Portugu+ S - Aula 01
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Aula 01
AULA 01
CLASSES DE PALAVRAS I.
Sumário
Considerações Iniciais .....................................................................................2
1130828
SUBSTANTIVO ...............................................................................................3
ADJETIVO ................................................................................................... 10
ADVÉRBIO ................................................................................................... 19
ARTIGO ...................................................................................................... 27
PREPOSIÇÕES.............................................................................................. 29
PRONOMES ................................................................................................. 35
PRONOMES INTERROGATIVOS ....................................................................... 35
PRONOMES INDEFINIDOS ............................................................................. 35
PRONOMES POSSESSIVOS............................................................................. 37
PRONOMES DEMONSTRATIVOS ...................................................................... 38
PRONOMES RELATIVOS ................................................................................. 43
PRONOMES DE TRATAMENTO ......................................................................... 48
PRONOMES PESSOAIS .................................................................................. 50
COLOCAÇÃO PRONOMINAL ............................................................................ 52
NUMERAL .................................................................................................... 59
INTERJEIÇÃO ............................................................................................... 59
PALAVRAS ESPECIAIS ................................................................................... 60
Mais questões comentadas ............................................................................ 64
Resumo Classes I ......................................................................................... 80
Lista de questões ......................................................................................... 92
Mais questões comentadas .......................................................................... 100
Gabaritos .................................................................................................. 108
coragem” (locução adjetiva). Observe que um conjunto de duas palavras, usada para
qualificar o substantivo, substituiu perfeitamente o adjetivo que realizaria essa função.
PERFIL CESPE: Todos os assuntos dessa aula são cobrados pela banca;
contudo, tenham foco especial em: mudança de ordem das expressões,
pronomes, colocação pronominal, advérbios, palavras denotativas e
preposições.
SUBSTANTIVO
O substantivo é a classe que dá nome a seres, coisas, sentimentos, qualidades, ações
(homem, gato, carro, mesa, beleza, inteligência, estudo...). Em suma, é o nome das
coisas em geral, é a palavra que nomeia tudo o que percebemos. É uma classe
variável, pois se flexiona em gênero, número e grau: um gato, dois gatos, três
gatas, quatro gatinhas, cinco gatonas...
Formação de substantivos
Para reconhecer um substantivo, ajuda muito saber como podem ser formados e quais
são suas principais terminações. Quanto à sua formação, os substantivos podem ser
classificados em primitivos e derivados. Os primitivos são a forma original daquele
substantivo, sem afixos: pedra, fogo, terra, chuva. Os derivados se originam dos
primitivos, com acréscimo de afixos: pedreiro, fogareiro, terrestre, chuvisco. Esse
processo é chamado de derivação sufixal e ocorre também com verbos que recebem
sufixos substantivadores:
pescar>pescaria;
filmar>filmagem;
matar>matador;
militar>militância;
dissolver>dissolução;
corromper>corrupção.
Atenção aqui: em palavras como Guarda-chuva, Guarda-roupa, somente o segundo item se flexiona,
pois “guarda” é verbo e não varia: 2 Guarda-chuvaS e 2 Guarda-roupaS.
Porém, não confunda essa regra geral com o caso de palavras como Guarda-
noturno, Guarda-florestal, Guarda-civil. Nesse caso, o componente “guarda” em
questão não é o verbo “guardar” (salvar/proteger), é o substantivo “guarda”, o
próprio sujeito, o próprio guarda, o homem! Não dá para ver como verbo, não faria
sentido pensar em um “*salva-civil”, “*salva-florestal”. Aqui, salva não é verbo!
Portanto, nesse caso, como temos substantivo+adjetivo, ambas classes variáveis,
as duas metades da composição vão variar: guardaS-florestaiS, guardaS-civiS,
guardaS-florestaiS....
Comentários:
Não haveria prejuízo para o texto caso se efetuasse a referida troca, pois há duas
regras válidas: flexionar os dois substantivos pela regra geral, ou flexionar somente o
primeiro pela regra específica de delimitação por tipo/finalidade/semelhança.
Questão incorreta.
Grau do Substantivo
O substantivo também pode variar em grau, aumentativo e diminutivo. Nos importa
aqui lembrar que o diminutivo/aumentativo pode ter valores discursivos de afetividade
e de depreciação irônica.
Ex: Olha o cachorrinho que eu trouxe para você. (afetividade)
Ex: Que sujeitinho descarado esse! (pejorativo; depreciativo; irônico)
Ex: Queridinho, devolva o que roubou. (depreciativo; irônico)
Há diversos outros sufixos de grau do substantivo. Vejamos também seus valores no
discurso:
Ex: Então... O sabichão aí se enganou de novo? (ironia)
Não trabalho tanto para dar dinheiro àquele padreco! (depreciação)
Ex: O Porsche é um carrão! (admiração)
Ex: Achei que aquilo era uma pousada, mas era um casebre! (depreciação)
Ex: Titanic não é um filminho qualquer, é um filmaço. (depreciação/apreciação)
ADJETIVO
O adjetivo é a classe variável que se refere ao substantivo ou termo de valor
substantivo (como pronomes), para atribuir a ele alguma qualificação, condição ou
estado, restringindo ou especificando seu sentido. Ex: homem mau, mulher simples,
céu azul, casa arruinada.
Como vimos, é classe variável, que “orbita” em torno do substantivo e concorda com
ele em gênero e número. Ex: homens maus, mulheres simples, céus azuis, casas
arruinadas.
O adjetivo pode também ser substantivado: “Céu azul” vira “O azul do céu”. É comum
também substituir o adjetivo por “locução” ou “oração” adjetiva: “Cidadão inglês”x
“Cidadão da Inglaterra” x “Cidadão que é nativo da Inglaterra”.
Observe que não podemos escrever “português vinho” nem “vinho muito português”.
Ser “português” é uma categorização objetiva do vinho, não expressa opinião.
Essas características vão nos ajudar em questões sobre a inversão da ordem
“substantivo+adjetivo”.
5. (CESPE/ TCE PB / 2018)
Maus hábitos cotidianos muitas vezes são, na verdade, práticas antiéticas e até
ilegais, que devem, sim, ser combatidas.
Acerca das propriedades linguísticas do texto precedente, julgue o item
subsequente.
Os termos “antiéticas”, “ilegais” e “combatidas” qualificam a palavra “práticas”.
Comentários:
“antiéticas” e “ilegais” qualificam sim o substatantivo “práticas”. Contudo,
“combatidas” é um verbo numa frase em voz passiva: “devem ser combatidas” (ver
aula de verbos), não é um adjetivo. Questão incorreta.
6. (CESPE / TCE-PB / Agente Documentação / 2018)
[...] Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando
e, em segundo, deve-se considerar que essa relação não é nem homogênea nem
constante..
Julgue o item. O vocábulo “constante” foi empregado para qualificar o termo
“aspecto”.
Comentários:
O vocábulo “constante” foi empregado para qualificar o termo “relação”. A relação
não é homogênea nem constante. Questão incorreta.
7. (CESPE / TRE TO / Analista / 2017)
No início da Idade Média, as monarquias germânicas continuaram sendo
teoricamente, e por vezes praticamente, eletivas, como a monarquia visigótica.
Julgue o item: o adjetivo “germânicas” expressa um atributo negativo de
“monarquias”.
comentários:
Adjetivo que indica origem é objetivo, não expressa opinião, negativa ou positiva. A
Monarquia era germânica, em oposição a inglesa, americana, espanhola...Não é um
atributo, é uma categoria objetiva, um fato. Questão incorreta.
Comentários:
Aqui temos o adjetivo “constante” qualificando o substantivo “relação”, não aspecto.
Questão incorreta.
Em alguns casos, pode ser difícil detectar quem é o substantivo (Ex: sábio religioso),
então a gramática nos diz que a tendência lógica é considerar o primeiro termo
substantivo e o segundo adjetivo.
Locuções Adjetivas:
Como mencionei, locuções são grupos de palavras que equivalem a uma só. As
locuções adjetivas são formadas geralmente de preposição+substantivo e substituem
um adjetivo. Essas locuções funcionam como um adjetivo, qualificam um
substantivo, e desempenham normalmente uma função chamada adjunto
adnominal.
Ex: Homem covarde = Homem sem coragem
Ex: Cara angelical = Homem de anjo
Porém, algumas expressões semelhantes, também formadas de preposição +
substantivo não podem ser vistas como um adjetivo, nem substituídas por
adjetivo, pois serão um complemento nominal, um termo obrigatório que completa o
sentido de uma palavra.
Ex: Construção do muro = Ex: Construção*** múrica, murística, mural???
Por que falaremos disso agora? Porque a banca explora essa diferença entre adjunto
adnominal (equivale a adjetivo) e complemento nominal justamente perguntando ao
combalido candidato qual é o termo que exerce ou não papel de adjetivo, ou seja, qual
é adjunto adnominal (locução adjetiva) ou complemento nominal, respectivamente.
Esse assunto será detalhado na aula de sintaxe. Contudo, vamos logo aproveitar o
ensejo para ver a diferença entre os dois nesse contexto das locuções adjetivas.
Seguem exemplos de locuções adjetivas, expressões preposicionadas que tem
função de adjetivo (vêm adjuntas ao substantivo, com função de adjunto adnominal).
Ex: A coluna tinha forma de ogiva x A coluna tinha forma ogival.
Ex: Comi chocolates da Suiça x Comi chocolates suíços.
Ex: Tenho hábitos de velho x Tenho hábitos senis
As expressões preposicionadas acima são morfologicamente classificadas como
locuções adjetivas (na função sintática de adjuntos adnominais), pois se referem a
substantivo, podem normalmente ser substituídas por um adjetivo equivalente
ou trazem uma relação de posse ou pertinência: A ogiva tem aquela forma, a Suíça
tem aqueles chocolates e os hábitos são do velho.
Cuidado: nem sempre teremos ou saberemos um adjetivo perfeito para substituir a expressão nominal.
Por isso, atente-se à relação ativa ou de posse entre o termo preposicionado e o substantivo a que se
refere.
Ex: As músicas do pianista são lindas. (não podemos substituir propriamente por um adjetivo, mas
observamos que temos uma locução adjetiva pois temos termo com sentido ativo/de posse- o pianista
toca/tem as músicas. Além disso, músicas não pede complemento obrigatório, o que é acrescentado é
apenas qualificação, determinante de valor adjetivo.
Em outros casos, teremos uma expressão que “parecerá” uma locução adjetiva, mas será um termo de
valor substantivo, complementando o sentido de um substantivo abstrato derivado de ação
Comentários:
Uma legislação vigente (adjetivo) é uma legislação que está em vigor (locução
adjetiva). São apenas duas formas diferentes para a mesma função.
Questão correta.
Comparativo:
O grau comparativo pode ser de superioridade, inferioridade ou igualdade.
Ex: Sou mais/menos ágil (do) que você (grau comparativo de
superioridade/inferioridade)
Ex: Sou tão ágil quanto/como você (comparativo de igualdade)
Perceba que o elemento (do) é facultativo nessas estruturas comparativas.
Algumas palavras têm sua forma comparativa terminada em –or. No latim, essa
terminação significava “mais”, por essa razão o “mais” não aparece nessas formas:
“melhor”, “pior”, “maior”, “menor”, “superior”. Por suprimir essa palavra, a gramática
o chama de comparativo sintético.
Temos que conhecer também o grau superlativo, que expressa uma qualidade em
grau muito elevado. Se divide em relativo e absoluto:
Superlativo relativo:
Ex: Sou o melhor do mundo.
Ex.: Senna é o melhor do Brasil!
Gradua uma qualidade/característica (“bom”) em relação a outros seres que também
têm ou podem ter aquela qualidade, ou seja, em relação à totalidade (o mundo todo).
Superlativo absoluto:
Indica que um ser tem uma determinada qualidade em elevado grau. Não se relaciona
ou compara a outro ser. Pode ocorrer com uso de advérbios de intensidade
(absoluto analítico): “sou muito esforçado” e de sufixos (absoluto sintético):
difícil>dificílimo; comum>comuníssimo; bom>ótimo; magro>macérrimo.
Assim sendo, quando as bancas falam em variação do adjetivo em grau, querem dizer
que o adjetivo está sofrendo algum processo de intensificação, ou seja, terá seu
sentido intensificado, por um advérbio (tão bonito), por um sufixo (caríssimo), por um
substantivo (enxaqueca monstro), por exemplo.
OBS: Aprofundando um pouco mais, há outros “recursos de superlativação”, formas
estilísticas que também conferem a ideia de uma qualidade em alto grau.
Maria é linda, linda, linda. (repetição)
Maria é ultraexigente. (prefixos intensificadores)
Ele é rapidinho/rapidão/rapidaço. (aumentativo ou diminutivo intensificador)
Normal Alto
Superioridade
o mais alto
Relativo
Inferioridade
o menos alto
Superlativo
Sintético
altíssimo
Absoluto
Analítico
muito alto
ADVÉRBIO
O advérbio é classe invariável que se refere essencialmente ao verbo, indicando a
circunstância em que uma ação foi praticada, como “tempo, lugar, modo, causa...”
Porém, o advérbio também pode modificar adjetivos (você é muito linda), outros
advérbios (você dança extremamente mal) e também orações inteiras
(Infelizmente, o Brasil não vai bem).
Quando modifica adjetivos e advérbios, o advérbio tem função de intensificar/acentuar
o sentido.
Quando se refere a uma oração inteira, normalmente indica uma opinião sobre o
conteúdo daquela oração.
Apesar de invariável, existe um advérbio que aceita variação, é o advérbio TODO:
Ex: Chegou todo sujo e a esposa o recebeu toda paciente.
Em suma, o advérbio é termo invariável que se refere a verbo, adjetivo e
advérbio. Quando se refere a verbo, traz a “circunstância” daquela ação. Quando
ligado a adjetivo e advérbio, funciona como intensificador.
Usados em interrogativas, onde, como, quando, por que são advérbios
interrogativos, justamente porque expressam circunstâncias como lugar, modo,
tempo e causa, respectivamente.
Vejamos esse uso nas interrogativas diretas (com ?) e indiretas (sem ?)
Onde você mora? Ignoro onde você mora.
Quando teremos prova? Não sei quando teremos prova.
Como organizaram tudo? Perguntei-lhes como organizaram tudo.
Por que tantos desistem? Não disseram por que tantos desistem.
Rigorosamente, “por que” é considerada uma locução adverbial interrogativa de causa.
•demais: intensidade
o •sempre: frequência
•hoje e ontem: tempo
corrupto • com fraudes: locução
roubou adverbial de
meio/instrumento
o •provavelmente: dúvida
•decerto: certeza
corrupto •pelo partido: locução
cairá adverbial de motivo
Essa lista é apenas ilustrativa, mas não há como decorar o valor de cada advérbio,
pois só contexto dirá seu valor semântico. Na sentença “nunca mais quero ser
eliminado”, o advérbio “mais” tem sentido de tempo. Já na sentença “cheguei mais
rápido”, o advérbio traz ideia de intensidade/comparação. Não decore, busque o
sentido global, no contexto!!!
99% dos advérbios terminados em -mente são de modo, mas nem todos.
“Atualmente”, por exemplo, é advérbio de “tempo”; “certamente” é de afirmação;
“possivelmente” é de dúvida...Analise sempre o contexto.
OBS: Advérbios terminados em “-mente” são derivados da forma feminina de certos
adjetivos (tedioso>tediosamente; lento>lentamente; rápido>rapidamente). Quando
temos mais de um advérbio terminado em -mente, pode-se omitir o sufixo -mente
do segundo advérbio, deixando apenas a forma básica:
Ele fala clara e lentamente
Sábia e oportunamente, ele ficou em silencio.
Mas cuidado, “SÁBIA” E “CLARA” NÃO SÃO ADJETIVOS, são advérbios com sufixo
omitido!
O advérbio também tem função coesiva, isto é, pode ligar partes do texto, fazendo
referência a trechos do texto e também ao tempo/espaço.
Ex: Embora não queira, ainda assim devo estudar. (assim remete a toda a oração
sublinhada)
Ex: Fui à Europa e lá percebi que somos felizes aqui. (lá retoma “Europa”)
A terminação “mente” é típica dos advérbios de modo, contudo pode ser omitida na
quando temos dois advérbios modificando o mesmo verbo:
Ex: Ele fala rapidamente. Ele fala claramente > Ele fala rápida e claramente.
Atenção. O “rápida” continua sendo advérbio. Não é adjetivo, pois não dá qualidade,
mas sim modifica um verbo, dando a ele cincunstância ( de modo rápido).
comentários:
Exato. A impressão vem imediatamente após a referência à supremacia...Correta!
13. (CESPE / IPHAN / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Ainda que circunscritas a determinados limites, essas ações de resistência,
aparentemente insignificantes, colocam em movimento as relações e podem
alterar a realidade de uma ordem imposta ou dominante, em um jogo vivido
cotidiana e mais ou menos silenciosamente.
No período em que aparece, o vocábulo “cotidiana” ( .4) expressa uma
característica de “uma ordem imposta ou dominante” ( .3).
Comentários:
A banca quer que o candidato pense que “cotidiana” é um adjetivo, mas é na verdade
um advérbio, ligado a “vivido”, com sua terminação (-mente) omitida:
Ainda que circunscritas a determinados limites, essas ações de resistência,
aparentemente insignificantes, colocam em movimento as relações e podem alterar a
realidade de uma ordem imposta ou dominante, em um jogo vivido
cotidiana(mente) e mais ou menos silenciosamente.
Questão incorreta.
14. (CESPE / BNB / 2018)
Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos originais do texto, o trecho
“que mereçam ser mais bem avaliados” poderia ser reescrito da seguinte forma:
e que mereçam ser melhores avaliados.
Comentários:
Estou mais bem preparado ou melhor preparado?
Ele é o mais mal alimentado ou pior alimentado?
Embora haja divergência entre os principais gramáticos, entre as formas adverbiais
comparativas que seguem adjetivos ou particípios, a preferência é por “mais bem”
em vez de “melhor”.
Porém o problema da questão é evidente: advérbios são invariáveis, não vão ao
feminino nem ao plural; “melhores” está flexionado, o que configura erro gramatical.
Questão incorreta.
comentários:
Sim. Os advérbios terminados em mente quase sempre indicam modo. No caso,
equivale “de modo disciplinado”. Questão correta.
16. (CESPE / TRE-TO / Analista / 2017)
Quer dizer: apesar de o uso do voto ser ancestral, a organização do sistema
eleitoral tem origem no século XVII, com o surgimento de governos
representativos na Europa e na América do Norte.
A expressão “com o surgimento de governos representativos na Europa e na
América do Norte” exprime uma consequência.
comentários:
Pelo contexto, podemos entender que exprime “tempo” ou “causa”. O sistema eleitoral
surgiu “quando do surgimento de governos representativos” ou até “por causa do
surgimento de governos representativos”. Questão incorreta.
Palavras/expressões denotativas:
São palavras/expressões que parecem advérbios, muitas vezes até são classificadas
como tal, mas não o são exatamente, porque não se referem a verbo, advérbio ou
adjetivo.
Adianto que é uma polêmica gramatical, as listas variam entre as gramáticas, alguns
listam certas palavras denotativas como advérbios....Porém, há algumas informações
claras que precisamos saber e que caem em prova. O sentido é a parte mais
importante! Vamos ver exemplos:
Vamos ver exemplos:
Designação: eis
Ex: Eis o filho do homem.
Explicação/Retificação: isto é, por exemplo, ou seja, a saber, qual seja, aliás,
digo, ou antes, quer dizer etc.
Ex:Comprei uma ferramenta, isto é, um martelo.
Ex: Vire à direita, ou melhor, à esquerda, aliás, melhor ir reto mesmo.
Ex: Os defeitos são dois; aliás, três.
Essas expressões devem ser isoladas por vírgulas.
No segundo, “só” restringe o verbo “fumar”, então João só pratica essa ação, apenas
fuma, não faz outra coisa. Trata-se de advérbio de exclusão.
No terceiro, “só” restringe “charutos”, então João apenas fuma “charutos”, não fuma
outra coisa, não fuma cigarro, nem baseado, excluem-se outros “fumos”. Trata-se de
palavra denotativa de exclusão.
No quarto, “só” indica que João fuma “sozinho”. Trata-se de adjetivo.
Essa é a lógica que deve ser aplicada às questões, especialmente quando a banca
pede “deslocamento” de palavras.
Veja mais exemplos, para “sedimentar”:
Ex: Até o padre riu de mim. (pessoas riram, inclusive o Padre riu)
Ex: O padre até riu de mim. (inclusive riu)
Ex: O padre riu até de mim. (riu inclusive de mim)
Ex: Isso não pode ser verdade. (certeza de que não é verdade)
Ex: Isso pode não ser verdade. (dúvida, pode ser verdade ou não)
OBS: Como disse antes, há muita semelhança entre palavras denotativas e advérbios e
mesmo grandes gramáticas e bancas misturam um pouco essas classificações. Não cabe ao
candidato tentar resolver essa polêmica, mas sim estudar O SENTIDO das expressões. Certo?
Comentários:
A expressão “é que” é expletiva, sua supressão não causará erro nem mudança de
sentido.
.... Essa estranha “margem de manobra” é que mobiliza os homens para a ação.
... Essa estranha “margem de manobra” mobiliza os homens para a ação.
Questão correta.
18. (CESPE / TRF - 1ª REGIÃO / 2017)
Para esse pensador, só a troca de ideias dá liberdade ao pensamento...
Julgue o item a seguir.
Por ser um advérbio, o vocábulo “só” poderia ser deslocado para imediatamente
antes da forma verbal “dá” , sem alteração dos sentidos do texto.
Comentários:
A posição da palavra “só” determina a porção da frase que ela modifica e seu
deslocamento pode mudar a classificação e o sentido da palavra.
Comentários:
Já exaurimos essa lógica nessa aula, sejamos objetivos.
“O realismo só gera certo pessimismo em uma primeira fase" (só faz isso, só gera)
“O realismo gera só certo pessimismo em uma primeira fase" (só gera pessimismo,
não gera outra coisa)
Questão correta.
ARTIGO
O artigo é classe variável em gênero e número que acompanha substantivos, indicando
se o substantivo é masculino ou feminino, singular ou plural, definido ou indefinido.
Por sempre estar modificando um substantivo, sempre exerce a função de adjunto
adnominal. Pode ocorrer aglutinado com preposições (em e de): “no”, “na”, “dos”,
“das”.
O artigo definido se refere a um substantivo de forma precisa, familiar: “o carro”, “a
casa”, nesse caso, indicando que aquele “carro” ou aquela “casa” são conhecidas ou
já foram mencionadas no texto.
Ex: Na porta havia um policial parado. Assim que me viu, o policial sacou sua arma.
Observe que na segunda referência ao policial, ele já é conhecido, já foi mencionado,
é aquele que estava parado na porta. Isso justifica o uso do artigo definido, no sentido
de familiaridade.
Por essa razão, a ausência do artigo deixa o enunciado indefinido, mais genérico:
Não dou ouvidos ao político (com artigo definido: político específico, definido)
Não dou ouvidos a político (sem artigo definido: qualquer político, políticos em geral)
O artigo definido diante de um substantivo indica que este é familiar, conhecido ou
que já foi mencionado. Por essa razão, quando tratamos de um nome em sentido
geral, sem especificar, não deve haver artigo e, consequentemente, não haverá crase
(artigo “a”+ preposição “a”). Por outro lado, se um termo já trouxer determinantes
que o especifiquem, não poderemos considerá-lo genérico, então deve-se usar artigo
definido. Esse fato explica várias regras de crase, como diante da palavra casa e de
alguns nomes de lugares (topônimos) que não trazem artigo (Portugal, Roma, Atenas,
Curitiba, Minas Gerais, Copacabana). Observe:
Estou em casa (sem artigo). Estou na casa de mamãe (a casa é determinada, então
deve ter artigo definido). Pelo mesmo raciocínio, temos: vou a Paris (sem artigo)/Vou
à Paris dos meus sonhos (“Paris” está determinada, então traz artigo definido, e , por
consequência, crase).
Após o pronome indefinido “todo”, o artigo definido indica “completude”, “inteireza”:
Toda casa precisa de reforma. (todas as casas, qualquer casa, casas em geral.)
Toda a casa precisa de reforma (a casa inteira.)
Por sua vez, o artigo indefinido se refere ao substantivo de forma vaga,
inespecificada; “um carro qualquer”, “uma casa entre aquelas”. Também expressa
intensificação: “ela tem uma força!” ou aproximação: “ela deve ter uns 57 anos”.
Assim como os definidos, também pode ocorrer aglutinado com preposições (em e
de): “duns”, “dumas”, “nuns”, “numas”.
Por outro lado, o artigo, ao lado de substantivo comum no singular, também pode
ser usado para universalizar uma espécie, no sentido de “todo”: “o (todo) homem é
criativo”, “o (todo) brasileiro é passivo”; “a (toda) mulher sofre com o machismo”,
“uma (toda) mulher deve ser respeitada”; “uma empresa deve ser lucrativa”
(toda/qualquer empresa).
O artigo definido, na linguagem mais moderna, também é um recurso de
adjetivação, por meio de um realce na entoação de um termo que não é tônico:
Ex: Esse não é um médico, esse é o médico.
O sentido é que não se trata de um médico qualquer, mas sim um grande médico, o
melhor. Este é o chamado “artigo de notoriedade”.
PREPOSIÇÕES
A preposição é classe invariável que conecta palavras e orações, umas às outras e
entre si. Sozinha, ela não exerce função sintática, mas compõe a transitividade de
nomes e verbos (aqueles que pedem complemento preposicionado) e a estrutura de
locuções com função de adjuntos adnominais (se referem a substantivo ou termo
substantivo), e adverbiais (se referem a verbos, adjetivos, advérbios).
Vamos relembrar as principais preposições: a, com, de, em, para, por, ante, até,
após, contra, sob, sobre, per, por, desde, trás, perante.
Ex: Gosto de chocolate (a preposição introduz complemento de um verbo)
Ex: Tenho medo de cobra (a preposição introduz complemento de um nome)
Ex: Estudo de noite (a preposição introduz locução adverbial)
Ex: Esta é mesa de mármore (a preposição introduz locução adjetiva)
Locuções prepositivas:
São grupos de palavras que equivalem a uma preposição. Se eu disser “falei sobre o
tema” ou “falei acerca do tema”, a locução substitui perfeitamente a preposição. As
locuções prepositivas sempre terminam em uma preposição, exceto a locução com
sentido concessivo/adversativo “não obstante”:
Veja alguns pares importantes com alguns sentidos que podem assumir:
A preposição “de” é expletiva, de realce, e pode ser retirada da frase sem prejuízo
sintático e sem alteração relevante de sentido em:
Estruturas comparativas: Como mais (do) que você.
Alguns apostos especificativos: O bairro (das) Laranjeiras satisfeito sorri.
Orações subordinadas predicativas: A sensação foi (de) que não mudou.
Predicativo do objeto do verbo chamar ou denominar: Joni me chamou (de) estúpido.
Algumas estruturas do tipo artigo + adjetivo substantivado + de + substantivo: O maldito
(do) gato foi atropelado 7 vezes!
Comentários:
Quando o sentido é de assunto, essa troca é possível:
Falei sobre a miséria
Falei a respeito da miséria
Falei acerca da miséria
Contudo, não é o caso aqui. O sentido nesse contexto é de prevalência, de posição
superior. Questão incorreta.
22. (CESPE / IPHAN / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Com a multiplicação das demandas sociais, no lugar de soluções únicas para a
Comentários:
A multiplicação das demandas sociais é a causa da segmentação de interesses que
dificulta a tomada de uma decisão única. Portanto, o termo introduzido por “com”
poderia sim ser substituído pela locução causal ‘devido a...’
Devido à multiplicação das demandas sociais, no lugar de soluções únicas para a
cidade, passou-se a considerar a segmentação ainda maior de interesses. É cada vez
mais difícil imaginar que uma ação pública vá atingir a aspiração de todos em um
único objetivo comum.
Questão correta.
23. (CESPE / IFF / 2018)
É comum que pais de baixa escolaridade lutem para que os filhos tenham acesso
a um ensino de qualidade...
A oração “para que os filhos tenham acesso a um ensino de qualidade” expressa
circunstância de
a) finalidade. b) causa. c) modo. d) proporção. e) concessão.
Comentários:
Os filhos terem acesso ao estudo é o propósito, a finalidade da luta dos pais. Então a
preposição “para” introduz oração final. Gabarito letra A.
24. (CESPE / FUB / Cargos de Nível Médio / 2011)
Em “importar dos Estados Unidos da América”, a preposição de, contida em “dos”,
expressa ideia de procedência.
Comentários:
De onde estamos importando? Dos EUA. Há uma clara relação de origem ou
procedência. Questão correta.
25. (CESPE / PF / PERITO CRIMINAL / 2018)
A maioria dos laboratórios acredita que o acúmulo de trabalho é o maior problema
que enfrentam, e boa parte dos pedidos de aumento no orçamento baseia-se na
dificuldade de dar conta de tanto serviço.
A preposição “de” empregada logo após “dificuldade” poderia ser corretamente
substituída por em.
Comentários:
Não há qualquer prejuízo. Alguns verbos ou substantivos que pedem preposição “de”
ou “com”, quando seguidos de uma oração, passam a utilizar a preposição “em”:
Dificuldade “em” dar conta do problema.
PRONOMES
Os pronomes são palavras que representam (substituem) ou acompanham
(determinam) um termo substantivo. Esses pronomes vão poder indicar pessoas,
relações de posse, indefinição, quantidade, familiaridade, localização no tempo, no
espaço e no texto, entre outras.
Quando acompanham um substantivo, são classificados como “pronomes
adjetivos”. Quando substituem um substantivo, são classificados como “pronomes
substantivos”.
Ex: Estes livros são do Mario, aqueles são do Ricardo.
Verificamos que “estes” é um pronome adjetivo, pois modifica o substantivo “livros”.
Por outro lado, o pronome “aqueles” é classificado como pronome substantivo, pois
não está ligado a um substantivo, mas sim “na própria posição” do substantivo “livros”,
que não aparece na oração, estando apenas implícito, representado pelo pronome.
Vamos aos apontamentos principais sobre essa importante classe.
PRONOMES INTERROGATIVOS
Servem basicamente para fazer interrogativas diretas (com ponto de interrogação) ou
indiretas (sem ponto de interrogação, mas com “sentido/intenção de pergunta”.
São eles: “Que, Quem, Qual(is), Quantos”.
Ex: (O) que é aquilo? Quem é ele? (esse “o” é expletivo, pode ser retirado)
Ex: Qual a sua idade? Quantos anos você tem?
Nas interrogativas indiretas, não temos o (?), mas a frase tem uma intenção
interrogativa e normalmente envolve verbos com sentido de dúvida “perguntar,
indagar, desconhecer, ignorar”...
Ex: Perguntei o que era aquilo. Indaguei quem era ele.
Ex: Não sei qual sua idade. Desconheço quantos anos você tem.
Obs: Na frase: “O que é que ele fez”, apenas o primeiro “que” é pronome interrogativo. Os
termos sublinhados são expletivos, com finalidade de realce.
PRONOMES INDEFINIDOS
Os pronomes indefinidos são classes variáveis que se referem à 3ª pessoa do discurso
X
Ex: Já temos aliados bastantes (modifica substantivo, é adjetivo: “suficientes”).
X
Ex: Sou bastante talentoso (modifica adjetivo, é advérbio).
Ex: Estudei bastante (modifica verbo, é advérbio).
Comentários:
Veja a mudança de sentido que ocorreria com a inversão:
Certas pessoas (Certas é pronome indefinido, indicando pessoas indefinidas,
algumas pessoas, quaisquer pessoas)
Pessoas certas (Certas é adjetivo, indicando pessoas específicas, exatas, corretas)
Questão correta.
27. (CESPE / SEDF / 2017)
Qualquer língua, escrita ou não, tem uma gramática que é complexa. Do ponto
de vista naturalista, não faz sentido afirmar que há gramáticas melhores e
gramáticas piores.
A palavra “Qualquer” foi empregada no texto no sentido de toda.
Comentários:
Exato. O pronome indefinido “todo” antes de um substantivo, sem artigo, tem sentido
geral, de “qualquer”.
Se inseríssemos um artigo, teríamos sentido de “completude”, “inteireza”: Toda a
língua tem uma gramática complexa. (a língua inteira, por completo, tem uma
gramática complexa). Questão correta.
PRONOMES POSSESSIVOS
Esses pronomes tem sentido de posse e geralmente aparecem em questões sobre
ambiguidade ou referência, pois podem se referir à primeira pessoa do discurso:
meu(s), minha(s), nosso(s) nossas; à segunda: teu(s), tua(s), vosso(s),
vossa(s); ou à terceira: seu(s), sua(s).
Importante salientar que o pronome pessoal oblíquo (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos)
também pode ter “valor” possessivo, ou seja, sentido de posse: Apertou-lhe a mão
(sua mão); beijou-me a testa (minha testa); penteou-lhes os cabelos (cabelos dela).
Observe que o pronome oblíquo está preso ao verbo pelo hífen, mas sua relação
sintática é com o substantivo objeto da posse (mão, testa, cabelos). Trata-se de um
adjunto adnominal. Ele continua sendo pronome pessoal, mas seu valor é que é
possessivo!
Observe que “sua” é adjunto adnominal, pois vem junto ao nome importância e
concorda com ele no gênero feminino, apesar seu referente ser “o Português”, palavra
no masculino. Percebe-se também sua função coesiva de retomar referir-se a termos
anteriores.
28. (CESPE / SEFAZ-RS / AUDITOR DO ESTADO / 2018)
Mesmo agora, quando já diviso a brumosa porta da casa dos setenta, um convite
à viagem tem ainda o poder de incendiar-me a fantasia.
Com relação ao trecho “incendiar-me a fantasia”, é correto interpretar a partícula
“me” como o
a) agente da ação de “incendiar”.
b) paciente da ação de “incendiar”.
c) prejudicado pela ação de “incendiar”.
d) possuidor de “fantasia”
e) destinatário de “fantasia”.
Comentários:
Aqui, temos exemplo clássico de pronome pessoal com sentido possessivo:
Incendiar-me a fantasia equivale a “incendiar minha fantasia”.
Gabarito letra D.
29. (CESPE / DPU / 2016) Adaptada
A partir de então, a chamada assistência judiciária praticamente evoluiu junto
com o direito pátrio. Sua importância atravessou os séculos, e ela passou a ser
garantida nas cartas constitucionais.
O pronome “Sua” delimita o significado do substantivo “importância”,
funcionando, na oração em que ocorre, como um termo acessório.
Comentários:
O pronome sua de fato delimita o significado de “importância” pois equivale a
“importância da assistência judiciária”. Não é qualquer importância, é um importância
específica, delimitada pelo pronome possessivo. Esse pronome funciona como adjunto
adnominal (está junto ao substantivo) que é termo acessório. Questão correta.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
São pronomes demonstrativos: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s), aqueloutro(s), aqueloutra(s), isto, isso, aquilo, o, a, os, as; mesmo(s),
mesma(s), próprio(s), própria(s), tal, tais, semelhante(s)...
Tempo:
Espaço:
Nesses casos acima, como a referência é feita no espaço e no tempo, fora do texto,
dizermos que esses pronomes estão sendo utilizados com função exofórica (fora) ou
dêitica.
Texto:
✓ este(s), esta (s), isto: apontam para o que será mencionado (anuncia):
Ex: Esta é sua nova senha: 95@173xy; memorize-a.
✓ aquele(s), aquela (s), aquilo: apontam para o antecedente mais distante, enquanto
este aponta para o mais próximo:
No caso acima, a referência é feita dentro do texto; então, podemos dizer que o
pronome tem função endofórica. “Endo” significa “dentro”.
Também podemos usar “este” para referência ao elemento anterior mais próximo, o
que faz a oposição ao “esse” não ser tão rigorosa na prática:
A prescrição é que se use “este” para se referir ao ser mais próximo, em oposição ao
“aquele”, usado para o mais distante.
Entre 3 seres mencionados no texto, este se refere ao mais próximo, ao último; aquele se refere ao
mais distante, ao primeiro. Em provas objetivas, CESPE/UNB e ESAF aceitam esse para se referir ao
do meio, o que não é previsto pela gramática. Essas bancas aceitam tal recurso, mas não há respaldo
em nenhum gramático. Nesse caso, recomenda-se o uso de numerais: o primeiro, o segundo, o
terceiro. Fique atento.
Ex: Xuxa, Pelé e Senna são famosos. Aquela é a rainha dos baixinhos, este foi o maior piloto brasileiro
(* e esse foi o rei do futebol).
Ex: Neste país, neste momento, este autor que vos fala está deprimido.
Não confunda; essas palavras também podem ser artigos definidos (a menina caiu)
ou pronomes pessoais (encontrei-as na praia).
Obs: No exemplo ”Entre as cuecas, comprei a de algodão”, em opinião minoritária, Bechara
e Celso Pedro Luft consideram que o “as” é na verdade um artigo diante de um substantivo
implícito (Entre as cuecas, comprei a [cueca] de algodão). Essa lógica vale para os dois
primeiros exemplos.
Aproveito para ressaltar que os pronomes em geral têm essa função de retomada de
elementos anteriores (função coesiva). Então, os pronomes pessoais, os possessivos,
demonstrativos, os indefinidos se referem a outras partes do texto, substituindo
informação apresentada.
PRONOMES RELATIVOS
Os principais são: que, o qual, cujo, quem, onde. Esses pronomes retomam
substantivos antecedentes, coisa ou pessoa, e, por isso, têm função coesiva (retomar
ou anunciar informação) e se prestam a evitar repetição. Podem ser variáveis, quando
se flexionam (gênero, númro), ou invariáveis, quando trazem forma única. Vejamos:
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Como disse, são ferramentas para evitar a repetição. Vejamos um parágrafo escrito
num mundo sem pronomes relativos:
O aluno foi aprovado. O aluno é primo de joão. João tem mãe. A mãe de joão é
==11414c==
2- Como o “que” faz referência a um termo anterior, podemos dizer que tem função
anafórica.
3- Os pronomes “que”, “o qual”, “os quais”, “a qual”, “as quais” são utilizados
quando o antecedente for coisa ou pessoa.
Destaco também que o pronome relativo “o qual” e suas variações muitas vezes é
usado para desfazer ambiguidades. Como ele varia, a concordância em gênero e
número denuncia a que termo ele se refere:
Comentários:
O pronome relativo invariável “que” pode ser substituído pelos seus equivalentes
variáveis, como “o qual, a qual, os quais, as quais”. No caso, usaríamos “o qual”, para
concordar no masculino singular com “desastre”. Questão incorreta.
Segundo Bechara, os pronomes relativos quem e onde podem aparecer com emprego
absoluto, sem referência a antecedentes, ou seja, sem “retomar ninguém”:
“Quem tudo quer tudo perde.
sintaxe)
Comentários:
Ao inserir “no qual” (em+o qual) no lugar de “em cujo”, basicamente a banca está
pedindo para trocar diretamente o “cujo” por “o qual”. Sabemos que o “cujo” não pode
ser trocado diretamente por nenhum outro pronome relativo, ou há a perda da relação
de posse entre “ensino” e “processo”. Haveria prejuízo. Questão incorreta.
37. (CESPE / TRE-TO / 2017) Adaptada
Julgue o item a seguir.
Indireta ou representativa, a democracia, segundo Kelsen, é aquela cuja a função
legislativa é exercida por um parlamento eleito pelo povo.
Comentários:
Observe que há um artigo após o pronome “cuja”, o que faz a questão ficar incorreta.
6- O pronome relativo “onde” deve ser usado quando o antecedente indicar lugar
físico (ainda que virtual, figurativo), com sentido de “posicionamento em”. Como
preposição “em” também indica uma referência locativa, podemos substituir “onde”
por “em que” e por “no qual” e variações.
Ex: A academia onde treino não tem aulas de MMA. (treino na academia> academia
na qual/em que treino...
Veja que é inadequado usar o onde para outra referência que não seja lugar físico.
8- O pronome relativo “quando”, é usado nos casos em que antecedente tiver sentido
de “tempo”.
Ex: Sinto saudade da época quando eu não tinha preocupações.
9- O pronome relativo “quanto”, é usado nos casos em que antecedente tiver sentido
de “quantidade”.
Ex: Consegui tudo/tanto quanto queria, exceto tempo para desfrutar.
Reforçando: temos que ter atenção à preposição que o verbo/nome vai pedir,
pois ela não deve ser suprimida e vai aparecer antes do pronome relativo. Lembre-se
de que temos que enxergar sintaticamente o relativo como se fosse o próprio termo a
que se refere:
Ex: O menino a que me referi morreu. (referi-me “a” que= ao menino=)
Ex: O escritor de cujos poemas gosto morreu. (gosto “de” cujos= dos poemas do
escritor)
Ex: Esqueci o valor com quanto concordei (concordei “com” quanto= com o valor).
38. (CESPE / TCE MG / Conhecimentos Gerais / 2018)
A ciência nos alerta contra os perigos introduzidos por tecnologias que alteram o
mundo, especialmente o meio ambiente de que nossas vidas dependem....
Na linha 2, o termo “de que” poderia ser substituído, sem alteração da correção
gramatical e dos sentidos do texto, por
A) no qual.
B) pelo qual.
C) cujas.
D) dos quais.
E) do qual.
Comentários:
O pronome invariável “que” tem como referente “meio ambiente”, então só
poderíamos trocar por “o qual”, masculino e singular, mantendo a correção.
Gabarito letra E.
PRONOMES DE TRATAMENTO
Os pronomes de tratamento são formas de cortesia e reverência no trato com
PRONOMES PESSOAIS
Vamos às principais informações relevantes:
Pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles) costumam substituir sujeito: Ex:
João é magro>Ele é magro.
Pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) substituem
complementos verbais: o, a, os, as substituem somente objetos diretos; me, te,
se, nos, vos podem ser objetos diretos ou indiretos, a depender da regência do
verbo. Já o pronome –lhe (s) tem função somente de objeto indireto.
Ex: Já lhe disse tudo. (disse a ele)
Ex: Informei-o de tudo. (informei a pessoa)
Ex: Você me agradou, mas não me convenceu. (agradou a mim)
Os pronomes OBLÍQUOS TÔNICOS são pronunciados com força e precedidos de
preposição. Costumam ter função de complemento.
São eles:
Ex: Fiquei preocupado contigo porque você deu a ele todo seu dinheiro.
O pronome reto, em regra não deve ser usado na função de objeto direto
(complemento verbal sem preposição). Por isso são condenadas estruturas como
“mata ele! Chama nós!”. Contudo, é possível usar pronome reto como
Comentários:
Os pronomes têm a propriedade de retomar e substituir termos anteriores. O pronome
pessoal reto “eles” se refere aos acidentes e foi contraído com a preposição “DE” (dez
DE + os acidentes > dez deles, dez entre os acidentes que houve). Questão correta.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Proibições gerais:
1
iniciar oração com pronome oblíquo átono ou
2
inserir pronome oblíquo átono após futuros (do presente e do
pretérito) e particípio.
O que não for proibido, será aceito, simples assim. Veja abaixo construções
inadequadas e adequadas:
Além disso, precisamos conhecer situações em que o pronome terá sua posição
determinada por uma palavra anterior, que atrai (“puxa”) o pronome para antes
do verbo. Nesses casos, teremos próclise obrigatória. Essas são chamadas “palavras
atrativas”.
São PALAVRAS ATRATIVAS, exigindo pronome ANTES DO VERBO
(próclise):
Comentários:
Não se pode usar pronome após verbo no particípio; este é um caso de ênclise
proibida. Questão incorreta.
43. (CESPE / PF / PERITO CRIMINAL / 2018)
A maioria dos laboratórios acredita que o acúmulo de trabalho é o maior problema
que enfrentam, e boa parte dos pedidos de aumento no orçamento baseia-se na
dificuldade de dar conta de tanto serviço.
No trecho “baseia-se na dificuldade”, a partícula “se” poderia ser anteposta à
forma verbal “baseia” sem prejuízo da correção gramatical do texto.
Comentários:
Nessa frase, não há nenhuma palavra atrativa (Conjunção subordinativa, Negativa,
Advérbio, Pronome Relativo/Indefinido/Interrogativo); tampouco há qualquer
proibição para a ênclise (não há verbo no futuro ou no particípio). Então, não há
qualquer fator de obrigatoriedade ou proibição, a posição do pronome é livre antes ou
depois do verbo, tanto faz: “baseia-se ou se baseia”. Questão correta.
44. (CESPE / IHBDF / CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR / 2018)
Em 1988, o SUS passou a fazer parte da Constituição Federal. Nós nos tornamos o único
país com mais de 100 milhões de habitantes que ousou oferecer saúde para todos.
Comentários:
Não temos início de oração nem temos verbo no futuro ou no particípio. Logo, não há
restrição para próclise nem para ênclise, tanto faz: “Nós nos tornamos” ou “Nós
tornamo-nos”. Observe que o “s” deve ser cortado quando o verbo termina em “mos”
e vai ser seguido de “nos”. Questão correta.
45. (CESPE / SEDUC-AL / CONHECIMENTOS BÁSICOS / 2018)
Inicialmente me parece interessante reafirmar que sempre vi a alfabetização de
adultos como um ato político e um ato de conhecimento, por isso mesmo, como
um ato criador.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso o pronome “me”, em “me
parece” (l.1), fosse deslocado para logo após “parece”, da seguinte forma:
parece-me.
Comentários:
O advérbio “inicialmente” atrai próclise, então a ênclise seria equivocada. Correta.
46. (CESPE / PRF / Superior / 2012)
Assim, quando as infrações penais afetam bens, serviços e interesses da união,
as forças policiais federais realizam as funções que lhes são delegadas pela
Constituição.
Se o pronome “lhes” fosse deslocado para depois da forma verbal “realizam”,
ligando-se a esta por meio de hífen, seriam mantidos o sentido original e a
correção gramatical do texto..
Comentários:
Na redação original, o “lhes” é um elemento coesivo de retomada de informações
anteriores do texto e se refere a “forças policiais federais”.
as forças policiais federais realizam as funções que lhes (a elas, às polícias) são
delegadas
Se deslocássemos o pronome, mudaria completamente o sentido:
quando as infrações penais afetam bens, serviços e interesses da união, as forças
policiais federais realizam-lhes as funções que são delegadas pela Constituição
Essa redação nova sugere a leitura do “lhes” com valor de posse: funções de bens,
serviços e interesses da união... Questão incorreta.
Regras especiais:
Por segurança, vamos ver aqui algumas outras “regrinhas” que fogem da lógica geral
aplicável à maioria das questões.
Ex: “Vou-me arrastando, ou vou me arrastando, ou vou arrastando-me.” (no meio, sem hífen!)
Portanto, é possível que algumas questões não considerem correta a colocação do pronome
antes do verbo principal. Procure a melhor resposta!
Por fim, saliento que há muitas regrinhas e divergências nesse tema, mas o que realmente é
fundamental para a prova é MEMORIZAR AS PROIBIÇÕES E PALAVRAS ATRATIVAS.
Comentários:
O pronome após a locução é válido, pois o verbo está no infinitivo. Ele não deveria é
estar após “poderia”, pois é proibido usar ênclise após verbo no futuro do pretérito.
Mesmo na locução, todas as proibições continuam aplicáveis. Questão correta.
48. (CESPE / TCM-BA / AUDITOR / 2018)
Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa 28
classe tem uma concepção tirânica
Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do texto 1A1AAA caso se
substituísse o trecho “se poderia pensar” por poderia-se pensar.
Comentários:
Não pode haver ênclise com verbo no futuro do pretérito (poderia). Questão incorreta.
49. (CESPE / TCE-PA / 2016)
Julgue o item que se segue.
A correção gramatical do texto seria mantida caso, no trecho “não se pode admitir
que seja executada”, a partícula “se” fosse empregada imediatamente após a
forma verbal “pode” — escrevendo-se da seguinte forma: pode-se.
Comentários:
Veja: “não pode-se admitir que seja executada”. O pronome está em ênclise com
“pode” mesmo havendo caso de próclise obrigatória, o que viola nossas regras. Não
pode haver o verbo no meio da locução com hífen se houver palavra atrativa.
Seria possível também o pronome estar em “próclise” ao verbo principal (pode se
admitir). Porém, não poderia estar com hífen (não pode-se), pois este indicaria ênclise
com o verbo “pode”, o que não pode ocorrer pela existência de palavra atrativa.
Em suma, a palavra “não” é atrativa. O pronome deve ficar antes do verbo. A correção
não seria mantida. Questão incorreta.
NUMERAL
O numeral é mais um termo variável que se refere ao substantivo, indicando
quantidade, ordem, sequência e posição.
Como sabemos, ter “papel adjetivo é referir-se a substantivo”. Então, podemos ter
numerais substantivos e adjetivos.
Ex: Duas meninas chegaram (numeral adjetivo, pois acompanha um
substantivo), eu conheço as duas (numeral substantivo, pois substitui um
substantivo).
Os numerais são classificados em:
Ordinais: primeiro lugar, segunda comunhão, terceiras intenções... letra a, b,
c...septuagésimo quarto, sexagésimo quinto...
Cardinais: um cão, duas alunas, três pessoas...
Fracionários: um terço, dois terços, quatro vinte avos...
Multiplicativos: o dobro, o triplo, cabine dupla, duplo carpado...
OBS: “último, penúltimo, antepenúltimo, derradeiro, posterior, anterior” são considerados
meros adjetivos, não numerais. Os numerais também podem sofrer derivação imprópria e
funcionar como adjetivos em casos como: “Este é um artigo de primeira/primeiríssima
qualidade.” e “Teu clube é de segunda categoria.”
Flexionam-se em gênero os numerais cardinais UM, DOIS e as CENTENAS a partir de
duzentos (Um, Uma, Dois, Duas, Duzentos, Duzentas, Trezentos, Trezentas...)
Por fim, acrescento que “ambos” e “zero” são considerados numerais.
INTERJEIÇÃO
Interjeição é classe gramatical invariável que expressa emoções e estados de espírito.
Servem também para fazer convencimento e normalmente sintetizam uma frase
exclamatória (Puxa!) ou apelativa (Cuidado!):
Ex: Olá! Oba! Nossa! Cruzes! Ai! Ui! Ah! Putz! Oxalá! Tomara! Pudera! Tchau!
Não reproduzo aqui as tradicionais listas de interjeições e seus sentidos, porque não
vale a pena decorar. Dependendo do contexto, o valor semântico da interjeição pode
variar:
Ex: Psiu, venha aqui! (convite)
Ex: Psiu, faça silêncio!(ordem)
Ex: Puxa! Não passei. (lamentação)
Ex: Puxa! Passou com 3 meses de estudo. (admiração)
Ex: Ufa! (alívio/cansaço)
A lista é infinita, então é preciso verificar no contexto qual emoção é transmitida pela
interjeição.
PALAVRAS ESPECIAIS
Como vimos ao longo dessa aula, algumas palavras podem apresentar mais de uma
classificação morfológica ou sentido. Sistematizaremos aqui as principais funções de
algumas delas, muito cobradas em prova.
Nos exemplos com *, gramáticos como Bechara e Celso Pedro Luft consideram O, A, Os, As
como artigo definido diante de palavra subentendida, em elipse.
Vejam um questão recente com esse entendimento.
(CESPE/UNB/TRE TO/2017) No trecho “em uma época anterior à dos dinossauros”, o
emprego do sinal indicativo de crase decorre da regência do adjetivo “anterior” ( .3) e
presença do artigo feminino antes do termo elíptico “época”.
Questão correta. Temos crase pela fusão entre “anterior A+A (época) dos dinossauros. Esse
A foi considerado artigo diante de substantivo eliptico.
Você só reclama.
Advérbio: modifica
verbo Só bebe vinho fino
(exclusão/restrição)
Só você reclama.
Só Palavra denotativa
(exclusão/restrição)
Estou só/estamos
Adjetivo sós
(=sozinho)
Eu mesma cozinho.
(reforçativo=própria, em
pessoa)
MESMO
Comentários:
As classes e os sentidos seriam alterados!
...falou o mesmo Guimarães (aquele Guimarães, o exato Guimarães— “mesmo” é
pronome demonstrativo, pois modifica o substantivo “Guimarães”)
...o Guimarães falou mesmo (falou de fato, sentido de afirmação enfática— “mesmo”
é advérbio, pois modifica o verbo “falou”)
Questão correta.
Comentários:
Sim, não haveria erro gramatical, mas o sentido mudaria. Comparemos, inicialmente,
com um exemplo mais simples:
Sou a favor da defesa contra ladrões (a defesa se opõe aos ladrões)
Sou a favor da defesa de ladrões (os ladrões são defendidos)
É o mesmo que ocorre no texto:
contrainteligência tem foco na defesa contra ameaças (se defende contra as
ameaças)
contrainteligência tem foco na defesa de ameaças (defende as próprias ameaças, as
ameaças são defendidas)
Questão correta.
52. (CESPE / ABIN / OFICIAL TÉC. DE INTELIGÊNCIA / 2018)
Atualmente, como em nenhum outro período da história, crescem e se
multiplicam as agências governamentais em uma complexa rede internacional
à procura de ameaças veladas ou qualquer tipo de informação considerada
sensível, em um jogo estratégico de poder e influência globais.
Essa modalidade de guerra se desenvolve entre agências ou serviços secretos,
em uma corrida para ver quem chega primeiro.
A próclise observada em “se multiplicam” e “se desenvolve” é opcional, de modo
que o emprego da ênclise nesses dois casos também seria correto —
multiplicam-se e desenvolve-se, respectivamente.
Comentários:
Não há restrição para a próclise (início de oração) nem para a ênclise (verbo no
futuro/particípio), então a posição do pronome, aqui, é livre. Questão correta.
53. (CESPE / TCM BA / AUDITOR / 2018)
... finge-se confundir a ordem política e a ordem natural, e decreta-se imoral tudo
o que conteste as leis estruturais da sociedade que se quer defender.
Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do texto 1A1AAA caso se
substituísse o trecho “decreta-se” por se decreta.
Comentários:
Não há restrição para a próclise (início de oração) nem para a ênclise (verbo no
futuro/particípio), então a posição do pronome, aqui, é livre. Questão correta.
Questão correta.
54. (CESPE / Superior Tribunal de Justiça / 2018)
Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos do texto, o último período
poderia ser reescrito da seguinte forma:
Considerando esses pressupostos como obviamente ligados a noção ocidental de
dignidade humana, que se diferencia das de outras culturas, a pergunta a ser
feita é: porque a universalidade dos direitos humanos é uma questão que
tornou-se tão inflamadamente debatida?
Comentários:
O pronome relativo “que” é palavra atrativa e torna a próclise obrigatória. Além disso,
o “por que” deveria ser separado, pois temos interrogativa direta. Questão incorreta.
55. (CESPE / IPHAN / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Além de todos os desafios impostos pela inconstância e pela fragmentação das
demandas sociais, vivemos um divórcio entre política e poder.
A substituição da expressão “Além de” ( .1) por Apesar de não alteraria os
sentidos originais do texto.
Comentários:
Alteraria totalmente: “além de” expressa “adição”; “apesar de” expressa “concessão”.
Questão incorreta.
56. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR / 2018)
Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste contrabalançado
por um olhar heroicamente exultante, até que esse exame de consciência era
cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar chãmente em outras
coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo...
Caso o advérbio “heroicamente” (L.2) fosse deslocado para logo após
“contrabalançado” (L.1), haveria alteração de sentido do texto, embora fosse
Comentários:
Refere-se a “face”, pois lemos que sua face estava desvastada pela erosão da morte.
Questão incorreta.
59. (CESPE / CAGE-RS / AUDITOR FISCAL / 2018)
As pessoas em geral pareciam usar essa frase para descrever um mundo que se
lhes afigurava não só incomensurável como também misterioso, absurdo, sem
pé nem cabeça...
Embora a correção gramatical e o sentido do texto fossem mantidos caso se
substituísse o trecho “se lhes afigurava” por afigurava-se a elas, a linguagem
resultaria informal e, consequentemente, inadequada ao gênero textual.
Comentários:
Primeiramente, “que afigurava-se a elas” não é informal de forma alguma. Afigurar-
se (apresentar a forma/figura de...) é um verbo indicativo do padrão culto. Além disso,
Comentários:
Não é permitido iniciar oração com pronome oblíquo átono, então “Me lembre” está
incorreto e deveria ser corrigido para “Lembre-me...”. Questão incorreta.
61. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
é por meio da garantia e da possibilidade de entrar no mercado internacional, de
estabelecer permanência ou de engendrar saída, que se consubstancia a plena
expansão das atividades comerciais
A correção gramatical do texto seria mantida caso o trecho “que se
consubstancia” fosse alterado para que consubstancia-se.
Comentários:
Esse “que” faz parte da locução expletiva “é que”, então é palavra atrativa também e
não admitiria ênclise. Questão incorreta.
62. (CESPE / TCM BA / AUDITOR / 2018)
...finge-se confundir a ordem política e a ordem natural, e decreta-se imoral tudo
o que conteste as leis estruturais da sociedade que se quer defender.
Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do texto 1A1AAA caso se
substituísse o trecho “que se quer defender” por que quer defender-se.
Comentários:
Pela colocação pronominal, as duas formas são válidas, pois o verbo pode estar após
a locução, em ênclise com o verbo principal no infinitivo. Contudo, há mudança de
sentido, percebam a sutileza:
A sociedade que se quer defender (alguém quer defender a sociedade)
A sociedade que quer defender-se (a sociedade quer defender a si mesma)
Então, muito cuidado, não sejam robóticos: muitas vezes a colocação pronominal é
possível mas causa problemas no texto, como alteração de sentido ou ambiguidades.
Questão incorreta.
Comentários:
Questão muito difícil, trouxe aqui para fornecer uma informação teórica: a preferência
do português do Brasil é pela próclise, por isso usamos próclise até quando não é
permitido (Me dá um cigarro). Isso também faz que usemos o pronome no meio das
locuções, o que desagrada os gramáticos puristas. Já em Portugual, o padrão é a
ênclise (Dá-me o cigarro...). Então, o erro da questão é muito sutil: essa forma não é
comum na linguagem falada, na linguagem falada, a tendência é pronome vir no meio!
Questão incorreta.
64. (CESPE / EBSERH / CARGOS NÍVEL SUPERIOR / 2018)
São José do Rio Preto, centro urbano de tamanho médio, com cerca de 408 mil
habitantes em 2010, localizada na região noroeste do estado de São Paulo, em
área de clima tropical, é uma cidade reconhecida pelo seu calor intenso.
A correção gramatical do texto seria preservada caso a preposição que inicia o
trecho “em área de clima tropical” fosse eliminada.
Comentários:
Aqui, a banca apenas menciona a “correção”, então não há mesmo qualquer problema
em retirar a preposição. Contudo, haveria uma mudança de sentido, pois, sem a
vírgula, poderia haver a leitura de que todo o estado de São Paulo é uma área de clima
tropical. Trata-se de uma sutileza, mas vamos aqui elucidar com um exemplo mais
simples:
Moro no Rio de Janeiro, em área muito perigosa. (A parte específica onde moro no Rio
de Janeiro é perigosa)
Moro no Rio de Janeiro, área muito perigosa. (Todo o Rio de Janeiro é tratado como
muito perigoso)
Então, uma preposição pode mudar tudo! Cuidado! Questão correta.
65. (CESPE / SEDF / 2017)
Eu seria o último dos mortais a duvidar que os bons escritores foram abençoados
com uma dose inata de fluência mais sintaxe e memória para as palavras.
Ninguém nasceu com competência para redigir.
A palavra “último” foi empregada com valor de substantivo.
Comentários:
Exato. Observe que está precedido de artigo e não se refere a nenhum substantivo.
Faz papel de núcleo do sujeito “o último dos mortais”.
A questão trabalha o fato de que “último” também pode ter valor adjetivo, quando
modifica um substantivo: fiquei em último lugar. Não foi o caso aqui. Questão correta.
66. (CESPE / SEDF / 2017)
O sentido original da oração “Essa competência pode não se ter originado nos
manuais de estilo” seria alterado caso a palavra “não” fosse deslocada para antes
da forma verbal “pode”.
Comentários:
Vejamos como a “ordem natural” tem uma razão de existir: ela determina o sentido
do texto. A posição do advérbio de negação “não” faz toda a diferença:
Essa competência pode não se ter originado nos manuais de estilo (sentido de
possibilidade, “pode ter sido originado” ou “pode não ter sido originado”. São duas
possibilidades.) Questão correta.
Essa competência não pode se ter originado nos manuais de estilo (sentido de
impossibilidade, “ com certeza, não foi originado”. Há apenas uma possibilidade.)
67. (CESPE / SEDF / 2017)
As duas questões mais profundas sobre a mente são: “O que possibilita a
inteligência?” e “O que possibilita a consciência?”. Com o advento da ciência
cognitiva, a inteligência tornou-se inteligível
No texto, tanto a palavra “inteligível” quanto a palavra “impenetrável” têm
sentido negativo.
Comentários:
A palavra “impenetrável” está sendo formada por um prefixo –IN, que tem sentido de
negação (impossível, injusto, infiel). Porém, na palavra “inteligível”, esse “in” faz parte
do radical da palavra (lembre-se de inteligente); logo, não é um prefixo. Tanto isso
é verdade, que podemos inserir o “in” com sentido de negação: ininteligível (aquilo
que não se pode entender ou ler). Questão incorreta.
68. (CESPE / SEDF / 2017) Adaptada
Botelho conhecia as faltas de Estela como as palmas das próprias mãos. O
Miranda mesmo, que o via em conta de amigo fiel, muitas e muitas vezes lhas
confiara em ocasiões desesperadas de desabafo, declarando francamente o
quanto no íntimo a desprezava e a razão por que não a punha na rua aos
pontapés. E o Botelho dava-lhe toda a razão: entendia também que os sérios
interesses comerciais estavam acima de tudo....
A forma pronominal “lhas” ( .3) retoma “faltas” ( .1) e “Botelho” ( .1), de modo
que se conclui do texto que o Miranda havia confiado as faltas de Estela a Botelho.
Comentários:
Comentários:
A expressão, encabeçada pelo “com”, expressa a “causa” ou o “momento” da origem
do sistema eleitoral. Esses governos representativos foram quem introduziu o sistema
eleitoral. Questão incorreta.
70. (CESPE / SEDF / 2017)
Quanta inútil retórica se tem desperdiçado para provar que todos os nossos
males ficariam resolvidos…
A preposição “para” introduz, no período em que ocorre, uma ideia de finalidade.
Comentários:
A preposição “para” tem sentido de finalidade e pode ser substituída por “a fim de”.
Também costuma ser cobrado seu sentido de “direção”: ela foi para a cidade vizinha.
Questão correta.
71. (CESPE / PJC-MT / DELEGADO / 2017)
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor
os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a
semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na
fortuna, no acaso, na loteria da sorte; promove a desonestidade, a venalidade, a
relaxação; insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
A correção gramatical do texto seria mantida caso o termo “sob” fosse substituído
por em.
Comentários:
Não haveria erro algum, “em todas as suas formas” é correto! Questão correta.
72. (CESPE / SEDF / CONHECIMENTOS BÁSICOS / 2017)
Quando nos perguntamos o que é a consciência, não temos melhor resposta que
a de Louis Armstrong quando uma repórter perguntou-lhe o que era o jazz:
“Moça, se você precisa perguntar, nunca saberá”.
Seriam mantidos o sentido e a correção gramatical do texto caso fosse introduzida
a preposição sobre imediatamente após “perguntou-lhe”.
Comentários:
O “quando” atrai próclise e a reescritura já estaria incorreta desde o início. Além disso,
haveria mudança de sentido, pois perguntar algo é diferente de perguntar “sobre”
algo. Perguntar o dia do seu casamento é pedir apenas a data; perguntar “sobre” o
dia do seu casamento é muito mais amplo, envolve detalhes sobre o dia, o que
aconteceu etc... Questão incorreta.
73. (CESPE / DIPLOMATA / 2017)
Era quase uma situação colonial, com a ascensão, nem sempre possível no espaço
de uma geração, do albardeiro ao círculo dos fidalgos.
Mauá a sentirá, no sentido autêntico: dos doze aos trinta e dois anos, vergado
no balcão e sócio de comerciante, torna-se dono de respeitável fortuna. Fiel à
ordem dominante, não a calcula em bons e vistosos contos de réis, mas por sua
renda, que seria superior a 50 contos anuais.
Tanto em “do albardeiro ao círculo dos fidalgos” quanto em “dos doze aos trinta
e dois anos”, a preposição de foi empregada no sentido de desde.
Comentários:
O “desde” é preposição que marca um limite inicial de tempo, diferente do “de”, que
marca o ponto inicial do ponto de vista de uma hierarquia social, sendo “albardeiro” o
trabalhador braçal e fidalgo o outro extremo, o nobre. Questão incorreta.
74. (CESPE / TCE-SC / 2016) Adaptada
Comentários:
Aqui, temos oração subordinada, então, mesmo com o sujeito “a gente” entre
“quando” e o pronome, regra é usar próclise; a conjunção temporal “quando” é palavra
atrativa e a próclise é obrigatória. Questão correta.
77. (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / TJDFT / 2015)
Art. 1.º Reeditar o Programa de Responsabilidade Socioambiental do TJDFT Viver
Direito, cuja base é a Agenda Socioambiental do TJDFT que, em permanente
revisão, estabelece novas ações sociais e ambientais...
A respeito das estruturas linguísticas do texto precedente, julgue o item
subsequente.
O antecedente do pronome relativo “cuja” é “base”, o que justifica o emprego do
feminino singular nesse pronome.
Comentários:
“Base” está depois do pronome, logo, não pode ser o antecedente, que é Programa de
Responsabilidade Socioambiental do TJDFT, de modo que “cuja” está no feminino para
concordar com o termo “base”.
Questão incorreta.
Comentários:
Não prejudica. O referente é “contexto”, masculino e singular. Então, “em que” pode
sim ser trocado por ”em+o qual”, apenas houve substituição do pronome relativo
invariável “que” pelo variável “o qual”. Questão incorreta.
82. ( CESPE / Polícia Federal / 2014)
Comentários:
“Onde” não pode retomar “produtos”, pois deve ser usado com referente “lugar físico”.
Questão incorreta.
86. (CESPE / Técnico Bancário / CEF / 2014) Adaptada
A moeda, como hoje é conhecida, é o resultado de uma longa evolução. No início,
não havia moeda, praticava-se o escambo. Algumas mercadorias, pela sua
utilidade, passaram a ser mais procuradas do que as outras. Aceitas por todos,
assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros
produtos e servindo para avaliar-lhes o valor.
Em “servindo para avaliar-lhes o valor”, o pronome “lhes”, que retoma “outros
produtos”, equivale, em sentido, ao pronome seu.
Comentários:
Como vimos, o pronome –lhe pode ter sentido de posse, equivalente ao pronome
“seu”. Veja: “avaliar” o valor de outros produtos = avaliar seu valor/valor deles
(dos produtos). Questão correta.
87. (CESPE / Analista Legislativo / CÂM. DEPUTADOS / 2014)
Oficialmente, o presidente Nazarbayev justificou a mudança alegando o risco
permanente de terremoto em Almaty e a falta de espaço para crescimento.
Julgue o próximo item, referente às ideias e aos aspectos linguísticos do texto
acima.
Os vocábulos “Oficialmente” e “permanente” pertencem à mesma classe
gramatical.
Comentários:
Oficialmente é advérbio; permanente é adjetivo. Questão incorreta.
88. (CESPE / POLÍCIA MILITAR-CE / 2014)
A correção gramatical e o sentido original do texto seriam mantidos se, no trecho
“a vida aparece relativamente rápido”, a palavra “rápido” fosse substituída
por rápida.
Comentários:
Aqui, “rápido” é advérbio, refere-se a “aparecer”. Se grafássemos “rápida”, a flexão
revelaria que teríamos um adjetivo, concordando no feminino com “vida”. Isso já
mudaria o sentido. Questão incorreta.
89. (CESPE / TJ-SE / 2014) Adaptada
Tecnologia para essa empreitada os chineses têm. Dinheiro, também. E
motivação política, isso nem se fala.
No segmento “isso então nem se fala”, a posição do pronome “se” justifica-se
pela presença de palavra de sentido negativo.
Comentários:
Exato. As palavras negativas, como não, nem, nunca, jamais, são invariáveis e, por
isso, são atrativas da próclise. Questão correta.
90. (CESPE / ICMBIO / 2014) Adaptada
“Depois que a captura com malha foi autorizada, ele se destacou entre os
colegas”.
Julgue os próximos itens, relativos às ideias e às estruturas linguísticas do texto
acima. Na oração “ele se destacou entre os colegas”, é obrigatório o uso do
pronome “se” em posição pré-verbal, devido ao fator atrativo exercido pelo
elemento que o antecede.
Comentários:
A banca falou bonito, mas só perguntou se o pronome está em próclise por atração da
palavra “Ele”. O pronome reto “ele” é variável, não atrai próclise. Questão incorreta.
Comentários:
Nas orações comparativas, a preposição “DE” é facultativa, é expletiva, pode ser
retirada sem prejuízo. Questão correta.
93. (CESPE/ CÂMARA DOS DEPUTADOS/ ANALISTA/ 2012)
No trecho “monoteísmo judaico-cristão nas ciências”, o adjetivo é grafado na
sua forma mais conhecida, embora também estejam corretas as formas
judaicocristão e judaico cristão.
Comentários:
Apenas “judaico-cristão” está correta, pois segue a regra de usar hífen no adjetivo
composto. Se pedisse o plural, apenas a segunda parte se flexionaria: monoteísmos
judaico-cristãos. Questão incorreta.
94. (CESPE / TRT 1ª Região / Analista / 2008)
A flexão de plural da palavra "mão de obra" corresponde a mãos de obras, ou
seja, utiliza-se o mesmo processo de flexão de plural utilizado no substantivo
"boias-frias".
Comentários:
Em palavras compostas formadas de “substantivo+preposição+substatantivo apenas
o último substantivo é flexionado, o plural é apenas “mão de obras”. Já em “boias-
frias” temos substantivo+adjetivo, então ambos se flexionam pela regra geral do
plural dos compostos. Questão incorreta.
Comentários:
Na parte final, gosto de trazer algumas questões polêmicas, para que o aluno fique
tranquilo, sabendo que a banca também pode forçar alguns gabaritos polêmicos e que
isso vale para todos na hora da prova.
Vejam que a banca apenas se referiu a ‘prejuízo da correção gramatical’, não
falou nada sobre sentido ou coerência do texto. Todos sabem que o Cespe divide muito
bem essas duas análises em seus itens. Então vejam:
Há de se pensar em sistemas mais ágeis de governança urbana, em que os
cidadãos sejam chamados a participar das decisões para ações de pequena ou grande
escala.
O antecedente é “sistemas mais ágeis de governança urbana”. Os cidadãos são
chamados nesses sistemas.
Há de se pensar em sistemas mais ágeis de governança urbana, na qual os
cidadãos sejam chamados a participar das decisões para ações de pequena ou grande
escala.
O antecedente é “governança urbana”. Os cidadãos são chamados nessa
governança urbana.
Há algum erro gramatical em alguma das estruturas? Nenhum. Apenas há
mudança de referente e, portanto, de sentido. CONTUDO, a banca apenas se referiu
a ‘prejuízo da correção gramatical’. LOGO, NÃO HÁ PREJUÍZO À CORREÇÃO
GRAMATICAL. Em várias questões o próprio CESPE pede essa mudança de referente
na concordância. Aqui, fica o precedente de que ele queria apenas a análise
gramatical. Se você pensasse que o único referente possível era “sistemas”, só poderia
ser “nos quais” mesmo e, por essa ótica, o gabarito da banca só poderia mesmo ser
esse.
Questão correta.
Gabarito oficial: Questão incorreta.
96. (CESPE / IPHAN / CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR / 2018)
Já se depois de chegados olharmos para estes miseráveis, e para os que se
chamam seus senhores: o que se viu nos dous estados de Jó, é o que aqui
representa a fortuna, pondo juntas a felicidade e a miséria no mesmo teatro.
A substituição do vocábulo “juntas” ( .3) por junto alteraria os sentidos originais
do texto, porém sua correção gramatical seria mantida.
Comentários:
Mais uma questão polêmica para você entender o entendimento da sua banca, o
raciocínio da banca foi o mesmo, focou apenas na parte gramatical que já constava
no texto, com uma única leitura possível. Vejamos.
A palavra “junto” pode ser um mero advérbio, caso em que não vai se flexionar porque
os advérbios são invariáveis. Então, teremos “junto” invariável em casos como “junto
ao muro”, “junto do pai”... Vejamos um exemplo análogo ao da prova. Comparem:
As meninas vão estudar português e matemática juntas. (adjetivo: unidas, uma ao
lado da outra).
As meninas vão estudar português e matemática junto. (estudar português e
estudar matemática também.)
Pode parecer estranho, mas trago o exemplo organizado dessa maneira para ficar
igual ao caso da questão:
Já se depois de chegados olharmos para estes miseráveis, e para os que se chamam seus
senhores: o que se viu nos dous estados de Jó, é o que aqui representa a fortuna, pondo
juntas a felicidade e a miséria no mesmo teatro.
Já se depois de chegados olharmos para estes miseráveis, e para os que se chamam seus
senhores: o que se viu nos dous estados de Jó, é o que aqui representa a fortuna, pondo
junto a felicidade e a miséria no mesmo teatro.
Gabarito oficial: Questão incorreta. A banca entendeu que a única leitura possível era
“felicidade e misérias juntas”.
Resumo Classes I
Substantivos
Classe variável que dá nome aos seres. É o núcleo das funções nominais, pois recebe
os modificadores (determinantes), que devem concordar com ele:
Note que o artigo tem o poder de substantivar qualquer classe: Ex: O fazer é
melhor que o esperar. (verbo substantivado). Esse processo de formação de palavra
é um caso de derivação imprópria.
Adjetivos:
Classe variável que se refere ao substantivo, por isso, tem função sintática de
adjunto adnominal. Podem também ser predicativo.
Adjetivo com Valor objetivo (relacional) x Adjetivo com Valor subjetivo (opinativo)
Valor objetivo, relacional: característica inerente, fato. Não pode ser retirado,
graduado ou vir anteposto ao substantivo: Turista japonês; Sistema eletrônico; Justiça
Civil.
Valor subjetivo, opinativo: juízo de valor, interpretativo. Pode ser graduado, retirado
e deslocado: Turista velho; Sistema corrupto; Justiça lenta.
Locução adjetiva: expressão que equivale a um adjetivo.
Ex: A coluna tinha forma de ogiva x A coluna tinha forma ogival.
Ex: Comi chocolates da Suíça x Comi chocolates suíços.
Ex: Tenho hábitos de velho x Tenho hábitos senis
Artigo
O artigo definido mostra que o substantivo é familiar, já conhecido ou mencionado:
Ex: Na porta havia um policial parado. Assim que me viu, o policial sacou sua arma.
Por essa razão, a ausência do artigo deixa o enunciado indefinido, mais genérico:
Não dou ouvidos ao político (com artigo definido: político específico, definido)
Não dou ouvidos a político (sem artigo definido: qualquer político, políticos em geral)
Por esse motivo, quando o substantivo é utilizado com sentido genérico, não recebe
artigo e não há crase.
A presença de um artigo antes de uma palavra indica que é um substantivo.
O artigo também é usado para universalizar uma espécie, no sentido de “todo”: “o
(todo) homem é criativo”, “o (todo) brasileiro é passivo”; “a (toda) mulher sofre com
o machismo”. Também pode ser usado como recurso de adjetivação, por meio de
um realce na entoação de um termo que não é tônico:
Ex: Esse não é um médico, esse é o médico.
Pode ocorrer aglutinado com preposições (em e de): “no”, “na”, “dos”, “das”...
Advérbios
Classe invariável que pode modificar verbo, adjetivo e outro advérbio. Normalmente
indicam a circunstância dos verbos.
•demais: intensidade
o •sempre: frequência
corrupto •hoje e ontem: tempo
roubou • a tinta: locução
adverbial de intrumento
•provavelmente:
dúvida
o •decerto: certeza
•pelo partido: locução
corrupto adverbial de motivo
cairá •a chicotadas: locução
adv. de instrumento
Palavras denotativas: muitas vezes são tratadas como advérbio. A retirada das
“expletivas” ou de “realce” não causa prejuízo sintático.
O menino, isto é, o
aliás, ou seja; isto é, ou homem...
Retificação/Explicação:
palavras denotativas
melhor, digo, a saber
Não deu, ou seja, perdi...
Todos, podem, até você.
Inclusão Até, inclusive, também Eles viajaram, sua mão
inclusive.
Todos podem, menos o
Só, somente, exceto, preguiçoso
Exclusão
menos, salvo
Só Carolina não viu
Eis o filho do homem
Designação eis Depois de nove meses, eis o
resultado
Ele é que manda aqui.
Expletivas/Realce é que(m); é porque; que Sabe o que que é? É porque
eu tenho vergonha...
Preposições:
“Essenciais” as preposições puras, que só funcionam como preposição: a, com, de,
em, para, por, desde, contra, sob, sobre, ante, sem... Gosto de ler/Confio em
você/Refiro-me a pessoas específicas.
“Acidentais” aquelas palavras que, na verdade, pertencem a outra classe, mas
que, “acidentalmente”, fazem papel de preposição. Tenho que estudar (de)/ Jogo
como goleiro (de).
Valor semântico das preposições: a dica é verificar o sentido do termo que vem depois
da preposição.
✓ Ex: Vou para um lugar melhor. (direção; vai e fica lá; definitivo)
Pronomes Pessoais
Retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles)>substituem sujeito: João é magro>Ele é magro.
Oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) substituem complementos:
o, a, os, as substituem somente objetos diretos. Já o pronome –lhe (s) tem função
somente de objeto indireto.
me, te, se, nos, vos podem ser objetos diretos ou indiretos, a depender da
regência do verbo.
Ex: Já lhe disse tudo. (disse a ele)
Ex: Informei-o de tudo. (informei a pessoa de tudo)
Ex: Você me agradou, mas não me convenceu. (agradou a mim)
Colocação Pronominal
Pronome antes do verbo: Próclise
Pronome depois do verbo: Ênclise
Pronome no meio dos verbos: Mesóclise
Proibições gerais:
1
iniciar oração com pronome oblíquo átono ou
2
inseri-lo após futuros (do presente e do pretérito) e particípio.
O que não for proibido será aceito, simples assim. Veja abaixo construções
inadequadas e adequadas:
Me dá um cigarro?
Darei-te um presente.
✓ Dá-me um cigarro.
✓ Dar-te-ei um presente.
✓ Tinha-lhe/lhe emprestado um dinheiro
Pronomes indefinidos:
Indicam quantidade, de maneira vaga: ninguém, nenhum, alguém, algum, algo,
todo, outro, tanto, quanto, muito, certo, vários, qualquer, tudo, qual, outrem,
nada, mais, que, quem, um.
Ex: Recebi mais propostas e tantos elogios.
Ex: Muita gente não chegou a tempo de fazer a prova.
Ex: O professor tem pouco dinheiro.
Ex: Vamos tentar mais dieta, menos doces.
Ex: Nada é por acaso, tudo estava escrito.
Pronome possessivos:
São eles: meu(s), minha(s), nosso(s) nossas; teu(s), tua(s), vosso(s),
vossa(s): seu(s), sua(s). (Obs: Dele(a)(s) não são pronomes possessivos)
✓ Delimitam o substantivo.
✓ Concordam com o substantivo que vem depois dele e não concordam
com o referente.
✓O pronome possessivo vem junto ao substantivo, é acessório, tem
função de adjunto adnominal.
Valor possessivo do pronome oblíquo (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) : Apertou-
lhe a mão (sua mão); beijou-me a testa (minha testa); penteou-lhes os cabelos
(cabelos dela).
Pronomes demonstrativos:
Pronomes demonstrativos apontam, demonstram a posição dos elementos a que se
referem no tempo, no espaço e no texto. Ex: Este, Esse, Isto, Aquilo, O (e flexões)
Tempo:
✓ este(s), esta(s), isto: indicam tempo presente:
Ex: Este domingo vai ter jogo do Barcelona.
Ex: Neste verão viajarei para o Caribe.
Espaço:
✓ este(s), esta(s), isto: apontam para referente perto do falante:
Ex: Este violão aqui na minha mão é de madeira maciça.
Ex: Estes meus cabelos estão uma verdadeira palha.
Nesses casos acima, como a referência é feita no espaço e no tempo, fora do texto,
dizemos que esses pronomes estão sendo utilizados com função exofórica (fora) ou
dêitica.
Texto:
✓ este(s), esta(s), isto: apontam ao que será mencionado (anuncia):
Ex: Esta é sua nova senha: 95@173xy; memorize-a.
Ex: Isto é o que importa: estudar e mudar de vida para sempre!
Método: Veja a função sintática daquele termo retomado; se for, por exemplo, sujeito,
então o “que” será sujeito”
Lista de questões
ele poderia ter-me absolvido” poderia ser assim reescrito: que ele poderia ter
absolvido-me.
43. (CESPE / PF / PERITO CRIMINAL / 2018)
A maioria dos laboratórios acredita que o acúmulo de trabalho é o maior problema
que enfrentam, e boa parte dos pedidos de aumento no orçamento baseia-se na
dificuldade de dar conta de tanto serviço.
No trecho “baseia-se na dificuldade”, a partícula “se” poderia ser anteposta à
forma verbal “baseia” sem prejuízo da correção gramatical do texto.
44. (CESPE / IHBDF / CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR / 2018)
Em 1988, o SUS passou a fazer parte da Constituição Federal. Nós nos tornamos o único
país com mais de 100 milhões de habitantes que ousou oferecer saúde para todos.
A correção gramatical do texto seria preservada caso se substituísse “nos
tornamos” por tornamo-nos.
45. (CESPE / SEDUC-AL / CONHECIMENTOS BÁSICOS / 2018)
Inicialmente me parece interessante reafirmar que sempre vi a alfabetização de
adultos como um ato político e um ato de conhecimento, por isso mesmo, como
um ato criador.
A correção gramatical do texto seria prejudicada caso o pronome “me”, em “me
parece” (l.1), fosse deslocado para logo após “parece”, da seguinte forma:
parece-me.
46. (CESPE / PRF / Superior / 2012)
Assim, quando as infrações penais afetam bens, serviços e interesses da união,
as forças policiais federais realizam as funções que lhes são delegadas pela
Constituição.
Se o pronome “lhes” fosse deslocado para depois da forma verbal “realizam”,
ligando-se a esta por meio de hífen, seriam mantidos o sentido original e a
correção gramatical do texto..
47. (CESPE / EBSERH / CARGOS NÍVEL SUPERIOR / 2018)
A partir disso, poder-se-ia falar em uma quantificação (hierarquia) da dignidade,
o que permitia admitir a existência de pessoas mais dignas ou menos dignas.
A correção do texto seria mantida caso o pronome “se”, em “poder-se-ia falar”,
fosse deslocado para imediatamente após a forma verbal “falar”, escrevendo-se
poderia falar-se.
48. (CESPE / TCM-BA / AUDITOR / 2018)
Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa 28
classe tem uma concepção tirânica
Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do texto 1A1AAA caso se
substituísse o trecho “se poderia pensar” por poderia-se pensar.
Gabaritos