(RE) Eligar A Geografia
(RE) Eligar A Geografia
(RE) Eligar A Geografia
(Re)Ligar a Geografia
Natureza e Sociedade
Porto Alegre
2017
ISBN: 9788565886055
1ª Edição 2017
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, sem autorização expressa dos autores
ou da editora. A violação importará nas providências judiciais previstas no artigo 102, da Lei
nº 9.610/1998, sem prejuízo da responsabilidade criminal. Os textos deste livro são de
responsabilidade de seus autores.
ISBN 9788565886055
Dandara e Anahí
Prefácio
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
6
Prefácio
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Boa leitura,
Cristiano Quaresma de Paula
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Sumário
Apresentação ............................................................................. 11
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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Apresentação
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Apresentação
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Dirce Suertegaray
Porto Alegre, verão escaldante de 2017.
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Geografia Física:
de onde viemos para onde vamos?*
A Geografia Física
Ao referir-se à forma de organização do conhecimento,
Kant indica a necessidade de organizá-los no tempo ou no
espaço, sejam estes conhecimentos empíricos ou na forma de
conceitos.
A classificação dos conhecimentos segundo os conceitos é a
classificação lógica; aquela segundo o tempo e o espaço é a divisão
fisica”. Por meio dos primeiros nós obtemos um sistema da natureza
[Systema naturae], como, por exemplo, o de Lineu; por meio da
segunda obtemos, ao contrário, uma descrição geográfica da
Natureza. (KANT, 2007, p.124).
Acrescentando, na continuidade:
Entretanto, poderíamos denominar os sistemas da natureza até
agora compostos, bem mais corretamente, de agregados da natureza,
pois um sistema pressupõe já a ideia de um todo, da qual a
multiplicidade das coisas será derivada. Na realidade nós não temos
ainda nenhum Systema nature. Nos assim chamados sistemas do
tipo existentes, as coisas estão apenas reunidas e ordenadas umas
após as outras (KANT, 2007, p.125).
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Geografia Física: de onde viemos para onde vamos?
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Geografia Física: de onde viemos para onde vamos?
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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Geografia Física: de onde viemos para onde vamos?
Na atualidade
Contemporaneamente, não se percebe grandes variações
nessas dimensões analíticas. O mais expressivo, em meu modo de
ver, na discussão contemporânea, diz respeito à concepção de
natureza e de tempo. Em nossos dias, verifica-se uma mudança
analítica em relação aos estudos da natureza. Trata-se da
substituição das análises, objetivando a explicação da origem e
transformação da paisagem na sua forma clássica (Humboldt,
Choley, Birot, Tricart e Cailleux, Ab´Saber, entre tantos), pela
explicação da funcionalidade, pela análise da interação dos
processos, ou seja, da transformação das formas naturais por
processos de tempo curto. Um sistemismo do e no presente.
A concepção dos estudos da natureza que privilegia o
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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Geografia Física: de onde viemos para onde vamos?
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Referências
BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global: um esboço
metodológico. Cadernos de Ciências da Terra, São Paulo, IG/USP, nº
13, 1972.
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Geografia Física: de onde viemos para onde vamos?
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A Geografia Física no início dos anos 1990
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A Geografia Física no início dos anos 1990
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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A Geografia Física no início dos anos 1990
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Comunicações
Este Simpósio, além das três seções técnicas, registra
também trabalhos sob a forma de comunicações. Totalizaram,
nesta modalidade, dezoito (18) trabalhos. Neste recorte
predominaram os estudos referentes à Geomorfologia e os temas
abordados são relativos à compartimentação do relevo e aos
estudos da morfodinâmica (nesta categoria foram classificados
um conjunto de dez (10) trabalhos publicados). Na sequência,
têm-se os trabalhos com temática ambiental cinco (5), do total.
Os demais correspondem a um (1) trabalho de Hidrologia, um
(1) de Biogeografia e um (1) de Climatologia.
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A Geografia Física no início dos anos 1990
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Referências
SUERTEGARAY, D. M. A. o atual e as tendências do ensino e da
pesquisa em Geografia no Brasil. Revista do Departamento de
Geografia, 16 (2005) São Paulo. p.38 a 45.
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Um antigo (e ainda atual) debate:
a divisão e a unidade da Geografia*
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Um antigo (e ainda atual) debate: a divisão e a unidade da Geografia
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Um antigo (e ainda atual) debate: a divisão e a unidade da Geografia
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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Um antigo (e ainda atual) debate: a divisão e a unidade da Geografia
O caminho da unificação
A reunião dos fragmentos, do ponto de vista científico,
vem sendo proposta em termos operacionais através de
conceitos como interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. A
experiência interdisciplinar é algo complexo de realizar e,
internamente, na Geografia, não é diferente. A
transdisciplinaridade, em meu entendimento, seria um caminho
possível, desde que entendida de forma diferente da forma
concebida mais normalmente, ou seja, como transcendência.
A transdisciplinaridade a que me refiro significa mais do
que o horizonte para além das disciplinas ou a construção do
objeto único ou os múltiplos olhares sobre um mesmo objeto. A
transdisciplinaridade que acredito ser possível trilhar, na
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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Um antigo (e ainda atual) debate: a divisão e a unidade da Geografia
Referências
BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global: um esboço
metodológico. Cadernos de Ciências da Terra, São Paulo, IG/USP, nº
13, 1972.
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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G e og r a f i a , G e og r a f i a F í s i c a e / o u
G e o m o r f o l og i a ? *
Introdução
O presente texto apresenta um conjunto de dez
afirmações. Estas visam sintetizar a reflexão que faço, desde
alguns anos, sobre a temática da natureza no âmbito da
Geografia. O texto está constituído de uma argumentação
baseada em fragmentos de outros textos já escritos. Aqui, foi
feita uma sistematização dessas ideias objetivando uma
exposição, quem sabe, mais didática das proposições então
enunciadas sobre o tema. Centra-se a discussão no âmbito da
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
que pelo menos nos EUA a tendência é que esta seja mais
geológica do que geográfica. Seu argumento centrava-se, na
época, nos usos de técnicas mais próximas da Geologia, no
menor interesse pela Geomorfologia, por parte dos geógrafos,
no reconhecimento crescente da aplicação prática dessa temática
por engenheiros, hidrólogos e pedólogos, além do avanço das
análises quantitativas. Sobre este particular, o autor tece
considerações sugerindo ponderação no uso da matemática.
Dos três exemplos, é na obra de Birot (1959) que se
esboça uma perspectiva teórica centrada na análise, com base no
conceito de paisagem natural - de forma conjuntiva a partir da
constituição do conceito de Sistema de Erosão. Conceito, este,
presente na obra de Cholley (1950) desde a metade do século
XX. Trata-se, na história da Geomorfologia, de uma teoria
geomorfológica que para alguns analistas vincula-se à Geografia
Física, na medida em que esta é entendida como subcampo da
Geografia Física.
Nas outras duas obras temos a expressão da
compartimentação da natureza, em De Martonne (1968) sob o
rótulo de Geografia Física e a dissociação da Geomorfologia da
Geografia Física na construção de Thornbury (1960).
Estes exemplos expressam a dificuldade que se tem hoje
de visualizar uma Geografia Física solidamente construída, sob o
ponto de vista teórico e de construção de uma teoria, que
responda pela interpretação conjuntiva da natureza.
A exceção de Birot (1959) - que interpreta a epiderme da
Terra através do conceito de paisagens e sistemas de erosão,
concepção essa mais difundida enquanto análise geomorfológica
- os outros dois exemplos defendem a especialização e a
compartimentação da natureza.
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
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Geografia, Geografia Física e / ou Geomorfologia?
Referências
Ab’SABER, A. N. O que é ser Geógrafo. Editora Record. Rio de
janeiro/São Paulo, 2007. p, 207.
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G e og r a f i a F í s i c a : c i ê n c i a b á s i c a , c i ê n c i a
aplicável?
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Geografia Física: ciência básica, ciência aplicável?
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Geografia Física: ciência básica, ciência aplicável?
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Geografia Física: ciência básica, ciência aplicável?
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Geografia Física: ciência básica, ciência aplicável?
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Geografia Física: ciência básica, ciência aplicável?
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Geografia Física: ciência básica, ciência aplicável?
Para concluir
O que se deseja com este texto é indicar a expansão, no
contexto da “Geografia Física”, de um encaminhamento
metodológico que se direciona para responder as demandas
emergentes e urgentes da sociedade atual. Portanto, um
deslocamento da análise em “Geografia Física” para a análise no
campo ambiental. Em consequência, uma preocupação em
produzir mais conhecimento aplicável do que conhecimento
básico.
Diante disto, considero relevante, no âmbito
epistemológico, uma discussão sobre o conceito de natureza
abordado na análise ambiental. Esta natureza, como a
concebemos, não é mais natural (natureza originária).
Por outro lado, sente–se necessidade de discutir o
conceito de Geografia Física. Este, não responde pelas realidades
estudadas (os objetos construídos na análise). Como já se referiu
Latour (1994), a realidade que se busca conhecer é constituída de
objetos híbridos.
Em particular, o objeto ambiental é híbrido, é natureza
transformada é natureza transfigurada. Natureza transfigurada
não é uma concepção nova, remonta aos clássicos - em particular
Reclus (1998). Adota-se esta concepção, na medida em que se
compreende que o processo de apropriação e exploração da
natureza a transfigura, ou seja, a modifica, muito embora
permaneça no modificado. Trata-se da natureza derivada a qual
se refere Monteiro (2000); é a natureza artificial para Santos
(1996).
Enfim, sendo a natureza na análise geográfica híbrida,
cabe à Geografia refletir, também, em relação ao conceito de
ambiente com o qual trabalha. Este, geralmente, derivado da
biologia e restritivo para a análise geográfica.
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Referências
LATOUR, B. Jamais fomos modernos. Tradução de Carlos Irineu da
Costa Editora 34, Rio de Janeiro, 1994. p.150
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G e o g r a f i a e G e o m o r f o l o g i a , I m p l i c a ç õ e s,
Quais?
Introdução
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Geografia e Geomorfologia, Implicações, Quais?
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Geografia e Geomorfologia, Implicações, Quais?
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Geografia e Geomorfologia, Implicações, Quais?
Finalização
Em síntese, nosso propósito neste breve texto foi trazer à
discussão algumas questões referentes à Geografia e à
Geomorfologia. Ao procurar demonstrar que a Geomorfologia
não é um subcampo da Geografia, considerando sua origem
enquanto derivada da História Natural e da Geologia procurou-
se, também, indicar que entre os geógrafos ela também se
construiu, embora de forma diferente daquela de perspectiva
geológica. Hoje a Geomorfologia, embora não tenha um espaço
institucionalizado na academia como área de formação
profissional, vem se expandindo, enquanto conhecimento
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Referências
AB´SABER, A. N. Um conceito de Geomorfologia a serviço do das
pesquisas sobre o Quaternário. Geomorfologia 18. Instituto de
Geografia/Universidade de São Paulo. 1969. p 23
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Tempo Geomorfológico Interfaces
Geomorfológicas*
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Tempo Geomorfológico Interfaces Geomorfológicas
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Tempo Geomorfológico Interfaces Geomorfológicas
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Tempo Geomorfológico Interfaces Geomorfológicas
Referências
ALBRILTON Jr., C. C. Catastrophie episodes in earth history.
London, Chapman and hall, 1989.
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Tempo Geomorfológico Interfaces Geomorfológicas
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Que natureza? Qual Espaço Geográfico?
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Que Natureza? Qual Espaço Geográfico?
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Que Natureza? Qual Espaço Geográfico?
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Que Natureza? Qual Espaço Geográfico?
Referências
SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e
Emoção. 2ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1997. p.308
126
Ritmos e subordinação da natureza: tempos
longos...tempos curtos*
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Ritmos e subordinação da natureza: tempos longos ... tempos curtos
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Ritmos e subordinação da natureza: tempos longos ... tempos curtos
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Ritmos e subordinação da natureza: tempos longos ... tempos curtos
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Ritmos e subordinação da natureza: tempos longos ... tempos curtos
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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Ritmos e subordinação da natureza: tempos longos ... tempos curtos
Para finalizar
Estamos diante de significativas transformações na
construção do conhecimento na medida em que amplas estão
sendo as mudanças no mundo (vivido). A natureza em seus
estudos encontra-se como os demais temas contemporâneos em
processo de reavaliação de conceitos e métodos. Aqui desejou-se
demonstrar alguns aspectos das mudanças, para tanto centramos
na concepção de tempo. Ao indicar as transformações, achamos
importante enfatizar a concepção de natureza ainda vigente e
indicar, a partir das novas formas de dominação/recriação da
natureza a necessidade de pensar novos conceitos que expressem
concepções mais conjuntivas. Daí tomarmos de empréstimo o
termo híbrido, ele poderá nos abrir um caminho de debate na
busca de novas construções. Conforme Maturana (2000), o que
se observa depende do observador.
Referências
138
Ritmos e subordinação da natureza: tempos longos ... tempos curtos
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Naturezas: epistemes inscritas nos conflitos
sociais*
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Natureza: epistemes inscritas nos conflitos sociais
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Natureza: epistemes inscritas nos conflitos sociais
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Natureza: epistemes inscritas nos conflitos sociais
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Natureza: epistemes inscritas nos conflitos sociais
Referências
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Ju, 1962.
p.97
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Geografia e Ambiente: desafios ou novos
olhares*
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Geografia e Ambiente: desafios ou novos olhares
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Geografia e Ambiente: desafios ou novos olhares
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Geografia e Ambiente: desafios ou novos olhares
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Geografia e Ambiente: desafios ou novos olhares
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Geografia e Ambiente: desafios ou novos olhares
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Para finalizar
Este ensaio busca reconhecer que no conceito de
ambiente e na análise ambiental as instâncias da
sociedade/cultura, da política e da economia estão presentes e
essa presença se manifesta sob diferentes tensões. Considera-se
que a concepção de natureza como o de naturezas–culturas
permite uma ampliação quando se trata de análise geográfica, ao
mesmo tempo que estabelece uma distinção entre a análise
ecológica, mesmo sendo esta elaborada no campo da
denominada Ecologia Humana.
Ao trabalhar com a dimensão da cultura, reconhece-se a
diversidade do conceito de natureza. Muito embora o
multiculturalismo nos permita avaliar, com base nos estudos dos
diferentes modos de vida, os etnocídios, dos quais nos falam os
diferentes movimentos sociais: pela Terra, pela Água, pela
Floresta, há outras dimensões necessárias para decifrar a questão
fundante da crise ambiental.
Considera-se que só compreenderemos a essência do
“ecocídio” se considerarmos que o espaço geográfico se forja
pelo imbricado conflito entre instâncias sociais, econômicas,
políticas e culturais. Estas se manifestam no território como
disputas, por mais natureza como valor de troca, pelo capital, de
um lado e, de outro, por mais natureza como valor de uso pelas
sociedades e territorialidades originais e originárias dos
lugares/territórios.
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Geografia e Ambiente: desafios ou novos olhares
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Referências
ALIER, J. M. O Ecologismo dos Pobres: conflitos ambientais e
linguagens de valoração. São Paulo: Contexto, 2007.
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Pesquisa de Campo em Geografia*
Primeiro Momento
As respostas às questões que me coloco partem da
concepção de construção do conhecimento que se baseia, entre
outras leituras, em Maturana e Varela (1996) e Maturana (1994),
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Pesquisa de Campo em Geografia
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Pesquisa de Campo em Geografia
Segundo Momento
Nesta segunda parte cabe resgatar algumas questões
vindas dos debates. Uma delas diz respeito aos instrumentos que
nos auxiliam no olhar, quando da pesquisa de campo. Neste caso,
a analogia foi feita com um fotógrafo; dizia-se então: como,
pensar o instrumental em Geografia? Uma boa fotografia exige
uma boa máquina, cuja lente seja capaz de registrar as nuances.
Sim, tem razão quem faz este questionamento. As novas
tecnologias auxiliam em muito a leitura do campo pelos
geógrafos, porém elas não bastam, como não basta uma máquina
de fotografia sofisticada; a leitura expressa em ambos os casos
exige e deixa evidente o método e a visão de mundo do
observador geógrafo ou fotógrafo. Lembremos Sebastião
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
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Pesquisa de Campo em Geografia
Terceiro Momento
Concebemos, portanto, o trabalho de campo de forma
mais ampla, como um instrumento de análise geográfica que
permite o reconhecimento do objeto e que, fazendo parte de um
método de investigação, permite a inserção do pesquisador no
movimento da sociedade como um todo. Esta visão não nega a
possibilidade de uso de instrumentalização no campo e na
pesquisa de forma ampla.
Daí a necessidade de pensar o uso das novas tecnologias.
Sem dúvida, não devemos descartá-las. Devemos utilizá-las a
serviço de nossas escolhas. Muitas experiências já são praticadas
com essa perspectiva.
O que quero dizer é que sem pensar corremos o risco de
nos tornar de sujeitos do processo em objetos do processo. Isto
não é algo novo ou impossível. Neste momento de construção
do mundo, a ciência torna-se suporte efetivo do processo
produtivo, por conseqüência, seu interesse cada vez mais se torna
privado e em sendo privado direcionado.
A construção do conhecimento, ao se tornar privado,
nega o sentido original de sua construção, aquele de descoberta
do eu no mundo, pois transforma o conhecer em mercadoria e o
pesquisador em objeto, instrumento de produção de um dado
conhecimento, cujo método e o instrumental, muitas vezes, ou,
na maioria das vezes, é previamente determinado.
Pesquisar é o fundamento de nossa busca,
particularmente, neste momento histórico, onde a educação
defende a tese de que apreendemos o tempo todo e educar é
ensinar a apreender, ou seja, pesquisar, ou ainda no linguajar
pampeano - campiar.
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(Re)Ligar a Geografia: Natureza e Sociedade
Quarto Momento
Desde a publicação deste texto (2002) prosseguimos na
caminhada. Este quarto momento revela uma experiência de
atividade de campo, trata-se agora de pensar o campo de forma
participativa para além do porquê fazemos campo, trata-se de
refletir sobre com quem faremos campo? Como exemplo,
resgata-se as referências de um texto, também já publicado, que
relata das vivências de campo mais recentes, em atividades
conjuntas entre, ribeirinhos, gestores e pesquisadores na da
Floresta Nacional de Tefé- FLONA de Tefé.
O ponto de partida foi a elaboração de um mapeamento, que se
integra a um processo de gestão territorial". Esse tipo de cartografia
“que se quer participativo entende ligar os atores e o território, construir o
território com os atores e mobilizar estes atores através do território sob a
hipótese de que nessa relação uns e outros se transformam” Joliveau (2008,
p38).
Trata-se, portanto, de trabalhar na perspectiva do mapeamento
comunitário ou mapeamento participativo do uso da terra. Os mapas
comunitários podem conforme já se referiu Colchester (2002), na
leitura de Acselrad e Coli (2008, p.19), serem “ferramentas úteis
para mobilizar a comunidade e gerar debates locais sobre a demanda
de terra, como também para planificar o manejo dos recursos
naturais”. Podem também fortalecer as comunidades reafirmando
seus valores e seus conhecimentos quando são resgatadas e valoradas
práticas tradicionais de uso da terra ou mesmo “habitus” fortalecidos
pela cotidianidade dos fazeres.
Bibliografia
ACSELRAD, H e COLI, L.R. Disputas cartográficas e disputas
territoriais. In: ACSELRAD, H (Org.). Cartografias Sociais e Território.
Rio de Janeiro: editora UFRJ/IPPUR, 2008. Cap 1, p.13-44.
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Pesquisa de Campo em Geografia
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Essa obra foi produzida em
Porto Alegre pela Editora
Compasso Lugar-Cultura. Na
composição foram utilizadas
as fontes Garamond e
GaramondNº8.