Gasometria Odt
Gasometria Odt
Gasometria Odt
Principais parâmetros
Eletrólitos:
Sódio:
Valores referenciais:
Cães: 140 a 155 mmol/L ou mEq/L ou 320 a 355 mg/dL
Gatos: 145 a 157 mmol/L ou mEq/L ou 335 a 360 mg/dL
Potássio:
Valores referenciais:
Cães: 3,5 a 5,8 mmol/L ou mEq/L ou 14 a 22,5 mg/dL
Gatos: 3,6 a 5,5 mmol/L ou mEq/L ou 14 a 21,5 mg/dL
Cálcio:
Valores referenciais:
Cães: cálcio total: 2,0 a 3,0 mmol/L ou 8,0 a 12,0 mg/dL
cálcio ionizado (Ca2+): 4,0 a 6,0 mEq/L
Gatos: cálcio total: 1,8 a 3,0 mmol/L ou 7,2 a 12 mg/dL
cálcio ionizado (Ca2+): 3,6 a 6,0 mEq/L
Cloro:
Valores referenciais:
Cães: 100 a 120 mmol/L ou mEq/L ou 350 a 420 mg/dL
Gatos: 115 a 130 mmol/L ou mEq/L ou 405 a 455 mg/dL
Bicarbonato:
O bicarbonato (HCO3–), junto com o dióxido de carbono (CO 2),
Gases sanguíneos:
Valores referenciais:
pH:
Cães: arterial: 7,351 a 7,463 (7,407)
venoso: 7,351 a 7,443 (7,397)
Gatos: arterial: 7,310 a 7,462 (7,386)
venoso: 7,277 a 7,409 (7,343)
pCO2:
pO2:
SO2:
Htc:
Cães: 35% a 54%
Gatos: 27% a 46%
O dióxido de carbono (CO2) é o único ácido que pode ser exalado pelos
pulmões, e apesar do CO2 não ser um ácido, ele é interpretado como tal,
grave: >32).
HCO3–.
de HCO3–, sendo que para cada 1,0 mmHg de diminuição da pCO 2, pode
pulmões de um animal normal, deve estar mais que 95% saturada com O 2.
parada cardiorrespiratória.
ideal para auferir o sangue é a de 3,0 ml, a qual possui espaço morto que
varia entre 0,1 e 0,2 mL, volume que é adequado para a quantidade de
anticoagulante. Então, o que pode ser feito para evitar o excesso de
heparina, é a aspiração seguida de descarte do anticoagulante, ocupando
dessa maneira, o espaço morto da seringa. Após o preenchimento da
seringa com 1,5 mL de sangue, todas as bolhas de ar devem ser
retiradas e a agulha deve ser lacrada ou entortada para que seja
evitado o contato com o ar. A amostra é submetida à homogenização na
própria seringa, através de sua rolagem entre as palmas das mãos.
Importante:
1) Estabelecer um horario para coleta de gasometria.
COMENTÁRIOS
Introdução
Esse pequeno manual tem como objetivo ajudar o Clínico Veterinário a
interpretar os resultados dos exames de gasometria e eletrólitos
sanguíneos.
Eletrólitos
Sódio
O sódio (Na+) é encontrado principalmente no fluido extracelular (FEC),
tendo grande participação na regulação de seu volume e da pressão
osmótica (osmolalidade). O volume do FEC é determinado pela quantidade
total corpórea de sódio, ao passo que a osmolalidade e a concentração de
sódio no FEC são determinadas pelo balanço hídrico. Na regulação do
sódio e da água corpórea é de suma importância a influência da
aldosterona, hormômio anti-diurético, angiotensina, catecolaminas e
peptídeo atrial natriurético nos rins.
O aumento da concentração plasmática de sódio (hipernatremia) é
resultante do aumento de sua ingestão, ou diminuição do consumo e perda
excessiva de água. Ao contrário, a diminuição da concentração plasmática
de sódio (hiponatremia) resulta do aumento de sua perda ou
hiperidratação.
Potássio
O potássio (K+) é encontrado quase que em sua totalidade no meio
intracelular, sendo que somente 5% estão presentes no FEC. Esse cátion
é responsável pelas manutenções do volume intracelular e do potencial de
membrana, e as concentrações intracelular de potássio e extracelular de
sódio são mantidas ativamente pela bomba de sódio-potássio-ATPase,
cuja função é levar o potássio para o interior da célula e o sódio para o
exterior. As alterações nas funções das células eletricamente excitáveis
(tecido nervoso e muscular) iniciam-se em concentrações superiores a 6,5
mmol/L ou abaixo de 2,5mmol/L, quando ocorrem desequilíbrios entre as
concentrações intra e extracelulares desse íon. A regulação da
concentração plasmática do potássio é feita principalmente pelos rins; 90%
a 95% é excretado pela urina e 5% a 10% pelas fezes, suor e saliva,
sendo que a aldosterona é o hormônio que participa dessa regulação.
A diminuição da concentração sérica do potássio (hipocalemia,
hipopotassemia) é uma das alterações eletrolíticas mais comuns em
pequenos animais, e é devido à ingestão insuficiente, perda excessiva ou
redistribuição do potássio extracelular. Essas condições são representadas
pela anorexia, fluidoterapia pobre em potássio, vômitos, diarréias, alcalose
metabólica, poliúria, uso de diuréticos, diurese pós-obstrutiva em gatos,
uso de insulina ou bicarbonato de sódio (desloca o potássio para o interior
da célula), uso de glicose intravenosa (estimula a liberação de insulina). Os
sinais clínicos associados à hipocalemia são: fraqueza muscular, poliúria e
polidipsia, anorexia, ventroflexão de pescoço (gatos), letargia, íleo
paralítico, aumento da creatinina-cinase e alterções eletrocardiográficas,
como aumento da amplitude da onda R, achatamento de onda T e
contrações atriais e ventriculares prematuras.
Cálcio
O cálcio (Ca) é um mineral que tem importância na manutenção da
homeostase, tendo funções na contração muscular, coagulação
sanguínea, atividade enzimática, excitabilidade neuronal e secreção
hormonal, além de ser o componente principal estrutural do tecido ósseo.
O cálcio é regulado pelo paratormônio (PTH), calcitonina e vitamina D,
portanto, alterações nesses hormônios causam o aumento (hipercalcemia)
ou a diminuição (hipocalcemia) do cálcio plasmático. A maior parte do
cálcio corpóreo se localiza na matriz óssea inorgânica (99%), e o restante
encontra-se na membrana plasmática e retículo endoplasmático celular
(0,9%) e no FEC (0,1%). Desse total de cálcio extracelular, cerca de 56%
correspondem à forma biologicamente ativa desse mineral (cálcio ionizado
– Ca2+). O restante (34%) pode ser dividido em cálcio ligado à proteína
albumina e cálcio quelado com ânions, como por exemplo, citrato, fosfato,
bicarbonato e lactato (10%). Essas duas últimas frações, por serem
biologicamente inativas, podem sofrer reduções quantitativas, com
diminuição da quantidade total de cálcio, sem que ocorram alterações
clínicas significativas, portanto, faz-se importante a mensuração do Ca2+.
Por exemplo, em casos de hipoalbuminemia, a fração de cálcio ligada à
proteína e o cálcio total diminuem, mas não há a redução da fração
ionizada. Devido a isso, deve-se realizar a correção dos valores de Ca2+,
relacionando-os com as quantidades de proteína total ou de albumina.
Cloro
O cloro (Cl-) representa dois terços dos ânions plasmáticos, e juntamente
com o sódio, é um dos responsáveis pela manutenção do equilíbrio
osmótico do plasma, sendo que variações das quantidades de água ou
sódio podem causar mudanças na concentração do cloro, caso não haja
alterações de pH plasmático. A determinação do cloro também é de grande
utilidade na avaliação de distúrbios ácido-básicos, pois em geral,
alterações na concentração do cloro ocorrem à custa de modificações no
outro principal ânion plasmático, o bicarbonato (HCO3-). Sendo assim,
concentrações elevadas de cloro (hipercloremia) estão associadas com a
diminuição de bicarbonato, como na acidose metabólica, ao passo que
reduções dos níveis de cloro (hipocloremia) são concomitantes com
aumentos nos níveis de bicarbonato, como na alcalose metabólica.
Portanto, quando a interpretação da hemogasometria tiver como objetivo a
avaliação ácido-básica, também devem ser levadas em conta as
alterações plasmáticas do bicarbonato e dióxido de carbono (CO2).
Gases Sanguíneos
A maior parte das reações químicas do organismo é dependente da
manutenção da quantidade de hidrogênio (H+) dentro de limites bem
estreitos. Portanto, fora desses limites, as enzimas que catalisam essas
reações deixam de funcionar de modo adequado, colocando a vida do
paciente em risco. Como a concentração de hidrogênio no sangue é muito
pequena (40 nanomoles/L), e devido ao organismo ser tão sensível a
variações irrisórias na concentração desse íon, optou-se por trabalhar com
escalas logarítmicas, que “comprimem” grandes variações em pequenos
números. Portanto, o pH é definido como o logaritmo negativo da
concentração de íons hidrogênio no sangue, e sendo assim, uma variação
de pH de 7,4 para 7,1 significa que a concentração de hidrogênio dobrou
de 40 para 80 nanomoles/L.
O dióxido de carbono (CO2) é o único ácido que pode ser exalado pelos
pulmões, e apesar do CO2não ser um ácido, ele é interpretado como tal,
devido à formação do ácido carbônico após sua combinação com água.
Aproximadamente 5% do total de CO2 transportado pelo sangue ocorrem
na forma de solução física no plasma, dependendo diretamente da
pressão parcial de CO2 (pCO2) existente. A determinação da pCO2 é útil
para a identificação e determinação da gravidade de desequilíbrios
respiratórios ácido-básicos (acidose ou alcalose respiratória). O termo
hipocapnia significa que a pCO2 está menor que os valores de referências,
enquanto a hipercapnia advém de valores acima dos de referência para a
espécie.
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