Artigo
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t
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ências
Brazilian Journal of Biosciences
In
UF
RGS
ISSN 1980-4849 (on-line) / 1679-2343 (print)
ARTIGO
Bioatividade da raiz de Poincianella bracteosa (Tul.) L.P. Queiroz (Fabaceae)
sobre larvas do Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera: Culicidae)
Rômulo Carlos Dantas da Cruz1*, Karine da Silva Carvalho1, Sandra Lúcia da Cunha e Silva2,
Simone Andrade Gualberto2 e Guadalupe Edilma Licona Macedo3
Recebido: 27 de maio de 2015 Recebido após revisão: 19 de novembro de 2015 Aceito: 25 de novembro de 2015
Disponível on-line em http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/view/3399
RESUMO: (Bioatividade da raiz de Poincianella bracteosa (Tul.) L.P. Queiroz (Fabaceae) sobre larvas do Aedes aegypti
(Linnaeus, 1762) (Diptera:Culicidae)). O Aedes aegypti possui importância epidemiológica, em virtude de ser o principal vetor
do vírus da dengue. Com vistas a contribuir com o controle desse vetor, a busca por inseticidas botânicos mais seletivos, menos
impactantes para o meio ambiente e para a saúde humana, tem sido intensificada. Nesse contexto, o objetivo desse estudo foi
avaliar o potencial larvicida da raiz de Poincianella bracteosa sobre o A. aegypti, bem como realizar a prospecção fitoquímica
do extrato etanólico. Para a realização dos bioensaios utilizou-se larvas de terceiro e quarto instar do A. aegypti, as quais foram
submetidas a cinco diferentes concentrações do extrato etanólico e das frações diclorometânica, hexânica, acetato de etila e
hidroalcoólica (13,3 mg·mL-1, 6,7 mg·mL-1, 4,0 mg·mL-1, 2,0 mg·mL-1 e 0,7 mg·mL-1). Paralelamente, realizou-se a prospecção
fitoquímica desse extrato. A fração diclorometânica foi significativamente mais tóxica para o A. aegypti (CL50 = 0,241 mg·mL-1),
quando comparada ao extrato etanólico e as frações acetato de etila e hexânica. A prospecção fitoquímica permitiu propor a
presença de ácidos fixos fortes, alcaloides, bases quaternárias, flavonois, flavanonois, flavanonas, resinas, taninos condensados,
triterpenóides e xantonas. Os bioensaios revelaram o potencial larvicida da fração diclorometânica sobre o A. aegypti.
Palavras-chave: epidemiologia, inseticida, parasitologia.
ABSTRACT: (Bioactivity of Poincianella bracteosa (Tul.) L.P. Queiroz (Fabaceae) roots on larvae of Aedes aegypti (Linnaeus,
1762) (Diptera: Culicidae)). Aedes aegypti has an epidemiological importance, as it is the main vector of the ‘dengue’-causing
virus. In order to control this vector, the search for botanical insecticides that are more selective and have lower impact on the
environment and on human health has been intensified. We aimed to evaluate the larvicidal potential of Poincianella bracteosa
roots on A. aegypti, as well as to perform a phytochemical screening on the root ethanol extract. To conduct the biological assays,
we used third and fourth instar larvae of A. aegypti, which were subjected to five different concentrations of the ethanol extract
and of the dichloromethane, hexane, ethyl acetate and hydroalcoholic fractions (13.3 mg·ml-1, 6.7 mg·ml-1, 4.0 mg·ml-1, 2.0
mg·ml-1, and 0.7 mg·ml-1). Simultaneously, we performed a phytochemical screening on the ethanol extract. The dichloromethane
fraction was significantly more toxic to A. aegypti (LC50 = 0.241 mg·ml-1) in comparison with the ethanol extract and the ethyl
acetate and hexane fractions. The phytochemical screening indicated the presence of strong fixed acids, alkaloids, quaternary
bases, flavonols, flavanonols, flavanones, resins, condensed tannins, triterpenoids, and xanthones. The bioassays revealed the
larvicidal potential of the dichloromethane fraction on A. aegypti.
Key words: epidemiology, insecticide, parasitology.
ção, foi obtida a partir da análise de regressão linear. Para Tabela 2. Percentual de mortalidade das larvas do Aedes aegypti, ex-
o cálculo da Concentração Letal 50 (CL50) foi utilizado à postas às diferentes concentrações da fração diclorometânica obtida
a partir do fracionamento do extrato etanólico da raiz de Poincianella
análise de regressão PROBIT. A comparação do efeito bracteosa, em relação ao tempo de exposição.
larvicida a partir das concentrações letais obtidas foi
Concentrações Mortalidade (%) 1
realizada pela análise da sobreposição dos valores do
(mg mL -1 ) 1h 4h 8h 16 h 24 h
intervalo de confiança, com nível de significância a 5%.
13,3 29,98a 74,15 a 90,00a 99,15 a 100,00a
6,7 12,48b 54,98ab 80,00a 89,15ab 95,00 a
R E S U LTA D O S 4,0 9,18 b 56,65 a 82,53a 94,18ab 96,68 a
A mortalidade das larvas do A. aegypti, expostas ao 2,0 0,00 c 35,83 b 53,35b 75,83 b 86,65 ab
extrato etanólico da raiz de P. bracteosa, foi diretamente 0,7 0,00 c 13,35 c 24,20c 46,65 c 74,18 b
proporcional ao tempo de exposição, nas concentrações Controle 0,00 c 0,00 c 0,00 d 0,00 d 0,00 c
de 13,3 mg mL-1 (ŷ = 19,25x – 21,85 e R2= 0,92), 6,7 1. Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem signi-
mg mL-1 (ŷ = 8,38x – 8,99 e R2=0,85), 4,0 mg mL-1 (ŷ = ficativamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
5,02x – 5,44 e R2= 0,80) e 2,0 mg mL-1 (ŷ = 1,57x – 2,81
e R2= 0,72). A concentração de 0,7 mg mL-1 não ocasio- mortalidade larval e o tempo de exposição das frações
nou mortalidade das larvas. Com 16 horas de exposição de acetato de etila (13,3 mg mL-1 (ŷ = 8,49x – 7,27 e R2=
observou-se uma mortalidade larval acima de 50% na 0,91), 6,7 mg mL-1 (ŷ = 5,95x – 8,53 e R2= 0,89), 4,0
concentração de 13,3 mg mL-1, o que não ocorreu nas mg mL-1 (ŷ = 5,8x – 10,25 e R2= 0,78), 2,0 mg mL-1 (ŷ =
demais concentrações, a qual, com 24 horas, ocasionou 4,72x – 7,38 e R2= 0,86) e 0,7 mg mL-1 (ŷ = 2,95x – 5,23
95,78% de mortalidade larval, sendo significativamente e R2= 0,64)) e hexânica (13,3 mg mL-1 (ŷ = 5,98x – 4,20
mais tóxica que as demais concentrações (Tab. 1). e R2= 0,83), 6,7 mg mL-1 (ŷ = 6,08x – 7,48 e R2= 0,94),
No que diz respeito às frações, obtidas a partir do 4,0 mg mL-1 ( ŷ = 4,12x – 6,25 e R2= 0,87), 2,0 mg mL-1
fracionamento do extrato etanólico, a diclorometânica (ŷ = 3,82x – 6,19 e R2= 0,76) e 0,7 mg mL-1 (ŷ = 2,61x
ocasionou uma elevada mortalidade larval acima de 50%, – 4,39 e R2= 0,53)). Nessas frações, os percentuais de
nas concentrações de 13,3 mg mL-1, 6,7 mg mL-1 e 4,0 mortalidade das larvas foram menores, comparados ao
mg mL-1, a partir de 4 horas de exposição das larvas (Tab. extrato etanólico e a fração diclorometânica (Tabs. 1 e 2),
2). A partir de 8 horas a concentração de 13,3 mg mL-1 não ultrapassando, com 24 horas de exposição, na maior
já ocasionou 90% de mortalidade larval, atingindo com concentração avaliada, o percentual de mortalidade larval
24 horas, 100%. Contudo, com 24 horas de exposição, de 67,50% e 67,52%, respectivamente (Tabs. 3 e 4).
não houve diferença significativa de mortalidade larval A fração hidroalcóolica não ocasionou mortalidade
entre as concentrações de 13,3 (100,00%), 6,7 (95,00%), larval, portanto não se apresentando tóxica para as larvas
4,0 (96,68%) e 2,0 mg mL-1 (86,65%), o que não ocorreu do A. aegypti.
com o extrato etanólico, onde somente a concentração de No que diz respeito à Concentração Letal 50, a partir
13,3 mg mL-1 foi mais tóxica (Tab. 1). Da mesma forma da análise da sobreposição dos valores do intervalo de
que no extrato etanólico, na fração diclorometânica a confiança, com 16 e 24 horas de exposição, a fração
mortalidade larval aumentou com o tempo de exposição, diclorometânica foi mais tóxica, comparada ao extrato
nas concentrações de 13,3 mg mL-1 (ŷ = 6,83x +25,77 e etanólico e as frações acetato de etila e hexânica, com
R2= 0,13), 6,7 mg mL-1 (ŷ = 11,39x + 9,03 e R2= 0,75), uma concentração letal 50 de 0,760 e 0,241 mg mL-1,
4,0 mg mL-1 (ŷ = 9,37x + 14,51 e R2= 0,45), 2,0 mg respectivamente (Tab. 5).
mL-1 (ŷ = 13,67x – 8,74 e R2= 0,93), e 0,7 mg mL-1 (ŷ = O extrato etanólico foi o segundo mais ativo, com uma
13,67x – 21,23 e R2= 0,92). CL50, de 7,676 mg mL-1 e 4,748 mg mL-1, com 16 e 24
Assim como no extrato etanólico e na fração dicloro- horas de exposição, respectivamente. Ao ser comparada
metânica, foi observada uma correlação positiva entre a
Tabela 3. Percentual de mortalidade das larvas do Aedes aegypti,
Tabela 1. Percentual de mortalidade das larvas do Aedes aegypti, expostas às diferentes concentrações da fração acetato de etila obtida
expostas às diferentes concentrações do extrato etanólico da raiz de a partir do fracionamento do extrato etanólico da raiz de Poincianella
Poincianella bracteosa, em relação ao tempo de exposição. bracteosa, em relação ao tempo de exposição.
Concentrações Mortalidade (%) 1 Concentrações Mortalidade (%) 1
(mg mL -1 ) 1h 4h 8h 16 h 24 h (mg mL ) -1
1h 4h 8h 16h 24h
13,3 9,98 a 29,13 a 46,63 a 73,33a 95,78 a 13,3 4,15 a 9,17 a 23,3 a 49,9 a 67,50ª
6,7 5,88 ab 14,20 b 21,68 b 41,68b 65,85 b 6,7 0,82 ab 2,50 b 7,50 b 23,33 b 40,0 b
4,0 3,35 ab 10,03 b 13,33 c 28,33b 42,50 c 4,0 0,00 b 0,00 b 2,50 b 10,83bcd 32,50bc
2,0 0,00 b 0,00 c 0,85 d 4,20 c 9,20 d 2,0 0,00 b 2,49 b 4,99 b 15,0 bc 34,17bc
0,7 0,00 b 0,00 c 0,00 d 0,00 c 0,00 d 0,7 0,00 b 0,83 b 1,67 b 4,17 cd 17,50cd
Controle 0,00 b 0,00 c 0,00 d 0,00 c 0,00 d Controle 0,00 b 0,00 b 0,00 b 0,00 d 0,00 d
1. Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem signi- 1. Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem signi-
ficativamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. ficativamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Tabela 4. Percentual de mortalidade das larvas do Aedes aegypti, Tabela 6. Prospecção fitoquímica do extrato etanólico da raiz de
expostas às diferentes concentrações da fração hexânica obtida a Poincianella bracteosa.
partir do fracionamento do extrato etanólico da raiz de Poincianella Metabólito secundário Etanólico 1
bracteosa, em relação ao tempo de exposição.
Ácidos fixos fortes +
Concentrações Mortalidade (%) 1 Aglicona esteróide -
(mg mL -1 ) 1h 4h 8h 16 h 24 h Alcaloides +
13,3 0,00 a 14,15 a 27,50a 49,17 a 67,52 a Antocianidina -
6,7 0,00 a 5,82 a 10,72b 25,82 b 41,67ab Antocianina -
4,0 0,00 a 2,50 a 8,32 b 17,47 bc 43,35ab Bases quaternárias +
2,0 0,00 a 1,67 a 5,00 b 19,17 bc 40,00ab Catequina -
0,7 0,00 a 0,82 a 3,32 b 14,97 bc 19,17bc Cumarina -
Controle 0,00 a 1,65 a 2,50 b 2,50 c 3,35 c Esteróide -
1. Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem signi- Fenóis -
ficativamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Flavonóis +
Flavanonóis +
Flavanonas +
a fração hexânica com a de acetato de etila, verificou-se Flavonas -
que a partir de 16 horas de exposição, a fração hexânica Heterosídeo cianogênico -
(10,662 mg mL-1) foi mais eficaz do que a fração de Leucoantocianidina -
Quinonas -
acetato de etila (18,549 mg mL-1), não havendo diferença
Resina +
entre essas concentrações quando decorridos 24 horas de
Saponina -
exposição (Tab. 5).
Taninos condensados +
A prospecção fitoquímica do extrato etanólico indicou Triterpenoides +
a presença dos seguintes metabólitos secundários: ácidos Xantona +
fixos fortes, alcaloides, bases quaternárias, flavonóis, 1. Resultado positivo (+); Resultado negativo (-).
flavanonóis, flavanonas, resinas, taninos condensados,
triterpenóides e xantonas (Tab. 6).
benzênico e acetônico, obtidos das folhas de Cassia fistu-
DISCUSSÃO la Linnaeus (Fabaceae), constatou o efeito tóxico desses
A busca por métodos alternativos que possam contri- extratos sobre as larvas do A. aegypti. Esse efeito tóxico
buir com o controle do A. aegypti tem sido crescente, sobre as larvas também foi observado por Vinayaka et
pois a constante utilização de inseticidas sintéticos vêm al. (2009), ao avaliarem o extrato metanólico das folhas
selecionando populações de insetos resistentes. Dessa de Abrus pulchellus Wall (Fabaceae).
forma, os inseticidas de origem botânica, tornam-se No presente estudo, também foi observado o potencial
promissores quanto ao controle de insetos vetores, visto inseticida da raiz de P. bracteosa. No extrato etanólico,
que, de acordo com Porto et al. (2013), podem retardar assim como nas frações diclorometânica, hexânica e
o processo de resistência, além de poderem apresentar acetato de etila, observou-se uma correlação positiva
uma maior seletividade e ocasionar um menor impacto entre a mortalidade larval e o tempo de exposição,
ambiental, comparados aos inseticidas sintéticos. provavelmente em função de uma maior absorção do(s)
Entre as espécies vegetais que despertam o interesse da princípio(s) ativo(s) pelas larvas, ocasionando nas mes-
comunidade científica quanto ao seu potencial biológico, mas uma toxicidade crescente.
destacam-se as da família Fabaceae. Estudos desen- Arruda et al. (2003) observaram um processo crescente
volvidos com espécies pertencentes a essa família têm de destruição celular na região do mesêntero das larvas
demonstrado propriedade inseticida sobre o A. aegypti. do A. aegypti, de acordo com o aumento do tempo de
Govindarajan (2009), avaliando os extratos metanólico, exposição ao extrato etanólico das folhas de Magonia
pubescens St. Hill (Sapindaceae).
A raiz de P. bracteosa demonstra potencial como
Tabela 5. Concentração Letal 50 do extrato etanólico da raiz de larvicida, especialmente a fração diclorometânica, que
Poincianella bracteosa e das frações hexânica, diclorometânica e quando comparada às demais frações e com o extrato
acetato de etila, sobre larvas do Aedes aegypti, em relação à hora de
observação.
etanólico, apresentou maior toxicidade sobre as larvas do
A. aegypti. Ao fracionar o extrato etanólico, a toxicidade
Concentração Letal 50 (mg mL -1 )
Extrato e sobre as larvas aumentou e se fez mais presente na fração
16 h 24 h
Frações Intervalo de Intervalo de
diclorometânica. Deve-se ressaltar que o fracionamento
CL 50
Confiança
CL 50
Confiança de um extrato que se mostre ativo, nem sempre resultará
Etanólico 7,676 7,234-8,176 4,748 4,527-4,971 na obtenção de uma fração mais efetiva, como o obser-
Hexânica 10,662 9,893-11,860 7,744 7,484-8,058 vado nesse estudo, caso tal atividade esteja relacionada
Diclorometânica 0,760 0,649-0,870 0,241 0,161-0,328 a um sinergismo entre as substâncias que o compõe.
Acetato de etila 18,549 15,317-23,603 7,598 6,485-9,163 Uma redução da efetividade das cascas de Myroxylon
R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 13, n. 4, p. 259-264, out./dez. 2015
Bioatividade da raiz de Poincianella bracteosa sobre o Aedes aegypti 263
balsamum Linnaeus (Harms) (Fabaceae) sobre larvas do quisa do Estado da Bahia (FAPESB), pelo financiamento
A. aegypti, foi verificada, quando comparado o resultado dessa pesquisa.
obtido de uma fração ativa com os da substância pura iso-
lada, sugerindo que talvez outros constituintes da fração REFERÊNCIAS
estivessem atuando como sinergistas, potencializando o ARRUDA, W., OLIVEIRA, G. M. C. & SILVA, I. G. 2003. Toxicity of
seu efeito (Simas et al. 2004). the ethanol extract of Magonia pubescens on larvae Aedes aegypti. Re-
Como parte de um controle integrado de insetos vetores vista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 36: 17-25.
pode-se fazer o uso de substâncias inseticidas sinergistas, BRAGA, I. A., LIMA, J. B. P., SOARES, S. S. & VALLE, D. 2004. Ae-
com o objetivo de retardar os mecanismos de resistência, des aegypti resistance to temephos during 2001 in several municipalities
in the states of Rio de Janeiro, Sergipe and Alagoas, Brazil. Memórias do
reduzindo, dessa forma, a discriminação entre genótipos
Instituto Oswaldo Cruz, 99: 199-203.
resistentes e suscetíveis (Lazcano et al. 2011). Contudo,
BRAGA, P. A. C., SOARES, M. S., SILVA, M. F. G. F., VIEIRA, P. C.,
para a escolha do sinergista ou de um produto alterna- FERNANDES, J. B. & PINHEIRO, A. L. 2006. Demmarane triterpenes
tivo é imprescindível o conhecimento do mecanismo from Cabralea canjerana (Vell.) Mart (Meliaceae): their chemosystem-
de resistência. Esse sinergismo pode ocorrer também atic significance. Biochemical, Systatics and Ecology, 34: 282-290.
em blends de extratos vegetais, sejam eles oriundos da BRAGA, I. A. & VALLE, D. 2007. Aedes aegypti: Histórico do controle
mesma espécie ou até mesmo de espécies diferentes. no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 16: 113-118.
Todavia, ao se utilizar blends de extratos, há que se CHIESA, F. A. F. & MOYNA, P. 2004. Alcaloides esteroidales. In:
atentar para o fato de que o sinergismo entre os consti- SIMÕES, C. M. O., SCHENKEL, E. P., GOSMANN, G., MELLO, J. C.
P., MENTZ, L. A. & PETROVICK, P. R. (Ed.). Farmacognosia: da plan-
tuintes de um extrato pode aumentar a sua efetividade,
ta ao medicamento. 5 ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS. p. 869-883.
mas pode, também, reduzir ou aumentar os riscos sobre
GOVINDARAJAN, M. 2009. Bioefficacy of Cassia fistula Linn. (Legu-
a saúde humana e animal, e sobre os ecossistemas, sendo minosae) leaf extract against chikungunya vector, Aedes aegypti (Dip-
necessário, portanto, mesmo que já tenham sido realiza- tera: Culicidae). European Review for Medical and Pharmacological
dos estudos com os extratos vegetais isoladamente, que Sciences, 13: 99-103.
sejam conduzidos estudos com os blends, no sentido de HORTA, M. A. P., CASTRO, F. I., ROSA, C. S., DANIEL, M. C. &
se verificar os aspectos ecotoxicológicos desses produtos. MELO, A. L. 2011. Resistance of Aedes aegypti (L.) (Diptera: Culicidae)
A não toxicidade da fração hidroalcoólica, fração de to Temephos in Brazil: A Revision and New Data for Minas Gerais State.
BioAssay, 6: 1-6.
alta polaridade, deve-se, provavelmente, ao fato dessa
LAZCANO, J. A. B., COTO, M. M. R., HERNÁNDEZ, M. M., LEYVA,
apresentar uma maior concentração de compostos mais
Y. R., DORTA, D. M., ARMAS, R. G. & INSUETA, O. P. 2011. Efec-
polares, os quais não foram tóxicos às larvas do A. aegyp- tividad de formulaciones de insecticidas para el control de adultos de Ae-
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que, possivelmente, estão presentes, também na fração taleza: Editora da UFC. 141 p.
diclorometânica, obtida a partir do fracionamento do OLIVEIRA, G. P., SILVA, S. L. C. E., GUALBERTO, S. A., CRUZ, R.
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CONCLUSÃO
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