TCC - Physical Internet - Thálita
TCC - Physical Internet - Thálita
TCC - Physical Internet - Thálita
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO DE JOINVILLE
CURSO DE ENGENHARIA NAVAL
THÁLITA SABRINA PEREIRA
PHYSICAL INTERNET: CARACTERIZAÇÃO, OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA
A CADEIA LOGÍSTICA BRASILEIRA
Joinville
2021
THÁLITA SABRINA PEREIRA
PHYSICAL INTERNET: CARACTERIZAÇÃO, OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA
A CADEIA LOGÍSTICA BRASILEIRA
Trabalho apresentado como requisito para
obtenção do título de bacharel no Curso de
Graduação em Engenharia Naval do Centro
Tecnológico de Joinville da Universidade
Federal de Santa Catarina.
Orientador(a): Dr(a). Eng. Vanina Macowski
Durski Silva
Joinville
2021
THÁLITA SABRINA PEREIRA
PHYSICAL INTERNET: CARACTERIZAÇÃO, OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA
A CADEIA LOGÍSTICA BRASILEIRA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi
julgado adequado para obtenção do título de
bacharel em Engenharia Naval, na
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro
Tecnológico de Joinville.
Joinville (SC), 24 de setembro de 2021.
Banca Examinadora:
________________________
Dr.(a) Eng. Vanina Macowski Durski Silva
Orientador(a)/Presidente
________________________
Dr.(a) Eng. Elisete Santos da Silva Zagheni
1º Membro(a)
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Dr.(a) Eng. Francielly Hedler Staudt
2º Membro(a)
Universidade Federal de Santa Catarina
Dedico este trabalho a todas as mulheres que contribuem para
o desenvolvimento da ciência, e a minha mãe Rosemar.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por me guiar em caminhos bons, com sabedoria e
paciência para encarar desafios e alcançar mais uma conquista. Em especial minha mãe
Rosemar, meu exemplo de mulher para a vida, que nunca mediu esforços para que eu e minhas
irmãs pudéssemos crescer em um lar de amor, união e respeito; nunca deixou de me apoiar em
nenhum minuto dessa jornada e sempre me lembrou em suas ligações que “é muito importante
dormir e se alimentar bem para aprender”. Agradeço a minhas irmãs Thaís e Thainá por sempre
deixarem o meu coração quentinho de tanto amor que recebi, por risadas e abraços
compartilhados.
Ao meu namorado Luan, durante esses anos foi meu porto seguro, me deu suporte,
cuidou de mim e me ajuda todos os dias a levar a vida de forma mais leve, sempre sorrindo,
sorte a minha ter alguém tão especial ao meu lado.
A minha orientadora professora Vanina, um agradecimento muito especial, por ser
uma inspiração constante como profissional e como mulher, desde a primeira aula que
acompanhei. É uma honra ser orientada por alguém visionária, que faz a diferença, motiva e
vislumbra oportunidades para seus alunos. Soube me guiar nos momentos em que eu estava
cansada demais para acreditar em mim.
Agradeço a assistência estudantil Prae, que me proporcionou cursar engenharia de
forma igualitária, aos meus colegas de curso, aos professores, ao projeto DUNA e em especial,
servidores da UFSC Joinville, ao Prof. Calil que com toda maestria e paciência me auxiliou,
aconselhou nesse caminho, entre tantas lágrimas e sorrisos ele estava lá em sua sala pronto pra
me receber, e em tantas vezes eu pensei que nada ia dar certo, ele sempre tinha um plano, que
realmente deu certo!
Gostaria de agradecer a minha amiga Marina por ter acreditado no meu potencial e
aberto portas para grandes oportunidades em minha vida, além de me apoiar na execução deste
trabalho.
Agradeço imensamente a todos os entrevistados por compartilharem suas opiniões e
contribuíram para desenvolvimento da ciência e logística no Brasil.
Há um verso que diz “É tão forte quanto o vento quando sopra. Tronco forte que não
quebra, não entorta. Podes crer, podes crer...Eu tô falando de amizade”, esse verso me lembra
o quanto eu sou abençoada por ter muitos amigos, muitos galhos fortes que me sustentaram.
Tenho em meu coração muito amor de quem torceu e torce por mim. Muito obrigada a Família
Zika, o primeiro grupo a me abraçar na UFSC onde eu pude conhecer muitas outras pessoas; a
“Turma da salinha” (Ana, Filipe, Milena, Rafaela, Suzane, Thayse), amigos verdadeiros que
me acompanharam nas maratonas de estudos e cervejas geladas. Essas pessoas que me farão
aos 60 anos fechar os olhos, sorrir e lembrar como essas pessoas eram legais.
E gostaria de agradecer aos amigos que a UFSC transformou em uma segunda família:
Bruna, Cibele, Eric; Gabriela, Giulia, Larissa B., Larissa V., Loany, Julia, Maria Eduarda,
Matheus F., Matheus C., Pedro, Rafael, Samantha, Sergio, Vitória, Willian, Yumi, tanto
momentos juntos que eu não tenho como contar um minuto dessa história sem que um de vocês
estivessem ao meu lado.
“Amadores discutem táticas e estratégias; profissionais discutem
logística.”
(NAPOLEÃO BONAPARTE, 17691821)
RESUMO
A proposta da Physical Internet (Internet Física) envolve o compartilhamento de recursos
logísticos e a troca de informações em uma rede aberta e sua implementação é vista como uma
contribuição promissora para uma logística sustentável. Este trabalho caracteriza a Internet
Física, apresenta seus componentes físicos, e identifica oportunidades e dificuldades de
implementação no cenário brasileiro. Para isso, realizouse uma abordagem de pesquisa
baseada em revisão bibliográfica e entrevista semiestruturada com 15 questões, respondidas por
16 representantes de empresas e operadores logísticos brasileiros, o que possibilitou mapear
oportunidades e desafios da implementação de Internet Física no Brasil. Observouse que o
tema não é difundido no Brasil, sendo necessário fomentar o mesmo entre as empresas
buscando abordagens colaborativas. As entrevistas abordaram a busca pela otimização do
transporte de carga e necessidade de investimento em rastreabilidade dos produtos, verificando
se que poucas empresas exploram as possibilidades de negócios com colaborações. Os
entrevistados demonstraram preocupação com sigilo de informações e privacidade sobre itens
transportados, também apontaram a necessidade de desenvolver protocolos de segurança junto
ao governo para realizar o compartilhamento de dados entre empresas e, ainda, vislumbraram
o aumento da complexidade dos processos logísticos com a implantação da Internet Física. Do
ponto de vista teórico, este trabalho ajuda a suprir a lacuna existente na pesquisa sobre o tema,
bem como fornece visões incipientes de representantes de empresas e operadores logísticos
brasileiros, quanto à implementação da Internet Física, auxiliandoos a identificar pontos
relevantes quanto às oportunidades e desafios. Com base nas informações apresentadas os
profissionais poderão se beneficiar do entendimento da Internet Física realizando parcerias em
vários setores, e adaptar seus modelos de negócios e operações.
Palavraschave: Internet Física. Cadeia de Suprimentos. Operadores Logísticos. Distribuição.
ABSTRACT
The proposal of the Physical Internet involves the sharing of logistic resources and exchange
of information in an open network and its implementation is seen as a promising contribution
to sustainable logistics. This work defines the Physical Internet, presents its physical
components, and identifies opportunities and difficulties of implementation in the Brazilian
scenario. For this, a research approach was carried out based on literature review and semi
structured interview with 15 questions, answered by 16 representatives of Brazilian companies
and logistics operators, which made it possible to map opportunities and challenges for the
implementation of Physical Internet in Brazil. It was observed that the theme is not widespread
in Brazil, and it is necessary to promote the same among companies seeking collaborative
approaches. As they addressed the search for the optimization of cargo transport and the need
for investment in product traceability, it was verified that companies explore the possibilities
of business with collaborations. Respondents showed concern with confidentiality of
information and privacy of transported items, they also pointed out the need to develop security
protocols with the government to share data between companies, and they also glimpsed the
increased complexity of logistical processes with the implementation of Physical Internet. From
a theoretical point of view, this work helps to fill the gap in research on the subject, as well as
incipient views of representatives of Brazilian companies and logistics operators, regarding the
implementation of the Physical Internet, helping them to identify relevant points regarding
opportunities and challenges. Based on the information, professionals can benefit from an
understanding of the Physical Internet by partnering in various sectors, and adapting their
business models and operations.
Keywords: Physical Internet. Supply Chain. Logistics Operators. Distribution.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representação do transporte de cargas proposto pela Internet Física ...................... 19
Figura 2 Fluxograma de apresentação ..................................................................................... 22
Figura 3 Comparativo da movimentação de carga proposto pela PI ...................................... 27
Figura 4 Web Logística ........................................................................................................... 28
Figura 5 Principais componentes físicos da Internet Física .................................................... 31
Figura 6 Dimensões dos πcontêineres .................................................................................. 32
Figura 7 A πempilhadeira motorizada ................................................................................... 35
Figura 8 Os πtransportadores composta de πcélulas transportadoras flexíveis .................... 36
Figura 9 Operação de transferência de πcarregadores para πveículos ................................. 37
Figura 10 Modelo de um πhub .............................................................................................. 39
Figura 11 O πcontêiner composto .......................................................................................... 40
Figura 12 Empilhamento de um πarmazém ........................................................................... 42
Figura 13 Atuantes da implementação da PI ........................................................................... 45
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Familiaridade dos entrevistados com o termo Internet Física................................. 51
Gráfico 2 Estudos de padronização de embalagens nas empresas .......................................... 52
Gráfico 3 Desafios para digitalização nas empresas ............................................................... 56
Gráfico 4 Colaboração horizontal nas empresas ..................................................................... 57
Gráfico 5 Compartilhamento de dados entre as empresas ...................................................... 58
Gráfico 6 Investimentos tecnológicos utilizados nas empresas .............................................. 59
Gráfico 7 Desafios esperados pelos entrevistados com implantação da PI ............................. 61
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Problemas de insustentabilidade ............................................................................. 17
Quadro 2 Revisão da abrangente da Literatura de PI .............................................................. 29
Quadro 3 Identificação dos entrevistados ............................................................................... 50
Quadro 4 Oportunidades e desafios da implantação da PI no Brasil ...................................... 63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 As semelhanças entre a Internet Física e a Internet Digital ..................................... 25
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
3PL – Terceira parte Logística, a qual se refere à terceirização de processos logísticos (Third
Party Logistics)
ALICE – Aliança para Inovação Logística por meio da Colaboração na Europa (Alliance for
Logistics Innovation through Collaboration in Europe)
EAN – É um código de barras no padrão EAN definido pela GS1, uma associação que
desenvolve e mantém padrões globais para comunicação empresarial (European Article
Number).
ETP – Plataforma Tecnológica Européia (European Technology Platform)
GPS – Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System)
GPRS – Serviço de Rádio de Pacote Geral e é o método de transferência de dados usado em
redes móveis (General Packet Radio Service)
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ID – Internet Digital (Digital Internet)
PI – Physical Internet (Internet Física)
RFID – Identificação por Radiofrequência (Radio Frequency Identification)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 16
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 16
1.2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 19
1.2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................. 20
1.2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................. 20
1.3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ............................................................................ 20
1.3.1. Econômica e Operacional ............................................................................................ 20
1.3.2. Acadêmico ..................................................................................................................... 21
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 24
2.1. CARACTERIZAÇÃO DE INTERNET FÍSICA ......................................................... 24
2.2. CONTRIBUIÇÕES DA INTERNET FÍSICA ............................................................. 30
2.3. COMPONENTES DA INTERNET FÍSICA ................................................................ 31
2.3.1. Os πcontêineres ............................................................................................................ 32
2.3.2. Os πmovimentadores................................................................................................... 34
2.3.3. Os π nós ........................................................................................................................ 36
2.4. MARCOS DA IMPLANTAÇÃO DA INTERNET FÍSICA ........................................ 43
3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 46
3.1. ENTREVISTA .............................................................................................................. 47
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ......................................................... 49
4.1. FAMILIARIDADE COM O TEMA ............................................................................ 51
4.2. PADRONIZAÇÃO DE EMBALAGENS .................................................................... 51
4.3. COMPARTILHAMENTO DE CARGAS .................................................................... 53
4.4. COMPARTILHAMENTO INFRAESTRUTURA ....................................................... 53
4.5. DIGITALIZAÇÃO ....................................................................................................... 54
4.6. COLABORAÇÕES HORIZONTAIS .......................................................................... 56
4.7. SEGURANÇA DE DADOS ......................................................................................... 57
4.8. EXPECTATIVAS FUTURAS ..................................................................................... 58
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 65
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO DURANTE AS ENTREVISTAS ....... 72
16
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Com o passar dos anos vem aumentando o desafio mundial de sustentabilidade
logística global e práticas de armazenamento, transporte e manuseio de carga física atuais têm
se tornado obsoletas com impactos negativos na economia, no meio ambiente e sociedade
(TREIBLMAIER et al., 2020). Para solucionar essa questão é necessária uma logística eficiente
que ocorre quando as necessidades de armazenamento, transporte e manuseio de carga física
utilizam o mínimo de recursos econômicos, ambientais, sociais e uma logística sustentável
capaz de manter alto desempenho a longo prazo (MONTREUIL, et al., 2013). Para uma
logística sustentável e eficiente do ponto de vista econômico buscase a redução de resíduos
oriundos de processos logísticos, tornando a competitividade das empresas e dos países
maiores. Do ponto de vista ambiental buscamse impactos positivos, por meio da redução de
emissão de gases de efeito estufa e a utilização de energia renovável, reduzindo diretamente a
poluição. E do ponto de vista social, buscase possibilitar a acessibilidade e mobilidade de
forma fácil e barata, melhorando as condições de trabalho precarizadas, além de reduzir o
congestionamento inflado pelo transporte de carga (MONTREUIL et al., 2012).
Montreuil (2011) cita questões que devem ser resolvidas no âmbito logístico de modo
a tornar o sistema mais eficiente e sustentável: caminhões, vagões e contêineres costumam
realizar viagens não totalmente cheios. É possível evidenciar a ineficiência do transporte
multimodal quando veículos e contêineres muitas vezes retornam vazios ou realizam rotas
extras para encontrar remessas de retorno. Outro fato é que o transporte rodoviário domina os
meios de transporte continentais e isso significa uma grande demanda por caminhoneiros, os
quais estão quase sempre na estrada, frequentemente longe de casa por longos períodos, com
condições precárias de trabalho.
Há ineficiência na distribuição de produtos, onde geralmente eles são armazenados em
locais distantes do local de consumo, tornandose frequentemente indisponíveis quando são
necessários. Também é recorrente a má utilização das instalações de produção e
armazenamento, má coordenação das redes de distribuição e operações de cross docking. O
transporte intermodal não é rápido e confiável, há uma utilização limitada do espaço para
transporte rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo. As redes de abastecimento não são seguras
em termos de manutenção ou roubo, a automação e emprego de tecnologias são difíceis de
justificar tornando as oportunidades de inovação vistas como limitadas (MONTREUIL, 2011).
17
2Rotas caminhões vazios ✓ ✓
3Caminhoneiros em condições
✓ ✓
precárias
4Produtos geralmente ficam
armazenados onde
desnecessário, mas muitas ✓ ✓
vezes indisponível onde
necessário
5Instalações de produção e
armazenamento são mal ✓ ✓
utilizadas
6Muitos produtos nunca são
✓ ✓ ✓
vendidos, nunca usados
7Os produtos não alcançam
✓ ✓
quem precisa deles
8Produtos são transportados
✓ ✓
desnecessariamente
10Logística urbana precária ✓ ✓ ✓
usado na literatura para denominar Internet Física (PI) e para a apresentação dos elementos que
a compõe, utilizase o prefixo π, como por exemplo: πhub e πcontêineres (MONTREUIL; et
al. ,2016).
Mervis (2014) relata que a PI constitui uma solução pioneira para as ineficiências dos
modelos logísticos tradicionais, para SARRAJ et al., (2014) representa um sistema logístico
aberto, global, interligado e sustentável. Hakimi, Montreuil e Haijji (2015) afirmam que a
Internet Física é um meio para alcançar sustentabilidade logística global pois seu objetivo é
otimizála, movendo mercadorias por meio de um sistema global logístico de modo a criar
cadeias de fornecimento mais eficientes, eficazes e sustentáveis, que podem levar à modelos e
estratégias inovadoras. Este conceito está sendo desenvolvido dinamicamente e isso é
confirmado pelo número de conferências e artigos científicos e a implementação de projetos
piloto, tem sido apoiada por empresas de consultoria, profissionais e pesquisadores
(TREIBLMAIER, et. al., 2020).
Para Ballot et al. (2016), PI é um sistema de logística global aberto baseado na
interconectividade física, digital e operacional por meio de encapsulamento, interfaces e
protocolos. É a aplicação dos princípios da internet à logística; é uma rede global, aberta e
interconectada, usando um conjunto de protocolos colaborativos e interfaces inteligentes
padronizadas, para enviar e receber bens físicos contidos em módulos padrão. Quando falase
em rede aberta, faz parte a iniciativa colaborativa entre empresas, até mesmo concorrentes, que
por exemplo, estariam melhor colaborando se estivessem despachando mercadorias pela mesma
rota, utilizando recursos de forma eficiente.
Crainic e Montreuil (2016) comparam de forma análoga a proposta da PI de agrupar o
transporte de bens físicos e dados semelhantes, ao transporte dos pacotes de dados que são
movimentados na internet digital. Os autores também afirmam que o transporte de mercadorias
será otimizado no que diz respeito ao custo, velocidade, eficiência e sustentabilidade. A Figura
1 representa a proposta da PI por meio da otimização do transporte de carga, com contêineres
modulares, interconectados e rastreabilidade.
No Brasil, podese observar que os produtos físicos muitas vezes são transportados,
manuseados, armazenados, produzidos, entregues e utilizados de forma não sustentável. Apesar
de ser um país de dimensão continental, possui infraestrutura de transporte essencialmente
rodoviária, com grande parte das rodovias mal distribuídas, malconservadas e em condições
precárias. O Transporte ferroviário também não é significativo e, o transporte aquaviário tem
potencial para a navegação, mas ambos os modais precisam de mais incentivos para o
desenvolvimento de sua logística (DEFINA, 2018).
19
Fonte: ALICE (2021).
O aumento da competição por outros modais de transporte e a pressão por serviços de
melhor qualidade têm levado as empresas de transporte a um processo de modernização, o que
implica na adoção de tecnologias de informação sofisticadas, como sistemas de roteamento,
rastreamento por satélite e intercâmbio eletrônico de dados. Para essas empresas brasileiras,
apesar das muitas mudanças, ainda há muito espaço para conquistar participação de mercado,
melhorar sua produtividade e qualidade dos serviços (SILVESTRE, 2015).
Diante deste cenário, este trabalho de conclusão de curso pretende identificar se: existe
a possibilidade de melhoria no funcionamento da tradicional cadeia logística no que tange o
transporte de cargas com o uso da Internet Física?
1.2. OBJETIVOS
No intuito de buscar respostas ao questionamento apontado na seção anterior propõe
se neste trabalho os seguintes objetivos:
20
1.2.1. Objetivo Geral
Caracterizar o conceito de Internet Física bem como identificar oportunidades e
desafios de implementação no cenário brasileiro.
1.2.2. Objetivos Específicos
Para alcançar o objetivo geral, os objetivos específicos propostos são:
▪ Realizar revisão bibliográfica a fim de caracterizar o conceito de Internet Física
identificando seus principais componentes;
▪ Desenvolver um questionário a ser respondido por representantes de empresas
e operadores logísticos brasileiros, na forma de entrevistas, a fim de investigar
possíveis oportunidades e desafios da implementação de Internet Física nas
cadeias logísticas onde estão inseridos;
▪ Investigar o grau de interesse dos respondentes em participar da Internet Física
bem como oportunidades e desafios encontrados relacionadas às mudanças
oriundas das redes logísticas abertas.
1.3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
1.3.1. Econômica e Operacional
O custo logístico que representa a soma dos gastos com transporte, estoque,
armazenagem e serviços administrativos, consumiu mais de 12% do PIB (Produto Interno
Bruto) do Brasil em 2020, o que equivale a R$ 811 bilhões, segundo a Confederação Nacional
dos Transportes (2021), impactando na competitividade da produção brasileira. No mesmo
sentido de crescimento, as empresas estão cada vez mais automatizadas, e precisam acompanhar
o aumento da demanda de abastecimento e transporte, sendo que as remessas de transporte se
tornaram menores em volume e mais frequentes, devido a tendências como entregas no mesmo
dia ou compras justintime (CHEN; et al., 2016). Essas tendências resultam em diminuições
progressivas da eficiência e da utilização do transporte, e dos recursos de armazenagem.
Simmer et al. (2017), afirmam que as empresas precisam de orientação sobre como
alavancar e encontrar maneiras de ganhos de eficiência em logística e como reduzir os sintomas
21
Qiao et al. (2019) afirmam que o objetivo geral da Internet Física é melhorar a eficiência
e eficácia de um sistema de transporte, porém Plasch et al. (2021), afirmam em seu estudo que
a pesquisa sobre modelos de negócios e adoção da Internet Física não estão totalmente
desenvolvidas, e que não há pesquisas de mercado que trate dos requisitos e necessidades das
empresas em relação à participação na Internet Física. De forma a auxiliar gestores logísticos e
governamentais a avaliar as possibilidades e estratégias a médio e longo prazo para implantação
da Internet Física, este estudo propõe o levantamento de variáveis, panoramas da realidade da
logística brasileira, e consequentemente a expectativa da eficiência da aplicação da Internet
Física.
1.3.2. Acadêmico
O termo Internet Física é recente, estabelece um novo parâmetro de operação e negócio
para logística mundial e, neste contexto, é preciso a concepção de novas tecnologias, e modelos
de negócio (PLASCH, 2021), sendo importante que seja fomentado no meio acadêmico estudos
de contextualização, roteiros e necessidades para sua implementação. Essas tecnologias
compreendem o desenvolvimento de contêineres modulares padrão, projeto de layout para
unidades que integram a Internet Física, modelos de tomada de decisão para operar na Internet
Física, veículos que transporte de contêineres modulares padrão, bem como equipamentos de
manipulação das embalagens modulares padrão, entre outros.
Neste relevante cenário o curso de Engenharia Naval da UFSC, localizado no Centro
Tecnológico de Joinville, SC, possui uma proposta de capacitação que vai além da projeção de
embarcações, proporcionando a interação com a logística e estudo de transporte de cargas,
sendo relevante o papel deste estudo no contexto tecnológico nacional, ampliando o
conhecimento e possibilitando oportunidades científicas nesta área.
22
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO
Almejando tornar possível o alcance dos objetivos propostos, este trabalho é
apresentado em cinco capítulos, organizados conforme o fluxograma ilustrado na Figura 2.
Figura 2 Fluxograma de apresentação
Fonte: Autor (2021)
O primeiro capítulo é introdutório, contextualiza, justifica o tema e apresenta os
objetivos deste trabalho de conclusão de curso. No capítulo dois, por meio de uma revisão
bibliográfica é apresentada a caracterização da Internet Física bem como a evolução de seu
conceito com o passar dos anos suas contribuições. Também neste capítulo são apresentados os
principais componentes físicos e um roteiro proposto pela Comissão Europeia para implantação
da Internet Física.
O método seguido para desenvolver este estudo é abordado no terceiro capítulo,
definindose os passos e dados necessários para o aprofundamento do estudo, bem como a
forma de obtenção de tais dados (estruturação de entrevistas/questionário), baseandose na
teoria apresentada no capítulo anterior.
23
No quarto capítulo são apresentadas as informações coletadas com durante a realização
de entrevistas com representantes de empresas e operadores logísticos, o tratamento dos dados
e os resultados obtidos. Por fim, as considerações finais sobre o presente trabalho e as sugestões
para futuras pesquisas são apresentadas no capítulo cinco.
24
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Em conformidade com os objetivos previstos para este capítulo inicialmente é
caracterizado o conceito de Internet Física e em seguida, são apresentadas as contribuições que
o tema oferece. Também são apresentados os principais componentes físicos previstos na PI, o
roteiro de ações e agentes necessários para a implantação da Internet Física.
2.1. CARACTERIZAÇÃO DE INTERNET FÍSICA
Segundo a agência de notícias brasileira, a Agência Brasil (2021) o Brasil está entre
os principais países em desenvolvimento, com maior potencial de crescimento do mundo e o
país mantevese na 27ª posição no ranking de comércio mundial, e em 2020, o país deteve 1%
de participação na movimentação global de exportações e importações. Apesar disso, a
Logística brasileira apresenta problemas de infraestrutura, manutenção, gestão, investimento,
multimodalidade, sustentabilidade, e o freio do crescimento é a falta de investimento em formas
alternativas de transportes de cargas (DEFINA, 2018).
O atual quadro da estrutura de transporte de carga do país apresenta muitas limitações
para a expansão do crescimento econômico. O uso inadequado das modalidades acabou gerando
uma grande dependência do modal rodoviário, devido aos baixos preços dos fretes e, apesar do
imenso litoral e dos rios navegáveis, as rodovias têm papel de destaque. Segundo a
Confederação Nacional de Transportes CNT (2019), o transporte rodoviário responde por
61,8% da carga transportada, o ferroviário por 19,5%, o aquaviário por 13,8%, o dutoviário por
4,6% e o aéreo por 0,3%, observandose que uma das grandes deficiências brasileiras é a falta
de infraestrutura adequada para escoar produtos por todo o país.
Silvestre (2015), considera que com as características da logística brasileira é
necessário investir:
1. No aumento do nível de serviço de transporte;
2. Na expansão da rede ferroviária, deteriorada durante o período de monopólio público;
3. No aumento a capacidade e eficiência dos terminais portuários;
4. Na acessibilidade aos Portos;
5. Na ampliação do sistema de armazenamento, inclusive para controle de estoque;
6. Na expansão das atividades hidroviárias e dutoviárias (para etanol, principalmente);
7. No balanceamento da matriz de transporte;
8. No equilíbrio na avaliação dos impactos ambientais resultantes de intervenções logísticas.
25
Diante deste cenário, muitas das situações existentes podem estar inseridas no contexto
de uma nova rede de transporte chamada Internet Física. O termo Internet Física, ou do inglês
Physical Internet (PI), é oriunda da Internet Digital (ID), que se baseia em roteadores que
transmitem pacotes padrão de dados. A PI é proposta como uma analogia a ID para gerenciar o
fluxo de objetos físicos, com o objetivo de aumentar a eficiência e sustentabilidade dos sistemas
logísticos (MONTREUIL, 2011). Segundo o European Technology Platform (2021) os
pesquisadores esperam tornála realidade até 2050, quando uma rede totalmente autônoma
deverá estar instalada, a Web Logística.
Quando se envia um email para alguém em todo o mundo, ele geralmente é recebido
de forma rápida e transparente. Sua mensagem passa por uma rede de servidores até chegar ao
seu destino, mas não se sabe qual rota sua mensagem usou. A PI deve funcionar de maneira
semelhante e, neste caso, as empresas de transporte e logística podem acessar uma rede de rotas
conectadas por hubs, envolvendo diferentes modos de transporte, o que lhes permite agilizar o
transporte de mercadorias de um lugar para outro (ETP European Technology Platform, 2021).
A Tabela 1 apresenta as características da PI comparandoa com a ID.
Tabela 1 As semelhanças entre a Internet Física e a Internet Digital
As semelhanças entre a Internet Física e a Internet Digital
Internet Física Internet Digital
26
Fonte: Dong e Franklin (2021).
Os usuários da PI podem ser despachantes comerciais e privados, os quais inserem
fluxos na PI na forma de vários objetos físicos, como mantimentos e bens de consumo, que são
embalados em pacotes padronizados em estações de embalagem e, em seguida, transportados
em uma rede de corredores físicos. Centros de distribuição direcionam os fluxos de pacotes na
rede, modos de transporte, como rodoviário ou ferroviário, transportam os fluxos de pacotes e,
terminais intermodais permitem que a carga alterne entre diferentes modos de transporte.
Assim, os serviços PI são operados por vários provedores de serviços de logística, que garantem
entregas de todos os tipos de objetos físicos (DONG E FRANKLIN, 2021).
Uma ação que permite a tecnologia tornar a PI uma realidade, é o encapsulamento de
mercadorias em contêineres reutilizáveis e inteligentes (MONTREUIL et al., 2016). Os
mesmos autores propõem um encapsulamento de bens e produtos comercializados,
sustentáveis, modular e em rede em contentores inteligentes, que podem ser encaminhados e
distribuídos por meio de sistemas multimodais rápidos, confiáveis e ecológicos e em instalações
logísticas (LIN et al., 2014; MONTREUIL et al., 2016) que se movem em meios de transporte
comuns, por exemplo: aviões, caminhões, barcaças, drones e carros particulares. Nesta rede
logística, os recipientes π (pi, proveniente de Physical Internet) variam em dimensões
modulares de grande a pequeno. Os πcontêineres movemse por meio de redes de transporte
multimodais distribuídas, nas quais os locais de trânsito agregam mercadorias de diversas
origens para otimizar o carregamento nos segmentos seguintes. As instalações logísticas são
abertas tais como centros de transbordo abertos e armazéns abertos fazem parte de redes
interligadas, permitindo que uma rede logística global seja ativada para PI (FERGANI et al.,
27
2019). A Figura 2 ilustra um comparativo com o excesso de movimentação existente na
logística atual e a proposta de uma nova rede otimizada da Internet Física com sistema aberto.
Figura 3 Comparativo da movimentação de carga proposto pela PI
Fonte: European Technology Platform (2021)
A utilização de πcontêineres possibilita a qualquer operador logístico manusear e
armazenar os produtos de qualquer empresa, pois não haverá movimentação e armazenamento
de produtos precisamente e sim, o movimento será de contêineres modulares padronizados,
assim como a Internet Digital que transmite pacotes de dados em vez de informações e arquivos
(TREIBLMAIER et al. 2016).
Os contêineres modularizados facilitam a navegação por meio das redes de transporte de cargas
individuais, em vez de cargas diversificadas de caixas e paletes de diferentes tamanhos. O
roteamento eficiente de contêineres modulares em uma rede colaborativa só pode ser realizado
se houver um conjunto padrão de roteamento e protocolos digitais, bem como convenções
comerciais e legais que se aplicam a uma comunidade de usuários. As interfaces digitais são
necessárias para garantir confiabilidade, segurança e transparência, bem como garantir que a
qualidade do produto que está sendo manuseado não seja comprometida por seus movimentos
(MONTREUIL et al., 2012).
Os usuários da ID exploram a World Wide Web e seus aplicativos, assim como os
usuários da PI devem explorar sua Web Logística. A Web Logística é definida como um
conjunto global de agentes físicos, digitais, humanos, sociais e organizacionais, que pode ser
28
concebida como uma incorporação de cinco redes interligadas, a Web mobilidade, Web
distribuição, Web realização, Web abastecimento e Web serviço, focadas em aumentar a
eficiência e sustentabilidade de movimentação, armazenamento, realização, fornecimento e uso
de objetos físicos (HAKIMI, 2014). Esta rede macro está representada na Figura 4.
Para Fergani et al., (2019) a Web de mobilidade trata do manuseio de objetos físicos
dentro de um conjunto global interconectado com o objetivo de criar centros unimodais e
multimodais, trânsitos, portos, estradas e caminhos. E a Web de distribuição preocupase com
um conjunto global de armazéns abertos, centros de distribuição e áreas de armazenamento,
todos interligados entre si. Para os autores, a Web de realização visa a fabricação, montagem e
customização de objetos, exigindo assim uma melhor adaptação ao conjunto global de plantas
interligadas de todos os tipos. Por fim, eles descrevem que a Web de abastecimento trata do
abastecimento por meio do conjunto global de provedores e fornecedores de serviços abertos,
e a Web Serviço que trata da integração de sistemas e na comunicação entre aplicações
diferentes e assim as redes exploram umas às outras para aumentar seu desempenho.
Figura 4 Web Logística
Fonte: Autor (2021).
As contribuições das pesquisas conceituais realizadas até o presente momento aplicam
se na definição e enriquecimento dos conceitos fundamentais da Internet Física, da Web
Logística, aos principais componentes da PI e a contextualização de implementações de PI em
indústrias e países. Estudos conceituais sobre a Internet Física foram apresentados em versões
evolutivas do Manifesto da Internet Física (Montreuil, 2009; 2011; 2012). Posteriormente
Montreuil et al., (2013), Ballot et al., (2014), Sarraj et al., (2014) e Hakimi (2014) contribuíram
para a elaboração dos conceitos e fundações globais da Internet Física. Marcotte, Montreuil e
Coelho (2015) introduziram o conceito de produção móvel, explorando a Internet Física como
uma rede, conteinerizada, distribuída, móvel, modular e conceitos de produção. Crainic e
Montreuil (2016) apresentaram a iniciação da Internet Física no contexto logístico da cidade,
propondo o conceito de logística da cidade conectada, enquanto Pan et al., (2017),
29
conceitualizaram a Internet Física na logística e cadeias de abastecimento entre empresas e
consumidores. O conceito de PI vem evoluindo com o passar dos anos, com pesquisas e novos
questionamentos surgindo, indagando por quê as indústrias não estão dedicadas no tema e na
busca de soluções logísticas. O Quadro 2 apresenta uma revisão abrangente da literatura de PI.
Quadro 2 Revisão da abrangente da Literatura de PI
concepção de todos os modais em um só sistema integrado, ou gerenciamento correto da
infraestrutura, dos serviços, dos transportes, de modo integrado e sincronizado (LEMMENS et
al., 2019) , foram definidos e desenvolvidos por estudos existentes no ramo da PI.
Percebese que os modelos propostos nos estudos da PI podem ser usados para apoiar o
planejamento e a implantação da transformação digital em sistemas de transporte e os resultados
revelam que a PI pode evitar que os caminhões circulem vazios, o que tem um efeito positivo
nas operações logísticas sustentáveis, porém ainda falta na área pesquisas que mostrem o qual
a visão das empresas sobre essa nova tendência.
2.3. COMPONENTES DA INTERNET FÍSICA
A interoperabilidade se refere à capacidade de logística e abastecimento de redes
independentes para conduzir operações e negócios mutuamente uns com os outros, a fim de
usar a funcionalidade de outras redes, ou para executar operações para outras (MARINO, 2017).
De um modo geral, a interoperabilidade deve ser considerada no nível físico (por exemplo,
manuseio padronizado), nível organizacional (por exemplo, protocolos interorganizacionais) e
nível de negócios (por exemplo, modelos de negócios com valor compartilhado), e nível digital
(PAN et al., 2019). Para discutir as possibilidades e desafios de interoperabilidade propostos
pela PI é necessário conhecer seus três principais tipos de componentes físicos: os contêineres,
os nós e os movimentadores, organizados conforme Figura 5.
Figura 5 Principais componentes físicos da Internet Física
Fonte: Montreuil (2014).
32
Os contêineres representam as cargas unitárias fundamentais que são movidas,
manuseadas e armazenadas na PI, enquanto os nós correspondem aos locais, instalações e
sistemas físicos. Já os movimentadores transportam ou manipulam contêineres dentro e entre
os nós (MONTREUIL et al., 2014).
Cada elemento físico é descrito nas próximas seções. No entanto, deve ficar claro que os
elementos apresentados não existem atualmente, assim as características declaradas dos
elementos devem ser percebidas como design funcional original, contendo especificações de
engenharia.
2.3.1. Os πcontêineres
Os πcontêineres representam as cargas unitárias que são manipuladas, armazenadas e
encaminhadas por meio dos sistemas e infraestruturas da PI. Devem ser módulos logísticos
fáceis de manusear, armazenar, transportar, lacrar, encaixar em uma estrutura, interligar,
carregar, descarregar, construir e desmontar, sendo padronizados mundialmente e definidos de
acordo com normas abertas, conforme Figura 6.
Figura 6 Dimensões dos πcontêineres
Fonte: Montreuil et al. (2014).
33
Devem ser projetados para facilitar seu manuseio e armazenamento nos nós físicos, bem como
seu transporte entre esses nós e para proteger as mercadorias. Eles atuam como pacotes na
internet digital, no entanto, ao contrário dos pacotes de Internet Digital, os π contêineres
possuem um conteúdo físico e uma estrutura ao invés de serem puramente informacionais (LIN
et al., 2014). Podem conter bens físicos individuais, bem como πcontêineres de tamanhos
menores, ou ainda objetos privados menores não projetados para a PI, o conteúdo da cápsula
passa a ser irrelevante, conforme destacado na Figura 6, os πcontêineres são concebidos para
serem utilizados em uma variedade de tamanhos modulares. Para fins ilustrativos, a
modularidade dimensional de πcontêineres pode ser expressa em altura, largura e profundidade
por meio de combinações (LANDSCHÜTZER et al., 2015).
A modularidade e as capacidades de intertravamento dos πcontêineres se combinam
para permitir a fácil composição de πcontêineres compostos a partir de conjuntos de π
contêineres menores. Os πcontêineres compostos podem ser facilmente decompostos de modo
a permitir o tratamento individualizado de seus πcontêineres constituintes. Os πcontêineres
devem ser o mais ecologicamente corretos possível, de acordo com os princípios de
sustentabilidade. Eles devem vir em uma variedade de graus estruturais, adaptados ao peso e às
características das cargas que devem conter, sendo o mais leve possível. Eles também podem
ter recursos de condicionamento, como controle de temperatura, umidade e vibração
(MONTREUIL et al., 2014).
De uma perspectiva informativa, cada πcontêiner possui um identificador mundial
exclusivo, o qual é anexado a cada πcontêiner tanto física quanto digitalmente para garantir a
eficiência da identificação. Uma etiqueta inteligente (tag) é anexada a cada πcontêiner para
atuar como seu agente representante. Esta contribui para garantir a identificação, integridade,
roteamento, condicionamento, monitoramento, rastreabilidade e segurança do πcontêiner por
meio da PI. Essa identificação inteligente permite a automação distribuída de uma ampla
variedade de operações de manuseio, armazenamento e roteamento (SARRAJ et al., 2014).
Tecnicamente, as tecnologias RFID e/ou GPS são percebidas como adequadas para equipar as
etiquetas do πcontêiner. Ainda assim, como todos os outros elementos da Internet Física, esta
irá evoluir com inovações tecnológicas (LANDSCHÜTZER et al., 2015). Exemplos de
informações que devem constar na tag inteligente de um πcontêiner incluem:
• Identificador único do πcontêiner por meio da Internet Física;
• Identificador do cliente usando o πcontêiner;
• Identificador logístico do responsável pelo πcontêiner;
• Dimensões do πcontêiner (volume e peso);
34
Fonte: Montreuil et al., (2014).
Complementares aos πveículos, os πtransportadores são transportadores
especializados no fluxo contínuo de πcontêineres ao longo de determinados caminhos sem
necessidade de utilizar πveículos e πcarregadores. A Figura 8 exibe um conjunto de π
transportadores que exploram o conceito de transportador flexível. As células de transporte
quadradas permitem mover os πcontêineres nas quatro direções cardeais. Cada célula é
dimensionada para o tamanho do menor πcontêiner a ser transportado e então, quando apenas
os menores πcontêineres quadrados são manipulados, cada célula pode transportar
autonomamente um πcontêiner para uma de suas células vizinhas.
36
Fonte: Montreiul et al., (2014).
No exemplo da Figura 8, πcontêineres de uma variedade de dimensões modulares são
transportados simultaneamente, isso requer a coordenação de πcélulas adjacentes para que
atuem conjuntamente no transporte de um grande πcontêiner. O padrão de tráfego nas πcélulas
pode ser alterado de tempos em tempos de acordo com as necessidades do fluxo de trabalho,
para isso sendo necessário algoritmos para controlar uma grade de πtransportadores
(TREIBLMAIER et al., 2016).
2.3.3. Os π nós
Os πnós são locais que interligam as atividades logísticas, ou seja, onde é possível
realizar a mudança de um modo de transporte para outro. A cada πnó está associado pelo menos
um evento para cada πcontêiner, para garantir a rastreabilidade de sua passagem pelo πnó.
São locais expressamente projetados para executar operações em πcontêineres, tais como
recebimento, teste, movimentação, roteamento, classificação, manuseio, colocação,
armazenamento, separação, monitoramento, rotulagem, painéis, montagem, desmontagem,
dobragem, encaixe, desenroscar, compor, decompor e despachar πcontêineres (MONTREUIL
et al., 2014). Os πnós são classificados por uma série de atributos, como velocidade, aderência
do nível de serviço, dimensões tratadas de πcontêineres, capacidade geral e interface modal.
Os πnós tratam os πcontêineres individualmente, cada um com seu próprio contrato
(MONTREUIL et al., 2014). Abrangem conceitualmente os πlocais, as πinstalações e os π
sistemas que são, respectivamente, locais, instalações e sistemas projetados para atuar como
37
Fonte: Montreuil et al., (2014).
Um πinterruptor é um πnó que tem por função permitir e realizar a transferência
unimodal de πcontêineres de um πmovimentador de entrada para um πmovimentador de
saída. Os exemplos incluem πinterruptores que realizam a transferência trilhotrilho e π
interruptores conveyorconveyor (MONTREUIL et al., 2014).
Uma πponte é um πnó que tem uma função do mesmo tipo que um πinterruptor,
especializado na transferência multimodal umparaum; um exemplo é uma πponte de uma
rota ferroviária. As tarefas principais de um πinterruptor e de uma πponte são duplas, de uma
perspectiva física: seu papel principal é a transferência eficiente, segura e confiável de π
contêineres de um πmovimentador para outro; de uma perspectiva informativa, sua função
38
Figura 10 Modelo de um πhub
Fonte: Montreuil et al., (2014).
A Figura 10 mostra um πhub que liga estradas com rotas marítimas. Hubs mais
complexos incorporam πclassificadores, πcompositores, πarmazenamentos e πtemporários.
Primeiro, os πclassificadores ajudam a classificar os πcontêineres de entrada e canalizálos
para sua πtransportadora atribuída. Em segundo lugar, os πcompositores permitem a entrada
πcontêineres compostos a serem decompostos em conjuntos de menores πcontêineres, cada
um com seu destino alvo específico e tempo de partida, πmovimentador, e os πcontêineres
compostos a serem compostos a partir de πcontêineres de entrada e colocados nos π
movimentadores de partida, de acordo com as especificações do cliente. Terceiro, os π
armazéns temporários permitem flexibilidade na sincronização de chegadas, consolidações e
partidas de πcontêineres (MONTREUIL et al., 2014).
Um πclassificador é um πnó que recebe πcontêineres de um ou vários pontos de entrada
e classificaos de modo a despachar cada um deles de um ponto de saída específico, em uma
ordem específica. Os πclassificadores são tipicamente embutidos em πnós mais complexos,
como πhubs (MONTREUIL et al., 2014).
Um πcompositor é um πnó com a função de construir πcontêineres compostos a partir
de conjuntos especificados de πcontêineres, geralmente de acordo com um layout 3D
especificado pelo cliente final ou com o objetivo de melhorar a eficiência na Internet física, e /
ou de desmontagem de πcontêineres compostos em um número de πcontêineres que podem
40
Fonte: Montreuil et al. (2014).
41
Nem sempre será possível alcançar um ajuste perfeito como na Figura 10; nesses casos,
há duas opções básicas em relação a viabilidade de composição: primeiro, os orifícios podem
ser deixados como tais quando são menores e não afetam a integridade estrutural do πcontêiner
composto, e em segundo lugar, quando os orifícios têm um impacto negativo significativo na
composição, estruturas vazias podem ser inseridas para preencher os orifícios. Essas estruturas
modulares não precisam ter paredes fechadas e podem ser desmontadas após a decomposição
do πcontêiner composto.
No geral, os πcompositores executam operações de fragmentação e desfragmentação em
πcontêineres compostos. Sem nunca abrir um πcontêiner unitário, devem ser projetados para
compor e decompor os πcontêineres compostos em alta velocidade, por exemplo, será normal
exigir que um πcompositor seja capaz de compor em alguns minutos um πcontêiner de 1,20 x
1,20 x 6,00 metros cúbicos a partir de vinte πcontêineres menores.
Um πarmazém é um πnó com a função de permitir e realizar para seus clientes o
armazenamento de πcontêiner durante janelas de tempo mutuamente acordadas. Elas podem
ser muito precisas ou mais probabilísticas, de curto ou longo prazo. Os πarmazéns diferem dos
armazéns e sistemas de armazenamento convencionais em dois pontos principais. Primeiro, se
concentram estritamente em πcontêineres: eles podem empilhálos, intertraválos, encaixálos
em uma prateleira e assim por diante. Em segundo lugar, eles não lidam com produtos como
unidades de manutenção de estoque (SKUs), mas sim focam em πcontêineres, cada um sendo
individualmente contratado, rastreado e gerenciado para garantir a qualidade e confiabilidade
do serviço (SARRAJ, et al., 2014). A Figura 12 ilustra as potencialidades de empilhamento e
encaixe de um πarmazém possibilitadas pelo fato de que lida apenas com πcontêineres. A
esquerda da Figura 12 ilustra um πarmazenamento na forma de empilhamento, funcional
devido à flexibilidade fornecida pela modularidade dimensional e resistência estrutural dos π
contêineres.
42
Figura 12 Empilhamento de um πarmazém
Fonte: Montreuil et al. (2014).
Os πcontêineres podem ser armazenados em prateleiras convencionais, facilitado por sua
dimensionalidade modular, mas possuem novos tipos de tecnologias de πarmazenamento para
explorar suas características funcionais dos πcontêineres e a dinâmica da Internet Física. O
encaixe consiste em prender os πcontêineres a uma grade, explorando os acessórios embutidos
nos πcontêineres, sem ter que depositar os πcontêineres em uma superfície plana como no
armazenamento convencional, abrindo uma grande variedade de oportunidades de inovação
(FAZILI et al.,2017). É bem possível que um πarmazém receba de um cliente πcontêineres
compostos, desmonteos, armazene seus πcontêineres constituintes, e então seja solicitada a
remessa de alguma combinação dos πcontêineres do cliente, de forma independente ou
conjunta como um πcontêiner composto recémconstruído. Nesses casos, o πarmazém
incorpora um πcompositor ou explora um πcompositor próximo que não faz parte da sua
estrutura. Nos πarmazéns, a capacidade e velocidade de recebimento e envio de πcontêineres,
capacidades dimensionais de πcontêiner, segurança, visibilidade e condicionamento são
fatores importantes para realizar suas atividades. Estes, podem possuir formas variadas, como
πsistemas de armazenamento dentro das instalações, πinstalações de armazenamento ou π
locais que armazenam πcontêineres na área externa, como um πpátio.
Os πentradas são πnós que recebem πcontêineres e os liberam para que possam ser
acessados em uma rede privada que não faz parte da PI. Por exemplo, uma fábrica que não é
habilitada internamente para a PI, pode ter πentradas em seus centros de recebimento e
expedição. As πinstalações de vários tipos podem incorporar πentradas e centros restritos que
não são explicitamente desta PI. Por exemplo, um πdistribuidor pode ter alguns centros fora
43
da rede PI realizando algumas operações de personalização e agregar valor em alguns tipos de
produtos embutidos em πcontêineres, de acordo com as especificações do cliente. Esses
centros podem abrir πcontêineres e realmente trabalhar em seus serviços. As πentradas
garantem a saída e a reentrada de tal centro de πcontêineres fora da Internet Física (OKTAEI,
et al., 2014).
As πentradas têm funções físicas e informativas: no lado físico, garantem a integridade
física dos πcontêineres e sua transferência física eficiente e segura para dentro e para fora dos
πmovimentador, πsistemas e πinstalações. Do lado informativo, interagem com o agente π
contêiner de modo a validar a identidade do mesmo bem como os acordos contratuais, para
iniciar seu rastreamento quando apropriado, para ser informado de seu primeiro destino dentro
da Internet física e assim por diante.
Segundo Sarraj et al. (2014), os elementos mais complexos não foram descritos, por
exemplo, os πdistribuidores são equivalentes aos centros de distribuição atuais, embora
restritos aos πcontêineres, podendo incorporar qualquer combinação dos tipos acima de πnós,
realizando operações de cross docking, como πhubs, armazenar πcontêineres como π
armazéns. Ainda há outros elementos físicos a serem definidos e, observase uma grande
oportunidade de inovação trazida pela introdução do conceito da Internet Física, seja para
fornecedores de tecnologia de manuseio de materiais e/ou designers de instalações logísticas.
Compreender o conceito da Internet Física é contribuir para descobrir uma grande
variedade de novos e importantes caminhos de pesquisa, sendo que cada elemento físico da PI
requer melhor caracterização, modelagem, prototipagem e teste. Para Sarraj et al. (2014) é na
interação entre πcontêiner, πmovimentadores, πnós e engenharia que se encontra uma
oportunidade de pesquisa, tanto entre as interfaces físicas como nas informativas e financeiras
de modo a obter uma transformação gradual dos conjuntos existentes de contêineres,
movimentadores, sistemas, instalações, locais e protocolos ao longo de um roteiro para uma
implementação completa da Internet Física.
2.4. MARCOS DA IMPLANTAÇÃO DA INTERNET FÍSICA
Nos últimos anos, o grupo de pessoas e organizações desenvolvendo e apoiando a PI, se
encontra principalmente na Europa. O grupo Alliance para Inovação Logística por meio da
Colaboração na Europa (ETPALICE ou ALICE), foi formado para alinhar os interesses das
partes interessadas (ETP, 2021). Este grupo preparou planos sobre como alcançar a implantação
da Internet Física em 2050 por meio de um conjunto de roteiros destinados a influenciar
financiadores de pesquisa, como a Comissão Europeia que tem apoiado financeiramente a
44
pesquisa sobre Internet Física (PAN et al., 2017). Pesquisas futuras devem se concentrar em
novos conceitos de colaboração horizontal e vertical completa da cadeia de suprimentos, que
por meio do aumento da colaboração e coordenação pode resultar na Internet Física (CHEN et
al., 2017)
A Plataforma Tecnológica Europeia ALICE foi criada para desenvolver uma estratégia
abrangente para a pesquisa, inovação e implantação no mercado de logística e inovação na
gestão da cadeia de abastecimento na Europa. Baseiase no reconhecimento da necessidade de
uma visão abrangente sobre logística e planejamento e controle da cadeia de suprimentos, na
qual transportadores e prestadores de serviços de logística colaboram estreitamente para
alcançar operações logísticas e de cadeia de suprimentos eficientes (ETP, 2021).
O roteiro proposto pelo grupo ALICE, para a visão da Internet Física nos anos 2050,
descreve algumas etapas necessárias de pesquisa e desenvolvimento, mas não os mecanismos
de adoção, ou seja, como o conceito poderia ser disseminado, assumindose que a adoção é
desejável com base nos efeitos positivos declarados da PI. O projeto também sugere que haja
uma abordagem ascendente para a adoção da Internet Física tornando a viável.
Assim, podese apresentar de forma sucinta os seguintes estágios da Internet Física
previstos para os próximos anos (ETP, 2021):
• 2020 Alinhamento total da economia, metas ambientais, sociais e de segurança,
• 2030 Tomada de decisão integrada na cadeia de suprimentos ponta a ponta,
• 2040 Obtenção de cadeias de abastecimento seguras e protegidas para economia circular,
• 2050 Funcionamento da Internet física.
As ações previstas pelo grupo ALICE estão focadas em 5 pontos:
• Cadeias de abastecimento sustentáveis, seguras e protegidas;
• Trajetos, hubs e sincromodalidade;
• Sistemas de informação para interconectados;
• Colaboração Logística;
• Coordenação da rede de abastecimento global;
• Logística urbana.
Tais ações integram agentes representados na Figura 13, sejam eles empresas, governos,
pesquisadores e sociedade:
45
Figura 13 Atuantes da implementação da PI
Fonte: Autor (2021).
Na visão do grupo ETP (2021) a logística do futuro, de global a urbana, será baseada
em um grande sistema aberto global contendo subsistemas, permitindo que ativos e recursos
em redes logísticas sejam interconectados, facilitando seu uso ao máximo de capacidade e
produtividade, enquanto aumenta a agilidade e resiliência das cadeias de abastecimento.
Embora esta seja uma visão para o futuro da Logística, devese observar quais os caminhos as
empresas estão seguindo no Brasil nesse sentido, especialmente, onde existem alguns
obstáculos de infraestrutura e financeiros para implementar algumas melhorias. Devese
verificar quais ações de inovações no sentido tornar a PI uma realidade está sendo realizadas,
como estudos para possibilitar a padronização de modelos de contêineres no transporte
internacional, compartilhamento de dados, compartilhamento de infraestruturas, e ações que
possibilitem distribuições hiperconectadas, para que a logística brasileira acompanhe as
tendências mundiais.
46
3. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste estudo algumas etapas foram realizadas:
1. Identificação de publicações científicas existentes a respeito da Internet Física no
intuito de caracterizála, identificando seus principais componentes;
2. Verificação na literatura sobre oportunidades e desafios vislumbrados pela adoção
da PI;
3. Execução de entrevistas com componentes representantes da PI (indústrias,
terminais portuários, transportadoras) no intuito de obter a percepção dos mesmos quanto a
oportunidades e desafios de adoção da PI;
4. Relato das conclusões sobre oportunidades e desafios para adoção da PI no cenário
brasileiro
Iniciandose pela busca bibliográfica sobre o tema (PI) e conceitos relacionados,
utilizouse a plataforma de dados Periódicos da Capes, onde obtevese acesso a artigos
científicos, relatórios, tese de doutorado e livros que abordam diretamente o conceito de
Logística “Internet Física”. A fim de delimitar o escopo de busca utilizaramse as seguintes
palavraschaves de busca em inglês: Logistics; Transport; Supply; Distribution; Supply chain
que foram adicionadas à busca do termo Internet Física. O resultado desta busca deu origem à
revisão e comparação das contribuições, principalmente, dos autores: Montreuil et al. (2014),
Treiblmaier et al., (2016), Pan et al., (2017), e recentemente PLASCH et al., (2021). Foi então
analisado, estruturado e apresentado o conteúdo científico encontrado sobre a Internet Física:
caracterizando o tema de estudo, relatando as contribuições já estudadas e apresentando os
principais componentes físicos que compõe a PI, bem como um roteiro atual de implementação
da PI.
Já na terceira etapa pretendeuse identificar o nível de conhecimento sobre o conceito
de Internet Física em empresas que utilizam/realizam serviços de logística/transporte. Para isso
foram realizadas entrevistas com representantes de empresas e operadores logísticos brasileiros.
E por fim, na quarta etapa, houve a sintetização das informações obtidas durante a realização
das entrevistas, agrupando as respostas em categorias.
47
3.1. ENTREVISTA
Na etapa de coleta de dados, utilizouse a entrevista semiestruturada qualitativa. De
acordo com Yin (2016), a pesquisa qualitativa é uma área de investigação que se caracteriza,
principalmente, por investigar processos relativos à existência dos indivíduos captando, por
meio de técnicas adequadas, as visões, concepções e perspectivas. E segundo Kauark et al.
(2010), a pesquisa qualitativa pode ser considerada como a que prevê uma existência de
relações entre os sujeitos envolvidos na pesquisa e o meio no qual está inserido. Os conceitos
apresentados se aplicam na proposta deste estudo, que deseja verificar a opinião dos
entrevistados baseado nas experiências de suas carreiras e atividades exercidas.
A diretriz da entrevista proposta propõe a identificação do estágio atual de
operação/tecnologia empregado no sistema logístico e de transporte pelas empresas
entrevistadas, bem como a identificação das oportunidades e desafios de adoção da Internet
Física. Buscouse garantir um clima de confiança para que o respondente ficasse à vontade para
se expressar livremente. A entrevista teve a participação individual de 16 representantes de
empresas e operadores logísticos brasileiros, os quais responderam a 15 questões sobre pontos
relevantes para o contexto de Internet Física, cujos quais foram já abordados no Capítulo 2.
As principais categorias de assuntos abordados durante a entrevista foram:
● Padronização de embalagens;
● Digitalização de processos e interfaces;
● Compartilhamento de dados e
● Compartilhamento de infraestrutura;
● Colaborações horizontais;
● Sobre segurança de dados;
● Sobre tendências de modernização de processos e expectativas futuras
No apêndice A, encontrase o questionário completo aplicado aos entrevistados
durante as entrevistas. Tais entrevistas foram realizadas e gravadas por meio de
videoconferências utilizando a plataforma Google Meet, posteriormente transcritas e analisadas
a partir das categorias citadas. As entrevistas ocorreram na primeira quinzena do mês de agosto
de 2021, o público alvo foram pessoas atuantes na área logística no Brasil. No total foram
contatadas 28 pessoas por indicações, emails e mensagens via Linkedin, dos quais 16 foram
respondentes, se caracterizando como uma amostragem intencional, que é um método de
amostragem não probabilístico, isso ocorre quando os elementos selecionados para a amostra
são escolhidos pelo critério do investigador (MANZATO E SANTOS, 2012).
48
Para uma compreensão do termo e certificação de que todos os entrevistados tiveram
acesso ao nível mínimo de entendimento do tema, inicialmente foi realizada uma apresentação
do tema (PI) aos mesmos, para que pudessem se ambientar com o assunto e, da mesma forma,
promover o conceito de Internet Física. Durante a realização das entrevistas procurouse
explorar as opiniões, experiências, crenças e motivações dos entrevistados no contexto do
estudo, além de investigar possíveis oportunidades e dificuldades vislumbrados para a
implementação da PI no cenário brasileiro.
49
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados das entrevistas realizadas com os
representantes de empresas e operadores logísticos brasileiros, apontando suas opiniões/visões
sobre a implementação da PI no Brasil.
Para a obtenção dos dados deste estudo um grupo de profissionais atuantes na área
logística, com cargos de diretores, gerentes, coordenadores, analistas e técnicos, foi
entrevistado. Dentre o grupo de entrevistados, nove são representantes de indústrias, que
realizam a distribuição de seus itens para todo o Brasil (seis delas possuem sede internacional),
e um representante é do setor varejista, cujo grupo representa 600 lojas no Brasil e exterior. A
fim de englobar outros pontos dentro da cadeia de distribuição o grupo de entrevistados também
conta com três representantes do setor portuário, dois representantes de empresa de soluções
logísticas e um representante do transporte de carga rodoviária.
Todas as empresas entrevistadas utilizamse de transporte multimodal para exportar
e/ou importar suas cargas e utilizam frota terceirizada para distribuição de seus produtos no
mercado. Todos os entrevistados possuem cargos envolvidos com a área de logística nas
empresas em que atuam. O porte das empresas dos entrevistados foi classificado a partir da
escala determinada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIBGE (2013), por
número de colaboradores.
Indústria:
• Micro: com até 19 empregados
• Pequena: de 20 a 99 empregados
• Média: 100 a 499 empregados
• Grande: mais de 500 empregados
Comércio e Serviços:
• Micro: até 9 empregados
• Pequena: de 10 a 49 empregados
• Média: de 50 a 99 empregados
• Grande: mais de 100 empregados
O Quadro 3 apresenta a região do Brasil em que o entrevistado trabalha e o seu cargo
na empresa e o porte dela.
50
Quadro 3 Identificação dos entrevistados
Atividade que a
empresa em que o Cargo do Porte da
Identificação Matriz
entrevistado entrevistado empresa
realiza
Indústria
Especialista em
AI Eletrodoméstico SC Grande
processo e logística
linha branca
Indústria Máquinas
Coordenador
BI e equipamentos SC Grande
logística
automotivos
Indústria Materiais
CI SP Diretor Médio
de construção
Indústria
Gerente logística
DI Eletrodoméstico SC Grande
internacional
linha branca
Coordenador de
Indústria Máquinas
melhoria contínua
EI e equipamentos SC Médio
de processos e
automotivos
logística
Indústria Máquinas
Gerente de Supply
FI e equipamentos SC Grande
Chain
médicos
Indústria Materiais Coordenador
GI SC Grande
de construção logística
Indústria Máquinas
HI e equipamentos SC Analista de logística Grande
industriais
Supervisor de
Indústria Materiais
II SC centro de Grande
de construção
distribuição
Rede varejista Analista de estoque
JR RS Grande
vestuário e calçados e inventários
Analista técnico em
KP Porto SC Grande
gestão portuária
Agente de obras e
LP Porto SC Grande
infraestrutura
Assistente de
MP Porto SC Grande
inovação aberta
Transporte
NT SC Diretor Médio
rodoviário de carga
Empresa de solução
OS PR Especialista Pequeno
logística
Especialista em
Empresa de soluções projetos de rede em
OS SP Pequeno
logística Cadeias de
Suprimentos
Fonte: Autor (2021)
51
4.1. FAMILIARIDADE COM O TEMA
O primeiro ponto da entrevista foi compreender o quanto o conceito de PI estava
difundido entre os entrevistados e se eles eram capazes de definilo antes da apresentação
realizado pelo autor deste estudo. Nenhum dos entrevistados conhecia o tema a ponto de defini
lo em detalhes ou caracterizálo, porém 13% dos entrevistados já haviam se relacionado com o
termo, mas não o conhecia em detalhes. Este grupo teve contato com o tema por meio de
conversas com membros de universidades e reportagens disponível em sites internacionais
referente a economia e ciência. Os demais entrevistados tiveram contato com o tema pela
primeira vez no momento da entrevista. Todos os entrevistados apoiaram a proposta
apresentada e afirmaram que a busca pelas soluções das insustentabilidades logísticas é uma
iniciativa necessária. O Gráfico 1 representa a familiaridade do termo Internet Física entre os
entrevistados.
Gráfico 1 Familiaridade dos entrevistados com o termo Internet Física
13%
88%
representadas pelos entrevistados em relação à otimização de embalagens para aproveitamento
dos espaços, padronização ou modo de envio de carga.
Todos os entrevistados afirmaram que na empresa onde atuam há análises em relação
à otimização de embalagens, porém destes, apenas 15% dos entrevistados informaram realizar
com o propósito de otimizar e ajustar o envio das suas mercadorias, 46% dos entrevistados
realizam estudos explorando o aproveitamento dos espaços da mercadoria nas embalagens e
materiais utilizados, com o propósito de redução de custo da embalagem, 31% dos entrevistados
realizam estudos apenas para garantir a integridade física dos produtos no envio e,23%
elaboram suas embalagens conforme solicitação do cliente não sendo possível realizar
alterações.
Os entrevistados afirmam que a padronização é importante, e que a melhoria do
processo de produção de embalagens e modo de envio dos itens também são diferenciais para
as empresas, porém levantam a preocupação na maneira de padronizálas, devido ao mix
variado de produtos e suas formas de envio, que podem exigir mão de obra especializada,
normas ou equipamentos diferenciados. O Gráfico 2 ilustra os propósitos de estudos das
empresas em relação a embalagens.
Gráfico 2 Estudos de padronização de embalagens nas empresas
40%
31%
30% 23%
20% 15%
10%
0%
4.3. COMPARTILHAMENTO DE CARGAS
O compartilhamento de cargas é a prática utilizada por empresas que tem como
objetivo a utilização compartilhada do veículo para otimizar os ganhos com as viagens. Neste
contexto averiguouse se atualmente já há busca por melhorias nas distribuições de produtos,
como redução de frete, redução do tempo de entrega, distribuição ampla de mercadorias
envolvendo compartilhamento de cargas. Identificouse que as empresas possuem uma equipe
focada na análise e redução de fretes e, redução do tempo de entrega (tempo de distribuição).
Todas as empresas utilizam transportadoras terceirizadas, com acompanhamento mensal da
performance das mesmas e, plano de ação em conjunto. Também é realizada a análise anual,
das transportadoras que oferecem o melhor serviço, operando com várias transportadoras por
região. Porém, as empresas nunca avaliaram a possibilidade de compartilhamento de cargas
organizado pela própria empresa; mas como todas as cargas são fracionadas, esse processo já é
feito naturalmente pelas transportadoras terceirizadas.
As empresas buscam melhorias com estudos de roteirização e presam pelo
atendimento ao cliente ao invés de consolidação das carga, entendendo como um grande desafio
o compartilhamento de carga pois há produtos que, se colocados em caixas, seguem um fluxo
padrão de transporte, porém há produtos que não são todas as transportadoras que realizam o
transporte e há itens que necessitam de manuseio especial ou regra de transporte específica,
dificultando o compartilhamento de carga e também a padronização de embalagens citado
anteriormente.
4.4. COMPARTILHAMENTO INFRAESTRUTURA
Na PI o papel dos armazéns e centros de distribuição mudará para centros abertos, que
recebem e fazem o cross dock de contêineres de diversas empresas, ocorrendo a abertura de sua
infraestrutura para outros prestadores de serviços. Nesse cenário investigouse se as empresas
planejam compartilhar a infraestrutura com outras empresas e, como consideram a gestão destes
centros.
Nenhuma das empresas entrevistas tem projetos com expectativa de compartilhar
infraestrutura. Alguns entrevistados consideram as instalações físicas das empresas como um
diferencial estratégico nas suas operações, relacionandoo à vantagem industrial; também há
uma parcela (38%) dos entrevistados que já utilizam compartilhamento de armazéns, mas
operados por empresas terceiras. Os entrevistados veem o compartilhamento de infraestrutura
54
como um desafio para as empresas, e que na colaboração horizontal devem garantir o sigilo de
informações.
Para os entrevistados é unânime a necessidade dos centros e armazéns serem
operadores por um parceiro neutro/independente, nada ou pouco envolvido na indústria, para
que não haja vantagens entre empresas, preferências em situações de gargalos e, para que
mantenham o sigilo e privacidade das informações manipuladas.
4.5. DIGITALIZAÇÃO
O envio de embalagem no fluxo proposto pela PI disponibiliza acesso a dados de
identificação e rastreio e, nesse contexto buscouse identificar quais tipos de etiquetas as
empresas representadas pelos entrevistados utilizam e, se há rastreabilidade dos produtos
enviados, além de elencar o que os entrevistados acreditam ser os maiores desafios de
digitalização dos processos nas empresas.
Todas as empresas entrevistadas utilizam código de barras para o controle de estoque
internamente, almoxarifado e estoque em processo. Dentre os entrevistados, 54% operam com
código de barra EAN (European Article Number) para todos os produtos distribuídos e 31%
estudam a viabilidade de implantar a RFID em seus processos. Também há 7% das empresas
que utilizam RFID em todo seu processo, e 7% das empresas utilizam RFID em apenas um dos
processos (por exigência do cliente).
Existe o controle para o acompanhamento da entrega dos pedidos, dentro do sistema
das empresas. Esse controle é realizado com as transportadoras, com rastreabilidade da nota
fiscal e feito pela troca de EDI Intercâmbio Eletrônico de Dados (Electronic Data
Interchange); e em uma das empresas representadas pelos entrevistados o registro é feito por
foto (ao retirar a mercadoria e ao entregar realizam o registro e arquivam em um sistema
mobile). O EDI é uma tecnologia que possui o objetivo de padronizar e otimizar a comunicação
entre sistemas de informação variados. Essa troca de informações é viabilizada quando as
empresas que desejam realizar a troca de dados sigam um padrão, que precisa ser estabelecido
entre elas. A rastreabilidade então fica por conta das transportadoras, que por sua vez possuem
projetos ligados à rastreabilidade da frota, mas não ligada à carga (IMB, 2021).
Os entrevistados afirmam que rastreamento e disponibilidade de informações sobre
os produtos tem sido exigências cada vez mais constantes por parte dos clientes e acreditam
que o desenvolvimento de etiquetas inteligentes seja uma tendência.
55
No processo de digitalização 16% dos entrevistados acreditam que a digitalização
externa, ou seja, a criação de interfaces com os clientes será um grande desafio; 18% avaliam
que o investimento em processamento de dados (softwares, acesso a nuvem, entre outros), seja
um ponto desafiador dentro dos orçamentos das empresas; 20% veem a padronização de envio
de mercadoria como sendo a ação mais desafiadora no perfil das empresas, pois avaliam a
demanda do cliente e ações necessárias para essa ação ocorrer.
Ainda, 16% das empresas entrevistadas avaliam que a troca de dados com outras
empresas será um desafio pois exigirá uma mudança cultural por parte das mesmas; 11%
acreditam que as mudanças nos perfis profissionais deverão acontecer, pois os profissionais
deverão distinguir que a tecnologia é uma ferramenta para melhorar o desempenho do
profissional e não a substituição do profissional, além de buscar estar sempre inteirado dos
novos conceitos.
Dentre os questionados, 11% apontam necessidade de constante atualização das
tecnologias como um desafio por conta dos investimentos e tempo de adaptação das
tecnologias; 7% citaram outros desafios a serem tratados a partir da implementação da PI como:
manter a qualidade no atendimento ao cliente, a dificuldade de comprovação de retorno sobre
os investimentos em tecnologia e falta apoio e governamental, sugerindo a criação de uma
autoridade de inovação que estimule com concursos e financiamentos.
O Gráfico 3 elenca a visão dos entrevistados quanto aos maiores desafios que as empresas terão
no que diz respeito à digitalização frente à Internet Física.
56
Gráfico 3 Desafios para digitalização nas empresas
0%
Gráfico 4 Colaboração horizontal nas empresas
58%
A) Nenhuma.
B) Pouca ou limitada experiência
C) Membros de cooperativas.
D) Tem experiência com muitas parcerias.
Fonte: Autor (2021).
As experiências citadas pelos entrevistados em relação a parcerias com empresas
concorrentes acontecem quando elas possuem problemas em comum e buscam soluções para
resolver conjuntamente e, também, para negociar preços praticados no mercado; mas ainda
veem essa colaboração como situação pontual. Uma parcela (31%) dos entrevistados afirma
ainda que é inconcebível a prática de colaboração com empresas correntes. Os entrevistados
acreditam que o processo de colaboração seja importante e de grande aprendizado, mas que a
cadeia de suprimentos brasileira ainda precisa amadurecer muito antes desse processo,
necessitando transparecer confiabilidade e proteção de dados ao realizálas.
4.7. SEGURANÇA DE DADOS
Como as abordagens colaborativas levam a um compartilhamento mais aberto de
dados entre os parceiros da cadeia de suprimentos, todos os entrevistados afirmaram que a
segurança em termos de fluxos de dados e informações relacionados à infraestrutura
compartilhada, é de vital importância e que a proteção de dados e privacidade devem ser
garantidas. O Brasil vem se desenvolvendo nos protocolos de segurança de dados, e as empresas
tiveram que se adequar à Lei Geral de Proteção de Dados LGPD (Lei n. 13.709/2018),
legislação específica para proteção de dados e da privacidade dos seus cidadãos, que entrou em
vigor em setembro de 2020.
58
Para a prática de compartilhamento de dados com outras empresas 8% dos
entrevistados afirmaram que a prática é inconcebível porque os dados devem permanecer
"internos". Já 38% dos entrevistados acreditam que a segurança dos dados deve ser garantida,
mas como é necessário colocar os dados à disposição dos trabalhadores, a proteção dos dados
é difícil de garantir. A maior parcela dos entrevistados (54%) alega que deverá ser garantido
que não ocorram falhas do servidor em um sistema de rede, para que não seja disponibilizadas
informações além das permitidas pelas empresas. As afirmações sobre compartilhamento de
dados entre as empresas são representadas no Gráfico 5.
Gráfico 5 Compartilhamento de dados entre as empresas
8%
54% 38%
20% 19%
15%
15%
11%
10%
5%
0%
A) Big data; B) Internet das coisas; C) Impressão 3d; D) Indústria 4.0; E) Outros.
Fonte: Autor (2021)
Os portos brasileiros possuem um sistema de informação que tem como objetivo
principal reunir em um único meio de gestão as informações e a documentação necessárias para
agilizar a análise e a liberação das mercadorias no âmbito dos portos brasileiros, e já possuem
iniciativas para se tornarem um porto inteligente desenvolvendo tecnologia para resolver os
desafios internos e externos da organização e, para facilitar o movimento de mercadorias,
entrega de serviços e fluxo de informações de forma eficiente.
Os entrevistados pontuam que há necessidade de implementar novas tecnologias para
otimizar a administração do negócio, como gerir as informações obtidas externamente para
desenvolver soluções ainda melhores aos consumidores e aos próprios colaboradores, sendo
60
Gráfico 7 Desafios esperados pelos entrevistados com implantação da PI
0%
A) Melhor utilização das instalações de armazenamento.
C) Custos associados.
D) Redução de CO₂
essa mudança estrutural dentro da cadeia. Investimentos na ciência para alcançar a almejada
evolução é desejável.
A expectativa dos entrevistados é que as empresas de transporte e logística proponham
serviços integrados, que tragam um diferencial para a indústria, elimine operações excedentes
e aumente distribuição de seus produtos.
Diante de inúmeras visões elencadas pelos entrevistados podese resumir as principais
oportunidades e desafios da implantação da PI no Brasil no Quadro 4.
Quadro 4 Oportunidades e desafios da implantação da PI no Brasil
Proposta PI Desafios Oportunidades
Contextualização 88% dos entrevistados Fomentar o tema
não conheciam o tema entre as empresas
buscando abordagens
colaborativas
Padronização de Algumas embalagens Buscar otimização do
embalagens atendem demanda transporte de carga,
conforme necessidade do investimento em
cliente. Há também mix rastreabilidade dos
variado de produtos com produtos.
necessidade de manuseio
e embalagens
diferenciadas.
Compartilhamento Nenhuma empresa Redução de despesas
de cargas realiza essa prática, operacionais,
utilizam transporte compartilhando de
terceirizado. forma eficiente os
recursos de
transporte e serviços
logísticos.
Compartilhamento Nenhuma das empresas Redução de despesas
de infraestrutura dos entrevistados tem operacionais,
projetos com expectativa compartilhando de
de compartilhar forma eficiente os
infraestrutura. recursos estoque e
Consideram as consolidação de
instalações físicas das terminal.
empresas como um
diferencial estratégico
nas suas operações.
Digitalização Padronizar o envio de Necessário
mercadorias e troca de desenvolver
dados com outras rastreabilidade e
empresas. sistemas acessíveis
Colaboração Poucas empresas Explorar as
horizontal praticam colaboração possibilidades de
horizontal. Necessário negócios com
mudança cultural. colaborações.
64
5. CONCLUSÃO
Neste trabalho, buscando alcançar o objetivo geral, caracterizar o conceito de Internet
Física bem como identificar oportunidades e dificuldades de implementação no cenário
brasileiro, realizouse uma revisão bibliográfica a fim de caracterizar o conceito de Internet
Física identificando seus principais componentes; detalhouse os principais componentes
físicos, verificouse na literatura as contribuições propostas e o marco de implantação da PI.
Foi desenvolvido um questionário a ser respondido por representantes de empresas e operadores
logísticos brasileiros a fim de investigar possíveis oportunidades e desafios da implementação
de Internet Física nas cadeias logísticas onde estão inseridos. Por fim avaliaramse os resultados
da entrevista no intuito de investigar o grau de interesse dos respondentes em participar da
Internet Física bem como oportunidades vislumbradas e desafios encontrados relacionadas às
mudanças oriundas das redes logísticas abertas.
Esse trabalho do ponto de vista teórico ajuda suprir a lacuna de pesquisa sobre o tema
“Internet Física” para sua posterior implementação por representantes de empresas e operadores
logísticos brasileiros, auxiliando acadêmicos para novos trabalhos, identificando novas
oportunidades de pesquisa. Já do ponto de vista prático auxilia os gestores a identificar temas
relevantes da Internet Física e acompanhar o que os especialistas da área apontam como ponto
importante e potenciais barreiras à implementação da PI.
Apesar desse trabalho trazer contribuições práticas e teóricas ele apresenta limitações,
como por exemplo, insuficiente material bibliográfico disponível para expansão da
caracterização do termo PI; como as entrevistas ocorreram com representantes de empresas na
maioria de grande porte, não foram avaliadas pequenas e médias empresas, nem empresas
prestadoras de serviço e clientes, fato a ser levado em conta na continuidade deste estudo.
O número de entrevistados também é um fator limitante da pesquisa, não abrangendo
diferentes fatores contextuais das empresas, de diferentes portes, ramos de negócios e regiões.
Assim, sugerese a revisão e reaplicação do questionário às empresas, a fim de ampliar
informações sobre dados de implementação da PI no Brasil, criando indicadores para direcionar
esta implementação.
Diante do exposto, são sugeridos três direcionamentos de pesquisa para trabalhos futuros, sobre
os seguintes temas: 1 Realizar uma nova entrevista estruturada com diferente contexto
estrutural, indústria, empresa de serviço/comércios, de diferentes portes e avaliar se o contexto
apresenta diferenças entre oportunidades e desafios oriundos das empresas; 2 Propor a análise
de logística reversa para utilização do πcontêiner e, por fim, “3Desenvolver indicadores para
66
analisar quais pontos evolutivos a logística brasileira precisa desenvolver para implementação
da Internet Física”.
67
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71
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72
APÊNDICE A – Questionário aplicado durante as Entrevistas
O propósito da realização de entrevista com possíveis agentes da Internet Física
(indústrias, transportadoras, operadores logísticos) é a caracterização e disseminação dos
conceitos da Internet Física além de verificar o que os mesmos vislumbram a respeito deste
tema. O estudo explora as opiniões, experiências, crenças e motivações dos prestadores de
serviços no contexto da Internet Física, para contribuir com os primeiros passos em direção à
implementação da Internet Física no Brasil.
Identificação
Entrevistado:
Empresa:
Ramo da empresa:
Local de instalação da empresa:
Setor da empresa que o entrevistado atua:
Cargo:
Frota própria ou terceirizada:
Quantos centros de distribuição a empresa possui?
A empresa realiza exportações?
A empresa realiza importações?
São dependentes do transporte multimodal?
Sobre conceito
1)Você já estava familiarizado com o termo Internet Física, seria capaz de definilas?
Sobre padronização de embalagens
2) A empresa possui algum trabalho específico em relação à otimização de embalagens, ou
modo de envio de carga?
Sobre o compartilhamento de cargas
3) Empresa possui algum projeto que busca melhorias adicionais na distribuição de produtos,
como redução de frete, redução do tempo de entrega, distribuição ampla de mercadorias? Se
sim, esse projeto envolve compartilhamento de cargas?
Sobre a digitalização
4) Trabalham com etiquetas inteligentes?
5) Possui algum processo que envolve identificação, rastreamento de produtos?
6) Quais os maiores desafios futuros das empresas no que diz respeito à digitalização?
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A) Digitalização externa, criar interfaces com os clientes;
B) Investimento de processamento de dados;
C) Padronização de envio de mercadoria;
D) Troca de dados com outras empresas;
C) As mudanças nos perfis profissionais;
F) Necessidade de constante atualização das tecnologias;
D) Outro. Qual?
Sobre compartilhamento de infraestrutura
7) Como na Internet Física o papel dos armazéns e centros de distribuição mudará para centros
abertos, que recebem e fazem o cross dock de contêineres de outras empresas, deve ocorrer a
abertura de sua infraestrutura para outros prestadores de serviços. Imaginam compartilhar a
infraestrutura?
8) Os centros serão operados por um parceiro neutro/independente, nada ou pouco envolvido
na indústria. Consideram importante que o armazém ou o centro de distribuição seja 100%
neutro e independente?
Sobre colaborações horizontais
9) A empresa realiza colaboração horizontal?
A) Nenhuma.
B) Pouca ou limitada experiência com colaborações horizontais.
C) Membros de cooperativas.
D) Tem experiência com muitas parcerias.
10)Sobre a cooperação com concorrentes (que atuam exatamente no mesmo ramo de negócios
e na mesma região), o que acham?
Sobre segurança de dados
11) Como as abordagens colaborativas levam a um compartilhamento mais aberto de dados
entre os parceiros da cadeia de suprimentos, sobre questões de segurança em termos de fluxos
de dados e informações relacionados à infraestrutura compartilhada, como considera a
importância da proteção de dados e privacidade?
12) Para compartilhamento de dados a empresa onde você atua afirmaria que:
A) É absolutamente inconcebível porque os dados devem permanecer "internos".
B) A segurança dos dados deve ser garantida, mas como é necessário colocar os dados à
disposição dos trabalhadores, a proteção dos dados é difícil.
C) Deverá ser garantido que não ocorra falhas do servidor em um sistema de rede.
D) Outro. Qual seria o posicionamento?
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Sobre expectativas futuras
13) A empresa onde você atua possui projetos nos seguintes temas?
A) Big data;
B) Internet das coisas;
C) Impressão 3d;
D) Indústria 4.0;
E) Outros. Cite.
14) Selecione 03 pontos que considera mais impactante no processo de implantação da Internet
Física?
A) Melhor utilização das instalações de armazenamento.
B) Melhor utilização dos transportes.
C) Custos associados.
D) Redução de CO2.
E) Um aumento da complexidade dos processos logísticos.
F) Recrutamento de pessoal qualificado.
G) Transparência e protocolos do processo.
H) Integração do agente de carga no processo de vendas e planejamento de demanda dos
produtores.
J) Outros. Cite.
15) Modelos de negócios futuros de operadores logísticos são definidos pelas necessidades do
cliente, pelos próprios objetivos dos despachantes, bem como pelo ambiente, que é
caracterizado pela complexidade, integração, cooperação, digitalização e sustentabilidade. Qual
sua visão sobre o papel e desenvolvimento tecnológico das empresas de transporte e logística,
qual nível de importância ela terá na cadeia de suprimentos futuramente?