Conheça Sua Voz

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CONHEÇA SUA VOZ - Parte 1

Sua voz deve ser desenvolvida através da prática.


Cantar bem não é por acaso e requer muito trabalho.
Envolve o cometer erros e o remover dos mesmos e como
qualquer instrumento exige disciplina. Achar que já sabemos
tudo é um grande engano. Um bom cantor percebe que há
sempre o que melhorar. Ele nunca está satisfeito com o nível
em que está e sempre está aberto a aprender.
A voz é um atributo muito pessoal; cada indivíduo
carrega consigo características vocais próprias, o que faz
com que cada voz seja diferente de pessoa para pessoa. De
uma certa forma, o indivíduo quanto fala está se revelando,
isto é, a sua voz carrega sua personalidade, traços
característicos de seu ser. Existe uma frase muito antiga que
diz: “Fala para que eu te veja!"
Ouvindo as pessoas falarem podemos sentir e até
mesmo deduzir seu estado de espírito, suas emoções. O Dr.
Pedro Bloch, em seu livro “Sua voz e sua Fala”, nos diz: “Se
alguém... achar que estamos enfatizando demasiado o lado
emocional eu diria que a voz é exatamente isso: a emoção
sonorizada”. Portanto, podemos ainda dizer que a voz é a
emoção sonorizada da personalidade.
Um bom cantor jamais pode perder a voz. Um estado
de agitação mental ou uma forte gripe pode privar o cantor
do uso de seus órgãos vocais ou prejudica-los seriamente.
Mas somente aqueles que cantam sem a plena consciência
do uso correto desses órgãos podem sentir-se desanimados
por isso; os que estão mais bem informados podem, com
maior ou menor dificuldade, curar-se e, através do uso de
ginástica vocal, colocar seus órgãos vocais novamente em
boas condições.
MECANISMO DA VOZ E DA FALA

A produção da voz e fala humana é um processo orgânico


funcional e não somente a expressão de idéias e de sentimentos.
O mecanismo vocal se processa basicamente em quatro
etapas:
1) Motor ou produtor – Os pulmões expelem o ar armazenado com
ajuda dos músculos que atuam na expiração.
2) Vibrador laríngeo – O ar passa pela laringe, fazendo vibrar as
cordas ou pregas vocais, produzindo um som fundamental.
3) Ressoadores nasobucofaríngeos – O som produzido na laringe,
ao chegar nos ressoadores, ganha qualidade, ampliação e timbre
peculiar.
4) Articuladores – Os lábios, língua, dentes, palato duro e mole e a
mandíbula são os responsáveis pela articulação humana. A
articulação é a parte mecânica da palavra.

PREGAS VOCAIS

A laringe localiza-se no pescoço e é um tubo alongado, no interior do qual


ficam as pregas vocais (marcado na figura acima com um círculo vermelho). As pregas
vocais são conhecidas popularmente como cordas vocais, mas esse nome é incorreto,
pois não se tratam de cordinhas, como as do violão. As pregas vocais são duas dobras,
formadas por músculo e mucosa, em posição horizontal dentro da laringe, ou seja,
paralelas ao solo, como se estivessem deitadas. Sua localização fica acima da
cartilagem tireóidea pouco antes da epiglote.
RESSONÂNCIA
O som produzido pelo vibrador precisa sofrer um
tratamento ressoanancial, isto é, os ressoadores
(boca, faringe, nariz) vão tratar de maneira mais
peculiar os harmônicos e eles, fortalecidos, são o
que vão dar qualidade à característica vocal de cada
indivíduo, correspondendo ao timbre específico.
A voz é semelhante a um equalizador em um
sistema de som stereo. Ela tema agudos, médios e
graves. É importante que a voz tenha um som
balanceado. Se sua voz tem excesso de agudos, ela
soará muito nasal, fraca, sem volume ou
profundidade. Se ela for grave em demasia, soará
rouca, gutural, pesada e distorcida. Quando a voz é
balanceada ela é cheia de expressão e fervor. Ela
carregará consigo força e bom volume. Se você
estiver fazendo isso corretamente, deverá sentir um
suave formigamento ou vibração em volta do nariz e
lábios.
ATRIBUTOS DA VOZ

A voz possui, também alguns atributos:

1) Altura. A altura é o que o ouvido detecta em níveis de


“grave” e “agudo”. Este atributo vocal depende da atuação
dos músculos inter-costo-abdomino-diafragmáticos, como
também da ação muscular da laringe. A voz é grave ou
aguda dependendo da freqüência e do número de vibrações
por segundo provocados pelo impulso do ar.
2) Intensidade. É o que o ouvido detecta de forte ou fraco.
O que determina a intensidade é a força e a duração dos
impulsos do ar, a força e a duração do fechamento glótico e
fatores conjugados aos ressoadores. A voz é mais fraca ou
mais forte dependendo da amplitude das vibrações, então,
quanto mais amplas as vibrações, mais intenso é o som.
Geralmente há um equívoco por parte de oradores
destreinados, que, ao invés de elevarem a intensidade de
sua voz através de treino, elevam a altura. Este é um dos
principais fatores causadores de problemas vocais.
3) Qualidade ou timbre. Os ressoadores são os maiores
determinantes da qualidade vocal ou timbre (que é o atributo
diferenciador da voz). Mas temos que levar em conta alguns
outros fatores, como o tempo, a articulação e a inflexão da
fala que também interferem na qualidade vocal.
CONHEÇA A TUA VOZ - parte 2

Conhecer como a voz funciona é tão


importante quanto conhecer um instrumento
musical. Digo isso porque o cantor É UM
INSTRUMENTO musical. No capítulo referente à
POSTURA vamos observar que o canto não envolve
apenas as pregas vocais – envolve o instrumento
todo, o cantor.
Na aula passada afirmamos que a nossa voz
reflete a nossa personalidade. Ela indica quando
estamos tristes, alegres, deprimidos, sonolentos,
etc. Ela denuncia como estamos e quem somos. É
por essa razão que conhecer a estrutura do nosso
sistema vocal e respiratório é de fundamental
importância para nós. Então vamos continuar com
nosso estudo.
EMISSÃO VOCAL
Segundo Mansion, a emissão vocal é o ato de
produzir um som, ou seja, por em ação a respiração, o
mecanismo dos órgãos da boca e da articulação.
Canuyt acrescenta que a boa emissão fisiológica é
natural, fácil, cômoda e sem esforço, o que em linguagem
técnica, se chama cantar com voz livre. Pode-se distinguir
várias maneiras de emitir os sons. Mansion destaca três
modos de emissão bem característicos:
1) Emissão branca. Aquela que se obtém com a boca
aberta, em sentido vertical ou transversal, sem elevar o véu
do paladar, e em que a voz se apresenta branca, isto é, sem
colorido e não tem alcance.
2) Emissão redonda ou aberta. É produzida com a boca
arredondada, elevando o véu do paladar.
3) Emissão sombria ou opaca. Semelhante à emissão
redonda ou coberta, é conseguida contraindo-se o fundo da
garganta.
Canuyt, entretanto, não separa esses dois últimos
tipos de emissão. Rotula-os de emissão sombria, isto é,
emissão para dentro, produzida pelo aumento do som
devido à ressonância na faringe. Para o cantor a voz se
mostra redonda, mas para quem ouve não tem alcance. Na
opinião do professor Canuyt, a emissão sombria é
prejudicial às pregas vocais porque exige esforço,
sobretudo nos sons mais agudos, e, conseqüentemente,
leva à fadiga vocal.
É, pois, através do exercício da emissão vocal e da
prática da técnica vocal que o indivíduo consegue a
homogeneidade e faz da própria voz um instrumento
sensível e dócil, podendo servir à expressão vocal.
REGISTROS VOCAIS

Chama-se registro vocal uma série de tons


cantados de certa maneira, produzidos por um certo
posicionamento dos órgãos vocais – laringe, língua e
palato.
A voz humana pode possuir mais de um registro e
identifica três tipos básicos de registro:
1) O registro “voz de peito”. Quando se produzem a
tensão transversal e a vibração completa das pregas vocais,
com ressonância maior na caixa torácica. Este é o registro
vocal mais grave, tanto para a voz feminina quanto para a
voz masculina. Neste registro, o som é puro, forte, de
vibração completa, porém espesso, denso e seco.
2) O registro médio ou “voz mista”. Quando se produz a
mescla do som resultante da vibração completa com a
elasticidade e clareza do som produzido pela vibração dos
bordos das cordas vocais.
3) O registro “voz de cabeça” ou falcete. Corresponde
preferentemente ao uso da tensão longitudinal (vibração dos
bordos das cordas vocais) e da ressonância das cavidades
da cabeça (crânio, boca fossas nasais). Neste registro o som
torna-se mais claro e delgado.
Toda voz inclui os três registros (peito, meio e
cabeça), mas nem todos são empregados em todo tipo de
voz. Com exercícios, você notará que o registro da cabeça
tem um som distinto de alta qualidade. O registro do meio
tem um som mais anasalado, mas não muito, e o do peito,
um som mais bravo e de qualidade bruta.
É muito comum experimentar uma mudança abrupta
ou quebra na voz quando se move de um registro para outro.
A região onde há troca de registros, isto é, troca de
predomínios musculares, é denominada zona de
passagem (transição de registros). A combinação e mistura
de registros podem ser aprendidas. Através do habilidoso
ensinamento do professor e do talento e da aplicação do
aluno, os órgãos devem habituar-se a assumir posições tais
que um registro leve imperceptivelmente a outro.
De certa forma, dois deles são encontrados com
freqüência em principiantes, nos quais o terceiro é
geralmente muito mais fraco ou simplesmente não existe. É
muito raro encontrar uma voz naturalmente equalizada em
toda a sua extensão.
Os registros não existem por natureza. Pode-se dizer
que são criados através de muitos anos de uso da fala no
diapasão, que é mais fácil a cada pessoa, ou no diapasão
por imitação e que, mais tarde, torna-se um hábito.
Se os músculos são empregados erradamente, ao
falar toda a voz pode ter um som desagradável. Portanto,
em qualquer voz, um ou outro registro pode ser mais forte
ou mais fraco; de fato, é o que quase sempre acontece, pois
as pessoas falam e cantam no timbre que lhes é mais fácil e
mais habitual, sem pensar na correta posição dos órgãos em
relação uns aos outros; depois de crescidas, raramente são
advertidas no sentido de falarem com clareza e em tom
agradável.
TRATO VOCAL
É delimitado anteriormente por lábios e
narinas e posteriormente pelas pregas vocais.
Inclui:
 Cavidade nasal – Constituída por septo
nasal, que separa as duas narinas; conchas e
cornetos, responsáveis pelo aquecimento,
umidificação e filtragem do ar.
 Região de Rinofaringe (nasofaringe ou
cavum) – Constituída por torus
tubarius (cartilagem), trompa de Eustáquio
(controla a pressão aérea dentro do ouvido
médio) e tonsila faríngea (adenóide).
 Cavidade oral – Constituída por lábios,
língua, dentes e palato mole (véu palatino) e
palato duro.
 Região de Orafaringe – Constituída de
tonsilas palatinas (amígdalas), pilares anterior
(músculo palatoglosso) e posterior (músculo
palatofaríngeo), tonsilas linguais, valéculas,
seios piriformes e faringe.
 Laringe – Constituída por: osso hióide,
membrana tireóidea, epiglote (cartilagem com
inserção na língua, laringe e faringe) pregas
ventriculares (ou pregas vestibulares, bandas ou
falsas cordas vocais), pregas ariepiglóticas,
ventrículos de Morgagni, cartilagens (tireóide,
cricóide, aritenóides, cuneiformes e
corniculadas) e pregas vocais.
VIBRATO

Vibrato é a leve, rápida e regular


variação da afinação que adicionada ao cântico
torna a voz mais expressiva. Ele adiciona à voz
um som polido e profissional. É algo que deve
ser desenvolvido em um ambiente adequado,
de preferência quieto, onde você pode ouvir
sua voz com clareza.
Um bom vibrato é suportado pelo
diafragma e uma respiração apropriada ajuda
muito. Você deve ser capaz de diminuir,
apressar, suprimir ou adicionar vibrato no final
dos tons. Basta relembrar que as cordas vocais
são quatro (duas verdadeira, inferiores, e duas
falsas, superiores) e que as cordas vocais
inferiores se unem na cartilagem tireóidea
(pomo de Adão) e realizam seus movimentos
através do deslocamento de sua parte posterior,
que vai à cartilagem aritenóide, de cada lado.
Existem várias teorias sobre a vibração das
cordas vocais. A teoria Mioelástica (a
tradicional), a teoria Neurocronáxica de
Husson (a vibração das cordas vocais provém
de influxos nervosos, que partindo do sistema
nervoso central, através do nervo recorrente,
provoca a movimentação das mesmas), e a
teoria Muco-ondulatória de Perello.
DICÇÃO

Muitas pessoas têm dificuldade de articular


alguns fonemas, o que, muitas vezes, prejudica a
qualidade e o entendimento de sua fala. Esse
problema pode ser resolvido através da
conscientização da realização articulatória e de um
treino específico dos fonemas mais problemáticos.
Para que você consiga resolver o problema da
dicção, primeiro você terá que “detectar o problema”.
Esse processo se inicia com a percepção da
articulação alterada. Em seguida é controlar a
dificuldade articulatória, através de exercícios e
treinos, para depois experimentar a fase da
automatização, ou seja, aquela em que o som
articulado será corretamente pronunciado, sem que a
atenção esteja voltada para a fala.
ÓRGÃOS DA ARTICULAÇÃO

Basicamente os órgãos da articulação são: lábios, dentes,


palato duro, palato mole e mandíbula. Estes vão decompor os sons
da linguagem. São órgãos ativos e passivos encarregados da
produção de todos os sons para a formação da palavra.
Todo este conjunto orgânico está dirigido pelo sistema
nervoso central, controlado pelo ouvido, e com características
pessoais determinadas pela constituição do indivíduo: idade, sexo, e
maior ou menor predominância do sistema endócrino. Qualquer
modificação de ordem orgânica ou funcional terá repercussão sobre
o seu funcionamento.
SUA VOZ REFLETE SUA PERSONALIDADE
A sua voz é mais pessoal que suas impressões digitais.
Ela revela sua personalidade, seus modos, suas atitudes e
emoções. Sempre que abre a boca para falar você está vendendo a
si mesmo, suas déias, seus produtos, seus serviços.
A voz reflete o seu eu interior. O assunto pode ser fascinante;
sua aparência, agradável; sua presença no palco, profissional – mas
se você falar num tom monótono e com uma voz inaudível, ou gritar
de forma tensa e rude, a platéia não irá prestar a mínima atenção em
seu discurso. Quando uma platéia está inquieta, tensa, nervosa ou
constrangida por um orador bombástico, ela simplesmente se
desliga. Se isso acontecer, a culpa é sua. Se não se dirigir a eles da
forma mais agradável possível, as palavras, tão cuidadosamente
combinadas, encontrarão ouvidos surdos.
Pratique alterar variação, ritmo, força e expressão em sua
voz. A maioria das pessoas não está ciente de como suas vozes
soam e do quanto reveladora elas podem ser. Você pode fazer com
que o que diz signifique mais, se o disser da melhor forma possível,
com uma voz expressiva e atraente.
QUALIDADES BÁSICAS PARA UMA BOA DICÇÃO

I – Ser compreensível
Precisão e clareza na construção do pensamento
podem melhorar, lendo-se bons autores, procurando
compreender o que se leu, buscando oportunidades de
expressar o próprio pensamento e certificando-se de que foi
compreendido pelo interlocutor.
II – Ser correta
A correção está em não distorcer a verdadeira
pronúncia das palavras. Eis alguns pontos que deixam claro
a maneira como cometemos erros:
- Usando timbres abertos em vez de fechados e vice-
versa.
- Acentuando erroneamente as palavras.
- Deixando que uma sílaba contamine as outras.
- Invertendo a posição das sílabas.
- Omitindo ou acrescentando elementos nas sílabas ou
palavras
III – Ser convincente e cativante
A dinâmica sonora manifesta-se pelas variações na
altura, na intensidade, na velocidade e no timbre da voz e é
determinada pela motivação interior. Ela pode surgir
espontaneamente ou ser usada voluntariamente como
técnica de incentivação e de comunicação.

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