Óleo de Copaiba
Óleo de Copaiba
Óleo de Copaiba
SAFRA E ENTRESAFRA
COMPOSIÇÃO GRAXA
DADOS GERAIS
Utilização Popular. As utilizações da medicina tradicional para o óleo-resina de copaíba são muitas e indicam
uma grande variedade de propriedades farmacológicas. É muito usado como cicatrizante e antiinflamatório
para tratar infecções nas vias respiratórias e urinárias. É conhecido como um antibiótico natural altamente
eficaz contra bactérias grama-positivas. No processo industrial-cosmético é utilizado como um componente de
fragrância em perfumes e em preparações de cosméticos como sabões e cremes por suas propriedades
antibactericidas, antiinflamatórias e emolientes.
ECOLOGIA
Existem várias espécies de copaíba e embora apresentem algumas diferenças botânicas, todas são atribuídas
a mesma utilização medicinal-cosmética. A copaíbeira é adaptada a uma grande variedade de ambientes,
ocorre em florestas tanto de terra firme como nas áreas alagadas, pode alcançar de 25 a 40 metros de altura e
viver até 400 anos.
O processo de extração do óleo-resina de copaíba ainda é artesanal. Com um
furador, perfura-se a árvore a 60 ou 70 centímetros do chão, até o centro do caule.
Em seguida, coloca-se um cano embaixo do orifício para que o óleo escoe até um
recipiente colocado no chão. Deixa-se o óleo escorrer por alguns dias, e ao final da
colheita, o orifício é vedado com argila para impedir a infestação da árvore por fungos
ou cupins.
Recomenda-se que o óleo seja extraído de árvores com mais de 10 anos de idade e
com um diâmetro maior do que 40 cm, em dois a três coletas por ano. Este processo
é denominado extração racional. O rendimento médio de cada árvore adulta é de 0,5
a 2,0 litros por árvore por coleta, durante o período de 7 a 10 dias de gotejamento.
A germinação das sementes é rápida, porém, é uma árvore com taxas de crescimento
lento alcançando apenas 50 cm por ano.
Mais uma vez a Ciência comprovou a eficácia de uma planta largamente usada na medicina popular.
Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP constataram que
o óleo de copaíba apresenta ação antiinflamatória. Esse potencial se mostrou duas vezes maior que o
encontrado no diclofenaco de sódio, um dos medicamentos mais utilizados no mercado. O estudo, realizado
em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, teve seus resultados
depositados para patente.
A autora do trabalho, Mônica Freiman de Souza Ramos, separou o óleo de copaíba em duas frações: volátil
(líquida, com componentes que podem evaporar) e resinosa (com uma consistência um pouco mais fluída que
o mel). "Não usamos a fração resinosa porque além de ser mais difícil de trabalhar, a composição da
substância não indicava que ela pudesse ter ação antiinflamatória", afirma.
Os estudos foram concentrados nessa fração volátil, produto que sofre evaporação rápida, o que limita sua
veiculação em formas farmacêuticas convencionais. Por isso, a pesquisadora desenvolveu microcápsulas
(cápsulas microscópicas) que aprisionam essa fração volátil - limitando sua perda por evaporação - e a
transformam em um produto sólido, capaz de ser administrado nesta forma ou em outras mais convencionais,
como comprimidos e cápsulas.
A patente refere-se a todo esse processo, incluindo a descrição química da substância. Procura-se garantir
que, caso o óleo da copaíba se transforme num produto farmacêutico, a patente seja em parte da FCFRP.
Mônica realizou testes biológicos em camundongos que sofriam de pleurisia induzida (inflamação da pleura,
membrana que envolve os pulmões) e de edemas nas patas. Tanto a fração volátil como as microcápsulas
foram eficazes no tratamento. "O produto microencapsulado poderá ser usado na indústria farmacêutica tanto
como uma forma final (microcápsula) ou como intermediária em outras preparações", explica.
Diclofenaco x Copaíba
O diclofenaco de sódio é um medicamento sintético de ação antiinflamatória comprovada. "No caso da
copaíba, teremos um medicamento fitoterápico com a mesma ação de um sintético", esclarece. Nos testes, as
doses usadas foram de 100 miligramas (mg/) por quilo (Kg) de diclofenaco e 32mg/Kg de fração volátil e de
microcápsulas. O efeito antiinflamatório foi o mesmo: "A potência da copaíba se mostrou maior, porque com
uma dose menor, obtivemos a mesma equivalência terapêutica", conta a pesquisadora.
Mas haverá um longo caminho até que a população possa usufruir deste antiinflamatório extraído da copaíba.
Ainda são necessários testes toxicológicos e, em seguida, os testes clínico em humanos. A pesquisadora
acredita que esse processo deve durar cerca de cinco anos.
As copaíbas são árvores nativas da região tropical da América Latina e da África Ocidental. No Brasil é
encontrada na região Amazônica e no Centro-Oeste. O óleo bruto da árvore é exportado para a Europa, desde
o início do século passado, para ser usado na indústria de aromas, vernizes e restauração de quadros. Na
medicina popular, é empregada como cicatrizante e antiinflamatório.