Políticas e Gestão Educacional

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POLÍTICAS E GESTÃO

EDUCACIONAL

Autoria: Eli Regina Nagel dos Santos


Jackeline Maria Beber Possamai

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Hiandra B. Götzinger Montibeller
Prof.ª Izilene Conceição Amaro Ewald
Prof.ª Jociane Stolf

Revisão de Conteúdo: Prof.ª Maria Aparecida de Oliveira Silva

Revisão Gramatical: Prof.ª Camila Thaisa Alves Bona

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2013


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

371.2
S237p Santos, Eli Regina Nagel dos
Políticas e gestão educacional / Eli Regina Nagel dos Santos;
Jackeline Maria Beber Possamai. Indaial : Uniasselvi, 2013.
121 p. : il

ISBN 978-85-7830- 662-5

1. Administração escolar.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Eli Regina Nagel dos Santos

Licenciada em Letras: Língua Portuguesa e


Respectivas Literaturas, especialista em Educação
a Distância e Mestre em Literatura. É Integradora
de Ensino Fundamental da 35ª Gerência Regional de
Educação, e supervisora de disciplina do curso de Letras do
Núcleo de Educação a Distância/NEAD/ Centro Educacional
Leonardo da Vinci /UNIASSELVI.

Jackeline Maria Beber Possamai

Mestre em Educação pela FURB - Universidade


Regional de Blumenau. Especialista em Gestão
com ênfase em: Administração escolar, Orientação e
Supervisão – DOM BOSCO e Especialista em Gestão e
Tutoria na Educação a Distância – UNIASSELVI. Graduada
em Pedagogia – FURB e em Letras pela UNIASSELVI.
Atualmente é supervisora de disciplina do curso de Pedagogia
do Núcleo de Educação a Distância do Centro Educacional
Leonardo da Vinci – UNIASSELVI e diretora pedagógica da
Rede Municipal de Ensino de Ilhota.
Sumário

APRESENTAÇÃO.......................................................................7

CAPÍTULO 1
A Legislação que Dispõe sobre o
Financiamento da Educação ...................................................9

CAPÍTULO 2
Valorização dos Profissionais da Educação ....................25

CAPÍTULO 3
Construção da Democracia na Escola................................51

CAPÍTULO 4
Gestão Financeira da Escola................................................65
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):

Uma meta, um objetivo, um quebra cabeça...

Caros Pós-Graduandos...

Figura 1 – Quebra-cabeça

Fonte: Disponível em: <http://alessandrocristian.blogspot.com/2012/02/


o-quebra-cabeca-existencial.html>. Acesso em: 30 jul. 2012.

A nossa vida escolar pode ser comparada a um quebra cabeça. Cada vez
que concluímos uma etapa de ensino, encaixamos uma peça. Iniciar o curso de
especialização significa que estamos avançando nesse jogo, e continuando a
questionar: onde se encaixa esta ou aquela peça?

O mesmo acontece com os assuntos que ora abordaremos, com os quais


podemos estabelecer relações entre a teoria e a prática, entre o conhecer e o
fazer. Nesse caso, as peças nos conduzem a pensar a Educação como um todo.

Nessa perspectiva, convidamos você a encaixar mais uma “peça do


jogo” e conhecer um pouco mais sobre assuntos de POLÍTICAS E GESTÃO
EDUCACIONAL, como parte do currículo do curso de especialização.
Ressaltamos, porém, que, embora tenhamos avançado no jogo, ele ainda
estará incompleto, pois no campo educacional todo dia é dia de reflexão, de
planejamento, de estudo e de aprimoramento.

Neste caderno de estudos os conteúdos foram distribuídos em quatro


capítulos e cada qual foi dividido em tópicos e subtópicos. Em cada um, você
encontrará as autoatividades, a fim de que possa refletir e exercitar o que
foi estudado. No caderno, constam também leituras complementares, que
possibilitarão a ampliação do tema.

Para tanto, no capítulo 1 abordaremos a Lei que regulamenta os recursos


para financiamento da educação no Brasil, a exemplo do Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica - FUNDEB, sua origem, implantação e
distribuição das receitas.

O capítulo 2 apresenta reflexões sobre as verbas para Educação Federal,


Estadual e Municipal, o Salário-Educação e o Piso nacional salarial do magistério.

No capítulo 3, nossas discussões versarão sobre questões que envolvem a


gestão democrática escolar, como o conselho escolar, a administração de materiais,
pessoas e processos, o Censo e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

O quatro e último capítulo trata do Fundo de Desenvolvimento da Escola


– FDE e dos programas federais e recursos destinados às instituições públicas
de ensino, no que se refere à captação, execução e prestação de contas do
Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE.

Esperamos que os conteúdos abordados esclareçam questões ligadas à


Educação Pública, especialmente no que diz respeito ao seu financiamento. Tenha
uma leitura cuidadosa e que essa disciplina auxilie em sua prática profissional.
Uma vez que,

O todo sem a parte não é todo,


A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.
(Gregório de Matos, 2012).

Bons estudos!

As autoras.
C APÍTULO 1
A Legislação que Dispõe sobre
o Financiamento da Educação

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Identificar as leis que embasam a destinação dos recursos de financiamento


da educação.

 Conhecer o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica –


FUNDEB.

 Compreender aspectos que regulamentam e apresentam as origens e a dis-


tribuição das receitas do FUNDEB.

 Estabelecer diferenças entre o FUNDEB e o FUNDEF.


Políticas e Gestão Educacional

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A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

Contextualização
Prezado Pós-graduando, com a promulgação da Constituição A educação é um
Brasileira em 1988, iniciou-se a elaboração de medidas legais que foram direito de todos e
progressivamente entrando em vigor no setor educacional de maneira dever do Estado
e da família, deve
positiva, contribuindo para a melhoria na educação. A educação é um
ser promovida e
direito de todos e dever do Estado e da família, deve ser promovida incentivada com
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno a colaboração
desenvolvimento da pessoa, para o exercício da cidadania e qualificação da sociedade,
para o trabalho. visando ao pleno
desenvolvimento
da pessoa, para
Os indicadores educacionais do país revelam que muito se avançou
o exercício da
quando a Constituição enfatizou o dever do Estado nas garantias dos cidadania e
direitos do cidadão, conforme prevê o art. 205: “A educação, direito de qualificação para o
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada trabalho.
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”.

Posteriormente à promulgação da Constituição, importantes compromissos


foram assumidos pela União em relação à Educação, dentre os quais um
sistema educacional articulado, bem como a aprovação da Lei de Diretrizes e
Base da Educação (LDB 9394/96), do Plano Nacional de Educação e Fundos de
financiamento, dispositivos legais para regulamentar todas as questões relativas à
Educação Básica no Brasil.

Atividade de Estudos:

1) O art. 205 da Constituição Federal enfatiza o propósito da


Educação no Brasil, em parceria entre Estado, família e
sociedade. Sobre a educação que se deseja, destacam-se três
pontos: desenvolvimento pessoal, cidadania e formação profissional
para todos. Elabore um texto, tecendo considerações sobre esses
três aspectos e o seu reflexo na sociedade.
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Políticas e Gestão Educacional

O Plano Nacional de Educação - PNE

Em 9 de Janeiro de 2001, através da Lei nº 10.172, foi sancionado


pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, o
Plano Nacional de Educação, com duração de dez anos. A partir deste
documento, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam
elaborar os seus planos decenais correspondentes, para compor um
conjunto integrado e articulado quanto aos objetivos, prioridades,
diretrizes e metas estabelecidas. Também ficou a cargo da União a
instituição do Sistema Nacional de Avaliação e estabelecimento dos
mecanismos necessários ao acompanhamento das metas.

Ao Ministério da Educação coube um importante papel de


viabilização e de cooperação técnica e financeira, para corrigir
acentuadas diferenças regionais, elevando a qualidade geral da
educação no País. Os diagnósticos constantes naquele plano
apontavam fragilidades em diversos níveis e modalidades de
ensino, na gestão, no financiamento, na formação e valorização do
magistério e dos demais trabalhadores da educação.

Já o Plano Nacional de Educação, que passou a vigorar em


2011 até 2020, estabelece diretrizes objetivas, metas e estratégias
específicas para todos os níveis, modalidades e etapas educacionais,
inclusive de inclusão social, como alunos com deficiência, indígenas,
quilombolas, estudantes do campo e alunos em regime de liberdade
assistida.

O PDE 2011-2020, em seus principais itens, prevê a


Universalização e ampliação do acesso e atendimento educacionais,
bem como o incentivo à formação inicial e continuada de professores
e profissionais da educação em geral, avaliação e acompanhamento
periódico e individualizado de todos os envolvidos na educação do
país — estudantes, professores, profissionais, gestores e demais
profissionais —, estímulo e expansão do estágio.

Estabelece a ampliação do ensino de quatro a 17 anos e o


financiamento estudantil contemplando a reestruturação das redes
físicas, equipamentos educacionais, transporte, livros, laboratórios de
informática, redes de internet de alta velocidade e novas tecnologias.

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A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

O PNE atual enfatiza ainda a elaboração de currículos básicos


e avançados em todos os níveis de ensino e a diversificação de
conteúdos curriculares, prevendo também a correção de fluxo e o
combate à defasagem idade-série. Nele constam metas claras para
o aumento da taxa de alfabetização e da escolaridade média da
população, e determina a ampliação progressiva do investimento
público em educação.

Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/>. Acesso em: 07 set. 2012.

Com base no que prevê o PNE, especialmente no que se refere aos recursos
financeiros, o primeiro tópico deste caderno abordará a legislação que regulamenta
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB –
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação. Também apresentaremos informações sobre
as origens das receitas, da distribuição dos recursos do fundo que substituiu o
FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental
e de Valorização do Magistério – implantado em 1998, quando passou a vigorar
a nova sistemática de redistribuição dos recursos, ou seja, a sua implantação
consistiu na mudança da estrutura de financiamento do Ensino Fundamental
no País. O FUNDEB foi criado com o propósito de substituir o FUNDEF, sendo
reestruturado e ampliado para vigorar até 2020.

Além disso, o então fundo introduziu novos critérios de distribuição e O FUNDEB


utilização dos principais impostos de Estados e Municípios, promovendo foi criado com
a sua partilha entre o Governo Estadual e seus municípios, de acordo o propósito
com o número de alunos atendidos em cada rede de ensino. O mesmo de substituir o
FUNDEF, sendo
foi estabelecido pela Emenda Constitucional 14/1996, que vigorou
reestruturado e
durante 10 anos, até 2006. ampliado para
vigorar até 2020.

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Políticas e Gestão Educacional

O que é o Fundeb?
Figura 2 - FUNDEB

Fonte: Disponível em: <http://adustina.net/noticias/fundeb-


divulgado-os-valores-depositados-nas-contas-de-adustina-
e-municipios-da-regiao>. Acesso em: 05 ago. 2012.

Conforme prevê a Constituição Federal (1988), um dos desafios no contexto


da política de inclusão social constitui a ampla distribuição de recursos vinculados
à educação e que, por sua vez, norteiam as políticas públicas com vistas ao
desenvolvimento e manutenção do ensino público. Mas você sabe o que são
políticas públicas?

Políticas públicas podem ser definidas como um conjunto de ações do


governo que irão produzir efeitos específicos (LYNN 1980). Nesse caso, estamos
falando de políticas públicas destinadas à Educação, cujas medidas do Estado
garantem recursos que contribuem para a o desenvolvimento da Educação,
com legislação que normatiza, traz a obrigatoriedade do ensino e combate o
analfabetismo.

Evidencia-se o aprofundamento da intervenção desses


Políticas públicas
destinadas à organismos governamentais, a exemplo do Ministério da Educação,
Educação são nessas políticas. A Educação no país conta com a Lei de Diretrizes
medidas do Estado e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/2006), que preconiza
que garantem
recursos que ações em favor da sua qualidade, e o Plano Nacional de Educação
contribuem para a o
– PNE, conforme já mencionamos, estabelece metas para o ensino.
desenvolvimento da
Educação. Políticas públicas destinadas à Educação são medidas do Estado
que garantem recursos que contribuem para a o desenvolvimento
da Educação.

Mas, contudo, foram necessários outros dispositivos legais que garantissem


o financiamento da Educação Básica, a exemplo do FUNDEB, com a abrangência
sobre o Ensino Médio e Educação Infantil, para impulsionar a descentralizar

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A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

os recursos. Essas medidas de ordem legal definiram também o regime de


colaboração e parceria entre a União, os Estados e Municípios. No dizer de
Demerval Saviani (2007, p. 02), “as referidas medidas regulamentadoras
configuram aquilo que se poderia denominar legislação complementar à LDB, já
que, no geral, elas se expressam através de mecanismos legais, formalmente
denominados leis ou decretos”. Na essência dessa proposta, estão novas formas
de gestão da esfera pública, com o intuito de satisfazer as necessidades básicas
de aprendizagem e da promoção da equidade do ensino, bem como a gestão e
financiamento da educação básica.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira – LDB


9394/96 – é a legislação que regulamenta o sistema educacional
público e privado do Brasil, desde a educação básica ao ensino
superior. Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação
conta com esse tipo de lei, que regulamenta todos os seus níveis. A
primeira foi promulgada em 1961 (LDB 4024/61).

A LDB 9394/96 reafirma o direito à educação, garantido pela


Constituição Federal, e estabelece os princípios da educação e os
deveres do Estado em relação à educação escolar pública, definindo
as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Figura 3 - Modalidades da Educação Brasileira

Fonte: Santos; Possamai (2013).

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Políticas e Gestão Educacional

• Educação Especial – atende os alunos com necessidades especiais,


preferencialmente na rede regular de ensino.

• Educação a distância – atende os estudantes em tempos e espaços diversos,


com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação.

• Educação Profissional e Tecnológica – visa preparar os estudantes a


exercerem atividades produtivas, atualizar e aperfeiçoar conhecimentos
tecnológicos e científicos.

• Educação de Jovens e Adultos – atende as pessoas que não tiveram acesso a


educação na idade apropriada.

• Educação Indígena – atende as comunidades indígenas, de forma a respeitar


a cultura e língua materna de cada tribo.

Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda temas como os recursos


financeiros e a formação dos profissionais da educação.

Atividade de Estudos:

1) Com base no conteúdo apresentado, pesquise e aponte a


responsabilidade de cada esfera em relação à educação.
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A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

Figura 4 – Aluno estudando

Fonte: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-


publica/lei-diretrizes-bases-349321.shtml>. Acesso em: 08 ago. 2012.

Antes da abordagem do FUNDEB propriamente dito, é preciso esclarecer


o conceito de Educação Básica, que no Brasil compreende a Educação Infantil,
o Ensino Fundamental e Médio, e tem duração ideal de dezoito anos. É durante
esse período de vida escolar que o sujeito deveria apropriar-se dos conhecimentos
mínimos necessários para uma cidadania completa. Serve também para tomada
de consciência sobre si mesmo em relação ao meio em que está inserido e
sobre o futuro profissional. No Brasil, a educação básica encontra-se dividida nas
seguintes etapas:

• Educação Infantil: Creche (0 a 3 anos) e Pré-escola (4 a 5 anos).

• Ensino Fundamental: Anos Iniciais (1º ano ao 5º) ano e Anos Finais (6º ano ao
9º ano).

• Ensino Médio: 1ª a 3ª série.

Para financiar a Educação Básica, o Ministério da Educação vinculou ao


Estado à criação de recursos para todos os níveis, com igualdade e qualidade.

Além da vinculação existe a subvinculação. Isso significa que,


da porcentagem obrigatoriamente destinada à manutenção e
ao desenvolvimento do ensino, outras porcentagens devem
ser obrigatoriamente extraídas, para serem usadas em
aspectos específicos e considerados prioritários dessa área
mais ampla, que, por sua vez, é uma parte do campo maior da
educação (EDNIR; BASSI, 2009, p. 95).

Atente, caro(a) estudante, para o fato de que os autores citam as


expressões vinculação e subvinculação. A primeira se refere às receitas
dos impostos arrecadados e transferidos aos Estados e Municípios que são
atrelados à Educação. A segunda, por sua vez, conforme E.C. nº 53/2006,

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Políticas e Gestão Educacional

A vinculação “amarra” e amplia a destinação dos recursos à Educação Básica.


dos impostos A vinculação dos impostos arrecadados obriga a transferência dos
arrecadados obriga
a transferência dos recursos destinados aos Estados e Municípios à Educação Básica.
recursos destinados Já a subvinculação atrela e amplia a sua destinação.
aos Estados e
Municípios à
Educação Básica. Basicamente, a criação do FUNDEB tem por objetivo financiar
Já a subvinculação o atendimento dos alunos distribuídos por toda a educação básica,
atrela e amplia a sua
destinação. em todas as redes de ensino, aliado ao princípio da equidade, ou
seja, é preciso dar condições que assegurem não apenas o acesso,
mas a permanência e aprendizagem das crianças, dos jovens e dos adultos não
escolarizados, independentemente de raça, etnia, região, localização geográfica
ou condição financeira em que se encontram. Daí dizer que Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação é de natureza financeira e de âmbito estadual, dividido por todos os
estados e o Distrito Federal, num total de vinte e sete, formado basicamente por
recursos provenientes dos impostos e transferências, vinculados à Educação
Básica, desde a creche até o ensino médio. Segundo Ednir e Bassi (2009, p. 94),

a União tem necessariamente de usar 18% da receita de


impostos nas despesas com ensino público. E os governos
estaduais e municipais não podem usar menos que 25%
da receita de impostos que são vinculados à manutenção
e desenvolvimento do ensino, para financiar esse aspecto
escolar.

Com base no exposto, o fundo distribui os recursos, levando em consideração


o desenvolvimento social e econômico das regiões. O acompanhamento e o
controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos
do programa são feitos em escalas federal, estadual e municipal por conselhos
criados especificamente para esse fim, assunto de que trataremos adiante.

Atividade de Estudos:

1) Qual a principal função do FUNDEB?


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A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

A qual a Lei que Regulamenta o


FUNDEB?
Atualmente, a Educação Brasileira conta com o FUNDEB, instituído pela EC
53, em 19 de dezembro de 2006, que modificou a redação ao art. 60 – que se
refere ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ao citar que

até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta


Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere
o caput do art. 212 da Constituição Federal à manutenção
e desenvolvimento da educação básica e à remuneração
condigna dos trabalhadores da educação, respeitadas as
seguintes disposições (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988).

É certo dizer, então, que a EC 53 estabelece que Estados, Distrito Federal


e Municípios destinarão parte dos recursos à manutenção e desenvolvimento da
educação básica e à remuneração justa a quem trabalha na educação.

A implantação do FUNDEB começou em 1º de janeiro de 2007, sendo


plenamente concluída em 2009. Isso foi possível porque o total de alunos
matriculados na rede pública passou a ser considerado na distribuição dos
recursos. O fundo foi regulamentado pela Lei nº 11.494 de 2007.

No entanto, há que se considerar que foi a Medida Provisória de n° 339/06


que garantiu a execução da E.C. 53, no que se refere aos dispositivos do fundo.
Nesse sentido, Ednir e Rossi (2009, p. 111) fazem algumas considerações acerca
da regulamentação do FUNDEB, ao afirmarem que:
a Emenda Constitucional 53 remeteu para lei específica a
regulamentação do Fundeb, cuja competência de elaboração
é do Poder Legislativo. Somente desse modo o novo
mecanismo poderia entrar em vigor. Para colocar o Fundeb
em funcionamento em 2007, uma vez que o novo fundo só
poderia funcionar se a lei regulamentadora fosse aprovada no
ano anterior ao da vigência, o Poder Executivo utilizou-se de
dispositivo constitucional que lhe permite legislar em situações
de “relevância e urgência” (artigo 62 da Constituição Federal
de 1988) e emitiu a Medida Provisória nº 339 (MP 339), em
28 de dezembro de 2006. Ao fazer isso, contudo, o governo
interrompeu, contraditoriamente, o processo de discussões,
críticas e manifestações e participação da sociedade civil no
desenho final do novo modelo de financiamento da educação.
Desse modo, a MP 339 colocou em funcionamento o Fundeb
a partir de 1º de janeiro de 2007. Mesmo que seja iniciativa
do Poder Executivo, a MP 339, como qualquer proposta de
legislação, teve de ser submetida ao Congresso Nacional.
O curto prazo de tramitação deixou poucas possibilidades
de participação da sociedade, mas alguns dispositivos
foram alterados e outros, introduzidos. Por fim, a MP 339 foi
convertida na Lei nº 11.494 e sancionada pelo presidente da
19
Políticas e Gestão Educacional

República somente em 20 de junho de 2007. A regulamentação


determina que os recursos recolhidos pelo Fundeb beneficiem
todas as etapas e modalidades da educação básica.

No dizer dos autores, com a edição da medida provisória, o governo federal


interrompeu as discussões sobre a criação do FUNDEB de maneira mais
participativa da sociedade, devido à urgência de se colocar em ação as propostas
contidas no documento. Mas as alterações introduzidas por essa emenda,
basicamente, são:

• A subvinculação dos recursos a que se refere o art. 212 da Constituição


Federal, através do artigo 23 desta emenda, estabelece que as receitas
dos impostos e transferências e sua utilização sejam ampliadas para toda a
educação básica. Os municípios recebem os recursos com base no número
de alunos da educação infantil e do ensino fundamental, e os estados, com
base nos alunos do ensino fundamental e médio. A mudança se constitui pela
diversidade de temas tratados no referido artigo, também para explicitar que
suas regulamentações podem ser objeto de diversas leis complementares, e
não somente uma, como indicava a redação anterior.

A Lei nº 11.274/06 • A obrigatoriedade de oferecer educação infantil em creches


promoveu o aumento e pré-escolas às crianças de até cinco anos está preconizada
de oito para nove
anos na duração do no art. 208, IV, com nova redação. Significa dizer que, através da
ensino fundamental Lei nº 11.274/06, foi promovido o aumento de oito para nove anos
obrigatório, ou seja,
a criança deve ser na duração do ensino fundamental obrigatório, que se inicia aos
matriculada aos seis seis anos de idade. A modificação tem como objetivo dar suporte
anos de idade na constitucional à inclusão das crianças de 6 (seis) anos no ensino
educação básica.
fundamental obrigatório, que passou a ter duração de 9 (nove) anos
com a edição da supracitada lei, a ser implantada até o ano de 2010.
A Lei nº 11.274/06 promoveu o aumento de oito para nove anos na duração do
ensino fundamental obrigatório, ou seja, a criança deve ser matriculada aos
seis anos de idade na educação básica.

• A nova emenda substituiu a expressão “profissionais do ensino” por


“profissionais da educação escolar”. Com isso ampliou o sentido de
valorização, tratada em três dispositivos constitucionais. As garantias
constitucionais antes restritas à categoria do magistério público – planos
de carreira, piso salarial e ingresso exclusivo por concurso público
de provas e títulos – agora dizem respeito a todos os profissionais da
educação pública. Trata-se de uma importante conquista, visando reduzir
as desigualdades regionais através do inciso VIII, que assegura o caráter
“nacional” do piso salarial.

Ainda nessa perspectiva, o inciso III remete à lei federal a regulamentação

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A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

das categorias profissionais que atuam na educação, a definição dos valores de


seus pisos salariais e de seus respectivos planos de carreira, sendo estes: os
incisos do art. 208 da CF/88, que tratam do dever do Estado com a educação
básica; o Plano Nacional de Educação – Lei n° 10.172/2001, que estabelece
diretrizes e metas a serem cumpridas até 2011 – quinto ano de vigência do novo
Fundo; Fundo com cada uma dessas etapas e modalidades.

60% dos recursos do fundo são empregados em remuneração, de acordo


com o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério
público da educação básica, ou seja, houve a preocupação em se estabelecer no
próprio texto da Emenda os valores mínimos de complementação da União.

Desse modo, fica evidente que o FUNDEB e as demais políticas públicas


educacionais devem assegurar não somente o acesso, mas a melhoria da
qualidade da educação básica. O dever de definir um padrão mínimo nacional de
qualidade, a ser garantido a todos, passa a ter aplicabilidade imediata, cabendo
à União essa obrigação, a ser exercida em colaboração com os demais entes
federados.

Assim como os recursos serão implementados gradativamente, também


as matrículas da educação infantil, do ensino fundamental e da educação de
jovens e adultos serão contabilizadas gradativamente, incluindo-se todas as
matrículas somente a partir do terceiro ano, quando toda a receita de impostos de
Estados, Municípios e Distrito Federal prevista no inciso II do art.60, ADCT, estará
subvinculada ao FUNDEB em 20%.

Figura 5 - Educação

Fonte: Disponível em: <http://www.grupodonadoni.com.


br/educacao.html>. Acesso em: 07 ago. 2012.

21
Políticas e Gestão Educacional

Dito de outro modo, o FUNDEB pretende promover a valorização dos


profissionais da educação, assegurando-lhes inclusive nos termos dos
estatutos e dos planos de carreira do magistério público. O ingresso no
magistério deve ser exclusivamente por concurso público de provas e títulos.
Outro item determina que se estabeleça o aperfeiçoamento profissional
continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse
fim, além da instituição de um piso salarial profissional. No que se refere ao
progresso funcional, este deve estar baseado na titulação ou habilitação e na
avaliação do desempenho. E, por último, o profissional da educação deve ter
um período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluídos na carga
de trabalho.

A aplicação desses recursos pelos gestores estaduais e municipais deve


ser direcionada, considerando a responsabilidade constitucional que delimita a
atuação dos estados e municípios. No caso do Distrito Federal, a regra adotada,
tanto para a distribuição quanto para a aplicação dos recursos, é adaptada à
especificidade prevista no Parágrafo Único, art. 10 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação – LDB.

Além desses recursos, ainda compõe o FUNDEB, a título de


complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de
cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente.
Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para
aplicação exclusiva na educação básica.

O FUNDEB como mecanismo se fez necessário para que todas as etapas


e as modalidades desse nível de ensino, e os entes governamentais que as
oferecem à sociedade, possam contar com recursos financeiros com base no
número de alunos matriculados, concorrendo, dessa forma, para a ampliação do
atendimento e a melhoria qualitativa do ensino oferecido.

Ainda que o Ministério da Educação tenha traçado metas para a erradicação


do analfabetismo através dos vários dispositivos legais, sabemos que esta
questão ainda constitui fragilidades, no sentido de que o país não conseguiu
atingir essa meta na totalidade.

Para complementar o conteúdo abordado, apresentamos um


texto que traz informações e reflexões acerca do número de pessoas
alfabetizadas no Brasil.

22
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

Menos de 30% dos brasileiros são


plenamente alfabetizados, diz pesquisa

Brasília – Apenas 35% das pessoas com ensino médio completo


podem ser consideradas plenamente alfabetizadas no Brasil e 38%
da população com formação superior têm nível insuficiente em leitura
e escrita. É o que apontam os resultados do Indicador do Alfabetismo
Funcional (Inaf) 2011-2012, pesquisa produzida pelo Instituto Paulo
Montenegro e a ONG Ação Educativa.

A pesquisa avalia, de forma amostral, por meio de entrevistas


e um teste cognitivo, a capacidade de leitura e compreensão de
textos e outras tarefas básicas que dependem do domínio da leitura
e escrita. A partir dos resultados, a população é dividida em quatro
grupos: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados
em nível básico e plenamente alfabetizados.

Os resultados da última edição do Inaf mostram que apenas


26% da população pode ser considerada plenamente alfabetizada –
mesmo patamar verificado em 2001, quando o indicador foi calculado
pela primeira vez. Os chamados analfabetos funcionais representam
27% e a maior parte (47%) da população apresenta um nível de
alfabetização básico.

“Os resultados evidenciam que o Brasil já avançou,


principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu
progressos visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades
que são hoje imprescindíveis para a inserção plena na sociedade
letrada”, aponta o relatório.

O estudo também indica que há uma relação entre o nível de


alfabetização e a renda das famílias: à medida que a renda cresce,
a proporção de alfabetizados em nível rudimentar diminui. Na
população com renda familiar superior a cinco salários mínimos, 52%
são considerados plenamente alfabetizados. Na outra ponta, entre
as famílias que recebem até um salário por mês, apenas 8% atingem
o nível pleno de alfabetização.

De acordo com o estudo, a chegada dos mais pobres ao


sistema de ensino não foi acompanhada dos devidos investimentos
para garantir as condições adequadas de aprendizagem. Com isso,
apesar da escolaridade média do brasileiro ter melhorado nos últimos
anos, a inclusão no sistema de ensino não representou melhora

23
Políticas e Gestão Educacional

significativa nos níveis gerais de alfabetização da população. “O


esforço despendido pelos governos e população de se manter por
mais tempo na escola básica e buscar o ensino superior não resulta
nos ganhos de aprendizagem esperados. Novos estratos sociais
chegam às etapas educacionais mais elevadas, mas provavelmente
não gozam de condições adequadas para alcançarem os níveis
mais altos de alfabetismo, que eram garantidos quando esse nível
de ensino era mais elitizado. A busca de uma nova qualidade para a
educação escolar em especial nos sistemas públicos de ensino deve
ser concomitante ao esforço de ampliação de escala no atendimento
para que a escola garanta efetivamente o direito à aprendizagem”,
resume o relatório.

A pesquisa envolveu 2 mil pessoas, de 15 a 64 anos, em todas


as regiões do país.

Os quatro níveis de alfabetização identificados pelo Inaf


2011-2012 são: analfabetos (não conseguem realizar tarefas
simples que envolvem leitura ainda que uma parcela consiga ler
números familiares), alfabetizados em nível rudimentar (localizam
uma informação explícita em textos curtos, leem e escrevem
números usuais e realizam operações simples, como manusear
dinheiro). Há também os alfabetizados em nível básico, que leem
e compreendem textos de média extensão, localizam informações
mesmo com pequenas inferências, leem números na casa dos
milhões e resolvem problemas envolvendo uma sequência simples
de operações. Por fim, os alfabetizados em nível pleno, que leem
textos longos, analisam e relacionam suas partes, comparam e
avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências
e sínteses. Resolvem problemas que exigem maior planejamento
e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área,
além de interpretar tabelas, mapas e gráficos.

Fonte: Cieglinski (2012, p. 14).

24
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

Atividade de Estudos:

1) O conteúdo abordado faz menção ao financiamento para


manutenção da educação básica e cita os baixos resultados no
que se refere às habilidades imprescindíveis para a inserção
plena na sociedade letrada. Escreva um texto, expondo sua
opinião a respeito dessa questão.
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A Distribuição dos Recursos do


Fundeb

Como é feita a distribuição dos recursos do FUNDEB?

Figura 6 - Dinheiro

Fonte: Disponível em: <http://dicorpo.wordpress.com/2011/12/22/


cuide-melhor-do-seu-dinheiro/>. Acesso em: 23 jul. 2012. 25
Políticas e Gestão Educacional

A norma de Caro Pós-graduando, você sabe quem é responsável pela


distribuição dos distribuição dos recursos do FUNDEB? Como ocorre a arrecadação
recursos do
FUNDEB continuou pela União e a distribuição dos recursos para os Estados e
direcionada por Municípios? É o que veremos a seguir.
meio do mesmo
critério dos recursos
do FUNDEF, ou A norma de distribuição dos recursos do FUNDEB continuou
seja, é pautado direcionada por meio do mesmo critério dos recursos do FUNDEF,
no número de
alunos matriculados ou seja, é pautado no número de alunos matriculados (conforme art.
(conforme art. 211 211 da Constituição Federal). Porém, ressaltando que a partir da
da Constituição aprovação são computadas, exclusivamente, as matrículas efetivas
Federal). Porém,
ressaltando que a retiradas através do Censo Escolar realizado pelo INEP (Instituto
partir da aprovação Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Texeira),
são computadas,
exclusivamente, as conforme DECRETO Nº 6.253, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2007, que
matrículas efetivas define:
retiradas através
do Censo Escolar
realizado pelo INEP
(Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisa
Educacionais Anísio Art. 6º Somente serão computadas matrículas apuradas
Texeira). pelo censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP.

Parágrafo único. O poder executivo competente é responsável


pela exatidão e fidedignidade das informações prestadas ao censo
escolar do INEP.

Art. 7º Os Ministérios da Educação e da Fazenda publicarão,


em ato conjunto, até 31 de dezembro de cada ano, para aplicação no
exercício seguinte:

I - a estimativa da receita total dos Fundos de cada Estado e do


Distrito Federal, considerando-se inclusive a complementação da
União;

II - a estimativa dos valores anuais por aluno nos Fundos de cada


Estado e do Distrito Federal;

III - o valor mínimo nacional por aluno, estimado para os anos iniciais
do ensino fundamental urbano; e

IV - o cronograma de repasse mensal da complementação da União.

26
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

O que foi alterado nesse processo entre os dois fundos – FUNDEF e


FUNDEB – é que o segundo ampliou as matrículas para toda a educação básica
com financiamento público, abrangendo a educação infantil, ensino fundamental,
educação especial e ensino médio.

Veja como os Municípios, Estados e o Distrito Federal receberão os recursos


referentes aos alunos matriculados na rede:

Município Estado e DF
Educação Infantil e Ensino Fundamental Ensino Fundamental e Médio

Atribuições dos Estados/DF e Municípios (art. 16, 21, 25 e 27, Lei 11.494/07)

Estados e DF:

• Arrecadar e disponibilizar recursos para distribuição.

• Receber e aplicar recursos.

• Oferecer relatórios, dados/informações aos CACS/FUNDEB.

• Prestar contas da aplicação aos respectivos TCEs.

Municípios

• Receber e aplicar recursos.

• Oferecer relatórios, dados/informações aos CACS/FUNDEB.

• Prestar contas da aplicação.

Partindo do quadro anterior, percebemos que as eventuais matrículas


municipais de ensino médio, ou as matriculas efetuadas pelos estados em
relação à educação infantil, não serão computadas para participar da distribuição
do Fundo, uma vez que não é de responsabilidade dessa esfera. Porém firma
a responsabilidade de ambos, Estados e Municípios, em relação ao Ensino
Fundamental. O quadro a seguir demonstra como ficou fixada a distribuição e o
acréscimo no investimento com o passar dos anos:

Quadro 1- Distribuição e Acréscimo do FUNDEF

Etapa/modalidade de ensino 2007 2008 A partir de 2009


Ensino Fundamental regular e especial 100% 100% 100%
Educação infantil, Ensino Médio e
33,33% 66,66% 100%
Educação de Jovens e Adultos
Fonte: As autoras. 27
Políticas e Gestão Educacional

Utilização dos Recursos


A utilização dos recursos e sua aplicação serão feitas de acordo com o art.
17, § 7º, da Lei nº 11.494/2007 e Dec. nº 6.253/2007, pelos gestores estaduais
e municipais. Deve ser direcionada levando-se em consideração os respectivos
âmbitos de atuação prioritária, que delimita a atuação dos Estados e Municípios
em relação à educação básica. Ou seja, os Municípios devem utilizar recursos do
FUNDEB sendo:

Gráfico 1 - Direcionamento para aplicação dos recursos do FUNDEB

Fonte: As autoras com base Lei nº 11.494/2007.

Os valores repassados (por origem e por mês ou dia) estão


disponíveis nos endereço www.stn.fazenda.gov.br. Consulte para
obtenção de informações sobre valores repassados por ente
governamental (estado ou município), por origem dos recursos e
por mês.

Utilização dos
recursos do Utilização dos recursos do FUNDEB 100% na educação
FUNDEB 100% na
educação básica básica pública (observada a responsabilidade de atuação do ente
pública (observada governamental); Mínimo de 60% na remuneração dos profissionais
a responsabilidade do magistério em efetivo exercício na educação básica, Máximo de
de atuação do ente
governamental); 40% com outras ações de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Mínimo de 60% (MDE).
na remuneração
dos profissionais
do magistério em
efetivo exercício na
educação básica,
Máximo de 40%
com outras ações
de Manutenção e
Desenvolvimento do
Ensino (MDE).
28
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

São consideradas despesas de MDE as estipuladas no artigo


70 – LDB (Lei 9.394/96), entre elas podemos citar:

• remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e


demais profissionais da educação;

• aquisição de material didático-escolar e manutenção de


programas de transporte escolar;

Despesas não consideradas como MDE artigo 71º – LDB (Lei


9.394/96):

• subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter


assistencial, desportivo ou cultural;

• programas suplementares de alimentação, assistência


médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras
formas de assistência social;

• obras de infraestrutura, ainda que realizadas para


beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;

• despesas com pessoal docente e demais trabalhadores da


educação, quando em desvio de função ou em atividade
alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.

Leia na íntegra o trecho da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, que aborda


a utilização de recursos da educação.

CAPÍTULO V
DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS

Art. 21. Os recursos dos Fundos, inclusive aqueles oriundos


de complementação da União, serão utilizados pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios, no exercício financeiro em que
lhes forem creditados, em ações consideradas como de manutenção
e desenvolvimento do ensino para a educação básica pública,
conforme disposto no art. 70 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996.

29
Políticas e Gestão Educacional

§ 1º Os recursos poderão ser aplicados pelos Estados e


Municípios indistintamente entre etapas, modalidades e tipos
de estabelecimento de ensino da educação básica nos seus
respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido
nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição Federal.

§ 2º Até 5% (cinco por cento) dos recursos recebidos à conta dos


Fundos, inclusive relativos à complementação da União recebidos
nos termos do § 1° do art. 6° desta Lei, poderão ser utilizados no
1° (primeiro) trimestre do exercício imediatamente subsequente,
mediante abertura de crédito adicional.

Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos
anuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da
remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em
efetivo exercício na rede pública.

Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput deste artigo,


considera-se:

I - remuneração: o total de pagamentos devidos aos profissionais


do magistério da educação, em decorrência do efetivo exercício
em cargo, emprego ou função, integrantes da estrutura, quadro
ou tabela de servidores do Estado, Distrito Federal ou Município,
conforme o caso, inclusive os encargos sociais incidentes;

II - profissionais do magistério da educação: docentes, profissionais


que oferecem suporte pedagógico direto ao exercício da docência:
direção ou administração escolar, planejamento, inspeção,
supervisão, orientação educacional e coordenação pedagógica;

III - efetivo exercício: atuação efetiva no desempenho das atividades


de magistério previstas no inciso II deste parágrafo associada
à sua regular vinculação contratual, temporária ou estatutária,
com o ente governamental que o remunera, não sendo
descaracterizado por eventuais afastamentos temporários
previstos em lei, com ônus para o empregador, que não
impliquem rompimento da relação jurídica existente.

Art. 23. É vedada a utilização dos recursos dos Fundos:

I - no financiamento das despesas não consideradas como de


manutenção e desenvolvimento da educação básica, conforme o

30
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

art. 71 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996;


II - como garantia ou contrapartida de operações de crédito, internas
ou externas, contraídas pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios que não se destinem ao financiamento
de projetos, ações ou programas considerados como ação de
manutenção e desenvolvimento do ensino para a educação
básica.

Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-


2010/2007/Lei/L11494.htm>. Acesso em: 20 ago. 2012.

Atividade de Estudos:

Pesquise nesse capítulo e responda:

1) No que pode ser gasto o maior percentual de recursos do


FUNDEB?
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Figura 7 - Comparativo FUNDEF X FUNDEB

Fonte: Disponível em: <http://dirleydossantos.blogspot.com/2011/06/


financiamento-da-educacao-e-suas.html>. Acesso em: 30 jul. 2012.
31
Políticas e Gestão Educacional

Como vimos no decorrer desse capítulo, primeiramente criou-se o FUNDEF,


que era responsável pela distribuição de recursos ao ensino fundamental, em
2007 esse fundo de desenvolvimento foi ampliado e substituído, passando a ser
denominado de FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). O que mudou? Quais as
alterações? É sobre isso que trataremos nesse tópico.

A partir do quadro a seguir, você poderá analisar e conhecer as principais


semelhanças, diferenças, veiculadas entre os dois fundos, ou seja, o FUNDEF e o
sucedâneo FUNDEB, sobretudo quanto à forma direcionada pelo MEC.

Quadro 2 - Comparativo FUNDEB X FUNDEF

PARÂMETRO FUNDEF FUNDEB


14 anos (a partir da promulgação
1. Vigência 10 anos (até 2006).
da emenda constitucional).
Apenas o Ensino Educação Infantil, Ensino Funda-
2. Alcance
Fundamental. mental e Médio.
30,2 milhões 48,1 milhões, a partir do quarto
3. Número de
(Censo Escolar de ano de vigência do fundo
alunos atendidos
2005). (Censo de 2005).
15% de contribuição de Contribuição de estados, DF e
4. Fontes de
estados, DF e municí- municípios de:
recursos que
pios: • 16,66% no primeiro ano;
compõem o fundo
• 18,33% no segundo ano;
• Fundo de Participação • 20% a partir do terceiro ano, so-
dos Estados (FPE); bre: Fundo de Participação dos
Como vimos • Fundo de Participação Estados (FPE); Fundo de Partici-
no decorrer dos Municípios (FPM); pação dos Municípios (FPM);
desse capítulo, • Imposto sobre circula- Imposto sobre Circulação de
primeiramente ção de Mercadorias e Mercadorias e Serviços (ICMS);
criou-se o FUNDEF,
que era responsável Serviços Imposto sobre Produtos
pela distribuição de • (ICMS); Industrializados, proporcional às
recursos ao ensino • Imposto sobre Produ- exportações (IPIexp);
fundamental, em tos Industrializados, Desoneração de Exportações (Lei
2007 esse fundo de proporcional às expor- Complementar nº 87/96);
desenvolvimento
foi ampliado tações (Iplexp); Contribuição de estados, DF e
e substituído, • Desoneração de ex- municípios de:
passando a ser portações (Lei Com- • 6,66 no primeiro ano;
denominado de plementar nº 87/96); • 13,33% no segundo ano;
FUNDEB (Fundo Complementação da • 20%, a partir do terceiro ano,
de Manutenção e
Desenvolvimento da União. sobre: Imposto sobre Transmis-
Educação Básica e são Causa Mortis e Doações
de Valorização dos (ITCMD);
Profissionais da Imposto sobre Propriedade de
Educação). Veículos Automotores (IPVA);
Quota-parte de 50% do Imposto
Territorial Rural devida aos muni-
32 cípios;
Complementação da União.
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

5. Montante de R$ 35,2 bilhões (previ- Consideradas as estimativas (em


recursos são de 2006, sem com- valores de 2006) e a escala de
plementação da União). implantação gradual do fundo, os
montantes previstos de recursos
(contribuição de Estados, DF e
municípios, sem complementação
• da União), seriam:
• R$ 41,1 bilhões no primeiro ano;
• R$ 45,9 bilhões no segundo ano;
• R$ 50,7 bilhões no terceiro ano.

6. Complementa- Consideradas as estimativas, em


ção da União ao R$ 313,7 milhões (valor valores de 2006:
fundo previsto para 2006 pela • R$ 2 bilhões no primeiro ano;
Portaria MF nº 40, de • R$ 3 bilhões no segundo ano;
3/3/2006) • R$ 4,50 bilhões no terceiro ano;
Não há definição, na • 10% do montante resultante da
Constituição, de parâ- contribuição dos estados e muni-
metro que assegure o cípios a partir do quarto ano;
montante de recursos da • Valores reajustáveis com base
União para o fundo. no índice oficial da inflação;
• Esses valores oneram os 18%
da receita de impostos da União
vinculada à educação, por força
do art. 212 da Constituição, em
até 30% do valor da complemen-
tação;
• Não poderão ser utilizados
recursos do salário-educação (a
contribuição do salário-educação
será estendida a toda educação
básica pública);
• Até 10%, poderá ser distribuída
aos fundos por meio de progra-
mas direcionados à melhoria da
qualidade da educação.

7. Total geral de
R$ 35,5 bilhões previs- Previsões (em valores de 2006):
recursos do fundo
tos para 2006. • R$ 43,1 bilhões no primeiro ano;
• R$ 48,9 bilhões no segundo ano;
• R$ 55,2 bilhões no terceiro ano.

33
Políticas e Gestão Educacional

Com base no número de alunos


8. Distribuição dos Com base no número de
da educação básica (creche, pré-
recursos alunos do ensino
-escolar, fundamental e médio),
fundamental regular e
de acordo com dados do Censo
especial, de acordo com
Escolar do ano anterior, observa-
dados do Censo Escolar
da a escala de inclusão:
do ano anterior.
• Alunos do ensino fundamental
regular e especial: 100%, a partir
do primeiro ano;
• Alunos da educação infantil,
ensino médio e EJA: 33,33% no
primeiro ano; 66,66% no segun-
do e 100% a partir do terceiro.

Mínimo de 60% para


9. Utilização dos remuneração dos • Mínimo de 60% para remunera-
recursos profissionais do magis- ção dos profissionais do magis-
tério do ensino funda- tério da educação básica.
mental. • O restante dos recursos em
O restante dos recursos, outras despesas de manutenção
em outras despesas de e desenvolvimento da educação
manutenção e básica pública.
desenvolvimento do
ensino
fundamental público.

10. Valor mínimo


Fixado anualmente com
nacional por aluno
Fixado anualmente, com diferenciações previstas para:
ao ano (detalha-
as diferenciações: • educação infantil (até três anos);
mento a
Até 2004: • educação infantil (pré-escola);
ser definido na
• 1ª à 4ª série; • séries iniciais urbanas;
regulamentação
• 5ª à 8ª série e educa- • séries iniciais rurais;
da PEC)
ção especial. • quatro séries finais urbanas;
• A partir de 2005: • quatro séries finais rurais;
• Séries iniciais urbanas; • ensino médio urbano;
• Séries iniciais rurais; • ensino médio rural;
• Quatro séries finais • ensino médio profissionalizante;
urbanas; • educação de jovens e adultos;
• Quatro séries finais • Educação de jovens e adultos in-
rurais e educação tegrada à educação profissional;
especial. • educação especial;
• educação indígena e de
• quilombolas.

34
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

11. Salário-educa- Vinculado ao ensino Vinculado à educação básica.


ção fundamental. Não pode ser utilizado para fins
Parte da quota federal é de custeio da complementação da
utilizada no custeio da União ao Fundeb.
complementação da
União ao Fundef, permi-
tida até o limite de 20%
do valor da
complementação.

Fonte: Disponível em: <http://www.mp.rs.gov.br/areas/infancia/


arquivos/cartilhafundeb.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2012.

Atividade de Estudos:

1) Após analisar a tabela, destaque quais as principais fontes de


recursos do FUNDEB.
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Notamos, portanto, que a legislação do FUNDEB se beneficiou da experiência


do FUNDEF. Manteve alguns de seus aspectos (como utilização dos recursos
para salário dos professores) e inovou em outros. Podemos perceber um avanço
considerável do segundo fundo em relação ao primeiro, conforme destacado no
quadro anterior. Entre os avanços podemos citar que o primeiro se restringia ao
ensino do ensino fundamental, já o segundo abarca toda a educação básica.
Porém, Saviani (2007, p. 93) destaca que:

É forçoso reconhecer que se trata de um fundo de natureza


contábil que não chega a resolver o problema do financiamento
da educação. Na verdade, os valores indicados no quadro,
se efetivamente aplicados, melhorariam sensivelmente o
financiamento da educação comparativamente à situação
atual. Mas não teriam força para alterar o status quo vigente.

35
Políticas e Gestão Educacional

Atividade de Estudos:

1) Na sua opinião, por que os recursos do FUNDEB não dão conta


de oferecer uma educação de qualidade?
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Algumas Considerações
O propósito do primeiro capítulo foi abordar questões inerentes ao
financiamento da educação básica no Brasil, dentre as quais a legislação, a
origem dos recursos e a distribuição. Desse modo, julgamos pertinente inserir
parte da Lei nº 11.494 de 20 de junho de 2007, que regulamenta o FUNDEB, com
intuito de esclarecimento e complementação do conteúdo. Nessa perspectiva,
enfatizamos que a supracitada Lei, em seus capítulos I ao V, trata das disposições
gerais, da composição financeira, da distribuição dos recursos, da transferência e
da gestão dos recursos e da utilização dos recursos, respectivamente.

Lembrando a você, caro pós-graduando, que no próximo capítulo


abordaremos questões ligadas às verbas para educação, bem como salário-
educação e por fim discutiremos a Lei 11.738/08, ou seja, a Lei que trata do piso
nacional dos profissionais do magistério e o cumprimento da jornada de trabalho.
Esperamos por você!

36
A Legislação que Dispõe sobre o Financiamento
Capítulo 1
da Educação

Referências
BRASIL. Decreto n. 2.264, de 27 de junho de 1997. Regulamenta a Lei nº
9.424, de 24 de dezembro de 1996, no âmbito federal, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 28 jun. 1997. Disponível
em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_____ Emenda Constitucional n. 53, de 20 de dezembro de 2006. Dá nova


redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao
art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da
União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 9 mar. 2006. Disponível em: <http://www.
mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_____ Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta a Emenda


Constitucional nº 53/2006, de 20 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União,
Poder Executivo, Brasília, D. F., 21 jun. 2007b. Disponível em: <http://www.mec.
gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_____ Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
D. F., 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul.
2012.

_____ Lei n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Fundo de


Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do
Magistério. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 26 dez.
1996a. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_____ Medida Provisória n. 339, de 28 de dezembro de 2006. Regulamenta


o artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 29 dez.
2006a. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul.2012.

_____ Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Básica.


Definição, composição, caracterização e vigência do Fundeb. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/>. Acesso em: 30 jul. 2012.

CIEGLINSKI, Amanda. In. Revista Carta Capital na Escola, São Paulo, p. 14.
Jul. 2012.

EDNIR, Madza; BASSI, Marcos. Bicho de Sete Cabeças: para entender o


financiamento da educação brasileira. São Paulo: Ed. Peirópolis, 2009.

37
Políticas e Gestão Educacional

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA — INEP. Gasto público em educação. Brasília: Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007. Disponível em: <http://
www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA — INEP. Índice de desenvolvimento da educação básica. Brasília:
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007a.
Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

SAVIANI Dermeval. Da nova LDB ao Fundeb: por uma outra política


educacional. São Paulo: Ed. Autores Associados, 2012.

38
C APÍTULO 2
Valorização dos Profissionais
da Educação

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Analisar o papel do financiamento da educação na garantia do direito à


educação para todos.

� Compreender a estrutura e as bases do financiamento da educação brasileira.

� Identificar as ações políticas, administrativas e financeirasda gestão pública e


sua repercursão no processo educacional brasileiro.
Políticas e Gestão Educacional

40
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

Contextualização
Caro pós-graduando, conforme abordamos no capítulo anterior, por ser
a educação um direito de todos, existem dispositivos legais que asseguram
meios e recursos no seu desenvolvimento e manutenção. O governo, regime de
colaboração entre os entes federados, desenvolve programas com o intuito de
garantir o acesso, a permanência e a qualidade, bem como lança mão de políticas
públicas centradas na captação de recursos financeiros para o financiamento da
educação básica.

Lembre-se de que no capítulo 1 foi abordada a Lei do Fundo de Manutenção


e Desenvolvimento da Educação Básica, desde sua origem, implantação e
distribuição das receitas, ou seja, os pontos principais de Emenda Constitucional
53, de 2006, que instituiu o FUNDEB- Fundo e Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - em
substituição ao FUNDEF.

Além disso, a Lei do FUNDEB também faz menção ao Piso salarial


nacional para o magistério da rede pública e estende o Salário-Educação para
toda a educação básica pública. Tratam-se, portanto, de fontes adicionais de
financiamento, que beneficiam todos os segmentos da educação básica; da creche
ao ensino médio, inclusive o ensino de jovens e adultos e a educação especial,
assunto de que trataremos neste capítulo, bem como questões referentes às
verbas para educação Federal, Estadual e Municipal.

Para saber mais sobre o assunto, pesquise em: DOURADO,


Luiz Fernandes et. al. Conselho Escolar e o financiamento da
educação no Brasil. Programa de Fortalecimento dos Conselhos
Escolares. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica.
Brasília: MEC, SEB, 2006. Também disponível em: www. portal.mec.
gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/cad 7.pdf

Um dos principais
O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece que o Brasil indicadores
aumente de 5% para 7% o investimento em Educação Básica, cujo que resumem
a realidade
recurso provém do Produto Interno Bruto (PIB). Esse indicador econômica do país
representa o total dos valores monetários de todos os bens e serviços é o PIB (Produto
finais produzidos numa determinada região do país, estados ou Interno Bruto)
cujo indicador é
municípios, durante o mês, trimestre ou ano, cujo objetivo mensura a a mensuração de
atividade, entre elas a econômica. Um dos principais indicadores que todos os bens e
resumem a realidade econômica do país é o PIB (Produto Interno serviços, ou seja, o
PIB constitui toda a
riqueza produzida.
41
Políticas e Gestão Educacional

Bruto) cujo indicador é a mensuração de todos os bens e serviços, ou seja, o PIB


constitui toda a riqueza produzida.

Gráfico 2 - Evolução do PIB do Brasil nos últimos anos (2002 a 2011)

Fonte: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/


economia/pib_brasil.htm>. Acesso em: 15 set. 2012.

O dinheiro que financia a Educação deriva de duas fontes principais. A


primeira, responsável por cerca de 20% do total, é o Salário-Educação, uma
contribuição social feita pelas empresas ao governo com valor correspondente
a 2,5% da folha de pagamento anual. A segunda, que soma 80%, deriva dos
impostos, que são convertidos em orçamento municipal, estadual ou federal.
No caso brasileiro, de cada 100 (cem) reais vestidos em políticas sociais, 16
(dezesseis) vão para a Educação. Contudo, estão isentos dessa contribuição
a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, autarquias, fundações,
instituições públicas, escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas,
organizações hospitalares e de assistência social.

Tais recursos fazem menção à Emenda Constitucional 59, de 11 de novembro


2009, que, além de ampliar a faixa etária de obrigatoriedade da educação básica
brasileira, estabeleceu o fim gradativo da DRU - Desvinculação das Receitas
da União, em que os recursos enfatizam o compromisso da União para com a
Educação, conforme previsto no texto original da Constituição Federal de 1988, a
partir de 2011.

Entendendo a Desvinculação das


Receitas da União – DRU
A DRU estipula que 20% das receitas da União do país ficam desvinculadas
das destinações fixadas na Constituição, ou seja, essas contribuições sociais não
precisam ser gastas nas áreas de saúde, assistência social ou previdência social,
mas somente na Educação.
42
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

A partir do ano de 1994, com a estabilização da economia, o governo A DRU estipula que
federal instituiu o Fundo Social de Emergência (FSE) e, em 1996, 20% das receitas da
aprovou o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Esses mecanismos União do país ficam
permitiam ao governo destinar certo percentual arrecadado para gastos desvinculadas das
de acordo com os seus próprios interesses, e não para o qual aquele destinações fixadas
na Constituição,
determinado imposto era arrecadado. Isso porque existem diversos
ou seja, essas
tipos de gastos que são quase impossíveis de serem diminuídos, tais contribuições
como os gastos com pessoal, da previdência social, dos juros da dívida sociais não
pública etc. precisam ser gastas
nas áreas de
Em razão disso, em 2000 foi aprovada a Desvinculação de saúde, assistência
social ou
Recursos da União (DRU), com o objetivo de aumentar a flexibilidade
previdência social,
para que o governo pudesse dispor de recursos do orçamento para mas, somente na
despesas de maior prioridade e permitir a geração de superávit Educação.
nas contas, elemento fundamental para controlar a inflação.
Posteriormente, a DRU foi prorrogada em 2003 e em 2007 e, a princípio,
com vigência até 2011. Todavia, com o intuito de manter a governabilidade,
o Executivo Federal editou a PEC Proposta de Emenda à Constituição nº 61,
propondo nova prorrogação da DRU, que mantinha o fim da desvinculação
desses recursos, em consonância com a EC nº 59, de 2009, cujo mecanismo
maneja livremente até 20% da arrecadação tributária brasileira.

Há que se ressaltar que a DRU pretendia adequar de forma mais eficiente


as alocações dos recursos do governo, permitindo gastos, conforme a sua
conveniência, de 20% da sua receita. Entretanto, excluiu receitas referentes ao
Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Impostos
sobre Propriedade Rural (IPTR) e Impostos sobre Operações Financeiras (IOF),
receitas estas que estavam vinculadas à Declaração Simplificada de Exportação
(DSE) e ao Fundo de Estabilização Fiscal (FEF).

Atividade de Estudos:

1) Elabore um conceito sobre a Desvinculação de Recursos da


União (DRU) e sua aplicabilidade.
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Políticas e Gestão Educacional

É preciso que compreendamos que a Desvinculação de Recursos da União


(DRU) ocorreu em algumas regras estipuladas pela Constituição de 1988. A
primeira se refere à divisão do orçamento do Governo Federal em duas partes: o
orçamento fiscal, que contém seus próprios gastos, e o orçamento da seguridade
social, que envolve as atividades do governo nas áreas de saúde, assistência
social e previdência social.

Ambas explicitam uma manobra de governabilidade: ainda que aumentasse


a arrecadação, para promover uma redução do déficit público e pagamento da
dívida pública, através dos impostos, parte da receita arrecadada seria dividida
com estados e municípios, restando em torno de 50% da receita adicional nos
cofres da União. Na época, foi utilizado o argumento de que, segundo Ednir e
Bassi, era “ [...] preciso sanear as finanças da Fazenda Púbica Federal [...]
e estabilizar a economia” (2009, p. 48). Além disso, se o governo elevasse as
contribuições sociais, estas deveriam ser direcionadas para os gastos com saúde,
assistência social e previdência, não havendo a possibilidade de utilizar a nova
receita para o pagamento da dívida pública.

Nessa perspectiva, a Constituição, além de dividir o orçamento em duas


partes, também estipulou tributos para cada um dos orçamentos, sendo que:

• Para o orçamento fiscal são destinados os impostos que incidem sobre a


renda (IRTF), os produtos industrializados, a exportação e importação, as
taxas e as contribuições econômicas.

• Para a seguridade social foram reservadas as chamadas “contribuições


sociais”, os tributos que incidem, especialmente, sobre a folha de pagamento
das empresas, o lucro, o faturamento ou a receita, dentre estas a COFINS-
contribuição para o financiamento da seguridade social, a CSLL – Contribuição
social sobre o lucro líquido, o PIS- Programa de Integração Social , o PASEP-
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público e o FAT- Fundo de
Amparo ao Trabalhador.

Consideremos então que os “impostos” recolhidos têm sua receita dividida


entre as 3 (três esferas) de governo: Federal, Estadual e Municipal - o que não ocorre
com as “contribuições sociais”, que não estão sujeitas à divisão.

Imposto: considerado o mais importante tributo em volume


arrecadado, pelo qual o governo obtém os recursos que vão custear a
maioria dos serviços públicos e a própria manutenção administrativa.

44
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

Contribuições Sociais: destinam-se a cobrir gastos da


seguridade social, como a saúde, assistência e previdência social.

Este foi o objetivo de criação da DRU, cujas receitas não são aplicadas na
saúde, assistência social ou previdência social, e também não precisavam ser
divididas com estados e municípios. Graças à DRU, os recursos podem ser
usados para pagamento de despesas fora do orçamento da seguridade social,
como amortização da dívida pública. Conforme já mencionamos, o supracitado
dispositivo está de acordo com a Emenda Constitucional nº 59, cuja redação do
art. 1º, incisos I e VII do art. 208 da Constituição Federal, passam a vigorar com
as seguintes alterações:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)


anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a
ela não tiveram acesso na idade própria;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por


meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde.”

Este artigo amplia a faixa-etária para o ensino obrigatório e gratuito,


progressivamente, até 2016, nos termos do Plano Nacional de Educação.
Atualmente, a lei determina dos 6 (seis) aos 15 (quinze) anos.

Outro artigo faz alusão ao Plano Nacional de Educação, cujo objetivo é


articular o Sistema Nacional de Educação em regime de colaboração, com
diretrizes, objetivos, metas e estratégias, a fim de assegurar a manutenção e
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades,
através de ações integradas dos poderes públicos que conduzam ao: “[...]
estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como
proporção do produto interno bruto. [...]. Para efeito do cálculo dos recursos para
manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição,
o percentual referido no caput deste mesmo artigo será de doze e meio por cento
no exercício de 2009, 5% no exercício de 2010 e nulo no exercício de 2011”.

Significa dizer que a Emenda Constitucional 59 excluiu da educação


os efeitos da Desvinculação das Receitas da União, sendo que em 2009 este
bloqueio era de 12,5%, em 2010 de 5% e foi nulo em 2011. Antes da Emenda, os
recursos bloqueados representavam 20%.

45
Políticas e Gestão Educacional

O fim da DRU é uma importante conquista em favor da escola pública,


mesmo que não amplie os recursos, mas num contexto geral, no que se refere ao
acesso e à oferta de vagas nas escolas públicas, bem como à implementação do
Piso Salarial dos profissionais em nível nacional.

Um Pouco da História sobre o


Salário - Educação
Prezado pós-graduando, você sabia que o Salário-Educação foi criado em
1964 e até 2003 os seus recursos eram distribuídos em duas cotas: um terço para
cota federal e dois terços da arrecadação para a cota estadual?

O que é o Salário Educação?

Figura 8 - Salário-Educação

Fonte: Disponível em: <http://blogdbrito.blogspot.com.br/2011/12/salario-


educacao-podera-ser-distribuido.htm>. Acesso em: 10 ago. 2012

A partir dos anos 90, considerando o crescimento de sua participação na


oferta do ensino fundamental, os municípios passaram a reivindicar parte dos
recursos do salário-educação a fim de que fossem direcionados para as redes
municipais de ensino.

Nessa perspectiva, a Lei nº 9.766, de 1998, dispôs que os recursos da cota


estadual fossem redistribuídos entre o governo do estado e seus municípios,
de acordo com critérios a serem fixados em lei estadual, fato que ocorreu em
2003 em 16 estados. Já a Lei nº 10.832, de 29 de dezembro de 2003, alterou
alguns pontos no que se refere ao repasse aos municípios: fixou que a cota
federal e a cota estadual e municipal do salário-educação se compõem de 30%
e 60%, respectivamente, em relação a 90% e não mais em relação a 100% da
arrecadação. A referida Lei estabeleceu ainda que a cota estadual e municipal

46
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

seja redistribuída entre o estado e seus municípios de forma proporcional ao


número de alunos matriculados no ensino fundamental nas respectivas redes
de ensino, em substituição aos critérios para redistribuição estabelecidos por
lei estadual.

O MEC destina 10% dos chamados recursos desvinculados do Salário-


Educação para o transporte escolar e para a educação de jovens e adultos e
educação especial.

a) O Salário-Educação

O Salário Educação é uma contribuição social prevista no art. 212, §


5º, da Constituição Federal, ou seja, é uma contribuição social vinculada ao
financiamento de programas, projetos e ações voltados para o financiamento da
educação básica pública. Também pode ser aplicado na educação especial.

No que se refere ao Salário-Educação, Fernando Haddad (2008, p. 10)


afirma que “ [...] graças à ação coordenada dos dirigentes da educação dos três
níveis de governo – municipal, estadual e federal –, foi possível elaborar uma
agenda mínima de fortalecimento da educação básica. Os avanços até aqui
obtidos merecem consideração”. Trata-se, portanto, de uma fonte adicional de
financiamento do ensino público.

Atividade de Estudos:

1) Com base no exposto, comente sobre os recursos do Salário-


Educação e como podem ser aplicados:
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Políticas e Gestão Educacional

Veja o que diz o Decreto no que se refere à transferência dos recursos do


Salário-Educação:

Salário-Educação

- Art. 8º- A Secretaria da Receita Previdenciária disponibilizará


ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE, na
Conta Única do Tesouro Nacional, o valor total arrecadado a título de
Salário-educação.

- Art. 9º - O montante recebido na forma do art. 8°


será distribuído pelo FNDE, observada, em noventa por
cento de seu valor, a arrecadação realizada em cada
Estado e no Distrito Federal, em quotas, da seguinte forma:
I - quota federal, correspondente a um terço do montante dos
recursos, será destinada ao FNDE e aplicada no financiamento
de programas e projetos voltados para a universalização da
educação básica, de forma a propiciar a redução dos desníveis
socioeducacionais existentes entre Municípios, Estados, Distrito
Federal e regiões brasileiras;

II - quota estadual e municipal, correspondente a dois terços do


montante dos recursos, será creditada mensal e automaticamente
em favor das Secretarias de Educação dos Estados, do Distrito
Federal e em favor dos Municípios para financiamento de
programas, projetos e ações voltadas para a educação básica.
§ 1º - A quota estadual e municipal da contribuição social do salário-
educação será integralmente redistribuída entre o Estado e seus
Municípios de forma proporcional ao número de alunos matriculados
na educação básica das respectivas redes de ensino no exercício
anterior ao da distribuição, conforme apurado pelo censo educacional
realizado pelo Ministério da Educação.

§ 4º- Os 10% restantes do montante da arrecadação do salário-


educação serão aplicados pelo FNDE em programas, projetos e
ações voltadas para a universalização da educação básica, nos
termos do § 5º do Art. 212 da Constituição Federal Brasileira.

Fonte: Decreto nº 6.003 de 28 de dezembro de 2006, publicado


no Diário oficial da União em 29 de dezembro de 2006.

48
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

Atividade de Estudos:

1) Sobre o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação


(FNDE) e suas atribuições, é correto afirmar que:

I - ( ) É uma autarquia federal responsável pela execução de


políticas educacionais do Ministério da Educação (MEC).

II - ( ) O objetivo do FNDE é garantir uma educação de qualidade


a todos, em especial a Educação Básica da rede pública.

III - ( ) O FNDE não é parceiro dos 26 estados, dos 5.565


municípios e do Distrito Federal, ou seja, seus recursos são
centralizados no MEC.

IV - ( ) O fundo mantém diversos projetos e programas: Alimentação


Escolar, Livro Didático, Dinheiro Direto na Escola, Biblioteca
da Escola, Transporte do Escolar, dentre outros.

Agora assinale a alternativa correta:

( ) I, II e III estão corretas.


( ) I, II e IV estão corretas.
( ) II e III estão corretas.
( ) I e IV estão corretas.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE – Está


vinculado ao Ministério da Educação e possui como objetivo o investimento
de recursos financeiros em alguns programas e projetos que contribuam para
melhorias na educação

As despesas relativas ao salário-educação devem estar previstas em


programas, projetos e ações voltados à educação básica pública e que também
pode ser aplicada na educação especial, desde que vinculada à educação básica.
Os recursos do salário-educação provêm da arrecadação do INSS que deduz 1%
do total (taxa administrativa) e repassa ao Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação ̶ FNDE que, por sua vez, procede a distribuição das cotas.

49
Políticas e Gestão Educacional

O FNDE, criado em 1968, é uma autarquia vinculada ao Ministério da


Educação, que presta assistência financeira e técnica, implementa políticas
públicas e executa ações que contribuam para uma educação de qualidade a
todos. O órgão tem por base ocompromisso com a educação, traduzidos na ética
e cidadania, na acessibilidade e inclusão social e responsabilidade ambiental,
dentre outros valores.
Figura 9 - FNDE

Fonte: Disponível em: <http://antonioalmeidablog.blogspot.com.


br/2012_08_01_archive.html>. Acesso em: 12 ago. 2012.

O Art. 70 da Lei de Diretrizes de Educação Básica Nacional enumera as


ações consideradas como de manutenção e desenvolvimento do ensino e que
estariam de acordo com a Lei do Salário-Educação, dentre as quais:

• Aperfeiçoamento do pessoal docente e dos profissionais da educação, cujos


itens se referem à habilitação e capacitação dos profissionais da educação,
por meio de programas de formação continuada. Também é destinado à
remuneração dos profissionais que desenvolvem atividades administrativas,
a exemplo do pessoal da secretaria em exercício nas escolas ou órgãos
administrativos da educação básica pública;

• Estudos e pesquisas que visem o aprimoramento, expansão e elaboração


de programas, planos e projetos voltados ao ensino e bolsas de estudo
concedidas a alunos de escolas públicas e privadas da educação básica;

• Aquisição, manutenção, construção, inclusive aluguel, e conservação de


instalações e equipamentos necessários, a exemplo de imóveis já construídos
ou para construção e ampliação de escolas, bem como de escavação de
poços, construção de muros e quadras de esportes, e reforma da rede elétrica,
hidráulica, estrutura interna, pintura, cobertura, pisos, muros, grades etc.;

• Mobiliário e equipamentos, como carteiras e cadeiras, mesas, armários,


de equipamentos eletrônicos e manutenção dos existentes. Também para
aquisição de produtos e serviços;

• Pagamento de despesas relativas aos serviços de energia elétrica, água e


esgoto e de comunicação e custeio das diversas atividades relacionadas

50
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

à educação básica, dentre as quais: serviços de vigilância, de limpeza e


conservação;

• Aquisição de materiais didático-escolares, destinados ao trabalho pedagógico


em sala de aula, na educação física e acervo da biblioteca;

• Veículos escolares apropriados ao transporte de alunos da educação básica


na zona rural.

Os recursos da contribuição social do Salário-Educação, antes


destinados apenas ao ensino fundamental, podem agora financiar
toda a educação básica, da creche ao ensino médio. Em dezembro
de 2003 (Lei n° 10.832/2003), a distribuição do Salário-Educação
foi modificada, o que permitiu que os municípios recebessem
diretamente parte do montante de recursos que anteriormente era
destinada somente aos estados

Fonte: Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/


saleduc-legislacao>. Acesso em: 15 ago. 2012.

Piso Salarial Nacional dos


Profissionais do Magistério
Caro pós-graduando, a discussão sobre o piso salarial do magistério remete-
nos a pensar sobre valorização e desvalorização do professor no decorrer da
história.

Figura 10 - O profissional da Educação é valorizado?

Fonte: Disponível em: <http://itabatanews.com.br/home/


leitor.php?cod=3237>. Acesso em: 15 ago. 2012.

51
Políticas e Gestão Educacional

Desvalorização do professor: causas e alternativas

“[...] a desvalorização do profissional da educação não


aconteceu por acaso no Brasil. Hoje temos cerca de 2,3 milhões de
professores espalhados por este país vivendo realidades das mais
variadas. Só numa coisa eles têm uniformidade: sua desvalorização”

Desde que o mundo é mundo temos em nosso meio uma célebre


frase: “no meu tempo as coisas eram bem melhores…”. Com certeza
ela vem carregada de fortes ingredientes saudosistas e alguns outros
de desconhecimento histórico. Quando se fala do professor, essa
frase tem um peso ainda maior. Aqueles que hoje ultrapassaram os
40 ou 50 anos de idade e tiveram a oportunidade de estudar são
os mais enfáticos nessa afirmação. Todavia, precisamos ter cuidado
com as comparações, porque a história mostra claramente os motivos
que levaram nossa sociedade a descaracterizar tão rapidamente o
professor.

Não podemos nos esquecer que até os anos 60 do século


passado, estudar era um privilégio de poucos. Menos de 30% das
crianças tinham acesso aos estudos. Isso no chamado primário,
pois para seguir existia o exame de admissão – uma espécie de
“bloqueador” da continuidade – que só foi abolido nos anos finais
daquela década. Privilégio que o Estado garantia para suas classes
mais abastadas ou com maior capacidade de acesso por outros
motivos, inclusive de localização territorial. Um dado que pode
demonstrar isso é o de que quando da universalização do ensino
fundamental, em 30 anos (1975-2005) o número de matrículas no
norte do país aumentou de 780 mil alunos para 3.350.000, enquanto
no sul do país a evolução foi de 3.590.000 para 4.228.000, ou seja,
enquanto no primeiro foi da ordem de 329%, no segundo foi de 17%.

A universalização do ensino fundamental iniciada no final


dos anos 70 do século passado e alcançada no ano 2000 foi
acompanhada de uma série de outros fatores que levaram a profissão
de professor a perder seu valor social e econômico. Os investimentos
em estrutura física não foram acompanhados por investimentos
em pessoas. Pelo contrário, o grande aumento na oferta de vagas
foi acompanhado pela admissão de profissionais com titulação
inadequada para executar a profissão de professor, barateando
o valor do trabalho. Isso trouxe outro fenômeno: a necessidade

52
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

de “agilizar” a formação dos professores acabou trazendo para


nossa realidade “cursos rápidos” de formação de professores que
diminuíram e muito a qualidade dessa formação. Até bem pouco
atrás tempo tínhamos cursos ditos universitários para professores
com duração de dois anos. Isso porque até 1997 mais de 50% dos
profissionais da educação só tinham o ensino médio completo.

Também nesse momento histórico o fenômeno do trabalho


feminino ganhava força no país. E essa “força de trabalho
emergente” na procura por seu espaço laboral, sujeitava-se a
remunerações muito abaixo das dos homens. Não só na educação,
mas principalmente nela isso foi determinante para as estratificações
salariais observáveis no magistério em nosso país. Explicando: o
maior contingente de professoras mulheres está na educação infantil
e no ensino fundamental, nos quais os salários são os mais baixos do
país e onde a demanda de educandos é infinitamente maior. Quando
avançamos na hierarquia formativa, observamos uma inversão
nesse quadro. No ensino médio, existe quase que uma paridade
entre homens e mulheres e no ensino superior, com os salários
convidativos, em que a predominância de homens é significativa.

[...] É aviltante acompanharmos o atual debate do piso salarial


dos professores, já que diversos Estados e municípios não querem
praticá-lo. Está mais do que na hora de o governo federal aumentar
sua participação nos investimentos da educação básica. Dados de
2009 revelam que, para cada R$ 1,00 investido na educação básica,
os Estados investem $ 0,41, os municípios $ 0,39, e a União com
somente $ 0,20.

Está mais do que na hora de os Estados e municípios aumentarem


seus investimentos na educação – 25% não são suficientes para
atingirmos os amplos objetivos educacionais que temos. Está mais
do que na hora de se rever a Lei de Responsabilidade Fiscal no que
tange a folha de pagamento da educação, uma vez que a mesma
é um fator inibidor para as esferas públicas investirem mais nos
salários.

Concluo dizendo que hoje o maior desafio para nossa educação


é a formação e a valorização do nosso professor. Se não resolvermos
essa equação, não teremos muitas perspectivas no campo
educacional. E isso não se dá com discurso. Só existe uma forma
disso ser conquistado: investimentos maciços no sistema educacional
brasileiro. Só assim poderemos ter, além da universalização das

53
Políticas e Gestão Educacional

vagas, professores reconhecidos e capacitados para sua profissão e


para a educação de nossos filhos.

Fonte: CADEVEN, Wilson Roberto. Desvalorização do professor:


causas e alternativas. Disponível em: <http://revistaregional.
com.br/portal/?p=2497>. Acesso em: 20 ago. 2012.

Desde a sua promulgação, a LDB 9394/96 no Art 3 estabelece que o ensino


será ministrado com base nos princípios de valorização do profissional da
educação escolar, bem como garantia de padrão de qualidade.

Em relação à valorização do profissional do magistério, a Constituição


Federal (1988) também assegura, no art. 206, que o ensino será ministrado com
base nos seguintes princípios:

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na


forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, aos das redes
públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006).

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da


educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

A LDB 9.394/96, por sua vez, discorre em seus art. 62 e 67 sobre a formação
do magistério. O art. 67 determina que os sistemas de ensino promovam a
valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público, os seguintes
direitos:

54
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

I. Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II. Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com


licenciamento periódico remunerado para este fim;

III. Piso salarial profissional;

IV. Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na


avaliação do desempenho;

V. Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído


na carga de trabalho;

VI. Condições adequadas de trabalho.

Então, para estimular a profissão de professor, Libâneo (2000, p.84)


salienta que “necessita-se de melhores salários, condições de trabalho,
qualificação, estabilidade das equipes nas escolas, servindo também para
reconfigurar o papel deste professor”.

Antes da Lei 11.738/08, que estabelece o piso salarial nacional para os


profissionais do magistério, existia uma disparidade grande entre salários de um
estado para o outro, sendo que cada Estado tinha autonomia para fixar o piso
para a categoria do magistério. Analise o quadro o seguir:

Figura 11- Situação dos estados frente a Lei n° 11.378/08

55
Políticas e Gestão Educacional

Fonte: Disponível em: <http://notapajos.globo.com/lernoticias.


asp?id=45360>. Acesso em: 20 set. 2012.

Atividade de Estudos:

1) Após a analise do quadro anterior, faça um comparativo entre


os estados RR, MG e o estado em que você mora, aponte
semelhanças e diferenças em relação ao cumprimento da Lei
11.738/08 e registre sua opinião.
___________________________________________________
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56
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

Caro pós-graduando, você sabia que o Brasil manteve a mesma


posição em 2010 e ficou no 88º lugar de 127 no ranking de educação
feito pela Unesco, o braço da ONU para a cultura e educação? Com
isso, o país fica entre os de nível “médio” de desenvolvimento na
área, atrás de Argentina, Chile e até mesmo Equador e Bolívia.

Fonte: Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/saber/882676-


brasil-fica-no-88-lugar-em-ranking-de-educacao-
daunesco.shtml>. Acesso em: 30 ago 2012.

A Lei Nº 11.738/2008 e sua


Implantação
Figura 12 - Piso Salarial é Lei

Fonte: Disponível em: <http://www.omontealegrense.com/2012/03/piso-


do-magisterio-deve-ser-reajustado.html>. Acesso em: 30 ago. 2012.

A Lei que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da


Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB)
como destacamos no capítulo 1 foi criada pela Emenda Constitucional n º 53, de
19 de dezembro de 2006, e passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2007. Foi
esta emenda que:

[...] estabeleceu a obrigação de lei que fixe o piso salarial


nacional do magistério, resgatando compromisso histórico
firmado no Palácio do Planalto, em 1994, entre o Ministério da
Educação, o Conselho Nacional de Secretários de Educação
(Consed), a União Nacional de Dirigentes Municipais
de Educação (Undime), a Confederação Nacional dos
Trabalhadores em educação (CNTE) e outros atores sociais.
(BRASIL, 2008, p. 18).

57
Políticas e Gestão Educacional

A Lei Federal n° A Lei Federal n° 11.738/08, que estabeleceu sobre a


11.738/08, que implementação do piso salarial nacional para os profissionais do
estabeleceu sobre magistério público e sua implementação, foi criada em cumprimento
a implementação
ao art. 60, inciso III, alínea e, do Ato das Disposições Constitucionais
do piso salarial
nacional para os Transitórias, ou seja, em cumprimento da lei do FUNDEB. A medida
profissionais do provisória n° 339 apontava que: “Art. 41. O Poder Público deverá
magistério público e fixar, em lei específica, no prazo de um ano contado da publicação
sua implementação, desta Medida Provisória, piso salarial profissional nacional para os
foi criada em profissionais do magistério público da educação básica”.
cumprimento ao
art. 60, inciso III,
alínea e, do Ato Assim, surge em 2008 a Lei que rege o piso comum, para início
das Disposições de carreira. A definição do valor do piso nacional foi um tema de
Constitucionais intensa discussão entre:
Transitórias, ou seja,
em cumprimento da Figura 13 - Quem ajudou na discussão da Lei do piso
lei do FUNDEB. salarial dos profissionais do magistério?

Fonte: As autoras.

A Lei n.° 11.738/08 determinou que a União, os Estados, o Distrito Federal e


os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das carreiras do magistério
público da educação básica em um valor abaixo do piso salarial nacional para os
profissionais do magistério:

Art. 2o  O piso salarial profissional nacional para os profissionais


do magistério público da educação básica será de R$ 950,00
(novecentos e cinquenta reais) mensais, para a formação em
nível médio, na modalidade Normal, prevista no art. 62 da
Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional.

§ 2o  Por profissionais do magistério público da educação


básica entendem-se aqueles que desempenham as atividades
de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é,
direção ou administração, planejamento, inspeção, supervisão,
orientação e coordenação educacionais, exercidas no âmbito
das unidades escolares de educação básica, em suas diversas
etapas e modalidades, com a formação mínima determinada
pela legislação federal de diretrizes e bases da educação
nacional.
58
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

§ 3o  Os vencimentos iniciais referentes às demais jornadas de


trabalho serão, no mínimo, proporcionais ao valor mencionado
no caput deste artigo.
Caro pós-graduando, você sabia que a Lei do Piso Salarial foi contestada
junto as Supremo Tribunal Federal pelos governos de (5) cinco estados, que
foram Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Ceará e Mato Grosso do
Sul, como inconstitucional? Porém, a Corte que analisou o caso declarou em
2011 plenamente constitucional, devendo ser cumprida por todos os entes
federados.

Figura 14 - Pagar ou não pagar o piso salarial, eis a questão!

Fonte: Disponível em: <http://diariodeumeducadorbaiano.blogspot.com/2012/03/


nove-estados-ainda-nao-pagam-valor-do.html>. Acesso em: 18 ago. 2012.

Os Estados e Municípios alegam não ter recursos suficientes para pagar o


valor estipulado pela Lei do piso. Porém, o art. 4 prevê que a União complete o
pagamento, desde que os entes consigam comprovar a falta de verba para esse
fim:

A União deverá complementar, na forma e no limite do


disposto no inciso VI do caput  do art. 60 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias e em regulamento, a
integralização de que trata o art. 3o desta Lei, nos casos em
que o ente federativo, a partir da consideração dos recursos
constitucionalmente vinculados à educação, não tenha
disponibilidade orçamentária para cumprir o valor fixado.

§ 1o  O ente federativo deverá justificar sua necessidade


e incapacidade, enviando ao Ministério da Educação
solicitação fundamentada, acompanhada de planilha de custos
comprovando a necessidade da complementação de que trata
o caput deste artigo.
2o  A União será responsável por cooperar tecnicamente com
o ente federativo que não conseguir assegurar o pagamento
do piso, de forma a assessorá-lo no planejamento e
aperfeiçoamento da aplicação de seus recursos.
59
Políticas e Gestão Educacional

Sabemos que muito há que ser melhorado no campo educacional quando


falamos em qualidade. Mas com o início da vigência da Lei do Piso em 2009
houve um avanço considerável na melhoria do benefício, vejamos no gráfico a
seguir:

Gráfico 3 - Aumento anual do piso salarial dos profissionais


do magistério desde sua criação

Fonte: Santos; Possamai (2013).

O piso nacional do magistério para 2012 foi reajustado em


22,22% em relação ao ano anterior. O Ministério da Educação
(MEC) definiu em R$ 1.451, cujo aumento está em conformidade a
Lei 11.378/08, que criou o piso. Caro pós-graduando, o reajuste é
calculado com base no crescimento do valor mínimo por aluno, ou
seja, com os mesmos dados gerados para o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). Em 2013, o valor
piso salarial nacional teve um reajuste de 7,97%. Com o aumento, o
valor passa de R$ 1.451 para R$ 1.567.

Mas, se é considerado o valor mínimo por aluno, então o aumento será


anual? Sim, conforme estabelecido no art.5 da Lei do Piso 11.738/2008:
O piso salarial
profissional nacional O piso salarial profissional nacional do magistério público da
do magistério público educação básica será atualizado, anualmente, no mês de
da educação básica janeiro, a partir do ano de 2009.
será atualizado,
Parágrafo único.  A atualização de que trata o caput  deste
anualmente, no mês artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual
de janeiro, a partir do
ano de 2009.
60
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente


aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido
nacionalmente, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho
de 2007.

Figura 15 - Comparativo salarial entre 2012 e 2011

Fonte: Disponível em: <http://www.chapadinhaanuncios.com.br/2012/02/


ate-que-enfim-novo-piso-salarial-dos.html>. Acesso em: 20 ago. 2012.

Outra novidade da Lei n° 11.738/08 que não agradou muitos Estados e


Municípios é que, além de tirar-lhes a autonomia na fixação do vencimento inicial
das carreiras do magistério público da educação básica, também determinou o
cumprimento da jornada de trabalho. Desse modo, a carga horária será de 40
horas semanais, para a execução das funções, conforme preconiza os incisos:

§ 1o  O piso salarial profissional nacional é o valor Na composição da


abaixo do qual a União, os Estados, o Distrito jornada de trabalho,
Federal e os Municípios não poderão fixar o
vencimento inicial das Carreiras do magistério observar-se-á o
público da educação básica, para a jornada de, no limite máximo de
máximo, 40 (quarenta) horas semanais.[...] § 3o  Os 2/3 (dois terços)
vencimentos iniciais referentes às demais jornadas da carga horária
de trabalho serão, no mínimo, proporcionais ao para o desempenho
valor mencionado no caput  deste artigo.§ 4o  Na
composição da jornada de trabalho, observar-se-á o das atividades de
limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária interação com os
para o desempenho das atividades de interação educandos.
com os educandos.

61
Políticas e Gestão Educacional

Ficando assim distribuídas:

Carga horária de trabalho 2/3 com os alunos 1/3 sem os alunos


24 horas para atividades de 16 horas para plane-
40 horas semanais interação com os educan- jamento, formação e
dos avaliação

A Lei 11.738/2008 é curta e objetiva, tem poucos artigos, porém suficientes


para fixar o Piso Salarial Nacional dos Professores, firmar que este piso é pago
por determinada jornada e distribuir a composição desta mesma jornada tanto
dentro como fora de sala de aula ̶ extraclasse, que, por força de Lei, deve cumprir
a finalidade prevista no artigo 67, inciso V, da Lei Federal nº 9394/96 – LDB, ou
seja, deve ser destinada para:

Figura 16 - Finalidade das horas extraclasses

Fonte: As autoras.

Em síntese, a Lei 11.738/08, conhecida como a Lei do piso, regulamenta a


importância de três pilares, são eles:

Figura 17- Os três pilares da carreira profissional do magistério

Fonte: As autoras.

A ampliação de horas extraclasse destinadas à estudo, planejamento e

62
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

avaliação possivelmente trará resultados para melhorar a qualidade em educação.


Porém, somente a existência da Lei e o aumento da horas-atividades não são
suficientes. O piso salarial para a categoria do magistério é uma grande conquista,
mas existem municípios onde havia horas atividades e não houve o resultado
esperado. Ações de interferência pontuais, formação continuada, a avaliação
permanente externa e interna em nível de unidade escolar, redes municipais
e em nível nacional, como é o caso do IDEB, é que poderão fazer a diferença,
ou seja, uma somatória de ação que visa melhorar a qualidade das aulas e do
planejamento concebendo o momento de avaliação não como um fim, mas como
um diagnóstico para possíveis intervenções.

O corresponsável para que a Lei 11.738/08 seja cumprida e O corresponsável


para que a
apresente benefícios também é o gestor e a equipe pedagógica, para
Lei 11.738/08
que os pontos definidos na Lei sejam contemplados no projeto político seja cumprida
pedagógico da escola, uma vez que esse: e apresente
benefícios também
é o planejamento geral que envolve o processo
de reflexão, de decisões sobre a organização, é o gestor e a
o funcionamento e a proposta pedagógica da equipe pedagógica,
instituição. É um processo de organização e para que os
coordenação da ação dos professores. Ele articula pontos definidos
a atividade escolar e o contexto social da escola. na Lei sejam
É o planejamento que define os fins do trabalho
pedagógico (MEC, 2006, p.42). contemplados no
projeto político
pedagógico da
escola.
Algumas Considerações
No próximo capítulo, trataremos da importância de uma escola democrática,
reconhecendo o papel do conselho escolar no processo de reflexão e decisão
conjunta, e por fim refletiremos sobre os indicadores educacionais e os indicadores
de qualidade na escola.

Referências
BRASIL. Decreto n. 2.264, de 27 de junho de 1997. Regulamenta a Lei nº
9.424, de 24 de dezembro de 1996, no âmbito federal, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, D. F., 28 jun. 1997. Disponível
em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_______. Decreto nº 6.003, de 28 de dezembro de 2006. Diário oficial da União.


Poder Executivo. Brasília. D. F., 20 ago. .2006.

63
Políticas e Gestão Educacional

_____. Emenda Constitucional n. 53, de 20 de dezembro de 2006. Dá nova


redação aos arts. 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao
art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da
União. Poder Executivo. Brasília, D. F., 9 mar. 2006. Disponível em: <http://www.
mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_____. Lei n. 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta a Emenda


Constitucional nº 53/2006, de 20 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União.
Poder Executivo. Brasília, D. F., 21 jun. 2007b. Disponível em: <http://www.mec.
gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília,
D. F., 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul.
2012.

_____. Medida Provisória n. 339, de 28 de dezembro de 2006. Regulamenta


o artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, D. F., 29 dez.
2006a. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2012.

_____. Lei n.11.738/2008. Regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do


art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o
piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público
da educação básica. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/.../lei/l11738.htm>. Acesso em: 20 ago. 2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE /


Ministério da Educação. Brasília: INEP, 2001. Disponível em: <http://www.inep.
gov.br/download/cibec/2001/titulos_avulsos/miolo_PNE.pdf>. Acesso em: 03 nov.
2008.

CADEVEN, Wilson Roberto. Desvalorização do professor: causas e


alternativas. Disponível em: <http://revistaregional.com.br/portal/?p=2497>.
Acesso em: 20 ago. 2012.

CONAE, Documento Base Documento Final. Disponível em: <http://conae.


mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_final_sl.pdf>. Acesso
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EDNIR, Madza; BASSI, Marcos. Bicho de Sete Cabeças: para entender o


financiamento da educação brasileira. São Paulo:Ed. Peirópolis, 2009.

64
Capítulo 2 Valorização dos Profissionais da Educação

HADDAD, Fernando. O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões,


princípios e programas. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, 2008.

LIBÄNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2000.

MACETTO, COSTA, BARROS. Planejamento de ensino como elemento


articuladorda relação da prática pedagógica: prática social. Disponível em:
<http://www.aparecida.pro.br/alunos/textos/planejamento.htm>. Acesso em: 20
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Jovens e Adultos – Avaliação e Planejamento – Caderno 4 – SECAD –
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2006.

MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar?


Como planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o


desenvolvimentode competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto


político-pedagógico da escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2003.

PILETTI, Cláudio. Didática geral. 23ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2001.

SCHMITZ, Egídio. Fundamentos da Didática. 7ª Ed. São Leopoldo, RS,


Unisinos, 2000.

65
Políticas e Gestão Educacional

66
C APÍTULO 3
Construção da Democracia
na Escola

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Compreender a importância de uma escola democrática.

� Reconhecer o papel do conselho escolar.

� Refletir sobre os indicadores educacionais e os indicadores de qualidade na


escola.
Políticas e Gestão Educacional

68
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

Contextualização
Prezado aluno(a) da Pós- Graduação, já mencionamos nos capítulos
anteriores que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN 9394-
96) e o Plano Nacional de Educação são mecanismos legais que definem normas
para o ensino público, especialmente no que se refere à Educação Básica. Dentre
a normatização também está a gestão democrática da educação que, por sua
vez, resguarda os princípios constitucionais.

O conceito de gestão democrática estabelece como um dos objetivos a


participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico
da escola e da comunidade no conselho escolar, ou seja, possibilita a participação
do coletivo: pais, alunos, docentes, funcionários (de maneira representativa ou
não) na tomada de decisões necessárias na unidade de ensino. Também, num
processo democrático busca o compartilhamento das responsabilidades dentro
da instituição.

É preciso enfatizar que a gestão escolar deve estar embasada


neste principio participativo, ou seja, ela só faz sentido se houver
essa percepção de democratização.

Figura 18 - Uma escola democrática

Fonte: Disponível em: <http://portifoliodeaprendizagem156712.blogspot.com.


br/2008/09/gesto-democrtica-na-educao.html>. Acesso em: 20 ago. 2012.

69
Políticas e Gestão Educacional

Trata-se de compreender a administração escolar como atividade em que há


esforços coletivos, ou seja, a educação é um processo de emancipação humana
e o Projeto Político Pedagógico é um instrumento revelador da instituição, que
organiza o trabalho pedagógico. A responsabilidade de elaboração do PPP é
de toda comunidade escolar, ou seja, trata-se de um processo democrático
de decisões, preocupado “em ministrar uma forma de organização do trabalho
pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas,
corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mundo impessoal e
racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola [...]”
(VEIGA, 1995, p.13).

Outro mecanismo legal de apoio à Escola é o Estatuto da Criança


e do Adolescente – ECA – (1990), um conjunto de normas jurídicas
que tem por objetivo a proteção integral da criança e do adolescente,
aplicando medidas e expedindo encaminhamentos de interesse da
criança ao Ministério Público. O Estatuto criou normas de proteção à
criança e ao adolescente nas áreas de educação, saúde, trabalho e
assistência social. Trata-se de um instrumento de cidadania, uma lei
que dispõe sobre os direitos, deveres e de proteção integral a todas
as crianças e adolescentes, independentemente de cor, etnia ou
classe social.

Dando continuidade às reflexões sobre as políticas e gestão educacionais,


este capítulo apresenta reflexões sobre a gestão democrática escolar, como
veremos a seguir, no que se refere à administração escolar de pessoas, materiais
e aos indicadores de qualidade educacionais.

Significa dizer que a gestão democrática pressupõe um processo educativo


cujo planejamento das ações parte do coletivo. Sobre isso, Libâneo (2004,
p. 29) afirma que “a pedagogia ocupa-se, de fato, dos processos educativos,
métodos, maneiras de ensinar, mas antes disso ela tem um significado bem
mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre
a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo
tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. O pedagógico refere-se
a finalidades da ação educativa, implicando objetivos sociopolíticos a partir
dos quais se estabelecem formas organizativas e metodológicas da ação
educativa”.

70
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

Gestão Democrática Escolar


Com a política da universalização do ensino, o ingresso, a permanência do
aluno, a garantia da qualidade da educação e uma administração democrática
constituem os objetivos da gestão escolar pública (LDBN Nº 9394, 1996). São
iniciativas que viabilizam princípios estabelecidos na Constituição Federal
Brasileira de 1988.

Figura 19 - A importância da gestão democrática

A gestão
democrática da
Fonte: Disponível em: <http://paulistaemdestak. educação diz
blogspot.com.br/2011/06/conquista-da-comunidade-
respeito aos
escolar-diretor.html>. Acesso em: 20 ago. 2013.
modos legais e
institucionais e à
A gestão democrática da educação diz respeito aos modos legais viabilização de
e institucionais e à viabilização de ações com vistas à participação ações com vistas
de todos os envolvidos no processo educativo. Trata-se de planejar e à participação de
elaborar artifícios que favoreçam a tomada de decisões sobre o uso de todos os envolvidos
no processo
recursos e prioridades administrativas e pedagógicas da escola.
educativo.

Gestão dentro do campo semântico significa ato de executar,


exercer, gerar, este último termo tem sua raiz etimológica em ger
que significa fazer brotar, germinar, fazer nascer. Dessa mesma raiz
provêm as palavras genitora, genitor, gérmen.

Nessa perspectiva, a gestão é a geração de um novo modo de administrar


que envolve comunicação e diálogo. Esta concepção é bem diferente daquela que
comumente conhecíamos, que era desempenhada pelo gerente de banco, por
exemplo, de comando, de ordem autoritária ou tecnocrática.
71
Políticas e Gestão Educacional

Atividade de Estudos:

1) Com base no parágrafo precedente, elabore um conceito de


gestão democrática escolar:
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Desse pensamento advém a manutenção da democracia com princípios


éticos estabelecidos na Constituição Federal, que opta “por um regime normativo
e político, plural e descentralizado, no qual se cruzam novos mecanismos de
participação social com um modelo institucional cooperativo, que amplia o número
de sujeitos políticos capazes de tomar decisões” (BRASIL, 2005, p.16).

Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei n° 9.394/96


reforça a Constituição Federal (1988), quando cita em seu art. 14 que:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão


democrática do ensino público na educação básica, de acordo
com as peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I – participação dos profissionais da educação na elaboração
do projeto pedagógico da escola;
II – participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes.

72
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

É preciso considerar que a gestão democrática implica um trabalho É preciso


de toda a comunidade escolar. Esse fazer também está preconizado no considerar que a
Plano Nacional de Educação – PNE – no que se refere à gestão dos gestão democrática
implica um
recursos, sua eficiência, transparência, juntamente com a diretriz de
trabalho de toda
aprimoramento contínuo do regime de colaboração. O PNE recomenda a comunidade
ainda a criação de conselhos de escolares e a eleição para a escolha da escolar.
direção escolar, ou seja, ações “que associem a garantia da competência
ao compromisso com a proposta pedagógica emanada dos conselhos escolares
e a representatividade e liderança dos gestores escolares” (BRASIL, 1988, p. 17).

A gestão democrática da educação tem por princípio o trabalho coletivo e


representatividade de todos os envolvidos na instituição de ensino. Segundo o
art. 37 da constituição Federal do Brasil, a escola nesse sentido é um “espaço
de construção democrática, respeitado o caráter específico da instituição escolar
como lugar de ensino e aprendizagem” (1988, p. 18). Ou seja, de nada adianta
um gestor habilidoso e competente se ele não se preocupar com o processo
pedagógico na sua escola.
O gestor deve
A gestão democrática pressupõe um gestor com habilidades para manter a escola
em conformidade
diagnosticar e resolver situações de conflitos de trabalho. Trata-se de
com as leis
uma qualidade que possibilite a interação, integrando objetivo e ação, educacionais,
entre a equipe escolar e que isso reverta em resultados positivos, ou necessita seguir
seja, em favor do processo de ensino e aprendizagem. as instruções
de aplicação
Dito de outro modo, o gestor deve manter a escola em conformidade dos recursos
financeiros que a
com as leis educacionais, necessita seguir as instruções de aplicação
instituição recebe e
dos recursos financeiros que a instituição recebe e cumprir os prazos de cumprir os prazos
prestação de contas. Além disso, é preciso ainda considerar a qualidade de prestação de
do ensino, o projeto político pedagógico, e fomentar o diálogo: contas.

A democratização da gestão escolar implica a superação dos


processos centralizados de decisão e a gestão colegiada,
nas qual as decisões nasçam das discussões coletivas,
envolvendo todos os segmentos da escola, e orientadas
pelo sentido político e pedagógico presente nessas práticas
(NAVARRO, 2004, p.32).

E, para alcançar esses objetivos, é preciso considerar todos os agentes da


escola e suas ideias, percebendo todas as possibilidades e responsabilidades de
cada um. Afinal uma escola democrática nasce de participação e do compromisso
assumido por todos. É um lugar de promoção de relações cooperativas e solidárias,
que entende a educação como uma prática social que se dá nas relações
estabelecidas nesse espaço de formação de sujeitos, devendo possibilitar, além
do conhecimento, de amizade e cooperação.

73
Políticas e Gestão Educacional

Figura 20 - A gestão democrática é a chave para uma educação de qualidade

Fonte: Disponível em: <http://portifoliodeaprendizagem156712.blogspot.com.


br/2008/09/gesto-democrtica-na-educao.html>. Acesso em: 23 ago. 2012.

Nesse contexto, o gestor, professores, alunos e comunidade em geral haverão


de compreender a escola como espaço de diversidade e da pluralidade de ideias,
constituindo, portanto, o processo de gestão democrática. Essa abordagem passa
também pela escolha do diretor, por meio da eleição direta, pela sala de aula,
por meio de professores motivados e com atividades pedagógicas baseadas no
projeto político-pedagógico da instituição.

Atividade de Estudos:

1) Com base no que foi exposto, cite algumas qualidades que


um gestor deve ter para fazer da Unidade escolar um espaço
democrático.
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74
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

a) A construção da democracia na escola

A gestão democrática envolve a participação de todos os envolvidos no


espaço escolar e garante a participação, autonomia, cidadania e aprendizado.
Os órgãos colegiados, principalmente o Conselho Escolar, considerada instância
máxima de gestão, pois contempla todos os segmentos na sua A gestão
composição. A gestão democrática está relacionada à participação de democrática
todos da comunidade escolar: direção, professores, alunos e pais. está relacionada
à participação
de todos da
Para ilustrarmos essa questão, apresentamos os cinco princípios
comunidade
da democracia na escola, extraídos do documento elaborado pelo escolar: direção,
Ministério da Educação, intitulado Gestão Democrática Escolar professores, alunos
(MONLEVADE, 2005, p. 29 e 30), que transcrevemos na íntegra: e pais.

Gestão Democrática Escolar

1. Gestão Democrática supõe ruptura com práticas autoritárias,


hierárquicas e clientelísticas. Por isto, a eleição de diretores, embora
não constitua a essência da gestão democrática, tem sido o sinal
histórico para distinguir o “tempo autoritário” do “tempo democrático”.
Mas não é a eleição eivada de populismo e de outros vícios que
ajuda a democracia. Ela precisa ser disciplinada, para ser uma
prática pedagógica de aprendizado da cidadania democrática. E tem
que ser acompanhada de práticas administrativas do sistema que se
adequem a uma nova forma – democrática – de decidir, de governar,
de ordenar, de avaliar.

2. Gestão Democrática é participação dos atores em decisões


e na avaliação. Talvez o ideal fosse fazer da assembleia geral
escolar o órgão máximo deliberativo. Mas, no dia-a-dia, temos
que construir um Conselho Escolar competente e viável, onde
todos os segmentos estejam presentes e operantes, gerando e
acumulando um novo e influente poder: o poder escolar. Professores,
funcionários, alunos, pais e direção passam a ser um colegiado
que se reúne ordinariamente e vai propondo e avaliando o Projeto
Político-Pedagógico da escola, que na nova LDB ganhou substancial
importância.

3. Gestão Democrática supõe representação legítima dos


segmentos. A direção, embora eleita, representa o Estado. Os pais
representam, autenticamente, os pais e mães, superando aquela

75
Políticas e Gestão Educacional

ambiguidade das Associações de Pais e Mestres. Professores


e funcionários representam seus pares na escola, levando as
posições de suas entidades de trabalhadores da educação. E os
alunos? A representatividade dos alunos deve somar à sua condição
de “educandos”, enturmados na base da escola, liderados por
“representantes de classe”, a prática de uma organização política
mais ampla, em grêmios livres e associações municipais e estaduais,
nem sectárias, nem partidarizadas.

4. A Gestão Democrática da escola se baliza pelo Projeto


Político-Pedagógico da Escola. São os objetivos e metas da escola,
referenciada à sociedade do conhecimento, que unem o Conselho,
que presidem as eleições, que direcionam as decisões e práticas de
seus atores. O professor e o funcionário precisam abdicar de seu
corporativismo; os pais precisam superar seu comodismo; os alunos
precisam conquistar o exercício de sua liberdade de aprender: de
aprender ciência, de cultivar a arte, de praticar a ética. Não abrir
mão de seus dias e horas letivos, que lhes garantem o direito de
crescer na cultura e no saber. Embora a Proposta Pedagógica deva
ser cientificamente assessorada pelos profissionais da educação,
ela deve ser elaborada e avaliada por toda a comunidade escolar,
presidida pelo Conselho.

5. Gestão Democrática da escola se articula com administração


democrática do sistema de ensino. Enquanto a Divisão Regional
ou outros órgãos intermediários continuarem vivendo de práticas
burocráticas, a Secretaria de Educação de atitudes baseadas
em hierarquias com mais ou menos poder, o MEC de resoluções
olímpicas e desencarnadas, a gestão democrática nas escolas
estará asfixiada. E, acima de tudo, a transparência e disponibilização
de recursos financeiros deve ser o combustível do cotidiano da
democracia na escola. O foco de qualquer descentralização de
verbas – para merenda, para livros didáticos, para manutenção
e outros gastos – deve ser a escola (não o diretor ou diretora),
alimentando o Conselho Escolar na viabilização de suas ideias e
decisões. Só assim se chegará ao exercício final da democracia
escolar: a autonomia, pela qual a escola pública alcançará sua
maioridade política e pedagógica.

Fonte: MONLEVADE, João. Cinco princípios da democracia na escola.


PROGRAMA 2, Anexo 1. In: Gestão democrática da educação.
Ministério da Educação. BOLETIM 19. OUTUBRO 2005.
Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/
series/151253Gestaodemocratica.pdf>. Acesso em: 06 dez. 2012.

76
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

Com base no exposto, a gestão democrática se constrói a partir da


participação de todos os envolvidos na elaboração do Projeto Político Pedagógico:
direção, professores, dirigentes, alunos, equipe pedagógica e pais; constituição
do Conselho escolar, de maneira coletiva e participativa e eleição direta para a
escolha do diretor.

A elaboração do Projeto político pedagógico se refere à execução de uma


proposta educativa, com a participação de toda a comunidade escolar, conforme
já mencionamos – alunos, pais, professores e equipe gestora, e para sua criação
algumas características são fundamentais: Comunicação eficiente, suporte
financeiro, controle, acompanhamento e avaliação e credibilidade:

Quanto à direção de escola sabemos que ainda há interferência política no


processo de escolha do diretor escolar em alguns lugares, ou seja, a escolha se
dá por indicação política. Neste caso, trata-se de um cargo de confiança, sendo
que pode ser substituído conforme os interesses políticos.

Contudo, seguindo as orientações legais (Constituição Federal (1988); LDBN


Nº 9394 (1996) em muitos municípios brasileiros, a escolha está sendo feita por
meio de eleições. Significa dizer que a escolha por eleição tem por base a vontade
da comunidade escolar, através do voto direto e representativo. Essa maneira
favorece a democracia, pois toda comunidade participa do processo de escolha.
Outra possibilidade de escolha do diretor escolar pode ser por concurso, que se
dá através de uma prova escrita e de títulos. Ainda que essa prática impeça o
apadrinhamento, nem sempre confere liderança ao candidato que obtém melhor
nota. Muitas vezes esse diretor não tem algumas competências necessárias para
atuar como gestor escolar. A escolha pode ser efetuada, ainda, por meio de plano
de carreira. Essa forma caracteriza o diretor pelas suas habilidades técnicas,
no entanto, pode faltar-lhe a parte política que é fundamental para um dirigente
escolar.

Caro Pós-Graduando, as diferentes formas de eleição para diretor escolar


existentes no Brasil têm provocado muitas discussões e configuram um assunto
polêmico que envolve diferentes concepções e interesses diversos.

b) O Conselho Escolar - CE

O Artigo 14 da Lei nº 9394/96, que trata dos princípios da Gestão Democrática,


no inciso II cita a “participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes”, como fomentadores de uma gestão democrática.

77
Políticas e Gestão Educacional

O conselho Nesse sentido, o conselho escolar é um colegiado com membros


escolar é um de todos os segmentos com a função de administrar coletivamente
colegiado com
membros de todos a escola. O conselho escolar favorece a gestão democrática porque
os segmentos com a permite a participação de vários segmentos da escola.
função de administrar
coletivamente O conselho escolar pode ser visto como um mecanismo de
a escola. gestão democrática da escola. Segundo Werle (2003), ele se
relaciona com os princípios da igualdade, da liberdade e do
pluralismo devido à sua composição por diferentes segmentos
da comunidade escolar em regime de paridade, assegurando
o direito de manifestação de diversos pontos de vista e de
diferentes opiniões. Como órgão consultivo e deliberativo, o
conselho deve tratar de problemas financeiros, administrativos
e pedagógicos da escola, contribuindo com propostas e
projetos da escola, com vistas a uma educação de qualidade
(LUIZ; CONTI, 2007, p. 02).

A constituição de um Conselho deve seguir alguns parâmetros


importantes: ser deliberativo, consultivo, normativo e fiscalizador.

Assim, as suas atribuições dizem respeito à elaboração, aprovação,


acompanhamento e avaliação do Projeto Político-Pedagógico, criando e
garantindo mecanismos de participação efetiva e democrática. Além disso, pode
definir o plano de aplicação dos recursos financeiros e acompanhar políticas
educacionais.

O processo de O processo de escolha dos membros e suplentes é feito na


escolha dos escola, por votação direta e secreta. “É fundamental que os membros
membros e suplentes
é feito na escola, do Conselho Escolar contribuam, participando na elaboração e na
por votação direta e avaliação do projeto político-pedagógico da escola e acompanhando
secreta. sua execução”, enfatiza Lauro Carlos Wittmann (2006, p. 33).

O Conselho deve se reunir periodicamente, no sentido de por em prática


o planejamento, votando e deliberando sobre questões de interesse do
colegiado. Todos os segmentos existentes na comunidade escolar deverão estar
representados, portanto,

os conselheiros contribuem na definição de prioridades e de


alternativas, na sua construção coletiva e na sua socialização,
Avaliam a qualidade de trabalho na escola. Procuram
descobrir as origens e determinantes dos problemas e
desafios que encontram no desenvolvimento da educação
escolar (WITTMANN, 2006, p. 33).

78
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

O conselho escolar,
O conselho escolar, nesse dizer, é um órgão essencial que, nesse dizer, é um
juntamente com a direção e professores, contribui para uma educação órgão essencial
de qualidade que, por sua vez, está comprometido com a superação que, juntamente
das desigualdades sociais e com a emancipação do sujeito. Ainda que, com a direção
às vezes, essas duas questões pareçam não ser prioritárias para os e professores,
contribui para
governantes, poderão ser construídas no cotidiano da instituição escolar.
uma educação de
qualidade que,
por sua vez, está
comprometido
Atividade de Estudos: com a superação
das desigualdades
sociais e com a
1) A partir do texto, aponte os princípios da gestão democrática,
emancipação do
relacionando-os se possível com sua vivência (como aluno sujeito.
(a), educador(a), pai/mãe/responsável).
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As Políticas de Avaliação Externa no


Brasil e seus Indicadores
Figura 21- Indicadores Educacionais

Fonte: Disponível em: <http://www.blogmudancas.com/trate-sua-


mudanca-com-responsabilidade>. Acesso em: 10 set. 2012. 79
Políticas e Gestão Educacional

Em relação à garantia do padrão de qualidade, baseado no aparato legal,


criaram-se vários sistemas de avaliação externos implementados em regime
de colaboração com os Estados e Municípios, a fim de fornecer indicadores de
qualidade e apontar as fragilidades educacionais, reafirmando a importância da
avaliação nos diferentes segmentos da educação nacional para a reorganização
do trabalho pedagógico.

O que são indicadores?

Indicadores são indícios que revelam pontos de determinada situação e que


podem qualificar algo. Por exemplo, para reconhecer se uma pessoa está doente,
utilizamos diferentes indicadores: dor, febre, vômito. Para compreender como vai a
economia do País, servimo-nos de indicadores que revelam a inflação e a taxa de
juros. A variação dos indicadores nos fornece pistas sobre as possíveis mudanças
no cenário (a febre aumentou significa que a pessoa está piorando, a baixa da
inflação no último período de análise retrata que a economia está melhorando).
Sendo assim, os indicadores apresentam sinais em relação à qualidade de
elementos da realidade.

Indicadores são Consideramos um Indicador como uma medida estatística


indícios que
revelam pontos de que retrata quantitativamente dados relacionados à qualidade e
determinada situação ao desenvolvimento de determinado aspecto da realidade que
e que podem pretendemos explorar. O exemplo mais conhecido é o IDH -
qualificar algo.
Índice de Desenvolvimento Humano - que, para acompanhar
o desenvolvimento dos países, considera dados sobre expectativa de vida
da população, educação e produto interno bruto. Com esses dados, os países
podem identificar as fragilidades e potencialidades, e assim direcionar melhorias
e investimentos, verificando e comparando a situação atual em relação às outras
nações e propor metas para a melhoria da qualidade de vida.

Figura 22 - Como esta o Índice de Desenvolvimento Humano

Fonte: Disponível em: <http://geoconceicao.blogspot.com.br/2011/04/


80 indice-de-desenvolvimento-humano.html>. Acesso em: 18 set. 2012.
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

De maneira parecida, os indicadores educacionais são pautados


Os indicadores
em um valor estatístico referente à qualidade do ensino, tanto de educacionais,
uma escola, quanto da rede de ensino. Ressaltamos que quando servem como
tratamos que qualidade de ensino, não nos atemos somente a avaliar auxílio na
o desempenho dos alunos, mas também o contexto socioeconômico elaboração e
em que as instituições/escolas estão inseridas. Tal recurso é útil, implementação
de políticas
principalmente, para viabilizar uma visão macro no que diz respeito
públicas dirigidas
ao monitoramento dos sistemas educacionais, bem como o acesso, para a melhoria
a permanência e a aprendizagem dos alunos, conforme previsto na da qualidade da
Constituição Federal/1988. educação e dos
serviços oferecidos
Desta forma, os indicadores educacionais, servem como auxílio à sociedade por
meio da escola.
na elaboração e implementação de políticas públicas dirigidas para
a melhoria da qualidade da educação e dos serviços oferecidos à
sociedade por meio da escola.

Figura 23- Indicadores de qualidade

Fonte: Disponível em: <http://www.avaliaeducacional.com.br/


desenvolvimento_indicadores>. Acesso em: 2 set. 2012.

O Ministério da Educação, juntamente com o INEP (Instituto Nacional


de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Texeira) e parte dos educadores
e especialistas brasileiros, desde a década de 1990 reconhecem que um
dos maiores problemas da educação brasileira na atualidade é a falta de
políticas públicas que conduzam a qualidade do ensino. Para Castro (1998,
p. 36): “a ênfase em processos de avaliação é hoje considerada estratégica
como subsídio indispensável no monitoramento das reformas e das políticas
educacionais”.

A partir de 1990, com a implantação e a consolidação de sistemas de


avaliação de larga escala, o Brasil começa a adotar importantes políticas públicas
no que diz respeito a diferentes orientações e ao monitoramento da educação no
País, originando-se uma “cultura de avaliação”, que visa traçar metas de ações e
prestar contas à sociedade.

Em especial durante a década de 90, a partir do governo de Fernando


Henrique Cardoso, foram discutidas e implementadas várias mudanças legais,
visando a adequação e o fortalecimento do sistema de avaliação nacional.
81
Políticas e Gestão Educacional

Em relação à Em relação à proposta de avaliação externa, a LDB aborda no


proposta de
avaliação externa, artigo 9º, inciso VI: “assegurar processo nacional de avaliação do
a LDB aborda no rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em
artigo 9º, inciso VI: colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de
“assegurar processo
nacional de avaliação prioridades e a melhoria da qualidade do ensino” (BRASIL, 2006).
do rendimento
escolar no ensino
fundamental, médio O propósito implícito na LDB 9394/96 em adotar um sistema
e superior, em de avaliação foi o de transformar a avaliação em um instrumento
colaboração com de mudança da realidade educacional do país visando a melhoria
os sistemas de
ensino, objetivando do padrão de qualidade do ensino. Observe a linha do tempo, das
a definição de principais avaliações educacionais ocorridas no Brasil:
prioridades
e a melhoria da
qualidade do ensino” • Em 1991 o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação
(BRASIL, 2006). Básica) foi pela primeira vez aplicado em 23 estados da federação;

• Em 1993 ocorreu a segunda aplicação do SAEB;

• Em 1995 tornou-se de fato um sistema nacional, com a adesão de todos os


estados e todas as áreas de ensino (estaduais municipais e particulares);

• Em 1996, a Avaliação da Educação Superior;

• Em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM);

• Em 2005 houve mudanças no SAEB e ele passou a ser composto por dois
processos de avaliação: a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB)
e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), comumente
conhecida como Prova Brasil;

• Em 2007 houve ainda a criação do IDEB.

Agora vamos conhecer alguns dos sistemas de avaliação separadamente a


fim de compreender a dimensão e a finalidade deles:

Figura 24- As avaliações externas no Brasil

Fonte: SANTOS, POSSAMAI, 2013.


82
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

O SAEB – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, é uma


avaliação bianual realizada nas cinco região do País: Norte, Nordeste, Centro-
Oeste, Sudeste e Sul, focando dados por Estado e por Rede de Ensino, tanto
pública quanto privada. O SAEB visa enfocar a qualidade, eficiência e equidade,
contribui para avaliar a efetividade dos sistemas de ensino. Essa é realizada por
amostragem e aplicada a alunos da 4ª (5º ano) e 8ª séries (9º anos) do Ensino
Fundamental e 3ª série do Ensino Médio. As áreas de abrangência do teste
referem-se a Leitura e Matemática. É importante destacar que o SAEB avalia o
sistema educacional e não o desempenho do aluno (BRASIL, 2006). A ANEB- Avaliação
da Educação
A ANEB - Avaliação da Educação Básica, mantém as mesmas Básica, mantém
características e os objetivos do SAEB, cujo objetivo é avaliar o sistema, as mesmas
características e
enquanto que a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC)
os objetivos do
busca avaliar a unidade escolar. SAEB, cujo objetivo
é avaliar o sistema,
Já a Prova Brasil é aplicada em escolas públicas com mais de enquanto que a
20 alunos, alunos da 4ª e 8ª séries, avaliando os conhecimentos de Avaliação Nacional
Língua Portuguesa (Leitura/ Interpretação) e de Matemática. Essa do Rendimento
Escolar (ANRESC)
tem por finalidade tornar a avaliação mais detalhada, visando uma
busca avaliar a
complementação da avaliação do SAEB e visa traçar um diagnóstico unidade escolar.
sobre o sistema de ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro.
Essas são desenvolvidas pelo INEP/MEC, por meio de testes padronizados
e questionários socioeconômicos. Tanto o SAEB como a Prova Brasil permite
avaliar:

Figura 25 - SAEB e Prova Brasil

Fonte: SANTOS; POSSAMAI, 2013.

Os resultados das avaliações educacionais permitem visualizar como está


sendo desenhado o futuro do país. Por meio das pesquisas realizadas pelo INEP
com a aplicação da Prova Brasil, do SAEB e do ENEM, verifica-se déficits no
ensino oferecido pelas escolas brasileiras: “No Brasil, há mais de 8,7 milhões de
alunos do Ensino Fundamental em série incompatível com a idade” (POLATO,
2009, p. 90).
83
Políticas e Gestão Educacional

O baixo nível de aprendizagem dos alunos brasileiros já é de longa data.


Segundo Oliveira e Schwartzman, após analisarem os resultados do SAEB,
informam que “a grande maioria de alunos que concluiu a primeira série em
2001 não consegue escrever e entende mal o que lê em textos muito simples”
(OLIVEIRA e SCHWARTZMAN, 2002, p. 29).

Na visão de Schwartzman (2008, p. 8): “é necessário entender mais a


fundo o que está ocorrendo, olhar os dados, comparar a experiência brasileira
com a de outros países, e capacitar a sociedade a lidar com mais inteligência e
conhecimento de causa com os problemas da educação do país.” Para entender
a questão da falta de qualidade de ensino da educação básica no Brasil, é preciso
coletar dados que forneçam indícios sobre taxa de reprovação, de evasão e de
distorção idade série como elementos que sinalizam a qualidade do ensino de
uma escola.

Para refletirmos sobre essa questão, leia do texto da Revista Eletrônica


Intertemas UniToledo: “O IDEB e a qualidade da educação no ensino fundamental:
fundamentos, problemas e primeiras análises comparativas” apresentado por
Fábio Mariano da Paz, que aponta a articulação entre o PDE e as políticas
públicas voltadas para educação no âmbito nacional.

O plano de desenvolvimento da educação e seus impactos


nas políticas educacionais

A urgência na criação de políticas públicas objetivando o


desenvolvimento econômico e social do país desencadeou diversas
ações do governo Lula. A principal política de divulgação nacional
foi o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), lançado em 28 de janeiro de 2007, um programa do
governo federal brasileiro que engloba um conjunto de políticas
econômicas, planejadas para os quatro anos seguintes, e que
tem com objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil,
prevendo investimentos totais de R$ 503,9 bilhões até 2010,
sendo uma de suas prioridades o investimento em infraestrutura,
em áreas como saneamento, habitação, transporte, energia e
recursos hídricos, entre outros.

Frente aos objetivos do PAC, cada ministério teria que apresentar


uma série de ações que se enquadrariam no referido programa. O
Ministério da Educação aproveitou, então, e lançou, em 24 de abril de
2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Tal plano foi

84
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

lançado concomitantemente ao Decreto nº 6.094/2007, que instituiu


o “Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação”. O “Plano de
Metas” conta com 28 ações que cobrem todas as áreas de atuação
do MEC, abrangendo os níveis e modalidades de ensino, além de
medidas de apoio e de infraestrutura. O notável é que, convidadas
a participar como representantes da sociedade civil, as empresas é
que acabaram dando o delineamento final ao PDE.

Saviani (2007), em relação às 28 diretrizes estabelecidas


no “Plano de Metas”, do PDE, observa que o que se nota é que
essas ações não possuem um “encadeamento lógico”, estando
justapostas, sem nenhum critério de agrupamento, entretanto, para
ele, o aspecto principal para a repercussão positiva do plano foi o
fato de o PDE considerar como objetivo precípuo o empreendimento
de ações nacionais, visando elevar o nível da qualidade do ensino.
O autor ainda acrescenta que, de modo geral, as ações podem ser
distribuídas da seguinte maneira:

No que se refere aos níveis escolares, a educação básica


está contemplada com 17 ações, sendo 12 em caráter global e
cinco específicas aos níveis de ensino. Entre as ações que incidem
globalmente sobre a educação básica situam-se o “FUNDEB”, o
“Plano de Metas do PDE-IDEB”, duas ações dirigidas à questão
docente (“Piso do Magistério” e “Formação”), complementadas pelos
programas de apoio “Transporte Escolar”, “Luz para Todos”, “Saúde
nas Escolas”, “Guias de tecnologias”, “Censo pela Internet”, “Mais
educação”, “Coleção Educadores” e “Inclusão Digital” (SAVIANI,
2007, p. 1233).

O importante, aqui, é empreender uma análise de como o PDE


está constituído e sua singularidade quanto às ações para o avanço
da qualidade da educação básica, contudo ficaria insustentável
estudar as ações propostas para todos os níveis da educação básica
e superior, o que devido às limitações deste estudo, se restringirá a
especificar aquelas voltadas para o nível do ensino fundamental.

Assim sendo, segundo estudo já desenvolvido por Saviani


(2007), no que se refere ao ensino fundamental, foram previstas
três ações: a implantação da “Provinha Brasil”, destinada a avaliar
o desempenho em leitura e escrita das crianças de 6 a 8 anos de
idade, tendo como objetivo verificar se as crianças da rede pública
estão chegando aos 8 anos efetivamente alfabetizadas e letradas; a
segunda é o “Programa Dinheiro Direto nas Escolas”, que concederá,

85
Políticas e Gestão Educacional

a título de incentivo, um acréscimo de 50% de recursos financeiros


às escolas que cumprirem as metas do IDEB; e a terceira é o “Gosto
de Ler”, que pretende, por meio da Olimpíada Brasileira da Língua
Portuguesa, estimular o gosto pela leitura nos alunos do ensino
fundamental.

Procurando não exceder a linha de estudos previstos,


sumariamente, o PDE, consubstanciado no “Plano de Metas
Compromisso Todos Pela Educação”, está baseado, principalmente,
no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), tendo
os programas “Provinha Brasil” e “Piso do Magistério”, como
coadjuvantes.

O Decreto nº 6094/2007 que estabelece o “Plano de Metas”,


estruturalmente, trata em seu Capítulo I do estabelecimento de
28 metas para a melhoria na qualidade da educação; no Capítulo
II, sobre o IDEB; no Capítulo III, do termo de adesão voluntária
dos municípios, estados e Distrito Federal ao Compromisso; e no
Capítulo IV, sobre o Plano de Ações Articuladas (PAR) como requisito
para recebimento da assistência técnica e financeira aos entes
participantes do Compromisso.

É inegável que dentro de todas essas ações propostas,


a aprovação da Lei nº 11.464, de 20 de junho de 2007, que
“Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
– FUNDEB”, alguns meses depois da implantação do PDE e seu
“Plano de Metas”, foram elementos propulsores das políticas
públicas vigentes, pois permitiram o estabelecimento de relações
entre o IDEB, o investimento em avaliações externas e a definição
de um piso salarial do magistério como elemento “incentivador” aos
docentes que “se esforçarem e vestirem a camisa dessa política”.

Além disso, previsto no PDE e no “Plano de Metas Compromisso


Todos pela Educação” e efetivando-se apenas neste ano pelo
Decreto 6.755, de janeiro de 2009, implementa-se mais uma ação
prevista no PDE, a “Política Nacional de Formação dos Profissionais
do Magistério da Educação Básica” por meio do “Plano Nacional de
Formação do Professor da Rede Pública”. Este “Plano Nacional” tem
como objetivo oferecer na modalidade a distância ou presencial aos
professores em exercício na educação básica, formação inicial ou
continuada, em nível de graduação, para os que não possuírem a
formação mínima exigida pela LDB nº 9394/96, visando a melhoria

86
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

da qualidade da educação.

Realizados esses percursos pelos principais pressupostos


teóricos que fundamentam o Plano de Desenvolvimento da Educação,
fica evidente a complexidade das ações, ainda mais quando se tem
em mente que, considerando o IDEB como “essência” do PDE, a
obtenção dos níveis mais elevados de qualidade constituem-se no
entrelaçamento de políticas distintas, mas com fins semelhantes sob
a ótica do Plano, que não procura ocultar que seu interesse é antes
de tudo a elevação do IDEB.

Não se pode perder de vista, que apesar de considerarmos


o reducionismo de todo um “complexo de políticas educacionais
visando a qualidade” a um índice como IDEB, uma atitude puramente
tecnicista, neste caso, os desdobramentos estão sendo bastante
interessantes, ao ponto que se conjugam não apenas com foco
na avaliação externa, mas em diversas políticas educacionais,
contemplando desde a preocupação com a efetiva alfabetização
de crianças até os 8 anos de idade à formação dos profissionais do
magistério e seu piso salarial nacional, conquista histórica para a
categoria. Nas palavras de Saviani (2007):

Vê-se que o PDE representa um importante passo no


enfrentamento do problema da qualidade da educação básica.
Só o fato de pautar essa questão como meta da política
educativa e construir instrumentos de intervenção já se
configura como um dado positivo que precisa ser reconhecido.
Mas, em sua configuração atual, ainda não nos dá garantia de
êxito (SAVIANI, 2007, p. 1243).

Como afirmou em entrevista ao Caderno Mais! da Folha de


S. Paulo, de 29 de abril de 2007 (Saviani, 2007, p. 3), a lógica que
embasa a proposta do “Compromisso Todos pela Educação” pode
ser traduzida como uma espécie de “pedagogia de resultados” e
“qualidade total”: o governo se equipa com instrumentos de avaliação
dos produtos, forçando, com isso, que o processo se ajuste às
exigências postas pela demanda das empresas.

No entanto, como diz o mesmo autor, de fato, sob a égide da


qualidade total, o verdadeiro cliente das escolas é a empresa ou a
sociedade e os alunos são produtos que os estabelecimentos de
ensino fornecem a seus clientes.

Para que esse produto se revista de alta qualidade, lança-se


mão do “método da qualidade total” que, tendo em vista a satisfação

87
Políticas e Gestão Educacional

dos clientes, engaja na tarefa todos os participantes do processo,


conjugando suas ações, melhorando continuamente suas formas de
organização, seus procedimentos e seus produtos.

É isso, sem dúvida, que o movimento dos empresários fiadores


do “Compromisso Todos pela Educação” espera do Plano de
Desenvolvimento da Educação lançado pelo MEC.

O fato é que a busca da qualidade da educação não pode deixar


de ser permeada pelas “políticas da humanidade” e pela “ética do
gênero humano”, onde a valorização de todos os envolvidos no
processo educativo se configure na atuação decisiva de realmente
melhorar a qualidade da educação como meio de crescimento
plurilateral, inclusive do mercado de trabalho que tanto o almeja.

Fonte: PAZ, 2013, site.

Um país que tem como meta no Plano Nacional de Educação (PNE), Lei
nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, melhorar a qualidade de sua educação, é
necessário investir medidas avaliativas, uma vez que são elas que fornecem
indicativos sobre o que os alunos conhecem e sabem, ou seja, o resultado da
aprendizagem, bem como os reflexos que ocorrem fora e dentro da escola em
relação à aprendizagem dos alunos.

Lembre-se que o PNE tem duração de 10 anos e que a cada


decênio é ampliado e são discutidas novas metas. Veja as metas de
2011 a 2020 consultando o site:

http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/
noticias/12514/mec-divulga-plano-nacional-de-educacao-2011-2020.

O PNE reafirma a necessidade do Poder Público elaborar políticas que


abranjam os três elementos concomitantemente para atingir a universalização do
Ensino Fundamental:

[...] o ensino fundamental deverá atingir a sua universalização,


sob a responsabilidade do Poder Público, considerando a
indissociabilidade entre acesso, permanência e qualidade da
educação escolar. O direito ao ensino fundamental não se
refere apenas à matrícula, mas ao ensino de qualidade, até a
conclusão (BRASIL, 2012, site).
88
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

As avaliações de larga escala, apesar de criticadas e serem vistas As avaliações


muitas vezes de forma negativa por muitos professores, são formas de larga escala,
apesar de criticadas
de avaliar o currículo, a metodologia adotada, a gestão escolar. É
e serem vistas
um recurso que vem para fornecer subsídios e reestruturar a prática muitas vezes de
pedagógica das escolas, pois no momento que recebemos um forma negativa por
diagnóstico da aprendizagem dos alunos, podemos simultaneamente muitos professores,
avaliar como está o processo de ensinar. são formas de
avaliar o currículo,
a metodologia
Porém, “os resultados do SAEB indicam que a maioria dos alunos
adotada, a gestão
não consegue atingir os níveis mínimos esperados em cada nível de escolar.
ensino. Quanto mais elevado o nível de ensino, maior a distância entre a
realidade e o esperado” (OLIVEIRA e SCHWARTZMAN, 2002, p. 25).

As avaliações de aprendizagem, tanto em níveis nacionais, quanto


internacionais (PISA), têm em levantado dados sistemáticos que apontam que
os estudantes brasileiros concluem o Ensino Fundamental com uma defasagem
nos processamento de leitura e nas habilidades de matemática, bem como
conhecimentos científicos.

Você sabia: “que os resultados do SAEB indicam que o


concluinte médio de 8ª série domina os conteúdos esperados
de um aluno de 4ª série, e o concluinte médio de 4ª série mal
sabe decodificar as palavras que lê. Ambos são incapazes
de ler e compreender uma notícia de jornal, por exemplo.
Consequentemente, a esmagadora maioria dos concluintes da
8ª série não possui condição acadêmica para cursar escolas de
ensino médio com proveito” (OLIVEIRA e SCHWARTZMAN, 2002,
p. 25).

O IDEB, desde
Os dados dessas avaliações são comparáveis ao longo do tempo,
2007, é visto como
ou seja, pode-se acompanhar a evolução dos desempenhos das um indicador
escolas, das redes e do sistema como um todo. O IDEB, desde 2007, educacional
é visto como um indicador educacional indissociável às formulações de indissociável às
políticas avaliativas contemporâneas. formulações de
políticas avaliativas
contemporâneas.

89
Políticas e Gestão Educacional

IDEB – Índice de desenvolvimento da Educação Básica, criado


em 2007, agrega em um só indicador dois conceitos importantes:

• fluxo escolar;

• média de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo


INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira).

O IDEB vai de zero a dez, calculado a partir desses dois


componentes.

Com o IDEB é possível reconhecer dois pontos, que são: 1) se a escola


está retendo seus alunos para melhorar qualidade no Saeb ou na Prova Brasil;
2) se a escola está aprovando seus alunos sem ou com baixa qualidade de
aprendizagem. Uma vez que, se os retiver, o fator fluxo será alterado e se os
aprovar (sem conhecimento básico), o resultado da avaliação será baixo.

Observe a tabela a seguir e conheça o IDEB do ano de 2011, referentes ao


5º ano das redes estaduais:

Figura 26 - IDEB – 5° ano (2011)

Fonte: Disponível em: <http://turmadochapeu.com.br/minas-


90
gerais-melhor-educacao-brasil/>. Acesso em: 10 set. 2012.
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

Fique por dentro do IDEB de seu estado, município, e até da


escola de seu bairro. Consulte o site e conheça os dados referentes
ao ano de 2011. Disponível em: http://ideb.inep.gov.br/.

Algumas Considerações
Ao finalizar esse capítulo, esperamos que você tenha compreendido a
importância de uma escola democrática e o papel do conselho escolar nesse
contexto. Com as questões apresentadas neste texto, esperamos ter contribuído
para a sua reflexão, caro(a) pós-graduando (a), sobre as políticas públicas e seus
desdobramentos nos indicadores educacionais e os indicadores de qualidade das
escolas. O objetivo da avaliação externa é mapear os avanços e fragilidades da
educação escolar no Brasil, possibilitando que sejam traçadas ações em busca de
qualidade educacional.

No próximo capítulo iremos tratar sobre o processo de descentralização


dos recursos financeiros, visando identificar programas federais e os recursos
destinados diretamente para escola, bem como reconhecer a importância do
PDDE e dos Conselhos escolares para o âmbito educacional e, por fim, descrever
alternativas de gestão de recursos financeiros na escola.

Bons Estudos e até mais!

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de
outubro de 1998. Disponível em: <www.mec.gov.br/legis/default.shtm>. Acesso
em: 10 jan. 2013.

_____. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação a


Distância. Salto para o Futuro: Construindo uma escola cidadã, projeto
político-pedagógico. Brasília: SEED,1998.

_____. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei n. 9.394/96.


Disponível em: <www.mec.gov.br/legis/default.shtm>. Acesso em: 20 out. 2006.

91
Políticas e Gestão Educacional

_____. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais– SAEB: relatório


nacional 2003, Brasília, O Instituto, p.1-90 2006. Disponível em: <http:/www.inep.
gov.br>. Acesso em: 20 ago. 2012.

_____. Plano Nacional da Educação 2001 – 2010. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm>. Acesso em: 15 out.
2012.

CASTRO, Maria Helena Guimarães de. In. VELOSO, João Paulo dos Reis.
ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcante de (coordenadores) Um Modelo para a
Educação no século XXI. São Paulo: José Olympio, 1998.

LIBÂNEO. José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática.


Revista ampliada. Goiânia: Editora Alternativa, 2004.

LUIZ, M. C.; CONTI, C. Políticas Públicas Municipais: os conselhos escolares


como instrumento de gestão democrática e formação da cidadania. Campinas:
Editora da UNICAMP, 2007. Disponível em: <http://www.alb.com.br/anais16/
sem09pdf/sm09ss05_05.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2013.

MONLEVADE, João. Cinco princípios da democracia na escola. PROGRAMA


2, Anexo 1. In: Gestão democrática da educação. Ministério da Educação.
BOLETIM 19. OUTUBRO 2005. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/fotos/
salto/series/151253Gestaodemocratica.pdf>. Acesso em: 06 dez. 2012.

NAVARRO, Ignez Pinto et al. Conselho escolar, gestão democrática da


educação e escolha do diretor. Brasília: MEC-SEB, 2004.

OLIVEIRA, João Batista Araújo; SCHWARTZMAN, Simon. A escola vista por


dentro. Belo Horizonte: Alfa Educativa, 2002.

PAZ, Fábio Mariano da. O IDEB E A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO NO ENSINO


FUNDAMENTAL: FUNDAMENTOS, PROBLEMAS E PRIMEIRAS ANÁLISES
COMPARATIVAS. Revista Eletrônica. Disponível em:
<http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1953/2082>.
Acesso em: 10 jan. 2013.

POLATO, Amanda. Superando o atraso. Revista Nova Escola. nº 222, maio de


2009.

SCHWARTZMAN, Simon. Equidade e Qualidade da Educação Brasileira. São


Paulo: Moderna, 2008.

92
Capítulo 3 Construção da Democracia na Escola

VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org). Projeto Político-Pedagógico da escola:


uma construção possível. Campinas: Papirus, 1995.

WITTMANN, Lauro Carlos et al. Conselho Escolar como espaço de formação


humana: círculo de cultura e qualidade da educação. Brasília. MEC-SEB, 2006.

93
Políticas e Gestão Educacional

94
C APÍTULO 4
Gestão Financeira da Escola

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer sobre o processo de descentralização dos recursos financeiros.

� Identificar programas federais e os recursos destinados diretamente para


escola.

� Reconhecer a importância do Programa Dinheiro Direto na Escola PDDE e dos


Conselhos escolares para o âmbito educacional.

� Descrever alternativas de gestão de recursos financeiros na escola.


Políticas e Gestão Educacional

96
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Contextualização
Para iniciarmos as reflexões deste capítulo, trazemos o conceito de
gestão financeira, a qual cabe a análise e decisão sobre os meios financeiros
necessários a uma organização, ou seja, integra a utilização de recursos.
Desse modo, no contexto educacional, a gestão financeira tem basicamente
os mesmos princípios, resguardando-se as especificidades. No que se refere
ao  financiamento  de recursos, existem os instrumentos legais previstos pela
Constituição Federal/88 e LDBN 9394/96, que regem a gestão e distribuição
de recursos.

No capítulo precedente abordamos a importância de uma escola democrática,


além do papel do conselho escolar e refletimos sobre os indicadores educacionais.

Neste capítulo, além de tratarmos da descentralização de recursos,


identificaremos os programas federais e os recursos destinados diretamente para
escola, como por exemplo o Programa Dinheiro Direto na Escola, bem como
alternativas de gestão de recursos financeiros no âmbito escolar.

Descentralização
O Governo Federal implantou a descentralização com a criação do Programa
de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental- PMDE, no ano de
1995, e posteriormente o que denominamos de Programa Dinheiro Direto na
Escola - PDDE.

A descentralização financeira é a transferência de recursos entre uma


unidade gestora e suas beneficiárias. Dessa maneira, a escola ganha a condição
de determinar em que e como gastar a verba, a parceria com a comunidade
é fortalecida, sendo que um dos critérios para o repasse de recursos é a
transparência.

O Programa Dinheiro Direto na Escola é regido pela Lei n°


11.947, de 16 de junho de 2009, cujos recursos provenientes são
repassados às Entidades Executoras, sem fins lucrativos, instituída
por iniciativa da escola. Já a Resolução nº 3, de 1° de abril de 2010,
dispõe sobre os processos de adesão e habilitação e as formas de
execução e prestação de contas e dá outras providências.

97
Políticas e Gestão Educacional

LDBN 9394/96, no
A Lei de Diretrizes da Educação Básica – LDBN 9394/96, no Art.
Art. 15, estabelece
que 15, estabelece que
[...] os sistemas de
[...] os sistemas de ensino assegurarão às unidades
ensino assegurarão
escolares públicas de educação básica que os integram
às unidades progressivos graus de autonomia pedagógica e
escolares públicas administrativa e de gestão financeira, observadas as
de educação básica normas gerais de direito financeiro público.
que os integram
progressivos graus Desse modo, a escola passa a ter certo grau de autonomia,
de autonomia
pedagógica e ainda que parcial, devendo expandir progressivamente até o seu
administrativa e de pleno funcionamento, nas suas dimensões. Nesse sentido, o conselho
gestão financeira, escolar, que é formalizado dentro da escola com a participação de
observadas as
todos os segmentos, deve ser o maior aliado do gestor na construção
normas gerais de
direito financeiro dessa autonomia financeira. “O objetivo da educação pública é,
público. portanto, promover autonomia” (HADDAD, 2008, p.46).

Autonomia é a capacidade do indivíduo de tomar decisões


próprias, analisar e avaliar uma situação.

A política de descentralização do MEC começa pelo PDE- Plano de


Desenvolvimento da Educação e pelo FNDE- Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação – os quais compreendem as metas e os programas destinados à
Educação. Ambos executam as ações e políticas públicas de descentralização,
tanto de recursos como de orientação dos eixos norteadores da Educação Básica,
Superior, Profissional e Alfabetização.

A descentralização A descentralização visa a autonomia administrativa e financeira


visa a autonomia na execução das ações. Para isso, as instituições de ensino devem
administrativa seguir alguns princípios como: definição de prioridades, cálculo
e financeira na correto dos gastos, elaboração do orçamento geral, prestação de
execução das ações.
contas transparente e comprovação de gastos.

Estudos futuros: veremos cada um desses princípios mais


adiante.

98
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Para a sua administração, a escola cria um conselho representativo A escola pública,


e delibera sobre a aplicação. É importante uma gestão financeira como unidade
executora, deve
consciente e comprometida com a realidade escolar, e que o gestor
levar em conta os
a perceba como uma de suas competências. A escola pública, como 5 (cinco) princípios,
unidade executora, deve levar em conta os 5 (cinco) princípios, os quais são
os quais são estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal de estabelecidos
1988, e que regem a administração pública, sendo estes: legalidade, no art. 37 da
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Vamos conhecer, Constituição
Federal de 1988,
com mais detalhes cada um destes 5 princípios!!!
e que regem a
administração
• Legalidade: estar de acordo com o que prescreve a lei. Quando pública, sendo
esse princípio não é observado o gestor escolar está praticando atos estes: legalidade,
sem validade e se expondo à responsabilidade disciplinar, civil ou impessoalidade,
criminal, dependendo do caso. moralidade,
publicidade e
eficiência.
• Moralidade: pressupõe a aplicação de um conjunto de regras de
correta administração com predomínio da ética, em sintonia com a lei e de
interesse público.

• Impessoalidade: “Os atos devem atender aos interesses da comunidade, de


forma Impessoal”. (MOREIRA, 2008, p. 23).

• Publicidade: a aplicação dos recursos financeiros deve ser divulgada o mais


amplamente possível.

• Eficiência: este princípio faz menção à aplicação dos recursos de maneira


eficiente, fazer o máximo e melhor.

No que se refere à descentralização dos recursos, o Ministério da Educação


lançou o Plano de Ações Articuladas – PAR - cujas informações transcreveremos na
íntegra:

AVISO

A partir da edição da Lei Ordinária nº 12.695/2012, a União, por


meio do Ministério da Educação, está autorizada a transferir recursos
aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal, com a finalidade
de prestar apoio financeiro à execução das ações do Plano de Ações
Articuladas (PAR), sem a necessidade de firmar convênio, ajuste,
acordo ou contrato.

99
Políticas e Gestão Educacional

Dessa forma, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da


Educação (FNDE) passa a utilizar o termo de compromisso para
executar a transferência direta, prevista na referida lei, para a
implementação das ações pactuadas no PAR, considerando as
seguintes dimensões do plano:

I. Gestão Educacional;

II. Formação de Profissionais de Educação;

III. Práticas Pedagógicas e Avaliação; e,

IV. Infraestrutura e Recursos Pedagógicos.

A assistência financeira, ora mencionada, é concedida segundo


os critérios técnicos estabelecidos para o PAR e regulamentada
segundo a Resolução CD/FNDE Nº 14, de 8 de junho de 2012.

Em atenção à Lei nº 11.578, de 26 de novembro de 2007,


o FNDE compromete-se a apoiar as ações relativas ao PAC 2 –
Educação, especificamente para as ações abaixo descritas:

I. Proinfância – construção de unidades de educação infantil;

II. Construção de quadras escolares; e,

III. Cobertura de quadras escolares.

A Resolução CD/FNDE Nº 13, de 8 de junho de 2012,


disciplina os critérios da transferência automática no âmbito do PAC
2 – Educação para a qual o FNDE utiliza, como instrumento de
pactuação, o termo de compromisso com entes federados.

Em atendimento à Lei nº 12.527/2011 e a fim de dar transparência


aos procedimentos de transferências automáticas, esta autarquia
disponibilizará no seu portal todas as informações constantes dos
termos de compromissos.

Fonte: BRASIL. Plano de Ações Articuladas (PAR).


Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/par/
par-apresentacao>. Acesso em: 24 dez. 2012.

100
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Com o exposto, percebe-se que o Plano de Desenvolvimento O Plano de


da Educação – PDE - condicionou a descentralização de recursos Desenvolvimento
à assinatura, pelos estados, Distrito Federal e municípios, do plano da Educação –
de metas Compromisso Todos pela Educação. Dessa maneira, ao PDE - condicionou
assinar a adesão, todos os 5.563 municípios, os 26 estados e o Distrito a descentralização
de recursos
Federal devem elaborar o Plano de Ações Articuladas - PAR.
à assinatura,
pelos estados,
Trata-se, portanto de um planejamento da política de educação, Distrito Federal
coordenado pelas secretarias municipal e estadual de educação, e municípios, do
elaborado com a participação de gestores, de professores e da plano de metas
comunidade local. Para entender melhor esse plano de metas, Compromisso
Todos pela
apresentamos um texto de autoria de Fernando Haddad, que reflete
Educação.
sobre questões ligadas à Educação e suas políticas.

O PLANO DE METAS:
PLANEJAMENTO E GESTÃO EDUCACIONAL

Esse padrão de relacionamento requer instrumentos jurídicos


que permitam inaugurar um novo regime de colaboração. Um
compromisso fundado em diretrizes e consubstanciado em um plano
de metas concretas, efetivas, voltadas para a melhoria da qualidade
da educação.

Logo após a divulgação dos resultados da Prova Brasil, em


2006, dois estudos foram realizados em parceria com organismos
internacionais, em escolas e redes de ensino cujos alunos
demonstraram desempenho acima do previsto, consideradas
variáveis socioeconômicas. O objetivo central dos estudos era
identificar um conjunto de boas práticas às quais poderia ser
atribuído o bom desempenho dos alunos. Essas boas práticas foram
traduzidas em 28 diretrizes que orientam as ações do Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educação, programa estratégico do PDE.

Estabelecer como foco a aprendizagem; alfabetizar as crianças


até, no máximo, os oito anos de idade; acompanhar cada aluno da rede
individualmente; combater a repetência, por estudos de recuperação
ou progressão parcial; combater a evasão; ampliar a jornada;
fortalecer a inclusão educacional das pessoas com deficiência;
promover a educação infantil; instituir programa de formação e
implantar plano de carreira, cargos e salários para os profissionais
da educação; valorizar o mérito do trabalhador da educação; fixar

101
Políticas e Gestão Educacional

regras claras, considerados mérito e desempenho, para nomeação


e exoneração de diretor de escola; promover a gestão participativa
na rede de ensino; fomentar e apoiar os conselhos escolares etc.
Tais diretrizes foram desdobradas de evidências empíricas que as
legitimam. E a adesão ao Plano de Metas significa mais do que o
reconhecimento dessas diretrizes. Significa o compromisso dos
gestores municipais com sua concretização no plano local.

O Plano de Metas, por sua vez, agrega ingredientes novos ao


regime de colaboração, de forma a garantir a sustentabilidade das
ações que o compõem. Convênios unidimensionais e efêmeros dão
lugar aos planos de ações articuladas (PAR), de caráter plurianual,
construídos com a participação dos gestores e educadores locais,
baseados em diagnóstico de caráter participativo, elaborados a
partir da utilização do Instrumento de Avaliação de Campo, que
permite a análise compartilhada do sistema educacional em quatro
dimensões: gestão educacional, formação de professores e dos
profissionais de serviço e apoio escolar, práticas pedagógicas e
avaliação e infraestrutura física e recursos pedagógicos. O PAR é,
portanto, multidimensional e sua temporalidade o protege daquilo
que tem sido o maior impeditivo do desenvolvimento do regime de
colaboração: a descontinuidade das ações, a destruição da memória
do que foi adotado, a reinvenção, a cada troca de equipe, do que já
foi inventado. Em outras palavras, a intermitência. Só assim se torna
possível estabelecer metas de qualidade de longo prazo para que
cada escola ou rede de ensino tome a si como parâmetro e encontre
apoio para seu desenvolvimento institucional.

Além da atuação na rede de ensino, o PDE permitirá uma


incidência ainda mais específica: permitirá que o Poder Público,
com base no IDEB, atue nas escolas mais fragilizadas. Trata-se do
Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola), antiga ação do
Ministério da Educação que, de abrangência restrita, ganhou escala
nacional. O PDE -Escola é uma ação de melhoria da gestão escolar
fundamentada centralmente na participação da comunidade. No
PDE - Escola, a comunidade escolar é diretamente envolvida em
um plano de autoavaliação que diagnostica os pontos frágeis da
escola e, com base nesse diagnóstico, traça um plano estratégico
orientado em quatro dimensões: gestão, relação com a comunidade,
projeto pedagógico e infraestrutura. O plano estratégico define
metas e objetivos e, se for o caso, identifica a necessidade de aporte
financeiro suplementar.

102
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Por fim, o SAEB ganhou contornos de sistema de avaliação, que


se constitui, num primeiro momento, da combinação dos resultados
da avaliação universal de desempenho escolar (Prova Brasil) com o
rendimento escolar real (Educacenso). Não se compreende o novo
desenho do SAEB, entretanto, se não se considera o Instrumento
de Avaliação de Campo, formulado a partir das 28 diretrizes do
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. O SAEB, nos
moldes atuais, ao estabelecer nexos entre seus três elementos
constituintes, rompe com a visão fragmentada de avaliação e passa
a orientar o apoio financeiro da União (transferências voluntárias) e o
apoio técnico do Ministério da Educação aos sistemas educacionais
(gestão educacional). Avaliação, financiamento e gestão se articulam
de maneira inovadora e criam uma cadeia de responsabilização pela
qualidade do ensino que abrange tanto os gestores, do diretor ou da
diretora da escola ao Ministro da Educação, quanto a classe política,
do prefeito ou da prefeita ao Presidente da República.

Fonte: HADDAD Fernando. O Plano de Desenvolvimento da


Educação: razões, princípios e programas. MEC, 2007, p. 27.

Atividade de Estudos:

1) Conforme o texto apresentado, o Plano de Metas Compromisso


Todos pela Educação, um programa estratégico do PDE, possui
várias finalidades. Quais são elas?
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103
Políticas e Gestão Educacional

Identificando e Planejando os
Recursos Financeiros da Escola
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação é o órgão responsável
pela captação e distribuição de recursos financeiros a programas destinados ao
Ensino. Ao financiar e executar esses programas, o FNDE beneficia milhões de
estudantes e contribui para um ensino de qualidade nas escolas públicas. Para
a compreensão das ações dessa autarquia, elencamos os demais programas
conforme apresentado pelo FNDE.

FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


DA EDUCAÇÃO - FNDE

• PNA - Programa Nacional de Alimentação Escolar: criado com


o intuito de garantir os recursos financeiros para a alimentação
escolar a alunos de instituições públicas e filantrópicas de
Educação Infantil (creches e pré-escolas), Ensino Fundamental
e Educação Indígena.

• PNBE - Programa Nacional Biblioteca da Escola: tem como


objetivo a aquisição e a distribuição de livros de Literatura
brasileira, estrangeira, infanto-juvenil e clássica, de pesquisa,
de referência e de outros materiais de apoio — como atlas,
enciclopédias, globos e mapas — para as escolas do Ensino
Fundamental da rede pública.

• PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO: criado em 2003, tem


como meta eliminar o analfabetismo no País. É coordenado
pelo Ministério da Educação, que repassa recursos para que
as instituições possam desenvolver a tarefa de ensinar a ler e
escrever, além de acompanhar e avaliar todas as ações dos
conveniados.

• PROGRAMA DE APOIO AOS SISTEMAS DE ENSINO PARA


ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
os subsídios deste programa servem exclusivamente para
assistência financeira para aquisição de livro didático destinado
aos alunos adultos; contratação temporária de professores
quando necessária a ampliação do quadro; formação continuada

104
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

de docentes; e aquisição de gêneros alimentícios.

• ESCOLA ABERTA: tem o objetivo de promover melhorias na


qualidade da educação do país, ampliando as oportunidades de
acesso a atividades educativas, culturais, esportivas, de lazer e
de geração de renda por meio da abertura de escolas públicas
nos fins de semana.

PNLD – Programa Nacional do Livro Didático e PNLEM -


Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio: visam
distribuir gratuitamente obras didáticas para todos os alunos do
Ensino Fundamental e Médio da rede pública de ensino.

• PROMED - Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio:


tem como meta melhorar a qualidade e a eficiência do ensino
médio, expandir sua cobertura e garantir maior equidade social.

• PNATE - Programa Nacional de Apoio ao Transporte do


Escolar: promove, mediante contribuições financeiras para
municípios e organizações não-governamentais, a aquisição
de veículos automotores, zero quilômetro, destinados ao
transporte diário de estudantes de escolas públicas de Ensino
Fundamental residentes em áreas rurais e de instituições de
Ensino Fundamental que atendam a alunos com necessidades
educacionais especiais.

• PROINFÂNCIA - Programa Nacional de Reestruturação e


Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil:
faz parte de uma das ações do Plano de Desenvolvimento
da Educação (PDE) do Ministério da Educação. Os recursos
são destinados à construção, melhoria da infraestrutura,
reestruturação e aquisição de equipamentos e mobiliários para
creches e pré-escolas públicas da Educação Infantil.

Fonte: Disponível em: <http://www.fnde.gov.br>.


Acesso em: 07 nov. 2012.

105
Políticas e Gestão Educacional

Atividade de Estudos:

1) Com base no que foi exposto, qual o objetivo do Governo Federal


em implantar a descentralização de recursos para a Educação?
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O Pdde e o Conselho Escolar:


Alternativas de Gestão de Recursos
Financeiros
O Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE – existe desde 1995 e faz
parte dos recursos do Ministério da Educação repassados pelo Fundo Nacional
para o Desenvolvimento da Educação – FNDE diretamente às escolas estaduais
e municipais do ensino fundamental com mais de 20 (vinte) alunos matriculados,
além de escolas de educação especial. Os recursos são transferidos
independentemente de convênio, de acordo com o número de alunos informados
no Censo Escolar do ano anterior ao do repasse.

A transferência é via A transferência é via conta corrente do Conselho Escolar


conta corrente do
da Unidade Executora, que utilizará o recurso de acordo com as
Conselho Escolar da
Unidade Executora, decisões da comunidade. O Programa Dinheiro Direto na Escola
que utilizará o (PDDE) é destinado às esferas federal, municipal e estadual de
recurso de acordo governo e também à comunidade escolar. Esta desenvolve ações
com as decisões da com vistas à melhoria da infraestrutura física, pedagógica e à gestão
comunidade. escolar, contribuindo para elevar os índices de desempenho da
106
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

educação básica. São, portanto, recursos que podem ser aplicados na aquisição
de material permanente e de consumo; manutenção, conservação e pequenos
reparos; capacitação e aperfeiçoamento de professores, dentre outros projetos.
“O PDDE é um importante meio para que a escola consiga resolver rapidamente
pequenos problemas de infraestrutura, de falta de equipamentos e recursos
pedagógicos. Além disso, favorece a discussão sobre quais são as prioridades da
escola” (HADDAD, 2007, p. 65).

ENTENDENDO O PDE ESCOLA ...

Diferentemente do PDDE que contempla todas as unidades


públicas, o PDE Escola é um programa de apoio à gestão escolar,
baseado no planejamento participativo. Para as escolas priorizadas
pelo programa, o MEC repassa recursos financeiros visando apoiar a
execução de todo ou de parte do seu planejamento.

O PDE Escola surgiu através do Fundescola, cujo objetivo era


melhorar a gestão escolar, a qualidade do ensino e a permanência
das crianças na escola. Naquele momento, o então Plano de
Desenvolvimento da Escola era constituído de um programa que
previa realização de um planejamento estratégico.

Em 2006, após a divulgação dos resultados da primeira


rodada do IDEB, o Ministério da Educação entendeu que seria
necessário criar um mecanismo que envolvesse diretamente as
escolas com os IDEBs frágeis, optando-se então pela adoção do
PDE Escola. A principal alteração foi a mudança no critério de
definição do público-alvo, foi a adoção do IDEB como parâmetro,
o que significou incluir todas as escolas públicas que se
enquadrassem nos critérios definidos.

A expansão do PDE Escola envolveu a mobilização de


diversos atores, em especial das secretarias de educação estaduais
e municipais. [...] Os recursos são repassados por dois anos
consecutivos e destinam-se a auxiliar a escola na implementação
das ações indicadas nos planos validados pelo MEC. Os valores,
transferidos para as Unidades Executoras das escolas são definidos
em função do número de matrículas do Censo Escolar do ano
anterior, variando de acordo com as faixas definidas nas Resoluções
publicadas pelo FNDE.

A ferramenta utilizada pelas escolas para realizar o seu


107
Políticas e Gestão Educacional

planejamento é o PDE Interativo, um módulo disponível no SIMEC.


O PDE Interativo foi desenvolvido com base na metodologia do
PDE Escola, mas a partir de 2012 todas as escolas públicas do país
poderão utilizá-lo – mesmo aquelas que não foram priorizadas pelo
PDE Escola, ou seja, que não receberão recursos federais desse
programa.

O PDE Interativo vem atender às solicitações encaminhadas


por diversas secretarias de educação que desejavam utilizar a
metodologia de planejamento do PDE Escola em toda a sua rede,
independente do repasse de recursos federais.

Fonte: Disponível em: <http://pdeescola.mec.gov.br/index.php?


option=com_content&view=article&id=51&Itemid=2>.
Acesso em: 08 nov.2012.

Gestão Financeira:
Competência da Escola Pública
A autonomia faz menção aos recursos financeiros que chegam a escola, quer
do Governo Federal ou aqueles angariados com promoções da comunidade local,
sendo de responsabilidade da gestão a manutenção e o bom funcionamento, da
escola, dentro desse processo de descentralização.

É necessário que o É necessário que o gestor conheça na íntegra a situação da


gestor conheça na escola e de seu entorno. Primeiramente, do que a escola dispõe
íntegra a situação
em recursos financeiros e de quanto necessita. Depois, conhecer
da escola e de seu
entorno. a economia da comunidade, para identificar as possíveis fontes
alternativas. Tais fontes podem estar ligadas aos pais de alunos,
ao comércio local, a indústrias, agentes comunitários, visando à parceira. Esse
diagnóstico da escola e do contexto comunitário facilita ao gestor a captação
de recursos privados, que, somados aos públicos, favorecem a realização do
trabalho educativo.

A aplicação de recursos financeiros na escola está veiculada às diretrizes


que orientam o sistema de administração pública. É preciso observar o que
estabelece a legislação de financiamento de ensino, e as normas de transferência
e aplicação de recursos.

Desse modo os programas federais determinam critérios para as


transferências e a aplicação dos recursos financeiros e dependem de um
108
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

plano. Desse modo, o gestor pode realizar de forma eficaz a gestão financeira
da sua unidade escolar. Além disso, é preciso atenção nos procedimentos de
acompanhamento e supervisão, para que os recursos orçamentários e financeiros
sejam utilizados corretamente de acordo com o plano de aplicação.

Atividade de Estudos:

1) O PDE Escola é mais um programa de apoio à gestão escolar,


baseado no planejamento participativo. Qual é o parâmetro
utilizado pelo MEC para a transferência de recursos?
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Posteriormente serão explanados os itens que devem ser


previstos no plano de aplicação dos recursos financeiros.

A prestação de contas deve ser efetuada com especial atenção aos


cheques emitidos, às notas fiscais de gastos realizados e aos recibos de serviços
prestados, pois constituem o registro da gestão financeira realizada. Para isso, o
gestor deve acompanhar e arquivar para a prestação de contas.

Em todas as compras deve ser exigida a nota fiscal de venda ao


consumidor ou a nota fiscal de serviços. A nota fiscal deve conter o
nome da pessoa que atesta o recebimento, RG, CPF e assinatura do
mesmo. O pagamento será feito com cheque nominal e cruzado.

109
Políticas e Gestão Educacional

É função do gestor compreender a escola como parte do sistema, e que a


prestação contas das despesas que foram realizadas com recursos públicos é
parte integrante. Já com relação à prestação de contas de recursos financeiros
captados no setor privado, a escola deve atender aos critérios estabelecidos pela
instituição que os financiou. Nessa perspectiva, a comunidade escolar também
deve ter conhecimento de todas as despesas realizadas e de todas as aplicações
feitas em benefício da escola.

A participação do Conselho Deliberativo Escolar é primordial, devendo estar


atento à prestação de contas e em consonância com o gestor, mediador deste
processo, que apresenta o valor dos recursos recebidos e com o que foi gasto.
Por isso, a importância de se manter a organização e o compromisso em todos os
procedimentos financeiros da escola.

Atividade de Estudos:

1) Em relação à prestação de contas dos recursos transferidos à


escola, sejam eles públicos ou privados, qual deve ser a postura
do gestor?
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Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Como Gerenciar os Recursos


Financeiros na Escola?
Para Paro (1997, p. 10 -11),

[...] conferir autonomia à escola deve consistir em conferir


poder e condições concretas para que ela alcance objetivos
educacionais articulados com os interesses das camadas
trabalhadoras. E isso não acontecerá jamais por concessão
espontânea dos grupos no poder. Essa autonomia, esse
poder, só se dará como conquista das camadas trabalhadoras.
Por isso é preciso, com elas, buscar a reorganização da
autoridade no interior da escola.

Pensar em autonomia da escola para gerenciar recursos financeiros nos


remete a pensar em descentralização financeira, em gestão democrática da escola
pública, como espaços articulados de construção diária. A democracia como uma
estratégia de gestão e de adaptação da escola às condições do contexto em que
está inserida viabiliza uma maior agilidade no atendimento das fragilidades da
comunidade.

A autonomia da escola pode ser adotada como uma técnica de gestão, não
podendo ser imposta às escolas, mas como uma possibilidade para se alcançar
os objetivos propostos. Quando falamos em autonomia, estamos defendendo
a possibilidade de pensar coletivamente, de administrar independentemente,
ter a liberdade de planejar as ações e construir o projeto-político-pedagógico,
retratando a cara da instituição. Porém, autonomia é um conceito relacional, ou
seja, tem momentos em que somos mais ou menos autônomos, podendo ser
autônomos em algumas coisas e em outras não.
O diretor da
escola, não está
O diretor da escola, não está sozinho, e não deve administrar sozinho, e não
sozinho, mas pensar processos de organização e mecanismos de deve administrar
participação da comunidade escolar: juntamente com supervisores, vice- sozinho, mas
diretor, professores, pais, merendeiras... somando-se a outras entidades pensar processos
de organização
representativas da escola, tais como a Caixa Escolar, a Associação de
e mecanismos
Pais e Mestres (APM), o Conselho Escolar (CE) ou outro órgão similar de participação
a estes, desde que representem, juridicamente, os estabelecimentos da comunidade
públicos. A partir da constituição dessas entidades, o MEC lança mão escolar: juntamente
de uma estratégia de cooptação dos membros da comunidade escolar com supervisores,
na implementação de uma política de descentralização financeira, vice-diretor,
professores, pais,
argumentando a participação decisiva destes membros na aplicação
merendeiras...
e controle do dinheiro público em direção à melhoria da qualidade do somando-se a
ensino. outras entidades
representativas
da escola.

111
Políticas e Gestão Educacional

Atividade de Estudos:

1) Reflita sobre a imagem a seguir e a afirmação: “educação é um


ato coletivo”.

[...] ninguém educa ninguém e ninguém se educa


sozinho. A educação deve ser um ato coletivo, solidário
– um ato de amor, não pode ser imposta. Educar é uma
tarefa de trocas entre pessoas e, se não pode ser nunca
feita por um sujeito isolado [...] Há sempre educadores-
educandos e educandos-educadores. De lado a lado se
ensina. De lado a lado se aprende (BRANDÃO, 2006,
p. 21-22).

Figura 27 – Trabalho colaborativo

Fonte: Disponível em: <http://coworking-farialima.com.br


/2011/04/coworking-colaboracao-nao-e-apenas-reducao-
de-custo/#begin>. Acesso em: 20 jan. 2013.

Agora, registre sua opinião sobre a importância da participação


social na escola para a elevação da qualidade do ensino.
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Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

A participação social na escola, segundo pesquisas, tem


se mostrado como importante mecanismo de elevação da
qualidade do ensino e o PDDE reforça tal participação. A
aderência, o engajamento e a aprovação do PDDE pela
comunidade escolar convertem o programa de governo em
uma ação da sociedade (BRASIL, 2002, p. 224).

Como pessoa jurídica, essas entidades possuem autonomia para


exercer direitos e contrair obrigações com os recursos recebidos de órgãos
governamentais, de entidades públicas e privadas, doações e outros. Para tanto,
necessitam respeitar algumas etapas:

Figura 28 - Etapas de gerenciamento de prioridades

Fonte: As autoras.

a) Definir Prioridades

Para definir as
Para definir as prioridades é preciso ter uma visão geral
prioridades é
das necessidades da escola, para não ficar somente “apagando preciso ter uma
incêndios”. É necessário a efetivação do Conselho Escolar nas visão geral das
Unidades de Ensino, para obter uma representação do todo escolar necessidades
com reuniões de representantes de professores, funcionários, equipe da escola.
gestora, estudantes, pais e comunidade para definir prioridades.

RECURSOS FINANCEIROS DA ESCOLA E O


CONSELHO ESCOLAR: PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E
ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES

A escola é instituição social criada pelos homens tendo como


objetivo a for­mação humana, a socialização dos saberes construídos
historicamente, como também a construção de novos saberes. Para
atingir os objetivos para os quais foi criada, a escola precisa, por

113
Políticas e Gestão Educacional

meio dos atores nela envolvidos, planejar suas ações e estabelecer


prioridades para que possa desenvolver as ações planejadas e
cumprir a finalidade para qual foi criada.

A educação, se entendida como a apropriação da cultura,


historicamente produzida pelo homem, e a escola, enquanto
locus privilegiado de produção sistematizada do saber, precisam
ser organizadas no sentido de que suas ações, que devem ser
eminentemente educativas, atinjam os objetivos da instituição de
formar sujeitos concretos, ou seja, sujeitos que tenham condições de
par­ticipar crítica e criativamente da sociedade em que estão inseridos.
Assim, a escola, enquanto instituição dotada de especificidades que
tem como principal objetivo a formação de sujeitos, deve ter a sua
gestão pautada nessa especifi­cidade, não devendo perder de vista
que a sua administração é dotada de um caráter eminentemente
político-pedagógico.

Se o princípio básico da administração ou gestão é a coerência


entre meios e fins, a forma de gestão da instituição escolar não
deve divergir das finalidades estabelecidas. Isso significa que se a
escola é o espaço privile­giado de formação humana e socialização
do saber sistematizado e que a construção desse saber pressupõe a
participação de todos os sujeitos en­volvidos no processo educativo,
como condição básica para que a formação se concretize, a
gestão dessa instituição precisa ser transparente, contando com a
participação de todos.

Para que esse processo seja consolidado, é fundamental que


sejam cria­dos mecanismos de participação, tornando a gestão mais
democrática, que as prioridades sejam estabelecidas pelo conjunto
daqueles que participam direta e indiretamente da comunidade local
e escolar e que as ações sejam planejadas coletivamente. Isso
quer dizer que o coletivo da escola deve participar da definição das
prioridades, dos objetivos e de como eles serão atingidos, quais
os recursos disponíveis para se alcançar esses objetivos, como
e onde as verbas recebidas pela escola serão aplicadas e o que
pode ser feito para alocação de novas verbas. Nessa perspectiva,
o planejamento “é o processo mediante o qual procura-se definir
claramente o que fazer e como fazer, visando à utilização racional dos
recursos disponíveis para que, com eficiência, eficácia, efetividade
e humanização, os objetivos pretendidos possam ser atingidos”
(PÓLLO, 2000, p. 444).

114
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Para que esse processo se efetive, é necessário que o


estabelecimento das prioridades e o planejamento das ações contem
com a participação do público interessado nos seus resultados. No
caso da escola, esse público é formado por professores e demais
servidores administrativos, equipe gestora, estudantes, pais e
comunidade em geral. O planejamento participativo visa não só
democra­ tizar as decisões, mas, fundamentalmente, estabelecer o
que é prioritário para os atores envolvidos e constitui-se um ato de
cidadania, na medida em que esse processo possibilita a definição
da concepção de homem, de educação e de mundo com os quais a
escola deve trabalhar.

Fonte: Dourado (2006, p. 58 – 60).

Como o planejamento participativo visa elencar as prioridades,


faz-se necessário pensar o que é imprescindível para o momento e
para o futuro:

• Investir em materiais?

• Obras de reparo?

• Formação de professores?

As respostas e opiniões das pessoas envolvidas formam uma


lista e cada item ganha uma ordem de urgência antes da distribuição
dos recursos, logo é preciso calcular os gastos.

Atividade de Estudos:

1) Pesquise, leia e elabore um conceito sobre as diferenças entre


comunidade local e comunidade escolar, elencando os atores de
cada segmento.
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Políticas e Gestão Educacional

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Quanto mais
b) Calcular os Gastos
detalhado for o
planejamento,
melhores serão os Quanto mais detalhado for o planejamento, melhores serão
resultados. Distribuir os resultados. Distribuir recursos é como servir um bolo. Alguns
recursos é como investimentos requerem um pedaço maior, e outros, um menor.
servir um bolo.
Alguns investimentos Figura 29 - Bolo
requerem um pedaço
maior, e outros, um
menor.

Fonte: Disponível em: <http://www.simplesmentedelicia.


com/?m=200809&paged=3>. Acesso em: 10 nov. 2012.

Para calcular corretamente cada fatia (os gastos) do orçamento e


compreender como melhorar a receita da escola, é preciso ter referência.

Lembramos que a escola pública deve seguir as normas da


Lei de Licitações. Essa legislação estabelece que, de acordo com
os valores e o tipo de gasto, existe a obrigatoriedade de haver
uma ação que permita a comparação de preços, ou seja, analisar
a concorrência, tomada de preços ou carta-convite antes da
contratação do serviço ou da compra de material. Por menor que
seja o gasto realizado pela escola, o processo referente a ele deve
conter, no mínimo, três orçamentos registrados.

116
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Uma dica para saber como dividir o orçamento é adquirir


parâmetros. Desta forma, sugere-se levantar nas pastas da escola o
histórico de gastos de três ou quatro meses do ano anterior e fazer
uma média de quanto cada área demandou (informática, recursos
humanos, material etc).

Tratando das fontes e os sistemas de aplicação de recursos nas escolas


públicas, sugere-se a construção de plano de aplicação de recursos, contendo:

• o título projeto;

• o período de execução (início/ térmico);

• identificação do objeto (com o que será gasto);

• justificativa da proposição (explicar a necessidade de se gastar com


que objetivo);

• cronograma de execução (meta, etapa ou fase);

• plano de aplicação (valor em R$);

• cronograma do desembolso (data e valor em R$ que serão gastos em


recursos).

Assim, o gestor atua com competência e sente-se mais seguro para realizar
de forma mais eficaz a gestão financeira da sua unidade escolar.

Outro item
fundamental a
c) Prestação de Contas um gestor é a
prestação de
Outro item fundamental a um gestor é a prestação de contas, a contas, a escola
escola necessita prestar contas dos gastos à Secretaria de Educação necessita prestar
contas dos gastos
à qual é vinculada, aos parceiros que financiam projetos e às demais
à Secretaria de
pessoas da comunidade escolar. Os balanços financeiro e orçamentário Educação à qual
são obrigatórios, conforme determina o artigo 70 da Constituição é vinculada, aos
Federal/88. parceiros que
financiam projetos e
às demais pessoas
da comunidade
escolar.

117
Políticas e Gestão Educacional

DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA


E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou


jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie
ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a
União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998).

Fonte: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 12 jan. 2013.

O relatório de
prestação de O relatório de prestação de contas precisa ser organizado e
contas precisa aprovado pelo conselho fiscalizador da escola antes de ser divulgado
ser organizado para a Secretaria Municipal de Educação e aos demais membros da
e aprovado pelo
conselho fiscalizador comunidade escolar.
da escola antes de
ser divulgado para a A divulgação para os pais pode se dar por meio de reunião de
Secretaria Municipal pais, jornal mensal ou mural escolar, pois numa gestão democrática a
de Educação e aos
demais membros da comunidade necessita estar informada dos investimentos realizados
comunidade escolar. em benefício da escola e dos alunos.

Alguns recursos requerem preenchimentos de formulários


de prestação de contas específicos, como é o caso do dinheiro do
PDDE, esses formulários estão disponíveis no site do FNDE (www.
fnde.gov.br).

118
Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

Sugestões para ter o caixa da escola em ordem:

• Separar verba para despesas atuais e para gastos futuros.

• Organizar os documentos e as notas fiscais em pastas próprias e


em ordem cronológica.

• Atualizar a prestação de contas com frequência.

• Mostrar aos pais e aos funcionários de onde vem o dinheiro que


a escola recebe.

• Explicar à comunidade onde e como se aplica a verba.

• Discutir e analisar o orçamento e as prioridades de compra com a


comunidade escolar.

Vemos que precisamos ampliar nossos conhecimentos, adquirir algumas


habilidades relacionadas à gestão e organização de recursos financeiros, como
elaborar planos de aplicação, quadros demonstrativos de despesas, planilhas
e prestação de contas. A formação continuada dos gestores é uma política do
governo federal deve ser uma ação da Secretaria de Educação de cada município.
Os programas de formação são oferecidos pelo MEC em parceria com os
governos estaduais (GERED). O PDE interativo exige uma formação específica
e essa é propiciada pelo MEC. Muitas secretarias propiciam a formação dos
gestores para que tenham a habilidades necessárias para exercer sua função.
É importante ressaltar que se a prestação de contas do dinheiro da Unidade
Escolar não estiver correta, o Município não recebe as verbas no próximo ano. É
uma responsabilidade muito grande do gestor escolar. A maioria das Secretarias
municipais tem setor próprio para dar suporte às suas unidades de ensino. Isso
porque os conteúdos tratados não esgotam o assunto. Porém, são fundamentais
para uma gestão financeira organizada, comprometida e conhecedora de
procedimentos eficazes, como: o posicionamento da escola no sistema de ensino;
os princípios da administração pública; as fontes de financiamento da educação
básica; as etapas da gestão financeira (planejamento) e, também, outras
possibilidades de arrecadar recursos financeiros por meio das parcerias que a
escola pode estabelecer até mesmo com empresas privadas.

Assim, o gestor, estará atuando como multiplicador de competências em


gestão de recursos financeiros, além de proporcionar um ensino de qualidade
com transparência e compromisso.
119
Políticas e Gestão Educacional

Algumas Considerações
Com base nas reflexões feitas neste caderno de estudos, percebe-se na
gestão escolar do atual contexto educativo uma nova forma de organização e de
gerenciamento da instituição. No cotidiano da escola é comum ocorrerem entraves
que dificultam a verdadeira finalidade: a preocupação com o aluno e o processo
de ensino e aprendizagem. Contudo, em meio a alguns avanços e retrocessos,
em meio à escassa reflexão dos seus agentes, a escola atual tenta pôr em prática
o modelo de educação que se deseja construir.

Quanto à democratização, é primordial a elaboração da proposta político-


pedagógica com a participação de todos os envolvidos, ou seja, pais, alunos,
professores e equipe gestora, ou seja, de acordo com a concepção de gestão
escolar democrática, cujos sujeitos estejam interessados em construir um trabalho
educacional comprometido com uma educação pública de qualidade social.

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 12 jan. 2013.

_____. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Plano de


Ações Articuladas. (PAR). 2010. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.
php/programaspar>. Acesso em: 12 nov. 2012.

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Capítulo 4 Gestão Financeira da Escola

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SCHUCH, Cleusa Conceição Terres. Gestão financeira de duas escolas


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– Fortaleza: Liber Livro, 2008.

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