TCC Ivan Versão Final
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PRÓ-RETORIA DE GRADUAÇÃO
ESCOLA DE GESTÃO E NEGÓCIOS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
GOIÂNIA
2021
HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO
SUCESSÓRIO E TRIBUTÁRIO E OS IMPACTOS DO PL2337/2021 *
ABSTRACT: The aim of this study is to verify what advantages a corporate restructuring
can bring to a family business by having a Family Holding as the controlling shareholder,
given the current Brazilian tax legislation and possible changes in our tax system with the
changes arising from PL2337/2021, through succession planning. For that, the data collection
was through an example case of a family business with taxation on the Real Profit. The results
showed the existence of two important factors. The first is that under current legislation, the
advantages of succession planning through the constitution of a holding are beyond tax
savings, that is, the intrinsic factor is in the creation of a Holding for improvements in the
corporate governance structure in the company, in succession operating company, without the
founding partner refraining from control or decision-making powers that are essential for the
continuity of the business. In addition, another relevant result is the advantage of the Family
Holding within an eminent legislation that allows the benefits mentioned in the previous item
*
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da Pontifícia Universidade
Católica de Goiás como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, sob a orientação
da Prof. Thaisa Renata dos Santos.
** Bacharelando em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Av. Universitária, 1440
- Setor Leste Universitário, Goiânia - GO, 74.605-010. E-mail:ivan@pucgoias.edu.br.
*** Professor Orientador do Curso de Ciências Contábeis da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
E-mail: thaisarenata@pucgoias.edu.br
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and thus will not be subject to the incidence of Income Tax and Income of Any Nature
withheld at source. Therefore, the practical application of this study is that the corporate
restructuring brings advantages to the family business.
1 INTRODUÇÃO
na empresa familiar por meio de herança, e para evitar lides resultantes desta hipótese, no
contrato social deve constar cláusulas que impeçam a entrada de novos sócios sem a anuência
dos demais, logrando sucesso então na proibição e proteção de pessoas estranhas na empresa
(GRZYBOVSKI; TEDESCO, 1998). Destaca-se ainda, que deve ser demonstrado no contrato
social da empresa formalmente o objeto social da empresa. Como explica Borba (2008, p.
2008), o objeto social que será declinado no contrato compreenderá qualquer atividade que
não demande estrutura organizacional; ou que se enquadre no conceito de atividades rurais ou
de natureza intelectual.
É necessário se atentar que a holding familiar utilizada como forma de planejamento
sucessório permite uma maior com tranquilidade no que concerne a administração dos bens,
pois, existindo a gestão da empresa pelo fundador, o mesmo administrará da melhor maneira
os bens, mantendo seu l principal em vista, que é a proteção patrimonial, evitando também
possíveis conflitos sucessórios (MARÇAL, 2020). A figura da holding aparece substituindo a
pessoa física, na titularidade dos bens, agindo ou como sócia, ou como acionista de uma
empresa, protegendo seus sócios de uma eventual exposição, resultando assim em uma
blindagem patrimonial (SILVA; ROSSI, 2015). Ante o exposto a problemática que envolve este
estudo é: Quais as vantagens tributárias no estabelecimento de instrumentos legais de uma
Holding para o planejamento sucessório em uma empresa familiar? E o objetivo consiste em
verificar quais as vantagens tributárias no estabelecimento de instrumentos legais de uma
Holding para o planejamento sucessório em uma empresa familiar.
Ressalta-se que no Brasil as empresas são predominantemente familiares, e no período
de transição em que os fundadores se encontram em momentos aposentadoria e a nova
geração passa a assumir a gestão dos negócios, a discussão e o debate no âmbito acadêmico se
torna importante no sentido de promover o conhecimento para os estudantes e egressos do
curso de Ciências Contábeis a respeito desse tema específico e permeado por dimensões
técnicas que abrangem especificidades e características particulares no contexto do
planejamento tributário (SILVA; ROSSI, 2015).
Este planejamento tem sido reconhecido e valorizado no mercado, o que denota
oportunidade de atuação nessa área, em consultorias, estratégias e decisões nas Companhias,
com conhecimento de alto valor agregado.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico deste estudo está estruturado em quatro tópicos. O primeiro
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A expressão holding origina-se no verbo inglês to hold que tem por significado:
“controlar”, “manter” ou “guardar”. De forma mais direta, pode ser definida como uma
empresa de participação societária, gestora de participações, quer por meio de ações
(Sociedade Anônima), quer por meio de quotas (Sociedade Limitada), no capital de outra(s)
sociedade(s) (ARAÚJO, 2021; MARÇAL, 2020).
Seus sócios, geralmente pessoas físicas, integralizam o capital social e têm como
retorno legal e lícito, os rendimentos relativos a lucros ou dividendos com isenção do imposto
de renda. Quanto aos sócios pessoas jurídicas também possuem o direito aos lucros ou
dividendos e a avaliação do investimento (ARAÚJO, 2021, MARÇAL 2020).
Basicamente, é uma empresa sócia de uma empresa que como regra geral não realiza
nenhuma atividade, apenas controla a outra empresa. De forma geral, essas sociedades são
classificadas como: holding pura, mista, familiar, imobiliária, patrimonial, de participação e
de administração (ARAÚJO, 2021; MARÇAL 2020).
Nesse aspecto, Araújo (2021) destaca que a holding familiar não é um tipo
específico, mas uma contextualização específica. Pode ser pura ou mista, de administração,
organização ou patrimonial; isso é indiferente. Sua marca característica é servir ao
planejamento desenvolvido por seus membros, considerando desafios como organização do
património, administração de bens, otimização fiscal, sucessão hereditária e etc.
Sendo assim, de acordo com Araújo (2021) a holding familiar pode ter também outra
classificação dependendo do objetivo da sua constituição, a doutrina majoritária trás as
seguintes definições conforme evidenciadas no Quadro 1.
patriarca e/ou matriarca detinham, até o seu falecimento, 51% das quotas ou ações de uma
sociedade, não é inevitável ver três filhos com singelos 17%, cada um, ficando à mercê dos
demais sócios. Por meio da holding, mantém-se o poder de controle, por meio da titularidade
dos mesmos 51%, assegurando a cada herdeiro um terço da participação na sociedade de
participações.
Dos pontos expostos, Mamede e Mamede (2015) argumenta que o mais delicado é a
proteção contra fracassos amorosos, utilizando a holding para fazer frente aos desafios que
resultam da desagregação familiar de nossos dias, nomeadamente ao impressionante número
de divórcios. Aqui não faz diferença, o fim por questões do dia a dia e problemas
matrimoniais, ou situações matrimoniais advindas de oportunismo daqueles que investem
sobre herdeiros ingênuos.
Para além dessa situação clássica, se a holding é constituída sob a forma de
sociedade contratual, ainda que limitada, o próprio Código Civil Brasileiro, em seu artigo
1.027, impede o cônjuge ou convivente (sociedade de fato) de exigir desde logo a sua parte
em face de separação. Terá que pedir a liquidação das quotas, o que permite aos demais
sócios (membros da família) entregar-lhe dinheiro e não participação societária, sendo que o
(a) sócio (a) ex-cônjuge perderá um naco de sua participação: aquilo que a sociedade ou os
demais sócios indenizaram ao seu meeiro será retirado de sua parte e transferido para a parte
dos demais.
Nas sociedades por ações, não há essa limitação posta na lei. O caminho para a
proteção dos interesses familiares é colocar a limitação no estatuto social: prever que o
ingresso de qualquer sócio depende de anuência unanime dos demais, e que, diante da recusa,
aquele que adquiriu as ações em virtude de penhora/leilão/ adjudicação, separação judicial ou
herança, terá o direito ao reembolso de seu valor, calculado nos moldes previstos na Lei
6.404/76. Demonstrado isso, Mamede e Mamede (2015) esclarece que dessa maneira,
embora não se possa impedir que o ex-cônjuge (casamento) ou ex-convivente (sociedade de
fato ou união de fato) tenha uma vantagem patrimonial com a separação, impede-se que ele
ingresse na holding (e, assim, no bloco de controle das sociedades operacionais) ou que
obtenha participação societária proporcional, enfraquecendo a holding.
transmissão das quotas empresariais causada pela morte do sócio fundador (MARÇAL, 2021).
Decorre no momento da decisão de se utilizar a holding como instrumento de planejamento
sucessório.
Araújo (2021), esclarece que é necessário a família levantar todos os bens que
possuem, sejam eles imóveis, móveis participações empresariais e etc. Nesse momento deve-
se separar aquilo que pode gerar risco ao patrimônio da família, como participações
empresariais, que podem gerar demandas trabalhistas, falência e etc dos bens imóveis da
família, que não devem e podem ser afetados em caso de problemas nas empresas que
participam. Feito isso, com todos os bens que possuem, chega um dos momentos cruciais
desse procedimento: desenhar a estruturação societária e qual a metodologia será utilizada.
Araújo (2021) sustenta ainda que a Holding de participação, como visto, é uma
sociedade de participação constituída para deter participações societárias, sem ter o objetivo
de controlar outras entidades, a família colocará as ações empresariais que participa.
Exemplo: a família é dona de uma indústria, em vez de no contrato social da indústria figurar
o nome do patriarca como sócio, figurará o nome da holding, que passará a ser sócia naquela
empresa.
Já na Holding imobiliária, que é um tipo específico de sociedade patrimonial,
constituída com o objetivo de ser proprietária de imóveis, inclusive para fins de locação,
integralizar-se-á o capital social com os imóveis que família possuiu. A título exemplificativo,
se a família possui uma casa, não estará mais em nome da pessoa física do patriarca e/ou
matriarca, agora a holding imobiliária figurará como dona do imóvel (MARÇAL, 2021).
A empresa deve ser constituída apenas com o fundador estando no contrato social
das empresas, após a constituição das holdings, deve-se fazer uma alteração contratual para
doar cotas aos seus herdeiros. Para proteção e subsistência dos sócios donatários – garantia de
que não estarão abrindo mão do seus bens antes de morrer, utiliza-se cláusulas no acordo do
sócios. como está definido nos art.1723 a 1727, do Código Civil:
“Para fins de proteção do patrimônio familiar e garantia de futura subsistência dos
sócios donatários e considerando o cunho societário da doação e a vontade dos
sócios donatários, quotas doadas aos sócios entrantes, ficam gravadas com Cláusula
de impenhorabilidade, incomunicabilidade e inalienabilidade vitalícias, as quais se
estendem a todos e quaisquer frutos e/ou dividendos decorrentes do valor recebido
em doação, ou decorrentes de bens e/ou direitos originários dos mesmos, sendo a
incomunicabilidade aplicável independentemente do regime de eventual casamento
atual e/ou futuro dos sócios donatários e extensiva a eventuais companheiros com os
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Nota-se que houve a morte do sócio fundador, os herdeiros apenas realizarão uma
nova alteração contratual, seguindo as exigências legais, assumindo as cotas das holding. E o
processo sucessório estará concluído.
Nota-se que existe uma vantagem significativa para a Holding Familiar com relação aos
inventários conforme evidenciado no Quadro 2.
características de conflitos de interesses, pois estão sujeitas a lidar com confrontos pessoais,
opiniões divergentes e visões distintas (GUERINI; MATTJE, 2018).
Dessa forma, as empresas familiares além de buscarem o alcance de objetivos
econômicos, como maximização da riqueza da empresa e entre os membros da família coma
perpetuidade por meio da sucessão, objetivam também por vantagens não econômicas, como
a longevidade nos negócios em resultado da hereditariedade e o cuidado com a gestão
das emoções no relacionamento familiar (SANTOS, 2018). O maior desafio dessas empresas
é manter o equilíbrio entre a gestão dos negócios e da família (DE OLIVEIRA, 2017).
Além disso, verifica-se que outros fatores, como características socioemocionais
também estão presentes nesse tipo específico de empresa, pois estão completamente ligadas
pela identidade afetiva e identidade organizacional (SANTOS, 2018). No Quadro 3 encontra-
se os conceitos sobre o que representa uma empresa familiar.
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
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Ressalta-se que a margem de lucro de 5% foi atribuída devido a uma média logica de
mercado, fato que pode ser verificado em empresas cotadas na bolsa de valores (B3), como a
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Arezzo (arzz3) por exemplo, que no triênio 2018-2020, teve uma margem de lucro média de
7,34% (SILVA, 2018).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Cálculo Tributos Empresa familiar sem restruturação societária – legislação atual.
Ressaltamos que para o cálculo dos tributos de uma empresa familiar sem restruturação
societária por meio da constituição de Holding foi utilizado os critérios de faturamento de $
12.500.000,00 ao ano e uma margem de lucro de 5%. Nesse sentido, realizou-se o cálculo dos
tributos mensais e federais referente ao Imposto de renda, Contribuição Social sobre o Lucro,
Pis s/ faturamento e COFINS sobre faturamento conforme evidenciado na Tabela 1.
Tabela 1 – Cálculo dos tributos estimados para uma empresa familiar conforme legislação tributária vigente.
4.2 Cálculo Tributos Empresa familiar sem restruturação societária – nos termos do PL
2337/2021
Ressaltamos que para o cálculo dos tributos de uma empresa familiar sem
restruturação societária por meio da constituição de Holding foi utilizado os critérios de
faturamento de $ 12.500.000,00 ao ano e uma margem de lucro de 5%. Nesse sentido,
realizou-se o cálculo dos tributos mensais e federais referente ao Imposto de renda,
Contribuição Social sobre o Lucro, Pis s/ faturamento e Cofins sobre faturamento conforme
evidenciado na Tabela 2.
Tabela 2 – Cálculo dos tributos estimados para uma empresa familiar com previsão de acordo
com a PL 2337/2021.
Percebe-se por meio da Tabela 2 que a carga tributária mensal para uma empresa
familiar é de 14,03%, obedecendo os critérios estabelecidos na PL 2337/2021. Ressalta-se
ainda que com relação aos tributos não existe vantagem na carga tributária dos impostos
(IRPJ, CSLL, PIS e Cofins) para a constituição de uma holding familiar, pois a diferença em
percentual se comparado com uma empresa jurídica é de 3,25% a mais para a constituição de
holding familiar. Entretanto, segundo Oliveira, Albuquerque e Pereira (2012) nota-se que a
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vantagem tributária se concentra em: (i) tributação dos rendimentos com ganho e (ii)
tributação das vendas de imóveis, conforme evidenciado no Quadro 2. Portanto, segue a
síntese dos benefícios implícitos no planejamento sucessório para o caso empelo em questão.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
empresas familiares se estruturarem, se não for buscando Governança coorporativa, que seja
almejando redução na carga tributaria no possível novo cenário legislativo brasileiro.
As limitações deste estudo se concentram na não aplicação prática e empírica da
análise prática em uma empresa. Sugere-se para pesquisas futuras a investigação específica
em uma empresa familiar com sistema jurídico enquadrado como Holding.
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