Antibioterapia e Aconselhamento Na Farmácia

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Noções Básicas sobre

Antibioterapia e
Aconselhamento na Farmácia
CURSO TÉCNICO AUXILIAR DE FARMÁCIA – NÍVEL 4
FORMADORA: ANA SOFIA COSTA
Objetivos
➢Reconhecer a importância do uso racional dos antimicrobianos no tratamento de doenças infecio
sas;
➢Identificar a organização celular dos procariotas e eucariotas;
➢Identificar os mecanismos gerais de resistência bacteriana;
➢Identificar os princípios gerais de ação antibacteriana e grupos de antimicrobianos;
➢Aconselhar a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) e produtos de s
aúde nas patologias infeciosas mais frequentes na farmácia.
A Célula
A célula é a unidade funcional e estrutural dos seres vivos.
Apesar da grande diversidade de seres vivos, apenas existem dois tipos básicos de células:
EUCARIÓTICAS e PROCARIÓTICAS
Células Procarióticas

• Ausência de núcleo: material genético disperso na


membrana
• Ausência de organelos celulares;
• Ausência de citoesqueleto;
Célula Procariótica vs Célula Eucariótica
ESTRUTURA Procarióticas Eucarióticas
Invólucro nuclear Ausente Presente
DNA Nu Combinado com proteínas
Nucléolo Ausente Presente
Divisão Fissão binária Mitose e meiose
Ribossomas 70S (50S+30S) 80S (60S+40S)
Endomembranas Ausentes Presentes
Mitocôndria Ausentes. Enzimas respiratórias e Presente
fotossintéticas na membrana
plasmática
Cloroplasto Ausente, exceto cianobactérias Presente nas células vegetais
Parede Celular Com estrutura variável: peptidoglicano Presente nas células vegetais, celulose
Locomoção Fibrilas únicas, flagelo Cílios e Flagelos
Célula Eucariótica
Constituintes da Célula
• Membrana Plasmática - estrutura constituída por uma bicamada de fosfolipídeos com várias proteínas associadas. Tem
como função principal a separação do meio extracelular do intracelular, controlando o que entra e sai da célula.
• Ribossomas - estruturas relacionadas com a síntese de proteínas. Podem estar livres no citoplasma ou associados às
membranas.
• Retículo endoplasmático – complexo sistema de membranas que funciona com um sistema de distribuição de substâncias
dentro da célula. Pode ser classificado em duas porções distintas, as quais ocorrem na mesma célula e apresentam
conexões:
• Retículo endoplasmático liso ou agranular – relacionado, principalmente, com a síntese de lipídios e degradação de algumas
substâncias nocivas e tóxicas;
• Retículo endoplasmático rugoso ou granuloso – relacionado, principalmente, com a síntese proteica, graças aos ribossomas em sua
superfície.

• Complexo Golgiense - relacionado com o empacotamento e secreção de substâncias.


• Peroxissomas – capazes de oxidar substratos orgânicos, retirando átomos de hidrogênio e combinando-os com oxigênio
molecular. Essa reação produz peróxido de hidrogênio, que é eliminado rapidamente por uma enzima denominada de
catálase, presente também nessa organelo.
• Mitocôndrias - organelo relacionado com a respiração celular, um processo que leva à libertação de energia para a célula.
Constituintes da Célula
• Centríolo - estrutura extremamente importante para o processo de divisão celular, é encontrado na maioria das células
animais. Já nos vegetais, são encontrados apenas em alguns grupos, tais como briófitas e pteridófitas
• Lisossoma - estruturas relacionadas com o processo de digestão intracelular, por exemplo, a quebra de substâncias que
foram englobadas pela célula e também de organelos danificadas que serão reciclados (autofagias). São fundamentais para a
defesa do ser vivo, já que atuam digerindo os organismos invasores fagocitados pelos leucócitos;
• Parede Celular - garante maior resistência à célula vegetal, evitando a rutura pela entrada de água. É responsável por dar
tamanho e forma à célula vegetal e proteger contra a entrada de patogéneos.
• Cloroplasto - são organelos exclusivas das células vegetais e caracterizam-se pela presença de membrana dupla de DNA.
Apresenta clorofila e carotenoides no seu interior, onde ocorre a fotossíntese.
• Vacúolo – Organelo encontrado exclusivamente na célula vegetal e a sua principal função é a manutenção do equilíbrio
osmótico, no entanto, muitos possuem a função de reserva de substâncias.
• Glioxissoma – organelo presente exclusivamente na célula vegetal, a sua função principal é transformar os lipídios em
glícidos. São fundamentais no momento da germinação das sementes.
Célula Animal vs Célula Vegetal
ESTRUTURA CÉLULA ANIMAL CÉLULA VEGETAL
Parede celular Ausente Presente
Membrana plasmática Presente Presente
Núcleo Presente Presente
Ribossoma Presente Presente
Retículo endoplasmático liso Presente Presente
Retículo endoplasmático rugoso Presente Presente
Complexo Golgiense Presente Presente
Peroxissoma Presente Presente
Mitocôndria Presente Presente
Lisossoma Presente Ausente
Presente em apenas em alguns grupos, tais como
Centríolos Presente
briófitas e pteridófitas.
Citoplastos Ausente Presente
Vacúolo Ausente Presente
Glioxissomas Ausente Presente
Divisão Celular

• 1 divisão celular • 2 divisões celulares


• 2 células filhas • 4 células filhas
• Mesmo numero de • Metade do numero de
cromossomas da cromossomas da
célula mãe célula mãe
• Células somáticas • Células germinativas
Classificação dos seres vivos
Classificação dos seres vivos
Reino Tipo de Célula Organização Tipo de Nutrição Interação no Exemplos
Celular Ecossistema
Monera Procariótico Unicelulares – solitários Autotrofismo(fotossíntese Produtores Bactérias
Parede celular presente ou formando colónias ou quimiossíntese) Microconsumidores
na maioria Heterotrofismo(absorção)

Protista Eucariótico. Maioria Unicelular; Autotrofismo(fotossíntese Produtores Algas


Com ou sem parede Solitários, colonias e ou quimiossíntese) Microconsumidores Amibas
celular multicelulares Heterotrofismo(absorção Macroconsumidores
ou ingestão)

Fungi EucarióticoParece celular Maioria multicelular Heterotrofismo (absorção) Microconsumidores Leveduras


quando existe com Diferenciação celular Cogumelos
quinina reduzida Bolores

Plantae Eucariótico Parede Multicelulares com Autotrofismo Produtores Pinheiro


celular celulósica progressiva (fotossíntese) Eucalipto
diferenciação

Animalia Eucariótico Multicelulares com Heterotrofismo (ingestão) Macroconsumidores Minhoca


Sem parede celular progressiva Camarão
diferenciação Rã
Relação Parasita/Hospedeiro
As relações ecológicas são as interações que ocorrem entre os seres vivos.
Essas relações podem ocorrer entre indivíduos de uma mesma espécie ou de espécies diferentes e
podem ser classificadas como harmônicas quando cria benefício aos envolvidos e desarmônicas quando
causam prejuízo a um dos envolvidos.
Existem diferentes relações interespecíficas, dos quais:
•Comensalismo - Nesse tipo de relação, apenas uma das espécies é beneficiada, no entanto, não causa
prejuízo à outra. Essa relação é classificada como harmônica
•Mutualismo- Esse tipo de relação, indivíduos de espécies diferentes vivem associados, sendo
dependentes ou não dessa associação. Nela os dois são beneficiados, sendo assim uma relação
harmônica.
•Parasitismo- O parasitismo é uma relação ecológica que ocorre entre espécies diferentes e causa
prejuízo para um dos envolvidos. Podem ser classificados em endoparasitas (instalam-se fora do corpo
do hospedeiro) ou ectoparasitas (instalam-se dentro do corpo do hospedeiro)
Parasitismo
O parasitismo é uma relação ecológica que ocorre entre espécies diferentes e causa prejuízo para
um dos envolvidos.
Normalmente o parasita é menor que o hospedeiro e, apesar de alimentar-se deste, não causa a
sua morte. Não matar o hospedeiro é fundamental para a sobrevivência do parasita, pois é dele que
esse organismo retira seu alimento.
Os parasitas também se destacam por sua alta especificidade, ou seja, pela sua capacidade de
parasitar apenas algumas espécie Um piolho que vive na cabeça humana, por exemplo, não
conseguiria retirar nutrientes de um cachorro ou uma ave. Essa especificidade é uma arma na luta
contra algumas espécies parasitas que possuem um hospedeiro intermediário. Nesse caso, o
hospedeiro intermediário poderia ser destruído, interrompendo o ciclo do parasita.
• Ectoparasita – parasitas que se instalam fora do corpo do hospedeiro, por exemplo: os piolhos
alojam-se no cabelo do humano;
•Endoparasita – parasitas que se instalam dentro do corpo do hospedeiro para se alimentarem e
procriarem (ex: vírus)
Comensalismo
Nesse tipo de relação, apenas uma das espécies é beneficiada, no entanto, não causa prejuízo à
outra. Essa relação é classificada como harmônica.
Mutualismo
Esse tipo de relação, indivíduos de espécies diferentes vivem associados, sendo dependentes ou
não dessa associação. Nela os dois são beneficiados, sendo assim uma relação harmônica. Um
exemplo de mutualismo obrigatório é a associação de algumas espécies de algas ou
cianobactérias e fungos, formando líquens. As algas ou cianobactérias fazem fotossíntese e
fornecem aos fungos a matéria orgânica produzida que servirá a eles como alimento. Já os
fungos retêm água e sais minerais, além de conferirem certa proteção às algas.
Agentes Infeciosos
Responsáveis por provocar uma infeção podendo provocar uma doença infeciosa:
▪Vírus
▪Bactérias
▪Fungos
▪Parasitas
Formas de Transmissão
Transmissão Transmissão
Direta Indireta

Ar (Gripe,
Por contacto
Influenza)

Transmissão
Veículo
por gotas
(comida)
(respiratória)

Vetor (Gatos,
toxoplasmose)
Mecanismos de defesa
▪Barreiras naturais – a pele, membranas mucosas
▪Sistema imunológico – mecanismos de defesa específicos(anticorpos) e inespecíficos (processo
inflamatório, febre)
Infeções bacterianas
Bactérias Gram - e Bactérias Gram +
Antibióticos
São substâncias produzidas por organismos vivos, que inibem o crescimento de microorganismos ou os
destroem.

Substâncias sintéticas e semissintéticas com ação antimicrobiana são também denominadas “antibióticos”.

QUIMIOTERÁPICOS -Agentes químicos sintéticos, exibindo as mesmas atividades de um antibiótico.


ANTIMICROBIANOS – Quimioterápicos + Antibióticos
➢BACTERIOSTÁTICOS - Inibem o crescimento dos microorganismos, necessitando da reação do
hospedeiro para matá-los
➢BACTERICIDAS - São capazes por si só de destruir microorganismos
Bactericidas vs Bacteriostáticos
Bactericidas Bacteriostáticos
Aminoglicosídeos Cloranfenicol
Anfotericina B Lincosamidas
Antifúngicos azólicos Macrolídeos
B-Lactâmicos Sulfonamidas (isoladas)
Fosfomicina Tetraciclinas
Glicopeptídeos
Polimixinas
Rifamicinas
Quinolonas
Oxazolidinonas
Estreptograminas
Mecanismos de Ação
β -lactâmicos
▪São constituídos por um núcleo estrutural o anel β-lactâmico, o qual confere atividade
bactericida
▪Inibição da síntese do peptidoglicano da parede bacteriana por bloqueio da formação das
ligações transpeptidásicas
❖Devem penetrar na bactéria através das porinas presentes na membrana externa da parede celular;
❖Não devem ser destruídos pelas β-lactamases produzidas pelas bactérias
❖Devem ligar-se e inibir as proteínas ligadoras de penicilina (PLP) responsáveis pelo passo final da síntese bacteriana
β -lactâmicos
▪Penicilinas
▪Cefalosporinas
▪Carbapenemos
▪Inibidores de β-lactamases
▪Monobactâmicos
Penicilinas
▪Introduzidas na clínica na década de 40 (séc.XX)
▪Inibem a síntese da parede bacteriana
▪Ação bactericida
▪Atuam sobre uma grande variedade de bactérias
▪Porinas – proteínas que funcionam como canais
▪Capacidade de atingir o local de ação
◦ Gram + - parede celular facilmente atravessada pelas penicilinas
◦ Gram - - parede celular com dificuldade de passagem às penicilinas hidrossolúveis
Classificação das Penicilinas
Penicilinas ativas
Penicilinas de Espectro
Penicilinas resistentes apenas sobre
Penicilinas Naturais alargado
às β lactamases bactérias Gram –
(Aminopenicilinas)
(Amidinopenicilinas)

Amoxicilina
Dicloxacilina
Benzilpenicilina
Piperacilina
Flucloxacilina Pivmecilinamo
Ticarcilina
Fenoximetilpenicilina
Cloxacilina
Carbenicilina
Penicilinas Naturais
Penicilina G Cristalina
◦ Eliminada em 4h
◦ Apresentada em sais Na e K.
◦ Via IV
Penicilina G Procaína
◦ Eliminada em 24h
◦ A associação com procaína retarda o pico máximo e aumenta os níveis séricos e teciduais por um período de 12h
◦ Via IM
Penicilina G Benzatínica
◦ Pouco hidrossolúvel
◦ Os níveis séricos permanecem por 15 a 30 dias, dependentes da dose utilizada
◦ Via IM
Penicilina V
◦ Indicação para infeções Streptococcus sp. leve
◦ Frequente intolerância gástrica e alergias
◦ Via oral
Uso terapêutico
Streptococcus pyogenes
Streptococcus viridans
Listeria monocytogenes
Alguns Streptococcus pneumoniae
Alguns enterococos
Estirpes antigas de estafilococos
Algumas Neisseria meningitidis
Alguns Haemophilus influenzae
Clostridia spp. (exceto C.difficile)
Treponema pallidum
Penicilinas de espectro alargado
Aminopenicilinas
• Penicilinas semi-sintéticas, adição de grupo amino na cadeia lateral
▪ Amoxicilina, ampicilina e bacampicilina
▪ Ativas contra bactérias Gram + e muitas Gram –
▪ Resistentes aos ácidos devido ao grupo NH2 (ativos por via oral).
▪ Hidrossolúvel e molécula pequena, maior capacidade de penetrar nas porinas das Gram –

Indicações: Tratamento de infeções respiratórias, exacerbações da bronquite crónica e otites, habitualmente devidas a estreptococos ou Haemophilus e ainda
infeções urinárias e gonorreia.

Reacções adversas: náuseas e diarreia; A ampicilina e a amoxicilina induzem frequentemente erupções cutâneas que não são, contudo, descritas como
resultado de uma verdadeira alergia às penicilinas. A bacampicilina e a induzem diarreia com menor frequência.
Ação contra:
Streptococcus pyogenes
Streptococcus viridans
Listeria monocytogenes
Alguns Streptococcus pneumoniae
Alguns enterococos
Estirpes antigas de estafilococos
Penicilinas resistentes às β lactamases
Molécula sintéticas, necessidade de modificar a penicilina - alterar a estrutura, avolumando, não deixando a beta
lactamase entrar. Mas como são mais volumosas, não entram nas porinas, matando apenas Gram+ e não as
Gram-.
Oxaciclina
◦ Resistente à beta-lactamase
◦ Indicada para infeções comunitárias por Staphylococcus aureus produtores de beta lactamase
◦ Menor atividade que benzilpenicilina sobre Gram+
◦ Considerada anti-estafilococcica

Atuam contra:
Alguns Streptococcus
Alguns Staphylococcus epidermidis
Alguns Staphylococcus aureus
Inibidores das β lactamases
•Reduzida atividade antibiótica
•Poderosos inibidores irreversíveis da maioria das β-lactamases (exceto as efetivas contra cefalosporinas)
•Estes inibidores, quando em associação com antimicrobianos β lactâmicos, potencializam a sua atividade
(existe hidrolise do anel β lactâmico)

•Associações:
• Ampicilina + sulbactam
• Amoxicilina + ácido clavulânico
• Ticarcilina + ácido clavulânico

Ácido Clavulânico Tazobactam Sulbactam


Aminopenicilinas + Inibidores β lactamases
Indicações terapêuticas:
▪Infeções das vias urinárias por G-
▪Infeções respiratórias, sinusite, bronquite crónica
▪Otite média
▪Infeções devidas a algumas estirpes de Salmonella
▪Gonorreia
Atuam Contra:
▪Staphyloccocus aureus
▪Streptoccocus pyogenes
▪Streptoccocus viridans
▪Haemophilus Influenzae
▪Neisseria meningiditis
Cefalosporinas
▪Estruturalmente e farmacologicamente relacionadas com as penicilinas
▪Inibem a síntese da parede bacteriana, bactericidas
▪Divididas de acordo com o seu espectro de ação

Geração Ação Estafilococos Ação Gram -


1ª ++++ +
2ª +++ ++
3ª ++ +++
4ª +++ ++++
Cefalosporinas de 1ª Geração
Cefazolina, Cefradina

▪Ativas sobre Gram+


▪Fraca atividade sobre Gram- (atuam em E.coli, K.pneumoniae, P.mirabilis)
▪Utilizadas em profilaxia em cirurgia, otite média, infeções cutâneas e infeções urinárias não
complicadas
▪Não devem ser utilizadas em infeções do SNC
Cefalosporinas de 2ª Geração
Cefuroxima, Cefaclor
Ativas sobre Gram+
Melhor atividade em Gram- que as ade 1ª geração
Resistentes às b lactamases do Staphylococcus sp. e parcialmente resistentes b lactamases dos
Gram –
Indicações terapêuticas: pneumonia, broncopneumonia, colecistites, peritonites, sinusites,
otites, gonorreia, osteomielites
Cefalosporinas de 3ª Geração
Ceftriaxona, Ceftazidima
▪Elevada potencia contra bactérias Gram -, inclusive contra bactérias resistentes às cefalosporinas de 1ª e 2ª geração
▪Indicações terapêuticas: infeções nosocomiais, infeções respiratórias superiores, neutropenia febril, pielonefrite, otite
média, sinusite, gonorreia, …
Gram -:
E. Coli
K. Pneumoniae
P. mirabilis
H. Influenzae
M. Catarrhalis
N.Gonorrhoea
N. meningitidis
Citrobacter sp.
Enterobacter sp.
Acinetobacter sp.
Morganella morganii
Serratia marcescens
Providencia
Pseudomonas
aeruginosa
Cefalosporinas 4ª geração
Cefepima
▪Altamente potente contra Gram-, Pseudomonas sp. E enterobactérias
▪Baixa ação indutora de beta lactamases
▪Indicações terapêuticas: Infeções do trato urinário, infeções hospitalares, etc
Carbapenemes
imipenem, meropenem e ertapenem
Espectro de atividade muito amplo, sendo resistentes à maioria das beta lactamases e ativos contra gram
+, gram - e anaeróbios.
Imipenem é o antimicrobiano com maior espectro de ação, associaou-se cliastatina por ser uma substância
netrotóxica e metabolizada pelo rim
Indicações: Tratamento de infeções graves devidas a microrganismos multiresistentes, gram +, gram - ou
anaeróbios, com suscetibilidade conhecida ou provável.
Monobactamos
Aztreonam
Antibiótico altamente específico para Gram – essencialmente aeróbios, incluindo pseudomonas,
não sendo nefrotóxicos ao contrario dos aminoglicosídeos; serve para doentes alérgicos a
penicilinas.
Alguns são excretados por via renal (secreção tubular ativa)

Indicações terapêuticas: infeções urinárias graves, tratamento empírico da sepsis, infeções intra-
abdominais
Aminoglicosídeos
▪Isolados a partir de fungos dos géneros Streptomyces
▪Estrutura química complexa formado por açucares e agrupamentos amina
▪São instáveis em PH ácido, sendo administrado por via IV
▪Não ativos contra anaeróbios

Gentamicina
Kanamicina
Neomicina
Estreptomicina
Tobramicina
Amicacina
Netilmicina
Aminoglicosídeos - Mecanismo de ação
▪São transportados ativamente pela membrana celular
▪Ligam-se à subunidade 30S dos ribossomas, induzindo a síntese de proteínas erradas
▪Ligam-se ao ribossoma e bloqueiam a ligação do mRNA, inibindo a síntese proteica
▪Os atb capazes de inibirem a parede celular, agem sinergicamente com os aminoglicosídeos,
uma vez que facilitam a sua penetração na célula
▪Perdem ação em ph baixo
▪Nunca devem ser administrados com b lactâmicos na
mesma solução já estes últimos inativam-nos
Aminoglicosídeos
▪Indicações clínicas: Septicemias, Infeções do trato urinário, Endocardites, Infeções respiratórias,
Infeções intra-abdominais, Meningites em recém-nascidos, Infeções oculares, Osteomielites,
Infeções de articulação
▪Efeitos secundários: Dor e inflamação no local da injeção IM, Bloqueio neuromuscular, Alergia,
Nefrotoxicidade, Polineurite, inclusive ótica, Ototoxicidade, Diarreia, Clite pseudo-membranosa
Aminoglicosídeos - Resistência
▪Adquiridos de plasmídeos ou de origem cromossómica
▪Alteração do recetor nos ribossomas
▪Diminuição da penetração do atb na célula pela parede e membrana celular
▪Produção de enzimas inativadoras (fosfotransferases, adeniltransferases e acetiltransferases)
Aminoglicosídeos – Indicações Clínicas
▪Grande atividade contra bacilos e cocos Gram- aeróbios, entre eles:
Klebsiella spp., Serratia spp., Enterobacter spp., Citrobacter spp., Haemophilus spp., Acinetobacter spp. e
cepas de Pseudomonas aeruginosa.
▪Apresentam também atividade contra bactérias Gram+, entre elas:
Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Listeria monocytogenes, Enterococcus faecalis e Nocardia asteroides,
além de serem ativas contra micobactérias.
▪Ação sistémica (Gentamicina, Tobramicina, Amicacina e Netilmicina): infeções urinárias,
biliares, pulmonares e peritonites
▪Neomicina, Soframicina e Aminosidina: tópicos (pele, mucosa e luz intestinal)
▪Aminosidina alternativa para leishmaniose cutâneo mucosa e calazar.
▪Espectinomicina é usada na gonorreia como alternativa.
Aminoglicosídeos
Estreptomicina
▪Tratamento da tuberculose
▪Tratamentoda endocardite em associação com penicilinas
▪IM ou EV, eliminação renal
Gentamicina
▪Atividade sobre enterobactérias e pseudomonas
▪Ação sinérgica com penicilinas e vancomicina , antagónica com tetraciclinas e cloranfenicol
▪Indicado para infeções do trato urinário, infeções biliares, endocardites e em colírios para infeções externas
dos olhos
▪Eliminação renal e biliar
Aminoglicosídeos
Tobramicina
▪Ação contra Gram-, Staphylococcus e gonococos
▪Excreção no leite
▪Inativada pela carbenicilina e ticarcilina (penicilinas de largo espectro)
▪Sinérgica com outros b lactâmicos
Amicacina/Netilmicina
▪Indicada em infeções graves por Gram- e por Staphylococus: sepse, colecistite e infeção trato urinário
Neomicina
▪Ação contra estreptococo, estrafilococos, enterobactérias e micobactérias
Glicopéptidos
Vancomicina
Teicoplanina

▪Estrutura molecular complexa composta por açucares e aminoácidos


▪Não são absorvidos por via oral
▪Principais indicações: Staphylococcus, beta lactamase+, enterococos e meningites por pneumococos resistentes
▪Atuam pela inibição da polimerização dos peptidoglicanos da PC
▪Indicações clínicas: infeções em próteses, endocardites, meningites pós-neurocirúrgicas e peritonites pós-
diálise peritoneal ;usado como alternativa aos b lactâmicos em pacientes alérgicos
▪Eliminação por via renal (pode provocar neurotoxicidade)
Macrólidos
Eritromicina
Espiramicina
Claritromicina
Roxitromicina
Azitromicina
▪Principal ação contra cocos, Gram+, cocos Gram- e bactérias atípicas
▪Atuam ligando-se à subunidade 50S dos ribossomas e impedem a transferência de aminoácidos
pelo RNA transportador para formar proteínas, bloqueando assim a síntese proteica
▪Efeitos secundários gastrointestinais: náuseas, vómitos, diarreia, flatulência; hepatotoxicidade
Macrólidos
Eritromicina
▪Usado em substituição às penicilinas (alergias)
▪Uso tópico na Acne (Propionibacterium acnes)
▪Deve ser administrado fora das refeições para melhor absorção
▪Compete com lincomicina, clindamicina e cloranfenicol pelo recetor da subunidade 50S do ribossoma, portanto são
antagónicos
▪Os bacilos Gram- são naturalmente resistentes pois são impermeáveis ao atb
Claritromicina
▪Mesmo espectro de ação que a eritromicina, sendo mais eficiente contra bactérias intracelulares e atua contra
Haemophilus
▪Indicado em sinusites, amigdalites, otites, impetigo, toxoplasmose
▪Interfere com as enzimas do citocromo P-450
Macrólidos
Azitromicina
▪Espectro mais amplo que eritromicina ativo contra Gram – e apresenta melhor farmacocinética e melhor
tolerância
▪Ativos contra Streptococcus, Staphylococcus, Listeria, Corynebacterium, Toxoplasma, Gram- (Haemophilus,
Neisseria, Salmonella)
▪Evitar alimentos e hidróxido de alumínio ou magnésio já que inibem a absorção
▪Eliminado nas fezes e nas urinas
▪Indicações: infeções na pele e trato respiratório por estreptococos e estafilococos, infeções respiratórias
por Haemophilus e Bordetella, toxoplasmose cerebral
▪Pode ser usado em gestantes
Anfenicóis
Cloranfenicol
Tianfenicol
▪Ligam-se na subunidade 50S dos ribossomas e interferem na síntese proteica, impedem a transpeptidação
▪Bacteriostáticos (bactericida em altas concentrações)
▪Inibição na presença de eritromicina e lincomicina(macrólidos)
▪Pouco solúveis em agua e sabor fortemente amargo
▪Espectro de ação: Gram + e Gram-, Estreptococos viridans, Pneumococo, Hemófilos, Enterobactérias, Estafilococos, Enterococos
▪Atravessa a barreira placentária
▪Metabolizados a nível hepático e eliminados por via renal
▪Pode atrasar metabolismo de neurolépticos e anticoagulantes e interfere no aproveitamento de ácido fólico, ferro e vitamina B12
(metabolizado pelo citocromo P450)
▪Tem antagonismo quando utilizado junto com aminoglicosídeos e beta-lactâmicos
Cloranfenicol
▪Indicações: Tratamento de infeções causadas por Chlamydia, Rickettsia, Brucella e Borrelia
burgdorferi. São também usadas no tratamento da acne, doenças periodontais (possibilidade de
aplicação tópica), exacerbações da bronquite crónica e leptospirose, sendo particularmente úteis
em doentes alérgicos à penicilina.
▪Efeitos adversos: anemia, agranulocitose, trombocitopenia, polineurites, síndrome cinzenta,
náuseas, vómitos e diarreia
▪Contra-indicações e precauções: Não devem ser administradas a crianças de idade inferior a 10-12
anos e a grávidas ou lactantes. Usar com precaução em doentes com lúpus eritematoso sistémico,
miastenia gravis ou IH. Doentes medicados com retinoides (risco de hipertensão intracraniana
benigna).
Tetraciclinas
Oxitetraciclina
Tetraciclina
Doxiciclina
Minociclina
▪Antibióticos de ação bacteriostática (bactericida em elevadas concentrações)
▪Ligam-se a subunidade 30S dos ribossomas e impedem a transcrição RNAm
▪Ligam-se a tecidos calcários (dentes e ossos)
▪Os alimentos diminuem a absorção
▪Leite, Al, Fe e Mg inibem a absorção das tetraciclinas
▪Indicações clínicas: riquétsia, clamídia, borrelia, Plasmodium falciparum e Mycobacterium falciparum
▪Efeitos secundários: teratogénico, alergia, diarreia, náuseas, fotossensibilizante, hepatotóxico e nefrotóxico
Quinolonas
▪Inibem seletivamente a ADN girase bacteriana, inibindo assim a replicação do ADN.
▪Bacteriostáticos
▪Usadas para tratar infeções do trato urinário provocadas por bactérias Gram-
▪Apesar de aprovadas para muitos tipos de infeções, as quinolonas são consideradas como
fármacos de eleição apenas para um pequeno número de situações clínicas. Na maior parte dos
casos as quinolonas são alternativas terapêuticas quando o doente não responde ou apresenta
intolerância aos antimicrobianos de primeira escolha.
Classificação de Quinolonas
Geração Princípio ativo Ação contra Indicação
1ª Geração Ácido Nalidíxico Enterobactérias Infeções de trato urinário
Ácido Oxolínico Infeções do tubo digestivo
Rosoxacino

2ª Geração Ciprofloxacina Cocos e bacilos Gram- Infeção trato urinário


Norfloxacina Pseudomona aeruginosa Prostatites
Lomefloxacina Estafilococos beta lactamase+ Gonorreia
Enterocolites
Febre tifóide
Bronqujites
3ª Geração Levofloxacina Gram – Infeções do trato urinário
Moxifloxacina Gram +: estreptococos, pneumococo e Otite
bactérias atípicas Sinusite
H. Pylori
Pseudomonas
Sulfonamidas e suas associações
Sulfametoxazol
Sulfadiazina
Sulfametizol
Sulfassalazina

▪Um dos primeiros grupos de antibacterianos na prática clínica


▪Bacteriostático
▪Bloqueia a síntese de tetrahidroflolato, necessário para a síntese de purinas e ácidos nucleicos
▪Sulfametoxazol + Trimetropima – Cotrimoxazol
▪Indicações terapêuticas: Infeções trato urinário, broncopneumonia por Haemophilus sp. e Toxoplasmose
Antituberculosos
1ª linha 2ª linha
Isoniazida Capreomicina
Etambutol Cicloserina
Pirazinamida Etionamida
Rifampicina Canamicina
Estreptomicina Ácido para-aminosalicilico
Tuberculose com baixas taxas de resistência a isoniazida:
Inicial (2meses): Isoniazida + Rifampicina + Pirazinamida
Continuação(4-10meses): Isoniazida + Rifampicina

Terapia diretamente observada (2-3x/semana):


Isoniazida + Rifampicina + Pirazinamida + Estreptomicina (ou Etambutol) durante 6 meses

Tuberculose com elevadas taxas de resistência a isoniazida:


Inicial (2meses): Isoniazida + Rifampicina + Estreptomicina ou Etambutol
Continuação(4-10meses): Isoniazida + Rifampicina
Antifúngicos
Os fungos diferem das bactérias pela:
▪organização celular, são células eucariotas
▪processos de reprodução, reproduzem-se de forma sexuada assexuada
▪Tamanho
▪Características de crescimento em meios de cultura
▪Composição e estrutura das paredes celulares
▪Uni ou pluricelulares, com estrutura organizada
▪Dimorfismo
Parede Celular dos Fungos
▪A parede celular é composta por materiais fibrilares ligados por uma rede de polissacarídeos
▪Quitina – polímeros de N-acetil-D-glucosamina
▪Glucanos – polímeros de glucose
▪Mananos – polímeros de manose
▪Celulose
Membrana Citoplasmática dos fungos
▪Responsável pela regulação da permeabilidade seletiva
▪Modelo de mosaico fluido com fosfolípidos e esteróis (40%) e proteínas (60%)
▪O seu principal esterol é o ergosterol
▪ Modula a fluidez
▪ Reforça a estrutura da membrana
▪ Alvo preferencial dos antifúngicos clássicos
Doenças fúngicas
As doenças fúngicas podem ser classificadas de acordo com o local de infeção primária em:
▪ Micoses superficiais – infeção limitada às camadas exteriores da pele e couro cabeludo

▪ Micoses cutâneas – infeções que invadem a epiderme, o couro cabeludo e as unhas

▪ Micoses subcutâneas – infeções que invadem a derme, tecidos subcutâneos, músculos

▪ Micoses sistémicas – infeções que se originam, geralmente, nos pulmões e alastram-se para outros
sistemas de órgãos
Doenças fúngicas
Superficiais Cutâneas

Ptiriase versicolor Tinea pedis


Tinha negra Tinea capitis
Piedra branca Tinea manus
Piedra negra Tinea unguium
Tinea corporis
Tinea barbae
Tinea cruris
Mecanismos de ação antifúngicos
Mecanismos de ação antifúngicos
▪Inativação enzimática
▪Desnaturação de proteínas
▪Interferência com a respiração fúngica
▪Alteração da membrana celular fúngica
▪Inibição da síntese de proteínas e ácidos nucleicos
▪Interquelação no DNA
▪Quelação
Polienos
Os polienos podem ser classificados segundo de absorção em UV e de acordo com o número de
ligações duplas conjugadas, em:
• Tetraenos (nistatina, natamicina e variotina)
• Pentaenos
• Hexaenos
• Heptaeno (anfotericina B, bamicina, candicina e tricomicina)

São extraídos de culturas de Actinomicetes do género Streptomyces


Polienos
Os polienos atuam pela união com o esterol da membrana das células formando canais que
permitem a saída de catiões da célula
O movimento de saída dos catiões provoca alterações no metabolismo celular
Provocam alteração da permeabilidade e por conseguinte a perda de componentes
citoplasmáticos
Anfotericina B
▪Atua contra Candida sp, Sprothrix schenckii, Cryptococcus neoformans, Coccidioides immitis,
Blastomyces dermatitidis e Aspergillus spp
▪Maioria das micoses sistémicas
▪É excretada a nível renal
▪Má absorção oral, administrada por via parentérica
▪Liga-se aos tecidos por longos períodos de tempo entrando depois lentamente na circulação
▪Reações adversas: Hipersensibilidade, febre, dor de cabeça, náuseas, tromboflebites, anemia
hemolítica, hipocaliema, toxicidade renal
▪Interações medicamentosas: efeito sinérgico com flucitosina, risco de hipocalemia junto com
corticoides e digitalicos e aumento de nefrotoxicidade junto com aminoglicosídeos, ciclosporina,
agentes antineoplásicos
Nistatina
▪Atua contra Candida spp, Cryptococcus neoformans, Aspergillus spp, Histoplasma capsulatum,
Coccidiois immitis, Basltomyces dermatidis
▪Está classificado como um tetraeno
▪É demasiado tóxica para uso sistémico, é usada por via tópica
▪Indicações: Profilaxia e tratamento de candidíases orais, esofágicas e intestinais (utilização
exclusivamente tópica). A nistatina é também utilizada em ginecologia e dermatologia
▪Reações adversas: Náuseas, vómitos, epigastralgias e diarreia. Erupções cutâneas e prurido
ocorrem muito raramente.
Outros agentes
Natamicina
▪Atua contra: Aspergillus fumigatus, Candida albicans, Coccidioides immitis, Cryptococcus
neofornans, Histoplasma capsulatum, Fusarium spp. e Tricophyton spp
▪Administrado por via tópica
Candicidina
▪É eficaz na candidíase vaginal e é mais ativa que a nistatina
Hamicina
▪É também mais ativa contra várias espécies de Candida que a nistatina
▪É pouco absorvida por via oral, sendo utilizada por via tópica
Azóis
Atuam inibindo a síntese do ergosterol através da inibição de enzimas membranares provocando
a rutura celular
São compostos sintéticos que podem ser classificados de acordo com o numero de átomos de
hidrogénio no quinto membro do anel zol
Imidazóis
Triazóis
Imidazóis
Interferem também nas enzimas oxidativas dos fungos causando uma acumulação letal de
peróxido de hidrogénio
Cetoconazol
Econazol
Clotrimazol
Miconazol
Sertaconazol
Bifonazol
Tioconazol
Cetoconazol
Atua contra Candida spp H. casulatum, P.brasiliensis, C.immitis, B.dermatitis
Indicado para tratamento de dermatofitoses e na pitiríase versicolor
Ineficaz nas aspergiloses e mucormicoses
Boa absorção oral, fraca penetração no SNC
Reações adversas: anorexia, efeitos gastrointestinais, inibição da sóintese dos esteroides
(testosterona e cortisol), toxicidade hepática
Dosagem recomendada: 200-400mg/dia
Intereações: itraconazol (absorção reduzida),ciclosporina e varfarina
Miconazol
▪Atua contra candidoses, dermatofitoses e na pitiríase versicolor
▪Tratamento tópico ou via parentéricas em infeções sistémicas resistentes aos outros
antifúngicos
▪Reações adversas: irritação local, hipersensibilidade
▪Interações: varfarina
Outros Imidazois
Clotrimazol
Atua contra candidose oral, cutânea e genital, dermatofitoses, pitiríase versicolor
Demasiado tóxico para uso sistémico, utilizado por aplicação tópica
Econazol
Atua contra dermatofitoses e fungos leveduriformes
Aplicação tópica
Triazóis
▪Destroem a membrana das células fúngicas por inibição da síntese da enzima demetilase
▪Fármacos com maior seletividade e maior resistência à degradação (lentamente metabolizados)
▪Mais vantajosos para utilização sistémica
▪Amplo espectro de ação
Fluconazol
Itraconazol
Voriconazol
Fluconazol
▪Espectro de ação:
1ª linha: Candida spp. C. neoformans e C immitis
2ª linha: B. dermatidis, H. capsulatum e S.chenkii (atividade limitada)
▪Atua contra candidose superficial e sistémica, criptococose
▪Via oral, rápida absorção já que é independente da presença de alimentos e de pH gástrico
▪Consegue atingir concentrações séricas semelhantes à administração IV
▪Tem t1/2 de 30h
▪É excretado por via urinaria
▪Posologia: Dose inicial: 400 mg, seguida de 200 mg de 24 em 24 horas nas infeções sistémicas; 50
mg/dia, durante 2 a 4 semanas nas infeções da pele; 150 mg em dose única nas candidíases vaginais.
▪Reações adversas: Náuseas, epigastralgias, flatulência e diarreia;
▪Interações medicamentosas: moléculas metabolizadas pelo CYP450, varfarina e rifampicina
Itraconazol
Espectro de ação: Aspergillus spp. Candida spp. C, immitis, C.neoformans, H.capsulatum M.furfur, P.brasiliensis,
P.marneffei, S. apiospermim, S. scheckii
Ativo contra dermatofitos
Uso terapêutico: Candidíases da orofaringe e vulvovaginais. Infeções devidas a Dermatophytes. Dermatomicoses.
Micoses sistémicas.
A sua absorção por via oral aumenta na presença de alimentos e em pH ácido
t1/2 de 30-40h e ligam-se de forma particular aos tecidos mantendo concentrações terapêuticas duradouras; no
caso da epiderme, mantem níveis eficazes durante cerca de 4 semanas apos interrupção do tratamento
Excreção renal e biliar
Interações:vOs antiácidos, antagonistas H2, inibidores da bomba de protões e sucralfatos reduzem
significativamente a absorção do itraconazol. O itraconazol potencia o efeito anticoagulante da varfarina e de outros
fármacos que são metabolizados pelo CYP3A4, com risco de toxicidade.

Posologia: Via oral: 100 mg/dia; 200 mg de 12 em 12 horas, durante 1 dia no tratamento da candidíase vulvovaginal
(a solução oral apresenta uma biodisponibilidade superior à das cápsulas).
Alilaminas
Este grupo de antifúngicos atuam pela inibição da síntese do ergosterol através da inibição da
esqualeno epoxidase

Terbinafina
Naftidina
Terbinafina
▪Espectro de ação contra C. Albicans, C. parapsilosis, Aspergillus spp B.dermatitidis,
H.caspulatum, S.schenckii, M.furfur
▪Ao contrário do que acontece com as formas tópica, por via oral não é eficaz na Pityriasis
versicolor
▪Quando administrado por via oral o fármaco acumula-se na pele, cabelo e unhas
▪Posologia: Via oral: 250 mg/dia durante 2 a 6 semanas na tinea pedis; 2 a 4 semanas na tinea
cruris; 4 semanas na tinea corporis; 6 semanas a 3 meses nas infeções das unhas.
▪Reacções adversas: Náuseas, vómitos, epigastralgias e diarreia. Fotossensibilidade.
Derivados da Morfolina
Atuam também através da inibição da síntese do ergosterol
Amorolfina
• é um antifúngico tópico
• espectro de ação largo com ação fungicida sobre dermatofitos, C.albicans, C.neoformans
• Indicações: Micoses cutâneas e onicomicoses distais superficiais
• Disponível em forma de creme ou verniz
• Posologia: Aplicar 1 vez/dia por pelo menos 2 a 3 semanas (mais de 6 semanas para a micose dos pés),
continuando-se mais 3 a 5 dias após a remissão das lesões; nas infeções ungueais, aplicar nas unhas
infetadas 1 a 2 vezes/semana; deixar secar aproximadamente durante 3 minutos. Nas unhas da mão
aplicar durante 6 meses e nas dos pés, 6 a 9 meses.
Outros antifúngicos
Ciclopirox
◦ Largo espectro de ação incluindo dermatofitos e espécies de Candida e P.orbiculare
◦ Atua através da depleção de eletrólitos celulares fúngicos, reduzindo a síntese proteica
◦ possui a capacidade de penetrar e de atravessar a queratina das unhas.
◦ Indicações: Micoses superficiais (solução cutânea e creme), onicomicoses (verniz) e dermatite
seborreica da cabeça (champô).
◦ Posologia: Na pele, aplicar creme a 1%, 2 vezes/dia. Nas unhas, aplicar diariamente, durante 6 a 9
meses. No couro cabeludo, com o cabelo previamente molhado, ensaboar com aproximadamente 5 ml
de champô (até 10 ml em cabelos compridos) e deixar passar três minutos antes de enxaguar. Repetir o
tratamento duas vezes por semana, durante quatro semanas, com um intervalo mínimo de três dias
entre cada aplicação.
Outros antifúngicos
Caspofungina
◦ inibe a síntese do beta (1,3)-D-glucano, um componente essencial da parede celular de vários fungos
filamentosos e leveduras.
◦ Administrada por via IV
◦ É utilizada em candidose invasiva e Aspergilose
◦ Reações adversas: cefaleias, febre, toxicidade hepática, hemólise, rash cutâneo
◦ Interações: ciclosporina aumenta a concentração de caspofungina
Antivíricos
▪Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, possuindo uma informação genética que lhes
permite a reprodução
▪Um vírus não consegue replicar-se por si próprio, necessita de atacar e entrar numa célula
hospedeira e utiliza-a em seu benefício próprio
▪Podem ser classificados em vírus DNA e vírus RNA
Estrutura viral
Ciclo de replicação viral
Adsorção – processo altamente seletivo em que os componentes
superficiais da célula revelam a presença de cofatores específicos à
entrada do vírus na célula
Penetração – pode ocorrer através de 3 processos: translocação, fusão e
endocitose
Uncoating – fase de descapsidação, processo em que a cápside viral é
removida libertando o ácido nucleico.
Fase sintética – ocorre a replicação do genoma viral e síntese proteica
Montagem e extrusão – componentes do virião recém sintetizados são
“montados” em partículas, adquirem involucro e saem da célula por
gemulação
Antivíricos
O antivírico ideal deve apresentar características como:
▪Capacidade de penetrar a célula
▪Possuir largo espectro de ação
▪Ter especificidade para as enzimas virais ou induzidas por vírus
▪Possuir potência suficiente para a inibição completa da replicação do vírus
▪Não conduzir ao desenvolvimento de resistências
▪Exibir uma toxicidade mínima para a célula hospedeira
▪Não interferir com os mecanismos normais de defesa celular
▪Não suprimir o processo normal de desenvolvimento de imunidade ativa do hospedeiro
Terapêutica antiherpes vírus
Vírus Patologia inicial Recorrente
Herpes simplex tipo1 Gengivo-estomatite Ulceras herpéticas
Herpes simplex tipo2 Vulvovaginites e ulcerações Herpes genital
penianas
Vírus varicela zoster Varicela Zona
Citomegalovírus Doença congénita por inclusão Retinite (HIV-1)
por CMV
Vírus de Epstein-Barr Mononucleose
Herpesvírus humano tipo 6 Exantema súbito
Herpesvírus humano tipo 7 Exantema súbito
Herpesvírus humano tipo 8 Sarcoma de Kaposi
Aciclovir
▪É um nucleósido análogo da purina, sintético, com atividade inibitória sobre os herpesvírus humanos,
incluindo o Herpes simplex (VHS) tipo I e II, Herpes zoster (VVZ), Epstein Barr (VEB) e citomegalovírus (CMV).
▪A biodisponibilidade do aciclovir é de 10-30%
▪Indicações: Profilaxia e tratamento das infeções devidas a Herpes simplex, incluindo o herpes genital
primário e recidivante. Tratamento das infeções devidas ao vírus Varicella-zoster.
O aciclovir é também utilizado em dermatologia e oftalmologia
▪Reações adversas: Náuseas, vómitos, epigastralgias e diarreia. Erupções cutâneas. Elevação (usualmente
transitória) das enzimas hepáticas, bilirrubina, ureia e creatinina. Redução dos índices hematológicos.
Astenia. Cefaleias, tonturas e vertigens.
▪Posologia: Via oral: 200 mg, 5 vezes/dia, durante 5 dias no tratamento das infeções por Herpes simplex; 200
mg, 4 vezes/dia ou 400 mg, 2 vezes/dia na profilaxia das infeções recorrentes por Herpes simplex, durante
vários meses até 12 meses de terapêutica; 800 mg, 5 vezes/dia, durante 7 dias no tratamento da Varicela-
zoster.
Valaciclovir
▪É um prófarmaco do aciclovir apresentando uma biodisponibilidade oral de 70%
▪Indicações: Tratamento de infeções pelo vírus Varicella-zoster. Tratamento de infeções por
vírus Herpes simplex, incluindo herpes genital primário e recidivante. Supressão de infeções devidas
a vírus Herpes simplex, incluindo herpes genital recorrente. Profilaxia da infeção por
citomegalovírus após transplante de órgãos.
▪Reações adversas: Náuseas, vómitos, epigastralgias e diarreia. Erupções cutâneas. Cefaleias,
tonturas e vertigens. Anemia hemolítica e trombocitopenia. Elevação, usualmente transitória, das
enzimas hepáticas, bilirrubina, ureia e creatinina
▪Posologia: Via oral: 1 g, 3 vezes/dia, durante 7 dias no tratamento das infeções por vírus Varicella-
zoster; 500 mg, 2 vezes/dia, durante 5 dias no tratamento de infeções por herpes genital recorrente;
2 g, 4 vezes/dia, durante 3 meses na profilaxia da infeção por citomegalovírus após transplante de
órgãos.
Brivudina
▪É um dos mais potentes análogos dos nucleósidos que inibe a replicação do vírus da varicela-
zoster (VZV)
▪Indicações: Tratamento de infeções por vírus Varicella-zoster.
▪Reações adversas: Náuseas, vómitos, dores abdominais e diarreia; perda de apetite. Cefaleias e
vertigens, elevação das enzimas hepáticas, glicosúria, proteinúria e alterações hematológicas
estão descritas mais raramente.
▪Posologia: Via oral: 125 mg, 1 vez/dia, durante 7 dias, em indivíduos imunocompetentes; o
tratamento deve ser iniciado nas primeiras 72 horas após o aparecimento das primeiras
manifestações cutâneas.
Ganciclovir
▪A atividade virustática do é o resultado da inibição da síntese do ADN viral por: inibição competitiva
da incorporação do trifosfato de desoxiguanosina no ADN pela polimerase do ADN e (incorporação
do trifosfato de ganciclovir no ADN viral, causando a interrupção do alongamento do ADN viral, ou
este seja muito limitado.
▪Indicações: Tratamento da retinite por citomegalovirus (CMV) em doentes com infeção pelo VIH,
tratamento da queratite herpética e profilaxia da infeção por CMV em doentes transplantados.
Tratamento de outras formas de doença por CMV.
▪Posologia: Via IV: 5 mg/Kg de 12 em 12 horas durante 14 a 21 dias, passando a 5 mg/Kg, uma vez
por dia, durante várias semanas no tratamento da retinite a CMV (consultar guidelines/protolos
terapêuticos); 5 mg/Kg de 12 em 12 horas durante 7 a 14 dias, passando a 5 mg/Kg, uma vez por
dia, durante um período de tempo dependente do grau e duração da imunossupressão, no
tratamento de infeções em doentes transplantados (consultar guidelines/protolos terapêuticos).
Antivíricos para o tratamento da gripe
O vírus Influenza sofre constantemente mutações nos anticorpos produzindo novas variedades que podem
iludir o sistema imunitário
A gripe é uma doença aguda viral que afeta principalmente as vias respiratórias.
O período de incubação, isto é, o período entre o momento em que a pessoa é infetada e o aparecimento
dos primeiros sintomas, é vulgarmente, de 2 dias, mas pode variar entre 1 e 5 dias.
Nos adultos os sintomas são: mal-estar e cansaço, febre alta, dores musculares e articulares, dores de
cabeça, tosse seca, inflamação dos olhos
A gripe é habitualmente uma doença de curta duração (3 a 4 dias), com sintomas de intensidade ligeira ou
moderada e evolução benigna, sendo que a recuperação completa demora cerca de 1 a 2 semanas.
Nos grupos de risco – pessoas com doenças crónicas e idosos – a recuperação pode ser mais longa e o risco
de problemas e complicações é maior, nomeadamente, pneumonia ou descompensação da doença de base
(asma, diabetes, doença cardíaca, pulmonar ou renal).
Os medicamentos antivirais mais usados no tratamento da Influenza dividem-se:
◦ Inibição da proteína da membrana M2
◦ Inibição de uma glicoproteína de superfície
Amantadina e Rimantadina
▪Inibição do canal de iões presentes na proteína M2
▪Administrada por via oral 100mg/dia 5 dias
▪Efeitos secundários: insónias, pesadelos, alucinações
▪A amantadina tem também propriedades parkinsonicas
Osetalmivir e Zamaivir
Atuam na inibição de uma glicoproteína de superfície
Indicações: Tratamento da gripe e profilaxia após exposição em doentes de idade superior a 1
ano. Tratamento da gripe e profilaxia após exposição em lactentes de idade inferior a 12 meses
durante um surto de pandemia de gripe (iniciar terapêutica nos 2 dias seguintes ao aparecimento
dos sintomas ou após contacto com doente clinicamente diagnosticado). V.Introdução (1.3.2.).
Reações adversas: Náuseas, vómitos, dores abdominais e diarreia. Cefaleias.
Posologia:- Via oral: Tratamento da gripe: 75 mg, 2 vez/dia, durante 5 dias. Profilaxia: administrar
a mesma dose apenas 1 vez/dia, durante 10 dias; 6 semanas durante um surto de gripe.
Vacina contra a gripe
Combina diferentes antigénicos com a probabilidade de ser a estirpe mais ativa nesse ano
Atua na prevenção da gripe com grande relevância em idosos, imunodeprimidos e doentes com
afeções crónicas pulmonares e cardíacas
Atinge o seu máximo no prazo de 1 mês e perde efeito ao fim de 1 ano
Terapêutica não farmacológica da Gripe
•fique em casa em repouso
•não se agasalhe demasiado
•meça a temperatura ao longo do dia
•se tiver febre pode tomar paracetamol (mesmo as crianças)
•em situação alguma deve dar ácido acetilsalicílico (aspirina) às crianças
•se está grávida ou amamenta não tome medicamentos sem falar com o seu médico
•utilize soro fisiológico para tratar a congestão nasal
•não tome antibióticos sem recomendação médica, uma vez que não atuam nas infeções
virais, não melhoram os sintomas nem aceleram a cura
•beba muitos líquidos (água e sumos de fruta)
•se viver sozinho, especialmente se tiver limitações de mobilidade ou estiver doente, deve
pedir a alguém que lhe telefone regularmente para saber como está
Antivirais HIV
A infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) resulta de 1 dos 2 retrovírus similares (HIV-1
e HIV-2) que destroem linfócitos CD4+ e prejudicam a imunidade mediada por células, aumentando
o risco de certas infeções.
Os antirretrovirais são classificados em diferentes classes:
▪Inibidores da fusão: Enfurvirtida
▪Inibidores da Protease: Atazanavir, Darunavir, Fosamprenavir, Indinavir, Nelfinavir, Ritonavir,
Saquinavir
▪Nucleósidos inibidores da transcriptase reversa: abacavir, emtricitabina, lamivudina, didanosina,
estavudina, entecavir
▪Não nucleósidos inibidores da transcriptase reversa: Efavirenz, Nevirapina, Rilpivirina

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