Direito Constitucional

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PÓDIO DA PROVA ORAL TJSP 2022

DIREITO CONSTITUCIONAL

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1- Teoria Geral do Estado. Constitucionalismo, neoconstitucionalismo e teoria


da constituição. Constituição: histórico do constitucionalismo; conceito;
classificação; objeto; elementos. Poder constituinte: originário, derivado e
decorrente. Reforma, revisão e emenda da Constituição. Princípios
constitucionais. Interpretação e aplicabilidade da norma constitucional.
História das Constituições Brasileiras.
2- Organização do Estado: organização político-administrativa; a União, os
Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios; da intervenção.
Administração Pública: disposições gerais e princípios, servidores públicos
civis, militares e das regiões. Organização dos poderes e competências:
Executivo, Legislativo e Judiciário. Fiscalização contábil, financeira e
orçamentária. Poder Judiciário. Estatuto da Magistratura: direitos, garantias e
deveres. Autonomia administrativa e financeira dos Tribunais. Supremo
Tribunal Federal. Conselho Nacional de Justiça. Superior Tribunal de Justiça.
Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. Tribunais e Juízes do
Trabalho. Tribunais e Juízes eleitorais. Tribunais e Juízes militares. Tribunais
e Juízes dos Estados. Entendimento sumulado pelos Tribunais Superiores.
Das funções essenciais à Justiça.
3- Administração Pública. Dos servidores públicos. Ordem econômica e
financeira. Dos Princípios. Da intervenção do Estado no domínio econômico.
Política urbana, política agrícola e fundiária e da reforma agrária. Do Sistema
Financeiro Nacional (princípios gerais e limitações ao poder de tributar) e
finanças públicas (normas gerais e orçamentos). Regime jurídico dos
serviços notariais e de registro (e das serventias do foro judicial). A
fiscalização e a regulação dos serviços notariais e de registro. Art.236 da
Constituição Federal e Lei Federal nº 8.935/94. A Constituição da República
Federativa do Brasil e suas emendas. História das Constituições Brasileiras.
Súmulas Vinculantes: Lei Federal n° 11.417/2006. Regimento Interno do
Conselho Nacional de Justiça. Súmulas, Temas, Teses e Jurisprudência do
STJ e do STF.
4- Princípios fundamentais da República Brasileira. Direitos e garantias
fundamentais: direito e deveres, individuais e coletivos, direitos sociais e
direito de nacionalidade. Histórico. Conceito e distinção. Classificação.
Garantias constitucionais. Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de
Segurança. Tutela dos direitos e deveres individuais, difusos e coletivos.

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5- Direitos sociais. Dos direitos dos trabalhadores. Da associação sindical,


suas prerrogativas e poder de representação. Do direito de greve. Da
Nacionalidade. Dos Direitos Políticos. Dos partidos políticos.
6- Controle de constitucionalidade: conceito e formas; o controle no direito
brasileiro;
7- O princípio da Moralidade na Constituição do Brasil;
8- Ordem social. Da seguridade social. Conceito e princípios, finalidade,
organização e diretrizes que regem a previdência e assistência social.
Proteção ao Meio Ambiente. Família, Criança, Adolescente e Idoso. Da defesa
do Estado e das instituições democráticas.

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1- O que é um Estado?
Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu
sempre, pois desde que o homem vive sobre a Terra acha-se integrado numa
organização social, dotada de poder e com autoridade para determinar o
comportamento de todo o grupo. Uma segunda ordem de autores admite que a
sociedade humana existiu sem o Estado durante um certo período. Depois, por
motivos diversos, este foi constituído para atender às necessidades ou às
conveniências dos grupos sociais1.
A definição de Estado depende de qual destes pressupostos for seguido,
podendo ser compreendida como uma organização simples das estruturas
sociais escolhidas pelas pessoas; ou, em entendimentos mais exigente, como o
conjunto de ferramentas/tecnologias políticas e jurídicas que ordenam,
moldam e tornam eficiente a vida em sociedade.

2- Quais elementos compõem um Estado?


De maneira geral, costuma-se mencionar a existência de dois elementos
materiais, o território e o povo, havendo grande variedade de opiniões sobre o
terceiro elemento, que muitos denominam formal. O mais comum é a
identificação desse último elemento com o poder ou alguma de suas
expressões, como autoridade, governo ou soberania2.
3- O que define um Estado de Direito?
Em sentido formal, o Estado de Direito se expõe como a simples
existência de algum tipo de ordem legal cujos preceitos materiais e
procedimentais sejam observados tanto pelos órgãos de poder quanto pelos
particulares (Rechtsstaat). Sob um viés substancial, não se pode prescindir,
contudo, da análise material da origem e o conteúdo da legalidade em questão,
isto é, sua legitimidade e sua justiça3.

4- Defina Estado Democrático de Direito.


O Estado Democrático de Direito é a síntese histórica de dois conceitos:
constitucionalismo e democracia, deste modo, congrega as ideias de limitação
de poder, mediante o manejo de ferramentas decorrentes do exercício da
soberania popular e governo da maioria, sem que isso se traduza em
desrespeito às posições e direitos da minoria4.
Dado o contexto contemporâneo, deve ser entendido como um Estado
Constitucional Democrático, que deve ser constituído das premissas da
juridicidade, democracia, sociabilidade e sustentabilidade5.
1
DALLARI, Dalmo Abreu. Elementos de teoria geral do estado. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 22.
2
Ibid., p. 29.
3
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: conceitos fundamentais e a
construção do novo modelo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 57
4
Ibid., p. 88.
5
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Estado de Direito. Lisboa: Gradiva, 1998, p. 23.

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5- Indique e explique as finalidades buscadas pelos movimentos


constitucionalistas.
O constitucionalismo é um movimento que tem as finalidades de
limitação do poder e garantia de direitos. As formas de limitação deste poder,
bem como os direitos buscados são objeto de evolução constante no curso
temporal6.
Como a limitação do poder podem ser entendidas todas as maneiras de
afastamento do absolutismo e a imposição de freios e contrapesos ao
exercício de poderes políticos, sociais e jurídicos. Por seu turno, a garantia de
direitos é buscada pela reinvindicação social e moral de situações jurídicas
ativas de vantagem, normalmente pela feição de estabelecimento de direitos
fundamentais e direitos humanos.

6- Explique as etapas/fases/divisões dos movimentos


constitucionalistas.
O constitucionalismo costuma ser dividido doutrinariamente em: a)
antigo; b) moderno; e, c) contemporâneo. Alguns outros autores utilizam ainda
etapas como neoconstitucionalismo e constitucionalismo do futuro.
O constitucionalismo antigo é formado pelos conjuntos de movimentos
e estruturas que limitavam o poder absoluto e precedem as primeiras
Constituições escritas, normalmente preenchidos por preceitos religiosos.
Moderno é aquele que surge com as revoluções liberais do século XVIII, marca
a edição das primeiras Constituições escritas e enuncia direitos fundamentais,
notadamente de cunho individual e, posteriormente, também de matiz social.
O constitucionalismo contemporâneo tem como marco o fim da
Segunda Guerra Mundial e, dada as atrocidades vivenciadas, tem por
paradigma a dignidade da pessoa humana, que busca impedir a
instrumentalização da pessoa ou sua verificação como mero objeto de
imposição de vontades alheias.

7- A CRFB/88 expressa alguma manifestação


neoconstitucionalista? Se sim, justifique e exemplifique; se não, indique o
porquê da resposta negativa.
O neoconstitucionalismo (entendido por alguns doutrinadores como
constitucionalismo contemporâneo) é um movimento que pode ser entendido,
basicamente, sobre três aspectos: a) modelo específico de organização
político-jurídica; b) teoria do direito para descrever e operacionalizar o modelo
constitucional surgido a partir da Segunda Guerra Mundial; e, c) ideologia.

6
NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional. 11. ed. Salvador: Juspodivm 2016, p. 43.

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No campo ligado às normas constitucionais, a CRFB/88, percebe-se a


adoção de preceitos deste movimento quando há grande relevância a direitos
fundamentais, enunciados com texto bastante aberto à interpretação; na força
normativa garantida a princípios; na dotação de relevância à dignidade humana;
na estruturação de um Poder Judiciário capaz de (re)construir normas
constitucionais; nas formas previstas de controle de constitucionalidade etc.

8- O que é a Constituição sobre um sentido formal?


A Constituição, em sentido formal, é o documento escrito e solene que
positiva as normas jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas
por um processo constituinte específico7.

9- O que significa o aspecto material da compreensão de uma


Constituição?
Fala-se em Constituição no sentido substancial quando o critério
definidor se atém ao conteúdo das normas examinadas. A Constituição será,
assim, o conjunto de normas que instituem e fixam as competências dos
principais órgãos do Estado, estabelecendo como serão dirigidos e por quem,
além de disciplinar as interações e controles recíprocos entre tais órgãos.
Compõem a Constituição também, sob esse ponto de vista, as normas que
limitam a ação dos órgãos estatais, em benefício da preservação da esfera de
autodeterminação dos indivíduos e grupos que se encontram sob a regência
desse Estatuto Político8.

10- Explique sobre a definição da Constituição como um


acoplamento estrutural entre subsistemas sociais autônomos.
O Direito é um subsistema autônomo em que o seu ambiente é a
sociedade. Nesse sentido, o sistema jurídico tem função, operações e um
código próprio (lícito/ilícito) que o distingue dos demais subsistemas sociais
(v.g. política). Portanto, o Direito somente se manifesta ao seu jeito, ainda que
possa sofrer irritações de outros sistemas9.
Vale dizer, quando os congressistas aprovam uma emenda à
Constituição, o fazem por manifestações políticas, porém ela terá repercussões
no Direito. Assim, o sistema jurídico precisa estar apto a receber esta
comunicação e, neste caso, o faz por um acoplamento estrutural, entendido
como uma ferramenta que aproxima subsistemas parciais da sociedade,
mantendo-os, contudo, distintos entre si.

7
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Cusro de direito constitucional. 13. ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 86.
8
Ibid., p. 83.
9
LUHMANN, Niklas. O direito da sociedade. Tradução: Saulo Krieger. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

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A Constituição como acoplamento estrutural significa a forma pela qual


as operações da política podem repercutir no Direito e, da mesma forma, as
operações jurídicas repercutem no sistema político, mantendo as estruturas
específicas dos sistemas e gerando soluções para a autorreferência deles.

11- Em que consiste a afirmação de que a Constituição é uma


aquisição evolutiva?
Uma Constituição serve para firmar, com efetividade, a determinação de
que o Direito deve se reger por suas próprias estruturas. Deste modo, evita que
haja uma “desdiferenciação” entre algum subsistema social e o sistema
jurídico. Ser uma aquisição evolutiva significa que a Constituição é uma
construção da sociedade moderna/contemporânea que obsta que o Direito seja
totalmente subjugado pela política, economia, religião, moral etc.
Em termos mais precisos, Luhmann defede que a “Constituição, como
aquisição evolutiva, cumpre sua função unicamente sob o pressuposto da
diferenciação funcional e do fechamento operativo dos sistemas político e
jurídico”10.

12- Classifique a CRFB/88 e justifique cada alocação dentro do


espectro alocado.
Quanto à forma: é escrita, porque enunciada em texto formalizado e
condensado, conquanto a paulatina inserção de normas constitucionais pelo
rito previsto no art. 5º, § 3º, CF tenha mostrado que nem todo o conjunto
constitucional encontra-se positivado num único documento.
Quanto à origem: é uma Constituição promulgada, pois é fruto do
exercício de manifestação popular, enunciada em Assembleia Nacional
Constituinte.
Quanto à extensão: é analítica, pois aborda uma extensão grande de
assuntos que, tradicionalmente, não são considerados de cunho materialmente
constitucional.
Quando ao modo e elaboração: são dogmáticas, porque elaborada em
uma manifestação única de assembleia constituinte, que congregou os
dogmas sociais representados e vencedores nas votações constituintes.
Quanto à mutabilidade: é rígida, haja vista que encampa procedimento
mais solene para alteração de seu texto do que aquele previsto para a
modificação da legislação ordinária.
Quanto ao critério ontológico: prevalece na doutrina ainda ser uma
constituição nominal, malgrado existam posições defendendo a sua
caracterização como normativa.

10
Ibid., p. 642.

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13- Em que consiste a teoria da Constituição simbólica?


É uma ideia exposta por Marcelo Neves, que aponta características de
dissonância entre as normas constitucionalmente estabelecidas e a
concretização dos preceitos constitucionais na sociedade. Ou seja, as normas
(e também os textos constitucionais) são utilizadas como representações
jurídicas de anseios populares, sem que haja efetivo interesse e/ou aptidão de
se implementar o regime proposto na sociedade politicamente organizada.
São exemplos de manifestação de constituição simbólica: a) “legislação
álibi”, como uma resposta meramente de criação de texto normativo a
problemas sociais; b) confirmação de valores sociais por via legislativa, que
não necessariamente serão implementados socialmente (v.g. lei seca nos EUA);
c) adoção de compromissos dilatórios, para que se posterguem a solução de
conflitos sociais.

14- Em que consiste o transconstitucionalismo?


O transconstitucionalismo é uma maneira de delinear as formas de
relação entre ordens jurídicas diversas. Ou seja, dentro de um mesmo sistema
funcional da sociedade mundial moderna (o sistema jurídico), proliferam
ordens jurídicas diferenciadas, subordinadas ao mesmo código binário
(lícito/ilícito), mas com diversos programas e critérios. Verifica-se, dessa
maneira, uma pluralidade de ordens jurídicas, cada uma das quais com seus
próprios elementos ou operações (atos jurídicos), estruturas (normas jurídicas),
processos (procedimentos jurídicos) e reflexão da identidade (dogmática
jurídica)11.
Na sociedade contemporânea, existem problemas que envolvem
concomitantemente diversas ordens jurídicas distintas, cada uma delas com
“centros” diferentes. O transconstitucionalismo é a compreensão de que
existem vários programas para solução de problemas e, em certos casos, não
há hierarquia, porém “interpenetração” de ordens distintas dentro de um
mesmo sistema mundial: o Direito.

15- Como é a estrutura e quais são os elementos de uma


Constituição?
As estruturas de uma Constituição são: a) preambulo; b) parte
dogmática; e, c) disposições transitórias.
José Afonso da Silva expôs que são os seguintes os elementos: a)
elementos orgânicos; b) elementos limitativos; c) elementos socioideológicos;
d) elementos de estabilização constitucional; e) elementos formais de
aplicabilidade.

11
NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018, p. 115-116.

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16- Discorra sobre as correntes jurídicas que tratam acerca da


(ir)relevância jurídica do preâmbulo da Constituição.
Uma primeira corrente defende relevância jurídica, pois é parte do texto
constitucional. Para uma segunda corrente, o preâmbulo tem uma relevância
jurídica indireta, reflexa ou apenas mediata (de cunho hermenêutico). Por fim,
uma terceira corrente desconsidera por inteiro o preâmbulo e expõe sua tese de
irrelevância jurídica, o considerando como uma mera expressão política (com
isso, ele não funcionaria nem mesmo como elemento de integração e
interpretação do texto constitucional).
Portanto, tem-se: a) relevância jurídica direta e imediata (atribui ao
preâmbulo plena natureza jurídica equiparando-o a qualquer outra norma
constitucional); b) relevância jurídica indireta (reconhece o preâmbulo como um
vetor de cunho hermenêutico, situando-o, por conseguinte, numa condição
intermediária entre a relevância jurídica direta e a irrelevância jurídica); c)
irrelevância jurídica (preâmbulo constitucional não tem natureza normativa,
sendo apenas uma declaração política e, portanto, de caráter mais simbólico
do que propriamente jurídico)12.

17- O que diferencia o poder constituinte do poder de reforma da


Constituição?
O poder constituinte [originário] enuncia/cria novas bases textuais e
jurídicas do regime constitucional e legal de um Estado. Por sua vez, o poder de
reforma à Constituição é um poder constituído que, dentro dos limites
estabelecidos, pode modificar os textos, enunciados e, assim, normas jurídicas
constitucionais.
Assim, tradicionalmente, classifica-se o poder constituinte originário
como: inicial, ilimitado, incondicionado e permanente, enquanto o poder de
reforma [constituinte de reforma] é visto como condicionado, limitado e
derivado.

18- O que é poder constituinte decorrente? Os Municípios exercem


poder constituinte decorrente?
Consiste no poder constituinte dos Estados-membros de uma
Federação, instituído e regulado (em maior ou menor medida) pelo poder
constituinte originário13. É a aptidão de os Estados-membros da federação
enunciarem Constituição própria, desde que em consonância com aquela da
qual o seu poder é derivado.

12
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 9. ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p.
114.
13
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luis Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional.
7. ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 102.

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Prevalece que os Municípios não exercem poder constituinte decorrente.


A Lei Orgânica Municipal está duplamente submetida: CF e CE, o que lhe
enfraqueceria como disposição de exercício de poder decorrente.

19- É possível que emenda à Constituição determine a extinção da


delegação notarial que lhe será outorgada? Justifique mediante o manejo das
teorias de retroatividade mínima, média e máxima das normas constitucionais.
Dá-se a retroatividade máxima (também chamada restitutória, porque
em geral restitui as partes ao ‘status quo ante’), quando a lei nova ataca a coisa
julgada e os fatos consumados (transação, pagamento, prescrição). A
retroatividade é média quando a lei nova atinge os efeitos pendentes de ato
jurídico verificados antes dela, exemplo: uma lei que limitasse a taxa de juros e
fosse aplicada aos vencidos e não pagos. Enfim a retroatividade é mínima
(também chamada temperada ou mitigada), quando a lei nova atinge apenas os
efeitos dos atos anteriores produzidos após a data em que ela entra em vigor14.
Prevalece que as emendas constitucionais possuem retroatividade
mínima, de modo que, em regra, afetaria apenas outorgas de delegações
ocorridas após sua vigência. Não obstante, é possível que candidato
fundamente no sentido de que, mesmo com retroatividade mínima, o exercício
de delegação é um efeito protraído no tempo e, assim, estaria sujeito às
influências de retroatividade mínima.

20- Quais são os limites de reforma à Constituição? Defina-os.


O poder de reforma à Constituição sofre limites de cunho formal (de
cunho procedimental, que estabelecem o rito a ser seguido para aprovação das
emendas: iniciativa, deliberação etc.), circunstanciais (hipóteses especificas de
situações fático-jurídicas que impedem emendas à Constituição: estado de
defesa, estado de sítio, intervenção federal) temporais (fixação de prazos e
oportunidades para o exercício da reforma) e materiais (chamadas cláusulas
pétreas, são condicionantes de cunho substancial que obstam abolição de
certas normas ou status constitucionais).

21- É possível que se institua, por meio de Emenda à CRFB/88, nova


situação de revisão constitucional?
Prevalece na doutrina que somente o poder constituinte originário pode
estabelecer hipótese de revisão da Constituição, tendo em vista que se trata de
forma mais branda de modificação do texto. Assim, como os limites para a
reforma já foram estabelecidos, compete aos poderes constituídos segui-los, e
não buscar afrouxamento deles para mudanças no texto.

14
ADI 493.

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22- O que é um princípio constitucional?


Pode ser definido de diversas maneiras, em razão da vasta concepção
doutrinária acerca deste termo. Há quem defenda que se tratam de normas de
cunho mais abstrato, geral, intangível da Constituição; há compreensão de são
mandamentos de otimização (ou otimizantes); há entendimento de que são
normas que podem ser aplicadas em graus distintos de realização, em vez de
“tudo ou nada” etc.
Para Humberto Ávila, os princípios são normas imediatamente
finalísticas, primariamente prospectivas e com pretensão de
complementaridade e de parcialidade, para cuja aplicação se demanda uma
avaliação da correlação entre o estado de coisas a ser promovido e os efeitos
decorrentes da conduta havida como necessária à sua promoção15.

23- Qual o âmbito de incidência do princípio republicano?


O princípio republicano enuncia a forma de governo como uma
República. A república se caracteriza pelo caráter representativo dos
governantes, inclusive do Chefe de Estado (representatividade), pela
necessidade de alternância no poder (temporariedade) e pela
responsabilização política, civil e penal de seus detentores (responsabilidade).
A forma republicana de governo possibilita a participação dos cidadãos, direta
ou indiretamente, no governo e na administração pública, sendo irrelevante a
ascendência do indivíduo para fins de titularidade e exercício de funções
públicas16.

24- O princípio estruturante do republicanismo é uma cláusula


pétrea?
O princípio republicano não consta expressamente entre as cláusulas
pétreas contidas no texto do art. 60, § 4º da CF. Contudo, prevalece a
compreensão doutrinária da existência de limites materiais implícitos ao poder
de reforma à Constituição. Neste diapasão, há quem defenda que o princípio
republicano goza deste status. Não obstante, ainda há controvérsia doutrinária
acerca da (im)possibilidade de implementação de uma monarquia
constitucional no Brasil.

25- Em que consiste o método tópico-problemático como um modo


de interpretação da Constituição?
O método tópico-problemático tem como ponto de partida a
compreensão prévia do problema e da constituição e de apoio o consenso ou o
senso comum, os quais são revelados, e.g., pela doutrina dominante ou pela

15
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 14. ed. São
Paulo: Malheiros, 2013, p. 85.
16
NOVELINO, op. cit., p. 241.

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jurisprudência pacífica. Trata-se de uma teoria de argumentação jurídica


voltada para o problema e para o conceito de compreensão prévia, apta a
fundamentar um sistema material de direito em contraposição ao sistema
formal do dedutivismo lógico. Não existem respostas corretas ou verdadeiras,
mas sim argumentos que se impõem pela força do convencimento. O
compromisso central do intérprete consiste em encontrar a melhor solução
para o problema apresentado17.

26- Em que consiste o método científico-espiritual de interpretação


da Constituição?
No método científico-espiritual, idealizado por Rudolf Smend, a
interpretação deve ter em conta o sistema de valores subjacentes à
constituição (elemento valorativo), assim como sua importância no processo
de integração comunitária (elemento integrativo). Os institutos do direito
constitucional devem ser compreendidos em sua conexão com o sentido de
conjunto e universalidade expressos pela constituição, a qual deve ser
interpretada como um todo (“visão sistémica”). Também devem ser levados em
consideração fatores extraconstitucionais, dentre eles, a realidade social
captada naquele momento histórico (elemento sociológico)18.

27- Discorra sobre a metódica jurídica normativo-estruturante de


interpretação da Constituição.
Friedrich Müller propõe uma “metódica estruturante” desenvolvida para o
direito constitucional. Segundo o formulador do método
normativo-estruturante, a indicação dos elementos tradicionais de
interpretação como métodos da práxis e da ciência jurídica é fruto de uma
compreensão equivocada da estrutura da realização prática do direito. Ante a
impossibilidade de direito e realidade subsistirem autonomamente, deve-se
falar em concretização, e não em interpretação, sendo esta considerada
apenas um dos elementos, embora dos mais relevantes, do processo de
concretização da norma.
Por fornecerem complementarmente os componentes necessários à
decisão jurídica, na concretização normativa o operador deve considerar tanto
os elementos resultantes da interpretação do programa normativo (conjunto de
domínios linguísticos resultantes da abertura semântica proporcionada pelo
texto do preceito jurídico, ou seja, a diversidade de sentidos semanticamente
possíveis do comando linguístico insculpido no texto) quanto os decorrentes
da investigação do domínio/âmbito normativo (conjunto de domínios reais,
fáticos, abrangidos em função do programa normativo, isto é, a realidade social
que o texto intenta conformar). O resultado do conjunto formado pelo programa
17
Ibid, p. 141.
18
Ibid, p. 140.

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normativo e pelo âmbito normativo é a norma jurídica, que deve ser formulada
de maneira genérica e abstrata19.

28- Todas as normas da Constituição possuem aplicabilidade


jurídica?
Sim. Ainda que nem todas as normas detenham aplicabilidade imediata,
todas podem ser utilizadas em operações jurídicas e, assim, serem aplicadas.
Isto é, mesmo aquelas definidas como normas de aplicabilidade limitada
podem servir de parâmetro para controle de constitucionalidade, de modo que
a aplicação pode ocorrer de múltiplas formas.

29- Quais Constituições brasileiras foram outorgadas?


Constituição de 1824 (enunciada na época do Império). Constituição de
1937 (de características fascistas e enunciada durante o governo de Getúlio
Vargas). 1967 (editada no período da Ditadura Militar) e sua EC 01/69, também
enunciada durante a Ditadura.

30- Quais Constituições brasileiras adotaram o regime


presidencialista?
Somente a Constituição de 1824 não adotou o regime presidencialista.

31- Os Territórios são entes federativos?


Não. Os Territórios são espécies de organização espacial que se inserem
no âmbito da União e, portanto, não ostentam a qualidade de ente federativo.
Ademais, o art. 18 da CRFB/88 não os inclui expressamente dentro da
organização política do Brasil.

32- Defina a federação como forma de organização do Estado. Quais


são as características da federação brasileira encampada pela CRFB/88?
Federação é a forma de organização do Estado em que o poder emana
de diversos centros político-jurídicos distintos, distribuídos dentro do território.
A capacidade de inovar juridicamente, organizar estruturas e exercer comando
jurídico-administrativo não está concentrada num único ente, porém se divide
em várias parcelas de exercício de poder.
A federação brasileira, formada de maneira centrífuga, é caracterizada
por três níveis federativos (União, Estados e Municípios), além de um Distrito
Federal. Cada um deles detém competências de autolegislação, autogoverno e
autorganização e somente a República Federativa do Brasil é independente, de
modo que se proíbe o direito de secessão e, para organizar toda essa estrutura,

19
Ibid., p. 143.

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permite-se intervenção de um e outros somente em hipóteses restritas e


expressas previstas na CRFB/88.

33- Em que consistem as regras de repartição vertical e horizontal


das competências federativas?20 Qual delas foi adotada pela CRFB/88?
A técnica de repartição horizontal de competências é aquela em que há
uma distribuição estanque/fechada de atribuições entre os entes federativos,
de modo que cada um deles terá seu âmbito competencial previamente
definido. Por sua vez, a técnica vertical é aquela em que os entes federativos,
concorrentemente, detêm atribuições sobre uma mesma matéria.
A CRFB/88 adotou as duas espécies de repartição, pois estabelece
competências privativas dos entes (v.g. somente a União pode legislar sobre
direito penal) e também lhes confere competências concorrentes (v.g. legislar
sobre direito tributário).

34- O que é necessário para que se crie um novo Município?


Os requisitos estão contidos no art. 18, § 4º da CF: A criação, a
incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei.

35- Município, fruto de desmembramento sem plebiscito, que teve sua


lei de criação publicada em janeiro de 2005 (antes da edição da EC
57/2008) é titular de competência para instituição e legitimidade para
cobrança de tributos?
Não. A exigência da realização de plebiscito (art. 18, § 4º, CF) não foi
afastada pelo art. 96, ADCT, pela EC n. 57/2008, sendo ilegítimo o município
ocupante para cobrar o IPTU nos territórios indevidamente incorporados. STF.
RE 1171699.
A EC no 57/08 não convalidou desmembramento municipal realizado
sem consulta plebiscitária e, nesse contexto, não retirou o vício de ilegitimidade
ativa existente nas execuções fiscais que haviam sido propostas por município

20
Horizontal:
É a técnica na qual, há uma distribuição estanque (fechada) de competência entre os entes, ou seja, cada
ente terá suas competências definidas de forma enumerada e específica, não as dividindo com nenhum
outro ente.

Vertical:
É aquela técnica na qual dois ou mais entes vão atuar conjuntamente ou concorrentemente para uma
mesma matéria.

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ao qual fora acrescida, sem tal consulta, área de outro para a cobrança do IPTU
quanto a imóveis nela localizados. STF. RE 614384/SE.

36- Qual o procedimento necessário para que dois Estados se unam?


Os requisitos deste tipo de procedimento estão previstos no art. 18, § 3º
da CF: Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.

37- Quais causas podem constitucionalmente justificar a intervenção


da União em Município?
A regra é que a União não pode intervir nos Municípios, somente
podendo fazê-lo, de modo excepcional, quando forem Municípios localizados
em Territórios Federais. Nesta situação, as casas constitucionalmente
previstas são aquelas no art. 35 da CF/88.

38- É possível que decisão judicial determine a intervenção federal


em Estado?
A intervenção federal ocorrerá sempre por meio de decreto do Presidente
da República. Não obstante, há situações constitucionais em que a intervenção
depende de requisição do Poder Judiciário (art. 36, inciso I e II) ou decisão
judicial (art. 36, inciso III), casos em que o decreto presidencial será
considerado ato administrativo vinculado21 e, assim, é possível defender que o
não acatamento da decisão possa ser atacado por demanda judicial.
Destarte, ainda que a CF não estipule expressamente que decisão
judicial pode determinar a intervenção federal, a interpretação destas hipóteses
constitucionais citadas tem aptidão para situação como esta ocorra.

39- Quais são os princípios constitucionais sensíveis?


São as proposições jurídicas contidas no enunciado art. 34, inciso VII, da
CRFB/88: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d)
prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e, e) aplicação
do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde.

21
NOVELINO, op. cit., p. 547.

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40- O que é o regime remuneratório de subsídios? Quais agentes


públicos devem ser submetidos a ele?
É uma forma de remuneração em “parcela única”, vedado o acréscimo de
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou
outra espécie remuneratória.
De acordo com o art. 39, § 4º da CF, devem ser remunerados por meio de
subsídios: o membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de
Estado e os Secretários Estaduais e Municipais. Além disso, a Constituição
estabelece esta forma de remuneração a outros agentes públicos: membros do
MP (art. 128, § 5º, I, “c”, CF/88); membros da advocacia pública e defensoria
pública (art. 135, CF); servidores policiais (art. 144, § 9º, CF/88).

41- Policiais civis que estejam trabalhando há mais de 90 dias sem


receber remuneração/subsídios, podem realizar greve para pressionar o
pagamento destes valores atrasados?
Não. O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade,
é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública (STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel.
orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
5/4/2017 [repercussão geral])

42- Quais são os parâmetros jurídicos para que os vereadores sejam


albergados pela imunidade parlamentar material?
No Julgamento do RE n° 600.063 fixou-se a seguinte tese repercussão
geral: nos limites da circunscrição do Município e havendo pertinência com o
exercício do mandato, os vereadores são imunes judicialmente por suas
palavras, opiniões e votos.

43- A manifestação de deputado federal, no recinto do Congresso


Nacional, estará coberta pela imunidade material de forma absoluta?
Justifique.
Costuma-se manifestar nas decisões do STF que não existe direito
absoluto. Contudo, no que tange a esta imunidade dos parlamentares,
prevalece o entendimento de que a manifestação feita no Congresso Nacional
detém presunção [relativa] de pertinência com o exercício do cargo, de modo
que as manifestações são albergadas pela imunidade.
Ressalve-se situações excepcionais, em que – mesmo manifestadas no
recinto físico da Casa – as declarações do parlamentar não estarão
acobertadas por esta imunidade: “não obstante a jurisprudência do STF tenha
entendimento no sentido da Impossibilidade de responsabilização do
parlamentar quando as palavras tenham sido proferidas no recinto da Câmara
dos Deputados, as declarações foram proferidas em entrevira o veículo de

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Imprensa, não incidindo, assim, a imunidade. O fato de o parlamentar estar em


seu gabinete no momento em que a concedera é meramente acidental, já que
não foi ali que se tornaram públicas as ofensas, mas sim por meio da imprensa
e da internet. Portanto, cuidando-se de declarações firmadas em entrevista
concedida a veículo de grande circulação, cujo conteúdo não se relaciona com
a garantia do exercício da função parlamentar. não incide o art. 53 da CR/88”.
Inq. 3932 e Pet. 5243 Rei. Min. Luiz Fux, Julg. em 21.06.2016.

44- É possível que réu em processo penal alcance o cargo de


presidente do Senado Federal? Neste caso, o agente poderá substituir o
Presidente da República nas suas ausências?
No julgamento da ADPF 402 MC-REF/DF, restou assentado que, mesmo
sendo réu em processo criminal, o sujeito pode ser eleito Presidente do Senado
Federal, contudo, não poderá servir como substituto eventual do Presidente da
República.

45- Em que consiste a imunidade testemunhal dos senadores?


É a imunidade prevista no art. 53, § 6º da CF, que dispõe o seguinte: os
Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.

46- Os deputados federais mantêm suas imunidades durante o


estado de defesa e o estado de sítio?
Sim. De acordo com o art. 53, § 8º da CF, “as imunidades de Deputados
ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas
mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de
atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam
incompatíveis com a execução da medida”.

47- Querido por seus colegas, o Deputado Federal X foi condenado


pelo STF ao cumprimento da pena de 13 anos de reclusão, iniciando-se em
regime fechado; para impedir que, além da sanção penal, tenha também mais
prejuízos políticos e financeiros, pode a Câmara dos Deputados decidir que o
parlamentar não perderá o mandato?
Há bastante discussão jurisprudencial e doutrinária acerca da
interpretação que deve se conferir aos textos previstos no art. 55 da CF. Isto é,
se a condenação criminal determina que a Casa apenas declare a perda do
mandato ou delibere discricionariamente sobre ela.
A despeito dessa discussão, no caso analisado, a pena de reclusão se
inicia em regime fechado e, mesmo a quantia de 1/6 dela é superior ao prazo
máximo de reuniões que o Parlamentar pode faltar sem que haja declaração da

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perda do cargo. Assim, é possível que seja caso de perda compulsória do


mandato. Entretanto, para maior segurança na resposta, vejam-se os seguintes
extratos jurisprudenciais22:
Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal
ou Senador, haverá a perda automática do mandato ou
isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da
Câmara ou do Senado, respectivamente?A condenação
criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para
acarretar a perda automática do mandato eletivo de
Deputado Federal ou de Senador?
1ª Turma do STF: DEPENDE.
• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120
dias em regime fechado: a perda do cargo será uma
consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à
Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que
houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF),
nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88.
• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena
em regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal
não gera a perda automática do cargo. O Plenário da
Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55,
§ 2º, da CF/88, se o condenado deverá ou não perder o
mandato.
STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 2/5/2017 (Info 863).
STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
22/5/2018 (Info 903).

2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A Casa


é que irá deliberar.
O STF apenas comunica, por meio de ofício, à Mesa da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal informando
sobre a condenação do parlamentar.
A Mesa da Câmara ou do Senado irá, então, deliberar
(decidir) como entender de direito (como quiser) se o
parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo,
conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88.

22
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só,
para acarretar a perda automática do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9715d04413f296eaf3c30c47cec3da
a6>.

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Assim, mesmo com a condenação criminal, quem decide


se haverá a perda do mandato é a Câmara dos Deputados
ou o Senado Federal.
STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 29/5/2018 (Info 904) (obs: o Relator Edson Fachin
ficou vencido neste ponto).

48- Quem faz a apreciação e julgamento das contas do Presidente da


República?
A apreciação é realizada pelo TCU (art. 71, I, CF) e o julgamento é
realizado pelo Congresso Nacional (art. 49, IX, CF).

49- Sociedade de economia mista estadual está sujeita à fiscalização


e controle exercido por Tribunal de Contas?
Sim. Tendo em vista que a maioria do seu capital votante é de
titularidade acionária do Estado, deve se submeter ao controle do Tribunal de
Contas, mesmo que seja pessoa de direito privado. As empresas estatais se
submetem a regime jurídico que congrega normas de direito público e privado,
de modo que é constitucional a fiscalização e controle destes dinheiros
públicos pelo respectivo TC.

50- Qual a composição do Tribunal de Contas do Estado?


São compostos por 7 (sete) Conselheiros, sendo 3 (três) deles
escolhidos pelo Chefe do Executivo (um entre a classe de auditores, outro entre
a classe de membros do MP junto ao Tribunal de Contas e um terceiro de
escolha livre) e 4 (quatro) pelo Legislativo local.

51- É constitucional emenda parlamentar, em projeto de lei iniciado pelo


TCE, que veicule regras sobre prescrição e decadência nos processos
perante o órgão de contas?
Sim. Não há regramento nacional (CF ou lei federal) que aborde este
tema. A segurança jurídica demanda que sejam estabelecidos limites
temporais aos procedimentos administrativos, visto a excepcionalidade das
regras de imprescritibilidade.
Ademais, o estabelecimento destas regras não aborda questão de organização
do TCE, de modo que não há qualquer violação de iniciativa. STF. ADI 5384/MG.

52- O Ministério Público de Contas pode executar multa imposta em


julgamento do Tribunal de Contas?
Não. O STF decidiu que o MP junto ao TC não detém legitimidade para a
execução de multas (Plenário. ARE 823347 RG, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 02/10/2014. Repercussão geral). Posição também manifestada

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pelo STJ (2ª Turma. REsp 1.464.226-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 20/11/2014).

53- A quem compete executar multa aplicada, por Tribunal de Contas


do Estado, a Prefeito Municipal, em razão de danos causados ao erário
municipal?
Compete ao Município. Os Estados não têm legitimidade ativa para a
execução de multas aplicadas, por Tribunais de Contas estaduais, em face de
agentes públicos municipais, que, por seus atos, tenham causado prejuízos a
municípios. O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito
decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público
municipal, em razão de danos causados ao erário municipal. STF. Plenário. RE
1003433/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 14/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 642) (Info 1029).
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 926.189-MG, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 15/02/2022 (Info 725)23.

54- A quem compete a iniciativa legislativa para projeto de lei que


tenha objeto de criar mais cargos na estrutura do Tribunal de Contas de
Estado?
Ao próprio Tribunal de Contas, tendo em vista que é detentor de
autonomia administrativa (art. 73, CF).

55- Cite e explique as garantias institucionais do Poder Judiciário.


O Poder Judiciário detém as garantias institucionais de autonomia
administrativa e financeira.
A autonomia administrativa (e organizacional) confere ao Poder
Judiciário o poder de a) eleger seus órgãos diretivos, sem qualquer
participação dos outros Poderes; b) elaborar regimento interno; c) organizar a
estrutura administrativa interna de modo geral, como a concessão de férias,
licença, dentre outras atribuições.
Por seu turno, autonomia financeira lhe dá a competência de elaborar
sua própria proposta orçamentária, do recebimento de seu orçamento na forma
de duodécimo.

56- Quais são as garantias dos magistrados?


São garantias dos magistrados: vitaliciedade, irredutibilidade de
subsídios e inamovibilidade.

57- Quais são as formas de aquisição de vitaliciedade pelo juiz?

23
Texto retirado dos informativos comentados do Dizer o Direito.

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As formas de aquisição de vitaliciedade pelos magistrados são as


seguintes: a) no primeiro grau, após dois anos de exercício e aprovação no
processo de vitaliciamento; b) no acesso imediato aos Tribunais, com a simples
posse do cargo (v.g. desembargador nomeado pelo quinto constitucional que,
anteriormente, era advogado).

58- Em quais ocasiões a inamovibilidade pode ser restringida?


As restrições à inamovibilidade são as seguintes: a) magistrado poderá
ser removido, por interesse público, em razão de decisão tomada por voto da
maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
assegurada ampla defesa; b) extinção de vara; c) remoção a pedido; d)
promoção na carreira etc.
Salienta-se que mesmo juízes substitutos são detentores da
inamovibilidade (MS 27.958, STF).

59- Quais Tribunais não estão obrigados ao respeito da regra do


quinto constitucional? Justifique.
Não estão obrigados ao respeito estrito do quinto constitucional os
seguintes Tribunais: STF, STJ, TSE, TREs e STM.
O art. 94 da CF estabelece expressamente que o quinto constitucional
será observado nos TRFs, TJs e TJDFT. Além disso, há previsão para
composição do TST (art. 111-A, I, CF) e dos TRTs (art. 115, I, CF).
O STF não se submete ao quinto constitucional, pois não há reserve de
“origens” para a nomeação de seus Ministros. O STJ também não se submete
porque, na verdade, há reserva de 1/3, e não 1/5. O TSE segue regra distinta, de
que dois de seus membros advirão da classe de advogados, sem previsão para
aqueles vindos do MP (art. 119, II, CF); regra também seguida para nomeação
de juízes de TREs (art. 120, II, CF). Por fim, o STM segue regra bastante peculiar
de escolhas de membros, definida no art. 123 da Constituição.

60- Como é composto o CNJ?


A composição está prevista no art. 103-B da CF/88: O Conselho Nacional
de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos,
admitida 1 (uma) recondução, sendo: I - o Presidente do Supremo Tribunal
Federal; II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo
respectivo tribunal; III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado
pelo respectivo tribunal; IV - um desembargador de Tribunal de Justiça,
indicado pelo Supremo Tribunal Federal; V - um juiz estadual, indicado pelo
Supremo Tribunal Federal; VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado
pelo Superior Tribunal de Justiça; VII - um juiz federal, indicado pelo Superior
Tribunal de Justiça; VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
pelo Tribunal Superior do Trabalho; IX - um juiz do trabalho, indicado pelo

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Tribunal Superior do Trabalho; X - um membro do Ministério Público da União,


indicado pelo Procurador-Geral da República; XI um membro do Ministério
Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; XII - dois
advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil; XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

61- Corregedor Nacional de Justiça pode requisitar dados bancários e


fiscais sem prévia autorização judicial?
Sim. É constitucional a requisição, sem prévia autorização judicial, de
dados bancários e fiscais considerados imprescindíveis pelo Corregedor
Nacional de Justiça para apurar infração de sujeito determinado, desde que em
processo regularmente instaurado mediante decisão fundamentada e baseada
em indícios concretos da prática do ato (art. 8º, Regimento Interno do CNJ).
A legitimidade para requisição pode ser por decisão singular do
Corregedor por conta da função constitucional por ele exercida, de fiscalização
da integridade funcional do Judiciário. Contudo, é preciso assegurar a
existência de garantias ao contribuinte, de modo que não há espaço para
devassa ou varredura, buscas generalizadas e indiscriminadas na vida das
pessoas, com o propósito de encontrar alguma irregularidade. STF. Plenário.
ADI 4709/DF.

62- Como ocorre a escolha e a destituição de Procurador-Geral de


Justiça?
A escolha do PGJ ocorre da seguinte maneira: os Ministérios Públicos
dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu
Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para
mandato de dois anos, permitida uma recondução (art. 128, § 3º, CF).
De acordo com o § 4º do mesmo artigo, os Procuradores-Gerais nos
Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por
deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei
complementar respectiva.

63- Discorra sobre os princípios institucionais do Ministério Público.


São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional (art. 127, § 1º, CF).
A unidade indica que o Ministério Público (dentro de cada um dos seus
ramos específicos) deve ser entendido como uma única instituição, de modo
que qualquer divisão é apenas funcional.

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Indivisibilidade ressalta que o MP não sofre fragmentações


institucionais pela divisão de seus órgãos, isto é, permite-se que haja
substituição de membros no exercício das atividades institucionais, sem que
ocorra qualquer violação jurídica. Quem atua é o MP, e não
procurador/promotor X, Y ou Z.
Independência funcional expõe que, no exercício da atividade fim, a
instituição e, neste consectário, os membros do MP detêm aptidão para
manifestarem-se com discricionariedade jurídica, desde que seus
posicionamentos estejam fundamentados no Direito. Isto é, não há submissão
a poder hierárquico no exercício de atividade-fim, restringindo-se esta
submissão aos critérios administrativos e financeiros.

64- Diferencie função de confiança de cargo em comissão. Tabelião


pode assumir função de confiança? Pode assumir cargo em comissão?
Justifique
Função de confiança é uma atividade pública – de chefia, direção ou
assessoramento – que se soma ao cargo já titularizado pelo agente estatal,
adicionando-lhe competências, atribuições e remuneração. Cargo em
comissão, por sua vez, é um conjunto de competências próprias dentro da
esfera administrativa, reservado a atividades que demandem posição de chefia,
direção e assessoramento, que subsistem sem a prévia necessidade de
titularização de cargo público pelo agente que o ocupará.
A despeito de ser agente público, o tabelião não é servidor público: em
verdade, exerce a função de terceiro em colaboração com a administração.
Deste modo, como não detém cargo público, lhe falta um dos pressupostos
para a titularidade de função de confiança; assim, há incompatibilidade formal
entre os dois regimes jurídicos.
De outra banda, no que concerne aos cargos em comissão, a posição de
subordinação (e sujeição jurídica) que o seu ocupante fica com quem lhe
nomeou é materialmente incompatível com o exercício das funções notariais;
assim, também lhe é vedado.
Além do mais, ressalte-se que o art. 25, da Lei Federal nº 8.935/94
dispõe que a delegação notarial/registral não pode ser compatibilizada como
exercício de cargo em comissão ou função de confiança.

65- Em quais hipóteses é constitucionalmente permitida a


acumulação remunerada de cargos públicos?
Em regra, veda-se a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto
nos casos em que houver autorização constitucional neste sentido, como é a
situação do art. 37, XVI, CF:
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o

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disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de


professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos
privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
Existem outras hipóteses constitucionalmente previstas, tal como a que
permite ao juiz exercer, em concomitância, um cargo de magistério (art. 95,
parágrafo único, I, CF), mesma disposição que se confere aos membros do MP
(art. 128, § 5º, II, “d”, CF).

66- Para as situações de acumulação de cargos públicos lícita, é


possível que os rendimentos/subsídios deles sejam somados entre si?
Sim. Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de
cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal
pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a
observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente
público.
STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgados em 26 e 27/4/2017 (repercussão geral) (Info 862)24.

67- Quais são os modos constitucionalmente previstos que o Estado


expressa sua atividade de intervenção na ordem econômica?
A intervenção poderá ser direta, indireta ou pela instituição de
monopólios.
Direta é quando o Estado explora – por si ou por entidades por ele
criadas – atividade econômica que, potencialmente, poderia ser exercida por
agentes privados (art. 173, CF).
Indireta ocorre quando o Estado age na modalidade de agente normativo
regulador da atividade econômica, criando, extinguindo ou modificando
programações jurídicas de cunho econômico (art. 174, CF).
Por fim, os monopólios acontecem quando uma determinada atividade
econômica é restringida subjetivamente a certos agentes que estão
autorizados a exercê-la de modo exclusivo (art. 177, CF).

68- Quais são os pressupostos constitucionais para que o Estado


explore diretamente atividade econômica?
Para que seja possível a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado é imprescindível que ela seja necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (art. 173,
CF).

24
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Se a pessoa acumular licitamente dois cargos públicos ela poderá
receber acima do teto. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4fb8a7a22a82c80f2c26fe6c1e0dcbb
3>.

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69- De acordo com a Constituição, como é cumprida a função social


da propriedade urbana?
Em conformidade com o art. 182, § 2º da CF: a propriedade urbana
cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.

70- Quais são os pressupostos constitucionais para que seja legítimo


ao poder público realizar a desapropriação de imóvel urbano não edificado
e/ou não utilizado?
Os pressupostos/requisitos estão previstos no art. 182, § 4º, CF: é
facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída
no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano
não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação
compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com
prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

71- Quais tipos de propriedade são, constitucionalmente,


insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária?
Em consonância com o art. 184 da CF, São insuscetíveis de
desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade
rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a
propriedade produtiva.

72- Distrito Federal pode realizar desapropriação, por interesse


social, de imóvel rural improdutivo para fins de reforma agrária?
Não. O art. 184 da CF confere competência exclusiva à União para
realizar desapropriação, por interesse social, com finalidade de reforma agrária.

73- O que é a atividade financeira do Estado?


É todo o conjunto de manifestações, condutas, enunciados e normas
jurídicas que regem, expõem e expressam as funções de aquisição de valores,
orçamento do erário e gasto de dinheiros públicos, sejam exercidos direta ou
indiretamente pelo Estado.

74- O sigilo bancário, entendido com um direito fundamental, é


possível de ser oposto à Receita Federal no exercício da cobrança de tributos?

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Não. De acordo com o entendimento do STF: as autoridades e os


agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras
informações sobre as movimentações bancárias dos contribuintes. Esta
possibilidade encontra-se prevista no art. 6º da LC 105/2001, que foi
considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se
caracteriza como “quebra” de sigilo bancário, ocorrendo apenas a
“transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco.
STF. Plenário. ADI 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24/2/2016 (Info 815).
STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
24/2/2016 (repercussão geral) (Info 815)25.

75- Cada representante de Poder encaminha ao Congresso Nacional


o projeto Lei Orçamentária Anual para apreciação, votação e aprovação?
Não. A LOA é encaminhada em projeto de lei único, diretamente pelo
Chefe do Executivo ao Legislativo.

76- Qual a finalidade do plano plurianual? Qual o seu prazo de


vigência?
Ao PPA, cabe dispor sobre as diretrizes, os objetivos e as metas da
administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e
para as relativas aos programas de duração continuada. O seu prazo de
vigência é de 4 (quatro) anos.

77- Qual o prazo de vigência da Lei de Diretrizes Orçamentárias?


A LDO tem o prazo de vigência de 1 (um) ano.

78- Quais são as restrições constitucionais previstas para as


emendas parlamentares apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual?26

25
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível que o Fisco requisite das instituições financeiras
informações bancárias sobre os contribuintes sem intervenção do Poder Judiciário. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/17e62166fc8586dfa4d1bc0e1742c0
8b>.
26
Compatíveis com PPA
Compatível com LDO
Compatível com a própria LOA
Necessita pertinência temática em relação ao projeto emendado
Indicar os recursos necessários para a sua implementação
Estes recursos devem provir de anulação de despesas, exceto as que incidam sobre: (a) dotações para
pessoal e
seus encargos, (b) serviços da dívida e (c) transferências tributárias constitucionais para os demais entes
federados.

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Para que sejam constitucionais, as emendas apresentadas devem: a) ser


compatíveis com o PPA; b) ser compatíveis com a LDO; c) ser compatíveis com
a própria LOA; d) ter pertinência temática em relação ao projeto emendado; e)
indicar os recursos necessários para sua implementação.
Veja-se a redação do art. 166, §§ 3º e 4º:
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou
aos projetos que o modifiquem somente podem ser
aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com
a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos
apenas os provenientes de anulação de despesa,
excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais
para Estados, Municípios e Distrito Federal;
ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de
lei.
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes
orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o plano plurianual.

79- Em que consiste o “orçamento impositivo”?


É uma pequena parte do orçamento anual que é de consecução
compulsória, cuja redação encontra-se no art. 166, §§ 9º e seguintes, inserido
pelas ECs n. 86/2015, n. 100/2019, n. 105/2019. Dirige-se às emendas
parlamentares e tem a finalidade de garantir que o parlamentar não precise
adotar integralmente a política do “pires na mão” no tratamento com o
Executivo para liberação de verbas para suas emendas individuais.

80- De quem é a competência para iniciar o processo legislativo para


tratar sobre emolumentos?
Para tratar de norma geral sobre emolumentos, a competência é da
União, sem que haja iniciativa reservada a alguma autoridade específica. Por
sua vez, no âmbito dos Estados-membros, a competência para propor lei que
altere emolumentos é do Tribunal de Justiça.

81- O que é uma súmula vinculante?

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É uma comunicação jurídica, cuja enunciação é de competência


exclusiva do Supremo Tribunal Federal, que versa sobre (re)construção e
interpretação de normas constitucionais, e que, a partir de sua publicação, tem
efeito vinculante (ou seja, de respeito cogente) em relação aos demais órgãos
do Poder Judiciário e da administração pública.

82- Quais são os requisitos para edição de súmula vinculante?27


São requisitos para edição da súmula vinculante: a) ser aprovada por 2/3
dos votos dos Ministros do STF (deste modo, somente o Plenário pode editar
SV); b) deve versar sobre matéria constitucional, atualmente controvertida e
capaz de gerar insegurança e proliferação de processos; c) ser solicitada por
legitimado ou enunciada de ofício pelo próprio STF.

83- Quais são os efeitos da edição de súmula vinculante?


A partir de sua publicação, a súmula vinculante se torna norma jurídica
de observância cogente pelas demais esferas do Poder Judiciário (ou seja, o
STF, já que detém competência para cancelar a súmula, não está submetido
imperativamente) e da administração pública (de qualquer dos poderes ou
funções do Estado). Deste modo, percebe-se que função legislativa não fica
acorrentada pela edição da súmula vinculante, pois somente instâncias
judiciais e administrativas ficam imediatamente submetidas.
Além disso, permite-se que o descumprimento da regra jurídica contida
do enunciado da súmula vinculante seja motivo para a propositura de
reclamação constitucional, desde que haja exaurimento das vias ordinárias.

84- Quem são os legitimados a propor a edição, a revisão ou o


cancelamento de enunciado de súmula vinculante?28

27
Art. 2º O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento,
na forma prevista nesta Lei.

28
Art. 3º São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – o Procurador-Geral da República;
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI - o Defensor Público-Geral da União;
VII – partido político com representação no Congresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional;
IX – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

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De acordo com o art. 3º, da Lei Federal nº 11.417/2006:


Art. 3º São legitimados a propor a edição, a revisão ou o
cancelamento de enunciado de súmula vinculante:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – o Procurador-Geral da República;
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil;
VI - o Defensor Público-Geral da União;
VII – partido político com representação no
Congresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe
de âmbito nacional;
IX – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da
Câmara Legislativa do Distrito Federal;
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça
de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais
do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os
Tribunais Militares.
§ 1º O Município poderá propor, incidentalmente ao curso
de processo em que seja parte, a edição, a revisão ou o
cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que
não autoriza a suspensão do processo.

85- É possível que se confira eficácia não imediata à norma jurídica


(re)construída a partir do enunciado de súmula vinculante? Justifique.
Sim. Há possibilidade de modulação dos efeitos da incidência de norma
jurídica enunciada por meio de súmula vinculante, conforme disposição
prevista no art. 4º da Lei Federal nº 11.417/06: a súmula com efeito vinculante
tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de 2/3
(dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou
decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões
de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.

XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os


Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os
Tribunais Militares.

§ 1º O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edição, a
revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do
processo.

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86- As regras da Súmula Vinculante nº 13 se aplicam aos cargos


públicos de natureza política?
O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza
política, como são os cargos de Secretário Estadual e Municipal. Mesmo em
caso de cargos políticos, será possível considerar a nomeação indevida nas
hipóteses de: a) nepotismo cruzado; b) fraude à lei; e, c) inequívoca falta de
razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de qualificação técnica ou
por inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 17/9/2019 (Info 952) .

87- As regras da Súmula Vinculante nº 13 se aplicam aos cargos


efetivos?
Não. O STF afirmou que essa vedação não pode alcançar os servidores
admitidos mediante prévia aprovação em concurso público, ocupantes de
cargo de provimento efetivo, haja vista que isso poderia inibir o próprio
provimento desses cargos, violando, dessa forma, o art. 37, I e II, da CF/88, que
garante o livre acesso aos cargos, funções e empregos públicos aos aprovados
em concurso público. STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda
Pertence, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015
(Info 786).

88- Defina direitos fundamentais


Direitos fundamentais são o conjunto de estados, situações, relações
e/ou posições jurídicas de vantagem, concernentes às pessoas naturais e
jurídicas, dotadas de fundamentalidade material (circunstância de conterem
decisões fundamentais sobre a estrutura do Estado e da sociedade, de modo
especial, porém, no que diz com a posição ocupada nestes pela pessoa
humana) que, do ponto de vista do Direito Constitucional positivo
[fundamentalidade formal], foram, expressa ou implicitamente, integradas à
Constituição e retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes constituídos,
bem como todas as posições jurídicas que, por seu conteúdo e significado,
possam lhes ser equiparadas, tendo, ou não, assento na Constituição formal29.

89- É viável a existência de direitos fundamentais sediados na legislação


infraconstitucional?
Ingo Sarlet30 defende que ao legislador infraconstitucional cabe, em
primeira linha, o papel de concretizar e regulamentar (eventualmente restringir)
os direitos fundamentais positivados na Constituição, de forma que,

29
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, 12. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014.
30
Ibid.

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inicialmente, tem por inadmissível a criação de direitos materialmente


fundamentais por lei. Entretanto, leciona, ainda, que não parece de todo
desarrazoada uma interpretação de cunho extensivo que venha a admitir uma
abertura ao catálogo dos direitos fundamentais também para posições
jurídicas reveladas pela legislação infraconstitucional. Por sua vez, Jorge
Miranda31 defende que existe a possibilidade de direitos fundamentais terem
assento formal em textos legais.

90- O que significa falar de direitos fundamentais como direitos subjetivos?


Quando nos referimos aos direitos fundamentais como direitos
subjetivos, temos em mente a noção de que ao titular de um direito
fundamental é aberta a possibilidade de impor judicialmente seus interesses
juridicamente tutelados perante o destinatário.
Em princípio, pode integrar um direito fundamental na condição de
direito subjetivo: a) direitos a qualquer coisa (englobam os direitos a ações
negativas e positivas do Estado ou particulares e, portanto, os clássicos
direitos defesa e os direitos a prestações); b) liberdades (no sentido de
negação de exigências e proibições); c) poderes (competências ou
autorizações)32.

91- O que é a dimensão objetiva dos direitos fundamentais?


A dimensão objetiva dos direitos fundamentais significa que às normas
que preveem direitos subjetivos é outorgada uma função autônoma que
transcende a perspectiva subjetiva, implicando, além disso, o reconhecimento
de conteúdos normativos e, portanto, de funções distintas aos direitos
fundamentais. Assim, representam decisões valorativas de natureza
jurídico-objetiva da Constituição, que se projetam em todo o ordenamento
jurídico33.
Como um dos mais importantes desdobramentos da força jurídica
objetiva dos direitos fundamentais, costuma apontar-se para o que boa parte
da doutrina e da jurisprudência constitucional na Alemanha denominou de
eficácia irradiante ou de efeito de irradiação dos direitos fundamentais, no
sentido de que estes, na sua condição de direito objetivo, fornecem impulsos e
diretrizes para aplicação e interpretação do direito infraconstitucional,
implicando uma interpretação conforme aos direitos fundamentais de todo o
ordenamento jurídico (constitucionalização do direito)34.

31
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. t. 6. Coimbra: Coimbra Editora, 2013.
32
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Tradução: Virgílio Afonso da Silva. São Paulo:
Malheiros, 2008.
33
SARLET, op. cit.
34
SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direito Constitucional: teoria, história e métodos
de trabalho. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2014.

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92- Pessoas jurídicas podem ser titulares de direitos fundamentais?

A Constituição não outorga explicitamente às pessoas jurídicas a


titularidade de direitos fundamentais. Contudo, majoritariamente, a doutrina e
jurisprudência defendem que pessoas jurídicas podem ser titulares de direitos
fundamentais, notadamente aqueles que são compatíveis com a estrutura e
finalidade do ente em comento (v.g. direito contra a não dissolução
compulsória35.

93- Pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares de direitos


fundamentais?
Ainda que os direitos fundamentais tenham sido inicialmente
arquitetados para salvaguardar os indivíduos em face do Estado, a feição atual
pluralista dos direitos fundamentais permite que – excepcionalmente –
pessoas jurídicas de direito público sejam titulares de direitos fundamentais
(v.g. a União tem direito ao devido processo legal).

94- Pessoas naturais podem ser destinatárias de direitos fundamentais?


Além dos órgãos estatais, também os particulares, na condição de
destinatários, estão sujeitos à força vinculante dos direitos fundamentais,
temática habitualmente versada sob o rótulo da constitucionalização do direito
privado ou, de modo mais preciso, da eficácia dos direitos fundamentais na
esfera das relações privadas36.
Ainda que exista controvérsia na doutrina e jurisprudência, é aceita a
aplicabilidade dos direitos fundamentais nas relações privadas. O que mais se
discute é a forma de aplicação. Isto é, como deve ocorrer a incidência dos
direitos fundamentais – se de forma direta (imediata) ou indireta (mediata).
Ressaltando que há certas hipóteses em que a própria Constituição elenca
casos de aplicação direta dos direitos.
Constata-se que no direito constitucional brasileiro tem prevalecido a
tese de que, em princípio, os direitos fundamentais geram uma eficácia direta
prima facie na esfera das relações privadas, sem se deixar de reconhecer,
todavia, que o modo pelo qual se opera aplicação dos direitos fundamentais às
relações jurídicas entre particulares não é uniforme, reclamando soluções
diferenciadas conforme o caso concreto em análise37.

35
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2016.
36
CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio
Luiz (coord.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013.
37
SARLET, op. cit.

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95- O art. 5º, § 1º, da CF estabelece que as normas definidoras de direitos e


garantias fundamentais têm aplicação imediata. O que efetivamente
significa essa aplicação imediata?

Ingo Sarlet38 leciona que, basicamente, o art. 5º, § 1º, da CF representa:


a) possibilidade de extração de um dever de maximização (otimização) da
eficácia e efetividade das normas de direitos fundamentais, bem como uma
regra impositiva de um dever de aplicação imediata de tais normas, em
dimensões que não se excluem; b) exclusão do caráter meramente
programático das normas de direitos fundamentais; c) presunção de eficácia
plena, de forma que a ausência de lei não poderá, em regra, operar como
elemento impeditivo da aplicação da norma de direito fundamental; d) a
eficácia e aplicabilidade que de fato cada norma de direito fundamental
apresenta irão depender do exame de cada direito fundamental e das diversas
posições jurídicas que o integram, sejam de cunho negativo (defensivo), sejam
de cunho positivo (prestacional); e) a própria Constituição pode excepcionar
normas de aplicabilidade imediata, ou eficácia plena (v.g. que o trabalho seja
livre, desde que atendidas as condições da lei.

96- O que é o suporte fático de um direito fundamental?


O suporte fático deve ser compreendido como o conjunto das condições
necessárias e suficientes para que a consequência do preenchimento do
antecedente fático de uma norma jurídica ocorra39. Para que uma norma
produza a(s) sua(s) consequência(s) jurídica(s), é preciso que todas as suas
condições sejam satisfeitas; o suporte fático de uma norma é, portanto, o
conjunto de condições que, quando preenchidas, autorizam a realização das
consequências jurídicas da norma40.

97- Quais são os elementos do suporte fático de um direito fundamental?


De acordo com Virgílio Afonso da Silva41, em adoção de um teoria ampla
do suporte fático, os elementos são: a) âmbito de incidência (aquilo que é
protegido); b) intervenção (contra o quê se protege); e, c) a (in)existência de
fundamentação constitucional para a intervenção no âmbito de proteção.

98- Em que consiste a teoria interna do âmbito de proteção?


OBJETO + LIMITES (imanentes).

38
Ibid.
39
Marcelo Neves denomina este extrato da teoria da norma jurídica como “suporte fático abstrato” ou
“hipótese normativa do fato”. Cf. NEVES, Marcelo. Entre Hidra e Hércules: princípios e regras
constitucionais como diferença paradoxal do sistema jurídico. São Paulo: Martins Fontes, 2019.
40
ALEXY, op. cit.
41
SILVA, Virgílio Afonso da. Direitos Fundamentais: conteúdo essencial, restrições e eficácia. 2. ed. São
Paulo: Malheiros, 2017.

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Segundo a teoria interna, o direito fundamental existe desde sempre com


seu conteúdo determinado, afirmando-se mesmo que o direito já “nasce” com
os seus limites. Neste sentido, fala-se na existência de “limites imanentes”, que
consistem em fronteiras implícitas, de natureza apriorística. Assim, para a
teoria interna, o processo de definição dos limites do direito é algo interno a ele.
Por outro lado, a ausência, por parte da teoria interna, de separação entre o
âmbito de proteção e os limites dos direitos fundamentais permite que sejam
incluídas considerações relativas a outros bens dignos de proteção (por
exemplo, interesses coletivos ou estatais) no próprio âmbito de proteção
destes direitos, o que aumenta o risco de restrições arbitrárias da liberdade42.

99- Em que consiste a teoria externa do âmbito de proteção?


A teoria externa distingue os direitos fundamentais das restrições a eles
eventualmente impostas, daí a necessidade de um precisa identificação dos
contornos de cada direito. Ao contrário da teoria interna, que pressupõe a
existência de apenas um objeto e seus limites (imanentes), a teoria externa
divide este objeto em dois: há, em primeiro lugar, o direito em si, e, destacadas
dele, as suas intervenções. Assim, existem inicialmente um direito em si,
ilimitado, que, mediante a imposição de eventuais intervenções, se converte em
um direito limitado43.
Tal construção parte do pressuposto de que existe uma distinção entre
posição prima facie e posição definitiva, a primeira correspondendo ao direito
antes de sua limitação, a segunda equivalente ao direito já limitado. Tal
distinção, contudo, não afasta a possibilidade de direitos sem restrições, visto
não haver uma relação necessária entre o conceito de direito e o de restrição,
sendo tal relação estabelecida pela necessidade de compatibilizar diferentes
bens jurídicos. Nesta perspectiva, as limitações impostas a estes direitos
deverão observar, por sua vez, outros limites, que têm sido designados de
limites dos limites44.

100- O que são limites aos direitos fundamentais?


Limites aos direitos fundamentais podem ser definidos como ações ou
omissões dos poderes públicos ou de particulares que dificultem, reduzam ou
eliminem o acesso ao bem jurídico protegido, afetando o seu exercício (aspecto
subjetivo) e/ou diminuindo deveres estatais de garantia e promoção (aspecto
objetivo) que resultem dos direitos fundamentais45.

42
SARLET, op. cit.
43
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. São
Paulo: Saraiva, 2018.
44
SILVA, op. cit.
45
SARLET, op. cit.

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101- Existem limites aos limites dos direitos fundamentais? Se não,


justifique; se sim, exemplifique
Sim, existem limites aos limites. Eventuais limitações aos direitos
fundamentais somente serão tidas como justificadas se guardarem
compatibilidade formal e material com a Constituição. Sob perspectiva formal,
parte-se da posição de primazia ocupada pela Constituição na estrutura do
ordenamento jurídico, no sentido de que suas normas, qualidade de decisões
do poder constituinte, representam atos de autovinculação
fundamental-democrática que encabeçam a hierarquia normativa imanente ao
sistema. No que diz com o viés material, parte-se da premissa de que a
Constituição não se restringe a regulamentar formalmente uma série de
competências, mas estabelece, paralelamente, uma ordem de princípios
substanciais, calcados essencialmente nos valores da dignidade da pessoa
humana e na proteção dos direitos fundamentais que lhe são inerentes46.
Como exemplo é possível falar do “núcleo essencial” de um direito
fundamental, que trata daquela conjunto mais básico de posições que não
podem ser afetadas por limitações ao âmbito de incidência. Há de se falar
também do mínimo existencial como um limite ao limite de restrição47.

102- Como se classificam os direitos fundamentais em relação à sua


função?
Eles podem ser classificados como: a) direitos de defesa (impõem
abstenções ao Estado; esferas individuais de proteção inatingíveis pelo poder
público); b) de prestação (determinam condutas positivas do Estado, para
conferir – em regra – igualdade aos indivíduos); e, c) direitos de participação
(conferem ao titular a capacidade influenciar ativamente na formação da
vontade política do Estado e da sociedade)48.
É importante asseverar que um mesmo direito pode apresentar várias
destas feições, de forma que não há classificação estanque entre eles: um
direito pode, numa perspectiva, impedir atuação do Estado; noutra, determinar
prestações positivas do poder público; e, ainda, demonstrar-se como efetivação
na participação de vontade do ser maior49. É o exemplo do direito ao voto: a)
impede que o Estado interfira nas escolhas do sufrágio; b) impõe os custos
estatais com a realização de eleições periódicas; e, c) ao cabo, se mostra como
instrumento de consolidação da vontade social.

103- Quais são as características dos direitos fundamentais?

46
SARLET, op. cit.
47
MENDES; BRANCO, op. cit.
48
FERNANDES, op. cit.
49
HOLMES, Stephen; SUNSTEIN, Cass R. The Cost of Rights: why liberty depends o taxes. New York: W.W.
Norton & Company, 1999.

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A doutrina apresenta muitas características para os direitos


fundamentais em geral, entre elas: a) relatividade (os direitos fundamentais
não podem ser entendidos como “absolutos”; os direitos fundamentais também
encontram limites na ordem jurídica); b) imprescritibilidade (não se perde a
titularidade de um direito fundamental pelo simples decurso do tempo,
malgrado certas repercussões econômicas possam ser afetadas –
primordialmente em função do caráter relativo deles); c) inalienabilidade (é
inviável alienação irrestrita dos direitos fundamentais – certos direitos admitem
disposição, vetorizada por parâmetros jurídicos [v.g. posso ceder o direito à
minha imagem, intimidade e liberdade de locomoção ao participar de reality
show]); d) irrenunciabilidade (a renúncia é uma espécie de disposição que
também pode ser submetida a limitações no que tange aos direitos
fundamentais); e) inviolabilidade (não podem ser violados por atos do Poder
Público, sob pena de nulidade e nem mesmo por particulares na ótica da
aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas); f) universalidade
(reconhece-se como seu titular toda a coletividade jurídica); g) efetividade (o
Poder Público em suas ações deve sempre se voltar para o cumprimento dos
direitos fundamentais); h) interdependência (direitos fundamentais não podem
ser vistos como elementos isolados, mas sim como um todo [bloco] que
apresenta interpenetrações e coligações); i) complementaridade (demandam
um esforço de conjugação em um só sistema de direitos coerentemente
integrado); j) historicidade (são o resultado de um processo histórico que
conduz à sua afirmação e consolidação)50.

104- Qual o âmbito de proteção do direito à vida?


O conceito de vida, para fins de proteção constitucional, está relacionado
à existência física do ser humano. A inviolabilidade do direito à vida assegurada
pela Constituição não se refere, portanto, a toda e, qualquer forma de
existência, mas tão somente à vida humana em seu sentido biológico proteção,
que começa antes mesmo do nascimento e termina com a morte51.
O direito à vida possui dupla acepção. Em sua acepção negativa,
consiste no direito assegurado a todo e qualquer ser humano de permanecer
vivo. A acepção positiva é associada ao direito à existência digna, no sentido de
ser assegurado ao indivíduo o acesso a bens e utilidades indispensáveis para
uma vida em condições minimamente dignas.

105- O direito à vida pode sofrer restrições?


Na Constituição de 1988, única restrição expressamente prevista. Há, no
entanto, outras hipóteses de intervenções que, apesar de não terem previsão
expressa, são consideradas legítimas por encontrarem justificação em
50
FERNANDES, op. cit.
51
NOVELINO, op. cit.

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princípios de hierarquia constitucional (cláusula de reserva implícita), como, por


exemplo: a) questões penais que atingem a imposição de pena para quem
comete delitos contra a vida (legítima defesa, estado de necessidade, aborto
necessário etc.); b) utilização de células-tronco embrionárias para fins
terapêuticos e de pesquisa52; c) atipicidade do aborto de feto anencefálico53.

106- É lícito ao indivíduo alienar próprios órgãos ou membros em vida?


O art. 199, § 4°, da Constituição de 1988 dota de licitude a alienação a
título gratuito, deixando a cargo da legislação infraconstitucional a definição de
condições e de requisitos para remoção de órgãos, tecidos e substâncias
humanas para fins de transplantes. Mesmo assim, somente poderá ser doado
in vida para fins de transplante dos órgãos em duplicidade (rins, pulmão etc.) e
de partes de órgãos e tecidos, cuja retirada não impeça a manutenção da vida
do indivíduo doador54.

107- O que é a dimensão objetiva da igualdade constitucional?


Em sua dimensão objetiva, a igualdade pode ser compreendida como
princípio material estruturante do Estado brasileiro a impor aos poderes
públicos deveres de naturezas distintas: I) o de caráter negativo, os impede de
estabelecer diferenciações injustificadas, odiosas ou preconceituosas
(proibição de arbítrio); e, II) o de caráter positivo, impõe tanto (II.a) a adoção de
tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais como medida de
justiça, quanto (II.b) a adoção de medidas voltadas à redução das
desigualdades sociais e regionais55.
108- O que é a reserva do possível em correlação com a efetivação dos
direitos sociais?
A reserva do possível pode ser compreendida como uma limitação fática
e jurídica oponível, ainda que de forma relativa, à realização dos direitos
fundamentais, sobretudo, os de cunho prestacional. A expressão foi difundida a
partir da decisão paradigmática proferida pelo Tribunal Constitucional Federal
da Alemanha em 1972, quando se discutiu o direito de acesso gratuito ao
ensino superior, cujo número de vagas era menor que o de candidatos (Caso
numerus clausus).
Este limite deve ser analisado sob uma tríplice dimensão, que engloba:
a) efetiva disponibilidade fática dos recursos; b) disponibilidade jurídica sobre
os recursos necessários; e, c) razoabilidade da prestação56. O primeiro critério
decorre da realidade econômica do destinatário do dever fundamental. A
52
ADPF nº 3.510/DF.
53
ADFP 54/DF.
54
FERNANDES, op. cit.
55
NOVELINO, op. cit.
56
SARLET, Ingo Wolfgang; FIGUEIREDO, Mariana Filchtiner. Reserva do possível, mínimo existencial e
direito à saúde: algumas aproximações. Revista de Doutrina da 4ª Região, Porto Alegre, n. 24, jul. 2008.

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disponibilidade jurídica destes recursos guarda íntima conexão com a


distribuição das receitas e competências tributárias, orçamentárias, legislativas
e administrativas. O terceiro parâmetro versa sobre a razoabilidade da
exigência que o Estado eleja a prestação de concurso como uma prioridade
sobre outros assuntos democraticamente legítimos. A razoabilidade é um
exame de compatibilidade entre meio empregado e os fins perseguidos,
correspondendo à adequação como sub-regra da proporcionalidade.

109- Em que consiste o mínimo existencial relacionado aos direitos


sociais?
A expressão mínimo existencial surgiu na Alemanha, em uma decisão do
Tribunal Federal Administrativo de 1953, sendo posteriormente incorporada na
jurisprudência do Tribunal Federal Constitucional daquele país. Deduzido a
partir dos princípios da dignidade da pessoa humana, da liberdade material e
do Estado Social o termo designa um conjunto de bens e utilidades básicas
imprescindíveis a uma vida humana digna.
A possibilidade de se invocar a reserva do possível em relação aos
direitos sociais que compõem o mínimo existencial não encontra resposta
homogênea na doutrina. De um lado, há quem defenda não existir um direito
definitivo ao mínimo existencial, mas sim a necessidade de um ônus
argumentativo pelo Estado tanto maior quanto mais indispensável for o direito
postulado. De outro, há quem atribua caráter absoluto ao mínimo existencial,
não o sujeitando à reserva do possível57.

110- O que é a vedação ao retrocesso dos direitos sociais?


Também chamado de efeito cliquet, trata-se de limite material implícito,
de forma que os direitos fundamentais sociais já constitucionalmente
assegurados e que alcançaram um grau de densidade normativa adequado não
poderão ser suprimidos por ato normativo posterior, a não ser que se tenha
prestações alternativas para os direitos em questão58.
Possui conteúdo negativo e positivo. O negativo refere-se à imposição
ao legislador de, ao elaborar os atos normativos, respeitar a não supressão ou a
não redução do grau de densidade normativa que os direitos fundamentais
sociais já tenham alcançado por meio da normatividade constitucional e
infraconstitucional, salvo se forem desenvolvidas prestações alternativas para
de forma supletiva resguardarem direitos sociais já consolidados. Já o
conteúdo positivo encontra-se no dever dos Poderes Públicos de
implementação dos direitos sociais através de efetiva concretização dos

57
RE 482.611/SC.
58
FERNANDES, op. cit.

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direitos fundamentais sociais, para a constante redução das desigualdades


fático-sociais59.

111- É viável que ato normativo distinto de lei fixe o valor do salário
mínimo?
O STF considera constitucional a veiculação dos valores por decreto
quando, inexistente qualquer margem de discricionariedade para a apuração do
quantum, o ato regulamentar se restringir à aplicação de critérios objetivos
legalmente estabelecidos pelo Congresso Nacional60.

112- Quais são os critérios de determinação da nacionalidade?


Os critérios de determinação da nacionalidade variam entre jus soli, que
considera nacional o indivíduo nascido em território específico, seja qual for
sua ascendência, e jus sanguinis, que prioriza a filiação, os laços familiares.

113- Quais são os cargos privativos brasileiros natos?


De acordo com o art. 12, § 3º, são privativos de brasileiro nato os cargos:
I) de Presidente e Vice-Presidente da República; II) de Presidente da Câmara
dos Deputados; III) de Presidente do Senado Federal; IV) de Ministro do
Supremo Tribunal Federal; V) da carreira diplomática; VI) de oficial das Forças
Armadas. VII) de Ministro de Estado da Defesa (EC 23/99).
Além do mais, o art. 89, inciso VII, da CF, prevê que seis membros do
Conselho da República serão escolhidos entre brasileiros natos.
O texto constitucional também impõe restrições em relação à
propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão, que são privativas de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos (art. 222, CF). Trata-se
de previsão que objetiva garantir o controle e o domínio sobre um setor
considerado estratégico.

114- Em quais hipóteses um brasileiro pode perder a nacionalidade?


De acordo com o art. 12, § 4º, CF, será declarada a perda da
nacionalidade do brasileiro que: I) tiver cancelada sua naturalização, por
sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II)
adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de
nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização,
pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos
civis.
A perda na nacionalidade poder atingir tanto o brasileiro nato como o
naturalizado. A perda somente pode ocorrer, nesta modalidade, quando a
59
Ibid.
60
ADl nº 4.568/DF.

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aquisição da outra nacionalidade decorrer de conduta ativa do brasileiro (v.g.,


preencher formulário requisitando nacionalidade do país), não sendo legítima a
perda quando a nacionalidade estrangeira advier de conduta meramente inerte.

115- Em quais hipóteses um brasileiro pode ser extraditado?


De acordo com o art. 5º, inciso, LI, da CF, nenhum brasileiro será
extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
A Constituição de 1988 não admite, em hipótese nenhuma, a extradição
de brasileiro nato, nem mesmo quando o extraditando é também nacional do
Estado requerente.
A extradição de brasileiro naturalizado é admitida em duas hipóteses: I)
nos casos de crime comum praticado antes da naturalização; ou II) quando for
comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
na forma da Lei, independentemente de o crime ter sido praticado antes ou
depois da naturalização.

116- Quais são as espécies de direitos políticos previstos no


ordenamento constitucional brasileiro?
a) direito de sufrágio (direito de votar e ser votado) com seus correlatos
de alistabilidade (direito de votar em eleições, plebiscitos e referendos) e
elegibilidade (direito de ser votado); b) iniciativa popular de lei; c) ação popular;
d) direito de organização e participação de partidos políticos61.

117- O que é o direito ao sufrágio?


É conceituado como direito público subjetivo de natureza política de
elegermos e sermos eleitos, ou seja, o direito de votarmos (alistabilidade) e
sermos votados (elegibilidade), participando assim da vida política do Estado e
da sociedade. Ele é considerado o núcleo dos direitos políticos na medida em
que, é a partir dele que nós viabilizamos o exercício da soberania popular, que
em nossa democracia semidireta (que também deve ser entendida como
participativa) é exercida, em regra, por meio da escolha de nossos
representantes (parte da democracia indireta de cunho representativo) e por
meio de alguns institutos diretamente nos termos da Constituição (institutos
como o plebiscito e o referendo. Estes, inclusive, só podem ser exercidos por
quem detém o direito de sufrágio)62.

118- Em que consiste a inelegibilidade?

61
Ibid.
62
Ibid.

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É um óbice jurídico à capacidade eleitoral passiva (aptidão para ser


votado): impede-se que um sujeito postule o exercício de algum cargo que
demande eleição.

119- Quem é abarcado pela inelegibilidade reflexa?


A inelegibilidade em razão do parentesco torna inelegíveis no território
de jurisdição do Chefe do Poder Executivo o cônjuge e os parentes,
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, salvo quando estes
já forem detentores de mandato eletivo e candidatos à reeleição. Trata-se de
uma inelegibilidade relativa.

120- A inelegibilidade reflexa abrange os filhos socioafetivos ainda não


registrados nesta situação?
Sim. Tendo em vista que o escopo da vedação é impedir a manutenção
indevida do poder estatal num restrito grupo familiar, esta hipótese de
inelegibilidade reflexa atinge também os “filhos de criação”, como forma de
interpretação extensiva do conceito “adoção”63.

121- O divórcio afasta a situação de inelegibilidade reflexa?


Não. De acordo com a Súmula Vinculante 18 do STF, dissolução da
sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

122- Quais são as hipóteses de perda ou suspensão dos direitos


políticos?
As hipóteses estão previstas no art. 15 da Constituição Federal: I -
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II -
incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos
imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade
administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

123- Quais são os requisitos para se aceitar a teoria da encampação no


mandado de segurança?
Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de
segurança quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a)
existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e
a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do
mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de
competência estabelecida na Constituição Federal.

63
Respe 5.410.103/PI.

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124- Quem pode propor habeas data?


Qualquer pessoa, natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira e, além
delas, certos órgãos públicos e entidades.

125- Tabelião pode ser réu em ação popular?


Sim. Qualquer pessoa, natural ou jurídica, pública ou privada, que
concretize dano ao patrimônio público, à moralidade administrativo, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, pode ser réu em ação popular.

126- É possível que associações promovam de transação numa ação civil


pública?
Sim. A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer
transação com o réu e pedir a extinção do processo, nos termos do art. 487, III,
“b”, do CPC. O art. 5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê
que os órgãos públicos podem fazer acordos nas ações civis públicas em
curso, não mencionando as associações privadas. Apesar disso, a ausência de
disposição normativa expressa no que concerne a associações privadas não
afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita
unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente
podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado
fazer tudo que a lei não proíbe. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Dizer o Direito).

127- É possível controle de constitucionalidade em ordenamentos


regidos por uma Constituição flexível? Se sim, exemplifique; se não,
justifique.
Não. Um dos pressupostos para o manejo do controle de
constitucionalidade é a rigidez constitucional. Para que possa figurar como
parâmetro, como paradigma de validade de outros atos normativos, a norma
constitucional precisa ter um processo de elaboração diverso e mais complexo
do que aquele apto a gerar normas infraconstitucionais. Se assim não fosse,
inexistiria distinção formal entre a espécie normativa objeto de controle e
aquela em face da qual se dá o controle. Se as leis infraconstitucionais fossem
criadas da mesma maneira que as normas constitucionais, em caso de
contrariedade ocorreria a revogação do ato anterior e não a
inconstitucionalidade64.

128- Um ato declarado inconstitucional é inexistente, inválido ou


ineficaz? Ou é tudo isso, simultaneamente?
64
BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p, 23-24.

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Um ato normativo que contrarie a Constituição, de regra, é existente, pois


enunciado por autoridade comunicante legitimada pelo sistema (detentor dos
elementos “agente, forma e objeto”, suficientes à incidência da norma). Não
obstante, é um ato que contrasta indevidamente com parâmetro constitucional
e, assim, é percebido como inválido (porque não respeitou os elementos e
estrutura que garantem seu devido ingresso no ordenamento). Por seu turno, a
ineficácia ocorre – em regra – somente como consequência da nulidade, e não
como um efeito imediato da inconstitucionalidade65.

129- Diferencie inconstitucionalidade por ação de inconstitucionalidade


por omissão.
Inconstitucionalidade por ação é aquela cujo objeto de controle é um
enunciado jurídico (ordinariamente, normativo) ou conduta ativa. Por sua vez,
inconstitucionalidade por omissão é a falta (total ou parcial) de um agir, quando
norma constitucional determinava que o agente praticasse a
conduta/enunciasse ato normativo sobre certo tema.

130- Governador do Estado pode realizar ato de controle prévio de


constitucionalidade?
Sim. Controle prévio é aquele exercido antes da finalização das fases de
enunciação de um ato normativo; quando o Governador, por exemplo, veta um
projeto de lei estadual por conta de inconstitucionalidade deste, realiza controle
preventivo, pois feito antes da publicação da lei.

131- Assembleia Legislativa pode realizar controle repressivo de


constitucionalidade de ato do Poder Executivo Estadual? Se sim,
exemplifique; se não, justifique.
Sim. Controle repressivo é aquele realizado após a enunciação formal do
objeto; nestas ocasiões, já existe um ato a ser apreciado e, então, a
(in)compatibilidade dele com a Constituição será averiguada. É possível citar a
análise de inconstitucionalidade de medida provisória, a sustação dos atos do
Executivo que extrapolem o poder de regulamentar ou a delegação legislativa.
Como o sistema jurídico brasileiro confere prevalência ao controle jurisdicional
na modalidade repressiva, somente em casos tipicamente previstos na
Constituição é que órgãos alheios à estrutura jurisdicional poderão fazê-lo.

132- A “compra de votos” de parlamentares pode ser causa de vício


formal de inconstitucionalidade de emendas à Constituição e, assim,
serem reconhecidas inconstitucionais em ADI?

65
BARROSO, op. cit., p. 31-32.

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Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no


processo constituinte reformador quando eivada de vício a manifestação de
vontade do parlamentar no curso do devido processo constituinte derivado,
pela prática de ilícitos que infirmam a moralidade, a probidade administrativa e
fragilizam a democracia representativa.
O STF afirmou que, sob o aspecto formal, as emendas constitucionais
devem respeitar o devido processo legislativo, que inclui, entre outros
requisitos, a observância dos princípios da moralidade e da probidade. Assim, é
possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo de
reforma constituinte quando houver vício de manifestação de vontade do
parlamentar, pela prática de ilícitos. Porém, para tanto, é necessária a
demonstração inequívoca de que, sem os votos viciados pela ilicitude, o
resultado teria sido outro. ADI 4887/DF, ADI 4888/DF e ADI 4889/DF66

133- Distinga controle de constitucionalidade principal de incidental.


Principal é aquele cujo objeto da demanda é a inconstitucionalidade de
algum objeto (ação é dirigida à verificação de [in]compatibilidade do objeto à
Constituição), enquanto no incidental a (in)constitucionalidade é matéria que
não faz parte do mérito, porém é questão incidente, cuja resolução baliza os
rumos que serão tomados pela decisão de mérito.

134- Em que consiste a cláusula de reserva de plenário?


A reserva de plenário é previsão normativa que determina que somente
pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público (art. 97, CF).

135- A cláusula de reserva de plenário também se faz presente quando a


(in)constitucionalidade é analisada por órgão Legislativo?
Não. A norma (re)construída a partir do art. 97 da CF se dirige ao
Judiciário, de modo que o Legislativo pode conhecer/decidir sobre a
(in)constitucionalidade por outros órgãos, como é o caso do controle
preventivo realizado pelas Comissões de Constituição e Justiça, e não pelo
Plenário da respectiva Casa.

66
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível que uma emenda constitucional seja julgada
formalmente inconstitucional se ficar demonstrado que ela foi aprovada com votos “comprados” dos
parlamentares e que esse número foi suficiente para comprometer o resultado da votação. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6cb5da3513bd26085ee3fad631ebb3
7a>

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136- Tribunal de Justiça Estadual pode reconhecer a


inconstitucionalidade de ato normativo por Câmara Cível?
De regra, não. A previsão da cláusula de reserva de plenário (art. 97, CF)
determina que a decisão sobre este assunto seja de competência funcional do
Plenário ou Órgão Especial do Tribunal. Não obstante, existem ocasiões
excepcionais em que órgãos fracionários podem reconhecer a
inconstitucionalidade de ato normativo: a) quando houver prévio
pronunciamento do Plenário do STF; b) quando já houver decisão firmada no
Pleno ou Órgão Especial do Tribunal.

137- Tratado internacional de direitos humanos, que não foi aprovado


pelo rito previsto no art. 5º, §3º, da CF, pode servir de parâmetro em
ação de controle concentrado de constitucionalidade?
Não. Conquanto detenham hierarquia supralegal, ainda assim são atos
normativos infraconstitucionais e, portanto, não fazem parte do bloco de
constitucionalidade (estrito) capaz de servir como parâmetro em controle de
constitucionalidade (ADI 2.030/SC)
Vale dizer, contudo, que podem servir para análise de controle de
convencionalidade (que não se realiza em controle concentrado).

138- Diferencie as técnicas decisórias da interpretação conforme a


Constituição e a declaração de nulidade parcial sem redução de texto.
Estas formas de decisão judicial versam diretamente sobre a norma
jurídica (re)construída a partir de um – ou mais – enunciado normativo. Isto é,
sem afetar o texto, decide-se sobre (in)constitucionalidade das intepretações
possíveis de um determinado ato normativo. Em ambos os casos é necessário
que o enunciado textual – ou o conjunto deles – possibilite a interpretação de
mais uma norma.
A interpretação conforme é a técnica decisória que atesta que somente
uma das construções normativas é compatível com a Constituição: todas as
demais são inconstitucionais e, portanto, inválidas. Por sua vez, a declaração
parcial de nulidade sem redução do texto, atua como uma decisão negativa
“não integral”, uma vez que testifica que uma – ou um conjunto –norma
possível de ser (re)construída a partir do enunciado não é compatível com a
Constituição, sem, contudo, atestar o mesmo quanto às demais.
Assim, na interpretação conforme a Constituição, atesta-se que apenas
uma interpretação possível está em conformidade com a Constituição,
enquanto na declaração parcial de nulidade sem redução de texto, decide-se

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que algum(a) interpretação(ões) não é compatível com o texto constitucional,


possibilitando-se a higidez das demais interpretações67.

139- Qual o quórum necessário para que o STF realize a modulação de


efeitos em decisão prolatada no julgamento de recurso extraordinário?
Depende. Se a decisão reconhecer a inconstitucionalidade de ato
normativo, o quórum será de 2/3; contudo, se a decisão não reconhecer
qualquer espécie de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, o quórum
será de maioria absoluta (RE 638115 ED-ED/CE).

140- Governador afastado do cargo pode propor Ação Direta de


Inconstitucionalidade?
Não. Restou decidido na ADI 6.728 AgR/DF que o Governador, afastado
cautelarmente de suas funções, não é parte legítima para propositura de ação
de controle concentrado; assim, a legitimidade para demandar pressupõe o
atual o exercício do cargo.

67
Segue abaixo uma possibilidade de refinamento da resposta. Só utilize se tiver extrema confiança de
não usar um termo sequer de maneira indevida, pois ela é relativamente complexa quando comparado ao
que se encontra nos manuais básicos de constitucional.

Jonathan Vita, em manifestação que conjuga a teoria dos sistemas, de Luhmann, com o constructivismo
lógico-semântico, de Paulo de Barros Carvalho, leciona que, normalmente, são lembradas quatro espécies
de inconstitucionalidade: a) formal; b) material, com redução ou anulação de texto; c) material, sem
redução do texto; d) interpretação conforme a Constituição.
Neste contexto, na primeira delas, que é a determinação da inadequação de veículo introdutor, por algum
vício em sua enunciação enunciada, tem-se uma exclusão no campo dos suportes físicos, ou seja, o S1 é
afetado.
Já no caso da chamada inconstitucionalidade pura e simples, material, há uma redução no campo do S1,
mas com reflexos diretos nos enunciados produzidos, sendo o campo mais afetado nestas declarações
com redução de texto o subsistema S2, relacionando-se aos enunciados enunciados.
No plano destas duas últimas formas de declaração de inconstitucionalidade, interpretativas, O que ocorre
é o impedimento de construções por meio dos intérpretes (autênticos ou não) do sistema, já que o plano
afetado não seria o S1 nem o S2 diretamente, mas gravitando entre o S3 e S4, os campos proposicionais.
Formalizando, n = significações possíveis; x = número de significações reduzidas em que
Possibilidade 01 (interpretação conforme): n – x = 1
Possibilidade 02 (inconstitucionalidade sem redução de texto): (n – x) > 1.

O processo de construção de sentido dos textos jurídicos nos planos S1, S2, S3 e S4 ocorre da maneira a
seguir delimitada. O plano S1 representa a concatenação de signos para apresentar uma forma que se
proponha a servir de suporte físico. S2 é a (re)construção de significações através de enunciados jurídicos
que outorgam significado a cada um dos termos construídos a partir do suporte físico. Por seu turno, S3 é
formado pelo conjunto de proposições jurídicas sintaticamente estruturas sob forma condicional,
constituída pela recombinação de enunciados jurídicos. Por fim, S4 é o conjunto de normas jurídicas
rearranjadas em suas relações de coordenação e subordinação com os demais elementos do sistema.
Nesta toada, os planos S1 e S2 são representações do ordenamento jurídico, enquanto os outros dois
representam os elementos do sistema jurídico.

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141- Entidade de classe que representa apenas parte da categoria


profissional, a despeito de nacional, pode propor ADI?
Não. Somente a entidade que representa a integralidade da categoria detém
legitimidade para atuação em processo de controle concentrado de
constitucionalidade. Por essa razão, decidiu-se que FENAFISCO – entidade que
representa auditores fiscais estaduais e do DF – não pode propor ADI, já que
não representa os auditores municipais e federais (ADI 6.465 AgR/DF).

142- Em quantos Estados uma entidade de classe deve possuir


associados para que seja considerada de âmbito nacional com a
finalidade de propositura de ADI?
STF decidiu que precisa estar representada com associados em pelo menos 9
(nove) Estados da federação, em aplicação analógica do art. 7º, § 1º, da Lei nº
9.096/95 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) – 1/3 dos Estados (ADI 3.287).

143- É cabível a propositura de ADI em face de decreto autônomo que


extingue órgão da administração federal?
Sim. Os decretos autônomos são atos administrativos cuja legitimidade não é
intermediada por lei, de modo que retiram sua validade diretamente da
Constituição e é dotado de generalidade e abstração (ADI 6.121 MC/DF).

144- Constituição Estadual pode não outorgar ao Procurador-Geral de


Justiça legitimidade para propositura de representação de
inconstitucionalidade (ADI estadual) perante o Tribunal de Justiça?
Não. Conquanto os Estados não estejam compelidos a seguirem estrita
“simetria” com o regime federal, também não estão totalmente livres na
escolha dos legitimados. O núcleo essencial do MP como instituição
responsável pela defesa do regime democrático lhe confere esta atribuição de
contestar atos inconstitucionais (ADI 5.693/CE).

145- Cabe representação de inconstitucionalidade perante Tribunal de


Justiça em ação cujo objeto é lei municipal e o parâmetro é Lei
Orgânica?
Não. A Lei Orgânica não pode ser utilizada como parâmetro em controle de
constitucionalidade, pois é posição que somente pode ser ocupada pela
Constituição Federal ou Constituição Estadual. No que tange à representação
de inconstitucionalidade, o art. 125, §2º da CF determina que o parâmetro seja
a Constituição Estadual (ADI 5548/PE; RE 175.087/SP).
Importa salientar, contudo, que é diferente a situação da Lei Orgânica do DF,
pois esta possui a mesma natureza de Constituição do Estado (RE 577.025) e,
além disso, o DF não pode ser dividido em Municípios.

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146- Procurador Municipal pode propor recurso extraordinário contra


decisão de representação de inconstitucionalidade sem que o recurso
seja também assinado pelo Prefeito?
De regra, não. Contudo, se houver procuração que outorgue poderes para tanto
juntada nos autos, o Procurador poderá recorrer a despeito de o recurso não ser
assinado também pelo Prefeito (RE 1068600 AgR-ED-EDv/RN).

147- Estado-membro da federação pode recorrer de decisão tomada em


ADI cujo requerente foi o Governador do Estado?
Não. A propositura das ações de controle concentrado é uma atribuição política
e, assim, a legitimidade para as condutas é da própria autoridade, e não da
pessoa jurídica a qual ela está vinculada; assim, cabe ao próprio Governador
recorrer, e não ao Estado-membro, que não detém legitimidade para tanto (ADI
4420 ED-AgRg)
Contudo, é de se ressaltar que o recurso – como ato de natureza técnica –
precisa ser assinado por procurador dotado de capacidade postulatória
(normalmente em conjunto com a autoridade legitimada).

148- É lícito que Constituição Estadual determine que, para eficácia da


decisão tomada pelo Tribunal de Justiça em controle concentrado de
constitucionalidade, seja comunicada ao Legislativo para que, então,
este suspenda o ato normativo declarado inconstitucional?
Não. A separação de poderes veda que haja esta vinculação do Judiciário ao
Legislativo. Além disso, as decisões tomadas pelos Tribunais de Justiça em
controle concentrado já são dotadas de eficácia imediata, inexistindo qualquer
necessidade de atuação de outro órgão (ADI 5548/PE).

149- Tribunal de Justiça pode julgar representação por


inconstitucionalidade de lei municipal tendo como parâmetro a
Constituição Federal?
De regra, não, pois o parâmetro nestas ações de controle concentrado é a
Constituição Estadual (ADI 347). Contudo, se a norma da Constituição Federal
for de reprodução obrigatória, poderá ser utilizada como parâmetro, mesmo
que não conste enunciado expresso sobre ela na Constituição local. Além
disso, caso a Constituição do Estado faça remissão à CF, também poderá ser
utilizada como parâmetro (ADI 5.647/AP).
Tese de repercussão geral: “Tribunais de Justiça podem exercer controle
abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro
normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução
obrigatória pelos estados”. RE 65.0898/RS

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150- Lei que é fruto de acordo homologado judicialmente pode ser objeto
de ADI sem que isso acarrete violação à coisa julgada?
Sim, pois acordos – mesmo que homologados judicialmente – não podem
afastar o exame de constitucionalidade de um ato normativo e a coisa julgada
não é óbice a esta apreciação. Assim, é cabível ADI contra a lei nestas ocasiões
(RE 118.6465 AgR/TO)

151- Alteração do parâmetro constitucional prejudica o conhecimento de


ADI fundamentada na norma modificada?
Não. A lei/ato normativo impugnado já surgiu inconstitucional; a alteração
posterior de parâmetro não confere “constitucionalidade superveniente” ao
objeto impugnado. Assim, para se evitar que uma lei que nasceu
inconstitucional “volte” a produzir efeitos, a mudança do parâmetro não é causa
que imponha a perda do objeto (ADI 145/CE).

152- A decisão do relator que admite o ingresso de amicus curiae é


recorrível? E a que não admite?
Não cabe recurso em qualquer dos casos, conforme redação do art. 138 do
CPC e decisões do STF.
É irrecorrível a decisão na qual o relator indefere pedido de ingresso de amicus
curiae na ação. STF. Plenário. ADO 70 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
04/07/2022.
É irrecorrível a decisão que indefere o pedido de ingresso na condição de
amicus curiae. A diretriz vigora também relativamente a processos de índole
subjetiva (RE 1017365 AgR, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, DJe de
24/9/2020). STF. Plenário. Inq 4888 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 22/08/2022.
Art. 138, CPC. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação
de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

153- São cabíveis as hipóteses de impedimento e suspeição no


julgamento de ações de controle concentrado de constitucionalidade?
Se sim, indique quais.
Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de
controle concentrado, exceto se o próprio ministro firmar, por razões de foro
íntimo, a sua não participação. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).

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154- A edição de medida provisória que revoga lei atacada por ADI
acarreta a perda do objeto da ação?
Em regra, não. Enquanto a MP não for efetivamente aprovada pelo Legislativo,
não há revogação definitiva da lei impugnada: falta esta eficácia imediata à MP,
pois ela acarreta suspensão/paralização de leis antecedentes até o término do
prazo do processo legislativo de conversão. STF. Plenário. ADI 5717/DF, ADI
5709/DF, ADI 5716/DF e ADI 5727/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em
27/3/2019 (Info 935).

155- É cabível ADI contra resolução de Conselho Profissional?


De regra, não; contudo, quando o ato do Conselho (infralegal) tiver estrutura
distinta da regulamentar – ou seja, inovar no ordenamento –, e puder ser
contrastado diretamente com parâmetro constitucional (sem intermediação
prévia de ilegalidade), poderá ser objeto de controle concentrado (ADI
3.481/DF)68.

156- Cabe ADI contra decreto que regulamenta lei estadual?


Não. Esta ação de controle concentrado somente é cabível para se atacar ato
normativo primário; como os decretados regulamentadores são secundários
(não se confundem com os decretos autônomos), não podem ser impugnados
pelo manejo deste tipo de demanda (ADI 4409/SP).

157- Cabe ADI para impugnar resolução do TSE?


Depende do conteúdo da resolução. Será cabível quando o ato impugnado
tenha por objeto “norma de decisão” de caráter abstrato, geral e autônomo,
expressando-se, assim, como um ato normativo primário (ADI 5.122).

158- Cabe ADI para impugnar lei estadual que altera limites de
Municípios?
Sim. Conquanto seja dirigida a uma situação concreta, é uma lei com objeto
abstrato e normativo, portanto, suscetível de controle concentrado (ADI 1. 825).

159- É possível aditamento de petição inicial de ADI para inclusão de


novos dispositivos legais?
De regra, não. Veda-se o aditamento da petição inicial da ação direta de
inconstitucionalidade após o recebimento das informações dos requeridos e
das manifestações do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da
República (ADI 4541/BA).

68
O caso tratou sobre a Resolução nº 02/2003 do Conselho Federal da Psicologia, cujo objeto era o
estabelecimento de limitações e restrições à comercialização e uso de testes psicológicos. O argumento
da propositura foi que os enunciados impugnados violavam os direitos fundamentais de liberdade de
manifestação, informação e expressão.

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Além disso, o entendimento prevalente no STF é de que o aditamento para esta


finalidade somente é possível nas hipóteses em que a inclusão da nova
impugnação: a) dispense a requisição de novas informações e manifestações;
e, b) não prejudique o cerne da ação (ADI 1.926).

160- Ocorre perda objeto caso seja editada medida provisória que
revogue lei que é objeto de ADI?
De imediato, não. Enquanto a medida provisória não for analisada pelo
Legislativo, não tem o condão de revogar definitivamente a lei objeto da ação
(apenas suspende a eficácia desta lei até que se conclua o processo de sua
aprovação); assim, não há perda do objeto ou perda de interesse de agir (ADI
5.717/DF, ADI 5.709/DF, ADI 5.716/DF e ADI 5.727/DF).

161- Se a maioria dos ministros votar pela procedência de ADI, porém


não se atingir o quórum de maioria absoluta, deve a lei ser julgada
inconstitucional?
Não. O art. 97 da CF e o art. 23, da Lei Federal nº 9.868/99 determinam que o
reconhecimento de inconstitucionalidade depende do voto da maioria absoluta
dos Ministros, de modo que – a despeito de atingida a maioria simples – não
se poderá declarar a inconstitucionalidade da lei (ADI 4066/DF).

162- Coexistindo representação de inconstitucionalidade e ADI sobre a


mesma lei estadual, o julgamento pelo Tribunal de Justiça prejudica a
decisão do STF?
Em regra, não. Somente ocorrerá prejudicialidade se ela for julgada procedente
e o fundamento for norma contida somente na Constituição Estadual, sem
repercussão em norma da Constituição Federal (ADI 3.659/AM).
Em qualquer outro caso, a decisão do STF é que prevalecerá na resolução do
assunto; ou seja, mesmo que a ação estadual seja julgada procedente, se o
fundamento tiver repercussão na Constituição Federal, o STF poderá decidir e
mudar o entendimento adotado pelo TJ local.

163- Quais são os requisitos para que o STF, em julgamento de ADI,


realize modulação de efeitos? Pode o Tribunal realizar essa modulação
de ofício?
Os requisitos estão previstos no art. 27, da Lei Federal nº 9.868/99: ao declarar
a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os
efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

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É possível que o STF realize esta modulação de efeitos de ofício; pode até
mesmo realizar em julgamento de embargos de declaração intempestivos (ADI
5.617 ED/DF)

164- É cabível ADPF para se impugnar omissão do poder público?


Excepcionalmente, sim. O objeto da ADPF é bastante amplo, envolvendo
omissões (totais ou parciais) do poder público, sejam de cunho normativo ou
não, desde que as condutas omissivas sejam graves o suficiente para obstarem
a realização de preceito fundamental de cunho constitucional (ADPF 272/DF)69.
Importante salientar que, tendo em vista o caráter subsidiário da ADPF,
somente será viável a sua propositura quando não for possível a utilização de
outro instrumento de controle concentrado de constitucionalidade.

165- Cabe ADPF para impugnar súmula do TST?


Sim. Como não existem outros meios igualmente eficazes para se impugnar
súmulas do TST (capaz de obstar o prosseguimento de ações e recursos), é
viável que se postule ADPF sobre o entendimento sumulado. (ADPF 501/SC –
AgRg).

166- Cabe ADPF para impugnar súmula vinculante?


Não, pois existe o regramento próprio para revisão/cancelamento desta
espécie normativa, de modo que o caráter subsidiário da ADPF impede sua
propositura neste caso (ADPF 147 – AgRg).

167- É possível a celebração de acordo em sede de ADPF?


Excepcionalmente, sim, desde que fique demonstrado que há no feito um
conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta solução por meio
de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o STF
não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas
partes no processo. O STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais
que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da disponibilidade
das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente processual,
com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional (ADPF
165/DF)70.

69
O caso decidido foi sobre a inércia do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (órgão municipal) e
Câmara de Vereadores de São Paulo em regulamentarem o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas
desta esfera federativa. Assim, como a omissão total é de origem municipal, o ato não poderia ser
atacado por ADO, sendo, portanto, cabível a propositura de ADPF.
70
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível celebrar acordo em ADPF. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/170f6aa36530c364b77ddf83a84e73
51>.

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168- Pessoa física pode ser amicus curiae em ação de controle


concentrado?
Não. STF possui decisão no sentido de que pessoa natural não detém
representatividade adequada para intervir nesta posição jurídica (ADI 3.396
AgR/DF).
Contudo, houve situação em que o Min. Barroso, por decisão monocrática,
admitiu a participação de Renan Calheiros como amicus curiae (ADI 6.855).

169- Filho Desembargador, nomeado para cargo de diretor de secretaria,


em momento anterior à publicação de ato normativo que vedou o
nepotismo, tem direito adquirido a permanecer no cargo em comissão?
Não. A moralidade administrativa impede que haja esta espécie de “direito
adquirido”; não existem os direitos fundamentais de “nomear parente” ou de
“ser nomeado por parente” (ADI 3.680/RN).

170- Lei estadual pode conceder a ex-governador, em caráter vitalício, o


direito a serviços de segurança e motorista?
Não. O princípio republicano, a moralidade administrativa e a isonomia
impedem que os Estados-membros concedam estes benefícios a ex-agentes
públicos (ADI 5.346/BA).

171- Pode o juiz estadual, numa demanda relativa a direito a saúde,


determinar a inclusão da União no polo passivo da demanda se a parte
requerente optou pela não inclusão?
Existem decisões conflitantes sobre o tema no STJ e no STF, especialmente no
que concerne a medicamentos ainda não registrados na ANVISA.
STJ: NÃO. Em demandas relativas a direito à saúde, é incabível ao juiz estadual
determinar a inclusão da União no polo passivo da demanda se a parte
requerente optar pela não inclusão, ante a solidariedade dos entes federados.
STJ. 1ª Seção. AgInt no CC 182080-SC, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado em 22/06/2022
(Info 742).

STF: SIM. É obrigatória a inclusão da União no polo passivo de demanda na


qual se pede o fornecimento gratuito de medicamento registrado na Agência de
Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não incorporado aos Protocolos Clínicos e
Diretrizes Terapêuticas do Sistema Único de Saúde. STF. 1ª Turma. RE 1286407
AgR-segundo/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2022 (Info
1052).

172- É possível a fixação de piso salarial de determinada categoria


profissional em múltiplos do salário mínimo?

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Sim. É possível esta fixação, desde que inexistam reajustes automáticos. STF.
Plenário. ADPF 53 Ref-MC/PI, ADPF 149 Ref-MC/DF e ADPF 171 Ref-MC/MA,
Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 18/2/2022 (Info 1044).

173- O Presidente da República pode exercer o seu poder veto de projeto


de lei após o prazo de 15 dias se ainda não houver sido promulgada a
lei?
Não. O poder de veto tem termo para o seu exercício, de modo que cessa a
competência, com o sancionamento tácito se não houver manifestação do
Executivo no prazo legal. Ultrapassado o período do art. 66, § 1º, da CF/88, o
texto do projeto de lei é, necessariamente, sancionado (art. 66, § 3º, CF) e o
poder de veto não pode mais ser exercido. STF. Plenário. ADPF 893/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, redator do acordão Min. Roberto Barroso, julgado em
20/6/2022 (Info 1059).

174- Constituição Estadual pode outorgar competência privativa ao


Governador do Estado para iniciar projetos de lei que tratem da
organização do MP, PGE e DPE?
Não, pois estaria em contrariedade com a norma jurídica (re)construída a partir
do do texto do art. 128, § 5º, CF, que faculta a iniciativa legislativa ao
Procurador-Geral para tratar da organização do MP.

175- É obrigatória a presença da União no polo passivo de ação na qual


se pede medicamento registrado na Anvisa, mas não incorporado aos
protocolos do SUS?
Aparente divergência de opiniões entre STJ e STF.
STJ definiu que não: RMS 68.602-GO.
STF já chegou a entender que sim: RE 1286407 AgR-segundo/PR.

176- Norma estadual pode restabelecer, no âmbito do Poder Judiciário


local, cargos de Advogado da Justiça Militar vocacionados a patrocinar
a defesa gratuita de praças da Polícia Militar?
Não. A função de defesa dos necessitados, quando desempenhada pelo
Estado, é própria da Defensoria Pública. STF. Plenário. ADI 3152/CE

177- Lei federal pode conceder anistia a policiais e bombeiros militares


estaduais que praticaram infrações disciplinares?
Não. A União possui competência para legislar concedendo anistia para crimes.
A anistia de infrações disciplinares cometidas por servidores estaduais deve
ser concedida pelos próprios entes estaduais tendo em vista a autonomia que
caracteriza a Federação brasileira. Quanto aos bombeiros e policiais militares, a

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competência estadual é realçada nos arts. 42 e 144, § 6º, da CF/88. STF.


Plenário. ADI 4869/DF

178- Lei estadual pode destinar aos Procuradores do Estado os


honorários advocatícios advindos de meios alternativos de cobrança?
Sim, desde que seja observado o teto remuneratório, norma estadual que
destina aos procuradores estaduais honorários advocatícios incidentes na
hipótese de quitação de dívida ativa em decorrência da utilização de meio
alternativo de cobrança administrativa ou de protesto de título. STF. ADI
5910/RO.

179- Lei estadual pode prever movimentação funcional entre membros do


MP, mediante procedimentos e critérios diversos dos estabelecidos
pelo modelo federal?
Não. A CF estabelece um paralelo entre a movimentação funcional dos
membros do MP e as regras para progressão nas carreiras da magistratura
(arts. 93, II e VIII-A e 129, § 4º, CF); deste modo, é inconstitucional lei estadual
que inove nestes quesitos. STF. ADI 6328/GO.

180- Constituição estadual pode estabelecer que, em caso de dupla


vacância dos cargos de Governador e Vice-Governador, desde que no
último biênico, não haverá nova eleição?
Não. É inconstitucional, por violação ao princípio democrático, norma de
Constituição estadual que, a pretexto de disciplinar a dupla vacância no último
biênio do mandato do chefe do Poder Executivo, suprime a realização de
eleições.
O art. 81, § 1º, da CF/88 NÃO é norma de reprodução obrigatória e os
Estados-membros possuem autonomia organizacional, no entanto, não podem
dispensar a realização de eleições, sejam diretas ou indiretas, considerando
que, no Brasil, os mandatos políticos são exercidos por pessoas escolhidas
pelo povo mediante votação. STF. ADI 7137/SP e ADI 7142/AC.

181- Constituição estadual pode outorgar poderes à ALE para convocar


Corregedor-Geral da Justiça sob pena de crime de responsabilidade?
Não. É inconstitucional, por violação ao princípio da simetria e à competência
privativa da União para legislar sobre o tema (art. 22, I, da CF/88), norma de
Constituição estadual que amplia o rol de autoridades sujeitas à fiscalização
direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade. STF.
ADI 6640/PE e ADI 6645/AM.

182- Quais são os ramos da seguridade social previstos na Constituição?


Quais deles são contraprestacionais?

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Os ramos são: saúde, previdência e assistência social; dentre eles, somente a


previdência é contraprestacional, a teor dos arts. 196 e 203, ambos da CF (RE
636.941).

183- Quais são os objetivos da seguridade social?


Os objetivos estão previstos no art. 194, parágrafo único da CF: I -
universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência
dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e
distributividade na prestação dos benefícios e serviços; e, IV - irredutibilidade
do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; VI -
diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis
específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de
saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da
previdência social; VII - caráter democrático e descentralizado da
administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.

184- Qual ente federativo pode ser demandado para o fornecimento de


remédios aos necessitados.
Qualquer um deles; o tratamento médico adequado aos necessitados se insere
no rol dos deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes
federados. O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles,
isoladamente ou conjuntamente (RE 855.178-ED).

185- O Estado pode ser compelido ao fornecimento de medicamentos


experimentais?
De regra, não. A ausência de registro na ANVISA impede, como regra geral, o
fornecimento de medicamento por decisão judicial. É possível,
excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro
sanitário, em caso de mora irrazoável da ANVISA em apreciar o pedido de
registro (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos
três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil
(salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); (ii) a
existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação
no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.
As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na
Anvisa deverão necessariamente ser propostas em face da União (RE 657.718).

186- É devido ressarcimento a entidade privada em face de prestação de


serviço de saúde em favor de paciente do SUS? Se não for possível,
justifique; se for possível, indique como ela corre.

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É sim devido ressarcimento nos casos em que essa prestação decorrer de


ordem judicial e deve utilizar como critério o mesmo que é adotado para o
ressarcimento do SUS por serviços prestados a beneficiários de planos de
saúde (RE 666.094).

187- Constituição Estadual pode estabelecer que o Estado-membro


vinculará, pelo menos, 18% de sua receita corrente líquida à saúde?
Não. Compete à União legislar, mediante lei complementar, sobre percentuais
de alocação e critérios de rateio de recursos públicos para o financiamento do
Sistema de Saúde (CF, art. 198, § 3º, I). As vinculações previstas no art. 198, §
2º, da CF não poderiam ser disciplinadas pelas Constituições Estaduais ou
pelas Leis Orgânicas, sob pena de indesejado engessamento do processo
legislativo para aprovação de tais normas, em prejuízo da reavaliação dos
índices a cada quinquênio, conforme determina expressamente o art. 198, § 3º,
da CF. Ao ignorar por completo a participação do Chefe do Poder Executivo,
seja na conformação e discussão da proposição legislativa, seja na
possibilidade de veto, já que não previsto no processo legislativo das emendas
(CF, art. 60, §§ 2º e 3º), a norma impugnada violou a reserva de iniciativa do
Chefe do Poder Executivo em matéria orçamentaria (ADI 6.059/RR).

188- Estrangeiro pode ser beneficiário da garantia de um salário mínimo


de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência que comprove
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família?
Sim. De acordo com a decisão tomada no RE 587.970, a assistência social
prevista no art. 203, V, da CF beneficia brasileiros natos, naturalizados e
estrangeiros residentes no País, atendidos os requisitos constitucionais e
legais.

189- São legítimas decisões judiciais que determinem o bloqueio,


penhora ou sequestro, para o fim de pagamento de dívidas trabalhistas,
de verbas do Estado, das caixas escolares e das unidades
descentralizadas de execução da educação? Se sim, justifique os
fundamentos constitucionais; se não, indique se ela pode ser atacada
por ação concentrada de controle de constitucionalidade.
Não são decisões legítimas, por conte de ofensas à separação dos poderes e
ao fomento da educação, vinculada à prioridade absoluta da
criança/adolescente, em respeito à condição de pessoa em desenvolvimento,
justificam a especial proteção constitucional dos valores necessários à
aplicação efetiva dos recursos públicos destinados à concretização dos
efetivos direitos. A proteção constitucional a direitos individuais e a garantias

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fundamentais, inclusive de ordem trabalhista, convive com a impenhorabilidade,


in casu, sob a ratio de que estão afetados a finalidades publicas e à realização
das atividades e serviços públicos decorrentes do exercício obrigatório da
função administrativa. O artigo 167, VI, da Constituição proíbe a transposição, o
remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro, sem previa autorização
legislativa, mandamento esse que também vincula o Judiciário. Isso porque as
regras sobre aprovação e gestão orçamentarias consagram mecanismos de
freios e contrapesos essenciais ao regular funcionamento das instituições
republicanas e democráticas e à concretização do princípio da separação dos
poderes (ADPF 484/AP).
Insta ressaltar que um conjunto de decisões judiciais pode ser tida como “ato
do poder público” para fins de propositura de ADPF e, assim, em razão da
subsidiariedade, é cabível a propositura desta ação de controle concentrado.

190- É lícito que Município, mediante lei formal, proíba divulgação de


material com informação de ideologia de gênero em escolas
municipais?
Não. Compete privativamente à União legislar sobre diretrizes e bases da
educação nacional (art. 22, XXIV, CF), assim os Municípios não detêm
competência legislativa para a edição de normas que tratem de currículos,
conteúdos programáticos, metodologia de ensino ou modo de exercício da
atividade docente. A eventual necessidade de suplementação da legislação
federal, com vistas à regulamentação de interesse local (art. 30, I e II, CF), não
justifica a proibição de conteúdo pedagógico, não correspondente às diretrizes
fixadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996).
Além disso, este ato normativo acarreta violação aos princípios atinentes à
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento a arte e o
saber (art. 206, II, CF), e ao pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas
(art. 206, III, CF). (ADPF 457/GO)

191- Pode universidade estadual cobrar taxa de matrícula para alunos


que venham de famílias com renda per capta superior a cem salários
mínimos?
Não. A Súmula Vinculante nº 12 proíbe a cobrança de taxa de matrícula nas
universidades públicas, pois há violação o disposto no art. 206, IV, da CF.

192- Universidade pública federal pode cobrar mensalidades para curso


de especialização?
Sim. A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança,
por universidades públicas, de mensalidade em curso de especialização (RE
597.854)

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193- Pode Colégio Militar cobrar quota mensal de seus alunos?


Sim. A quota mensal escolar nos Colégios Militares não representa ofensa à
regra constitucional de gratuidade do ensino publico, uma vez que não há
ofensa concreta ou potencial ao núcleo de intangibilidade do direito
fundamental à educação, pois não possui natureza tributária, tendo em conta a
facultatividade do ingresso ao Sistema de Ensino do Exército, segundo critérios
meritocráticos, assim como a natureza contratual do vínculo jurídico formado.

194- Qual é o âmbito de proteção do direito ao meio ambiente saudável?


Além dos elementos naturais (água, ar, solo, flora, fauna etc.), ele abarca
também aspectos artificiais e culturais, incluindo a estética da paisagem
natural e o ambiente construído pelo homem, cuja interação propiciem o
desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.

195- A partir de qual idade a Constituição garante gratuidade no uso de


transporte coletivos urbanos?
A partir dos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, conforme art. 230, § 2º, CF.

196- Esta gratuidade no transporte coletivo engloba isenção das tarifas


de pedágio e de utilização dos terminais?
Sim. A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda
igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos, prevista no art. 40, I, do Estatuto do
Idoso, não se limita ao valor das passagens, abrangendo eventuais custos
relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas de
pedágio e de utilização dos terminais. STJ. 1ª Turma. REsp 1543465-RS, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/12/2018.

197- Quais são os pressupostos materiais e formais para a decretação do


estado de defesa?
Os pressupostos materiais são as condições fáticas exigíveis para a
decretação do estado de defesa. De acordo com o art. 136 da Constituição, os
pressupostos materiais são – alternativamente: a) existência de grave e
iminente instabilidade institucional; ou, b) calamidade de grandes proporções
da natureza.
Os pressupostos formais dizem respeito aos procedimentos exigíveis para a
legitimidade das medidas a serem adotadas. A Constituição prevê cinco
requisitos cumulativos: I) prévia manifestação do Conselho da República e do
Conselho de Defesa Nacional; II) decretação do Estado de Defesa pelo
Presidente da República; III) previsão do prazo de duração da medida de, no
máximo, de trinta dias, podendo ser prorrogado por uma única vez; IV)

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especificação das áreas abrangidas; e V) indicação das medidas coercitivas


(CF, art. 136, §§ 1º e 2º).

198- Quais são as medidas coercitivas que podem ser adotadas durante o
estado de defesa?
Podem ser impostas as restrições aos direitos de a) reunião, ainda que
exercida no seio das associações; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de
comunicação telegráfica e telefônica; além disso, é viável a ocupação e uso
temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.

199- Qual o tempo máximo de duração do estado de defesa?


O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias,
podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões
que justificaram a sua decretação (art. 163, § 2º, CF).

200- Quais pressupostos materiais e formais podem fundamentar o


estado de sítio?
De acordo com o art. 137 da CF, os pressupostos materiais para decretação do
estado de sítio são: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência
de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de
defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada
estrangeira.
Os pressupostos formais são, cumulativamente: I) oitiva do Conselho da
República e do Conselho de Defesa Nacional; II) solicitação ao Congresso
Nacional de autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação,
devidamente fundamentada com os motivos determinantes do pedido; III)
autorização do Congresso Nacional pela maioria absoluta de seus membros; e
IV) edição de decreto pelo Presidente da República indicando a duração do
estado de sítio, as medidas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais a serem suspensas.

201- Qual o prazo máximo de duração do estado de sítio?


O prazo máximo de duração do estado de sítio dependerá do motivo de sua
decretação. Nos casos de comoção interna grave de repercussão nacional ou
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tornada durante o
estado de defesa (CF, art. 137, I), o estado de sítio não poderá ser decretado por
mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior. O prazo de
decretação, portanto, é o mesmo previsto para o estado de defesa (30 dias). A
diferença é que, enquanto neste a prorrogação é permitida por uma única vez
(CF, art. 136, § 2º), no estado de sítio não há limite pré-determinado.

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