Admin, 5 SILVA
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Artigo
o materialismo - histórico dentro da obra
evolução política do brasil de caio prado jr.
Resumo Abstract
O presente artigo busca fazer a análise me- This article aims to analisys of the
todológica da obra Evolução Política do methodological process of the work Evolução
Brasil, de autoria de Caio Prado Jr. desta- Política do Brasil, written by Caio Prado Jr.
cando esse primeiro esforço, do consagra- showing the first effort of the renowned author in
do autor, na busca de uma interpretação construct a Marxist interpretation of Brazilian
marxista da História Brasileira, esta que history, that turned out to be one of the most
acabou se tornando uma das mais impor- important historiographical theory of Brazil,
tantes vertentes historiográficas do Brasil, followed by numerous later generations. In the
formando inúmeras gerações posteriores. text studied we can see a young intelectual who
No texto estudado percebe-se um jovem was concerned to refute the conclusions and
que tinha a preocupação de refutar as con- dogmas established by a traditional positivist
clusões e dogmas estabelecidos por quase historiography from the 19th century. When he
um século de historiografia positivista. tried establish a new methodological paradigm,
Ao tentar estabelecer um novo paradigma the author intended to make a revolution in the
metodológico, Prado Jr. pretende fazer way that the Brazilian society was seen, creating
uma revolução na maneira como era vista a critical spirit in intellectual and other social
e pensada a sociedade brasileira, formando sectors, and through this revolution, search a
um espírito crítico nos intelectuais e em reflection about the country in a different way of
outros setores sociais, para que, por meio the traditional sectors of power.
dessa revolução, se buscasse uma reflexão
sobre o Brasil de uma forma não alinhada Keywords
com os tradicionais setores de poder. Historical materialism; Caio Prado Jr.; Brazilian
historiography.
Palavras-Chave:
Materialismo histórico; Caio Prado Jr.;
Historiografia brasileira.
* Professor Universitário na UFRR (Universidade Federal de Roraima); doutor em Ciências Sociais pela
PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Doutorado em Ciências Sociais: Relações In-
ternacionais.
Essa longa citação se faz necessária para a plena diferenciação das visões de his-
tória e as bases na qual ela se faz. Engels diz que a “descoberta” da visão materialista
Passemos agora a buscar na obra de Caio Prado Jr. Esses elementos. No pri-
meiro capítulo, intitulado “A Colônia”, no qual ele trabalha o primeiro século e meio
desde a chegada dos portugueses. Busca-se num primeiro momento explicar o por-
quê da colonização não só do Brasil, mas como ela é um fenômeno mundial, atrela-
do a uma burguesia nascente na Europa, que busca através dessa expansão um maior
volume de capitais para acumularem em suas mãos. Há necessariamente que haver
essa expansão para que os conflitos que daí possam vir a surgir sejam apaziguados.
Tenho de em minha modesta concepção de História de que sem esse fenômeno
expansionista no período das grandes navegações, os conflitos entre aristocracia e
burguesia que varreram a Europa após a revolução francesa, teriam ocorrido bem
antes. Mas, trata-se de uma concepção particular que não deveria nem estar citada
neste trabalho.
O autor apresenta que nesse início a condição objetiva, determinada pela geo-
grafia do local, extenso litoral, gerou a necessidade de se recorrer a alguma opção,
para seu aproveitamento: a condição subjetiva. Escolha esta que foi a das capitanias
hereditárias, ressaltando que havia outras possibilidades a se empregar. Fez-se uma
opção dentro daquelas que apresentavam as condições objetivas.
Ele também trata do fato de não ser esse colonialismo, uma expressão ameri-
cana de feudalismo. Este é um dos pontos mais importantes da obra do autor, dei-
xando clara sua interpretação de que o “colonialismo” é um empreendimento mer-
cantil, tendo-se em conta o já destacado caráter de expansão da burguesia europeia
em busca da acumulação de capitais e, de ser ele pautado na exploração necessária
dessas terras. Condição essa, totalmente diferente daquelas em que se encontravam
os povos europeus na Idade Média, onde quando havia a conquista de terras, essas
já possuíam os seus servos e não demandavam necessariamente investimentos em
produção de gêneros.
No capítulo três, ele utiliza a análise materialista para explicar as ditas “Revolu-
ções”, que Caio Prado crê ser “A Revolução” que possibilita o rompimento com a
estrutura colonial. Ele trabalha os fatos que geraram as mudanças mais profundas
em nossa sociedade, como a vinda de D. João VI ao Brasil, não pelo simples fato
de o Imperador estar aqui, mas pelas consequências que esse fato trouxe. Aspecto
significativo de rompimento da estrutura colonial que depois seria magistralmente
trabalhada sob uma ótica Marxista por Fernando Novais.
Referências Bibliográficas:
D`INCAO, Maria Ângela (org.). História e Ideal – Ensaios Sobre Caio Prado Júnior. São Paulo:
UNESP e Brasiliense, 1989.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
ENGELS, Friedrich. Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico. São Paulo: Global, 1985. 7ª ed.
PRADO JUNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2001, 21ª ed.