Reforma Protestante Artigo para Revisão
Reforma Protestante Artigo para Revisão
Reforma Protestante Artigo para Revisão
1. INTRODUÇÃO
O período da reforma prostestante se tornou um marco sociocultural
efervescente para uma gama expressiva da sociedade religiosa. 31 de outubro urra
um símbolo de liberdade, mudança e acima de tudo "fé" nos corações daquele que
divulgam com trombetas os "5 Solas" mais famosos ao longo de 505 anos de eventos
grandiosos e diversos que promoveram reformas e trouxeram novos ares para um
sistema feudal dominado pelo catolicismo. Para compreensão deste período
devemos adentrar o túnel do tempo, precisamente retornamos para o século XIII,
navegarmos nas águas do século XIV, enquanto procuramos não naufragar a
embarcação que ruma para o final do século XV e começo do século XVI.
O fim da época medieval foi marcado por crises, na realidade "crise" é a
palavra-chave para a ebulição das reformas protestantes. Assim como um "coach"
moderno nos incentiva ao dizer "Se reinvente em meio às crises", a história parece
também preparar elementos diversos para uma reformulação do modelo medieval,
caracterizado pela feudalismo, sistema onde havia uma grande centralidade na
hierarquia, ao qual não era passível de mudança, assim tecendo poderes fixos, ao
qual a igreja se torna a cabeça do mundo e reis, príncipes e nobres suas mãos para
operar e governar, aqueles que não tivessem "predestinados" a tal classe, apenas
1
Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Ceará e Teólogo não licenciado em todos os
tempos.
1
deveriam angariar o serviço nas mais diversas existentes estruturas dentro deste
sistema, trabalhando como vassalos do grande senhor de terras, o nobre feudal.
A igreja, como detentora das chaves da salvação, era aquela que ditava as
regras e o funcionamento dos governos. Entretanto, a idade média traria diversas
crises dentro do sistema feudal, também florescendo a corrupção que se instalara
nos setores da igreja e enfraquecendo o conceito de “Corpus Christianum”, ao qual
fala sobre a união entre a igreja e o Estado, promovendo domínio espiritual e secular,
onde o Império e o Papado são dois poderes dentro de uma “republica Christiana”
unificada que abrange todo o cristianismo, cuja a adesão é mediada pelo sacramento
do batismo. Cristo seria a cabeça invisível deste corpo, enquanto o governador e o
papa, em maior adesão este segundo ao longo do tempo devido sua posição de
“vicário de Cristo” e de “sucessor de Pedro”, seriam as cabeças visíveis e terrenas.
A partir de Inocêncio III (1198-1216), continuando o processo conduzido por
Carlos Magno no oitavo século, vemos que o Papado assume um grau de governança
mundial e isto também afeta as relações com os nobres e os limita dentro de sua
autoridade ao Papa e a igreja, detentora das chaves espirituais e portanto
responsável pelo mundo como representante de Deus, podemos ver isto quando
analisamos os ditos de Inocêncio III em conjunto com análise de Bruce L. Shelley:
2
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p.306
2
domínio do Papado, juntamente com a redescobrimento da doutrina de salvação por
graça e justificação por meio da fé somente, acabam sendo fundamentais para
compreendermos o caminho para o sucesso de Lutero e outros reformadores.
Compreender esses contextos de crises e ascensão científica e humanística permitirá
que aportemos nas ilhas (re)descobertas pelos protestantes que culminaram nas
reformas e também na própria composição do “Cinco Solas”.
2. CRISES NO FEUDALISMO
A insatisfação das classes menos favorecidos, as crises agrárias, as pestes, os
desastres, a fome seriam os primeiros fatores que moveriam a revolução protestante,
vemos que o sistema feudal consiste, resumidamente, em um alimento das classes
favorecidas pelas classes menos favorecidas, nascimento era importante, como não
havia mudança de classe então as classes servis, que empregavam diretamente seu
esforço na agricultura e produção, enquanto a nobreza e o clero usufruíram dos
serviços destes vassalos ao receber parte de sua produção em prol de serem
mantidos. Este modelo produz grande expansão das áreas rurais, aumento na
produção de alimentos, mas isto ainda não foi suficiente para abastecer a totalidade
da população dos feudos, devido o grande crescimento populacional existente, até
mesmo pela ausência de métodos contraceptivos eficazes combinado ao discurso do
catolicismo sobre fertilidade e reprodução como uma benção natural de Deus, ocorre
um crescimento desequilibrado que não pode ser abastecido pela cota de alimentos
produzidas entre o século XII E XIII. A crise de alimentos produz então uma nova
mobilidade social que será responsável pelo crescimento das cidades, concordamos
com Carter Lindberg em sua afirmação:
3
monetária, assim como a produção comercial e o
desenvolvimento tecnológico.3
3
LINDBERG, Carter. História da Reforma: Um dos acontecimentos mais importantes da história do
cristianismo em uma narrativa clara e envolvente. Thomas Nelson, 2017.
4
em seguida, para “trazer refresco” a peste negra decidiu trazer seu sorriso sufocante
para os europeus. Carter Lindberg afirma:
Fraca e mal nutrida, a população foi atingida por surtos
de febre tifóide e, em seguida, pela terrível Peste negra em
suas manifestações de peste bubônica, pneumônica e
septicêmica (Cunningham e Grell, 2000, p.274-95). A
propagação da peste pela Europa foi facilitada pelas
melhorias nas frotas mercantes italianas, que permitam
aos navios transportar, com rapidez, uma carga mortal e
clandestina de ratos portadores de pulgas transmissoras
da peste.4
A Peste negra foi mortal na Europa, uma pandemia sem igual, combinado isso
com as guerras tivemos uma das maiores formas de extirpar o excesso populacional
na época medieval. A peste só veio ter maior diminuição no período da reforma, mas
ainda constituía perigo real, tanto que o reformador Ulrico Zuínglio quase sucumbiu
para ela. O medo da peste era real, ela era como uma flecha envenenada que
rapidamente se espalhava pelo corpo do soldado mais saudável e forte do exército, a
morte era real e isto implicava no destino eterno do homem. Carter Lindberg, afirma
sobre o período:
A peste era percebida, na concepção popular, como uma
punição de Deus pelos pecados da humanidade.
Movimentos de flagelação se engajavam em penitências
sangrentas em prol de pecados pessoais e coletivos, tidos
como causadores da peste. 5
4
LINDBERG, Carter. História da Reforma: Um dos acontecimentos mais importantes da história do
cristianismo em uma narrativa clara e envolvente. Thomas Nelson, 2017.
5
LINDBERG, Carter. História da Reforma: Um dos acontecimentos mais importantes da história do
cristianismo em uma narrativa clara e envolvente. Thomas Nelson,, 2017
5
O humanismo como um corpo filosófico, mas não somente isto, abre novas
alas para um melhor processo de aprendizagem para a investigação científica, apesar
da educação popular geral na idade média ser horrível, afinal a ignorância era
generalizada devido o ensino estar sob monopólio da igreja. Paulo Ferreira confirma
isto ao dizer que:
O analfabetismo era regra geral na população e as
instituições de ensino existiam em função da nobreza e do
clero. O latim era a língua sagrada da Escritura, da
liturgia, do culto, dos sacramentos. A missa era celebrada
em latim. 6
6
FERREIRA, Paulo. A Reforma em quatro tempos: Desdobramentos na Europa e no Brasil. CPAD,
2017, p.26.
6
científicos. A Teologia, mesmo mantendo seu próprio
espaço, deixou de ser a rainha das ciências, cedendo lugar
à pesquisa racional e idônea. 7
Esse cenário traz um plano de fundo, juntamente dos contextos descritos, para
a ascensão da Reforma, mas não podemos desconsiderar também alguns
preponderantes elementos humanos que se levantaram como uma voz de liderança e
questionamento contra o Papa antes de Lutero, ao qual trazem teorias que aderem
ao próprio humanismo e a renascença e auxiliam na criação da cosmovisão dos
reformadores que teriam maior êxito em administrarem reformas em seus territórios
de origem.
3. O CISMA DO OCIDENTE
Dentro deste contexto de crises sucessivas, uma raiou em especial, o chamado
Cisma do Ocidente. O cisma está enraizado no início das relações entre o bispo de
Roma e o Império Ocidental. A Europa estava se afastando lentamente do
feudalismo, conceitos como de Estado-Nação começa a efervescer, enquanto os
decorrentes questionamentos ao conceito de "Corpus Christianum" surgiram,
principalmente pela questão monetária, o dinheiro se tornava cada vez mais
importante dentro da estrutura econômica, política e civil da Europa.
7
FERREIRA, Paulo. A Reforma em quatro tempos: Desdobramentos na Europa e no Brasil. CPAD,
, 2017, p. 27.
8
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p.356.
7
direito de atuação de cada esfera, isso era algo novo e assustador para o Papado, mas
proveitoso para os monarcas.
a França foi uma das maiores opositoras ao Papado neste período,
principalmente devido seu Monarca, Filipe, o Belo, que não aceitava as imposições
do Papa Bonifácio VIII, que fora humilhado, juntamente de seus sucessores, ao
sofrerem o chamado "cativeiro babilônico" em Avignon (1309-78). A eleição do Papa
Clemente V, um arcebispo de Bordeaux na França, marca o início deste cativeiro do
papado, que permaneceu na França por 72 anos. Carter Lindberg afirma:
Esses ataques sobre o papado, que iam de encontro ao
coração de sua legitimidade como instituição, utilizavam
argumentos de Aristóteles e da lei romana. O Franciscano
Guilherme de Ockham (c. 1285-1347) concluiu que o Papa
João XXII era um herege por causa de sua rejeição da
teologia franciscana de pobreza. [...] O poeta italiano
Dante Alighieri (1265-1321), que fora exilado de Florença
em 1301 por apoiar os oponentes de Bonifácio VIII, atacou
o papado não apenas em sua Divina Comédia, mas
também em sua De Monarchia. Nesse tratado, Dante
argumentou que os papas deveriam abandonar toda
autoridade e possessão temporal, e que a paz temporal
requeria uma monarquia universal sob autoridade do
imperador.9
8
cardeais franceses, ainda maioria no Colégio de Cardeais, disseram ao povo que a
decisão da escolha de Urbano VI fora forçada e que os procedimentos foram
inválidos. Urbano VI responde às afrontas francesas criando um novo Colégio de
Cardeais, isto faz com que os franceses contra ataquem com a eleição de Clemente
VII para o papado em Avignon. Assim, há dois Papas, um em Roma e outro na França,
exigindo serem o sucessor de Pedro e Vigário de Cristo, isto concorda com a
afirmação de Bruce L. Shelley:
Assim, com Urbano governando em Roma e Clemente
governando em Avignon, o sombrio capítulo na história
papal chamado Grande Cisma, que teve duração de 39
anos, começou. Cada Papa tinha seu próprio Colégio de
Cardeais, assegurando, assim, a sucessão papal de sua
escolha, e cada um deles alegava ser o verdadeiro Vigário
de Cristo, com o poder aqueles que não o reconheciam. 10
10
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 362.
9
estava dividida em sua aliança: França, Escócia, Aragão,
Castela e Navarra seguiam Clemente VII; Itália,
Alemanha, Hungria, Inglaterra, Polônia e a Escandinávia
seguiam a Urbano VI.11
11
LINDBERG, Carter. História da Reforma: Um dos acontecimentos mais importantes da história do
cristianismo em uma narrativa clara e envolvente. Thomas Nelson, 2017.
12
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 363-364.
10
Este concílio foi diferente dos demais pois contou com participação de
representantes leigos e foi organizado como uma convenção de nações e cada nação
tinha direito a um voto, isto demonstrou que a igreja estava cedendo ao novo
alinhamento nacional de poder. Em 1417, o concílio conseguiu fazer com que um
incumbente papal abdicasse e destituiu os outros dois, assim escolhendo um novo
vigário de Cristo, Martinho V, aparentemente o cisma do ocidente estava "resolvido",
mas ele já havia deixado marcas profundas e anunciando novas transições que as
Reformas protestantes dariam maior forma, mas não sem antes terem bebido da
fonte dos pré-reformadores que viveram neste contexto caótico de Papas.
4. PRÉ-REFORMADORES
As crises não foram os únicos desastres que a igreja católica medieval teve de
enfrentar, e nem tampouco são os únicos fatores que apontam para as Reformas
protestantes, mas antes de Lutero levantaram-se alguns homens, aos quais a história
cita como pré-reformadores, que embasaram a cosmovisão de Lutero, Calvino,
Zuínglo e outros reformadores. Abordaremos alguns destes pré-reformadores ao
longo deste pequeno artigo, nesta seção destacamos: Pedro Valdo, John Wycliffe, Jan
Huss e Girolamo Savonarola.
PEDRO VALDO
11
Pedro Valdo são desconhecidos, inclusive nem sequer podemos afirmar se "Pedro" é
seu nome verdadeiro, entretanto seu impacto para a Reforma é real, principalmente
pelo seu zelo em obedecer às Escrituras e sua vontade de tornar a Bíblia acessível ao
povo comum.
A Idade Média era movida por feiras onde havia intenso comércio, diálogo e
notícias da igreja e seus feitos. Pedro era um comerciante rico dessas feiras, mas algo
ocorreu em sua vida, ao ouvir a história de Santo Aleixo e como este homem
abandonou tudo, sendo um jovem rico, para viver entre os pobres e pregar o
evangelho. Até que Aleixo volta para sua casa, mas sua família não o reconhece
devido suas vestimentas e estado, exceto no leito de sua morte ao qual foi revelada
sua identidade. Aleixo morreu sorrindo pois dizia confiar no Deus que favorecia as
pessoas mais pobres. Abner Lara cita como esta canção tocou Valdo ao afirmar:
No momento em que se impressionou pela canção, Valdo
faz uma pergunta a um mestre em Teologia, sobre qual era
o melhor caminho para se chegar até Deus. O teólogo cita
um texto da Bíblia que era o áureo do monasticismo: “Se
queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres,
e terás um tesouro no céu. Depois vem, e segue-me.” 13
A partir deste momento, Valdo decide viver como o homem da história, assim
distribuindo seus bens e focando suas forças e riquezas na propagação do evangelho.
Abner Lara descreve alguns feitos de Valdo quando afirma:
Para pôr em prática toda a sua sabedoria e a sua vontade
em querer saber mais sobre Jesus, Valdo agrupou dois
sacerdotes com ele, a fim de que eles o ensinassem a
respeito de Jesus Cristo. Valdo começa, então, a ensinar
pessoas comuns a serem praticantes de Cristo, através da
pobreza voluntária. Dando valor, não somente aos
monges, pregava a Palavra de Cristo a todos os cidadãos,
mostrando-lhes qual era a real vida de pobreza e a
disciplina que todo cristão deveria ter. 14
13
SOUZA, Abner Lara. Os Valdenses: O início da Reforma, Faculdade Batista Pioneira, 2017, p. 8.
14
SOUZA, Abner Lara. Os Valdenses: O início da Reforma, Faculdade Batista Pioneira, 2017, p. 9.
12
conhecido como "Os Pobres de Lyon", mais tarde o grupo cresceu e se espalhou pela
França e outras partes da Europa, eles se tornaram conhecidos como os "valdenses".
Valdo sempre estudava as Escrituras, quanto mais ele lia, mais percebia quão
distante a Igreja Católica estava de sua prática. Inicialmente Pedro queria "reformar"
a Igreja católica, mas depois da excomunhão de Pedro e sua morte vemos como o
movimento dos Valdenses aumentam e se solidificam ao ponto de se tornarem um
movimento único e sem capacidade para união ao catolicismo medieval. Abner Lara
lista várias corrupções que Pedro Valdo acusou a igreja católica:
JOHN WYCLIFFE
15
SOUZA, Abner Lara. Os Valdenses: O início da Reforma, Faculdade Batista Pioneira, 2017, p. 10.
13
John sendo um teólogo inglês, viveu no século XIV, sendo importante devido
suas ideias que trariam um prévio abalo para a Igreja Católica. O contexto de crise foi
favorável para a promoção das ideias do pré-reformador, ele entendia que era
necessário um retorno à condição de pobreza dos tempos apostólicos e que a
autoridade da igreja deveria ficar no âmbito da esfera da religião e espiritualidade,
também defendeu a noção que o clero devia pagar tributo ao Rei, mas seu principal
clamor estava contra o Papa, ele afirmava categoricamente que a igreja podia viver
sem um Papa, pois o Papa da igreja é Cristo.
16
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 370
14
Ocidente, ganhando mais forças ainda em seu argumento contra o Papado, podemos
verificar isso na obra de Bruce L. Shelley, quando afirma:
A ruptura com o papado não foi surpreendente para Wycliffe, afinal ele
mesmo reconhecia o Papa como anticristo, mas sua contribuição a reforma também
pode ser vista com seus esforços para a tradução da bíblia para o inglês, afinal em sua
época traduzir a bíblia para qualquer outra linguagem comum era uma heresia
plausível de morte. Os conceitos do "Sola Scriptura" e também a popularização das
Escrituras para leituras do povo comum tem grande ascensão devido os pensamentos
e esforços do pré-reformador, mesmo que a imprensa ainda não houvesse sido
inventada ele conseguiu tecer cópias da Bíblia em idioma nativo para seu povo.
Wycliffe e seus seguidores passaram a ser chamados de Lolardos e espalharam-se
pela Europa.
A consciência de Wycliffe cativa as Escrituras também o motivaram a ajudar os
"leigos" a estudarem o evangelho na língua nativa, ele também empreendeu esforços
evangelísticos para que os homens mais simples pudessem compreender a Palavra e
também viverem em caridade e mansidão. John Wycliffe morreu em 30 de dezembro
de 1384 devido a dois derrames, mas as chamas de sua luta árdua contra o Papado
ganhariam mais força sob as mãos dos reformadores.
17
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 372
15
JAN HUSS
Jan Huss nasceu em Husinec, por volta de 1369, aquele que seria considerado
o "ganso da reforma" nasce numa terra de gansos, na Boêmia (atual República
Tcheca). Ainda jovem ingressou na universidade de Praga como membro do coral,
primeiramente buscou a carreira religiosa com o objetivo de garantir a própria
sobrevivência. Jan Huss tinha origem humilde, mas obteve seu Bacharel em 1394 e o
título de mestre em 1396, depois começou a lecionar na faculdade de humanas e
mergulhar na causa da reforma.
O movimento lançado por Wycliffe continua vigorando, mas não somente na
Inglaterra, mas devido uma oportunidade de expansão, oriundo do casamento de
Anne da Boêmia com o Rei Ricardo II da Inglaterra. Assim o intercâmbio entre os
alunos da Boêmia e Inglaterra se intensificaram, tornando conhecidas as ideias de
Wycliffe que logo ganharam destaque pelas terras de Jan Huss, nisto concorda Paulo
Ferreira quando diz:
A partir de 1401, Huss toma conhecimento da obra de
Wycliffe, tornando-se num entusiástico defensor das
ideias do grande teólogo inglês. Ele exerceu importante
transição entre a era medieval e o período da Reforma
Luterana, antecipando-se a ela por um século inteiro.18
18
FERREIRA, Paulo. A Reforma em quatro tempos: Desdobramentos na Europa e no Brasil.
CPAD, 2017, p.21.
16
meses Huss permaneceu preso em Constança até finalmente ser morto, ou no caso,
queimado vivo em 6 de julho de 1415.
Jan Huss fora despido de suas roupas, adornado com um chapéu de burro
pintado com demônios e rotulado de "arqui-herege", sua resposta a isto foi orar por
seus inimigos. Seguidamente o "ganso da reforma" foi preso em um estaca enquanto
as pilhas de livros aqueciam a fornalha ardente, assim como Sadraque, Mesaque e
Abednego foram jogados na fornalha de Nabucodonosor, Huss fora lançado na
fornalha da inquisição, mas até o fim jamais negou suas convicções, enquanto as
chamas ardiam o pré-reformado cantava em certeza de sua redenção e convicto das
ideias que defendeu graças a Escritura sagrada. Jan Huss morreu com alegria.
Depois que Hus foi finalmente condenado à morte, ele proclamou: “Você pode
queimar o ganso, mas em cem anos surgirá um cisne cujo canto vocês não poderão
silenciar.” Exatamente 102 anos depois, um monge vigoroso pregou noventa e cinco
teses contra a Igreja Católica Romana. O ganso anuncia o cisne, este que não
conseguiu ser silenciado pois as asas da liberdade já estavam dando suas primeiras
batidas.
O legado de Jan Huss para a reforma não é nenhuma novidade teológica, ou
nenhuma nova análise que acuse o Papado, mas antes uma vigorosa defesa das
ideias de Wycliffe que ecoaram pela Reforma, mas seu exemplo de mártir instigou a
Boêmia e os reformadores contra a tirania da igreja católica medieval.
GIROLAMO SAVONAROLA
17
salvadora de Cristo com fervor bíblico, além de tecer críticas às práticas imorais de
líderes políticos e religiosos. Podemos pegar um pequeno trecho do Tratatto circa il
regimento e governo dela città di Firenze (Tratado sobre o regime e o governo da
cidade de Florença), ao qual afirma:
Durante muitos anos, pela vontade de Deus, preguei nesta
cidade, atendo-me a quatro temas: esforcei-me com toda
minha inteligência para provar que a fé é verdadeira;
para demonstrar que a simplicidade da vida cristã é suma
sabedoria; para denunciar as coisas futuras, das quais
algumas vieram e outras virão certamente; e, último,
preguei sobre o governo desta cidade. (Introdução).19
O Tratado foi publicado poucas semanas antes de sua morte, vemos que seu
esforço por uma vida santa que ia de encontro aos costumes pagãos e imorais
daquela época teve resultados, apesar de após sua morte o movimento não ter tido
grande expansão. Seus principais ataques se dirigiram ao Papa Alexandre VI, que o
advertiu sobre sua pregação mas acabou ignorado. Paulo Ferreira destaca a ousadia
de Savonarola que não media consequências:
19
SALATINI, Rafael. Girolamo Savonarola e as formas de governo. Trans/Form/Ação [online].
2015, v. 38, n. 1 [Acessado 9 Novembro 2022] , pp. 43-56. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0101-31732015000100004>. Epub Jan-Apr 2015. ISSN 1980-539X.
https://doi.org/10.1590/S0101-31732015000100004.
20
FERREIRA, Paulo. A Reforma em quatro tempos: Desdobramentos na Europa e no Brasil.
CPAD, 2017, p. 23.
18
continuado muito depois de sua morte, sua pregação apaixonada e suas reformas
zelosas expuseram a corrupção da igreja como uma luz fraca mas brilhante dentro de
uma caverna escura. A centelha de Savonarola era o tipo de centelha com a qual
Lutero, apenas duas décadas depois, acenderia seu próprio fogo para a Reforma.
19
catolicismo” na qual os problemas católicos permanecem,
mas soluções diferentes são oferecidas. As quatro
perguntas que o protestantismo respondeu de uma nova
maneira foram: (1) Como a pessoa é salva? (2) Onde reside
a autoridade religiosa? (3) O que é a Igreja? e (4) Qual é a
essência da vida cristã? 21
A peste também trazia um severo teste de fé, pois a morte jazia à porta com a
naturalidade e frequência que tomamos pão com café nos dias atuais. Essa crise
também envolveu o conceito católico medieval de salvação e as doutrinas afirmada
por Gregório Magno, no século VI, podemos elencar algumas características, aos
quais são23:
21
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 386.
22
LINDBERG, Carter. História da Reforma: Um dos acontecimentos mais importantes da história do
cristianismo em uma narrativa clara e envolvente. Thomas Nelson, 2017.
23
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 283-285.
20
1) A queda de Adão afetou todos os homens, enfraquecendo
sua liberdade;
2) O homem tocado pela graça pode cooperar com ela e
obter mérito para si, isto advém das obras, que é o produto
da graça divina com a vontade humana;
3) No batismo, Deus concede graça perdoadora livremente
sem qualquer mérito, mas para os pecados após o batismo é
necessário fazer expiação pela penitência;
4) A penitência envolve arrependimento, confissão e obras
meritórias;
5) As obras meritórias são atos que envolvem sacrifícios ou
sofrimento, tais como caridade, prática ascéticas (de
mortificação) e orações em todas as horas do dia;
6) Quanto maior o pecado, mais é preciso compensá-los.
Somente após a morte é a que as pessoas descobriram se
haviam feito o suficiente para expiá-lo;
7) A intercessão dos Santos auxiliam como advogados e
rogam a Deus pelo povo, auxiliando na devoção e no
alcance da justiça em vida;
8) As relíquias sagradas eram outro auxílio a devoção, e tais
itens tinham poderes místicos de proteção e produziam
justiça;
9) o purgatório ainda era outra alternativa caso a
intercessão dos santos e as relíquias não fossem suficientes
para produzir justiça nessa vida;
10) A Eucaristia tem grande efeito na justiça, devido seu
caráter sacrificial onde o sacerdote oferece-a pelos pecados
dos homens que participam dela. Assim, a Eucaristia tem o
mesmo efeito da penitência, podendo beneficiar mortos e
vivos, no caso dos mortos somente aqueles que estão no
purgatório abreviando sua presença ali.
Assim, podemos ver que a doutrina católica tinha grande base nas obras,
devido a justiça após a graça decorrer de um acúmulo de méritos para expiação dos
pecados em vida, agora imaginando essa doutrina em um tempo cuja a morte estava
acontecendo abundantemente e rapidamente, podemos ver o desespero da
população em busca de sua salvação. A incerteza do acúmulo de justiça era algo real,
o purgatório se consolida, pois sua doutrina já era presente desde a antiguidade mas
foram as doutrinas relativas a fé são formuladas com maior precisão somente após os
concílios de Florença (1438-1445) e Trento (1545-1563), progressivamente como uma
alternativa viável, juntamente com a venda de indulgências meritórias que até
mesmo garantiam a purificação no purgatório antes da morte.
21
Devido às mortes decorrentes da peste e outras crises, o catolicismo medieval
se torna um culto de vivos para os mortos, onde o povo comum tenta angariar para
seus parentes obras meritórias para cumprir a purificação espiritual no purgatório.
Carter Lindberg afirma sobre esta adaptação da igreja católica ao expor:
"O catolicismo do fim da Idade Média era, em grande
medida, um culto dos vivos em favor dos mortos
(Galpern, 1974, p. 149)". Essa mudança de obras
tradicionais de misericórdia para a missa aos mortos
indicava não apenas habilidade da Igreja de se adaptar a
uma nova situação, mas também a influência crescente
de uma mentalidade de mercado com sua orientação ao
cálculo de contas, nesse caso "O livro contábil do além",
como o título da obra de Chiffoleau (1980) sugere. A
missa passou a ser uma preparação essencial para a
jornada entre a morte e o céu, estabelecendo ritualmente
ligações poderosas entre este mundo e o próximo - algo
que seria explorado pelas doutrinas do purgatório e das
indulgências.24
24
LINDBERG, Carter. História da Reforma: Um dos acontecimentos mais importantes da história do
cristianismo em uma narrativa clara e envolvente. Thomas Nelson, 2017.
22
Ulrico Zuínglio Zurique (Suíça) Reformado
23
corajosa de defender a boa-nova e de anunciá-la a
outros.25
24
MODELO CATÓLICO (AGOSTINHO) MODELO PROTESTANTE (LUTERO)
27
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 392
28
BUSENITZ, Nathan. Muito Antes de Lutero: Em busca da essência do evangelho desde Cristo
até a Reforma. Editora Cultura Cristã, 2019.
25
justiça em vida. Basicamente o conceito de justificação forense está diretamente
ligado a um juiz que expede perdão a um réu, ou seja, é uma justiça recebida em um
ato, uma declaração de perdão.
O segundo pilar está na distinção entre justificação e regeneração, enquanto o
catolicismo unia ambos os conceitos, os protestantes diferenciavam o ato de
justificação como a declaração de justiça sobre pecadores, pois estes são revestido da
justiça de Cristo, portanto Cristo justifica-os em ato imediato ao tomar suas posições
na balança do juízo. A doutrina da regeneração está ligada a da santificação, pois na
regeneração ocorre o novo nascimento do homem que o capacita a progredir em
santificação, ou seja, a regeneração é o passo inicial que transforma o pecador para
que este possa viver em obras de santidade na prática. No catolicismo essa distinção
havia sido perdida e portanto pensavam que sua justificação, em parte, dependia de
sua santidade pessoal no acúmulo de méritos.
O terceiro pilar está embasado na justiça imputada de Cristo sobre o pecador,
diferente do conceito católico de justiça infusa. No catolicismo o batismo exercido
pelo sacerdote infunde graça perdoadora, mas após isso homem deve acumular
justiça através das obras meritórias, orações, eucaristia, penitências, indulgências e
outros, também há a possibilidade de perda de salvação já que pode ocorrer o não
acúmulo de justiça durante a vida. O conceito protestante vai contra essa capacidade
de justiça infundida por Cristo, assim as obras não trazem justificação mas são
consequência da justiça imputada por Cristo ao pecador, pois a justiça perfeita de
Cristo é atribuída ao pecador como um ato externo, neste sentido a expressão
luterana resume o terceiro pilar da justificação pela fé: “Simul justus et Peccator”, ou
seja, do latim “Simultaneamente justo e pecador”. Deste modo os cristão são salvos
somente pela graça de Deus, as obras não tem papel justificador mas antes são
consequências da santificação progressiva e evidência da obra de Cristo no pecador.
A doutrina da justificação pela fé também produz uma diferenciação entre a
Lei e o Evangelho, onde vemos ambas prometem bênçãos, mas o Evangelho pela
Graça de Cristo traz uma comunhão superior a Lei, pois esta só pode apontar o
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pecado mas não traz redenção, diferente do Evangelho de Cristo que satisfaz todas as
condições para justificação do pecador. A definição da teologia da cruz traz uma nova
lente para se ver o mundo, pois revela a esperança através de Cristo e a depravação
humana do estado pecador. Lutero critica a teologia católica ao fazer o homem poder
progredir em direção a Deus por seus méritos, ainda que auxiliado por um graça
infusa a partir da benção da Igreja no batismo. Assim, Lutero transforma sua visão de
autoridade religiosa e igreja, pois sua defesa do Sola Scriptura defende que somente
a bíblia é autoridade máxima e maior para instituição da fé e prática, ao mesmo
tempo seu conceito de igreja muda de uma hierarquia sagrada chefiada pelo Papa
para a visão primitiva de uma comunidade de cristãos em que todos são sacerdotes
chamados a oferecer sacrifícios espirituais, isso desencadeia num princípio de
vocação ao qual Bruce L. Shelley reverbera:
Desse modo, às portas de ser excomungado da Igreja
Romana, Lutero removeu a necessidade do monasticismo,
salientado que a essência da vida cristã está em servir ao
chamado de Deus, seja ele secular ou eclesiástico. Todas as
vocações são proveitosas, afirmou ele, são sagradas aos
olhos de Deus.29
29
SHELLEY, Bruce L. História do Cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da
igreja cristã desde as origens até o século XXI. Thomas Nelson, 2018, p. 395
27
vida cristã secular é uma vocação que glorifica ao Senhor, da mesma maneira que o
serviço eclesiástico.
As ideias dos reformadores trazem uma nova conjuntura para as perguntas
que a igreja tinha de enfrentar, entretanto grande parte do sucesso e popularização
destas idéias está no grande foco da Reforma em trazer o sagrado ao popular, em
trazer o divino ao ordinário, isto combinado ao contexto histórico, principalmente
com adesão da prensa móvel que traz uma inovação gigantesca na produção de
acervos literários contribuem diretamente para a adesão da ideias protestantes em
tantas nações e localidades diferentes.
6. A REFORMA E O PENTECOSTALISMO
O Pentecostalismo é um movimento recente dentro do meio evangélico,
entretanto suas raízes e doutrinas têm ligação direta aos movimentos protestantes,
principalmente aqueles considerados mais radicais como o de Menno Simons.
Conhecer as raízes pentecostais na Reforma é compreender o valor da doutrina
pentecostal e também as questões que esta levantou enquanto um movimento
popular e de retorno a igreja apóstolica.
As raízes no século XVII, quando o luteranismo pareceu se tornar um
movimento cuja ortodoxia estava engessada e a ortopraxia estava morta, havia um
grande apelo intelectual no luteranismo quanto aos dogmas mas pouco foco na
transformação espiritual da vida dos fiéis. Em resposta ao engessamento dogmático
do luteranismo surge o Pietismo na Alemanha, outros movimentos como a Igreja
Moraviana, sob liderança do Conde Zinzendorf e o próprio Puritanismo Inglês são
reações que buscavam uma ênfase no crescimento espiritual, além do Metodismo
com John Wesley e sua teologia sobre a Doutrina da Perfeição Cristã.
O pietismo é um movimento cujo foco estava no novo nascimento, ou seja, na
vida cristã prática em contraposição com a ortodoxia morta do Luteranismo
consolidado, havia um foco muito grande na teologia e filosofia mas isto não
redundou em uma vida prática e espiritual para os fiéis, então eles pregavam uma
vida prática de devoção em maior fervor e espiritualidade, não somente na prática de
28
liturgias mortas. O grande líder do Pietismo na Alemanha foi Philipp Jakob Spener
(1635-1705).
Hermisten Maia cita que a preocupação pietista poderia ser vista da seguinte
forma:
Analisando a Pia Desideria de Spener - obra que marca o
"nascimento do pietismo" - podemos destacar quatro
característica do movimento, a saber:
1. Experiência religiosa: a experiência religiosa assume
um caráter preponderante na vida do crente.
2. Biblicismo: seus padrões doutrinários emanam da
Bíblia, ainda que o Catecismo (Catecismo Menor de
Lutero, 1529) deva ser ensinado às crianças e aos adultos.
3. Perfeccionismo: Preocupação com o desenvolvimento
espiritual, bem como com a proclamação do Evangelho e
com a prática social de socorro aos necessitados.
4. Reforma na igreja: desejo de reformar a igreja,
combatendo a sua letargia espiritual, bem como as suas
práticas consideradas mundanas. 30
30
COSTA, Hermisten Maia Pereira. Pietismo: Um desafio à piedade e à teologia. Fides Reformata,
1999.
29
a santificação e que a terceira trazia o batismo do amor
ardente, que era o batismo no Espírito Santo. 31
7. CONCLUSÃO
A Reforma promove grandes mudanças no mundo, devido aos contextos de
crises diversos vemos que ao longo da história, de maneira progressiva, há um
questionamento da instituição Romana e sua teologia de dominação. Vimos a batalha
dos pré-reformadores e também as consequências da doutrina protestante a partir
de Lutero e dos demais líderes reformados, porém devemos sempre trazer à
memória a importância atual da Reforma e nosso contexto atual.
As heranças da Reforma são diversas, mas quero salientar a questão da
popularização das Escrituras para o idioma nativo, além da utilização da linguagem
31
FERREIRA, Paulo. A Reforma em quatro tempos: Desdobramentos na Europa e no Brasil.
CPAD, 2017, p. 65.
30
coloquial e nativa nos cultos para que assim a mensagem do Evangelho fosse
compreendida pelos leigos. A valorização das línguas originais, em detrimento do
Latim, das Escrituras também se deve em grande parte aos movimentos dos
reformadores. A questão do sacerdócio universal de todos os crentes também traz
um novo sentido a essência da vida cristã e também do conceito de igreja, que
redundaria até mesmo em movimentos que trariam a separação entre a Igreja e o
Estado e suas devidas delimitações para atuar em cada esfera que lhe é propícia,
além da questão da vocação tão tratada por Lutero, romper com o monasticismo
católico e declarar que todos podem glorificar a Deus, seja no serviço secular ou
eclesiástico, quebra o conceito de hierarquia divina e eclesiástica chefiada pelo Papa,
assim permitindo que a religião e o trabalho se interligam novamente. A educação
popular também é clamor da reforma, para Lutero os fiéis deveriam exercer suas
vocações (profissões) com maior excelência possível, para tanto é necessário um
treinamento em diversas ciências e artes, ou seja, a importância de assegurar a
educação para sua população poder exercer qualificadamente suas profissões
também é uma das heranças mais significativas da Reforma Protestante.
Concluímos que a Reforma foi diversa, teve seus pontos comuns e diferenças,
mas como um movimento que protestou contra a instituição central de sua época, a
Igreja Católica Romana Medieval, redundou em movimentos que impactam e
sobrevivem até os dias atuais, seja com as históricas igrejas Luteranas, Presbiterianas,
Anglicanas dentro outras, ou mesmo movimentos mais radicais que trazem
influências para as igrejas Batistas e também para o próprio Pentecostalismo.
Portanto, oriundo dessas reformas, devemos sempre ter em mente o papel central de
Deus e sua revelação, as Escrituras, como uma fonte de estudo mas também de
vivência diária, ortodoxia sem uma prática espiritual saudável é apenas um
dogmatismo morto, isto nos alerta da importância do sacerdote em saber equilibrar a
ortodoxia e a ortopraxia, alinhar o estudo da teologia com a prática da teologia em
obras que apontam a Cristo é um dos maiores legados das “Reformas Protestantes”,
31
que possamos sempre nos lembrar disto e progredir em Graça e Conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. COSTA, Hermisten Maia Pereira. Pietismo: Um desafio à piedade e à teologia.
Fides Reformata, 1999.
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