Opp72 - Leitura
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FEV 2023
ANO 08
TODO APOIo
ÀS
LUTAS
PODER
POPULAR
Impulsionar a luta e Páginas
06 e 07
construir o ENCLAT!
Fevereiro 2023 - Ano 08
EDITORIAL
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MOVIMENTO SINDICAL
IMPULSIONAR A LUTA E
CONSTRUIR O ENCLAT!
As centrais sindicais brasilei-
ras, tanto as oficiais quanto as que
não possuem registro formal, esti-
veram na semana passada em Brasí-
lia para entregar ao governo Lula a
pauta de reivindicações de uma
CONCLAT – Conferência Nacional da
Classe Trabalhadora que lamenta-
velmente não ocorreu.
Mas, para não dizer que não
falamos das flores, ressaltamos que
o gesto das centrais e do governo
federal que resultou na constituição
de alguns grupos de trabalho temá-
tico nos pareceu positivo, pois o diá-
logo organizado entre as partes não
ocorria desde 2019.
Quanto aos espinhos, temos
a dizer que mais uma vez foi instala-
do o velho modelo das câmaras
negociais, típico do sindicalismo
liberal de resultados e que o encon-
tro também foi precedido de um
processo de suspensão de algumas
manifestações marcadas país afora,
que foi defendido pela maioria das
centrais com diversas desculpas,
sendo a mais famosa a suposta inse-
gurança jurídica e organizativa fren- – Encontro Nacional da Classe Traba- Nossa corrente sindical, a
te às restrições de movimentação lhadora – como um dos aspectos Unidade Classista, propôs em outu-
em espaços públicos, impostas pelo organizativos fundamentais para a bro de 2021 (Código de acesso no
STF a pedido da AGU, como forma de deflagração de um processo nacio- final da matéria) a construção de
combater as ameaças golpistas. nal de reorganização e mobilização uma PLENÁRIA NACIONAL DA
O encontro também serviu da classe trabalhadora CLASSE TRABALHADORA para o
para suspender a greve nacional dos (https://pcb.org.br/portal2/28615). primeiro trimestre de 2022, com a
entregadores de aplicativos, que No atual cenário de fragmentação convocação de todos os sindicatos
resolveram recuar em troca de um em que nos encontramos de trabalhadores do Brasil e a parti-
grupo de trabalho com o governo. O (des)organizados em mais de dez mil cipação dos movimentos populares
espinho mais pontiagudo, aquele sindicatos pelo país, e com o enraiza- e da juventude, com o objetivo de
que dá título ao texto, foi o gesto mento do neofascismo bolsonarista analisar a conjuntura, construir um
realizado pelas centrais ao entrega- junto às massas e nos sindicatos, programa classista, um calendário
ram uma pauta de reivindicações entendemos que a construção de de lutas e visando construir uma
que não foi debatida com os sindica- um ENCLAT torna-se indispensável greve geral para derrotar Bolsona-
tos, com os movimentos populares e para construirmos a contraofensiva. ro. Mas, infelizmente, a direção das
com a juventude. centrais organizadas no Fórum das
Centrais resolveu convocar um even-
Sim, é isso mesmo, no início Reorganizar a classe to para “inglês ver”, fugindo do deba-
do ano passado já havíamos alerta- trabalhadora na te estratégico com a base, produzin-
do para tal fato, uma vez que defen- perspectiva classista do uma pauta consensuada com as
demos a construção de um ENCLAT candidaturas de Lula e Ciro Gomes e
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aprovando-a por aclamação em uma trais sindicais brasileiras pudessem atingidos pela carestia, pela fome e
plenária de dirigentes. entender que a classe trabalhadora pela miséria, fortalecer fóruns e
Uma verdadeira Conferên- precisa ser autora de seus projetos frentes de luta regionais, o debate
cia Nacional da Classe Trabalha- imediatos e históricos, com inde- programático com os setores orga-
dora – CONCLAT – precisaria neces- pendência de classe. Aliás, caso real- nizados e construir mobilizações e
sariamente convocar todos os sindi- mente queiramos construir revoluci- greves, tanto nas categorias que
catos de trabalhadores do país, filia- onariamente um Brasil socialista, estão sendo atacadas quanto nas
dos e não filiados às centrais, deba- devemos realizar encontros da clas- que lutam por novas conquistas.
ter por ramos e regiões, com traba- se trabalhadora de forma periódica Além disso, reafirmamos
lhadoras e trabalhadores do campo e ordinária. nosso compromisso com a constru-
e da cidade, para consultá-los e res- Mais uma vez constatamos o ção do Fórum, Sindical, Popular e da
ponsabilizá-los pela autoria da pauta chamado vício de origem, mas como Juventude em Defesa dos Direitos e
e do plano de lutas, como aliás já a história ainda não acabou, como das Liberdades Democráticas e tra-
construímos diversas na história do alguns chegaram a afirmar, inclusive balhamos para enraizá-lo em todos
movimento sindical brasileiro, com em nosso meio, amanhã vai ser os estados, como instrumento para
destaque para a Conclat de 1981, outro dia. Em um país com histórico combater a fragmentação da classe
realizada em Praia Grande/SP, que recorde de mortalidade por COVID- trabalhadora, planejar e impulsionar
contou com a participação de cerca 19 e diversas outras doenças, com a as lutas e fomentar a construção de
de 5000 trabalhadores de diversos crescente exploração e a opressão, um ENCLAT – Encontro Nacional da
ramos e de todas as regiões do Brasil com a inflação, o arrocho salarial, Classe Trabalhadora, com base na
em plena ditadura militar e que foi com a maioria esmagadora de independência de classe e na demo-
capaz de debater com qualidade a governantes e legisladores reacio- cracia operária, que convoque todos
conjuntura nacional e internacional; nários, com a fome, a miséria, o os sindicatos de trabalhadores do
aprovou uma pauta e um plano de desemprego de mais de 30 milhões, Brasil e também tenha a participa-
lutas e deliberou sobre uma comis- incluídos os desalentados e os que ção dos movimentos populares e da
são para organizar a fundação da trabalham sem registro, com um juventude, para debater a história e
CUT – que, naquele momento, déficit de moradias e de saneamen- a conjuntura, construir um progra-
representava a retomada de um to básico gigantesco e com o avanço ma emergencial e um calendário de
sindicalismo combativo e capaz de da destruição do meio ambiente, lutas nacional, inclusive com a con-
impulsionar as lutas para a vitória típico do modo de produção capita- vocação de uma greve geral para
sobre a ditadura militar-burguesa. lista, reforça-se a necessidade de um lutar pela revogação da emenda do
Infelizmente, os passos trabalho ativo para, a partir dos seto- teto de gastos, das contrarreformas
dados pelo Fórum das Centrais Sin- res organizados, desenvolver cons- trabalhista e previdenciária e das
dicais, desde a sua fundação e os ciência de classe e um sindicalismo privatizações e para mobilizar a clas-
primeiros passos de 2023, nos combativo. se trabalhadora para muito além das
demonstram mais uma vez que eleições.
ainda não aprenderam com as duras Trabalho de base, lutas nos Avante, camaradas!
lições da luta de classes e com o locais de trabalho e nas ruas! VAMOS CONSTRUIR O PODER
saldo histórico de derrotas, em vir- POPULAR E O SOCIALISMO!
tude da adoção de uma estratégia
de conciliação com setores da classe É tarefa primordial continuar mobili- É FORÇA E AÇÃO, AQUI É O
dominante que facilitaram o des- zando trabalhadores e trabalhado- PARTIDÃO!
monte dos parcos avanços civilizató- ras, sindicatos, movimentos popula- Secretaria Sindical do Partido
rios dos governos de Lula, o caminho res e a juventude nos locais de traba- Comunista Brasileiro – PCB
para o golpe de 2016 e para o enrai- lho, moradia e estudo, nos pontos
zamento do neofascismo bolsona- de ônibus, barcas, metrôs e trens,
rista. Os anos de Bolsonaro, Temer, para construirmos e enraizarmos a
o golpe contra Dilma e os anos de urgência das lutas. Também deve- Fortalecer a luta
conciliação dos governos do PT não mos manter e ampliar as ações de sindical e construir o
foram suficientes para que as cen- solidariedade com os setores mais futuro Socialista:
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LUTAANTIMANICOMIAL
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INTERNACIONAL
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HISTÓRIA
Um dos fundadores do Parti- sobre o tipo de sociedade que deve- mentos de libertação nacional.
do Africano para a Independência da ria ser construída quando alcançado Em fevereiro de 1972, foi a
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), em esse objetivo. Seu discurso em rela- Addis Abeba prestar depoimento
1956, Amílcar Cabral estudava mui- ção ao sistema socialista era claro: perante a 163ª Sessão do Conselho
tos anos antes os problemas relati- “Os partidos políticos que dirigiram de Segurança e convidou o organis-
vos ao colonialismo português e a conquista do poder pelo povo nos mo a enviar uma comissão ao interi-
participou em diversas atividades na países que hoje são socialistas eram or da Guiné para confirmar a existên-
defesa da emancipação dos povos partidos comunistas, cuja ideologia cia das zonas já libertadas pelo
coloniais. consistia na defesa intransigente PAIGC. O esforço diplomático foi
Amílcar Cabral, nascido na dos interesses das massas explora- acompanhado da criação de uma
Guiné-Bissau em 12 de setembro de das – operários, camponeses e organização econômica e política
1924, de pais cabo-verdianos, tinha outros trabalhadores explorados – e nas zonas libertadas. Toda a orienta-
passado a infância em São Vicente e que preconizavam a luta política, ção econômica do PAIGC tinha por
prosseguiu seus estudos no Institu- através da organização dessas mas- preocupação a gradual melhoria do
to Superior de Agronomia, em Lis- sas exploradas, para acabar definiti- nível de vida das populações destas
boa, onde chegou em 1945. Quando vamente com a sociedade capitalis- zonas: aumentou a produção e a
se iniciou a Guerra Colonial, Cabral ta e, em consequência, com a explo- diversificação das culturas, criaram-
tinha um conhecimento sobre a geo- ração do homem pelo homem”. se os Armazéns do Povo para forne-
grafia, a economia e a sociologia dos A escolha pela luta armada cer à população artigos de primeira
povos do seu país comparativamen- em grande medida dependeria da necessidade.
te superior ao de muitos nacionalis- rede de solidariedade internacional, A independência foi procla-
tas em fases similares noutras e a decisão só seria tomada quando mada unilateralmente em 24 de
regiões. Conhecia a estrutura agrá- se considerassem esgotadas as ten- setembro de 1973 e consagrada em
ria da Guiné profunda, tendo esta- tativas de ação legal dos grupos naci- 10 de setembro de 1974, após a revo-
belecido contato direto com as pes- onalistas, que se chocavam sempre lução de 25 de abril em Portugal.
soas mais influentes dos vários com a barreira levantada pelas auto- Amílcar Cabral já não assistiria ao
grupos étnicos. ridades colonialistas portuguesas. desfecho da luta à qual tinha dedica-
O PAIGC fixou como objeti- Dizia ele: “Nunca é demais repetir- do a sua vida, tendo sido assassinado
vos políticos centrais a liquidação da mos que o objetivo fundamental da em 20 de janeiro de 1973. Pela inteli-
dominação colonial portuguesa, a nossa resistência armada é realizar gência com que articulou politica-
criação das bases indispensáveis aquilo que não conseguimos só com mente as posições de um povo em
para a construção de uma vida nova a política”. luta pela sua libertação, sem abrir
para o povo da Guiné e Cabo Verde, a Em junho de 1962, Cabral mão de princípios, Amílcar Cabral foi
construção da paz, do bem-estar e representou pela primeira vez o capaz de propor, junto das reivindi-
do progresso contínuo. Definiu-se PAIGC perante a ONU, através de um cações de uma luta anticolonial, um
como partido democrático, progres- documento intitulado “O povo da projeto de país para muito além da
sista, anticolonialista e anti- Guiné perante as Nações Unidas”. independência formal.
imperialista. Em janeiro de 1966, em Havana, no
Tendo como prioridade polí- decorrer da Tricontinental – Organi-
tica a libertação do território do zação de Solidariedade dos Povos da
Leia na íntegra o artigo
domínio colonial português, Cabral Ásia, África e América Latina, fez
de Sofia Lisboa, do Portal
deixou pistas em vários momentos uma intervenção desenvolvendo a ABRIL ABRIL, em:
análise da marcha da luta dos movi-
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SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA
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Paulo da Portela: o
Cidadão Samba e o PCB desfile fora de época com as princi-
pais agremiações cariocas. Em 1947,
a prefeitura do Rio de Janeiro resol-
veu fundar uma federação brasileira
de escolas de samba com o propósi-
to de esvaziar a União Geral das Esco-
las de Samba (UGES), entidade que
contava em seu interior com a parti-
cipação dos comunistas e por isso foi
apelidada de União Geral das Escolas
de Samba Soviéticas. Quando o PCB
foi cassado pelo regime de Dutra, a
sede da UGES chegou a ser lacrada
por alguns dias pela polícia.
Paulo da Portela prosseguiu
sua carreira artística até a prematura
e súbita morte em 30 de janeiro de
1949, às vésperas da grande festa
popular. Seu enterro, no cemitério
de Irajá, reuniu mais de 10 mil pesso-
as em cortejo que passou pelas ruas
dos bairros do subúrbio carioca,
Uma das maiores lideranças Em 1945 engajou-se na ativi-
num dos mais “impressionantes
populares do mundo do samba foi dade política, participando de comí-
acontecimentos da época”, segun-
Paulo Benjamin de Oliveira, popular- cios do Partido Comunista (PCB) e
do Nei Lopes.
mente conhecido como Paulo da candidatando-se a vereador pelo
Portela, nascido no Rio de Janeiro, PTN (Partido Trabalhista Nacional), Intérprete do Brasil e do Rio
em 18 de junho de 1901. O apelido com apoio do Jornal Diário Traba- de Janeiro, Paulo da Portela é um
que virou sobrenome é uma refe- lhista e de entidades ligadas ao car- símbolo de resistência e orgulho
rência à Estrada do Portela, uma via naval, mas não conseguiu êxito na para a população negra. Muito con-
que corta os bairros de Madureira e eleição. Foi um grande articulador tribuiu para que o sambista não
Oswaldo Cruz. político, reunindo o mundo do fosse mais visto como um marginal
samba para reivindicar o auxílio pela sociedade que sempre identifi-
Foi um dos fundadores da
financeiro do Estado às escolas de cou nas manifestações afro-
Escola de Samba Portela, originada
samba, “divertimento máximo do brasileiras uma ameaça à ordem. No
do Conjunto Carnavalesco Oswaldo
povo”, conforme entrevista conce- centenário da Escola de Samba Por-
Cruz, por sua vez surgido do bloco
dida ao Jornal Tribuna Popular, liga- tela, é mais do que justo reverenciar
Baianinhas de Oswaldo Cruz (1923),
do ao PCB. No Carnaval de 1946, a memória de um de seus principais
que já continha o embrião da primei-
organizou a homenagem ao retorno fundadores e grande liderança no
ra diretoria portelense, com Paulo
dos pracinhas da FEB (Força Expedi- mundo do samba.
da Portela, Alcides Dias Lopes ("Ma-
landro Histórico"), Heitor dos Praze- cionária Brasileira), que foram lutar
res, Antônio Caetano, Antônio Rufi- na Itália contra as tropas nazifascis-
tas. Leia mais sobre a relação do PCB
no e Natalino José do Nascimento (o com o samba e a cultura popular
"seu Natal"). No início da década de Na época, o PCB participava na Agenda 2023 da Fundação
1930, o nome do bloco foi alterado de forma bastante ativa da vida das Dinarco Reis (Arte, Cultura Popu-
para Quem nos faz é o Capricho, escolas de samba, organizando reu- lar e Revolução), à venda na Vitri-
passando em seguida para Vai como niões, atividades e até comícios em ne Comunista:
Pode, até consagrar-se como Porte- suas quadras. Em 1946 diversas ati-
la. Em 1937, Paulo foi eleito Cidadão vidades da campanha eleitoral dos
Samba e organizou uma excursão de comunistas ocorreram nas escolas
sambistas pela América do Sul. de samba, e o PCB organizou um