Avaliação 3 - Gabriela F L

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de História

Discente: Gabriela F L
Docente: Prof.ª Dr.ª Géssica Guimarães

Avaliação 3 - Teoria da História

Questão obrigatória: Tanto o positivismo como o marxismo foram fortemente


influenciados pela filosofia do iluminismo em sua concepção de história. Contudo, de um
lado Comte e do outro lado Marx e Engels, apresentaram diferentes possibilidades para o
desenvolvimento da história e da humanidade. Tendo em vista essas duas tendências do
pensamento histórico do século XIX, comente os seguintes pontos: 1- Quais as
características que ambas as filosofias possuem em comum; 2- Quais as implicações
políticas e historiográficas a partir do reconhecimento do positivismo como uma ideologia
conservadora e do marxismo como uma teoria revolucionária:

Grandes teóricos da sociologia, Karl Marx (1818-1883), Friedrich Engels (1820-1895) e


Auguste Comte (1798-1857) contribuíram até hoje com suas correntes teóricas. Apesar de
terem métodos e princípios de evolução social completamente diferentes, ambos produziram
reflexões acerca de questões ontológicas que buscam por reformas na sociedade, fazendo de
suas produções, conceitos catalisadores de estudos sobre a evolução sobre a humanidade. No
marxismo, Marx e Engels buscam por uma reforma na sociedade baseada na luta de classes,
que visa a revolução, onde a práxis, é uma ação que busca a transformação. No positivismo,
Comte busca pela reforma social descrita na filosofia positiva, onde procura estabelecer a
reforma baseada no método de observação, comparação e experimentação, utilizados -
geralmente - nas ciências da natureza.
Ambas correntes foram influenciadas pelo movimento iluminista (ou atualmente, ilustração).
Porém, produziram de formas diferentes suas concepções de progresso. Partidária do
conservadorismo, a razão da história para Comte é baseada no “desenvolvimento da indústria
e das ciências” (LÖWY, 1985: pp.23). Comte chama sua filosofia positiva porquê ela é
estruturada na abstração de ideias e pré julgamentos, consideradas como “subversivas”. Que,
segundo Löwy, é um discurso de neutralidade mentiroso, e a farsa é remetida pelo emprego
da palavra “positiva” pois considera, automaticamente, a idéia contrária negativa. E assim,
expõe suas teorizações baseadas em prerrogativas pessoais que, de acordo com Comte,
deveriam ser abstraídas, sobretudo ao realizar uma produção epistemológica.
Essa produção epistemológica comtiana contribuiu para a manutenção conservadora do status
quo. Comte justifica essa necessidade de ser positiva, ao declarar que um sociólogo - por
exemplo - não pode, ao teorizar, colocar expectativas próprias na elaboração de suas tese.
Mas à quem esta premissa está indicada? teóricos revolucionários. A visão de Comte era do
progresso adquirido pela ordem. O ordenamento das coisas e pessoas em seus “devidos
lugares sociais”, já era uma boa base para começar a se pensar a reformulação na sociedade.
O ordenamento a que se refere, era nada mais que a vontade e a preocupação de garantir a
ordem burguesa. Comte definiu em três estágios o progresso da humanidade, sendo o
primeiro, o estado teológico, onde o progresso é baseado nos mitos e nos deuses (politeísta).
O segundo, é o estado metafísico, em que o progresso humano é baseado nas idéias e
princípios humanos. Por fim, o estado positivo, que se baseia no progresso sob a ótica de
descrever os fenômenos sob observação e descrição.
A reformulação da consciência moral e, consequentemente, a preservação da propriedade
privada nos meios de produção. Esse pensamento se perpetuou na historiografia porque
validou apenas as perspectivas históricas de evolução sob a ótica burguesa. Que há muito
deixou de ser revolucionária e passou a ser dona dos meios de produção, perpetuando uma
dominação sobre a vida, umas das premissas da ocorrência da revolução francesa. Löwy
classifica essa transição como algo pretensioso, que se conservou na sociedade se sustentando
pelo discurso positivo. Para Marx e Engels, a razão da história é a luta de classes onde sua
natureza é determinada (tem um objetivo) e dialética (tomada de consciência). Marx e Engels
desenvolvem a história a partir de sua perspectiva concreta do fenômeno - através do
materialismo histórico - onde seu produto (luta de classes) leva ao resultado final (evolução
da história). A história em movimento de Marx e Engels contribuiu para uma historiografia
que reprime as classes sociais. Ambos sociólogos alemães, revelam a necessidade de
desmascarar a burguesia, não é apenas sobre a revolução, mas uma perpetuação dessa
consciência de forma plena e única, defendendo os interesses dos proletários. Para isso,
desenvolvem o materialismo histórico, enquanto um método de estudo que explique a
evolução humana sob o pilar econômico, através da luta de classes, utilizando o caso feudal
como exemplo.
Por fim, a contribuição marxista é deduzida por sua perspectiva histórica, baseada na
emancipação proletária. Marx e Engels, à frente de seu tempo, de acordo com Löwy, foram
os únicos que - de forma legítima - tornaram a evolução da história como um estado
consciente. Onde uma sociedade hipócrita reacionária, precisa “esconder” a verdade para
manter seus interesses, utilizando uma cortina de fumaça para sua autoafirmação. O
conhecimento de Marx e Engels é objetivo pois ele exalta a tomada de consciência do
proletariado do seu papel social, para assim, transformar a sua realidade de forma consciente.
Abriram a via para a estruturação de papel histórico e social do proletariado. O fim e o início
da humanidade - fim de uma humanidade desigual e início para uma humanidade livre de
classes - para Marx e Engels, é a vitória dos trabalhadores.
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Referência Biliográfica:
CHAUÍ, Marilena. “História no pensamento de Marx”. In: CLACSO. A teoria marxista
hoje. Problemas e perspectivas (PDF)
COMTE, Auguste. “Curso de Filosofia Positiva: Primeira Lição”. In: COMTE: Os
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983, pp. 3-20 (PDF)
LÖWY, Michel. “O positivismo ou o princípio do Barão de Münchhausen”. In: As
aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen: marxismo e positivismo na
sociologia do conhecimento. São Paulo: Cortez, 2003, pp. 15-33 (PDF)

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