Dicas de Blindagem e Aterramento em
Dicas de Blindagem e Aterramento em
Dicas de Blindagem e Aterramento em
aterramento em
Automação Industrial
César Cassiolato
Diretor de Engenharia de Projetos e Serviços, Marketing e Qualidade
SMAR Equipamentos Industriais Ltda
cesarcass@smar.com.br
Introdução
A convivência de equipamentos em diversas tecnologias diferentes
somada à inadequação das instalações facilita a emissão de energia
eletromagnética e com isto é comum que se tenha problemas de
compatibilidade eletromagnética.
A EMI é a energia que causa resposta indesejável a qualquer
equipamento e que pode ser gerada por centelhamento nas escovas de
motores, chaveamento de circuitos de potência, em acionamentos de
cargas indutivas e resistivas, acionamentos de relés, chaves, disjuntores,
lâmpadas fluorescentes, aquecedores, ignições automotivas, descargas
atmosféricas e mesmo as descargas eletrostáticas entre pessoas e
equipamentos, aparelhos de microondas, equipamentos de comunicação
móvel, etc. Tudo isto pode provocar alterações causando sobretensão,
subtensão, picos, transientes, etc. e que em uma rede de comunicação
pode ter seus impactos. Isto é muito comum nas indústrias e fábricas,
onde a EMI é muito freqüente em função do maior uso de máquinas
(máquinas de soldas, por exemplo) e motores (CCMs) e em redes
digitais e de computadores próximas a essas áreas.
O maior problema causado pela EMI são as situações esporádicas e que
degradam aos poucos os equipamentos e seus componentes. Os mais
diversos problemas podem ser gerados pela EMI, por exemplo, em
equipamentos eletrônicos, podemos ter falhas na comunicação entre
dispositivos de uma rede de equipamentos e/ou computadores, alarmes
gerados sem explicação, atuação em relés que não seguem uma lógica e
sem haver comando para isto e, queima de componentes e circuitos
eletrônicos, etc. É muito comum a presença de ruídos na alimentação
pelo mau aterramento e blindagem, ou mesmo erro de projeto.
A topologia e a distribuição do cabeamento, os tipos de cabos, as
técnicas de proteções são fatores que devem ser considerados para a
minimização dos efeitos de EMI. Lembrar que em altas freqüências, os
cabos se comportam como um sistema de transmissão com linhas
cruzadas e confusas, refletindo energia e espalhando-a de um circuito a
outro. Mantenha em boas condições as conexões. Conectores inativos
por muito tempo podem desenvolver resistência ou se tornar detectores
de RF.
Um exemplo típico de como a EMI pode afetar o comportamento de um
componente eletrônico, é um capacitor que fique sujeito a um pico de
tensão maior que sua tensão nominal especificada, com isto pode-se ter
a degradação do dielétrico (a espessura do dielétrico é limitada pela
tensão de operação do capacitor, que pode produzir um gradiente de
potencial inferior à rigidez dielétrica do material), causando um mau
funcionamento e em alguns casos a própria queima do capacitor. Ou
ainda, podemos ter a alteração de correntes de polarização de
transistores levando-os a saturação ou corte, ou dependendo da
intensidade a queima de componentes por efeito joule.
Em medições:
• Não aja com negligência (omissão irresponsável), imprudência
(ação irresponsável) ou imperícia (questões técnicas)
• Lembre-se: cada planta e sistema têm os seus detalhes de
segurança. Informe-se deles antes de iniciar seu trabalho.
• Sempre que possível, consulte as regulamentações físicas, assim
como as práticas de segurança de cada área.
• É necessário agir com segurança nas medições, evitando
contatos com terminais e fiação, pois a alta tensão pode estar
presente e causar choque elétrico.
• Para minimizar o risco de problemas potenciais relacionados à
segurança, é preciso seguir as normas de segurança e de áreas
classificadas locais aplicáveis que regulam a instalação e operação
dos equipamentos. Estas normas variam de área para área e estão
em constante atualização. É responsabilidade do usuário
determinar quais normas devem ser seguidas em suas aplicações
e garantir que a instalação de cada equipamento esteja de acordo
com as mesmas.
• Uma instalação inadequada ou o uso de um equipamento em
aplicações não recomendadas podem prejudicar a performance de
um sistema e conseqüentemente a do processo, além de
representar uma fonte de perigo e acidentes. Devido a isto,
recomenda-se utilizar somente profissionais treinados e
qualificados para instalação, operação e manutenção.
Muitas vezes a confiabilidade de um sistema de controle é
frequentemente colocada em risco devido às suas más instalações.
Comumente, os usuários fazem vistas grossas e em análises mais
criteriosas, descobre-se problemas com as instalações, envovendo
cabos e suas rotas e acondicionamentos, blindagens e aterramentos.
É de extrema importância que haja a conscienização de todos os
envolvidos e mais do que isto, o comprometimento com a confiabilidade
e segurança operacional e pessoal em uma planta.
Este artigo provê informações e dicas sobre aterramento e vale sempre a
pena lembrar que as regulamentações locais, em caso de dúvida,
prevalecem sempre.
Controlar o ruído em sistemas de automação é vital, porque ele pode se
tornar um problema sério mesmo nos melhores instrumentos e hardware
de aquisição de dados e atuação.
Qualquer ambiente industrial contém ruído elétrico em fontes, incluindo
linhas de energia AC, sinais de rádio, máquinas e estações, etc.
Felizmente, dispositivos e técnicas simples, tais como, a utilização de
métodos de aterramento adequado, blindagem, fios trançados, os
métodos média de sinais, filtros e amplificadores diferenciais podem
controlar o ruído na maioria das medições.
Os inversores de freqüências contêm circuitos de comutação que podem
gerar interferência eletromagnética (EMI). Eles contêm amplificadores de
alta energia de comutação que podem gerar EMI significativa nas
freqüências de 10 MHz a 300 MHz. Certamente existe potencial de que
este ruído de comutação possa gerar intermitências em equipamentos
em suas proximidades. Enquanto a maioria dos fabricantes toma os
devidos cuidados em termos de projetos para minimizar este efeito, a
imunidade completa não é possível. Algumas técnicas então de layout,
fiação, aterramento e blindagem contribuem significativamente nesta
minimização.
A redução da EMI irá minimizar os custos iniciais e futuros problemas de
funcionamento em qualquer sistema.
O conceito de aterramento
Um dicionário não-técnico define o termo terra como um ponto em
contato com a terra, um retorno comum em um circuito elétrico, e um
ponto arbitrário de potencial zero de tensão.
Aterrar ou ligar alguma parte de um sistema elétrico ou circuito para a
terra garante segurança pessoal e, geralmente, melhora o funcionamento
do circuito.
Infelizmente, um ambiente seguro e robusto em termos de aterramento,
muitas vezes não acontece simultaneamente.
Fio terra
Todo circuito deve dispor de condutor de proteção em toda a sua
extensão.
Aterramentos de Equipamentos Elétricos Sensíveis
Os sistemas de aterramento devem executar várias funções simultâneas:
como proporcionar segurança pessoal e para o equipamento.
Resumidamente, segue uma lista de funções básicas dos sistemas de
aterramento em:
• Proporcionar segurança pessoal aos usuários;
• Proporcionar um caminho de baixa impedância (baixa indutância)
de retorno para a terra, proporcionando o desligamento automático
pelos dispositivos de proteção de maneira rápida e segura, quando
devidamente projetado;
• Fornecer controle das tensões desenvolvidas no solo quando o
curto fase-terra retorna pelo terra para uma fonte próxima ou
mesmo distante;
• Estabilizar a tensão durante transitórios no sistema elétrico
provocados por faltas para a terra;
• Escoar cargas estáticas acumuladas em estruturas, suportes e
carcaças dos equipamentos em geral;
• Fornecer um sistema para que os equipamentos eletrônicos
possam operar satisfatoriamente tanto em alta como em baixas
freqüências;
• Fornecer uma referência estável de tensão aos sinais e circuitos;
• Minimizar os efeitos de EMI (Emissão Eletromagnética).
O condutor neutro é normalmente isolado e o sistema de alimentação
empregado deve ser o TN-S (T: ponto diretamente aterrado, N: massas
ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado, S: condutores
distintos para neutro e proteção).
O condutor neutro exerce a sua função básica de conduzir as correntes
de retorno do sistema.
O condutor de proteção exerce a sua função básica de conduzir à terra
as correntes de massa. Todas as carcaças devem ser ligadas ao
condutor de proteção.
O condutor de equipotencialidade deve exercer a sua função básica de
referência de potencial do circuito eletrônico.
Tipos de Aterramento
Em termos da indústria de processos podemos identificar alguns tipos de
terras:
• “Terra sujo” : São os que estão presentes nas instalações
tipicamente envolvendo o 127VAC, 220VAC, 480VAC e que estão
associadas a alto nível de comutação, tais como os CCMs,
iluminação, distribuição de energia, etc, fontes geradoras de EMI.
É comum que alimentação AC primária apresente picos, surtos, os
chamados spikes e que degradam o terra AC.
• “Terra limpo: São os que estão presentes em sistemas e circuitos
DC, tipicamente 24VDC, alimentando PLCs, controladores e tendo
sinais de aquisição e controle de dados, assim como redes digitais.
• “Terra estrutural”: São os aterramentos via estrutura e que forçam
o sinal a 0V. Tipicamente tem a função de gaiola de Faraday
agindo de proteção a raios.
Observação: terra de “chassi” ou "carcaça" é usado como uma proteção
contra choque elétrico. Este tipo de terra não é um terra de "resistência
zero", e seu potencial de terra pode variar. No entanto, os circuitos são
quase sempre ligados à terra para a prevenção de riscos de choque.
Aterramento em um único ponto
O sistema de aterramento por um único pode ser visto na figura 6, onde
o ponto marcante é um único ponto de terra do qual se tem a distribuição
do mesmo para toda a instalação.
Figura 6 – Aterramento em um único ponto
Esta configuração é mais apropriada para o espectro de freqüências
baixas ainda atende perfeitamente a sistemas eletrônicos de alta
freqüência instalados em áreas reduzidas.
E ainda, este sistema dever ser isolado e não deve servir de caminho de
retorno para as correntes de sinais, que devem circular por condutores
de sinais, por exemplo, com pares balanceados.
Este tipo de aterramento paralelo elimina o problema de impedância
comum, mas o faz em detrimento da utilização de um monte de
cabeamento. Além disso, a impedância de cada fio pode ser muito
elevada e as linhas de terra podem se tornar fontes de ruído do sistema.
Este tipo de situação pode ser minimizado escolhendo o tipo correto de
condutor (tipo AWG 14). Cabos de bitola maiores ajudam na redução da
resistência de terra, enquanto o uso de fio flexível reduz a impedância de
terra.
Aterramento em multipontos
Para freqüências altas, o sistema multiponto é o mais adequado,
conforme caracterizado na figura 7a, inclusive simplificando a instalação.
Figura 7a– Aterramento em multipontos
Loops de erra
Um loop de terra ocorre quando existe mais de um caminho de
aterramento, gerando correntes indesejáveis entre estes pontos.
Estes caminhos formam o equivalente ao loop de uma antena que capta
as correntes de interferência com alta eficiência.
Com isto a referência de tensão fica instável e o ruído aparece nos
sinais.
Acoplamento Capacitivo
O acoplamento capacitivo é representado pela interação de campos
elétricos entre condutores. Um condutor passa próximo a uma fonte de
ruído (perturbador), capta este ruído e o transporta para outra parte do
circuito (vítima). É o efeito de capacitância entre dois corpos com cargas
elétricas, separadas por um dielétrico, o que chamamos de efeito da
capacitância mútua.
O efeito do campo elétrico é proporcional à freqüência e inversamente
proporcional à distância.
O nível de perturbação depende das variações da tensão (dv/dt) e o valor
da capacitância de acoplamento entre o “cabo perturbador” e o “cabo
vítima”.
A capacitância de acoplamento aumenta com:
• O inverso da freqüência: O potencial para acoplamento capacitivo
aumenta de acordo com o aumento da freqüência (a reatância
capacitiva, que pode ser considerada como a resistência do
acoplamento capacitivo, diminui de acordo com a freqüência, e
pode ser vista na fórmula: XC = 1/2πfC).
• A distância entre os cabos perturbadores e vítima e o
comprimento dos cabos que correm em paralelo
• A altura dos cabos com relação ao plano de referência (em
relação ao solo)
• A impedância de entrada do circuito vítima (circuitos de alta
impedância de entrada são mais vulneráveis)
• O isolamento do cabo vítima (εr do isolamento do cabo),
principalmente para pares de cabos fortemente acoplados
As figuras 12a e 12b mostram exemplos de acoplamentos capacitivos.
Acoplamento Indutivo
O “cabo perturbador” e o “cabo vítima” são acompanhadas por um
campo magnético. O nível de perturbação depende das variações de
corrente (di /dt) e da indutância de acoplamento mútuo. O acoplamento
indutivo aumenta com:
• A freqüência: a reatância indutiva é diretamente proporcional à
freqüência (XL = 2πfL)
• A distância entre os cabos perturbadores e vítima e o
comprimento dos cabos que correm em paralelo
• A altura dos cabos com relação ao plano de referência (em
relação ao solo)
A impedância de carga do cabo ou circuito perturbador.
Medidas para reduzir o efeito do
acoplamento indutivo entre cabo e
campo
1. • Limite a altura h do cabo ao plano de terra
2. • Sempre que possível coloque o cabo junto à superfície metálica
3. • Use cabos trançados
4. • Use ferrites e filtros de EMI
Figura 19 – Acoplamento indutivo entre cabo e loop de terra
Medidas para reduzir o efeito do acoplamento indutivo entre cabo e loop de terra
1. • Reduza a altura (h) e o comprimento do cabo.
2. • Sempre que possível coloque o cabo junto à superfície metálica.
3. • Use cabos trançados.
4. • Em altas freqüências aterre o shield em dois pontos (cuidado!) e em baixas
freqüências em um ponto só.
Aterramento de Equipamentos de
Campo
A grande maioria dos fabricantes de equipamentos de campo, como
transmissores de pressão, temperatura, posicionadores, conversores, etc
recomenda o aterramento local de seus produtos. É comum que em suas
carcaças exista um ou mais terminal de aterramento.
Ao se instalar os equipamentos, normalmente, suas carcaças estão em
contato com a parte estrutural, ou tubulações e, consequentemente,
aterradas. Nos casos em que a carcaça é isolada de qualquer ponto da
estrutura, os fabricantes recomendam o aterramento local, onde
recomenda-se a conexão a menor possível com fio AWG 12.Neste caso,
deve-se ter o cuidado em relação a diferença de potencial entre o ponto
aterrado e o painel onde se encontra o controlador (PLC).
Alguns fabricantes recomendam ainda que o equipamento fique
flutuando, isto é, isolado da estrutura e que não seja aterrado, evitando
os loops de corrente.
Em relação as áreas classificadas, recomenda-se consultar as
regulamentações locais.
Em equipamentos microprocessados e com comunicação digital, alguns
fabricantes incorporam ou tornam disponível os protectores de surtos ou
transientes. Estes proporcionam a proteção a correntes de picos,
fornecendo um caminho de desvio de baixa impedância para o ponto de
terra.
Blindagem
Aterramento e blindagem são requisitos mandatórios para garantir a
integridade dos dados de uma planta. É muito comum na prática
encontrarmos funcionamento intermitente e erros grosseiros em
medições devido às más instalações.
Os efeitos de ruídos podem ser minimizados com técnicas adequadas de
projetos, instalação, distribuição de cabos, aterramento e blindagens.
Aterramentos inadequados podem ser fontes de potenciais indesejados e
perigosos e que podem comprometer a operação efetiva de um
equipamento ou o próprio funcionamento de um sistema.
A blindagem (shield) deve ser conectada ao potencial de referência do
sinal que está protegendo, vide figura 25.
Referência Bibliográfica
• Artigos técnicos - César Cassiolato
• www.system302.com.br
• www.smar.com.br
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• http://www.electrical-installation.org/wiki/Coupling_mechanisms_and_counter-
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• The benefits of applying IEC 61000-5-2 to cable screen bonding and earthing, Eur
Ing Keith Armstrong
• EMI – Interferência Eletromagnética, César Cassiolato
• Manual de Segurança Intrínseca – Borges, Giovanni Hummel
• Interferência Eletromagnética - Sanches, Durval
• Aterramento, Blindagem, Ruídos e dicas de instalação, César Cassiolato
• O uso de Canaletas Metálicas Minimizando as Correntes de Foucault em
Instalações PROFIBUS, César Cassiolato
• Ruídos e Interferências em instalações PROFIBUS, César Cassiolato
• http://www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/690, Protetor de Transientes
em redes PROFIBUS, César Cassiolato
• Pesquisas na internet (Todas as ilustrações, marcas e produtos usados aqui
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* César Cassiolato é Diretor de Marketing, Qualidade e Engenharia de Projetos & Serviços
da SMAR Equipamentos Ind. Ltda., foi Presidente da Associação PROFIBUS Brasil
América Latina de 2006 a 2010, Diretor Técnico do Centro de Competência e Treinamento
em PROFIBUS, Diretor do FDT Group no Brasil, Engenheiro Certificado na Tecnologia
PROFIBUS e Instalações PROFIBUS pela Universidade de Manchester.
Data de publicação: 2011-10-21 10:21:54