Fatores Indutores E Supressores Da Eritropoiese em Caninos Doentes Renais Crônicos
Fatores Indutores E Supressores Da Eritropoiese em Caninos Doentes Renais Crônicos
Fatores Indutores E Supressores Da Eritropoiese em Caninos Doentes Renais Crônicos
CÂMPUS DE JABOTICABAL
2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP
CÂMPUS DE JABOTICABAL
2014
Borin-Crivellenti, Sofia
B734f Fatores indutores e supressores da eritropoiese em caninos
doentes renais crônicos / Sofia Borin Crivellenti. – – Jaboticabal, 2015
ix, 45 p. : il. ; 28 cm
CDU 619:616.61:636.7
A Deus, primeiramente pela minha vida, mas também pelas pessoas, animais,
oportunidades e adversidades que coloca no meu caminho. Todos, sem exceção,
contribuem diariamente para que eu me torne uma pessoa melhor.
Ao meu eterno orientador Prof. Tit. Dr. Aureo Evangelista Santana, que ao me
receber por sua orientanda me deu a oportunidade de conhecer o verdadeiro sentido
da palavra “professor”. Este homem é, para mim, a personificação da frase que
escolhi como epígrafe desta tese. Com humildade e modéstia ele é capaz de
transferir o que sabe e vivenciar o que ensina. Serei eternamente grata à sua
presença em minha vida.
Aos meus queridos pacientes e seus proprietários que tornaram esse experimento
possível.
À minha mãe Regina Maria de Souza Borin, não somente por sua luta incessante
para que eu viesse ao mundo, mas por todo apoio, amor, carinho, críticas, incentivo
e busca pela minha felicidade. Não importa o que aconteça, eu sei que sempre a
terei ao meu lado.
À “turma do lado de lá” que está sempre guiando meus passos e iluminando meu
caminho. Ao meu pai Luiz Anselmo Borin pela minha vida, à minha avó Adelina
Cavalheiro de Souza por ter sido a melhor avó do mundo, e à minha avó Helena
Martins Borin pelo belo exemplo de serenidade e fé.
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Nomenclatura da série eritróide............................................ 4
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Esquema ilustrativo da eritropoiese nos mamíferos. A
partir da CFU-E, unipotencial e comprometida com a série
eritróide, tem início a produção de células eritróides na
medula óssea, que sequencialmente inclui os estádios de
proeritroblastos, eritroblastos basofílicos, eritroblastos
policromatofílicos, eritroblastos ortocromáticos,
reticulócitos e eritrócitos maduros. Adaptado de Williams
Hematology (PRCHAL, 2010). EPO, eritropoietina; GM-
CSF, fator estimulador de colônia de granulócitos e
macrófagos; IL-3, interleucina 3; CFU-E, unidade
formadora de colônia eritróide; BFU-E, unidade formadora
do burst eritróide; CFU-GEMM, unidade formadora de
colônia granulócitos, eritrócitos, monócitos/macrófagos...... 6
LISTA DE ABREVIATURAS
ABSTRACT - The aim of this study was to evaluate bone marrow precursor cells,
circulating concentrations of cytokines and hormones that can stimulate
(erythropoietin and IL-3) and suppress (parathyroid hormone, IL-1β, TNF and IFN)
erythropoiesis, and make their correlation with the peripheral and central erythrocyte
variables. Peripheral blood samples, urine and bone marrow were obtained from 10
dogs with chronic kidney disease stage 2 (CKD2), 10 dogs with CKD stage 3 (CKD3),
10 dogs with CKD stage 4 (CKD4), and 10 healthy adult dogs (control group) for
complete blood count (CBC), serum and urinary biochemical analysis, urinalysis,
immunoassays and cytological analysis of bone marrow. The concentrations of
erythropoiesis stimulator and suppressor factors, and cytological bone marrow results
from CKD2 dogs were similar to those of the control group. This group also exhibited
reticulocytosis even though not have expressed anemia, which means that extrinsic
factors are early cause of blood loss or destruction of red blood cells. The anemia in
dogs with CKD is related to increased parathyroid hormone and TNFα serum
concentrations. The increases of such suppressor factors in association with
erythroid hypoplasia are considered as part of the genesis and the aggravation of the
anemic state in the end stages of CKD in dogs.
1. INTRODUÇÃO
anemia nos pacientes com doença renal crônica canina em suas distintas fases, mas
para, talvez futuramente, se alcançar meios mais eficazes de tratamento desta
importante alteração.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
outro lado, com relação à hemoglobina, sua biossíntese tem início precocemente no
citoplasma dos precursores eritróides, já no estádio de eritroblasto basofílico e,
incrementa, na medida em que o eritroblasto evolui para os estádios de eritroblasto
policromatofílico e ortocromático, momento este último em que atinge seu apogeu, e
no qual há cariofagocitose do eritroblasto por parte do macrófago, topograficamente
situado no centro da ilhota eritroblástica. O estádio seguinte, já anucleado, é
denominado reticulócito, que exibe grau de hemoglobinização muito próximo
daquele de uma hemácia madura, mas que ainda apresenta organelas
intracitoplasmáticas e resíduos de RNA para continuidade da síntese protéica,
inclusive de hemoglobina. Após a saturação intracitoplasmática máxima de
hemoglobina, atinge-se, enfim, o estágio de eritrócito, morfofuncionalmente maduro
(OHLS et al., 1990). Devido aos diferentes sistemas de denominação para os
precursores eritrocitários (Tabela 1), optou-se por utilizar o Sistema Eritroblasto
como forma de padronização durante todo o texto.
1
http://www.iris-kidney.com/pdf/IRIS%202006%20Staging%20of%20CKD.pdf
9
3. MATERIAL E MÉTODOS
2
ABC Vet – HORIBA ABX – São Paulo/Brasil.
14
3.3.2 Reticulocitometria
Alíquotas de sangue total (100 PL) foram incubadas com igual quantidade
de Azul Brilhante Cresil, em banho-maria, à 37oC, por 15 minutos. Após a incubação
esfregaços sanguíneos foram confeccionados e contracorados com uma mistura de
Metanol, May-Grunwald e Giemsa. As contagens de reticulócitos foram, então,
conduzidas em ensaio cego, por profissional treinado e experiente. Com o auxílio de
um microscópio, objetiva de imersão (obj10x), foram realizadas contagens de
hemácias maduras e de reticulócitos em 20 campos uniformemente distribuídos. A
contagem absoluta dos reticulócitos foi obtida a partir da contagem global de
hemácias por uma regra de três direta.
3
Labtest Diagnóstica, Lagoa Santa, MG, Brasil.
15
3.5 Urinálise
A pressão arterial sistólica (PAS) foi aferida, e sempre que possível foi
avaliada em três momentos distintos, por método indireto, utilizando-se de manguito
inflável aplicado ao redor do membro torácico direito, entre o cotovelo e o punho,
para ocluir o fluxo sanguíneo. Com auxílio de contenção física do paciente foi obtida
a média de cinco aferições. O manguito utilizado correspondeu a 40-50% da
4
ISLAB – Labtest Diagnóstica, Lagoa Santa, MG, Brasil.
5
ATAGO – Tóquio/Japão.
16
6
MICROEM – Ribeirão Preto, SP/Brasil
17
7
E90028Ca ELISA KIT, Uscn Life Science Inc., Wuhan, China.
8 E90866Ca ELISA KIT, Uscn Life Science Inc., Wuhan, China.
9 E90563Ca ELISA KIT, Uscn Life Science Inc., Wuhan, China.
10 E0076Ca ELISA KIT, Uscn Life Science Inc., Wuhan, China.
11 E90133Ca ELISA KIT, Uscn Life Science Inc., Wuhan, China.
12 E90033Ca ELISA KIT, Uscn Life Science Inc., Wuhan, China.
13
Leitora de microplacas, iMark, Bio-Rad, Japão.
19
nos kits utilizados de acordo com o fabricante. Os limites de detecção para PTH, IL-
1β, IL-3, IFNγ, TNFα e EPO foram 2,8 pg/mL, 7,3 pg/mL, 7,8 pg/mL, 13,8 pg/mL, 6,9
pg/mL e 0,042 U/L, respectivamente. A exemplo do trabalho realizado por Pereira et
al. (1994), também neste caso, às amostras cujas concentrações encontraram-se
abaixo do limite de detecção, atribuíram-se lhes valores equivalentes aos referidos
limites de detecção.
4. RESULTADOS
3
Linfócitos (x 10 céls/uL)
3
Granulócitos (x 10 céls/uL)
3
Monócitos (x 10 céls/uL)
3
Leucócitos totais (x 10 céls/uL)
imaturos e maduros (I:Me). Neste sentido, embora de forma não significativa pôde-
se observar redução relativa dos valores médios do EMI e aumento do I:Me nos
cães em estádio terminal da DRC, quando comparados aos cães dos demais grupos.
A distribuição das células precursoras eritrocitárias, bem como do comportamento
dos índices eritrocitários de maturação podem ser melhor observados nas
representações gráficas da mediana e dos intervalos interquartis que se seguem
(Figura 5), quanto nas Figuras 6, 7, 8 e 9.
A B
C D
5. DISCUSSÃO
osso esterno, sob anestesia local, com base em dois fundamentos principais:
primeiramente, pelo fato de cães com DRC serem considerados pacientes ASA 4
pela Sociedade Americana de Anestesiologia, ou seja, pacientes portadores de
doença sistêmica grave que configura-se como uma ameaça constante à vida, e cuja
realização de anestesia geral está contraindicada (FLEISHER, 2005); e, em segundo
lugar, em razão das amostras de medula óssea obtidas do esterno serem
equivalentes em qualidade às obtidas na crista ilíaca e úmero de cães saudáveis
(DEFARGES et al., 2013). Em tais manobras de obtenção de fragmentos de medula
óssea, foi verificado que os cães toleraram bem o procedimento e as amostras
obtidas do esterno apresentaram excelente qualidade para confecção dos
esfregaços sanguíneos, sua coloração e exames quali-quantitativos. Ademais,
considerando-se a complexidade da execução do mielograma, os resultados obtidos
neste ensaio permitem sugerir que a avaliação da medula óssea, com fito de se
proceder às contagens globais dos diferentes precursores eritróides e mielóides para
obtenção da relação M:E, seja realizada estritamente diante de pacientes
severamente anêmicos e que não se enquadrem no estádio da DRC, segundo
variáveis de classificação estabelecidas pela IRIS (2009), ou ainda quando se queira
acompanhar a terapia com eritropoietina.
36
6. CONCLUSÕES
7. REFERÊNCIAS
AKDIS, M.; BURGLER, S.; CRAMERI, R.; EIWEGGER, T.; FUJITA, H.; GOMEZ, E.;
KLUNKER, S.; MEYER, N.; O’MAHONY, L.; PALOMARES, O.; RHYNER, C.;
QUAKED, N.; SCHAFFARTZIK, A.; VAN DE VEEN, W.; ZELLER, S.; ZIMMERMANN,
M.; AKDIS, C. A. Interleukins, from 1 to 37, and interferon-g: Receptors, functions,
and roles in diseases. The Journal of Allergy and Clinical Immunology, St Louis,
v. 127, n. 3, p. 701-21, 2011.
CHOI, I.; MUTA, K.; WICKREMA, A.; KRANTZ, S. B.; NISHIMURA, J.; NAWATA, H.
Interferon gamma delays apoptosis of mature erythroid progenitor cells in the
absence of erythropoietin. Blood, New York, v. 95, n. 12, p. 3742-3749, 2000.
CORAZZA, F.; BEGUIN, Y.; BERGMANN, P.; ANDRE, M.; FERSTER, A.; DEVALCK,
C.; FONDU, P.; BUYSE, M.; SARIBAN, E. Anemia in children with cancer is
associated with decreased erythropoietic activity and not with inadequate
erythropoietin production. Blood, New York, v. 92, n. 5, p. 1793-1798, 1998.
KRALOVA, S.; LEVA, L.; TOMAN, M. Changes in lymphocyte function and subsets in
dogs with naturally occurring chronic renal failure. Canadian Journal of Veterinary
Research, Ottawa, v. 74, n. 2, p. 124-129, 2010.
LEES, G. E. Early diagnosis of renal disease and renal failure. The Veterinary
Clinics of North America. Small Animal Practice, Philadelphia, v. 34, p. 867, 2004.
40
MASSRY, S. G.; GOLDSTEIN, D. A. The search for uremic toxin(s) “X” ”X”=PTH.
Clinical Nephrology, New York, v. 11, p. 181-189, 1979.
McCOWN, J. L.; SPECHT, A. J. Iron homeostasis and disorders in dogs and cats: a
review. Journal of the American Animal Hospital Association, Lakewood, v. 47, n.
3, p. 151-160, 2011.
MEYTES, D.; BOGIN, E.; MA, A.; DUKES, P. P.; MASSRY, S. G. Effect of
parathyroid hormone on erythropoiesis. The Journal of Clinical Investigation, New
Haven, v. 67, n. 5, p. 1263-1269, 1981.
MISCHKE, R.; BUSSE, L. Reference values for the bone marrow aspirates in adult
dogs. Journal of Veterinary Medicine, Berlin, v. 49, n. 10, p. 499–502, 2002.
41
NELSON, R. W.; COUTO, G. C. Small Animal Internal Medicine. St. Louis: Elsevier
Saunders, 2009. p. 645-659.
OZGUROGLU, M.; ARUN, B.; DEMIR, G.; DEMIRELLI, F.; MANDEL, N. M.;
BUYUKUNAL, E.; SERDENGECTI, S.; BERKARDA, B. Serum erythropoietin level in
anemic cancer patients. Medical Oncology, Northwood, v. 17, n. 1, p. 29-34, 2000.
PEREIRA, B. J. G.; SHAPIRO, L.; KING, A. J.; FALAGAS, M. E.; STROM, J. A.;
DINARELLO, C. A. Plasma levels of IL-1 bold beta, TNF alpha and their specific
inhibitors in unanalyzed chronic renal failure, CAPD and hemodialysis patients.
Kidney International, New York, v. 45, p. 890-896, 1994.
RAO, D. S.; SHIH, M. S.; MOHINI, R. Effect of serum parathyroid hormone and bone
marrow fibrosis on the response to erythropoietin in uremia. The New England
Journal of Medicine, Boston, v. 328, n. 3, p. 171-175, 1993.
TYLER, R. D.; COWELL, R. L.; MEINKOTH, J. H. Bone marrow. In: COWELL, R.L.,
TYLER, R.D., MEINKOTH, J.H. (Eds.) Diagnostic Cytology and Haematology of
the Dog and Cat. St. Louis: Mosby, 2009. p. 284–304.
WALLNER, S. F.; KURNICK, J. E.; WARD, H. P.; VAUTRIN, R.; ALFREY, A. C. The
anemia of chronic renal failure and chronic diseases: in vitro studies of erythropoiesis.
Blood, New York, v. 47, n. 4, p. 561-569, 1976.
YILMAZ, M. I.; SOLAK, Y.; COVIC, A.; GOLDSMITH, D.; KANBAY, M. Renal anemia
of inflammation: the name is self-explanatory. Blood purification, Basel, v. 32, n. 3,
p. 220–225, 2011.
ZHANG, Y.; HARADA, A.; BLUETHMANN, H.; WANG, J-B.; NAKAO, S.; MUKAIDA,
N.; MATSUSHIMA, K. Tumor necrosis factor (TNF) is a physiologic regulator of
hematopoietic progenitor cells: increase of early hematopoietic progenitor cells in
TNF receptor p55-deficient mice in vivo and potent inhibition of progenitor cell
proliferation by TNF in vitro. Blood, New York, v. 86, n. 8, p. 2930-2937, 1995.
44
APÊNDICES
PARÂMETROS VALORES
6
Hemácias (x10 /μL) 5,5 - 8,0
Hemoglobina (g/dL) 12,0 - 18,0
Hematócrito (%) 37 - 55
VCM (fL) 60 - 77
CHCM (g/dL) 31 - 34
PARÂMETROS VALORES
Creatinina (mg/dL) 0,5 – 1,5
Ureia (mg/dL) 15 – 65
Proteína total (mg/dL) 5,8 – 7,9
Albumina (mg/dL) 2,6 – 4,0
Cálcio total (mg/dL) 8,6 – 11,2
Fósforo (mg/dL) 2,2 – 5,5
Fonte: Laboratório de Patologia Clínica Veterinária “Professor Dr. Joaquim Martins
Ferreira Neto” do Hospital “Governador Laudo Natel”, FCAV/Unesp – Câmpus
de Jaboticabal, SP.