Este artigo de opinião discute como a pandemia de coronavírus revelou as vulnerabilidades de Portugal e como o país pode usar este momento para repensar sua economia e política. O autor argumenta que a austeridade enfraqueceu Portugal e que a deslocalização de indústrias como sapatos e bicicletas foi um erro. A pandemia mudou o tempo e o espaço de forma disruptiva e Portugal deve aproveitar esta oportunidade para reconstruir sua economia de forma mais sustentável e autossuficiente.
Este artigo de opinião discute como a pandemia de coronavírus revelou as vulnerabilidades de Portugal e como o país pode usar este momento para repensar sua economia e política. O autor argumenta que a austeridade enfraqueceu Portugal e que a deslocalização de indústrias como sapatos e bicicletas foi um erro. A pandemia mudou o tempo e o espaço de forma disruptiva e Portugal deve aproveitar esta oportunidade para reconstruir sua economia de forma mais sustentável e autossuficiente.
Este artigo de opinião discute como a pandemia de coronavírus revelou as vulnerabilidades de Portugal e como o país pode usar este momento para repensar sua economia e política. O autor argumenta que a austeridade enfraqueceu Portugal e que a deslocalização de indústrias como sapatos e bicicletas foi um erro. A pandemia mudou o tempo e o espaço de forma disruptiva e Portugal deve aproveitar esta oportunidade para reconstruir sua economia de forma mais sustentável e autossuficiente.
Este artigo de opinião discute como a pandemia de coronavírus revelou as vulnerabilidades de Portugal e como o país pode usar este momento para repensar sua economia e política. O autor argumenta que a austeridade enfraqueceu Portugal e que a deslocalização de indústrias como sapatos e bicicletas foi um erro. A pandemia mudou o tempo e o espaço de forma disruptiva e Portugal deve aproveitar esta oportunidade para reconstruir sua economia de forma mais sustentável e autossuficiente.
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OPINIÃO CORONAVÍRUS
Vulnerabilidades: pensar um país
José Reis frágil Falemos de economia política. Falemos da política como deliberação coletiva. Soframos e decidamos. Portugal é uma periferia, mas uma periferia persistente. 30 de Março de 2020, 6:00
No Observatório sobre Crises e Alternativas do Centro de
Estudos Sociais, temos vindo a trabalhar na preparação de um livro que designámos Vulnerabilidades: Retrato de um país frágil (uso quase a mesma expressão para título deste artigo). Achávamos que Portugal estava a ser sujeito a processos relevantes de geração de vulnerabilidades e que estas se podiam identificar em diferentes escalas e dimensões. Era pelas nossas mãos, em vários planos, que tal estava a acontecer, visto que as vulnerabilidades são geradas ou induzidas por processos institucionais e políticos, isto é, por deliberações e formas de organização que juntam novas fragilidades à condição necessariamente incerta e contingente da vida individual e coletiva.
Provavelmente este livro era, na análise a que procedíamos,
sobre o passado. O passado cuja aceleração se deu nos anos de 1990, quando os capitalismos foram tomados pelo capital financeiro, que passou a comandar intensamente a vida coletiva, incluindo os Estados. Ou o nosso passado mais recente, o que acabou há dias, quando bastava olhar para além do orçamento, do PIB ou do volume de emprego para tentarmos compreender o que de mais profundo a austeridade nos fez. Não pretendia ser um livro profético nem somos prosélitos. As razões que pudéssemos ter nos alertas que queríamos lançar doem-nos hoje profundamente, quando a vida nos foi tomada de assalto de uma forma disruptiva inimaginável.
Há coisas que custa invocar quando a vida está tão convulsa.
Dizem-me, não confirmei, que há prateleiras cheias de meios- sapatos nas nossas zonas onde esta indústria se localiza. Sempre foi estúpido montar sapatos onde antes se sabia fazer tudo, mandando agora vir de muito longe algumas partes que aqui se produziam. Há 35 anos estudei a indústria metalomecânica de Águeda e a das bicicletas em particular. Tratava-se de um caso notável de um “sistema produtivo local”: aberto, mas autocentrado em culturas técnicas e na organização, no próprio território, das inter-relações essenciais, que articulavam vários setores e ramos de atividade. Dez anos depois voltei lá. Nas estatísticas já tinha visto que havia bastante trabalho feminino: ótimo, fosse a razão boa. Mas a razão era outra: já não se produziam bicicletas, montavam-se bicicletas. É hoje claro para todos que, para além de estúpido, isto é perigoso. Estes são exemplos singelos. Poupo os outros. Tanto os ainda mais volumosos, como aqueles que poupo por pudor. Estes são tempos de falar serenamente, para que se ouça melhor. Entre o que subitamente mudou há duas variáveis essenciais: tempo e espaço. O tempo, essa variável com que tentamos compreender a evolução, as mudanças, os ciclos, isto é, os avanços e os retornos, mudou radicalmente. Tornou-se vertiginoso. Revolveu a vida, em vez de apenas a conduzir. O espaço foi-nos devolvido, reposto nas nossas mãos, depois de nos ter sido retirado em nome de cosmopolitismos superficiais, globalizações insensatas e mobilidades quase patéticas. Estragado, mas devolvido. Temos que pegar em ambos e usá- los Para isso talvez ajude pensar no que se segue Descarregue a aplicação do PÚBLICO, subscreva as nossas notificações e esteja a par da evolução do novo coronavírus.
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