Estudo Teórico e Experimental de Paredes

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Estudo teórico e experimental de paredes

esbeltas de alvenaria estrutural


Theoretical and experimental study of slender structural
masonry walls

Guilherme Aris Parsekian


Márcio Roberto Silva Corrêa
Guilherme Martins Lopes
Isabella Cavichiolli
Resumo
m dos fatores a serem levados em conta no dimensionamento de

U elementos comprimidos é sua esbeltez. Até hoje no Brasil utiliza-se o


conceito de esbeltez simplificado, no qual o comprimento de
flambagem é determinado por uma altura efetiva (hef), e o raio de
giração é substituído por um parâmetro chamado espessura efetiva (tef), para o
cálculo de fator minorador de resistência. Outras normas de alvenaria estrutural,
como as norte-americana, europeia e australiana, trazem também em sua
formulação de cálculo da capacidade de carga de uma parede comprimida um fator
redutor de resistência. Já a normalização canadense indica que seja feita uma
análise mais próxima da realidade, considerando o equilíbrio na configuração
deformada da parede (análise P-Delta). Um programa experimental que envolveu
18 ensaios de paredes de blocos cerâmicos e de concreto com elevada esbeltez,
obtida com a utilização de blocos de pequena espessura, é aqui relatado. As
previsões da capacidade de carga para o caso de blocos de concreto de geometria
vazada foram próximas aos resultados dos ensaios. No caso dos blocos cerâmicos
utilizados, de geometria complexa, com as paredes dos blocos também vazadas,
apenas a aproximação da norma canadense permitiu obter com algum grau de
segurança e proximidade os resultados dos ensaios. Paredes mais esbeltas e com
blocos de geometrias complexas exigem procedimentos mais refinados para o
cálculo, em que o processo P-Delta e a verificação da seção com material não
resistente à tração podem ser uma solução.
Palavras-chaves: Alvenaria estrutural. Esbeltez. Compressão.

Abstract
One of the factors to be taken into account in the design of compression loaded
elements is their slenderness. Nowadays, in Brazil, the industry still uses the
Guilherme Aris Parsekian concept of simplified slenderness ratio - in which the buckling length is determined
Universidade Federal de São Carlos
São Carlos - SP - Brasil
by an effective height (hef) and the radius of gyration is replaced by a parameter
called effective thickness (tef) - when calculating the resistance reduction factor.
Other masonry codes, such as the North American, European and Australian, also
Márcio Roberto Silva Corrêa use the resistance reduction factor in their wall compression load capacity
Universidade de São Paulo
São Carlos - SP - Brasil formulation. Yet, the Canadian code indicates the need for a more accurate and
realistic analysis of slender walls, considering the balance in the deformed
configuration of the wall (P-Delta analysis). This paper reports the findings of an
Guilherme Martins Lopes experimental program that tested 18 ceramic and concrete block walls with high
Morelli Lopes Engenharia
Prado Jaú – SP - Brasil slenderness ratios, obtained with thin block dimensions. The predictions of load
capacity for the case of hollow concrete blocks were close to the test results. In the
Isabella Cavichiolli
case of the ceramic blocks, which had a complex, double-face shell geometry, only
Universidade Federal de São Carlos the Canadian code approach produced the test results with some degree of
São Carlos – SP – Brasil certainty and proximity. Slenderer walls and complex geometry blocks require
more refined calculation procedures. P-Delta analysis and the verification of the
section with brittle-tensile materials solutions may apply.
Recebido em 25/05/15
Aceito em 22/05/16 Keywords: Structural masonry. Slenderness. Compression.

PARSEKIAN, G. A.; CORRÊA, M. R. S.; LOPES, G. M.; CAVICHIOLLI, I. Estudo teórico e experimental de paredes 197
esbeltas de alvenaria estrutural. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.
ISSN 1678-8621 Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.
http://dx.doi.org/10.1590/s1678-86212016000400114
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

Introdução
Desde a antiguidade a alvenaria vem sendo Atualmente no Brasil, com o grande
utilizada como estrutura em diversos tipos de desenvolvimento dos procedimentos de cálculo e
edificações, e a literatura informa amplamente dos materiais aplicados para alvenaria estrutural,
sobre o desenvolvimento histórico da alvenaria têm sido construídos edifícios altos em que as
estrutural. Nos Estados Unidos da América (EUA), paredes possuem espessura entre 14 cm e 19 cm,
entre os anos de 1889 e 1891, é construído o respeitando-se os limites de esbeltez impostos
edifício Monadnock, na cidade de Chicago, de 16 pelas normas brasileiras.
andares e cerca de 60 metros de altura, em que
A normalização brasileira trata o problema de
foram utilizados blocos cerâmicos, com paredes de esbeltez/flambagem de paredes de alvenaria de
espessuras que variavam de 30 cm no topo até forma muito simplificada, utilizando um
cerca de 1,80 m na base.
coeficiente redutor de resistência à compressão em
Essas grandes espessuras de paredes se davam pelo função da esbeltez do elemento estrutural. Esse
fato de que o modelo de cálculo da época admitia fator tem sua origem em normas e códigos de
que os esforços laterais do edifício deveriam ser construção internacionais bastante antigos,
integralmente absorvidos pelas paredes de fachada. remontando a épocas em que esses documentos
Uma concepção comum era manter o alinhamento tratavam o dimensionamento pelo Método das
externo das paredes, variando-se a espessura a Tensões Admissíveis, tendo sido perdida a efetiva
cada andar, o que fazia com que cada andar explicação dessa dedução. Em consultas feitas a
superior aplicasse suas cargas verticais nos andares vários pesquisadores estrangeiros e de tradição no
inferiores com excentricidade. Limitando-se o desenvolvimento de normas internacionais, sabe-se
deslocamento da parede superior sobre a inferior, o apenas que tal fator foi calibrado por meio de
momento correspondente a essa excentricidade não alguns ensaios experimentais, cujo registro hoje é
era suficiente para tombar o edifício, mas apenas desconhecido.
para equilibrar o momento gerado pelas ações
Com as diversas atualizações de normas
laterais. internacionais em alvenaria estrutural e com a
Avançando agora para a Europa do período pós- consequente adoção do Método dos Estados
Segunda Guerra Mundial, era necessária a Limites para dimensionamento, esse fator foi
construção de muitas edificações, por conta da modificado. Na normalização brasileira, mesmo
destruição causada, com baixo custo e elevada com a adoção do Método dos Estados Limites, o
rapidez, ou seja, racionalizadas. fator original continua vigente, o que pode gerar
contradição na atualização das normas brasileiras.
Nessa época engenheiros avaliaram que o sistema
de pórticos (pilares e vigas) poderia não ser Estudos comparativos sobre o efeito da redução da
econômico para edifícios residenciais que possuem resistência devida à esbeltez (PARSEKIAN, 2002;
diversas paredes de divisórias. Com isso se pensou CORREA; SILVA, 2010) mostram que existem
em apoiar as lajes diretamente nas paredes e grandes diferenças nos resultados quando se
utilizar as paredes como estrutura. Porém era compara o método simplificado na NBR com os de
preciso avançar o conhecimento sobre a alvenaria outras normas internacionais, especialmente para
como estrutura. A partir de pesquisas iniciadas índices de esbeltez elevados.
nesse período surgiram novos materiais e Essas diferenças provavelmente não induzem à
procedimentos de cálculo.
perda de segurança na maioria das estruturas
Um exemplo marcante desse período são os nacionais porque o índice de esbeltez tem sido
edifícios construídos na Suíça, na década de 50, limitado a valores baixos, em especial no caso da
pelo engenheiro e professor Paul Haller. Um alvenaria não armada. Porém, valores mais altos de
edifício composto de 18 andares foi construído em esbeltez são comuns em depósitos, supermercados,
alvenaria não armada com paredes de espessura shopping centers, ginásios de esportes, casas
entre 30 cm e 37,5 cm. Foi uma revolução no uso populares térreas com bloco de pequena espessura
da alvenaria estrutural. Era pioneira a utilização de e em edificações residenciais com pé-direito duplo.
procedimentos racionais de dimensionamento, A garantia de segurança dessas estruturas, sendo os
devendo-se, porém, ressaltar que isso só foi cálculos realizados da forma usual, é, portanto,
possível após estudos teóricos e experimentais, questionável.
bem como sua correlação. Estima-se que o
Paredes muito esbeltas levam ao desenvolvimento
professor Paul Haller tenha ensaiado mais de 1.600
de excentricidades adicionais devidas à
paredes de alvenaria para fundamentar seus deformação lateral em um efeito conhecido como
trabalhos. P∙∆. Mais recentemente foram desenvolvidos

198 Parsekian, G. A.; Corrêa, M. R. S.; Lopes, G. M.; Cavichiolli, I.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

procedimentos de cálculo em que esses efeitos são de suas vinculações. É o equivalente ao


levados em conta de forma precisa, formulando-se comprimento de flambagem. A Tabela 1, adaptada
o equilíbrio do elemento estrutural em sua das normas citadas, apresenta um resumo do
configuração deformada. cálculo da altura efetiva de paredes de alvenaria
estrutural. As condições de travamento lateral
Paredes relativamente curtas têm redução de
consideradas são Laje x Laje (parede com lajes na
resistência devida à esbeltez consideravelmente
menor que paredes esbeltas. Por conta disso, base e no topo) e Laje x Livre (parede com apoio
devido à existência de limites de esbeltez rigorosos em laje apenas em sua base).
nos códigos de normas, poucos casos de paredes
com problemas de flambagem são conhecidos. Espessura efetiva
Esse é o caso da normalização brasileira, que A espessura efetiva de uma parede tem relação
limita a razão h/t (altura /espessura) a um máximo com seu raio de giração. Em algumas normas o
de 30 para alvenaria armada e de 24 para a não raio de giração é considerado diretamente. Em
armada. Isso leva a um dimensionamento outras se define a espessura efetiva como a
simplificado, que se situa entre o procedimento espessura de uma parede simples. Para uma parede
empírico histórico e o da engenharia moderna. com enrijecedores, a espessura efetiva será a
Este trabalho envolve estudo dividido em duas equivalente a uma parede simples com raio de
partes (teórica e experimental), nas quais são giração semelhante à seção da parede com
analisadas especificações de normas e textos enrijecedor. Em muitas normas a espessura efetiva
internacionais para dimensionamento de paredes pode ser determinada por um fator multiplicador
de alvenaria esbeltas, sendo apresentados da espessura da parede simples para considerar a
resultados de ensaios laboratoriais de paredes com presença do enrijecedor, conforme a Tabela 2.
esbeltez superior a 30.
Índice de esbeltez
Análise teórica A razão de esbeltez indica a importância do
A análise teórica aborda os critérios de problema de flambagem no elemento estrutural.
dimensionamento à compressão simples de Paredes com índice de esbeltez pequenos
paredes de alvenaria. São estudadas as normas (robustas) têm o limite de resistência à compressão
brasileiras NBR 15961-1 (ABNT, 2011a) e NBR governado pela simples resistência à compressão
15812-1 (ABNT, 2010), a americana ACI 530 do material estimada por corpos de prova curtos (a
(AMERICAN..., 2013), a canadense CSA - S304.1 flambagem não é relevante). De maneira análoga,
(CANADIAN..., 2004), a europeia BS EN 1996-1- em paredes esbeltas a questão de deslocamentos
1 (BRITISH..., 2005b) e a australiana AS 3700 laterais e consequentes esforços de segunda ordem
(STANDARDS..., 2001). Ressalva-se que os limitam a resistência a um valor inferior à
textos de ambas as normas brasileiras são idênticos resistência à compressão simples do material. Para
para o caso do dimensionamento à compressão. as normas brasileira NBR 15961-1 (ABNT,
Neste texto, será citada a seguir apenas a NBR 2011a), canadense CSA S304.1 (CANADIAN...,
15961-1 (ABNT, 2011a), uma vez que não haveria 2004), europeia BS EN 1996-1-1 (BRITISH...,
diferença de dimensionamento com a adoção da 2005b) e australiana AS 3700 (STANDARDS...,
NBR 15812-1 (ABNT, 2010). 2001), o índice de esbeltez é dado pela razão entre
a altura efetiva (he) e a espessura efetiva (te).
Altura efetiva
A altura efetiva de uma parede é determinada pelo
produto de sua altura livre por um fator dependente

Tabela 1 - Coeficientes para altura efetiva (fator da altura livre)


Norma Laje x Laje Laje x Livre
NBR 15961-1 (ABNT, 2011a) 1,00 2,00
ACI 530 (AMERICAN..., 2013) 1,00 2,00
CSA S304.1 (CANADIAN..., 2004) 0,75 2,00*
BS EN 1996-1-1 (BRITISH..., 2005b)* 0,80 2,00
AS 3700 (STANDARDS..., 2001) 0,75 2,50
Nota: *valor retirado da norma inglesa BS 5628-1 (BRITISH..., 2005a).

Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 199


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Tabela 2 - Coeficientes para o cálculo de espessura efetiva


Paredes lenr/ tenr/ tenr/
Norma Paredes com enrijecedores
simples enr tpa = 2 tpa = 3
NBR 15961-1 (ABNT,
1,0 6 1,4 2,0
2011a)
AS 3700 (SAA, 2001) 1,0 8 1,3 1,7
10 1,2 1,4
BS EN 1996-1-1
1,0 15 1,1 1,2
(BRITISH..., 2005b)
≥ 20 1,0 1,0
ACI 530
(AMERICAN..., 2013) 𝑡 = 𝑟⁄√12
CSA S301.1
(CANADIAN..., 2014) 𝑡 = 𝑟⁄√12

O índice de esbeltez na norma brasileira NBR em alvenaria no Brasil, assim como não é o caso
15961-1 (ABNT, 2011a) está limitado em 24 para do detalhe das paredes ensaiadas (Eq. 1).
alvenaria não armada e em 30 para alvenaria 3
𝛾𝑓 ∙𝑃𝑘 1,0 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠 0,7 𝑓𝑝𝑘 ℎ
armada; na norma canadense CSA S304.1 ≤{ }∙ ∙ [1 − ( 𝑒𝑓 ) ] Eq. 1
𝐴 0,9 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠 𝛾𝑚 40𝑡𝑒𝑓
(CANADIAN..., 2004) está limitado em 30 para
ambas; para a norma europeia BS EN 1996-1-1 Onde:
(BRITISH..., 2005b) está limitado em 27 também Pk: força normal atuante (kN);
para ambas. Para a norma americana ACI 530
(AMERICAN..., 2013) o índice de esbeltez é a fpk: resistência à compressão característica do
razão entre a altura efetiva (he) e o raio de giração prisma (kN/m2);
da parede (r). Deve-se destacar que devido às m: coeficiente de segurança da alvenaria (𝛾𝑚 =
simplificações de cada norma o mesmo “índice de 2,0), combinação normal;
esbeltez” pode levar a paredes com diferentes
esbeltezes reais. Como a condição laje-laje é f: coeficiente majorador das ações (𝛾𝑓 = 1,40),
entendida com altura efetiva 1,0 na normalização combinação normal;
brasileira e 0,75 na normalização europeia, a hef: altura efetiva (m); e
“esbeltez” 20 europeia equivale à “esbeltez” 15
brasileira. tef: espessura efetiva (m).

Dimensionamento à compressão Norma americana ACI 530


simples Pelo mesmo motivo do item anterior, considera-se
aqui apenas o dimensionamento de paredes não
A resistência à compressão é propriedade armadas de acordo com ACI 530 (AMERICAN...,
determinante no uso de paredes como estrutura, 2013) (Eq. 2 e 3):
uma vez que a grande maioria dos elementos 2
) ]} 𝑝𝑎𝑟𝑎 ℎ⁄𝑟 ≤ 99

estruturais nesse tipo de sistema construtivo é 𝑃𝑑 = 0,80 {0,80𝐴𝑛 𝑓′𝑚 [1 − (
140𝑟
submetida preponderantemente ao esforço de
compressão. Eq. 2
70𝑟 2
Norma brasileira NBR 15961-1 𝑃𝑑 = 0,80 [0,80𝐴𝑛 𝑓′𝑚 ( ) ] 𝑝𝑎𝑟𝑎 ℎ⁄𝑟 > 99 Eq. 3

Para a norma brasileira NBR 15961-1 (ABNT, Onde:


2011a), o dimensionamento à compressão simples An: área efetiva de argamassa (m2);
de paredes não armadas é apresentado a seguir.
Observa-se que a referida norma recomenda a f’m: resistência à compressão do prisma (kN/m2);
desconsideração de eventuais armaduras h: altura efetiva da parede (m); e
comprimidas. Deve-se destacar que, para
considerar a contribuição da armadura r: raio de giração (m).
comprimida, essa deve estar corretamente
contraventada. Uma solução comum em concreto Norma canadense CSA S301.1
armado é a inclusão de estribos com espaçamento Para a norma canadense CSA S304.1
adequado, o que não é o caso usual de construções (CANADIAN..., 2004), o efeito da esbeltez pode
ser considerado levando-se em conta o efeito da

200 Parsekian, G. A.; Corrêa, M. R. S.; Lopes, G. M.; Cavichiolli, I.


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curvatura (P·Δ), conforme item seguinte deste 𝑃𝑑


⁄𝑃
𝑐𝑟
texto. Na combinação com eventual flexão ∆ 𝑇 = ∆ 0 + ∆0 ( 𝑃𝑑 ) =
1− ⁄𝑃
𝑐𝑟
decorrente de força lateral, o efeito dessa flexão 𝑃 𝑃
1− 𝑑⁄𝑃 + 𝑑⁄𝑃 ∆0
𝑐𝑟 𝑐𝑟
somada ao efeito da esbeltez pode ser aproximado ∆0 ( 𝑃 )= 𝑃 Eq. 5
por um coeficiente majorador do momento atuante. 1− 𝑑⁄𝑃 1− 𝑑⁄𝑃
𝑐𝑟 𝑐𝑟
O método está descrito em Parsekian, Hamid e O deslocamento lateral, ∆ 𝑇 , cresce com o aumento
Drysdale (2013). Considere-se uma parede da carga aplicada, Pd. Então, o momento máximo
simplesmente apoiada na base e no topo, com um (total) será igual a (Eq. 6):
carregamento de projeto, Pd, excêntrico, conforme
𝑃𝑑 ∆0
a Figura 1a. Admite-se que a linha elástica do 𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑑 𝑒 + 𝑃𝑑 ∆ 𝑇 = 𝑃𝑑 𝑒 + 𝑃 Eq. 6
1− 𝑑⁄𝑃
elemento tem a forma de uma senoide, sendo ∆0 o 𝑐𝑟
deslocamento devido ao momento de primeira Para um momento fletor constante igual a 𝑃𝑑 𝑒 ,
ordem, Md = Pde. O momento de segunda ordem, tem-se (Eq. 7):
ocasionado pela deflexão da parede, irá causar o
𝑃𝑑 𝑒ℎ2
incremento de deslocamento ∆1 (deslocamento de ∆0 = Eq. 7
8𝐸𝐼
segunda ordem).
Então, chega-se a (Eq. 8):
A partir da resolução da equação da linha elástica, 2
𝑃𝑑 𝑃𝑑 𝑒ℎ 2 𝑃𝑑 𝑃𝑑 𝑒𝜋 ⁄8
chega-se a (Eq. 4): 𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝑑 𝑒 + 𝑃 = 𝑃𝑑 𝑒 + 𝑃 =
1− 𝑑⁄𝑃 8𝐸𝐼 (1− 𝑑⁄𝑃 ) 𝑃𝑐𝑟
𝑐𝑟 𝑐𝑟
𝑃𝑑 ℎ 2 ℎ 𝑃𝑑 ℎ 2 𝑃
∆1 = ( (∆0 + ∆1 ) × ) = (∆0 + ∆1 )Eq. 4 (1+0,23 𝑑⁄𝑃 )
𝑐𝑟
𝐸𝐼 2 𝜋 𝜋 𝜋2 𝐸𝐼 = 𝑃𝑑 𝑒 𝑃𝑑 Eq. 8
1− ⁄𝑃
𝜋2 𝐸𝐼 𝑐𝑟
Considerando a carga crítica de Euler, Pcr= 2 , e
ℎ O termo 0,23 𝑃_𝑑 ⁄ 𝑃_𝑐𝑟 é considerado não relevante
substituindo e rearranjando a equação 4, chega-se e descartado da equação (só é relevante em paredes
ao deslocamento total, obtido de forma curtas, sendo desprezado para o cálculo de carga
incremental, igual a (Eq. 5): limite de paredes esbeltas) (Eq. 9).
1
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑀𝑑 𝑃 Eq. 9
1− 𝑑⁄𝑃
𝑐𝑟

Figura 1 - Método do coeficiente amplificador de momento

Fonte: Parsekian, Hamid e Drysdale (2013).

Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 201


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

Entretanto, a equação como deduzida é aplicável do valor de projeto de carga crítica, deve-se ainda
apenas em diagramas simétricos, com mesma incluir o coeficiente redutor da resistência da
excentricidade na base (e2) e no topo (e1). Quando alvenaria, γm, usualmente especificada como 2,0.
o valor de e2 é maior que e1, um fator de A carga crítica de flambagem (Euler), P cr, pode
equivalência Cm (Eq. 11), deduzido originalmente então ser obtida por (Eq. 12):
para dimensionamento de estruturas de aço, deve 𝜋2 (𝐸𝐼)
𝑒𝑓
ser incluído (Eq. 10): 𝑃𝑐𝑟 = (𝑘ℎ)2(1+0,5𝛽 Eq. 12
𝑑 )𝛾𝑚
𝐶𝑚
𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑀𝑑 𝑃 , Eq. 10 Recentemente, na versão de 2014, a norma CSA
1− 𝑑⁄𝑃
𝑐𝑟 S304.1 inclui recomendações específicas para
𝐶𝑚 paredes muito esbeltas, com índice de esbeltez
Onde o termo 𝑃𝑑 é chamado de coeficiente
1− ⁄𝑃 superior a 30:
𝑐𝑟
amplificador de momento. (a) as paredes devem ser armadas;
𝑀1 𝑒1
𝐶𝑚 = 0,6 + 0,4 = 0,6 + 0,4 ≥ 0,4 Eq. 11 (b) a espessura dos blocos deve ser no mínimo
𝑀2 𝑒2
igual a 140 mm;
A fissuração da alvenaria, a consideração da não
linearidade da relação tensão-deformação da (c) deve-se assumir a condição das extremidades
alvenaria e o escoamento do aço são fatores que como simplesmente apoiadas;
influenciam o cálculo da rigidez da alvenaria (EI), (d) a carga máxima aplicada não deve
tornando muito difícil estimar um valor preciso corresponder a mais do que 10% da resistência de
para essa grandeza por um método simples. Para prisma, com valores de projeto para a solicitação e
simplificar e permitir a análise do elemento, um a resistência;
valor de EI reduzido, para levar em conta esses
efeitos, é especificado, sendo a rigidez reduzida (e) a máxima área de armadura deve levar à
chamada de “efetiva”, EIef, podendo ser estimada posição relativa da linha neutra da seção, x/d ≤ 600
por: / (600 + fy); e

𝐸𝐼𝑒𝑓 = 0,4𝐸𝑎 𝐼0  para alvenaria não armada (f) deve-se obrigatoriamente dimensionar a
parede levando-se em conta os efeitos P·.
𝑒−𝑒𝑘
𝐸𝐼𝑒𝑓 = 𝐸𝑎 [0,25𝐼0 − (0,25𝐼0 − 𝐼𝑐𝑟 ) ( )] 
2𝑒𝑘
Norma europeia BS EN 1996-1-1
para alvenaria armada,
Onde: A norma europeia BS EN 1996-1-1 (BRITISH...,
2005b) apresenta o procedimento descrito abaixo
𝐸𝑎 = módulo de elasticidade da alvenaria (800fpk para o dimensionamento à compressão em paredes
para blocos de concreto ou 600fpk para blocos não armadas. Essa norma permite estimar a
cerâmicos); resistência da parede em função da resistência do
𝐼0 = momento de inércia da seção não fissurada bloco e da argamassa com parâmetros variáveis em
(área efetiva para alvenaria não armada, área função do material e da geometria da alvenaria.
equivalente para alvenaria armada); w Neste artigo apresenta-se apenas a parte relativa à
redução devida à esbeltez e à excentricidade.
𝑒𝑘 = excetricidade para início da fissuração por
tração (relação W/A da seção não fissurada). No estado limite último, o valor de cálculo da
força normal aplicada a paredes de alvenaria, NSd,
No caso de alvenaria armada Eef, não deve ser deve ser inferior ou igual ao valor de projeto de
tomado maior que 0,25𝐸𝑎 𝐼0 , nem menor que 𝐸𝑎 𝐼𝑐𝑟 resistência à compressão da parede, NRd, de tal
(Icr é o momento de inércia da seção fissurada). forma que (Eq. 13):
Ainda, para levar em conta as deformações lentas 𝑁𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑅𝑑 = 𝜙 𝑡 𝑓𝑑 Eq. 13
ao longo do tempo, o valor de Eef deve ser dividido
por (1 – 0,5d), onde d é a razão entre o momento Onde:
devido à ação permanente e o momento devido à ϕ: fator de redução de capacidade;
ação total. Deve-se destacar que o valor de d é t: espessura da parede (m); e
aqui calculado em função do momento, e não da
carga força normal, como seria adotado para fd: resistência à compressão de projeto da alvenaria
seções de concreto armado. O coeficiente 0,5 é (kN/m2).
utilizado para estimar efeitos de retração e O valor do fator de redução ϕ a ser utilizado deve
fluência, e esse valor leva a reduções de rigidez ser o menor entre o redutor do topo da parede e da
menores do que seria usualmente adotado para base (ϕi), Eq. 14 e 15, e o redutor do meio da
seções de concreto armado. Para a determinação parede (ϕm).

202 Parsekian, G. A.; Corrêa, M. R. S.; Lopes, G. M.; Cavichiolli, I.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

𝑒𝑖
𝜙𝑖 = 1 − 2 Eq. 14 Nmd: valor de projeto da força normal no meio da
𝑡
altura da parede (kN);
Onde:
ehm: excentricidade a meia altura, resultante de
t : espessura da parede (m); e cargas horizontais (por exemplo, vento) (m);
ei : excentricidade na parte superior ou inferior da hef: altura efetiva da parede (m);
parede,
tef: espessura efetiva da parede (m); e
𝑀𝑖𝑑
𝑒𝑖 = + 𝑒ℎ𝑖 + 𝑒𝑎 ≥ 0,05𝑡𝑒𝑓 Eq. 15 ek: excentricidade devida à fluência, calculada
𝑁𝑖𝑑

Onde: segundo a Equação 21:


ℎ𝑒𝑓
Mid: valor de projeto do momento fletor na parte 𝑒𝑘 = 0,002 𝜙∞ √𝑡 𝑒𝑚 Eq. 21
𝑡𝑒𝑓
superior ou inferior da parede, resultando da
excentricidade de carga do piso no apoio (kN.m); ϕ∞: coeficiente de fluência final, para concreto ϕ∞
entre 1,0 e 2,0.
Nid: valor de projeto da carga vertical na parte
superior ou inferior da parede (kN); Norma australiana AS 3700
ehi: excentricidade na parte superior ou inferior da
A norma australiana AS 3700 (STANDARDS...,
parede (m);
2001) apresenta o procedimento descrito abaixo
ea: excentricidade acidental (m); e para o dimensionamento a compressão de paredes
tef: espessura efetiva da parede (m). não grauteadas (Eq. 22).

Para o meio da parede, o redutor (ϕm) é dado por 𝐹𝑑 ≤ 𝑘∅ 𝑓 ′ 𝑚 𝐴𝑏 Eq. 22


(Eq. 16, 17 e 18): Onde:
𝑢2
𝑒𝑚𝑘 − Fd: força normal de compressão de cálculo (kN);
∅𝑚 = (1 − 2 )𝑒 2 Eq. 16
𝑡
k = coeficiente redutor devido à esbeltez, dado
Com, pelo menor valor entre 0,67 e 0,67 − 0,02(𝜆𝑟𝑠 −
ℎ𝑒𝑓
−2 14);
𝑡𝑒𝑓
𝑢= 𝑒 (considerando de forma aproximada 𝜆𝑟𝑠 : coeficiente de esbeltez simplificado, tomado
23−37 𝑚𝑘
𝑡
Ea = 700 fp) Eq. 17 como a relação h/t para o caso de paredes
simplesmente apoiadas na base e no topo;
Ou
∅ : coeficiente redutor de resistência à compressão
ℎ𝑒𝑓 𝑓
√ 𝑘⁄𝐸 −0,063 (∅ =0,45);
𝑡𝑒𝑓 𝑎
𝑢= 𝑒 (para qualquer valor de Ea
0,73−1,17 𝑚𝑘
𝑡
f’m: resistência à compressão característica da
considerado) Eq. 18 parede (kN/m2); e
Onde: Ab : área efetiva da seção transversal da parede
(m2).
emk: excentricidade no meio de um quinto da altura
da parede (m);
Análise experimental
hef: altura efetiva da parede (m);
O programa experimental compreendeu a
tef: espessura efetiva da parede (m); e
realização de ensaios de paredes sujeitas à
t: espessura da parede (m). compressão simples, com instrumentação instalada
O valor da excentricidade no meio de um quinto da para a medida das deformações axiais e dos
altura da parede (emk) é dado por (Eq. 19 e 20): deslocamentos laterais em diferentes níveis ao
longo de sua altura. Foram ensaiadas paredes não
𝑒𝑚𝑘 = 𝑒𝑚 + 𝑒𝑘 ≥ 0,05𝑡𝑒𝑓 Eq. 19 armadas de blocos de concreto e cerâmicos com
𝑀𝑚𝑑 1,0 m de altura (5 fiadas) e 2,80 m de altura (14
𝑒𝑚 = + 𝑒ℎ𝑚 ± 𝑒𝑎 Eq. 20 fiadas), e paredes armadas também com 2,80 m de
𝑁𝑚𝑑

Onde: altura, num total de 18 ensaios de paredes.

em: excentricidade devida ao carregamento (m);


Mmd: valor de projeto do maior momento no meio
da altura da parede (kN.m);

Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 203


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

Caracterização da argamassa, bloco, cerâmicos com armadura (Figura 2). Nas paredes
graute, prisma e pequena parede com armadura foram utilizadas duas barras com
diâmetro de 12,5 mm, dispostas de acordo com a
Os materiais utilizados, suas especificações e os Figura 3. As paredes foram construídas sobre uma
resultados da caracterização estão indicados na base metálica. Nos ensaios essa base com a parede
Tabela 3. A argamassa para blocos cerâmicos foi era colocada sobre uma faixa de neoprene com 2
utilizada com traço em volume 1,0 : 2,5 : 4,5 – a/c cm de largura; esta, por sua vez, sobre uma viga
: 1,5, sendo o traço para blocos de concreto 1,0 : metálica (Figura 4 e Figura 5). Dessa forma, o
2,0 : 2,5 – a/c : 0,95. O traço do graute, também ensaio reproduz de forma rigorosa a condição de
em volume, foi 1,0 : 0,1 : 1,4 : 1,6 – a/c : 0,60, articulação na base e no topo. Deve-se destacar
com 1,5 % de aditivo compensador de retração. que essa condição é mais rigorosa que a condição
Mais detalhes da caracterização e dos ensaios de ensaio preconizada na NBR 14321 (ABNT,
podem ser verificados em Lopes (2014). 1999) e que a condição usual de construções, em
Desenhando os blocos de acordo com as medidas que usualmente a base e o topo são apoiados
médias obtidas nas medições dos ensaios diretamente sobre bases largas (laje no caso da
dimensionais, obtêm-se os valores descritos na construção, chapa metálica no caso de ensaios
Tabela 4. A Tabela 5 e 7 indicam os resultados dos usuais de parede). A instrumentação foi composta
ensaios de bloco, argamassa, graute, prisma oco, de uma série de transdutores (Figura 6)
prisma grauteado e pequenas paredes. posicionados conforme a Figura 7. As paredes
tiveram onze pontos de medição de deslocamentos
horizontais, sendo três linhas de instrumentação:
Ensaio de paredes esbeltas uma central com cinco pontos, e duas laterais com
Foram moldadas 12 paredes com altura igual a três pontos cada uma. Um exemplo dos
2,80 m (14 fiadas), sendo divididas em quatro deslocamentos medidos em parede do grupo CPII
grupos: CPI blocos de concreto sem armadura; é mostrado na Figura 8. Esses deslocamentos
CPII blocos cerâmicos sem armadura; CPIII seguem a curvatura esperada para o problema. O
blocos de concreto com armadura; e CPIV blocos resumo dos resultados é indicado na Tabela 6.

Tabela 3 - Procedimentos utilizados na caracterização do bloco e parede


Ensaio Procedimento
Dimensional, absorção, resistência à NBR 15270-3 (ABNT, 2005) e NBR
BLOCO
compressão, área líquida 12118 (ABNT, 2010)
PAREDE Compressão de prisma NBR 15961-2 (ABNT, 2011b)
PAREDE Compressão de pequena parede NBR 15961-2 (ABNT, 2011b)
PAREDE Compressão de parede NBR 8949 (ABNT, 1985)
ARGAMASSA Resistência à compressão NBR 15961-2 (ABNT, 2011b)
NBR 5738 (ABNT, 2008) e 5739
GRAUTE Resistência à compressão
(ABNT, 2007)

Tabela 4 - Resumo dos ensaios dimensionais


Bloco cerâmico Bloco de concreto

Dimensão Média Dimensão Média


Comprimento (cm) 38,95 Comprimento (cm) 38,99
Largura (cm) 8,99 Largura (cm) 8,84
Altura (cm) 18,86 Altura (cm) 18,97
Área bruta (m²) 0,0351 Área bruta (m²) 0,0343
Área líquida (m²) 0,0159 Área líquida (m²) 0,0165
Raio de giração (mm) 30,2 Raio de giração (mm) 33,7

204 Parsekian, G. A.; Corrêa, M. R. S.; Lopes, G. M.; Cavichiolli, I.


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Tabela 5 - Resistências à compressão


Graute (MPa)
Característico Média Argamassa
Elemento Característico/
(MPa) (MPa) (MPa)
Média

Blocos de
12,62 15,57 - -
Concreto

Prismas de
4,26 6,18 7,10
Concreto (Oco)

Prismas de
Concreto 12,8 16,1 7,10 21,32/25,09
(Cheio)

Paredes de
Concreto (h=1,0 5,74 6,62 6,90 -
m)

Blocos
7,32 10,11
Cerâmicos

Prismas
Cerâmicos 2,9 4,05 4,93
(Oco)

Prismas
Cerâmicos 4,9 6,84 4,93 22,04/25,93
(Cheio)

Paredes
Cerâmicas 1,65 2,23 6,90
(h=1,0 m)

Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 205


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

Figura 2 - Disposição das paredes

Figura 3 - Armação adotada nas paredes alterar a ordem de citacao

Figura 4 - Parede posicionada no pórtico de reação

Figura 5 - Sistema de rótula inferior

206 Parsekian, G. A.; Corrêa, M. R. S.; Lopes, G. M.; Cavichiolli, I.


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Figura 6 - Transdutor vertical

Figura 7 - Posição dos transdutores

Figura 8 - Deslocamentos laterais CPII (mm)

Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 207


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Tabela 6 - Resumo de resultados para paredes esbeltas


Média Ep Argamassa (MPa) - Graute (MPa) - Até 7ª
Elemento
(MPa) (GPa) Até 7ª Fiada Fiada
Blocos de Concreto – Não Flexão Compressão Característico Média
Armadas (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,81 7,00 - -
Argamassa (MPa) - Até Graute (MPa) - Até 14ª
0,24 0,25 14ª Fiada Fiada
Flexão Compressão Característico Média
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,64 6,27 - -
Média Ep Argamassa (MPa) - Até Graute (MPa) - Até 7ª
Elemento
(MPa) (GPa) 7ª Fiada Fiada
Blocos Cerâmicos – Não Flexão Compressão Característico Média
Armadas (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,81 6,22 - -
Argamassa (MPa) - Até Graute (MPa) - Até 14ª
0,05 0,29 14ª Fiada Fiada
Flexão Compressão Característico Média
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,86 6,77 - -
Média Ep Argamassa (MPa) - Até Graute (MPa) - Até 7ª
Elemento
(MPa) (GPa) 7ª Fiada Fiada
Blocos de Concreto – Flexão Compressão Característico Média
Armadas (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,81 7,00 32,78 27,86
Argamassa (MPa) - Até Graute (MPa) - Até 14ª
2,00 4,18 14ª Fiada Fiada
Flexão Compressão Característico Média
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,64 6,27 27,33 23,23
Média Ep Argamassa (MPa) - Até Graute (MPa) - Até 7ª
Elemento
(MPa) (GPa) 7ª Fiada Fiada
Blocos Cerâmicos – Flexão Compressão Característico Média
Armadas (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,81 6,22 31,29 26,59
Argamassa (MPa) - Até Graute (MPa) - Até 14ª
0,32 0,94 14ª Fiada Fiada
Flexão Compressão Característico Média
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
2,86 6,77 24,4 20,74

Tabela 7 - Relações de resistências à compressão média para os componentes e elementos


Parede
Pequena Parede Parede
Prisma Prisma Parede Não
parede/ Não Armada/
Oco/ Cheio/ Armada/ Armada/
Prisma Armada/ Pequena
Bloco Oco Prisma Pequena
Oco Prisma parede
parede
Concreto 0,40 2,61 1,07 0,04 0,32 0,04 0,30
Cerâmica 0,40 1,69 0,55 0,01 0,08 0,02 0,14

208 Parsekian, G. A.; Corrêa, M. R. S.; Lopes, G. M.; Cavichiolli, I.


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Análise teórico-experimental previsão de cargas de ruptura de 255 kN e 135 kN,


equivalentes à tensão de ruptura na área bruta igual
Considerando as propriedades dos prismas a 2,36 MPa e 1,26 MPa (concreto e cerâmica
medidos no programa experimental, analisam-se a respectivamente).
seguir as previsões de ruptura das paredes de
acordo com algumas normas e formulações Norma canadense CSA S301.1
teóricas. Ainda que em um dimensionamento seja
necessária a adoção de valores característicos para A normalização canadense também leva em conta
garantir a segurança da construção, neste texto são a área efetiva de argamassa e tem como referência
utilizados valores médios como forma de prever a para a resistência de prisma o ensaio preconizado
ruptura de cada parede, sem a adoção de nenhum pelo ASTM C-1314 (AMERICAN..., 2012).
coeficiente modificador da resistência ou do Portanto, as mesmas áreas e correção de resistência
carregamento. Os valores da resistência de prisma de prisma são aplicadas. Os valores do momento
medidos são 6,18 MPa e 4,05 MPa para blocos de de inércia de cada parede (área efetiva de
concreto e cerâmicos respectivamente. argamassa + graute) são 6,1x10-5 e 4,4x10-5 m4
(concreto e cerâmica respectivamente). Os valores
As paredes não armadas apresentaram valores de de E medidos nos ensaios de prisma, corrigidos
tensão de ruptura bem baixos, o que apenas reforça para a área líquida, são 25,1 GPa e 7,7 GPa
a impossibilidade de se conceberem paredes (concreto e cerâmica respectivamente). O valor de
esbeltas não armadas. Por isso, a análise aqui está E pela norma canadense deve ser tomado como
focada nos resultados das paredes armadas. igual a 850•fp, portanto igual a 11,17 GPa e 7,60
GPa (concreto e cerâmica respectivamente).
Norma brasileira NBR 15961-1 Considerando que as armaduras estão posicionadas
no centro do bloco e pouco contribuem para o
De acordo com NBR, considerando o valor de 
aumento do momento de inércia da seção efetiva, o
igual a 280/9 = 31,1, o valor de R = [1-(/40)3]
valor da rigidez EI será considerado como de
seria igual a 0,53. A previsão da tensão de ruptura,
alvenaria não armada, tomada igual a 𝐸𝐼𝑒𝑓 =
tomando a área bruta como referência, seria então
igual a 0,7•fp•R, igual a 2,31 MPa e 1,52 MPa para 0,4𝐸𝑎 𝐼0 , o que resulta valores iguais a 614 e 136
paredes de blocos de concreto e cerâmicos kN•m2 e cargas críticas (Pcr) iguais a 344 kN e 166
respectivamente. kN (concreto e cerâmica respectivamente),
desprezando efeitos de fluência e coeficientes de
segurança. De acordo com a prescrição da norma,
Norma americana ACI 530 deve-se levar em conta uma excentricidade mínima
A norma norte-americana considera a área efetiva de 0,1t no topo, ou 0,1•0,09 = 0,009 m.
(área líquida argamassada) nos cálculos. Todas as O valor do momento no centro da parede é, então,
paredes foram construídas dispondo argamassa calculado pela Eq. 10, com Cm = 1,0 na ausência
sobre toda a face dos blocos, porém apenas no de força lateral (Eq. 23):
bloco cerâmico há coincidência de uma seção de 𝐶𝑚 1,0
um bloco sobre o outro quando se considera o 𝑀𝑑,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑀𝑑 𝑃 𝑀 = 𝑃 ∙ 0,009 1−𝑃 Eq. 23
1− 𝑑⁄𝑃 ⁄𝑃
𝑐𝑟 𝑐𝑟
deslocamento de 20 cm para amarração. Os
cálculos a seguir levam em conta a seção de O equilíbrio de uma seção não resistente à tração
apenas dois cordões de argamassa nas faces dos com carga excêntrica só é possível quando a
blocos de concreto e toda a seção líquida dos excentricidade coincide com a posição da linha
blocos cerâmicos, somada à seção dos dois pontos neutra da seção. Considerando-se a seção vazada e
de graute. Considerando os raios de giração de 31 desprezando-se a armadura colocada no centro da
mm e 29 mm, tem-se que os índices de esbeltez de seção, a posição de equilíbrio é mostrada na Figura
acordo com ACI são 90,3 e 96,6 (concreto e 9. A posição de equilíbrio, r, em função da
cerâmica respectivamente), próximos ao valor excentricidade, e, geometricamente é definida por
limite para considerar parede muito esbelta, sendo (Eq. 24):
válida a Eq. 6. A área efetiva de cada parede é de 𝑟(𝑡−𝑟)
0,061 m2 e 0,051 m2 (concreto e cerâmica 𝑒= →𝑟=
2(2𝑡𝑓 −𝑟)
respectivamente). De acordo com ASTM C-1314 𝑡
( + 𝑒) −
(AMERICAN..., 2012), para prisma com relação 2
1
h/t = 39/9 = 4,3, deve-se corrigir a resistência de 2
√𝑡 2 + 4𝑡𝑒 + 4𝑒 2 − 16 𝑒 𝑡𝑓 ; 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟 ≤ 𝑡𝑓
prisma por um fator igual a 1,17. Corrigindo-se a
resistência do prisma e desconsiderando-se a Ou
armadura na resistência à compressão, uma vez 𝑡 𝑡
𝑒=𝑟− →𝑟=𝑒+ ; 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟 > 𝑡𝑓 Eq. 24
2 2
que essas não são contraventadas, chega-se à

Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 209


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

Figura 9 - Equilíbrio de uma seção vazada sujeita à força axial excêntrica

Na seção ao lado, não resistente à tração, toda a parte


tracionada é desprezada.
O equilíbrio só é possível se a resultante dos esforços
(momento + força axial) (P) coincidir com a posição da
resultante dos esforços de compressão internos.
Em outras palavras, a posição da resultante das tensões de
compressão interna (r) deve coincidir com a excentricidade da
força axial P.
Para blocos vazados, pode ocorrer de r ser menor, igual ou
maior que a espessura do bloco (tf). O equilíbrio da seção é
mostrado ao lado.
Tomando-se a resistência, a alvenaria por fk = 0,7•fp:
𝑃 = 0,7𝑓𝑝 𝑏(2𝑡𝑓 − 𝑟) 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟 ≤ 𝑡𝑓
𝑃 = 0,7𝑓𝑝 𝑏(𝑡 − 𝑟) 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟 > 𝑡𝑓 (Eq. 25)

1,0
A solução é obtida de maneira iterativa: 𝑒 = 𝑀/𝑃 = 0,009 ; t = 0,09 m; tf =
1−𝑃⁄166
(a) admite-se um valor da excentricidade total no 0,0032m; fp = 0,47•10.460 = 492 kN/m2 Eq. 27
meio da parede;
 Admitindo inicialmente e = 0,02 m  r =
(b) calcula-se o valor de r com a Eq. 24; 0,0241  P = 16,4 kN  e = 0,0010  r =
(c) calcula-se o valor de M no meio da seção com 0,0132 P = 21,0 kN  e = 0,0103  r = 0,0136
a Eq. 23;  P = 20,8 kN  e = 0,0103  próximo ao
anterior. Observa-se que r = 0,01132 < tf = 0,032;
(d) calcula-se o valor de P com a Eq. 25; e portanto, ressalvando a aproximação feita, as duas
(e) calcula-se o valor de e=M/P; ... repete-se o faces do bloco estão comprimidas. Com esse valor
processo até que os valores de e inicial e final de P, a tensão de ruptura equivalente à área bruta é
coincidam, o que leva ao valor da carga P de de 0,19 MPa.
equilíbrio.
Para o caso de bloco de concreto, admitindo que r Norma europeia BS EN 1996-1-1
< tf (Eq. 26): Para o caso de Eurocode 6, deve-se considerar o
1,0 menor redutor calculado com a excentricidade de
𝑒 = 𝑀/𝑃 = 0,009 𝑃 ; t = 0,09 m; tf =
1− ⁄344 carga existente no topo e na base (ϕi) ou no meio
2
0,018m; fp = 15.381 kN/m Eq. 26 da parede (ϕm). Como não há momentos aplicados
 Admitindo inicialmente e = 0,032 m  r = no topo e na base, apenas ϕm é considerado como
0,0168  P = 248,1 kN  e = 0,0323  r = crítico. Para o caso emk, é tomado como o mínimo
0,0169  P = 246,9 kN  e = 0,0319  r = especificado (Eq. 18), igual a 0,05·0,09 = 0,0045
0,0168  P = 248,6 kN  e = 0,0324  r = m. Das Eq. 17 e Eq. 16, calculam-se u = 1,38 e ϕm
0,0169  e = 0,0318  próximo ao anterior. = 0,349. Considerando a resistência da parede
Observa-se que r = 0,0169 < tf = 0,018; portanto, como 0,7·fp, chega-se à previsão de tensões de
as duas faces do bloco estão comprimidas. Com ruptura iguais a 1,51 MPa e 0,99 MPa (concreto e
esse valor de P, a tensão de ruptura equivalente à cerâmica respectivamente). A Eq. 17 considera o
área bruta é de 2,28 MPa. valor de Ea = 700fp. Outra consideração pode ser
feita considerando-se a Eq. 18, com valores de E
O caso do bloco cerâmico é mais complexo, pois iguais a 600fp e 800fp (concreto e cerâmica
cada face do bloco tem duas paredes, uma de 8 respectivamente), como indicado na normalização
mm e outra de 7 mm, com espaço de 17 mm entre brasileira. Com esse ajuste os valores da tensão de
elas. A análise aqui é feita de forma aproximada, ruptura são estimados em 1,72 MPa e 0,84 MPa
tomando-se tf igual à soma dessas três dimensões (concreto e cerâmica respectivamente).
(32 mm), porém com a resistência de prisma
corrigida pela razão entre a espessura real e a
Norma australiana AS 3700
considerada, igual a (7+8)/(7+17+8) = 0,47 (Eq.
27): Na AS 3700 (STANDARDS..., 2001) deve-se usar
a Eq. 22 para calcular a resistência, chegando-se a

210 Parsekian, G. A.; Corrêa, M. R. S.; Lopes, G. M.; Cavichiolli, I.


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

valores de tensão de ruptura iguais a 2,03 MPa e formulação (NBR, ACI, Eurocode, AS). Também
1,33 MPa (concreto e cerâmica respectivamente). é possível comentar que as formulações da maioria
das normas levam em conta resultados de ensaios
Discussão de blocos maciços e, portanto, não permitem levar
em conta a real geometria da seção. A retirada de
A Tabela 8 resume os resultados das previsões de vazio central de um bloco maciço, tornando-o
tensão de ruptura de acordo com cada norma, em vazado, altera um pouco a relação entre momento
comparação com os resultados obtidos nos ensaios. de inércia e área da seção da parede. Usualmente
É possível observar que em todos os casos a se aumenta o raio de giração em blocos vazados
previsão de ruptura das paredes de blocos de quando comparados com blocos maciços. Apenas
concreto, cuja geometria de bloco vazado é usual as prescrições da norma canadense CSA levam em
em todos os países, é bastante razoável por conta, de forma genérica, a real seção da parede e
qualquer norma. A previsão das normas brasileira, o real valor do módulo de elasticidade. Geometrias
americana e canadense resulta entre 15% e 18% complexas, não usuais em outros países, como
maior que o obtido nos ensaios. Um fator parece ser o caso dos blocos cerâmicos vazados
favorável à norma brasileira é que essa indica com paredes dos blocos também vazadas, podem
prever condição birrotulada nas extremidades, exigir uma melhor formulação para ser possível
mesmo na condição de vinculação laje-laje (base- prever a ruptura de elementos comprimidos de
topo), que ocorre na maioria das vezes (os ensaios maior esbeltez.
foram feitos com condição rigorosa de articulações
na base e no topo). Dessa forma, provavelmente Conclusão
não há grande preocupação em se utilizar esse
fator simplificado, dentro do limite previsto. Deve- Paredes muito esbeltas devem ser armadas, tendo
se ainda considerar que o dimensionamento é feito sido verificadas grande instabilidade e baixíssima
com valores característicos, e não médios, e inclui carga de ruptura para as paredes ensaiadas com
coeficiente de minoração da resistência da h/t=31,1. Destaca-se ainda que o efeito da esbeltez
alvenaria igual a 2,0 (combinação normal). Pelo é sensível ao módulo de elasticidade da parede.
Eurocode, a carga de ruptura prevista é 25% menor Assim, blocos de maior resistência, que levam a
que a obtida nos ensaios, sendo essa a mais alvenaria de maior módulo de elasticidade, E, são
conservadora das normas. mais apropriados para paredes esbeltas. É
interessante ressaltar a recomendação da norma
Para o caso de paredes com blocos cerâmicos de canadense que permite a construção de paredes
geometria complexa de blocos vazados (com esbeltas, porém limitando a tensão a 10% da
paredes dos blocos também vazados), apenas a resistência do prisma (em valores de projeto) em
norma canadense permitiu prever uma tensão de paredes armadas.
ruptura mais próxima da verificada nos ensaios e
com alguma segurança. Os resultados das demais A partir do estudo realizado, pode-se concluir que
normas são muito superiores à real tensão de as formulações aproximadas das normas de
ruptura e, portanto, contra a segurança. alvenaria não são adequadas para prever a ruptura
de parede de bloco cerâmico de geometria de
Em todas as formulações é possível verificar que a parede vazada. Para essa situação, apenas a
carga de ruptura de uma parede esbelta é formulação mais precisa da norma canadense, que
dependente do valor do módulo de elasticidade leva em conta o efeito P Δ e analisa a ruptura da
adotado. Em várias normas, o módulo é estimado seção como um material não resistente à tração,
simplesmente como 700 a 1.000 vezes a resistência pôde ser aplicada com segurança.
do prisma, sendo esse valor subtendido na

Tabela 8 - Comparação da resistência à compressão das paredes esbeltas (h/t = 31,1) obtida nos
ensaios com procedimentos indicados em normas
Resultado Relação norma/ensaio
Referência
Concreto Cerâmica Concreto Cerâmica
Ensaio 2,00 0,32 1,00 1,00
NBR 15961-1 (ABNT, 2011a) 2,31 1,52 1,16 4,74
ACI 530 (AMERICAN..., 2013) 2,36 1,26 1,18 3,92
CSA S304.1 (CANADIAN..., 2004) 2,30 0,19 1,15 0,60
BS EN 1996-1-1 (BRITISH..., 2005b) 1,51 0,99 0,75 3,09
AS 3700 (STANDARDS..., 2001) 2,03 1,33 1,01 4,15

Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 211


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

No caso da parede de bloco vazado de concreto, os ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


resultados das várias normas foram próximos, TÉCNICAS. NBR 5738: concreto: procedimento
ainda que ligeiramente contra a segurança (pela para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de
norma brasileira, previsão 16% acima do medido Janeiro, 2008.
em ensaio). Como o coeficiente de segurança e os
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
valores característicos são aplicados no projeto, e
TÉCNICAS. NBR 5739: concreto: ensaios de
ainda com a consideração de elemento biarticulado compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de
para parede com laje na base e topo (usualmente Janeiro, 2007.
considerada biengastada em outras normas),
entende-se que, dentro do limite de esbeltez menor ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
que 30, as recomendações das normas são TÉCNICAS. NBR 8949: paredes de alvenaria
razoáveis. estrutural: ensaio à compressão simples: método
de ensaio. Rio de Janeiro, 1985.
Paredes mais esbeltas e com blocos de geometrias
complexas exigem procedimentos mais refinados ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
para o cálculo, podendo ser o processo P Δ e a TÉCNICAS. NBR 12118: blocos vazados de
verificação da seção como não resistente à tração concreto simples para alvenaria: métodos de
uma solução. ensaio. Rio de Janeiro, 2010.
As recomendações acima podem ser incluídas na BRITISH STANDARD. EN 1996-1-1:
normalização brasileira para permitir o uso de EUROCODE 6: design of masonry structures:
paredes estruturais esbeltas. general rules for reinforced and unreinforced
masonry structures. Bruxelas, 2005b.
Referências BRITISH STANDARDS. BS 5628-1: code of
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Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 197-213, out./dez. 2016.

Guilherme Aris Parsekian


Departamento de Engenharia Civil, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia | Universidade Federal de São Carlos | Rodovia Washington
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Márcio Roberto Silva Corrêa


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Guilherme Martins Lopes


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Isabella Cavichiolli
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Estudo teórico e experimental de paredes esbeltas de alvenaria estrutural 213

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