da pedraria, juntamente com a administração do Aeroporto Senador Nilo
Coelho-PNZ de Petrolina inaugurado em 2010. Diante dessas questões, foi ativado o
Ministério Público Federal-MPF e instaurado inquérito civil público MPF Nº
1.26.001.000063-2012-36, no ano de 2012 (Figura 2), pois a pedreira poderia causar
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
Silva (2018) destaca que, a retirada das rochas ocasiona explosões que
promovem a movimentação do solo, com consequente vibração do terreno, além de
lançamento de fragmentos de rochas que podem ferir a população ou atingir as casas.
Decapeamento,
envolvendo remoção da Remoção da
cobertura superficial, Erosão, movimentação de terra e assoreamento de Vegetação
deterioração da cobertura córregos, alteração da paisagem, flora e fauna locais Paisagem
vegetal e a formação de alterada
pilhas de solo
Geração de ruído e poeira;
Erosão do
Perfuração das bancadas Utilização de equipamento de proteção (máscara, luvas,
solo
botas, protetor de ouvidos)
Geração e propagação de ondas sísmicas no terreno e
no ar (vibração e sobre pressão atmosférica); Ultra
lançamento de fragmentos; Geração de ruído, fumos e
Desmonte das bancadas
gases; Escorregamentos de taludes fora do setor de Vibração do
com detonação dos
desmonte; Dimensionamento correto das cargas terreno
explosivos
explosivas e dos parâmetros do plano de fogo
(perfuração, carregamento, amarração dos furos,
limpeza da face, tempos de retardo, etc);
Carregamento e
Geração de poeira e ruído e emissão de gases; Solo
transporte do minério até
Vazamentos de óleos/combustíveis/graxas Contaminado
a britagem
Processos erosivos e assoreamento dos cursos d‟água;
Abertura de novas vias de Geração de ruído, poeira e emissão de gases produzidos Erosão do
acesso na cava pelas máquinas; Vazamentos de solo
óleos/combustíveis/graxas das máquinas
Umidificação das vias de
Consumo de água -
acesso
Descarregamento do
Geração de poeira e ruído -
minério
Britagem da rocha Poeira e ruído; Riscos de acidentes, vibração. Vibração
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A exploração mineral no Brasil é vista como fonte de renda e produtora de
emprego e crescimento econômico. Sabe-se que, assim como outros ramos produtivos,
a mineração tem produzido riquezas no país, mesmo sendo está, desigual e injusta na
maioria dos casos.
O Nordeste possui um solo rico em minerais e o Semiárido tem sido, ao longo
dos tempos, foco de instalação de mineradoras que buscam explorar diferentes tipos de
minérios. Obviamente, que toda ação humana gera impactos e, no caso da mineração,
impactos maiores, visto que, uma das técnicas mais utilizadas é o escavamento do solo
e subsolo, para retirada dos minerais.
Tais impactos pode ser ambientais, sociais e até históricos. Os impactos
ambientais possuem dimensões variadas, podem ter o aspecto físico, químico ou
biológico, podem produzir danos de longo, médio e curto prazo, assim como, podem ser
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
REFERÊNCIAS
AB’SABER,A.N. Os domínios de natureza no brasil: potencialidades paisagísticas. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
BALZINO, M.; SECCATORE, J.; MARIN, T.; TOMI, G.; VEIGA, M. M. Gold losses and
mercury recovery in artisanal gold mining onthe Madeira River, Brazil. Journal of
Cleaner Production. n. 102, p. 370-377, 2015.
HE, X.; QIAO, Y.; LIU, Y.; DENDLER, L.; YIN, C.; MARTIN. F. Environmental impactas
sessmento for ganicandconv entionaltomato production in urban green houses
of Beijing city, China. Journal of Cleaner Production. v. 134, p. 251-258, 2016.
TABARELLI, M.; LEAL, I.R.; SCARANO, F.R.; SILVA, J.M.C. Caatinga: legado, trajetória e
desafios rumo à sustentabilidade. Ciência e Cultura, v. 70, n. 4, 25-29, 2018.
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
RESUMO ABSTRACT
Os processos produtores do espaço influenciam The space-producing processes influence and
e até mesmo determinam as funcionalidades even determine the functionalities attributed to
atribuídas ao rio Araguaia em Conceição do the Araguaia river in Conceição do Araguaia,
Araguaia/PA, entre elas é possível mencionar o among them it is possible to mention the model
modelo de organização do turismo e lazer of organization of tourism and leisure during the
durante a programação do veraneio programming of the “Veraneio” in Conceição.
conceicionense. Posto isto, o objetivo do That said, the objective of the work is to
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
trabalho consiste em decifrar os processos que decipher the processes that lead to the
levam à produção do espaço em Conceição do production of space in Conceição do Araguaia,
Araguaia/PA, e como eles influenciam a and how they influence the festivity during the
festividade durante o veraneio. O procedimento “Veraneio”. The methodological procedure is a
metodológico se trata de investigação teórica theoretical investigation on the subject, based
sobre a temática, pautado principalmente em mainly on Lefebvre (2006) and Harvey (2012).
Lefebvre (2006) e em Harvey (2012). Com isso, With this, it was possible to perceive how the
foi possível perceber como os processos processes that produce space create centralities
produtores do espaço criam centralidades e and peripheries and how they directly interfere
periferias e como eles interferem diretamente in the “Veraneio”, determining the appreciation
no veraneio, determinando a valorização ou não or not of the different spaces that make up the
dos diferentes espaços que compõem o circuito event circuit.
do evento.
Keywords: Araguaia River. Amazon. Tourism.
Palavras-chave: Rio Araguaia; Amazônia; Space Production.
Turismo; Produção do Espaço.
dos espaços, orientados por interesses distintos – ora equivalentes, ora conflitantes –,
que derivam nas formas, movimentos e conteúdos das cidades (HARVEY, 2012).
Esses elementos precisam ser levados em consideração diante de uma sociedade
do consumo, no qual o espaço possui uma dimensão importante nesse processo, pois é
nele onde ocorre a (re)produção capitalista. Conforme se amplia o acumulo de capital
na sociedade, criam-se condições para que o próprio espaço se torne mercadoria
(LEFEBVRE, 2006). Isso é comum em lugares turísticos, pois ao mesmo tempo em que
existe o “consumo no espaço” há também o “consumo do espaço” (CRUZ, 2003).
O “consumo no espaço” nada mais seria do que as relações de compra e venda
que ocorrem nos espaços turísticos; ao passo que o “consumo do espaço” refere-se aos
investimentos realizados por empresários, gestores públicos e demais sujeitos
interessados em transformar um lugar com potencial turístico em um atrativo e com
isso, aumentar o número de turistas (CRUZ, 2003) . Nessa mesma perspectiva, Harvey
(2012) elucida que a (re)produção do capital é orientada por uma lógica que diante de
uma economia capitalista, tudo é transformado em mercadoria, inclusive o próprio
século XX, diante dos projetos desenvolvimentistas posto pelo governo militar houve o
incentivo da migração de inúmeros trabalhadores para a Amazônia, primeiro em razão
da abertura de estradas e posteriormente devido aos grandes projetos (TRINDADE
JÚNIOR, 2013).
O efeito dessa transformação repercute diretamente em Conceição do Araguaia
quando até então o modelo de expansão acontecia às margens do rio e em torno da
igreja, passa constituído em direção das estradas. A cultura da rodovia também resultou
na formação de inúmeras vilas. O crescimento dessas vilas, levou a um intenso processo
de municipalização no Pará (TAVARES, 2008). Partindo como referência direta Conceição
do Araguaia, houve a emancipação dos municípios de Santana do Araguaia (1961),
Redenção (1982), Rio Maria (1982), Xinguara (1982) e Floresta do Araguaia (1993), além
de outros criados a partir destes.
Devido essas transformações, o rio Araguaia deixa de ser um elemento central
para o modo de vida em Conceição do Araguaia. Com a abertura das estradas, logo foi
possível a edificação de uma ponte sobre o rio Araguaia, sendo ela o principal símbolo
espacial da transição Igreja-Estado. Conforme as mudanças provocadas nesse contexto,
a produção do espaço em Conceição do Araguaia ganha uma nova direção, cujo o
formal é de 2,0 salários mínimos e apenas 8,2% da população total encontra-se ocupada.
Para mais, 91,8% da receita do município é proveniente de fontes externas.
Um exemplo disso está na dependência de investimentos públicos no âmbito
federal e estadual destinado para a promoção do turismo local. Segundo dados
disponíveis no portal de transparência, apenas em 2018 foi destinado ao município um
valor de R$ 4,9 milhões de reais para realização do veraneio mês de julho (PREFEITURA
MUNICIPAL, 2018). Esses investimentos são direcionados para atender a ampliação e
modernizar o evento, que partir de 2017 passou a contar com shows abertos ao público
na Praia das Gaivotas.
Esses processos em Conceição do Araguaia se assemelham com o que Harvey
(2012) aponta como homogeneização dos lugares. Diante disso, é preciso elucidar que
em cidades dependentes de recursos externos, é comum que isso seja operacionalizado
em prol dos interesses políticos de determinados grupos. Com isso, o próprio veraneio
é um meio para tal finalidade, uma vez que, a gestão que promover a melhor festa ao
gosto do público e da comunidade local, terá maiores chances de se manter à frente da
prefeitura municipal por mais anos.
possibilidades de lazer nas demais praias, como é o caso dos acampamentos na Ilha do
Bode, na Ilha do Seresteiro e na Praia Alta, ou ainda, vivenciar uma experiência
semelhante à Praia das Gaivotas, porém, em uma outra praia, a Praia Verde. Todas as
praias mencionadas ficam às margens da cidade, com exceção da Praia Alta que está
localizada próxima à ponte Pará-Tocantins, ou seja, em um local mais afastado da
cidade. Além da possibilidade de conhecer outras praias e ilhas que surgem nessa época
do ano.
Após uma rápida descrição sobre o veraneio, selecionamos a Praia das Gaivotas
(Figura 1), Praia Verde (Figura 2) e a Ilha do Seresteiro (Figura 3), para compreender
como a produção do espaço pode influenciar na valorização ou não dos lugares, assim
como, a forma pela qual outras articulações atribuem valor a determinados espaços que
estão fora das centralidades. Com isso, seja a Praia das Gaivotas ou a Praia Verde são
representativas quando analisadas entre si, pois acontecem atividades semelhantes. Por
outro lado, selecionando apenas a Praia Verde e a Ilha do Seresteiro, é possível
relaciona-las por estar geograficamente próximas.
Sendo assim, consideramos que existe uma razão que torna a Praia das Gaivotas
a mais importante para o calendário principal do veraneio e pode ser explicado através
da noção de produção do espaço. Afinal, a praia é um espaço social, e como bem coloca
Lefebvre (2006), o espaço social é a tríade do tempo, indivíduo e da sociedade, isto é,
nele são reunidos tudo aquilo que há no espaço, tudo aquilo que foi e é produzido, seja
moradores dos bairros próximos a ela. Desse modo, a procura pela Praia Verde só
acontece após o encerramento da programação principal na Praia das Gaivotas, isso por
volta do mês de agosto. Diante disso, baseado nas interpretações de Harvey (2012), é
perceptível que o sentido que são produzidas as centralidades e as periferias da cidade
determina a própria valorização ou não das praias.
Baseado do que foi exposto até o momento, abrimos uma ressalva para a Ilha do
Seresteiro. Há um fato curioso a respeito dessa praia. Como já mencionamos, ela é uma
praia destinada sobretudo para acampamentos, porém, diferentemente de outras
praias com esse mesmo o foco, nela existe uma monopolização do comércio, no qual
um único sujeito é responsável pela venda de alimentos e bebidas por todo o espaço da
praia, além disso, esse sujeito é também o responsável pelas instalações dos
acampamentos (normalmente são edificados de maneira provisória a partir de madeira,
compensado e palha; podendo ser utilizado como dispensa e/ou cozinha e o banheiro).
O curioso da Ilha do Seresteiro é que ela fica próximo à Praia Verde, no entanto, na
primeira não é atribuído o mesmo preconceito e segregação como há na segunda, e isso
acontece justamente por ter a conotação de um espaço privilegiado, em que apenas um
grupo mais favorecido possui condições de acesso a esse lugar.
um determinado grupo possua o direito de viver o veraneio como um todo. Afinal, por
meio da concepção de direito à cidade em Lefebvre (2001), perguntamo-nos: “quem
tem direito ao veraneio?” Pois bem, possivelmente uma parcela dos turistas e dos
moradores da cidade podem vivenciar o circuito de atividades do veraneio como um
todo, uma vez que uma gama de outros sujeitos passam a maior parte do evento em
função dos empregos formais e informais que são gerados a partir da festividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O rio é um elemento essencial para compreender a formação do município
araguaiano. Inúmeras funções são atribuídas ao Araguaia com o passar dos anos. A
princípio, o rio, foi a única via circulação e por essa razão, foi também testemunha de
vários momentos da economia do município, e com eles, as marcas deixadas no
acontecer social e espacial da cidade, que levam a outros ritmos que determinam novas
tendências no lugar, como a própria dinâmica sócio-espacial do turismo no município,
hoje.
É diante dos valores simbólicos e econômicos que a paisagem urbana é
continuamente moldada (CORRÊA, 2016) e isso reflete diretamente no processo de
REFERÊNCIAS
Novas dimensões da geografia: ensino, práticas e pesquisas
IANNI, O. A Luta pela Terra: História social da terra e da luta pela terra numa área da
Amazônia. 3° ed. Petrópolis: Vozes, 1981.