Microeconomia - (Passei)
Microeconomia - (Passei)
Microeconomia - (Passei)
Microeconomia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À ECONOMIA 4
CONCEITOS PRELIMINARES DE MICROECONOMIA 9
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 16
TEORIA DA DEMANDA 22
TEORIA DA OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 28
ELASTICIDADES 35
O MERCADO COMPETITIVO 41
MONOPÓLIO 47
DETERMINAÇÃO DE PREÇOS E PODER DE MERCADO 51
CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA 57
OLIGOPÓLIO 62
TEORIA DA PRODUÇÃO 67
CUSTOS DE PRODUÇÃO 73
MERCADOS COM INFORMAÇÃO ASSIMÉTRICA 79
EXTERNALIDADES E BENS PÚBLICOS 84
TEORIA DOS JOGOS 90
Conclusão 96
Material Complementar 97
Referências 98
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)!
Sou formada em Economia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2007),
mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá (2011) e Doutora em Eco-
nomia também pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Sou professora de Econo-
mia de cursos de graduação e pós-graduação tanto presenciais quanto a distância de
diversas faculdades e universidades.
Agora que você já me conhece, quero apresentar a disciplina a você. A economia faz
parte do nosso dia a dia: desde quando nascemos até a hora da nossa partida, vivemos a
economia e tomamos decisões econômicas a toda hora. Por esse motivo, é importante
conhecer o funcionamento da economia, principalmente aos profissionais que tomam
decisões estratégicas, como os da área da gestão.
A Economia é uma ciência social que procura estudar a sociedade e a melhor forma de
satisfazer as necessidades e desejos das pessoas. Para que isso seja possível, são utiliza-
dos teorias e instrumentais matemáticos e estatísticos. Ela (a Economia) é dividida em
duas grandes áreas: a Microeconomia, que estuda os agentes econômicos (pessoas e
empresas) e setores econômicos de forma individual e a Macroeconomia, que estuda o
que chamamos de agregados econômicos, ou temas pertinentes ao conjunto da econo-
mia tais como taxa de câmbio, taxa de juros e inflação.
E aí, preparado para entrar no fascinante universo da Economia? Espero que sim! Tenho
certeza que ao término da disciplina, você estará apto a discutir Economia e tomar de-
cisões empresariais.
Bons estudos!
3
AULA 01
INTRODUÇÃO À
ECONOMIA
Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à primeira aula da disciplina Microeconomia.
Você já ouviu falar da área de estudo da Economia? Acredito que pelo nome não, mas
pelos temas que fazem parte do estudo, certamente sim. Porém, para iniciar nossas dis-
cussões, o primeiro passo é compreender o significado de Economia.
Figura 1: Economy
Você certamente já se deparou com algumas situações econômicas em seu dia a dia e
ficou curioso(a) para entender um pouco mais sobre os motivos pelos quais determina-
dos fenômenos ocorrem e as possíveis soluções para cada um dos problemas. Os pro-
blemas aos quais me refiro estão relacionados a:
•• Alterações na taxa de câmbio.
•• Aumento da taxa de juros,
•• Carga tributária.
•• Desemprego.
•• Inflação.
•• Redução na oferta.
•• Variações na demanda, entre outros.
5
ISTO ESTÁ NA REDE
Preço médio da gasolina nos postos cai pela 9ª semana seguida, diz ANP
Valor médio por litro passou de R$ 4,365 para R$ 4,349.
O preço médio da gasolina nos postos caiu nesta semana, no nono recuo se-
guido, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (21) pela Agência
Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP). O valor
médio por litro passou de R$ 4,365 para R$ 4,349. O valor representa uma
média calculada pela ANP com os dados coletados nos postos, e, portanto,
os preços podem variar de acordo com a região.
Fonte: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/21/preco-medio-da-gasolina-nos-
-postos-cai-pela-9a-semana-seguida-diz-anp.ghtml> Acesso em 23 dez. de 2018.
Esses são alguns problemas que a economia estuda. Agora que você já relembrou de al-
gumas questões econômicas, deve estar se perguntando: mas o que, de fato, é economia?
É isso mesmo, a economia funciona da mesma maneira que a nossa casa: trabalhamos
para receber um salário, dividimos nossa renda para pagar as contas, procuramos
viver na maior harmonia possível, e caso não tenhamos dinheiro para todas as contas,
pegamos empréstimos; se sobrar dinheiro, fazemos investimentos, etc. – da mesma for-
ma que ocorre em uma empresa e em um país.
O que difere é que em Economia estudamos as formas como os diferentes tipos
de sistemas econômicos administram seus recursos com a finalidade de produzir bens
e serviços a fim de satisfazer as necessidades da população (PASSOS; NOGAMI, 2012).
Então, podemos definir Economia como uma ciência social que trata do estudo da
alocação dos recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das
necessidades ilimitadas ou desejos humanos (MENDES, 2009).
6
A partir da definição de Economia, não podemos deixar de fazer duas observações: você
percebeu que os termos “ciência social”, “recursos escassos” e “necessidades ilimitadas”
estão em negrito? Isso porque são três conceitos que precisam ficar muito claros para o
entendimento da economia.
Primeiro, diferente do que o senso comum afirma, a Economia não é uma ciência
exata, e sim uma ciência social, pois ela estuda a melhor forma da satisfazer as necessi-
dades das pessoas (sociedade). Para isso, a economia utiliza teorias, história, sociologia,
matemática e estatística.
Já as palavras recursos escassos estão em negrito porque escassez, que pode ser de-
finida como a situação em que os recursos são limitados, é a variável culpada por todos
os problemas econômicos. Então, podemos afirmar que a Economia tem como objeto
de estudo a escassez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia, ou se as
necessidades da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que to-
das as necessidades seriam satisfeitas. Assim, só existe a economia porque precisamos
distribuir os recursos produtivos escassos ou limitados, de forma a satisfazer todas ou a
maior parte possível das necessidades humanas.
É importante observar que a escassez está relacionada a diversas variáveis tais como
tempo, dinheiro, espaço físico, matéria-prima e mão de obra, seja especializada ou não,
entre outras. Por esse motivo, está presente em todas as economias, seja em países
ricos como os Estados Unidos, que é a maior economia do mundo, ou em países em
desenvolvimento, como aqueles do continente africano. Por exemplo, talvez no Brasil
não tenhamos escassez de espaço para a produção de bens agrícolas, mas no Japão
tem. Por outro lado, aqui falta tecnologia, lá não. Compreendeu o funcionamento da
escassez? Espero que sim, pois esta é a base de todo o estudo da economia.
Já necessidades ilimitadas estão destacadas, pois, diferente da escassez, os desejos
humanos são ilimitados, ou seja, nunca terminam. Por exemplo, temos R$50,00 para ir
ao shopping comprar uma blusa. Chegando lá, compramos uma blusa, mas, logo, de-
sejamos uma calça ou uma bolsa e assim sucessivamente. Sem falar nas necessidades
básicas, como alimentação e moradia. Lembre-se de que a Economia estuda o todo/
agregada, assim, mesmo que uma pessoa individualmente não tenha desejos ilimitados
ou que todas as suas necessidades sejam satisfeitas, na economia como um todo não é
assim que funciona.
Mais uma vez, se os recursos fossem escassos, mas as necessidades humanas fossem
limitadas, não teríamos problema. Ou se os recursos fossem ilimitados e as necessida-
des humanas também, não haveria problema. O grande problema é recursos escassos
e necessidades ilimitadas.
7
ANOTE ISSO
“A economia é a ciência da escassez ou das escolhas”
(MENDES, 2004, p. 3)
Com base no que discutimos até agora, você percebeu que a Ciência Econômica procu-
ra responder, mesmo que de forma parcial, questões como:
•• Como os preços são determinados?
•• Como reduzir a inflação?
•• Como melhorar a distribuição de renda de um país?
•• Como fazer com que aumente o número de empregos?
•• Qual são as funções do governo?
•• Por que uma crise internacional afeta a economia nacional?
“O que produzir” significa definir quais bens e serviços a economia irá fabricar. Essa
não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não
podemos produzir tudo o que desejamos ou precisamos. Em outras palavras, aumentar
a produção de um determinado bem significa reduzir a quantidade produzida de outros
bens.
Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem que ser definida a quan-
tidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-alvo desse
produto. Um dos fatores de escolha do “para quem produzir” é a renda desse consu-
midor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de mercadorias que ele poderá
adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram que quem irá influenciar a decisão da
empresa/país são os consumidores.
CONCEITOS
PRELIMINARES DE
MICROECONOMIA
Olá, aluno(a)! Como já discutimos, a Economia está ligada ao problema da escolha, já
que os recursos produtivos são limitados e as necessidades humanas são ilimitadas. Em
outras palavras, é imposta aos agentes econômicos uma escolha para a produção/con-
sumo de diversos tipos de bens e serviços. Para entender melhor como a escolha é feita,
vamos analisar a seguinte situação hipotética para uma determinada economia:
a. Uma economia só produz dois bens: bem X e bem Y, que você pode, por exemplo,
chamar de roupas e alimentos.
b. A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são fixas, ou seja, indepen-
dentemente de produzir o bem X ou o bem Y, a quantidade e a qualidade dos
recursos produtivos serão as mesmas.
c. Existe pleno emprego, ou seja, essa economia produz o máximo que ela pode dada
a quantidade de recursos produtivos que ela tem disponível.
d. A tecnologia é constante, já que o uso da tecnologia é uma forma de aumentar
a produção, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção disponíveis.
Bem Quantidade
Y (alimentos) 10 20 30 40 50 60
Ponto 1 2 3 4 5 6
Quadro 2.1: Quantidade de cada bem que pode ser produzido
dada a quantidade de fatores de produção disponível.
Fonte: a autora.
Caso a economia queira produzir tanto o bem X quanto o bem Y, ela deverá “abrir mão”
de determinada quantidade de um bem para produzir o outro. Por exemplo, para pro-
duzir 20 unidades de Y, a empresa deverá deixar de produzir 20 unidades de X, ou, para
30 unidades de Y, deverá deixar de produzir 20 unidades de X. Para ficar mais fácil, va-
mos visualizar essa situação por meio do Gráfico 2.1.
10
Fonte: Elaboração da autora
O Gráfico 2.1 mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá
produzir dados os fatores de produção limitados. Isso é conhecido como curva das possi-
bilidades de produção ou curva de transformação. Então, qualquer ponto sobre a curva
mostra que a quantidade de bens X e Y que a economia poderá produzir nessa situação
está em pleno emprego.
Agora, em qualquer ponto abaixo da curva, como o ponto 7, que pode ser visto no Grá-
fico 2.2, a economia poderá produzir, porém, caso produza no ponto 7, a economia é
ineficiente e não está em pleno emprego, pois haverá recursos produtivos para produzir
mais. Em outras palavras, haverá capacidade ociosa.
Gráfico 2.2: Pontos de produção que estão fora da curva das possibilidades de produção
Ainda analisando o Gráfico 2.2, podemos verificar que há o ponto 8. Dada a tecnologia
constante, produzir no ponto 8 é impossível, pois não temos recursos produtivos sufi-
cientes. Porém, existe uma forma de a economia chegar ao ponto 8 que é por meio da
tecnologia. A tecnologia é um fator que desloca a curva das possibilidades de produção,
pois, como já discutimos, podemos produzir mais, dados os mesmos fatores de produ-
ção disponíveis, ou seja, aumenta a capacidade produtiva da empresa. Essa situação
pode ser vista no Gráfico 2.3.
Gráfico 2.3: Deslocamento da curva das possibilidades de produção dada uma mudança tecnológica
11
Fonte: Elaboração da autora
No mundo real, pode acontecer de a curva das possibilidades de produção se deslocar
mais em direção a um bem do que a outro. Isso acontece porque os bens não possuem
exatamente o mesmo processo produtivo ou as mesmas quantidades de todos os fato-
res de produção. Então, o recurso produtivo mais afetado pela tecnologia tende a deslo-
car mais a curva de transformação.
Tudo que discutimos sobre curva das possibilidades de produção também nos mos-
tra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o custo de oportu-
nidade, no qual a empresa teve que “abrir mão” de certa quantidade produzida do bem
Y em função da produção do bem X.
Então, custo de oportunidade pode ser definido como o sacrifício de se transferir os
recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um bem ou serviço que
se deve renunciar para obter outro. É importante observar que só existe custo de opor-
tunidade se a economia estiver funcionando em pleno emprego, ou seja, se os recursos
forem plenamente utilizados, como os pontos de 1 a 6 do gráfico 2.2.
Bens e serviços podem ser definidos como tudo aquilo capaz de atender uma necessi-
dade humana – lembrando que as necessidades humanas são ilimitadas e cada pessoa
tem a sua necessidade. Os bens podem ser classificados de duas formas principais: em
relação a sua raridade e em relação a quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os
bens e serviços podem ser:
Livres – são aqueles bens cuja quantidade é ilimitada e que podem ser obtidos sem ne-
nhum esforço humano. Por esse motivo, não têm preço, e a economia não se preocupa
com eles, por exemplo: mar, rio, lagoa e oxigênio, entre outros.
Econômicos – são bens e serviços limitados (escassos), têm valor de mercado e pre-
cisam de esforço humano para produzi-los, por exemplo: carro, computador e caneta,
entre outros. Os bens e serviços econômicos são os bens estudados pela economia.
b. Imateriais ou serviços – são intangíveis, não podem ser estocados e, assim que con-
sumidos, acabam. Exemplo: uma consulta médica, uma aula ou uma consultoria.
A partir do que foi discutido sobre bens econômicos materiais e imateriais, farei uma
pergunta a você: uma passagem de metrô é um bem material ou um serviço? O ticket
do metrô é um bem material, pois conseguimos estocar. Porém, a viagem feita é um
serviço e, assim que descemos do metrô, o bem acabou.
12
AGENTES ECONÔMICOS
Para fabricar bens e serviços, comprar produtos, pagar tributos, regular a economia, en-
tre outros, ou seja, para fazer com que a economia gire, são necessários os agentes eco-
nômicos, que podem ser definidos como sendo pessoa de natureza física ou jurídica
que, por meio de suas ações, contribui para o funcionamento do sistema econômico.
Esses agentes podem ser classificados em:
Figura 1: Pessoas
13
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
DE REGULAÇÃO A AMAZON: AS AMEAÇAS QUE PAIRAM SOBRE O GOOGLE
A pressão por regulamentação tem crescido no mundo inteiro. Mas há riscos
maiores no horizonte da empresa
d. Setor externo – são os demais países que ao fazer comércio com o Brasil, acabam
influenciando a economia, e também são influenciados. Assim, o setor externo é
composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país/
economia que se está analisando e que tenham sua estrutura física fora das fron-
teiras geográficas deste.
Atualmente, além dos três fatores de produção clássicos que citamos anteriormente,
ainda temos a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fatores de produ-
ção, pois é fundamental a tomada de decisão dos empresários quanto à utilização dos
recursos produtivos. A tecnologia também pode ser considerada um fator de produção.
14
DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA
Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem essa área da Teo-
ria Econômica.
ANOTE ISSO
A economia é dividida em duas grandes áreas de estudo principais: a microe-
conomia que estuda os agentes econômicos individuais e a macroeconomia
que estuda as variáveis econômicas agregadas.
A Macroeconomia, por sua vez, “é o ramo da teoria econômica que estuda o funciona-
mento da Economia como um todo, procurando identificar e medir inúmeras variáveis”,
tais como nível de produção total, investimento agregado, poupança agregada, nível de
emprego, nível geral de preços, etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 9). Dessa forma, o estu-
do da Macroeconomia está voltado, entre outros, para:
f. as trocas internacionais e
COMPORTAMENTO
DO CONSUMIDOR
Olá, aluno(a)! Na aula anterior, foi apresentado que família e a empresa são agentes
econômicos e fazem parte do sistema econômico capitalista. Nesta aula, estudaremos
apenas as famílias, que são os consumidores, e o comportamento deles em relação às
decisões de consumo.
Você saberia dizer quais são os fatores que os consumidores levam em consideração
ao escolher um determinado conjunto de bens e serviços? No geral, os consumidores
possuem algumas características na relação entre a renda disponível e a escolha por
bens e serviços. E você saberia dizer quais são essas características? Você, por exemplo,
como escolhe um determinado bem ou serviço?
As características que a maioria dos consumidores tem são, segundo Mendes (2009):
Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e serviços;
Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou seja, pos-
suem cestas de bens, que veremos mais para frente;
Figura 1: Compras
Como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas, e por isso os consumidores rara-
mente estão satisfeitos com a quantidade de produtos comprados.
C = (Q1, Q2)
Mas como esta escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha que
o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras é feita
a partir de três pressupostos:
ANOTE ISSO
Em geral, os consumidores escolhem sempre maiores quantidades possí-
veis. Mesmo aqueles que preferem qualidade gostariam de comprar um nú-
mero maior de mercadorias.
Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exemplo: Maria
tem três cestas de bens e serviços disponíveis, A, B e C, dados a sua renda e o preço dos
bens, conforme situação abaixo.
•• Cesta A = (10 balas, 1 chocolate)
•• Cesta B= (5 balas, 2 chocolates)
•• Cesta C = (1 bala e 3 chocolates)
Entre a cesta A e a cesta B, Maria prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ela esco-
lherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compararmos as
cestas A e C, Maria preferirá a A.
18
UTILIDADE
U = f ( Q1, Q2)
No qual: U – utilidade
f – uma representação matemática que significa “em função de que”
Q 1– quantidade do bem 1
Q 2 – quantidade do bem 2
Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satisfação com-
pleta pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um determinado bem ou
serviço. A utilidade total é crescente até certo ponto, o chamado ponto de saturação. A
partir desse ponto, ela vai decrescendo.
Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo consu-
mo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. A utilidade marginal
explica uma das características que foram citadas no início desta unidade, a de que o
consumidor não gasta toda a sua renda em um único bem ou serviço, pois, se formos
explicar de forma bem radical, ele enjoa. Portanto, a utilidade marginal é decrescente,
ou seja, ela reduz à medida em que a pessoa vai consumindo quantidades adicionais de
um bem ou serviço, mantendo os demais constantes.
Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Mendes
(2009) apresenta um exemplo que iremos utilizar com algumas alterações. Imagina Ma-
ria no deserto do Saara, morrendo de sede. Ela encontra um vendedor de água e como
está com sede e tem dinheiro, comprará copos de água. Para o primeiro copo, Maria
está disposta a pagar um valor muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau
de satisfação que o consumo deste copo trará é muito alto. Já no segundo copo, Maria
está disposta a pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro
copo, por exemplo, 50 reais. E assim sucessivamente, até chegar ao décimo copo, no
qual ela não está mais disposta a pagar nada pela água, pois o décimo copo não trará
mais benefícios ao nosso consumidor. E se continuarmos analisando cada possível copo
consumido, chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do déci-
mo primeiro copo gera uma repulsa. Veja tal situação na tabela 3.1.
Tabela 3.1 – Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por José
0 0 -
1 70 70
2 120 50
3 165 45
4 190 25
5 210 20
6 225 15 19
Quantidade de copos de água Utilidade Total Utilidade Marginal
7 235 10
8 240 5
9 242 2
10 243 1
O gráfico 3.1 confirmou o que eu vinha afirmando até agora sobre a função utilidade:
a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de um deter-
minado bem ou serviço e a utilidade marginal decresce à medida em que aumenta o
consumo de um determinado bem ou serviço.
CURVA DE INDIFERENÇA
Outra curva importante que deve ser analisada antes de estudarmos a teoria da deman-
da de fato é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o consumidor considera
indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir, de acordo
os pressupostos que estudamos no início da unidade. Claro que apresentarei a curva de
indiferença de forma simplificada, pois este é um livro de introdução à Economia. Va-
mos supor que Maria consuma refrigerantes e pipoca e que, dados sua renda e o preço
destes bens, existem quatro cestas disponíveis.
C1 (1,4) 1 4
C2 (2,3) 2 3
C3 (3,2) 3 2
C4 (4,1) 4 1
FONTE: Elaboração da autora
A tabela 3.2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas que Maria pode
adquirir dados a sua renda e o preço dos bens, representadas na tabela 3.2 em gráfico
para melhor visualização:
Conforme visto no gráfico 3.2, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o
nome já diz, indiferente para Maria adquirir. Podemos ver também que, assim como na
curva de utilidade marginal, a curva de indiferença é negativamente inclinada. O motivo
é que, de acordo com os pressupostos da teoria do consumidor, “mais é melhor do que
menos.”
21
Ótimos estudos e até a próxima aula!
AULA 04
TEORIA DA
DEMANDA
Olá, aluno(a)! Agora, vamos começar o estudo da teoria de demanda, pois até o mo-
mento vimos os fundamentos da teoria do consumidor. A teoria da demanda tem como
objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, ela procura explicar o com-
portamento do consumidor ao escolher bens e serviços. Na Aula 1, você viu que qualquer
economia procurar responder a quatro perguntas básicas: O que produzir? Quanto pro-
duzir? Para quem produzir? Como produzir? Destas, as três primeiras são respondidas
pela teoria do consumidor.
Mas o que é demanda? Passos e Nogami (2012) definem demanda como a quantidade
de um determinado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado a
comprar por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a deman-
da é uma intenção de compra e não a compra efetiva.
Figura 1: Supermercado
a. Só existe demanda se a pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não puder
pagar, não há demanda. Então, o sonho de consumo que muitas vezes temos não
é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele.
23
ANOTE ISSO
Demanda pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que
um consumidor deseja comprar dados sua renda e o preço do bem, sendo,
portanto, uma intenção de compra.
A curva de demanda (D) é a relação entre preço (P) e quantidade (Q) e é negativamente
inclinada. Você sabe responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada?
A curva de demanda é negativamente inclinada porque conforme o preço aumenta, a
quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz, pois se o preço aumen-
tar, os consumidores irão substituir o consumo do bem pelo seu substituto. Esse efeito é
chamado de efeito substituição. Outro motivo que faz com que a curva de demanda seja
negativamente inclinada é o chamado efeito renda, que nos diz que ao aumentar a renda,
o consumidor irá demandar quantidades maiores de um determinado bem.
Então, a utilidade marginal explica que a curva de demanda é negativamente in-
clinada, pois conforme o preço altera, a quantidade demandada altera também (efeito
substituição), e alterações na renda, alteram a quantidade demanda (efeito renda). Para
facilitar a explicação acima, vou mostrar um exemplo. Maria deseja ir ao cinema ver os
filmes que acabaram de ser lançados. Neste exemplo, cinema é nosso bem. Dependen-
do do preço do ingresso, Maria está disposta a ir mais de uma vez ao mês ao cinema,
conforme tabela 4.1.
15 1
12 2
10 3
7 4
5 5
24
FONTE: Elaboração da autora
Analisando a tabela 4.1 e a representando graficamente, podemos ver que conforme o
preço do ingresso para o cinema reduz, a quantidade demandada, ou seja, a quantidade
de vezes que Maria está disposta a ir ao cinema aumenta, o que faz com que a curva de
demanda seja negativamente inclinada.
Claro que a curva de demanda representa apenas um consumidor, mas também temos
a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda individuais de
um determinado bem que está sendo vendido a um determinado preço. Independen-
temente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela será sempre negativa-
mente inclinada, pelos motivos que já explicamos.
Após entender o conceito de demanda e o que de fato significa para a ciência econômi-
ca, vou apresentar alguns fatores que afetam a curva de demanda tanto positiva quanto
negativamente, ou seja, fatores que fazem com que a demanda aumente ou diminua e
um fator que determina a demanda.
O fator que determina a demanda é o preço do bem ou serviços em questão. Neste
caso, como discutimos até agora, um aumento do preço faz com que a quantidade que
os consumidores estão dispostos a consumir reduza e vice-versa. Assim, não há um des-
locamento da curva de demanda, mas apenas os pontos sobre a curva que deslocam.
Chamados isso de alteração na quantidade demandada e não alteração na demanda.
Já os fatores que afetam e, portanto, deslocam a curva de demanda para a direita ou
para a esquerda são diversos, e irei apresentar alguns deles.
25
Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos daque-
le bem. Por exemplo, se Maria, nosso consumidor, tiver um aumento de salário, ela
passará a consumir mais carne de primeira. Neste caso, a curva de demanda para
carne de segunda se desloca para a esquerda, ou seja, para baixo.
c. Preço dos bens substitutos – bens substitutos são aqueles que têm praticamen-
te as mesmas características e, por este motivo, podem ser substituídos um pelo
outro. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco, manteiga e margarina, pão
francês e pão de forma, entre outros.
Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por
exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantida-
de demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará. Neste caso,
a curva de demanda de manteiga se desloca da direita para a esquerda, ou seja,
para baixo, e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.
26
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Com as altas temperaturas comerciantes de Curitiba relatam aumento na
venda de ventiladores
Capital paranaense registrou temperaturas acima dos 33º neste sábado (15),
segundo a Somar Meteorologia.
As altas temperaturas registradas em Curitiba têm empolgado os comer-
ciantes, que afirmam que a venda de ventiladores na cidade tem aumentado
nas últimas semanas. Neste sábado (15) a capital paranaense registrou tem-
peraturas de até 33,5º, por volta das 15h, segundo a Somar Meteorologia.
Nas ruas do Centro, vendedores comentam a procura pelo produto. “Hoje,
só em ventiladores, eu vendi na faixa de R$ 2 mil”, conta a vendedora Ro-
sangela Morais.
FONTE: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2018/12/15/com-altas-temperaturas-comercian-
tes-de-curitiba-relatam-aumento-na-venda-de-ventiladores.ghtml Acesso em 23 dez. de 2018.
Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros. É im-
portante lembrar que qualquer fator que aumente a demanda deslocará a curva de de-
manda para a direita, conforme gráfico 4.3. Em compensação, qualquer fator que reduz
a demanda desloca a curva de demanda para a esquerda, conforme gráfico 4.4.
O gráfico 4.3 mostra o deslocamento da curva de demanda para a direita, ou seja, quan-
do algum dos fatores que estudados acima aumenta a demanda, como por exemplo,
aumento da renda, aumento do preço do bem substituto, etc.
O gráfico 4.4 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja,
quando algum dos fatores que estudados acima reduz a demanda, como por exemplo,
redução da renda, redução do preço do bem complementar, etc.
Não podemos deixar de observar que quando falamos em uma alteração na quantidade
demandada em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de demanda
não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva.
27
AULA 05
TEORIA DA
OFERTA E EQUILÍBRIO
DE MERCADO
Olá, aluno(a)! Na aula anterior, estudamos o lado do consumidor na teoria da demanda,
agora iremos analisar o outro lado, o do produtor. Em outras palavras, a oferta. Então,
a teoria da oferta analisa os principais aspectos relacionados à oferta de mercado, ou
melhor, estuda o comportamento das empresas. Sintetizando, a teoria da oferta estu-
da a resposta do produtor aos incentivos de mercado, incentivos estes relacionados a
quantidade demandada, custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores
de produção, etc.
Mas, então, o que é oferta? A oferta pode ser definida, segundo Passos e Nogami
(2012), como a quantidade de um bem ou serviço que uma determina empresa deseja
vender por unidade de tempo. Mais uma vez, a palavra “ deseja” está negrito, isso porque
dependendo do preço do bem, as empresas têm um incentivo para aumentar a produ-
ção, mas não significa que de fato aumentem, pois aumentar a produção depende de
outros fatores e não somente do preço que a empresa deseja vender seu produto, até
porque nem sempre o desejado é o preço vendido de fato.
Outra observação é em relação à “unidade de tempo”. Vimos na teoria da demanda
que a demanda altera com o tempo. A oferta tem o mesmo funcionamento: com o tem-
po, ela poderá ser alterada. E como a curva de oferta é representada? A curva de oferta
é representada conforme gráfico 5.1.
ANOTE ISSO
Diferente da curva de demanda, a curva de oferta é negativamente inclina-
da, pois as empresas desejam vender mais quando o preço de mercado dos
seus produtos está mais alto.
Você percebeu que o formato da curva de oferta é o oposto da curva de demanda, já que
a curva de oferta é positivamente inclinada. Vamos ver o motivo? Imagine uma empresa
que venda pizzas congeladas e que tem a seguinte oferta:
5 18
4 16 29
Preço por pizza Quantidade ofertada (milhões de pizza)
3 12
2 7
1 0
Pela tabela 5.1 você percebeu que conforme o preço da pizza congelada reduz, a quan-
tidade que a empresa deseja vender diminuiu também, fazendo com que a curva seja
positivamente inclinada. Transformando a tabela 5.1 em um gráfico, temos:
Gráfico 5.1 – Representação da curva de oferta para empresa hipotética de pizzas congeladas.
FONTE: Elaboração da autora
O gráfico 5.1 confirmou o que a tabela 4 mostrou: conforme o preço da pizza congela-
do reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também diminuiu, chegando
ao ponto que a R$1,00 a empresa não está disposta a vender nenhuma pizza. Qual a
explicação de que ao preço de R$ 1,00 a empresa não está disposta a vender o produ-
to? A preços muito baixos, as empresas não têm incentivo a aumentar sua produção e
poderão ofertar outro tipo de produto, no caso, outro tipo de lanche congelado, como o
cachorro-quente, que tenha um preço de mercado mais alto.
Agora que você conhece o conceito de oferta, vou apresentar alguns fatores que afetam
positiva e negativamente a curva de oferta. Assim como na demanda, o preço do bem
ou serviço afeta a curva de oferta, mas não a desloca. Quanto maior for o preço, maior
será a quantidade ofertada. Caso contrário, se o preço diminui, a quantidade ofertada
também diminui.
Já os fatores que afetam e deslocam a curva de demanda, segundo Mendes (2008), são:
a. Preço dos insumos – aumento no preço dos insumos, aumenta os custos da em-
presa e podem reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço final, a
empresa terá menos lucro, deslocando a curva de oferta para a esquerda.
30
ISTO ESTÁ NA REDE
TABELA DO FRETE DEVERÁ TER REAJUSTE DE CERCA DE 5%
Aumento tem por objetivo atualizar os preços após a Petrobrás elevar em
13% o preço do diesel nas refinarias
A tabela do frete rodoviário deverá ser reajustada em cerca de 5%, segundo
informou fonte ao Estado. O aumento tem por objetivo atualizar os preços
após reajuste de 13% do diesel anunciado na última sexta-feira. O ajuste será
feito sobre a tabela vigente.
O tema será discutido nesta terça-feira, 4, em reunião da diretoria da Agên-
cia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O órgão regulador também
discutirá formas para acelerar o início das fiscalizações quanto ao cumpri-
mento da tabela pelos contratantes de serviços de transportes.
Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,tabela-do-frete-devera-ter-
reajuste-de-cerca-de-5,70002487166 Acesso em 23 dez. de 2018.
Como vimos, alguns fatores afetam a deslocam a curva de oferta para a direita ou para a es-
querda. Qualquer fator que reduza custos é um incentivo para a empresa aumentar a pro-
dução, deslocando a curva de oferta para a direita. Essa situação pode ser vista no gráfico 5.2
31
Gráfico 5.2 – Deslocamento da curva de oferta para a direita.
FONTE: Elaboração da autora.
Agora, qualquer fator que aumente o custo, ou que reduza o lucro, é um incentivo para
a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a esquerda, conforme
gráfico 5.3
Não posso deixar de observar que quando falamos em uma alteração na quantidade
ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de oferta, assim
como a curva de demanda, não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva, do
mesmo que a curva de demanda.
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Figura 1: Acordo
32
Agora, apresentarei o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja, mercados que são
formados por um grande número de compradores e vendedores. Fiz a observação de
que o equilíbrio discutido aqui é em mercados competitivos, pois temos outros mer-
cados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se dá
em outro ponto, ou seja, funciona de outra forma a relação entre demanda e oferta, e o
preço é formado em um ponto mais alto, mas isso discutiremos na próxima seção desta
aula. O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto no gráfico 5.4.
Analisando o gráfico 5.4, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O)
e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e esse ponto mostra o preço e
a quantidade negociados no mercado, P’ e Q’ respectivamente. Qualquer preço acima
de P’ significa que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso
de oferta, e pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que demanda, o preço tende
a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no mercado, e o
preço automaticamente reduzirá.
Existe o caso contrário também: qualquer ponto abaixo de P’ significa que teremos
um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do
que empresas dispostas de vender. Neste caso, o preço aumentará, de modo a chegar
ao ponto E, que é o ponto de equilíbrio.
ANOTE ISSO
O equilibro de mercado acontece quando as curvas de oferta e demanda
se encontram. Mesmo quando há aumento ou redução de preços, e conse-
quentemente as curvas de oferta e demanda se deslocam, com o passar o
tempo, elas tendem a encontrar um novo ponto de equilíbrio.
Todos os fatores estudados nos tópicos anteriores que afetam as curvas de demanda,
tais como renda, preço dos produtos complementares e substitutos, expectativa sobre
o futuro, entre outros, e todos os fatores que vimos que afetam a curva de oferta, tais
como, tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferência governamental, etc.,
afetam o ponto de equilíbrio.
O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio por meio de:
33
a. Fixação de preços mínimos – acontece quando o governo fixa o preço mínimo
que seria vendido no mercado. Esse instrumento tem como objetivo beneficiar o
produtor de forma a garantir um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um
exemplo seria o mercado de trabalho, por meio de fixação do salário mínimo. Ou-
tro mercado que participa dessa política é o mercado agrícola, no qual o governo
se compromete a adquirir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do
preço fixado.
c. Subsídios – neste caso, o governo, com o objetivo muitas vezes de desenvolver de-
terminados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, que terá
incentivo para aumentar a quantidade ofertada e ou reduzir preço. Com o subsí-
dio, o preço fica abaixo de P1.
34
AULA 06
ELASTICIDADES
Olá, aluno(a)! Elasticidade é um conceito
muito importante na Microeconomia, pois
mostra a relação entre as diferentes quan-
tidades de demanda e oferta de determi-
nados bens e serviços em função das mu-
danças de preço. Nesse sentido, Mendes
(2009) define elasticidade como uma me-
dida de resposta que compara a mudança
percentual de uma variável devido a uma
mudança percentual em outra variável. Em
outras palavras: sabemos, por exemplo, que
a redução do preço de um bem aumenta
a demanda deste bem, mas não sabemos
exatamente em quanto. E é esse impacto
que a elasticidade mostra!
De acordo com o conceito de elasticida-
de, as mercadorias podem ser classificadas
em bens de demanda inelástica ou fraca-
mente elásticas e bens de demanda forte-
mente elástica. Os primeiros englobam os
bens de primeira necessidade, indispen-
sáveis à subsistência diária da população.
O sal é o mais característico entre os bens
de demanda inelástica. Consumido em
pequenas quantidades, mas tratando-se
de ingrediente indispensável à alimenta-
ção cotidiana, as alterações no preço do sal
praticamente em nada afetam sua procura Figura 1: Elástico
(SANDRONI, 1999).
ANOTE ISSO
Elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação
percentual em outra. É sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma
variável, em face de mudanças em outras variáveis.
36
ELASTICIDADE DA DEMANDA
a. Elasticidade preço
P ∆Q
Εp =
Q ∆P
No qual: Ep – elasticidade preço
P – preço
Q – quantidade
∆Q – variação da quantidade
∆P – variação do preço
É importante observar que a análise da elasticidade preço é feita por módulo, ou seja,
sempre será negativo, mas a análise sempre levará em consideração o valor ser positivo.
Após o cálculo de elasticidade, os bens podem ser classificados em:
a. Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1.
Isso significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demanda reduz. Por
exemplo, se o preço aumentou em 10%, a quantidade demandada reduzirá em
mais do que 10%.
Em geral, bens não muito essenciais são elásticos, como roupas e sapatos.
Alguns fatores fazem com que o bem ou serviço seja mais elástico do que outros. Pode-
mos citar, de acordo com Mendes (2008):
38
∆Qx
Qx
Ε xy =
∆Py
Py
No qual: Exy – elasticidade preço cruzada
∆Qx – variação da quantidade do bem X
Qx – quantidade do bem X
∆Py – variação do preço do bem Y
Py – preço do bem Y
Nesse tipo de elasticidade, o sinal precisa ser analisado. Se o resultado for positivo, os
bens são substitutos. Se for negativo, os bens são complementares, e se o resultado for
zero, os bens são independentes, ou seja, não tem nenhum tipo de relação, como gaso-
lina e pão.
c. Elasticidade renda
∆Q
Q
Εy =
∆y
y
Assim como na elasticidade preço cruzada, o sinal da elasticidade renda precisa ser ana-
lisado. Se o valor for positivo, o bem é normal. Se for negativo, o bem é inferior.
ELASTICIDADE DA OFERTA
Como vimos, o produto responde a alterações no preço, e esta resposta pode ser medida
por meio da elasticidade-preço da oferta. Então, Mendes (2008) define elasticidade-pre-
ço da oferta como mudança percentual na quantidade ofertada de um bem ou serviço
em resposta a uma variação no preço, mantendo os demais fatores constantes. Assim
como na demanda, a elasticidade-preço da oferta pode ser de três tipos:
a. Elástica
Uma oferta é elástica quando o coeficiente é maior do que 1. Então, um aumento
nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente mais do que 1%.
39
b. Inelástica
Uma oferta é inelástica quando o coeficiente é menor do que 1. Então, um aumento
nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente menos do que 1%.
c. Elasticidade Unitária
Uma oferta tem elasticidade unitária quando o coeficiente é igual a 1. Então, um
aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente exata-
mente 1%.
40
AULA 07
O MERCADO
COMPETITIVO
ESTRUTURAS DE MERCADO
Olá, aluno(a)! A interação entre oferta e demanda acontece no mercado e forma o pre-
ço. Essa interação muda para cada estrutura do mercado. Então, Mendes (2009) define
estrutura de mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às características
organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação
do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada” (MENDES, 2009, p. 103). Como de-
finido por Mendes, a estrutura de mercado engloba três características. Vamos entender
cada uma delas?
a) Grau de concentração
Quando as quatro maiores empresas que fazem parte deste mercado detêm, pelo me-
nos, 75% da quantidade comercializada, dizemos que este é um mercado altamente
concentrado.
42
b) Grau de diferenciação do produto
A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita ingredientes
de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais, como entrega delivery e
embalagens especiais como formas da empresa diferenciar seu produto e, portanto,
aumentar seu preço.
c) Barreiras à entrada
Barreiras à entrada pode ser definido como o grau de dificuldade que uma nova empre-
sa tem para fazer parte do mercado. E podem ser:
Com base no que foi discutido, quanto à competitividade os mercados podem ser clas-
sificados em:
•• Competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística
•• Pouco competitivos – oligopólio
•• Sem competição – monopólio
Conforme podemos visualizar no quadro 7.1, quando existe um grande número de em-
presas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, este mercado é de
concorrência perfeita. Agora se forem muitas empresas que vedam produtos diferencia-
dos, o mercado é concorrência monopolística.
Por outro lado, se tivermos poucas empresas, mesmo que vendam produtos idênticos
ou não, estamos nos referindo a um oligopólio, e se for uma única empresa que comer-
cializa um produto altamente diferenciado, é um monopólio. Veremos cada uma dessas
estruturas nas próximas aulas. Agora, falaremos do mercado competitivo, do qual a con-
corrência perfeita, também chamada de concorrência pura, faz parte. Vamos conhecê-la?
Produtos homogêneos
Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A é
substituto perfeito do bem do vendedor B. Por essa razão, o preço é praticamente
constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor aumentar seu
preço, os consumidores irão comprar no outro produtor.
Como já visto aqui, na realidade, a situação de concorrência perfeita ou pura seria uma
situação ideal, mas que de fato não acontece. O mercado que mais se aproxima desse
tipo de estrutura de mercado é o agropecuário.
ANOTE ISSO
Os mercados competitivos têm como característica um grande numero de
empresas e preços mais baixos, já que há concorrência.
Agora que você conheceu o mercado competitivo, você deve estar querendo saber como
são as curvas de oferta e demanda, e, portanto, o equilíbrio neste mercado, certo? Então,
vamos considerar as curvas de demanda e oferta para um produto qualquer, do quilo
de batata, por exemplo, que é vendido diariamente em um mercado do seu município.
Sabendo que a curva “D” representa a demanda, que mostra quanto os compradores
estão dispostos a comprar (quantidade) da mercadoria por cada nível de preço. E a curva
“S” que representa a oferta, ou ainda, a quantidade que os produtores estão dispostos a
vender a cada preço. Lembre-se de que os compradores desejam preços baixos e quan-
tidades altas, fazendo com que a curva de demanda seja negativamente inclinada, e
que os vendedores desejam vender seus produtos ao preço mais alto possível, fazendo
que a curva seja positivamente inclinada. Vamos, então, analisar o gráfico 7.2.
46
AULA 08
MONOPÓLIO
Figura 1: Postes/iluminação
Olá, aluno(a)! O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extre-
ma, mas, diferente da anterior, ele é real, ou seja, muito presente na economia brasileira.
A situação do monopólio é, muitas vezes, indesejável, pois pode prejudicar o consumi-
dor, já que não temos concorrência. Você sabe dizer como um monopólio é caracteriza-
do? As características principais do monopólio são:
Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos, não havendo substitu-
tos próximos. Neste caso, o consumidor não consegue substituí-lo por outro. Como em
48
outras estruturas de mercado.
Não há concorrência
Se há uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista. Com isso,
o preço tende a ser mais alto.
A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela consegue
controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. É por essa razão que o gover-
no se preocupa com as práticas dos monopolistas.
ANOTE ISSO
Apesar do monopólio só ter uma empresa e, portanto, não há concorrência,
as empresas monopolistas não conseguem cobrar o preço que desejam,
pois perderá mercado. Porém, ela consegue cobrar um preço bem mais alto
do que em mercados concorrenciais.
De acordo com Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de duas formas:
a. Controle de preço – o governo pode exigir que o monopolista produza até que o
custo marginal seja igual ao preço. Essa é uma prática difícil, pois o governo preci-
saria conhecer toda a estrutura de custo da empresa.
b. Política de taxação - o governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir seu
lucro. A taxação pode ser de três formas:
•• Pagamento de uma licença anual
•• Tributação sobre lucro
•• Imposto sobre vendas
49
As duas primeiras afetam o custo fixo, reduz ou até mesmo elimina o lucro da empresa e
mantêm o preço para o consumidor. Já o imposto sobre vendas afeta os custos variáveis
e reduz a quantidade produzida.
É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o monopolista
quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. E uma estratégia
utilizada pelo monopolista para vender mais é por meio da política de discriminação
de preços. Trata-se de uma prática que ocorre quando um monopolista vende o mesmo
produto a consumidores diferentes e com preços diferentes. Para isso, é necessário:
1. Separar os mercados fisicamente, de modo que um consumidor não consiga
comprar no outro mercado;
2. Verificar a elasticidade-preço da demanda de cada mercado. No mercado/consu-
midor mais elástico, o monopolista coloca um preço mais baixo, e para o mercado
mais inelástico, o preço é mais alto. Deste modo, a empresa monopolística conse-
gue aumentar sua receita.
Você percebeu pelos exemplos que não é somente uma empresa monopolística que
pratica a discriminação de preços, mas se trata de uma prática comum em outras estru-
turas de mercado também.
50
AULA 09
DETERMINAÇÃO
DE PREÇOS E PODER
DE MERCADO
Olá, aluno(a)! Depois de conhecer as principais características do mercado monopolista,
você percebeu que as empresas dessa estrutura de mercado têm a capacidade de fixar
preços de tal forma que podem obter lucro positivo mesmo no longo prazo. Por isso,
esse tipo de empresa busca constantemente usufruir desse poder de mercado de forma
mais eficaz possível.
O objetivo primordial dessa aula é explicar como as empresas com poder de mono-
pólio determinam seus preços por meio da captação do chamado excedente do consu-
midor, fazendo isso por meio da discriminação de preços.
Você sabe dizer o que é discriminação de preços?
Pode-se dizer que a discriminação de preços ocorre quando o mesmo produto pode
ser vendido pelo mesmo preço. Os produtos são considerados idênticos quando pos-
suem a mesma qualidade e o mesmo custo.
Wessels (2010) lembra que o monopolista pode praticar a discriminação de preços
caso se verifiquem, além da existência de poder de mercado, outras duas situações bá-
sicas:
1. Os compradores não podem revender os produtos: se assim o fosse, toda sua pro-
dução acabaria sendo vendida o preço baixo.
2. O monopólio deixa claro quais consumidores pagam mais e quais pagam menos:
se isso não ocorresse, a empresas teria muita dificuldade para cobrar um preço
mais elevado de um grupo específico.
Diante desse contexto, vamos estudar os três principais tipos de discriminação de pre-
ços: de primeiro grau, de segundo grau e a de terceiro grau. Preparado(a)?
Mas quais as diferenças básicas entre os três tipos de discriminação de preços mencio-
nadas anteriormente? Por meio do quadro abaixo, é possível visualizar as características
de cada uma delas.
52
Quadro 1 – Tipos de discriminação de preços
Discriminação de preços O monopolista vende a produção para pessoas diferentes por diferen-
de primeiro grau tes preços, mas cada unidade vendida a determinada pessoa é vendida
pelo mesmo preço. É a modalidade mais comum de discriminação de
preços. Exemplos muito comuns são os descontos para pessoas idosas
e para estudantes.
Após você conhecer as características de cada uma delas, vamos estudar como ocorre o
funcionamento da discriminação de preços para cada um dos casos específicos.
Antes de começar com as particularidades de cada um dos conceitos, é importante
relembrar os significados de excedente do consumidor e excedente do produtor. Sim-
plificadamente, pode-se dizer que enquanto o excedente do consumidor é todo o valor
que o consumidor paga abaixo daquele que ele estaria disposto a pagar, o excedente do
produtor é o valor que a empresa vende por um valor maior do que ela estaria disposta
a vender.
A discriminação de preços de primeiro grau ocorre quando o monopolista vende
seus produtos para as pessoas que estão dispostas a pagar o maior valor e pelo preço
máximo que essa pessoa está disposta a pagar.
Se a empresa monopolista cobrasse o mesmo preço para todos os consumidores,
certamente permitiria a apropriação de excedente do consumidor de alguns compra-
dores do produto. Cobrando preços mais elevados de consumidores que desejam pagar
mais, ele maximiza seus benefícios em forma de excedente do produtor.
Dessa forma, o produtor seria capaz de apropriar-se de todo o excedente do consumi-
dor, ou seja, ele capta todo o excedente gerado no mercado e transforma em excedente do
produtor. Essa perfeita discriminação de preços pode ser visualizada por meio da Figura 1.
53
Fonte: Frank (2013, p, 393)
Por meio da Figura 1, é possível perceber que o produtor pode cobrar pode diversos níveis
de preços para diversos consumidores. Por exemplo, as primeiras Q1 unidade por P1, as Q2
- Q1 unidades por P2 e assim sucessivamente, de forma a apropriar-se de toda a área verde
do triângulo e transformá-lo de excedente do consumidor (caso não ocorra discriminação
de preços) em excedente do produtor (com a discriminação perfeita de preços).
A discriminação de preços também pode ser baseada na quantidade que se compra
de determinado produto. Nesse caso, tratamos da discriminação de preços de segundo
grau. Esse tipo de discriminação de preços surge devido à dificuldade de obtenção de
informações em determinados mercados. De acordo com Gremaud (2007, p.151):
54
Figura 3: Energia elétrica
Em outras situações, quando ocorre a separação dos mercados e a empresa não precisa
ofertar produtos diferentes para segmentar o mercado, ela simplesmente cobra preços
diferentes para cada um dos mercados, com preços mais elevados naqueles mercados
menos sensíveis a preços. Nesse caso, ocorre a discriminação de preços de terceiro grau.
55
ANOTE ISSO
Nesse ponto do seu estudo, é importante que fique bem claro o conceito
do termo “elasticidade-preço da demanda”, que nada mais é do que a sen-
sibilidade da quantidade demanda quando os preços variam. Quanto mais
elástica a demanda, maior é essa sensibilidade. Uma demanda elástica sig-
nifica que variações de preço causam impactos mais que proporcionais na
quantidade demanda. Por outro lado, uma demanda inelástica é aquela em
que uma variação de preços provoca variações menos que proporcionais na
quantidade demandada.
Fonte: Elaborado pela autora
Mas como podemos identificar qual dos dois mercados apresenta a menor elasticida-
de-preço da demanda?
Bom, quanto mais inclinada for a curva de demanda, menos sensível será a quan-
tidade demandada para uma dada variação do preço. Podemos visualizar na Figura X
que o Mercado 2 apresenta uma curva de demanda mais inclinada, permitindo que a
empresa monopolista cobre um preço mais elevado para fornecer seu produto.
É importante ficar claro que, embora a discriminação de preços se apresenta como
uma ferramenta que amplia os benefícios econômicos em prol dos produtos, frequen-
temente estão sujeitos a limitações por parte do governo, pois, em alguns casos, pode
prejudicar o nível de concorrência.
Na próxima aula, trataremos de uma estrutura de mercado que possui caracterís-
ticas presentes tanto na concorrência perfeita como nas empresas monopolistas. Por-
tanto, você vai conhecer os determinantes dos preços e das quantidades demandas da
chamada Concorrência Monopolísticas.
56
AULA 10
CONCORRÊNCIA
MONOPOLÍSTICA
Olá, aluno(a)! Agora você vai conhecer outra estrutura de mercado: a concorrência
monopolística. Saímos um pouco do extremismo visto na concorrência perfeita e no
monopólio, mas utilizaremos muitas de suas premissas. As características básicas das
empresas pertencentes a este mercado são destacadas por Vasconcellos:
Além dessas características, pode-se dizer que, ao contrário do monopólio (que já estu-
damos anteriormente) e do oligopólio (que estudaremos mais adiante), existe livre en-
trada e saída das empresas deste setor, ou seja, não barreiras à entrada de novas firmas.
Rossetti (2016) vai mais além e sintetiza as características da Concorrência Monopo-
lística em cinco grandes critérios: competição, diferenciação, substitutibilidade, preço-
-prêmio e baixas barreiras. Vejamos cada uma delas:
É importante lembrar que, por serem diferenciados, os produtos deste mercado não
podem ser considerados substitutos perfeitos. Mas você sabe quais os fatores explicam
esta diferenciação de produtos?
Diferenciação
59
Com decisões articuladas, os 4Ps se reforçam, criam sinergia, aumentam o impacto jun-
to ao mercado (URDAN; URDAN (2012). O Quadro 1 resume as principais atividades que
podem ser desenvolvidas pelas empresas através dos componentes que formam o Mo-
delo dos 4Ps:
Todavia, no longo prazo, por apresentar um lucro expressado pela diferença entre o pre-
ço de venda o Custo Médio, novas empresas serão atraídas para o mercado.
Portanto, podemos concluir que, no curto prazo, a empresa que está inserida no merca-
do de Concorrência Monopolística aufere lucro positivo. Porém, no longo prazo, a atra-
ção de novas empresas provoca um deslocamento da demanda para a esquerda e uma
substancial queda no nível de preços até o ponto em que o lucro passe a ser nulo.
ANOTE ISSO
PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE EMPRESAS PERFEITAMENTE
E IMPERFEITAMENTE COMPETITIVAS
Na indústria perfeitamente competitiva, as curvas de oferta e de demanda
cruzam-se para determinar o preço de equilíbrio de mercado. A esse pre-
ço, ela vende quantas unidades desejar. A empresa não tem incentivos para
cobrar mais do que o preço de mercado, pois, se fizer isso, nada venderá.
Nem possui incentivos para cobrar menos do que o preço de mercado, por-
que pode vender quantas unidades desejar ao preço de mercado. A curva de
demanda da empresa perfeitamente competitiva será, portanto, uma linha
horizontal no preço de mercado.
Em contrapartida, se um posto de gasolina, um concorrente imperfeito, co-
brasse alguns centavos a mais por um litro de gasolina, alguns de seus clien-
tes o abandonariam, mas outros permaneceriam – talvez porque estejam dis-
postos a pagar um pouco mais para continuar abastecendo em um local mais
conveniente. Assim, sua curva de demanda seria negativamente inclinada.
Fonte: Frank e Bernanke (2012, p.236)
OLIGOPÓLIO
Olá, aluno(a)! A quarta e última estrutura de mercado estudada é o oligopólio. Ela apre-
senta as mesmas características do monopólio, com exceção do número de empresas
vendedoras. No caso no monopólio, a empresa é única, no oligopólio temos poucas
empresas onde aproximadamente duas ou três dominam pelo menos 80% de todo o
mercado. De acordo com essa linha raciocínio, Montella (2012, p. 2014) afirma que, no
oligopólio, “existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um
grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do
mercado”.
Preparado(a) para conhecer mais essa estrutura de mercado? Então vamos lá!
Antes de mais nada, é importante destacar que o estudo do mercado oligopolista com-
plementa nossa análise e permite entender as estruturas de mercado em dois grandes
tipos. O primeiro é o mercado de Concorrência Perfeita, e o segundo é a Concorrência
Imperfeita, representada pelo Monopólio, Concorrência Monopolística e Oligopólio.
No caso de atuar de forma cooperativa, elas podem agir em conluio e formar cartéis para
combinar preços com seus concorrentes. O intuito é agir cooperativamente, fixando um
preço maior e uma quantidade menor que aquela praticada em um mercado concor-
rencial. Com isso, elas são capazes de aumentar a lucratividade das empresas envolvidas.
Mas será que mesmo existindo poucas empresas no mercado, elas sempre vão operar
de forma cooperativa?
Se sua resposta foi não, você está correto(a). Em mercados que existem muitas empre-
sas operando, a tentação em trapacear e quebrar o acordo para auferir lucros elevados
ocorre constantemente.
ANOTE ISSO
Cartéis são organizações de produtores ou indústrias dentro de certo setor
ou atividade que determinam a política de preços para todos os associados,
fixando cotas de mercado para cada um. É estabelecido como forma de evi-
tar guerra de preços que pode trazer resultados ruins para todos.
Fonte: Gremaud et al. (2017, p. 283)
64
Voltando às ações cooperativas dos cartéis, pelo fato de combinarem preços mais eleva-
dos e quantidades menores, o nível de bem-estar econômico da sociedade pode sofrer
uma considerável redução
Figura 2: Cooperação
Por esse motivo, o poder público tem o papel de desenvolver políticas para inibir o abu-
so de poder econômico dessas empresas. As ações do Estado com esse objetivo são
denominadas “políticas antitrustes”. Vasconcellos et al. (2015) destaca que, além da re-
gulamentação legal, o comportamento de um oligopólio é determinado pelos fatores
destacados no Quadro 1.
Poder de barganha Quanto maior o poder de barganha dos compradores, menor a pro-
com compradores babilidade de organizar cartéis.
66
AULA 12
TEORIA DA
PRODUÇÃO
Olá, aluno(a)! A partir de agora, o foco do nosso estudo passa a ser a Teoria da Produção.
Fundamentalmente, o nosso objetivo principal é compreender de que forma as empre-
sas transformam os diversos fatores de produção (capital, trabalho e recursos naturais)
em produtos e serviços utilizado para a satisfação das necessidades dos agentes econô-
micos (famílias, empresas, governo e setor externo). Preparados para mais esse desafio?
Então mãos à obra!
É preciso ficar claro que qualquer sistema econômico faz a transformação de recursos
em produtos por meio da chamada Função de Produto, que será nosso ponto de parti-
da. Mas o que significa esse termo tão importante da Teoria Microeconômica?
A Função de Produção pode ser definida por Gremaud et al. (2007, p. 450 como a
“quantidade máxima de produto que se pode obter a partir da utilização combinada de
determinadas quantidades de insumos e fatores produtivos por determinado peri ́odo
de tempo”.
A Figura 1 mostra de forma esquemática a transformação de insumos e produtos por
meio da atividade produtiva.
Por meio da parte superior da Figura 1, é possível visualizar como a função de produção é
formada e de que maneira ela se comporta. O eixo vertical representa a Produção Total,
representado pelo símbolo PT, ao passo que o eixo vertical mede a quantidade do fator
trabalho utilizado, identificado pela letra N.
Três trechos devem ser destacados ao longo da Função de Produção. Na parte que
vai desde a origem até o ponto A, a produtividade do fator trabalho é muito elevado, de
tal forma que a produção cresce a taxas crescentes, ou seja, o crescimento da produção
cresce proporcionalmente mais do que o aumento da utilização do fator de produção.
À medida em que a utilização de fator trabalho aumenta, sua produtividade começa
a declinar e isso se reflete na taxa de crescimento da produção, fazendo-a aumentar,
mais a taxas menores (ponto A ao ponto B). Por outro lado, do ponto B ao ponto C, a pro-
dução cresce a taxas decrescentes. Isso quer dizer que, a partir desse ponto, o aumento
da produção passa a ser inferior ao aumento da utilização do fator de produção trabalho.
A partir do ponto C, a produtividade passa a ser negativa e a produção começa declinar
à medida em que a quantidade de trabalho utilizada aumenta.
68
Figura 2 - Relação entre o Produto Total, Produto Médio e Produto Marginal
Fonte: Vasconcellos et al. (2011, p.151)
A parte inferior da Figura 2 permite visualizar a relação existente entre o Produto Total,
o Produto Médio e o Produto Marginal, mas antes de compreender o que esses três
conceitos têm em comum, é necessário que fique bem claro o significado de cada um
deles.
O Produto Total, conforme mostrado anteriormente, é o volume de produção gerado
em determinado período de tempo. É uma função da quantidade dos fatores de pro-
dução utilizadas. No caso de uma economia que utiliza trabalho (L) e capital (K) como
fatores de produção, a função de produção pode ser representada da seguinte forma:
Q K , L
Variação da produção
PMgL =
Variação do fator trabalho
O Produto Médio mostra qual quantidade de produção pode ser obtida para cada uni-
dade do fator de produção empregada no processo produtivo. Por exemplo, se a partir
do emprego de 10 unidades do fator trabalho é possível produzir 200 unidades de um
certo produto, pode-se dizer que o produto médio do trabalho é de 20 unidades. O pro-
cesso de cálculo é simples, basta dividir a produção total pela quantidade do fator de
produção empregado para a obtenção dessa quantidade de produto. A equação utiliza-
69
da para encontrar o Produto Médio do fator trabalho é a seguinte:
Produção total
PMeL =
Quantidade empresada do fator trabalho
Dados os conceitos de Produto Total, Produto Marginal e Produto Médio, é possível esta-
belecer algumas relações importantes. Observado a parte inferior da Figura 2, é possível
perceber que enquanto a curva de Produto Marginal for maior que a curva de Produto
Médio, este último está crescendo, mostrando-se vantajosa o emprego deste fator de
produção.
A partir do momento em que o Produto Marginal passa a ser menor que o Produ-
to Médio, este passa a decrescer, e o emprego adicional do fator trabalho para passa a
acrescentar cada vez menos ao Produto Total, ou seja, passa a crescer a taxas decrescen-
tes.
A figura também mostra que, enquanto o Produto Marginal for positivo, o Produto
Total cresce. Por outro lado, um Produto Marginal negativo significa que o Produto Total
está caindo, indicando que o emprego de quantidades adicionais de trabalho passa a
ser prejudicial para a empresa.
O formato da curva de Produto Total evidencia um fenômeno importante na Teoria
da Produção. Ela é conhecida como Lei dos Retornos Decrescentes, que ocorre no curto
prazo, quando apenas um dos fatores de produção é fixo e outro é variável. Frank (2013,
p. 268) mostra que este postulado por ser evidenciado verificado quando:
72
AULA 13
CUSTOS DE
PRODUÇÃO
Olá, aluno(a)! Esta aula tem o intuito de apresentar uma importante vertente da Teoria
da Firma, que é a abordagem sobre a importância dos custos nas decisões de produção.
Como apresentado na aula anterior, a empresa combina os fatores de produção com
a finalidade de produzir bens e serviços para a otimização dos resultados, visando sem-
pre a obtenção do lucro máximo. Essa afirmação vai ao encontro da ideia mostrada por
Carvalho (2017, p. 190):
Calculando Custos
Visando otimizar seus resultados, a empresa adquire fatores de produção para combinar
no seu processo produtivo. Esses recursos são escassos e demandam recursos financei-
ros para sua aquisição. O montante destinado a saldar essas despesas é denominado
custos de produção. O que acha de explorar a classificação desses custos? Vamos lá!
De forma geral, os custos das empresas são divididos em Custos Fixos e Variáveis cujo
soma totaliza o Custo Total (CT) da empresa.
Custos Variáveis: também chamado de Custo Variável Total (CVT), são aqueles que
variam diretamente com a quantidade produzida. Os gastos com mão de obra e
matérias-primas são exemplos desse tipo de gasto.
Custos Fixos: conhecido na teoria econômica como Custo Fixo Total (CFT), refe-
rem-se àqueles custos que não variam com a quantidade produzido pois atribuí-
dos a todos os produtos por meio de rateio. Os exemplos mais comuns são os gas-
tos para pagamento de aluguel e os gastos administrativos.
O comportamento do Custo Variável, Custo Fixo e Custo Total com relação ao nível de
produção pode ser visualizado por meio da Figura 1 abaixo:
74
Figura 1: Nível de produção e o Custo Variável, Fixo e Total
Fonte: Viceconti e Neves (2013, p. 132)
CT
CTMe =
Q
CVT
CVMe =
Q
CFT
CFMe =
Q
CT
CMg
Q
Portanto, para chegar ao valor do Custo Marginal é muito simples: basta dividir a va-
riação do Custo Total pela variação da quantidade total produzida ocasionado por este
aumento de custo.
É possível estabelecer uma relação entre o Produto Médio e Produto Marginal (vistos
na aula anterior) com os conceitos de Custo Variável Médio e Custo Marginal que acabei
de apresentar.
75
Figura 2: Relação entre Produto Médio e Marginal com os Custo Variável Médio e Marginal.
Fonte: Viceconti e Neves (2013, p. 100)
Em uma rápida observação na Figura 2, você pode perceber que enquanto as curvas de
Produto Médio e Produto Marginal são crescentes, as curvas de Custo Variável Médio e
Custo Marginal são decrescentes. Da mesma forma, quando as curvas de Custo Variável
Médio e Custo Marginal estão crescendo, as curvas de Produto Médio e Produto Margi-
nal estão decrescendo. Também é possível ver os níveis de produção nos pontos de má-
ximo das curvas de Produto Médio e Produto Marginal correspondem, respectivamente,
aos pontos de mínimo das curvas de Custo Variável Médio e Custo Marginal.
Esses fatos têm uma explicação econômica importante: quando a produtividade dos
fatores de produção está aumentando, tornando-a mais eficiente, os custos de produ-
ção sofrem uma redução. Em outras palavras, a produtividade e os custo de produção
são inversamente proporcionais.
ANOTE ISSO
As curvas de custos das firmas devem considerar, além dos custos con-
tábeis, os custos de oportunidade, pois assim estariam refletindo os custos
de todos os fatores de produção envolvidos numa dada atividade, inclusive
a capacidade ou talento empresarial. Como todos os recursos produtivos
são limitados, o conceito de custo de oportunidade permite captar a ver-
dadeira escassez relativa do recurso uti- lizado. Ou seja, qual o custo para a
sociedade da alocação de recursos (o custo social).
Fonte: Vasconcellos e Braga (2011, p. 161)
76
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Alguns dados interessantes sobre custos de teatro foram disponibilizados
para espetáculos apresentados no New London Theatre, em Londres. O pro-
dutor dos espetáculos pagou aluguel de 25 mil libras esterlinas por semana
ao New London Theatre.
Os custos foram estimados entre 30 mil e 35 mil libras esterlinas por semana.
Uma discriminação mais geral dos custos típicos da montagem de um espe-
táculo no West End é apresentada na tabela a seguir, que reflete as estimati-
vas da destinação real do dinheiro recebido por cada ingresso vendido.
Até aqui analisamos os custos de produção no curto prazo, ou seja, quando apenas um
dos fatores de produção são variáveis. É nos casos em que mais de um fator de produção
sofrem variações.
Assim como estudados na Teoria da Produção, para evitar a análise de um gráfico
tridimensional, precisamos relacionar as combinações das quantidades dos fatores de
produção que geram o mesmo custo total. Fazendo isso, chegaremos na curva conhe-
cida como Isocusto,
O conjunto das curvas de Isocusto é conhecido como Mapa de Isocusto que pode ser
representada por meio da Figura 3
77
Figura 3: Mapa de Isocusto
Fonte: Dias (2015, p.79)
78
AULA 14
MERCADOS
COM INFORMAÇÃO
ASSIMÉTRICA
Olá, aluno(a)! Até agora, supomos que as decisões dos agentes econômicos fossem to-
madas com base no acesso de informações perfeitas. Considerando que isso nem sem-
pre ocorre na prática, o intuito dessa aula é compreender de que forma as informações
disponíveis são utilizadas para embasar a tomada de decisão dos agentes econômicos.
Para tratar desse assunto, deve ficar claro o conceito de assimetria de informação,
que segundo Samuelson e Nordhaus (2012, p. 177), “ocorre quando os compradores e os
vendedores têm informação diferenciada sobre fatos importantes, como o estado de
saúde pessoal ou a qualidade do bem vendido.
Portanto, na economia, a ocorrência de assimetria de informação pode afetar tanto
os agentes que compõem o mercado ofertante como demandante, com interesses co-
muns ou adversos.
Existem muitas situações em que as decisões precisam ser tomadas mesmo com
assimetria de informação. Podemos destacar os seguintes exemplos:
a. Garantia de produtos e serviços ofertados
b. Escolha de um funcionário confiável
c. Contratação de um seguro de automóvel
d. Relação entre médicos e pacientes
e. Investimento em ações de uma empresa
f. O mercado de carros usados
80
Por outro lado, no mercado financeiro, o risco moral se dá pela dificuldade de prever
como serão aplicados os recursos que foram captados por meio das ações e dos títulos
de dívidas emitidos. Nesse sentido Hubbard, e O’Brien (2010, p. 637) mostram que:
Uma vez que uma empresa venda ações e ti ́tulos de di ́vida, o que ela
faz com os fundos levantados? Obviamente, os investidores esperam
que a empresa utilize os fundos de modo a tornar a empresa mais ren-
tável. Mas existe a possibilidade de a empresa utilizá-los de uma ma-
neira que, na verdade, reduza os lucros, o que obviamente não é do
interesse dos investidores. 81
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Você investiria em uma companhia de seguros que fizesse Seguro de Notas?
Um amigo seu lhe propõe o seguinte esquema: investir em uma nova com-
panhia seguradora, chamada Seguro-N.com, que oferece seguro de notas
para estudantes. Em troca de um prêmio modesto, a companhia promete
compensar os estudantes em 100% pela perda de renda em virtude de notas
ruins. Isso parece uma boa ideia, uma vez que os riscos de renda são muito
grandes para a maioria das pessoas.
Porque a Seguro-N é uma ideia? As notas dependem muito do esforço in-
dividual e, portanto, o mercado seria contaminado pelo risco moral e pela
seleção adversa. Os estudantes seriam tentados a estudar menos (risco mo-
ral) e os estudantes que esperam ter notas piores estariam mais inclinados
a comprar seguro de notas (seleção adversa). Esses problemas levam a um
“mercado perdido” no sentido de que a oferta e a demanda se interceptam
no nível zero de seguro de notas. De modo que a companhia ou não terá
negócio, ou terá prejuízos colossais.
Fonte: Adaptado de Samuelson e Nordhaus (2012, p. 192).
ANOTE ISSO
A solução para um problema de seleção adversa é conhecida como sinaliza-
ção. O vendedor agiria de modo que provesse o comprador de informações
confiáveis a respeito do bem (como certificados de qualidade ou garantia),
atenuando a assimetria de informações e, como consequência, o problema
de seleção adversa. O exemplo clássico para esse fenômeno é o mercado
de carros usados, no qual a qualidade é variável e dificilmente observável de
forma apropriada.
Fonte: Gremaud et al. (2017, p. 249)
82
Para distinguir os significados de seleção adversa e risco moral, é importante lembrar
que a seleção adversa ocorre pela dificuldade de obtenção de informação no momento
em que a transação (ou contrato) ocorre. Por outro lado, o risco moral acontece devido à
dificuldade de prever as ações que ocorrem após a efetivação da transação.
De tudo que estudamos ao longo desta aula, é importante que você saiba que, inde-
pendentemente do mercado que se analisa, os conceitos de seleção adversa e risco mo-
ral são muito úteis para a compreensão do comportamento dos agentes econômicos
em situações em que apenas umas das partes detém um maior número de informações
sobre o produto ou serviço a ser transacionado.
Na próxima aula, você terá a oportunidade de conhecer quais as implicações da exis-
tência de externalidades geradas por meio do consumo e da produção de bens e servi-
ços.
A partir do conhecimento dessas falhas de mercado, será possível compreender qual
o papel do estado para reduzir as perdas sociais geradas e maximizar o nível de bem-es-
tar dos agentes econômicos.
Ótimos estudos e até a próxima aula!
83
AULA 15
EXTERNALIDADES
E BENS PÚBLICOS
A partir deste momento, nosso estudo se dedica à compreensão dos motivos que justifi-
cam a intervenção do governo em uma economia de mercado. Pode-se destacar a exis-
tência de quatro fatores que motivam esta intervenção: a existência de bens públicos,
externalidades positivas e negativas, monopólios naturais e a necessidade de estimular
a atividade econômica de modo a evitar a ocorrência de desemprego e o aumento do
nível de preços e promover o crescimento econômico.
Vamos começar estudando a justificativa da intervenção do governo ocasionada
pela existência de falhas de mercado gerada a partir da existência dos chamados bens
públicos. Para isso, precisamos compreender o que é um bem público. Você saberia de-
finir o conceito desse tipo de bem?
Para responder a essa pergunta, utilizaremos o conceito de bens públicos proposto
por Besanko e Braeutigan (2004, p.514):
Excluível Não-Excluível
Figura 1: Poluição
Considerando o contexto da poluição, o custo social marginal pode ser entendido como
o aumento do custo gerado pelo aumento da emissão de poluição visto pela ótica da so-
ciedade como um todo, ou seja, recai sobre a coletividade. Já o custo privado marginal é
o aumento do custo gerado pela poluição quando o nível de poluição aumenta, porém,
86
visto pela ótica da empresa responsável pela emissão dessa poluição, recaindo sobre ela.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
O Clean Air Act (Lei do Ar Limpo): como uma política do governo reduziu a
mortalidade infantil
Como pode ser visualizado nos gráficos, as emissões totais dos seis princi-
pais poluentes do ar foram reduzidas nos Estados Unidos em mais da me-
tade com a aprovação da Lei do Ar Limpo, em 1970. Ao longo do mesmo
período, o Produto Interno Bruto real dos Estados Unidos quase dobrou, o
consumo de energia aumentou em 50% e o número de milhas percorridas
por todos os veículos quase dobrou.
Tomando como exemplo o caso de uma lavanderia que despeja produtos químicos em
um riacho, ou qualquer exemplo de externalidade negativa, os custos sociais marginais
são maiores que os custos privados marginais, de modo que a sociedade paga um preço
maior pela poluição. Ou seja, o custo da atividade da lavanderia que polui o meio ambien-
te causa mais impacto na vida das famílias do que a atividade da próxima lavandeira: a
primeira paga um preço maior do que a segunda com a poluição causada pela lavanderia.
Para corrigir essa falha de mercado e igualar os custos sociais marginais e custos
privados marginais, o governo estabelece uma compensação em forma de impostos ou
taxas. Essa ideia vai de acordo com Silveira (2016, p.42):
Tradição no mercado Quando uma empresa domina o mercado devido a sua tradição
na fabricação de um bem ou serviço. Exemplo: relógios japoneses.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Vasconcellos (2011)
ANOTE ISSO
O fenômeno do monopólio é um dos fatores que motivam a intervenção
do Estado em uma economia, independentemente do sistema econômico
adotado no país. Isso ocorre devido às falhas de mercado provocadas pelas
livres forças oriunda do funcionamento da economia, o que causa uma que-
da no nível de bem-estar da sociedade considerada como um todo e isso
motiva a intervenção do Estado na economia.
Fonte: Elaborada pela autora
88
Por último, é importante mencionar o papel que o governo tem como estimulador da
atividade econômica, de modo a evitar a ocorrência de desemprego, aumento do nível
de preços e promover o crescimento econômico. Para isso, o governo utiliza de diversos
tipos de políticas econômicas (fiscal, monetária, cambial, comercial e de rendas).
Com base em tudo que estudamos ao longo desta aula, é importante compreender
que, devido à existência de todos esses fatores (bens públicos, externalidades, monopó-
lios naturais, desemprego e inflação), o governo deve intervir de modo a garantir o nível
de bem-estar da coletividade mediante o desenvolvimento de suas diversas funções
(alocativa, distributiva, regulatória e estabilizadora).
Na próxima aula, você terá contato com a Teoria dos Jogos, campo da Economia que
estuda como o comportamento de determinado agente econômico pode ser influen-
ciado pela decisão tomada por outros, agindo estrategicamente.
Ótimos estudos e até a próxima aula!
89
AULA 16
TEORIA
DOS JOGOS
Olá, aluno(a)! É com grande entusiasmo que iniciamos o estudo de mais um campo
fascinante da Economia, a Teoria dos Jogos, que subsidia o entendimento do comporta-
mento dos agentes econômicos em situações de escolhas estratégicas.
Nesse sentido, Samuelson e Nordhaus (2012) lembram que a Teoria dos Jogos é mui-
to utilizada no estudo da interação entre as empresas que compõem um mercado oli-
gopolista (que estudamos anteriormente), mas vai além disso.
Antes de explorar os principais postulados da Teoria dos Jogos, convém esclarecer o
seu conceito. Segundo Vasconcellos (2015, p. 179):
Jogo estratégico
Mas qual o objeto central da Teoria dos Jogos? Com base na definição apresentada aci-
ma, é possível dizer que a teoria dos jogos busca compreender como cada jogador se
comporta estrategicamente (buscando o melhor resultado para si), sempre levando
com consideração as ações que foram tomadas pelo outro jogador.
Refletindo sobre o que foi apresentado em nosso contato inicial com a Teoria dos Jo-
gos, você seria capaz de dizer em que situações ela se aplica na vida real? Com o intuito
de exemplificar, Vasconcellos (2015) cita alguns exemplos em que essa teoria pode ser
utilizada. Vejamos:
a. Lançamento de um novo produto por uma empresa;
b. Guerras comerciais entre os países;
c. Decisões judiciais;
d. Fixação de preços no oligopólio.
91
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
A Teoria dos Jogos constitui-se em um instrumento de grande utilidade na
compreensão de fenômenos ou problemas econômicos. Um bom exemplo
é a vida curta observada dos cartéis.
Na Aula 11, quanto tratamos do oligopólio, vimos que os cartéis são organi-
zações de produtores ou indústrias dentro de certo setor ou atividade que
determinam a política de preços para todos os associados, fixando cotas
de mercado para cada um. É estabelecido como forma de evitar guerra de
preços que pode trazer resultados ruins para todos. Sua sobrevivência, no
entanto, depende da cooperação de cada um em seguir a política comum.
Nesse contexto, um produtor pode individualmente melhorar sua situação
se romper o acordo, reduzindo seu preço e conquistando, assim, uma fatia
maior no mercado. Tal possibilidade pode se constituir em um desestímulo
à formação do cartel caso os produtores pensem estrategicamente como
em um jogo.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Gremaud et al. (2017, p. 283)
Para ilustrar o equilíbrio de Nash, será utilizada uma analogia clássica amplamente utili-
zada pela Teoria Econômica, o Dilema dos Prisioneiros, uma situação em que dois joga-
dores precisam tomar uma decisão sabendo que as consequências serão determinadas
pela ação do outro jogador. Para ilustrar a importância do Dilema dos Prisioneiros, será
utilizado o exemplo adaptado de Montella (2012).
O jogo consiste na existência de participantes denominados Prisioneiro 1 e Prisionei-
ro 2. Eles estão presos suspeitos de cometerem um crime juntos, são colocados em salas
separados (de modo que não ocorre a comunicação entre eles) e são questionados se
cometeram ou não o crime sob as seguintes condições:
a. Se o suspeito não confessar e o seu parceiro confessar, a pena será de dez anos de
reclusão, enquanto o que confessou terá a pena reduzida a zero;
b. Se os dois confessarem, a pena será reduzida para três anos de prisão para cada
um;
c. Se nenhum deles confessar o crime, não será aplicada uma pena menor de um
ano para cada prisioneiro.
A matriz de resultados possíveis, também conhecida como matriz de payoff, pode ser
apresentada no Quadro 1. Note que o valor precedido de sinal negativo representa a pri-
são do acusado, e o valor zero significa que não houve aplicação de pena.
Como você pode deduzir, o primeiro valor mostra o resultado para o jogador que
se localiza à esquerda do Quadro 1, que é o Prisioneiro 1, ao passo que o segundo valor
mostra o resultado para o Jogador que se na parte de cima, ou seja, o Prisioneiro 2. Por
exemplo, a combinação (0, -10) significa que o Prisioneiro 1 não cumprirá nenhuma pena
92
e que o Prisioneiro 2 sofrerá uma pena de 10 anos de prisão.
Quadro 1: Matriz de resultados - Dilema dos Prisioneiros
Prisioneiro 2
Qual será resultado mais provável para este jogo? O Equilíbrio de Nash é um possível re-
sultado para este tipo de jogo, pois como vimos em sua definição, ele é o melhor resulta-
do para um jogador, com base na escolha do seu oponente e vice-versa. O Equilíbrio de
Nash também pode ser entendido como uma situação em que nenhum dos jogadores
tem condições de melhorar sua situação.
Mas então qual seria essa estratégia para o jogo apresentado no Quadro 1? A res-
posta é confessar para ambos os prisioneiros, em que cada um dos jogadores pegaria
exatamente três anos de prisão.
Compreendendo o Equilíbrio de Nash, vamos partir da análise da decisão do Prisio-
neiro 1. Dado que o Prisioneiro 2 escolheu confessar, ele não estaria em uma situação
melhor caso não confessasse (pois pegaria 10 anos de prisão) e por isso escolhe confes-
sar. Da mesma forma, se o Prisioneiro 2 tomar como dado que a escolha do Prisioneiro 1
é confessar, ele também confessará, pois assim pegaria apenas três anos de prisão ao in-
vés de dez anos caso não confessasse. Você também pode notar que ambos os jogado-
res escolheriam confessar como resposta à decisão de não confessar de seus oponentes.
Uma solução para este jogo também pode ser encontrada por meio do conceito de
Estratégia Dominante. Gremaud e Braga (2017, 279) mostra o seu significado, segundo
eles:
93
ANOTE ISSO
Dados os conceitos de Estratégia Dominante e Equilíbrio de Nash, pode-se
concluir que toda Estratégia Dominante também é um Equilíbrio de Nash,
mas o contrário não é verdadeiro, ou seja, nem todo Equilíbrio de Nash é
uma Estratégia Dominante.
Por outro lado, qualquer outra estratégia disponível a um jogador que possui
uma estratégia dominante é chamada de estratégia dominada.
Fonte: Elaborado pela autora.
94
Figura 1: Matriz de resultado de um ataque nuclear da Rússia sobre os Estados Unidos.
Para que isso se torne possível, será utilizado um exemplo disponível em Frank (2013, p.
441) em que a Rússia estivesse considerando se deveria ou não fazer um ataque nuclear
contra os Estados Unidos. Considerando que a Rússia tomasse a decisão primeiro, os
resultados de cada jogador podem ser visualizados na Figura 1.
Primeiramente, vamos supor que a Rússia decida atacar lançando mísseis nos Esta-
dos Unidos. A melhor resposta dos Estados Unidos para esse ataque é não reagir, obten-
do um resultado negativo de -50 ao invés de -100.
Alternativamente, se Rússia decide não atacar os Estados Unidos, a melhor resposta
dos Estados Unidos seria não reagir, obtendo um resultado nulo ao invés de -50.
Portanto, se a Rússia espera que os Estados Unidos ajam racionalmente maximizan-
do resultados, a melhor opção para a Rússia seria atacar, alcançando um benefício de
100 ao invés de nenhum benefício.
Como você pôde verificar, a Teoria dos Jogos tem diversas aplicabilidades em di-
versos contextos. O importante é que você compreenda como os agentes econômicos
podem todas suas decisões estratégicas com a finalidade de maximizar seus benefícios.
Espero que você tenha gostado dessa última aula de nossa disciplina e passe aplicar
esses conhecimentos na sua vida pessoal e profissional. Desejo ótimos estudos!
95
CONCLUSÃO
Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final dos conteúdos abordados na disciplina de Mi-
croeconomia. Nesse momento, faremos uma retomada das principais ideias tratadas ao
longo da nossa jornada de estudos. Preparado(a)?
Na Aula 1, vimos que a Economia se conceitua como a ciência que estuda as alter-
nativas de alocação de recursos escassos com a finalidade satisfazer as necessidades
ilimitadas dos agentes econômicos. Vimos também que a ciência econômica por ser
dividida em diversas áreas de estudo.
Na Aula 2, exploramos os aspectos gerais de uma das principais áreas que a análise
econômica pode ser dividida: A Microeconomia. Ficou claro que ela se detém a analisar o
comportamento dos agentes de forma individual, estudando variáveis como demanda,
oferta, preço de um produto, etc.
Ao longo da Aula 3 foram estudados os determinantes do comportamento do con-
sumidor, que tem o objetivo de maximizar a satisfação das necessidades por meio do
consumo de bens e serviços, sempre levando em conta a utilidade e a restrição orça-
mentário que eles estão sujeitos.
Vimos na Aula 4 que a demanda é a combinação das quantidades procuradas e dos
preços que os consumidores estão dispostos a pagar. Ficou claro que a demanda de-
pende dos preços dos bens complementares e substitutos, renda, gostos, preferências e
sazonalidade, entre outros. Por meio dos estudos, foi possível perceber que a quantida-
de demandada depende do preço transacionado.
A Aula 5 apresentou a oferta, que se configura na relação entre os preços e quantidades
pela ótica dos ofertantes de bens e serviços, ou seja, quais as quantidades que as empresas
estão dispostas a ofertar no mercado para cada um dos preços praticados. Vimos que os
principais determinantes da oferta, que são os seguintes: tecnologia, custos dos fatores de
produção e preços dos bens substitutos na produção. Com os conhecimentos dos conteú-
dos das aulas 4 e 5 foi possível compreender que o preço e a quantidade de equilíbrio de
determinado produto são obtidos pela interação entre a oferta e demanda de mercado.
Encerramos nossa análise da oferta e demanda com a explanação do conceito de
elasticidade apresentada ao longo da Aula 6, e descobrimos como medir o impacto da
variação de preços na quantidade demandada de um produto.
Da Aula 7 à Aula 11 vimos que as estruturas de mercado se diferenciam sob diversos
aspectos como o número de vendedores, barreiras à entrada de novas empresas, dife-
renciação de produtos e poder de mercado.
Ao longo da Aula 12, vimos como as empresas combinam os diversos fatores de pro-
dução com o objetivo de obter a máxima produção tanto do curto como no longo pra-
zo. Ficou claro de que forma se relacionam a Produto Total, Produto Médio e o Produto
Marginal. Outro conceito importante visto nesta aula é a Lei da Produtividade Marginal
Decrescente mostrando que, conforme a utilização de um fator de produção aumenta,
a produtividade passa a ser cada vez menor até decrescer. Complementando a Teoria da
Firma, a Aula 13 tratou dos custos de produção. Estudamos de forma a empresa conside-
ra seus custos para obter o nível ótimo de produção.
A Aula 14 foi importante para entender de que forma os agentes econômicos tomam
suas decisões quando as informações são incompletas ou inexistentes.
Ao longo da Aula 15, consideramos a existência de externalidades geradas pelas ativi-
dades produtivas e de que forma o Estado deve se comportar para maximizar os efeitos
positivos e minimizar os efeitos negativos desse fenômeno.
A Teoria dos Jogos foi apresentada na Aula 16. Por meio dela, é possível compreender
de que forma os agentes tomam suas decisões com base das ações executadas por ou-
tros agentes econômicos. Não pare por aqui, caro(a) aluno(a)! Incremente seus conheci-
96
mentos resolvendo exercícios práticos e fazendo constantes pesquisas em diversas fon-
tes de informações. Desejo sucesso! Um forte abraço!
ELEMENTOS
COMPLEMENTARES
LIVRO
MICROECONOMIA
Autor: Robert Pindyck e Daniel L. Rubinfeld
Editora: Pearson
FILME
FREAKONOMICS
Ano: 2010
WEB
A série Economia Descomplicada traz pequenos vídeos sobre os principais conceitos in-
seridos no estudo na economia, e que aprofundam o conhecimento dos estudantes da
disciplina.
https://www.youtube.com/watch?v=liZcE05M93U
https://www.youtube.com/watch?v=2FdEBPCxmvM
https://www.youtube.com/watch?v=9qq9VV8I1D0
97
REFERÊNCIAS
BESANKO, D.; BRAEUTIGAN, R. R. Microeconomia: Uma abordagem completa. Rio de
Janeiro: LTC, 2004.
CABRAL, A. S. YONEYAMA, T. Microeconomia: uma visão integrada para empreende-
dores. São Paulo: Saraiva, 2008.
CAIXETA ANDRADE, D. Economia e meio ambiente: aspectos teóricos e metodológicos
nas visões neoclássica e da economia ecológica. Leituras de Economia Política, v. 11, n.
14, p. 1-31, 2008.
CARVALHO, J. L et al. Fundamentos de Economia: microeconomia. Vol. 2. São Paulo:
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